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AO JUIZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL

JULIANA CATÃO BOESCH STRUSINER, brasileira, solteira, coordenadora de


relacionamento, inscrita no CPF nº 147.574.327-04, de identidade nº234904878
residente à Rua De Santana, n. 77, AP 1606, Centro, Rio de Janeiro – RJ, CEP
20230-260, vem por sua advogada, com endereço profissional na Avenida Nossa
Senhora da Penha, nº 308, Loja, Penha, cidade do Rio de Janeiro/RJ, CEP 21.070-
390 - Rio de Janeiro - RJ onde receberá futuras intimações conforme artigo
77,V,CPC , ajuizar a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face APPLE COMPUTER BRASIL LTDA, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o nº 00.623.904/0003-35, sediada à Rua Leopoldo Couto
Magalhães Jr, 700, Itaim Bibi, São Paulo - SP, 01454-901.

DOS ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

Requer a V.Exa., sob pena de nulidade absoluta, conforme art.


272, §2º, CPC/2015, que as futuras publicações, notificações e intimações oficiais,
assim como autuação do processo, sejam realizadas em nome da Dra. Karine Flôr
da Mota Do nascimento, declarando, na forma da lei, ser inscrita na OAB/RJ
255.653, com endereço eletrônico: drakarinemota@gmail.com e endereço
profissional nesta cidade, na Avenida Nossa Senhora da Penha, nº 308, Loja,
Penha, cidade do Rio de Janeiro/RJ, CEP 21.070-390 - Rio de Janeiro - RJ, para
Drª. Karine Flor da Mota do Nascimento
OAB RJ/255.653
Contato: (21)99916-1995/ drakarinemota@gmail.com
recebimento de intimações.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A Autora requer o benefício da Gratuidade de Justiça, na forma dos


artigos 5º, LXXIV da CRFB/88, dos artigos. 98 e seguintes do NCPC, aduzindo que
não possui condição financeira de arcar com as custas e demais ônus
processuais, sem prejudicar seu próprio sustento e o de sua família.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Nos termos do art. 334, § 5º, do CPC/15, o autor desde já manifesta seu
desinteresse na audiência de conciliação, uma vez que as tratativas
administrativas já foram desgastantes o suficiente, e a matéria dos autos dispensa
oitiva da parte autora e de testemunhas, sendo, aos olhos do código de defesa do
consumidor e código de processo civil, lide que se resolve através da análise da
prova documental, s.m.j.

Sendo assim, requer, em especial, que seja DISPENSADA A AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO, uma vez que a dispensa da
realização da audiência de conciliação, Instrução e Julgamento, é legítima e não
afronta aos princípios do procedimento em juizado especial cível, com base nos
artigos 319 , inc. VI , 355 , inc. I , c/c artigo 771 , § único, do CPC/2015 , bem
como do artigo 2º da Lei nº 9.099 / 95, necessitando tão somente da
confirmação da parte contrária se há interesse na Audiência de Conciliação /
mediação ou acordo, reiterando que NÃO HÁ INTERESSE por parte da parte
Autora em participar de audiência nos moldes do art. 334, e seguintes do CPC,
podendo as propostas de acordo serem apresentadas aos autos por petição.

Drª. Karine Flor da Mota do Nascimento


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DOS FATOS

No dia 07 de janeiro de 2023, a Autora adquiriu um Iphone 12 de 64 gigas, no


valor de R$5.199,00 (cinco mil e cento e noventa e nove e cinco reais), e por ser
um objeto de grande desejo parcelou em seu cartão de crédito.

Ocorre que o aparelho celular apenas acompanhava o cabo de transmissão de


energia, SEM O ADAPTADOR que conecta o celular ao recebimento da energia na
tomada.

