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CONTESTAÇÃO
com fundamento no artigo 30 da Lei 9.099/95, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
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1. DAS ALEGAÇÕES DA PARTE AUTORA
Narra a parte Autora ter adquirido um aparelho Apple modelo iPhone SE, 64GB,
conforme nota fiscal que acompanha a inicial, no dia 05/07/2021, pelo valor de R$ 2.568,64, através
da revenda da corré “B2W COMPANHIA DIGITAL”.
Relata que o aparelho veio acompanhado somente do cabo USB-C, sobre o qual
alega, erroneamente, que seria incompatível com portas USB de computadores e outros modelos de
aparelhos da marca e, sustenta, inveridicamente, que os acessórios seriam essenciais e que houve
venda casada.
2. PRELIMINARMENTE
2.1. DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO
DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA EM CASO DE RECURSO
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Ocorre que a declaração de pobreza gera apenas presunção relativa acerca da
necessidade, cabendo ao Julgador verificar outros elementos para decidir acerca do cabimento do
benefício.
Neste sentido, não pode ser aceita a mera declaração de pobreza, devendo ser
exigida prova de impossibilidade no pagamento das custas, conforme precedentes dos tribunais:
Deste modo, o pleito de justiça gratuita ao ser apreciado deverá de plano ser
afastado, bem como se o caso, pugna-se para que a parte Autora apresente documentos
comprobatórios suficientes para se aferir a legitimidade.
DO MÉRITO
Antes de adentrar de maneira mais profunda no mérito da ação, cabe tecer alguns
comentários pertinentes em relação à venda dos produtos Apple sem os acessórios, pois existe muito
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desentendimento sobre o assunto, com diversas notícias sensacionalistas que acabam repassando
informações equivocadas.
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amplamente divulgada no site da fabricante, seja em sua página de políticas ambientais
(conforme anteriormente mencionado), seja no momento da compra do produto pela loja online
da Apple, momento em que o conteúdo da caixa é mostrado aos consumidores. Ainda, a
embalagem do produto contém essa informação logo na primeira linha, não podendo os
consumidores alegarem desconhecimento. Mais detalhes no tópico “DO CUMPRIMENTO DO
DEVER DE INFORMAÇÃO CLARA E ADEQUADA AO CONSUMIDOR” da presente defesa.
Da desnecessidade do adaptador de energia para uso do produto: Ao contrário do que faz
crer a parte Autora, o adaptador de energia é apenas UMA das diversas maneiras que o
aparelho pode ser recarregado. O consumidor pode utilizar-se de computadores, televisores,
geladeiras, automóveis (praticamente qualquer eletrodoméstico que possua porta USB),
baterias removíveis, baterias portáteis, carregadores por indução (nesse não é necessário nem
o cabo) etc. Logo, é evidente que o adaptador de energia não é essencial, sendo uma opção
do consumidor a sua utilização ou não. Mais detalhes no tópico “DO CUMPRIMETNO DE
DEVER DE INFORMAÇÃO CLARA E ADEQUADA AO CONSUMIDOR” da presente defesa.
Da ausência de venda casada: Existem muitas notícias que passam a informação de que o
aparelho Apple somente pode ser utilizado com um acessório Apple. Tal informação é
inverídica. Ao consumidor que opte pela utilização de adaptador de energia, basta adquirir um
de qualquer marca, qualquer modelo, e pelo preço que preferir que não perderá a garantia
Apple. A única imposição é que o adaptador seja homologado pela ANATEL, pois somente
com essa homologação o acessório contará com toda a funcionalidade e segurança que o
consumidor necessita. Mais detalhes no tópico “DA INEXISTÊNCIA DE PRÁTICA ABUSIVA
OU VENDA CASADA – ADAPTADOR DE TOMADA NÃO É UM ACESSÓRIO ESSENCIAL”
da presente defesa.
Da não violação ao Código de Defesa do Consumidor: A decisão comercial da Apple não
é um ato isolado da fabricante, sendo que diversos produtos já são comercializados sem
adaptadores de energia desde 2012, como o Nintendo DS, o Kindle (da Amazon), fones de
ouvido da JBL, sendo que a jurisprudência já reconheceu que tal prática não fere os direitos
do consumidor. Mais detalhes no tópico “DA AUSÊNCIADE INEDITISMO DA DECISÃO
COMERCIAL ADOTADA PELA APPLE” da presente defesa.
Da livre iniciativa e livre concorrência: Como se não bastasse todo o aventado, conforme a
Constituição Federal, cabe aos agentes, desde que dentro da lei, organizarem suas atividades
da forma que melhor entenderem mais adequadas às necessidades de seus consumidores e
objetivos empresariais. Ademais, em uma sociedade capitalista, não cabe ao Estado obrigar
ou não uma empresa a vender (ou deixar de vender) determinado produto em mercados não
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regulados. Dessa forma, incabível o intervencionismo estatal na política empresarial da Apple.
Mais detalhes no tópico “A ATUAÇÃO DA APPLE ESTÁ EM CONFORMIDADE COM OS
PRINCÍPIOS DA LIVRE INICIATIVA E DA LIVRE CONCORRÊNCIA” da presente defesa.
