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TRANSTORNO BIPOLAR

Camila Lima¹; Deise Garcia Arnas¹; Gérsica Góes¹; Jéssica Aires¹; Pressila
Metzker¹; Tatiana Meira¹.

¹Graduandos de Bacharelado, Faculdade de Psicologia, Faculdade Adventista


da Bahia,

RESUMO

O Transtorno Bipolar (TB) é uma doença crônica e complexa do cérebro que possui alta
prevalência na população mundial e causa perdas significativas na vida dos portadores.
Esta revisão bibliográfica tem como objetivo atender ao requisito parcial da disciplina de
Neurociência e proporcionar ao leitor uma visão geral deste assunto tão em evidência na
sociedade. Neste artigo são apresentados o conceito, epidemiologia, classificação, causas,
principais áreas afetadas do cérebro, sintomas, diagnóstico e possíveis formas de tratamento.
O Transtorno Bipolar é uma doença grave e incurável, no entanto profissionais da saúde
vem buscando formas para manter os pacientes eutímicos, unindo medicamentos a terapias,
possibilitando principalmente a diminuição de suicídios e hospitalizações, proporcionando um
convívio mais aceitável do paciente com a doença.

PALAVRAS-CHAVE: transtorno, humor, mania, depressão, suicídio

ABSTRACT

Bipolar disorder is a chronic and complex brain disease that has a high prevalence in the
population and causes significant losses in the lives of patients.
This review aims to meet the requirement of Neuroscience and present the reader with an
overview of this subject so evident in society. This article presents the definition,
epidemiology, classification, causes, main affected areas of the brain, symptoms, diagnosis,
and possible forms of treatment.
       Bipolar disorder is a serious and incurable disease, but health professionals have been
seeking ways to keep patients euthymic, joining medicament with therapies, especially
allowing the reduction of suicides and hospitalizations, providing a more acceptable patient
living with the disease.

KEY-WORDS: disorder, mood, mania, depression,suicide


O Transtorno Bipolar é uma doença crônica e complexa do cérebro. De acordo com a
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde
(CID-10), é caracterizado pela presença de dois ou mais episódios de distúrbio significativos
no humor e nos níveis de atividade. Este distúrbio oscila entre fases de elevação do humor e
aumento de energia e atividade (hipomania e mania), e fases de diminuição de humor e
redução de energia e atividade (depressão). Apresentam-se também fases de absolvição, em
que o humor do paciente encontra-se eutímico e as modificações psicopatológicas mais
intensas retrocedem.
É um transtorno do humor grave, incurável e com grande taxa de mortalidade.
Pesquisas revelam que o Transtorno Bipolar I atinge aproximadamente 0,8% da
população adulta. Essas taxas são consistentes na maioria das culturas e grupos étnicos. Já o
Transtorno Bipolar II afeta aproximadamente 0,5% da população
Em se tratando da população brasileira, o transtorno bipolar do humor acomete cerca
de 1% da população (Almeida-Filho et al., 1992).
Estimativas de prevalência consideradas conservadoras indicam que, embora o tipo II
seja aparentemente mais comum em mulheres, o tipo I afeta homens e mulheres de modo
quase igual.
Nos últimos 10 anos, houve um aumento no reconhecimento do transtorno bipolar como
um transtorno de grande importância de saúde pública (OMS, 1990). Aproximadamente 25% dos
pacientes tentam suicídio em alguma etapa de suas vidas e, destes, cerca de 11% completam este
intento. Estima-se também que em 2020 o TB será a 6º maior causa de incapacitação
profissional no mundo.
Admite-se a ramificação do Transtorno Bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O
tipo I classifica-se pelo curso clínico qualificado pelo evento de um ou mais Episódios
Maníacos ou Episódios Mistos. É reputado por seu modelo clássico em que o indivíduo exibe
as incidências de mania intermitante com os depressivos. Fases maníacas em que não
necessariamente devem ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas.
O tipo II é notado pelo acontecimento de um ou mais Episódios Depressivos Maiores,
escoltado por pelo menos um Episódio Hipomaníaco.
O transtorno afetivo bipolar, tipo “ciclador” rápido é também um dos tipos da
classificação deste transtorno. Caracterizado por ocorrências depressivas, maníacas,
hipomaníacas ou mistas, cujo humor é oscilante e desregulado, e o diagnóstico se dá pela
representação, de pelo menos quatro episódios distintos de mania (ou hipomania) e/ou
depressão.
Para este estudo, foram revisados 7 artigos científicos e 9 livros com o objetivo atender
ao requisito parcial da disciplina de Neurociência e proporcionar ao leitor uma visão geral
deste assunto tão em evidência na sociedade.
Os resultados obtidos através desta revisão bibliográfica, apontam que a base da causa
para o TB não é inteiramente conhecida. Fatores biológicos, genéticos, sociais e psicológicos
somam-se no desencadeamento da bipolaridade.
O estresse leva a modificações duradouras na biologia do cérebro. Essas modificações
podem alterar o estado funcional dos neurotransmissores de sinalização, incluir a perda de
neurônios e a reduzir significativamente os contatos sinápticos. O estressores ambientais
associados com mais freqüência ao início de um episódio de depressão é a perda do cônjuge e
o desemprego.
Nas últimas duas décadas houve um avanço na descoberta de áreas afetadas, graças à
tecnologia e a técnicas mais precisas e refinadas de neuro-imagem, no entanto ainda não há
muito que ser pesquisado neste campo que permanece com algumas incertezas.
As principais alterações cerebrais associadas ao Transtorno Bipolar são: alteração no
volume da amígdala, aumento do número de hiperintensidade de substância branca,
diminuição do córtex pré-frontal, alterações no sistema de neurotransmissão - alterações na
regulação dos sistemas noradrenérgico, serotonérgico, dopaminérgico e colinérgico.
Quanto à manifestação clínica, o transtorno do humor pode se apresentar como estado
depressivo recorrente, bipolar tipo I( com mais sintomas de euforia) e o tipo II (com mais
sintomas de depressão ). Os principais sintomas apresentados pelo TB são: diminuição da
necessidade do sono, diminuição acentuada da ansiedade, níveis elevados de otimismo, pouco
planejamento, grande necessidade de relacionar-se com pessoas, pouca capacidade de ouvir,
concentração diminuída, aumento da libido, aumento dos objetivos com pouca sistematização
das tarefas e auto-estima exaltada ou grandeza.
Os pacientes com humor deprimido exibem perda de energia e interesse, sentimentos
de culpa, dificuldade de concentração, perda de apetite e sentimentos de morte ou suicídio.
É válido ressaltar que nos transtornos de humor, o controle dos estados de humor e afeto
são perdidos e há uma experiência subjetiva de grande sofrimento.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Diagnóstico pelo DSM IV