Indignada com a ausência do acessório, ainda mais que não dispunha de


recurso no momento para adquirir o acessório, a parte autora após pesquisas foi
informado que todos os aparelhos comercializados pela loja parte Ré não
dispunham de tal acessório, mas que a mesmo poderia adquirir de forma avulsa
junto as lojas virtuais e físicas (venda casada) , o que não pode ser feito pela
autora , pois no momento não dispunha do VALOR DE R$ 219,00 (DUZENTOS E
DEZENOVE REAIS) PELO ACESSÓRIO QUE DEVERIAM ACOMPANHAR OS
APARELHOS, PASMEM, e que caso quisesse poderia registrar seu inconformismo
junto ao fabricante.

Tal prática é extremamente prejudicial ao consumidor, pois este está


condicionado à compra do carregador, de forma separada, para que o aparelho
telefônico tenha funcionamento.

E ainda, publicar e garantir publicidade da ausência de fornecimento do


carregador não isenta o fornecedor de ser responsabilizado por práticas abusivas,
apenas isenta a condenação de propaganda enganosa, mas ainda sim, deve ser
responsabilizada por venda casada.

DA RELAÇÃO DE CONSUMO

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Trata-se de relação de consumo, tendo em vista que a Requerente adquiriu
um produto do fornecedor Apple, que se encaixa no conceito estabelecido nos
art. 2º e 3º do CDC.

No presente caso concreto, trata-se de bem durável, e, portanto, o aparelho


celular deve ser fornecido juntamente com o seu carregador, sob pena de impor
ônus desproporcional ao consumidor (art. 39 , V , CDC ).

Em que pese a ampla divulgação da Ré acerca da venda sem o carregador nos


pontos de vendas do aparelho na caixa do próprio produto, sendo demonstrado o
dever de informação (art. 6º, III do CDC), este fato, por si só, não é apto a afastar
o teor do art. 39 do CDC, isto é, quanto a venda casada, sobretudo por se tratar
de produto essencial.

Dizer que a Ré não pratica a venda casada porque informa a seus


consumidores que o produto é comercializado sem o carregador, é bonificá-la de
maneira indevida por praticar a venda casada. Cumprir um dos deveres anexos ao
CDC não a desincumbe de cumprir os demais, neste caso, o de ser impedida de
praticar a venda casada, ainda que de maneira indireta.

Apple, ora Ré, precisa entender que no Brasil existem leis e instituições sólidas
de Defesa do Consumidor. Tal entendimento, inclusive, foi utilizado pelo Governo
Federal para impedir que a Apple comercialize novos produtos sem o carregador
(anexo).

Verifica-se a inobservância de ao menos dois artigos do CDC:

• Venda casada - Ao deixar de vender os celulares sem carregador, “que é


imprescindível funcionamento normal do telefone”, a empresa pratica venda
casada por “dissimulação”, já que, de forma indireta, obriga o consumidor a

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adquirir um segundo produto, o carregador, sem o qual o aparelho principal não
funciona.

• Venda de produto incompleto ou despido de funcionalidade essencial - A


venda do produto sem carregador é suficiente para que ele seja considerado
“impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina ou que lhe diminua o
valor”, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor.

Neste passo, incide o art. 39, inciso V do CDC estabelece que é vedado ao
fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas, exigir do
consumidor vantagem manifestamente excessiva.

O ato de condicionar a venda de um produto a outro produto é considerado


venda casada, conforme estabelece o art. 39, I do CDC. Ou seja, realizar a venda
de um celular sem o adaptador de tomada se encaixa no conceito de venda
casada, tendo em vista que um não possui funcionalidade sem o outro.

No caso dos autos, a Ré, ao não disponibilizar o carregador junto com o


celular, mas ofertá-lo para aquisição avulsa, desde que se pague o preço,
considerando ainda que o aparelho celular é um item que já possui custo elevado
(média de R$ 4.000,00 reais), é uma conduta abusiva, que exige do consumidor
vantagem manifestamente excessiva.

A Apple recorreu ao TJSP, e o Ilustre Magistrado Luis Eduardo Medeiros


Grisolia, da 8ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, considerou que “a multa foi
aplicada obedecendo-se aos critérios fixados na legislação” e indeferiu o pedido
de tutela provisória de urgência.