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Presentes, portanto, os requisitos autorizadores previstos no artigo 1.019, inciso I
do CPC para a concessão de efeito suspensivo em relação à decisão agravada, até o julgamento do
presente recurso. Oficie-se comunicando. – grifos nossos
No caso, o entendimento da relatora Luciana Ferrari Nardi Arruda foi seguido pelos
demais juízes, em votação unânime, aduziu que a prática da Ré está dentro de sua liberdade
econômica, em que os acessórios não detêm caráter de essencialidade.
Por fim, aduziu a impossibilidade de controle estatal no caso em comento, visto que
inexistente qualquer ilegalidade na prática comercial da fabricante, ora Ré, dessa forma, deram integral
provimento ao recurso para o fim de julgar improcedente a sentença de mérito.
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Em simples palavras, sobre situações semelhantes devem recair decisões
semelhantes, para que seja dado o devido cumprimento ao princípio constitucional do devido processo
legal, bem como assegurado o princípio da segurança jurídica.
Acordam os Juízes que integram a Turma Recursal dos JEC´s, por unanimidade, em conhecer do
recurso e dar-lhe provimento nos termos do voto do Exmo. Relator.
“(...)Outrossim, não cabe ao Judiciário intervir de forma tão drástica a ponto de obrigar uma empresa a
oferecer acessórios, ou a rever sua política de preços, sendo certo que a venda conjunta do acessório
implicaria no repasse de preço ao consumidor.
Deve ser ressaltada a enorme gama de concorrência no mercado de aparelhos móveis, com muita das
empresas fornecendo o carregador de imediato com o celular, cabendo ao consumidor optar pelo que
lhe for mais conveniente.
Isto posto, voto no sentido de conhecer do recurso e no mérito, dar-lhe provimento para julgar
improcedente os pedidos. Sem ônus da sucumbência face ao êxito.
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Outrossim, destaca-se que, o Recurso Inominado nº 0023344-
67.2021.8.19.0002, interposto pela parte contrária e relatado pelo Nobre Juiz Relator Claudio
Ferreira Rodrigues da 3ª Turma Recursal do Conselho Recursal dos Juizados Cíveis e Criminais
do Estado do Rio de Janeiro, foi DESPROVIDO, mantendo a r. Sentença que reconheceu a
legalidade e legitimidade dos procedimentos da Ré, sob a seguinte Súmula:
“Acordam os Juízes que integram a 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis, por
unanimidade, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentença por seus
próprios fundamentos, tendo sido todas as questões aduzidas no recurso apreciadas, sendo
dispensada a transcrição das conclusões em homenagem aos princípios informativos previstos no
artigo 2º da Lei 9099/95, e na forma do artigo 46, segunda parte, da mesma Lei, frisando-se, outrossim,
que a motivação concisa atende à exigência do artigo 93 da Constituição Federal, e está em
conformidade com o disposto no artigo 26 do Regimento Interno das Turmas Recursais (Resolução do
Conselho da Magistratura do TJ/RJ nº 14/2012). Condenado o recorrente nas custas e honorários
advocatícios de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, observado o art. 98, parágrafo 3º do
Código de Processo Civil, valendo esta súmula como acórdão, conforme o disposto no art. 46 da Lei
9099/95.”
“(...) a mudança na venda do produto foi amplamente divulgada pela empresa ré Outrossim, não cabe
ao Judiciário intervir de forma tão drástica a ponto de obrigar uma empresa a oferecer acessórios, ou
a rever sua política de preços, sendo certo que a venda conjunta do acessório implicaria no repasse
de preço ao consumidor. Deve ser ressaltada a enorme gama de concorrência no mercado de
aparelhos móveis, com muita das empresas fornecendo o carregador e demais acessórios de imediato
com o celular, cabendo ao consumidor optar pelo que lhe for mais conveniente.
“Acordam os Juízes que integram a Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis, por unanimidade,
em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentença por seus próprios
fundamentos, tendo sido todas as questões aduzidas no recurso apreciadas, sendo dispensada a
transcrição das conclusões em homenagem aos princípios informativos previstos no artigo 2º da Lei
9099/95, e na forma do artigo 46, segunda parte, da mesma Lei, frisando-se, outrossim, que a
motivação concisa atende à exigência do artigo 93 da Constituição Federal, e está em conformidade
com o disposto no artigo 26 do Regimento Interno das Turmas Recursais (Resolução do Conselho da
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Magistratura do TJ/RJ nº 14/2012). Condenado o recorrente nas custas processuais e honorários
advocatícios de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, observada a gratuidade da justiça na
forma do art. 98 §3º da Lei 13.105/2015 - CPC, valendo esta súmula como acórdão, conforme o
disposto no art. 46 da Lei 9099/95.”
“(...) Acordam os juízes da Turma Recursal Cível, por maioria, em conhecer do recurso e dar-lhe
provimento, para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido, pois a ré cumpriu corretamente
o dever de informação e há possibilidade de carregamento do aparelho por diversas maneiras, não
tendo sido caracterizada a venda casada. Vencida a dra. Márcia Santos Capanema de Souza, que
mantinha a sentença, por seus próprios fundamentos. Sem ônus sucumbenciais.
