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Universidade Presbiteriana Mackenzie

Noções de Direito

Veridiana Campos de Andrade


TIA: 32264690

CASOS PRÁTICOS – RELAÇÕES DE CONSUMO

São Paulo
2023
Fornecimento ilícito (fornecimento perigoso)

“Empresa de energia terá que indenizar por interrupção de fornecimento na Paraíba”

O caso aconteceu entre a véspera de Natal de 2015 na casa de uma consumidora que ficou o
período de 36 horas sem o fornecimento da luz. A empresa alegou que a falta de luz da
usuária teria acontecido por conta de eventos naturais e citou as fortes chuvas que haviam
ocorrido na região no período da interrupção.
De acordo com Fábio Ulhoa Coelho, fornecimento se torna perigoso quando se da utilização
dos produtos ou serviços decorre dano, motivado pela insuficiência ou inadequação das
informações prestadas pelo fornecedor sobre os riscos a que se expõe o consumidor e todo
produto ou serviço pode expô-lo a variados graus de risco a vida, saúde ou integridade física.
(p.124 e 125- novo manual de direito comercial: direito de empresa).
Visto isso, podemos perceber que no caso da interrupção de fornecimento, foi falta de
sensatez da empresa Energisa Borborema por ineficiência na prestação de serviço, pois a
consumidora poderia haver algo muito importante dentro de sua casa que necessitasse de
energia elétrica para o seu funcionamento podendo colocar em risco sua vida e até mesmo
sua saúde. Segundo Fred Coutinho, verifica-se que o liame de causalidade se entrelaça na
conduta ilícita da Energisa Borborema - Distribuidora de Energia S/A, em virtude da má
prestação de serviços, acarretando, sem dúvida, abalo e constrangimento moral à promovente,
no dia em que se comemora o nascimento de Cristo e por ter extrapolado o prazo razoável
para fazer retornar a normalidade. Nessa ordem de ideias, por se tratar de caso em que
envolve responsabilidade objetiva, é suficiente para a configuração do dever de indenizar a
demonstração do nexo causal, entre a interrupção significativa de energia provocada pela má
prestação do serviço e o dano experimentado pela autora.
Segundo o Art. 14, o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos. Com tudo o que foi dito, a decisão final de primeira instância foi da indenização de R$
5 mil para R$ 2 mil levando em conta o critério de razoabilidade, com as condições
financeiras dos agentes da vítima e para compensar o inconveniente sofrido.
Publicidade ilícita (publicidade enganosa)

“TJ-SP mantém multa de R$ 450 mil ao Burger King por propaganda enganosa”

O caso aconteceu entre meados de final de março e começo de abril de 2018, com uma
propaganda “enganosa” que o Burger King fez para comemorar a Páscoa e o Dia da Mentira.
De maneira sucinta, a rede de lanchonetes fez uma promoção de “Whopper páscoa” que seria
um lanche especial para as comemorações em questão. Porém ela foi multada pelo Procon
pelo fato de que a promoção se tratava de uma pegadinha e o lanche especial não foi vendido.
E fica evidente que muitos consumidores foram levados a dúvida e frustração de perceberam
que a promoção, na verdade, era pegadinha. Porém, o Burger King alegou não ter feito a tal
propaganda enganosa, mas somente uma forma de marketing agressivo.
De acordo com Arthur Paredes, publicidade ilícita ou enganosa seria aquela que consiste em
levar um consumidor ou potencial consumidor a acreditar em características ou dados sobre
uma marca ou produto que são de fato falsos, como exemplo a Red Bull, cujo slogan é "Red
Bull te dá asas", os consumidores da marca condenaram a empresa porque sua bebida não
tinha asas. A questão é a mesma, o Burger King fez com que os seus consumidores
acreditassem que tal propagando era verdadeira.
Mesmo com seu requerimento ou pedido de recurso, a desembargadora Heloísa Martins
Mimessi disse, “Não há, tampouco, qualquer teratologia ou imprecisão nos autos
administrativos a elidir a presunção de legitimidade dos atos administrativos do Procon.
Observe-se que em casos como o presente, havendo órgão administrativo especializado, ao
Judiciário resta o controle de legalidade da administração pública. No caso dos autos, restou
suficientemente demonstrado que, de fato, ao anunciar um produto que não existia, a empresa
levou diversos consumidores ao erro. Não se desconhece que a publicidade também deve ser
conferido o direito de liberdade de expressão; inclusive com a possibilidade de criação de
conteúdos lúdicos, engraçados e inusitados. Porém, o essencial é que as informações sejam
precisas, de modo a não criar expectativas falsas ou desatendidas”.
Com todo esse processo que aconteceu, consequentemente o Burger King foi imposto uma
multa de R$ 450 mil e perda de clientes e possíveis clientes, visto que foram a procura e
compra de outros produtos.
Cláusulas abusivas