O Lítio é o tratamento mais utilizado no TB, tanto na terapêutica de episódios


maníacos e depressivos, bem como manutenção e prevenção de suicídio. A mania aguda pode
ser tratada com Lítio, Valproato, Carbamazepina, e antipsicóticos; a depressão bipolar pode
ser tratada com antidepressivos, a manutenção do transtorno bipolar pode ser realizada com o
lítio, valproato, carbamazepina, olanzapina e lamotrigina (quando o objetivo for a profilaxia
da depressão bipolar).
Pesquisas mostram que a não aderência à medicação é uma das principais causas de
reiterações hospitalarem, justamente pelos efeitos colaterais que a medicação traz. De acordo
com Nedley (2009) o transtorno bipolar requer tratamento medicamentoso por toda vida.
Embora no transtorno bipolar o tratamento famacológico seja indispensável, alguns
sintomas permanecem, mesmo em pacientes que aderem ao medicamento. A psicoterapia irá
buscar a redução desses sintomas e dos fatores de risco de recorrência, tendo como principais
objetivos a adesão do paciente ao tratamento, a melhora do resgate da vida social e
ocupacional, a observação prematura dos sinais de recorrência, a regularização do ciclo de
sono-vigília e a busca de estratégias para lidar com estresses que poderão tornar-se em
episódios depressivos.
Existem várias abordagens de intervenções psicoterápicas, cada uma seguindo uma linha
diferenciada de pensamento, na busca por melhores resultados. As abordagens mais utilizadas
são: a psicanálitica, a interpessoal, a psicoeduação e a terapia famíliar.
Os estudos mais citados foram na área da psicoeducação, como por exemplo o estudo de
Colom et al (2003) que avaliou 120 pacientes com transtorno bipolar I e II por pelo menos seis
meses, emparelhados por sexo e idade. Em seu estudo, além do tratamento medicamentoso,
foram realizadas 21 sessões psicoeducativas formais em grupo ou 21 sessões de encontros em
grupo sem intervenções estruturadas. Os resultados obtidos demonstraram que o método de
psicoeducação foi eficaz para previnir recaídas. Na Europa, os estudos de Eduard van Gent
também são notáveis, já que mostraram a diminuição significativa da não-aderência e de
hospitalizações entre os pacientes psicoeducados (Van Gent,2000).
A psicoterapia no transtorno bipolar ainda precisa de maiores estudos, mas até agora o
que se tem visto é que quando utilizada em contexto de complemento com a famacoterapia os
resultados favorecem a melhora do paciente.

CONCLUSÃO

O transtorno bipolar é uma doença crônica e atinge 1% da população brasileira, com a


probabilidade de em 2020 ser a 6º maior causa de incapacitação profissional no mundo.

Os profissionais da saúde vem buscando formas para manter os pacientes eutímicos, unindo
medicamentos a terapias, possibilitando principalmente a diminuição de suicídios e
hospitalizações, proporcionando um convívio mais aceitável do paciente com a doença, já que
terá que permanecer com o tratamento por todo a vida.

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