“Acordam os juízes que integram a Quinta Turma Recursal dos JECs, por unanimidade, em conhecer
do(s) recurso(s) e negar-lhe(s) provimento para manter a sentença por seus próprios fundamentos.
Condeno o(s) recorrente(s) nas custas e honorários de 20% (vinte por cento) sobre o valor da
condenação (quando houver) - caso contrário, sobre o valor atribuído à causa - observada, em ambos
os casos, quando o recorrido seja assistido pela Defensoria Pública, os honorários advocatícios serão
devidos ao CEJUR, observada a gratuidade de justiça quando deferido o benefício, valendo esta
súmula como acórdão, conforme o disposto no artigo 46 da Lei nº 9.099/95, ressalvando, por fim, que
não haverá incidência de honorários advocatícios, quando o recorrido não tiver sido assistido por
advogado nos autos, ou se este não tiver apresentado contrarrazões ao recurso.
“Acordam os Juízes que integram a Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis, por unanimidade,
em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentença por seus próprios
fundamentos, tendo sido todas as questões aduzidas no recurso apreciadas, sendo dispensada a
transcrição das conclusões em homenagem aos princípios informativos previstos no artigo 2º da Lei
9099/95, e na forma do artigo 46, segunda parte, da mesma Lei, frisando-se, outrossim, que a
motivação concisa atende à exigência do artigo 93 da Constituição Federal, e está em conformidade
com o disposto no artigo 26 do Regimento Interno das Turmas Recursais (Resolução do Conselho da
Magistratura do TJ/RJ nº 14/2012). Condenado o recorrente nas custas processuais e honorários
advocatícios de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, observada a gratuidade da justiça na
forma do art. 98 §3º da Lei 13.105/2015 - CPC, valendo esta súmula como acórdão, conforme o
disposto no art. 46 da Lei 9099/95.”
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demanda.
Cumpre ressaltar que foi realizada pesquisa na União Europeia, em 2019, para
avaliar o impacto do lixo eletrônico gerado, exclusivamente, por carregadores de celulares (“e-waste” -
Global E-waste Monitor 2020), através da qual se constatou que adaptadores de tomada de telefones
celulares são responsáveis por cerca de 11 a 13 mil toneladas de lixo eletrônico por ano1.
Não se pode perder de vista que a Apple é uma empresa de alcance global, que
distribui milhões de iPhones anualmente. Logo, uma vez implementada a medida de remoção dos
adaptadores para todas as embalagens de seus produtos, não haverá mais a necessidade de
fabricação de milhões de novos adaptadores de tomada por ano, evitando com isso a extração
desnecessária de matéria prima para fabricação deles.
“Art. 4º A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos,
diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com
Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento
ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.”
“Art. 31. Sem prejuízo das obrigações estabelecidas no plano de gerenciamento de resíduos sólidos e com
vistas a fortalecer a responsabilidade compartilhada e seus objetivos, os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes têm responsabilidade que abrange:
I - investimento no desenvolvimento, na fabricação e na colocação no mercado de produtos:
(...)
b) cuja fabricação e uso gerem a menor quantidade de resíduos sólidos possível” (sem ênfase no
original)
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Isso, por si só, já é prova suficiente de que a conduta da Apple não possui qualquer
finalidade de obtenção de lucro às custas dos consumidores, sendo ditada, exclusivamente, pelas suas
políticas ambientais, as quais, repita-se, estão perfeitamente em linha com a Política Nacional de
Resíduos Sólidos e com as normas internacionais aplicáveis.
Em caso de opção pelo carregamento com cabo, o usuário deve conectar uma das
entradas do cabo (a entrada Lightning) no aparelho celular e a outra extremidade (entrada USB) em
uma fonte de alimentação de energia, que poderá ser um computador, um notebook, um adaptador de
tomada, um adaptador automotivo, bateria portátil etc.
8 https://www.apple.com/br/shop/buy-iphone/iphone-se
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A Apple ainda recomenda aos usuários que reutilizem os cabos USB-A para
Lightning e os adaptadores de energia e fones de ouvido compatíveis, como medida de
sustentabilidade. Não obstante, caso seja necessário, os adaptadores de energia ou fones de ouvido
também estão disponíveis para compra, seja diretamente pelo site da Apple, seja de outros
fabricantes.
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Ainda, a Apple disponibiliza em seu site informações detalhadas sobre os
adaptadores de alimentação USB, explicando a diferença entre eles e os aparelhos compatíveis9:
Frise-se que, mesmo se o produto foi adquirido em loja física, a parte Autora
teve ampla oportunidade de ler a caixa no momento da compra e verificar a ausência dos
acessórios e, inclusive, abrir o produto para verificar seu conteúdo.
10
https://www.shoptime.com.br/produto/2449596043?epar=bp_pl_px_go_pmax_telefonia_
1p&opn=GOOGLEXML&WT.srch=1&gclid=CjwKCAjwo8-
SBhAlEiwAopc9W8hV7kcudyHEMdDokhe-
rbQtcGWCniadI5qD2kRKhfg0oWV60sFwDhoCagoQAvD_BwE
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de tomada do produto são veiculadas de forma clara, precisa e ostensiva, conforme determinado pelo
artigo 6º, III, do CDC.