“Procon-MG multa Globoplay em R$ 1,5 milhão por cláusulas abusivas em contrato”

O caso foi publicado em 1 de fevereiro de 2023 por José Vítor Camilo, articulando o caso da
multa que a Globoplay, de R$ 1,5 milhão, recebeu da Procon pelo fato deles terem feito
“venda casada”.
Segundo o IDEC, cláusulas abusivas são aquelas que colocam o consumidor em desvantagem
nos contratos de consumo. O consumidor que se deparar com uma cláusula abusiva poderá
recorrer à Justiça para pleitear sua nulidade, e, consequentemente, livrar-se da obrigação nele
prevista. São abusivas não só as cláusulas contratuais a que se refere o Código do
Consumidor, como também aquelas previstas nas Portarias do Ministério da Justiça.
Visto isso, podemos perceber que a Globoplay possuía um plano da compra de serviços dos
conteúdos que se passava na plataforma para que o consumidor tivesse acesso a outros
conteúdos do pacote. A MPMG disse, “Tais condutas e cláusulas são incompatíveis com a
boa-fé e a equidade contratual, sendo, por isso, vedadas pelo Código de Defesa do
Consumidor (CDC)”, essas condutas seriam a anulação do contrato sem aviso prévio, visto
que um dos motivos para serem abusivas é colocar o consumidor em desvantagem exagerada
e que esteja em conflito com o direito do consumidor, sendo assim, a falta de moralidade do
streaming com seus consumidores\assinantes.
Direito de arrependimento

“Loja online não respeita prazo de arrependimento de cliente e deverá ressarci-la em


dobro”

O caso aconteceu no ano de 2017 postado pelo site TJDFT, relatando a insatisfação do
consumidor com o celular comprado online, mas não obteve resposta tentando comunicar-se
com a empresa para a restituição da quantia gasta em seu cartão de crédito.
De acordo com o Art.49 do Código de Defesa do Consumidor, “O consumidor pode desistir
do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer
fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Parágrafo
único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores
eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de
imediato, monetariamente atualizados”. Ou seja, a compradora do celular tinha o direito pois
a lei fala que não precisa/ exige que o comprador explique o porquê da desistência da compra
e neste caso o vendedor não tinha outra opção a não ser a restituição imediata do valor pago.
Com a dificuldade de contato com a empresa e todo transtorno causado, a empresa teve que
lhe pagar duas vezes o valor do bem, além de uma indenização pelos danos morais causados.
A partir da análise dos pedidos formulados pelas partes em confronto com os documentos
comprobatórios apresentados, o Terceiro Juizado Especial Cível de Ceilândia confirmou que
a autora requereu a anulação no prazo de sete dias contados da efetiva entrega do produto. E
ficou claro que a empresa não recebeu o produto nem encaminhou o estorno do valor pago no
cartão de crédito da autora. A juíza do caso comentou sobre o caso, “A restituição, contudo,
deverá ser em dobro, visto que decorrente de um contrato já cancelado, não se caracterizando
tal cobrança como engano justificável, para os fins do art. 42, parágrafo único, do CDC”. Por
fim a empresa condenada, pagou o valor de R$ 7.323,38 a cliente.

Referências:
Loja Online Não respeita Prazo de Arrependimento de Cliente E Deverá ... (n.d.). Retrieved
March 23, 2023, from
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2017/fevereiro/loja-online-tera-de-
devolver-em-dobro-por-nao-respeitar-o-prazo-de-arrependimento-de-cliente

Camilo, J. V. (2023, February 2). Procon-mg multa Globoplay em R$ 1,5 Milhão Por
Cláusulas Abusivas em contrato. O Tempo. Retrieved March 23, 2023, from
https://www.otempo.com.br/cidades/procon-mg-multa-globoplay-em-r-1-5-milhao-por-
clausulas-abusivas-em-contrato-1.2807289

O que São Cláusulas Abusivas? Idec. (n.d.). Retrieved March 23, 2023, from
https://idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/o-que-sao-clausulas-abusivas
Paredes, A. (2019, June 18). Publicidade Ilícita: O que É, exemplos e como se auto-regula.
Blog da IEBSchool. Retrieved March 23, 2023, from
https://www.iebschool.com/pt-br/blog/marketing/marketing-estrategico/publicidade-ilicita-o-
que-e-exemplos-e-como-se-auto-regula/#publicidad_ilicita

TJ-SP Mantém Multa de R$ 450 mil ao burger king por propaganda enganosa. Consultor
Jurídico. (n.d.). Retrieved March 23, 2023, from
https://www.conjur.com.br/2021-set-23/burger-king-multado-450-mil-propaganda-enganosa

Empresa de Energia Terá que indenizar por interrupção de fornecimento na paraíba.


Consultor Jurídico. (n.d.). Retrieved March 23, 2023, from https://www.conjur.com.br/2020-
jul-12/empresa-energia-indenizar-interrupcao-fornecimento

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