“Com efeito, a simples possibilidade de utilização do cabo de dados e energia


em outros dispositivos não exclui a obrigação da autora em fornecer o
indigitado “adaptador”. Ao contrário do afirmado, o novo padrão adotado é o
do tipo “USB-C”, recentemente incorporado no mercado brasileiro, razão pela

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qual diversos consumidores não têm acesso, devendo proceder à sua aquisição,
tornando o produto impróprio ou inadequado ao uso”, escreveu o magistrado.
(grifos nossos)

Desta forma, requer seja aplicado o instituto da inversão do ônus da prova, o


qual equilibra a lide, passando a responsabilidade de provas para os
fornecedores, conforme disposto no art. 6º, VIII do CDC.

DA PRÁTICA ABUSIVA DA VENDA CASADA

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REPARATÓRIA. PLEITO INAUGURAL FORMULADO POR


CONSUMIDOR EM FACE DE FORNECEDOR DE APARELHO TELEFÔNICO MÓVEL
VENDIDO SEPARADAMENTE DO ADAPTADOR DA FONTE ENERGÉTICA, SOB
ALEGAÇÃO DE VENDA CASADA, COM VISTAS À COMPENSAÇÃO PECUNIÁRIA A
TÍTULO DE LESÕES MATERIAL E MORAL. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA .
IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. ACOLHIMENTO PARCIAL. ALTERNATIVAS ELENCADAS
PELA RECORRENTE À GUISA DE SUBSTITUIÇÃO DO ITEM CONTROVERTIDO QUE SE
DEMONSTRAM INVARIAVELMENTE ONEROSAS AO CONSUMIDOR, LEVANDO A
CORROBORAR A HIPÓTESE DE EXPEDIENTE DEFESO PELO ART. 39, I, DA LEI Nº
8.078/90, DIANTE DA ESSENCIALIDADE DO ACESSÓRIO À FUNCIONALIDADE DO
BEM PRINCIPAL. RESPONSABILIDADE POR FATO DO PRODUTO. RECORRENTE QUE,
AO DISPONIBILIZAR NOTORIAMENTE NO MERCADO ITENS HETERODOXOS, DE
COMPATIBILIDADE DIFERENCIADA DOS MODELOS TRADICIONAIS, DEVE ARCAR
COM TAL OPÇÃO, PELA QUAL, EM CONTRAPARTIDA, NÃO PODE SER
DESABONADO O CONSUMIDOR, A QUEM DEVE SERVIR, EM CONTRAPARTIDA,
OS MEIOS E MATERIAIS NECESSÁRIOS À ADAPTABILIDADE DOS BENS OBTIDOS.
OFENSA EXTRAPATRIMONIAL AVERIGUADA A PARTIR DE LESÃO AO TEMPO.
SITUAÇÃO HÁBIL A VILIPENDIAR O SUBSTRATO DA LIBERDADE, OCASIONANDO
DESVIO DO POSTULANTE DE SUAS ATIVIDADES HABITUAIS, ALÉM DE PREJUÍZO
À SUA ECONOMIA. REFORMA PARCIAL DO JULGADO DE 1º GRAU, TÃO SOMENTE
NO SENTIDO DA MODULAÇÃO REDUTIVA DA VERBA INDENIZATÓRIA POR DANO
IMATERIAL, PARA PATAMAR DE R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS), MELHOR

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ADEQUADO À MÉDIA PRATICADA POR ESTA CORTE ESTADUAL EM HIPÓTESES
AFINS, SEGUNDO O CRITÉRIO BIFÁSICO DE QUANTIFICAÇÃO. PRECEDENTES.
REFORMA PARCIAL DO DECISUM. AFASTAMENTO DA MAJORAÇÃO DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS PREVISTA NO ART. 85, §11, DO CPC. PROVIMENTO
PARCIAL DO RECURSO. Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Décima
Oitava Câmara de Direito Privado. APELAÇÃO CÍVEL Nº 0800087-
09.2023.8.19.0002 (21/02/2024).”