Assim, ao adquirir o produto o consumidor tem plena ciência de que ele não
acompanhará o adaptador de tomada.
O que não é cabível é o consumidor adquirir o aparelho, ciente de que ele não
acompanha o adaptador de tomada, e depois ingressar em Juízo pleiteando que a Apple forneça,
gratuitamente, um acessório que ele sabia não ser fornecido juntamente com o aparelho, sob pena de
conduta contraditória. Mesmo porque, conforme será demonstrado, o adaptador de tomada não é um
item essencial para a utilização do aparelho.
Inclusive, nos casos que já foram levados ao Poder Judiciário para questionar
especificamente a ausência do adaptador de tomada nos aparelhos celulares iPhone, foi reconhecida
a inexistência de qualquer abusividade, destacando-se a suficiência das informações prestadas
pela Apple e o livre arbítrio do consumidor de adquirir ou não o produto comercializado sem o
adaptador de tomada. Confira-se:
“(...) Trata-se de ação de conhecimento em que alega os autores alegam, em síntese, que, em
04/11/2020, realizou a compra, junto às rés, de aparelho iPhone 11. Contudo, afirma que, ao chegar
em casa, notou que o bem não acompanhava carregador e o cabo, o que discorda. Assim pretende a
condenação das rés em obrigação de fazer e danos morais. (...) Em relação aos demais acessórios
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há informação clara quanto à não disponibilização, na própria na caixa do produto (fl. 21) que:
´ADAPTADOR DE ALIMENTAÇÃO E FONES DE OUVIDO SÃO VENDIDOS SEPARADAMENTE´.
Assim sendo, não verifico irregularidade no atuar das rés, portanto, não há dano a ser reparado.
Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE os pedidos autorais, nos termos do art. 487, I, do NCPC. (...)”
(Processo nº 0009277-98.2020.8.19.0207, 20ª Vara do Juizado Especial Cível da Comarca do Rio de
Janeiro/RJ, julgado em 11/3/2021, sem ênfase no original)
“(...) Se, de um lado, pode ser questionável a postura da Apple Computer Brasil Ltda em vender seus
aparelhos sem os fones e o adaptador de alimentação, cabe aos consumidores sopesar tal fato
(que, como reconhecido pelo autor, foi devidamente anunciado tanto pela vendedora quanto
pela montadora) na hora da compra, optando, se o caso, pela concorrência.
O que não se pode admitir, data vênia, é a reserva mental, como se deu no presente caso, em
que o autor comprou o produto e, no dia seguinte, já ingressou com a demanda para fazer com
que o Poder Judiciário obrigue a ré a cumprir a prática comercial que, sabidamente, não mais
realiza. (...)” (Processo nº 1019678-91.2020.8.26.0451, Vara do Juizado Especial Cível da Comarca
Piracicaba/SP, julgado em 17/11/2020, sem ênfase no original)
“(...) Se insurge a parte autora quanto a venda do celular sem adaptador para carregar o celular e fones
de ouvido. Firme em tudo que consta nos autos, entendo que não assiste razão a parte autora. Isso
porque, o documento de fl. 05 é claro que o produto escolhido está sendo comercializado sem o
respectivo adaptador de energia e earpods, ou seja, fone de ouvido e informa, ainda que, caso os
tenha, pode usar tais itens ou adquira novos. Nesse diapasão, não há que se falar em falha no dever
de informação. Quanto a este ponto, destaca-se que antes de alterar a modalidade de venda a
fabricante informou amplamente tal circunstância. Ademais, a forma de comercialização dos
seus produtos se insere na sua liberdade econômica, âmbito a qual a intervenção do Poder
Judiciário é mínima e excepcional. Com efeito, embora a relação ora vertente seja de consumo e
tenha natureza jurídica de princípio constitucional, no caso em espeque, observa-se que há dois
princípios em rota de colisão. Nesse diapasão, à luz do caso concreto, deve ser analisado qual deve
preponderar, a partir da aplicação de método da ponderação com esteio na Teoria dos Princípios de
Alexy. Com efeito, conforme regras ordinárias de experiência, a venda está sendo efetuada com
e sem os acessórios, cabendo ao consumidor optar se os deseja ou não, sendo certo que há
substancial majoração do valor do celular comercializado com os itens. Assim, tendo em vista
que a venda do aparelho com esses itens repercute no preço final do produto, onerando mais
ainda o consumidor, o princípio da liberdade econômica prevalece. Portanto, não há que se falar
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em ato ilícito. Ante todo o exposto, RESOLVO O MÉRITO na forma do art. 487, inciso I, CPC: JULGO
IMPROCEDENTES os pedidos. (...)” (Processo nº 0026739-65.2020.8.19.0208, 12ª Vara do Juizado
Especial Cível da Comarca do Rio de Janeiro/RJ, julgado em 8/2/2021, sem ênfase no original)
Destarte, por todo o exposto, verifica-se que a Apple agiu em conformidade com o
disposto no artigo 6º, III, do CDC, informando os consumidores de forma expressa e inequívoca
acerca da remoção do adaptador de tomada dos aparelhos iPhone, razão pela qual não há que se
cogitar na condenação da Apple referente aos consumidores que optaram por adquirir o produto
sabendo que este não era acompanhado do adaptador de tomada.
Com o máximo e devido respeito ao quanto alegado pela parte Autora, a venda do
iPhone sem o adaptador de tomada não configura venda casada, assim entendida como a prática
abusiva de “condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”, conforme previsto no artigo 39, I, do CDC.
Tal opção não é abusiva pois decorre da necessidade global de se adotar políticas
ambientais sustentáveis e evitar o desperdício de recursos, sobretudo diante da realidade dos fatos,
na qual grande parte dos consumidores já possui adaptadores de tomada e/ou outras formas de
carregar seus dispositivos, inclusive de outros aparelhos eletrônicos, que podem ser utilizados
para carregar a bateria do iPhone.
Conforme se depreende de tal conceito, para que ocorra a venda casada indireta,
é necessário que a aquisição de um produto esteja vinculada a outro, que é a única opção oferecida
pelo próprio fornecedor, limitando a liberdade de escolha do consumidor. Isso não ocorre no caso
da Apple, eis que o consumidor tem a liberdade de adquirir o adaptador de tomada somente caso
tenha necessidade, e ainda optar por adquirir um adaptador de tomada fabricado pela Apple ou
por terceiros, inexistindo exclusividade.
Categoria Notebooks:
Categoria Smartphones:
Não obstante, desde 2015, a Apple utiliza nos notebooks modelo MacBook a saída
padrão USB-C.
12 https://www.amazon.com.br/Carregador-Viagem-embalagem-Original-
Motorola/dp/B084PT52ND/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=c
13 https://www.amazon.com.br/Carregador-Universal-Delivery-CH20WPDWT-
Geonav/dp/B08ZB6PW9Z/ref=sr_1_4?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=c
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Como dito anteriormente, a utilização de acessórios fabricados por terceiros e
homologados no Brasil não prejudicam a garantia legal ou contratual do iPhone adquirido.
Esclarece-se ainda que, para a utilização dos cabos USB-C ou USB-A, não é
necessário utilizar qualquer tipo de adaptador para conversão dessas saídas, basta o cliente conectar
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a saída Lightning presente em ambos os cabos na entrada Lightning do iPhone e as saídas USB-A ou
USB-C em portas compatíveis, sejam quais forem.
O adaptador de tomada USB-C fabricado pela Apple não é a única opção para
carregamento do iPhone, tampouco é essencial para o funcionamento do dispositivo vendido,
em particular, porque os usuários do iPhone não são obrigados a comprar acessórios da Apple
para carregar o iPhone.
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Como se vê, ao invés de se restringir o poder de escolha do consumidor – o
que ocorreria no caso de obrigatoriedade da compra do adaptador conjuntamente com o
aparelho – a Apple amplia a sua liberdade de decisão e a livre concorrência, resultando em
preços mais atrativos e produtos de maior qualidade ao consumidor.
Tal fato, portanto, não implica uma vantagem para a Apple em detrimento do
consumidor, o qual é livre para adquirir adaptadores de tomada de outras marcas, caso queira, ou
carregar o aparelho de outras formas.
Na nova sistemática adotada pela Apple, o consumidor que não precisa adquirir o
adaptador de tomada, não paga por esse adaptador, já que adquire o novo aparelho sem o adaptador
de tomada.
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inferior àquele oferecido pela Apple, o que também atende aos seus interesses econômicos,
contando que seja homologado pela ANATEL.
Portanto, a política implementada pela Apple é mais favorável não apenas do ponto
de vista ambiental, mas também do ponto de vista econômico, tanto para os consumidores que têm
interesse na aquisição do adaptador de tomada, quanto para aqueles que não têm interesse.
Cumpre ainda observar que o iPhone não é o único aparelho que passou a ser
comercializado pela Apple sem o adaptador de tomada.
Além dele, a Apple também vende de forma similar o Apple Watch e os AirPods, e,
por muitos anos, também vendeu diversos modelos de iPod, que vinham acompanhados tão somente
do cabo USB, sem que houvesse qualquer questionamento pelos consumidores ou pelas autoridades.
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O produto Kindle14, vendido pela Amazon há mais de 03 (três) anos, acompanha
somente o cabo para carregamento, sem o respectivo adaptador:
14 Amazon - Kindle
15 https://www.zoom.com.br/console-de-video-game/console-portatil-new-3ds-nintendo
16 https://www.jbl.com.br/headphones/TUNE510BT-.html?dwvar_TUNE510BT-_color=White-GLOBAL-
Current&cgid=headphones#start=1
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acompanhados somente do cabo USB-C, entre muitos outros, o que reflete uma prática de mercado
cada vez mais disseminada diante da conscientização ambiental das empresas, com as quais os
consumidores já estão plenamente familiarizados.