Ademais, por unanimidade, a 18ª Câmara de Direito Privado do TJRJ


condenou a Apple Computer Brasil por pratica de venda casada o relator,
desembargador Claudio de Mello Tavares, afirmou que ficou evidente que a
prática em questão se configura, na verdade, como venda casada e essa prática
lesa o consumidor e prevê indenização, “Já que o acessório afigura-se essencial
ao uso do bem principal, acarretando ofensa patrimonial e desvio produtivo
passíveis de indenização”, escreveu o magistrado em sua decisão.
https://www.tjrj.jus.br/noticias/noticia/-/visualizar-conteudo/5111210/40183008
6#:~:text=Consumidor%20ganha%20na%20Justi%C3%A7a%20processo%20contra
%20Apple

DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Desta forma, resta claro que se trata de produto impróprio ao uso, conforme
reza o art. 18, § 6º, III, Código de Defesa do Consumidor - CDC, podendo exigir
que o vício seja sanado de imediato por se tratar de produto essencial, com fulcro
no art. 18, § 1º, I c/c. art. 18, § 3º, ambos do Código de Defesa do Consumidor -
CDC.

Cabe ainda informar que a Autora não adquiriu um novo “Carregador Original
Apple USB-C de 20W”, pois se nega a compactuar com a prática de venda casada,
proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) em seu artigo 39, inciso I,
uma vez que condiciona o fornecimento do celular ao fornecimento do
carregador para seu correto uso. Senão, vejamos:

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“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites
quantitativos;”

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E QUANTUM INDENIZATÓRIO

Conforme narrado nos fatos, a Requerida praticou ato ilícito ao condicionar a


venda do adaptador ao celular, prejudicando os Requerentes que foram
obrigados a adquirir outro produto para garantir o funcionamento do primeiro.

A indenização por danos morais está prevista na Constituição Federal em seu


artigo 5º, V e X, e no artigo 42 do CDC.

Ainda mais, é importante considerar o caráter dúplice da indenização por dano


moral, tendo em vista que deve penalizar o ofensor, sancionando-o para que não
reitere a prática de ato ilícito, bem como para que compense financeiramente o
ofendido, o qual receberá soma pecuniária para que amenize os efeitos
decorrentes do ato que foi vítima.

Ante o exposto, devem-se considerar as circunstâncias de cada caso que possam


influenciar a fixação do quantum indenizatório, considerando a possibilidade do
agente causador de pagar a indenização, bem como da extensão do dano sofrido
pela vítima. Deste modo, consideram justo o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais)
a título de indenização por danos morais.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

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a) A citação da requerida, na forma do art. 19 da Lei nº 9.099/95, para,
querendo, apresentar proposta de acordo ou contestação, sob pena de
revelia;

b) Seja determinada a inversão do ônus da prova com fundamento ao art. 6º,


inciso VIII do CDC;

c) Seja julgado procedente os pedidos, a fim de condenar a empresa


requerida ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais), relativos à
indenização por dano moral;

d) O envio dos adaptadores de energia USB-C de 20W;

e) Caso assim não entenda V. Exma., seja a Ré condenada a pagar o valor de


R$ 219,00 (duzentos e dezenove reais) pelo Carregador USB-C de 20W +
219,00 (duzentos e dezenove reais) pelo Cabo de USB-C para Lightning
(1m), conforme encontrado na plataforma virtual da Ré (em anexo), para
cada aparelho.

Protesta desde já por todas as provas admitidas em direito, em especial a


testemunhal, a oitiva da Ré, e a documental suplementar.

Dar-se-á presente causa o valor de R$ 10.876,00 (Dez mil oitocentos e


setenta e seis reais)

Rio de Janeiro, 04 de março de 2024.

Karine Flôr da Mota do Nascimento


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