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(...) O consumidor que adquire impressora que não possua o cabo USB, em que pese o incômodo de
ter de adquirir o cabo USB, tem a opção de, entre as opções disponíveis no mercado, escolher
aquela que mais seja conveniente às suas necessidades, favorecendo a livre concorrência entre
os fabricantes de cabo USB e estimulando a disponibilização do produto pelo menor preço.
Por outro lado, o consumidor que adquire impressora já com o cabo USB seria obrigado a
adquirir produto que eventualmente não necessite, quer porque está substituindo impressora
antiga ou porque possui outros equipamentos eletrônicos com o mesmo tipo de conector.
Igualmente, o consumidor seria forçado a adquirir cabo da fabricante, em flagrante prática de
venda casada (v. artigo 39, inciso I, da Lei 8.078/90) (...)” (TJSP, Apelação nº 0128975-
17.2012.8.26.0100, 27ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Daise Fajardo Nogueira Jacot, j.
07.02.2017, r. 09.02.2017, sem ênfase no original)
“(...) Primeiramente, cumpre asseverar que, o carregador e principalmente o fone de ouvido, não
são itens essenciais ao funcionamento do aparelho. A fabricante deixou de fornecer, apenas, o
plugue de tomada para carregar a bateria. Contudo, o conector USBC, que acompanha o
produto, pode ser utilizado em qualquer dispositivo que dê suporte a essa tecnologia. Ademais,
não se trata de venda casada, visto que, a ausência dos itens não retira do consumidor a
prerrogativa da livre escolha, como se um produto não pudesse ser adquirido sem o outro, ou
se um produto não tivesse finalidade sem o outro. Assim, seria uma falha legal da empresa, por
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exemplo, se ela deixasse de oferecer todos os insumos necessários para a recarga do celular. Se o
cabo também fosse condicionado a uma compra separada. Por fim, ao adquirir o produto o consumidor
tem acesso a todas as suas características e funcionalidades, pela simples análise da caixa ou detalhes
do produto, no caso de venda por sítios eletrônicos. Não houve ocultação de informações por parte da
demandada, mas sim livre arbítrio do adquirente em comprar o produto. (...) Em face do exposto,
julgo improcedente os pedidos autorais. (...)” (Processo nº 0002878-16.2020.8.05.0022, 1ª Vara do
Juizado Especial Cível da Comarca de Barreiras/BA, julgado em 23/3/2021, sem ênfase no original)
“(...) A parte autora prova a compra do produto à fl. 18 e reclama a ausência de entrega do adaptador
para o carregador e dos fones de ouvido. Em que pesem as alegações autorais, os pedidos não
merecem prosperar. Verifica-se que o adaptador para o carregador e os fones não são itens
essenciais ao funcionamento do smartphone e o não fornecimento desses itens não
necessariamente afetará o uso do aparelho. O consumidor tem outros meios de fazer a recarga
do celular além do plug de tomada. Além disso, no momento da compra, a parte autora teve acesso
a todas as informações do conteúdo da embalagem do produto que estava adquirindo. Sendo assim,
considero inexistente a falha na prestação do serviço. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES
os pedidos formulados na inicial (...)” (Processo nº 0054140-18.2020.8.19.0021, 2ª Vara do Juizado
Especial Cível da Comarca de Duque de Caxias/RJ, julgado em 17/3/2021, sem ênfase no original)
“(...) A parte autora, contudo, não comprovou a oferta do réu, não havendo a demonstração de que os
acessórios estariam incluídos na caixa. Ademais, nem o adaptador de tomada, nem os fones de
ouvido são essenciais para o funcionamento do aparelho, sendo certo que se pode utilizar
diversos outros métodos para que o aparelho tenha carga, já que o cabo, que é específico,
continua sendo disponibilizado. Além disso, o réu é uma empresa privada e tem como objetivo
primordial o lucro. Se a retirada de acessórios não impacta as vendas e aumenta o lucro do réu, não
há motivos para obrigar à entrega dos produtos não essenciais. (...)” (Processo nº 0289168-
268.19.00001, 21ª Vara do Juizado Especial Cível da Comarca do Rio de Janeiro/RJ, julgado em
23/2/2021, sem ênfase no original)
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eventuais adaptadores que já possua, estando a conduta da Apple em consonância com o Direito do
Consumidor e com as normas de proteção ambiental.
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Hoje, no entanto, o entendimento quase unânime é de que a conveniência dos
consumidores não justifica a séria degradação ambiental causada pelas sacolas plásticas, se
distribuídas de forma indiscriminada.
Assim como se concluiu que a cobrança destacada pelo uso das sacolas é a melhor
forma para desestimular a produção e consumo de sacolas, é evidente que o fornecimento separado
do adaptador de tomada é a opção que melhor atende às exigências ambientais.
Caso se exija que a Apple forneça o adaptador de tomada com o aparelho celular,
evidentemente, o custo do acessório será repassado ao produto, o que acabará por onerar
indistintamente todos os consumidores, mesmo aqueles que não necessitem do adaptador de energia.
Ou seja, além de promover maior impacto ambiental, a pretensão inicial também prejudicará os
consumidores de forma geral, sendo muito mais razoável que o adaptador de tomada seja
adquirido separadamente apenas pelos consumidores que realmente necessitem do acessório.
Somado a isso, a Lei da Liberdade Econômica também prevê no artigo 3º, III, o
direito de a empresa definir livremente o preço de produtos em mercados não regulados conforme as
alterações da oferta e demanda. É nítido o propósito do legislador de proteger a liberdade econômica
e a livre iniciativa, que não abrangem tão somente a definição de preços, mas também a forma como
os produtos e serviços são fornecidos no mercado.
“(...) Não há negar-se que a interpretação dos negócios jurídicos, sobretudo quando levada a efeito pelo
Poder Judiciário, é motivo de grande insegurança para todos os que desenvolvem atividade econômica
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no País. Muitas vezes, o Poder Judiciário acaba por intervir no cerne do conteúdo dos negócios por entenderem
que há alguma violação legal e ao assim proceder, frustram os objetivos das partes negociantes e também a
divisão dos riscos econômicos por elas estipuladas”. (A Lei de Liberdade Econômica e a Desjudicialização,
Manoel de Queiroz Pereira Calças, Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marques e Ruth Maria Junqueira de Andade.
Lei de Liberdade Econômica – Anotada – Vol. 2. São Paulo: Quartier Latin, 2020, sem ênfase no original)
"(...) Os aparelhos objetos da demanda eram usualmente vendidos de forma conjunta ao aparelho telefônico.
Contudo, tais produtos não são essenciais para o funcionamento do celular, uma vez que o cabo USB
responsável por alimentar a bateria foi devidamente fornecido. Assim, poderiam ser comercializados
separadamente. Logo, verifica-se que a venda conjunta tratava-se de escolha do fornecedor, que por questões
de política comercial optou por desmembrar as peças, com vendas separadas. Dessa forma, não cabe ao Poder
Judiciário interferir nas políticas comerciais da Ré, sob pena de violação a livre iniciativa. Ademais,
observa-se que o fato foi noticiado mundialmente em outubro de 2020, e a compra objeto da demanda
foi realizada em 28.11.2020. Portanto, o autor já tinha pleno conhecimento da ausência das peças
reclamadas, respeitando-se os princípios da transparência e boa-fé. Portanto, diante do respeito à
liberdade privada, princípio basilar do direito contratual, bem como pela ausência de violação aos
direitos do consumidor, verifica-se que não cabe razão ao autor, sendo improcedente o pleito ora
apresentado. (...)" grifo nosso - Processo n.º: 0040450-37.2020.8.19.0209.
Dessa forma, não é razoável que se busque, por meio de um processo judicial,
impor à Apple qual acessório a empresa deve ou não fornecer juntamente com o aparelho
exclusivamente aos consumidores brasileiros, afinal, conforme demonstrado, os consumidores têm
pleno acesso à informação de que o carregador de tomada, caso seja necessário, deve ser adquirido
separadamente, seja através da Apple, seja através de terceiros, devendo ser resguardada a liberdade
de escolha do consumidor de adquirir ou não o acessório, e a liberdade empresarial da Apple de
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organizar a sua atividade conforme os seus objetivos e diretrizes, sempre pautada na legalidade.
A parte Autora tece a sua inicial alegando não ter recebido o acessório
(adaptador/fone de ouvido) após a compra de um iPhone em 05/07/2021, que conforme
exaustivamente explicitado ao longo desta peça, ficou elucidado que em 13 de outubro de 2020 a Apple
anunciou mundialmente a retirada de tais acessórios da caixa, portanto, a compra ocorreu mais de 9
meses após tal anúncio.
No entanto, sem qualquer respaldo legal, a parte requer que a Ré seja compelida
a entregar os acessórios, sob a alegação de um suposto direito de ter os acessórios fornecidos pela
Apple, contudo, não assiste razão a tal alegação, visto que este sequer comprovou a essencialidade
dos acessórios para fundamentar seu pedido de obrigação de fazer.
Ora, proceder com indenização por dano material, mas sem receber pela
contraprestação, certamente, gerará o enriquecimento não justificado da parte Autora, eis que ela
receberá um acréscimo em seu patrimônio sem justa causa, o que é vedado em nosso ordenamento
jurídico, uma vez que o acessório não foi cobrado no valor da compra do aparelho.
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com o produto, comprovando que não houve qualquer irregularidade no procedimento adotado pela
Apple.
De acordo com o dicionário Online de Português, Dicio17, dano pode ser definido
como “ação ou efeito de danificar, causar prejuízo, estrago”.
Maria Helena Diniz leciona que são três os elementos da responsabilidade civil18:
a) existência de uma ação, comissiva ou omissiva; b) ocorrência de um dano moral ou patrimonial
causado à vítima; e c) nexo de causalidade entre o dano e a ação, o que constitui o fato gerador da
responsabilidade civil.
17 https://www.dicio.com.br/dano/
18 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. Responsabilidade civil. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, v. 7, p. 53-54
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Diante disto, resta claro que o pedido de reembolso dos acessórios não merece
prosperar, tendo em vista que não existe nexo causal ou dano capaz de suportar tal requerimento.
Pois bem, para que haja dano moral, é necessário que a ação positiva da Ré atinja
a integridade física ou psicológica, a liberdade, a paz, o bem-estar, a honra, a reputação, a autoestima,
a dignidade de um indivíduo, causando-lhe perturbação psíquica, perda de tranquilidade, dor,
sofrimento, humilhação, tristeza, revolta, constrangimento, insegurança ou medo.
Ora, para que se caracterize o dano moral, de acordo com o artigo 186 do Código
Civil, é necessário que haja ato ilícito e, para tanto, é imperativo que a parte comprove nos autos: (i)
a ocorrência do dano; (ii) que este dano decorreu da ausência de um dever legal e (iii) o nexo de
causalidade entre o dano e os efeitos suportados.
In casu, não há a comprovação de tais elementos, visto que não há nenhum laudo
ou exame médico que demonstram problemas de saúde ou psicológicos, nem sequer documentos que
comprovam minimamente as alegações da parte Autora.
Excelência, tal ônus incumbe apenas e tão somente a parte Autora e ela se furtou
de produzir os fatos constitutivos de seu direito, limitando-se a fazer afirmações genéricas, sem
qualquer fundamento probatório de dano moral.
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de demonstrar o suposto abalo moral alegado, indo na contramão do disposto no artigo 373,
inciso I do CPC, desde já prequestionado.
Evidentemente, não houve nenhuma conduta danosa por parte da Ré, uma
vez que todas as informações necessárias foram prestadas tempestivamente de maneira clara,
precisa, objetiva e em língua nacional, em atenção ao Princípio da Informação e a todos os
ditames legais consumeristas.
Sabe-se, perfeitamente, que o ônus da prova pode vir a ser invertido no processo
civil em favor do consumidor, entretanto, essa inversão não o isenta de provar, nos casos em que
pleiteia reparação por danos, os fatos constitutivos de seu direito.
Evidente que não houve nenhum dano no caso em tela, no máximo, MERO
ABORRECIMENTO, como preceitua a Jurisprudência pacífica e que não é passível de indenização por
dano moral.
Com o máximo e devido respeito, não pode o Poder Judiciário pátrio permanecer
leniente com tal comportamento, premiando a esperteza dos consumidores que, sem provas sólidas e
com alegações inverossímeis, propõem demandas visando nada a não ser o lucro à custa de terceiros.
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Não restando comprovada qualquer situação que tivesse o condão de macular a
honra, o nome ou sua incólume imagem da parte Autora perante toda a sociedade, o pedido de
indenização deve ser julgado TOTALMENTE IMPROCEDENTE.
Nem se valha de que sua ação deve prosperar por estar ela acobertada pela
inversão do ônus da prova pois, mesmo para casos de aplicação do Código de Defesa do Consumidor,
deverá haver o mínimo de prova do que é alegado, sob pena de infração ao disposto no artigo 373,
inciso I, do Código de Processo Civil.
Entretanto, essa inversão não isenta a parte de provar, nos casos em que
pleiteia reparação de danos, os fatos constitutivos de seu direito, ou seja, deve provar que o dano
realmente existiu e que há nexo de causalidade entre a atividade e o dano.
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Necessário ressaltar que o citado diploma legal que apregoa a facilitação da defesa
dos direitos do consumidor, prescreve que esta deve ser realizada “segundo as regras ordinárias de
experiências.” (Lei 8.08/90, artigo 6°, inciso VIII – parte final). Sobre a matéria nossos tribunais já
decidiram:
“Consumidor - Inversão do ônus da prova - Princípio não absoluto. A inversão do ônus da prova previsto
no Código de Defesa do Consumidor não constitui princípio absoluto, não dispensando o autor da produção
de, no mínimo, um princípio de prova do fato alegado. Apelo não provido, Unânime.” (RJTJRS 183/298) – grifo
nosso
“Danos materiais e morais - Hipótese em que teriam sido efetuados saques indevidos da totalidade dos valores
depositados em cadernetas de poupança do autor - Saques impugnados que se prolongaram por
aproximadamente um ano (entre os anos de 1984/1985) - Ação proposta praticamente vinte anos após a
ocorrência dos fatos - Omissão na comunicação do fato ao banco e à autoridade policial - Queixa prestada ao
PROCON doze anos após a ocorrência dos alegados saques indevidos - Ausência de indícios da existência
de falha na prestação do serviço bancário - Falta de verossimilhança das alegações do autor que está a
obstar a inversão do ônus probatório - Ausência de prova dos fatos constitutivos do direito do autor -
Ação indenizatória.” – grifo nosso
CONCLUSÃO
Desta forma, requer que todas as publicações e intimações no presente feito sejam
realizadas exclusivamente em nome do advogado FABIO RIVELLI, OAB/RJ nº 168.434, bem como,
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publicações/intimações veiculadas por correio eletrônico deverão ser encaminhadas ao endereço
publica@lbca.com.br, sob pena de nulidade e violação do art. 272, §2° do CPC, requerendo, desde
já, sejam o nome e endereço de e-mail ora informados anotados na contracapa dos autos e sistema
eletrônico de acompanhamento, ressaltando que em todas as intimações devem constar o nome
completo da parte.
Termos em que,
Pede deferimento.
Fabio Rivelli
OAB/RJ nº 168.434
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