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PERSONALIDADE
ÍNDICE
1. CONCEITO, INÍCIO E FIM DA PERSONALIDADE............................................................4
Conceito de Personalidade Civil.....................................................................................................................................4
Início da Personalidade....................................................................................................................................................... 5
Fim da Personalidade..........................................................................................................................................................6
Três apontamentos iniciais podem ser feitos a partir desse dispositivo do Código Civil de 2002.
O primeiro é que o artigo não faz mais menção a homem, como no código anterior, adaptando-
se à Constituição Federal, que consagra a dignidade da pessoa humana. Assim, o termo
pessoa tem sentido mais claro e objetivo de todo ser humano sem qualquer distinção de
gênero (SILVA, 2012). Da mesma maneira, o termo “pessoa” afasta os objetos do direito, sejam
eles animais, seres inanimados ou entidades místicas e metafísicas.
O segundo apontamento diz respeito à menção de deveres e não obrigações. Nos termos de
Flávio Tartuce (2018), a alteração do termo justifica-se pelo reconhecimento de que existem
deveres que não são obrigacionais, em sentido patrimonial, como, por exemplo, os deveres
que decorrem da boa-fé.
A personalidade diz respeito à capacidade de direito ou à “aptidão genérica para ter direitos e
deveres” (SILVA, 2012, p.34). Toda pessoa é sujeito de direitos e, portanto, tem capacidade de
direito. No entanto, essa capacidade não se confunde com a capacidade civil, de fato ou de
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exercício - aptidão para adquirir e exercer direitos - que nem todas as pessoas possuem. O
Código Civil disciplina a capacidade de fato ou de exercícios em seus artigos 3º e 4º, ao dispor
sobre a incapacidade absoluta e relativa. É que há determinadas classificações de pessoas
que se consideram inaptas a tomar decisões por si mesmas e a determinar-se juridicamente.
Início da Personalidade
O artigo 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito brasileiro (LINDB) dispõe que é a lei do
país em que a pessoa é domiciliada que determina as regras sobre o começo e o fim da sua
personalidade jurídica.
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.
No Brasil, a personalidade jurídica começa no nascimento com vida, mesmo que essa vida
dure apenas alguns minutos e mesmo que o cordão umbilical não seja cortado. Mas, o referido
artigo fez surgir três correntes doutrinárias acerca do início da personalidade e dos direitos
do nascituro (aquele que foi concebido e ainda não nasceu). A Teoria Natalista, a Teoria da
Personalidade Condicional e a Teoria Concepcionista.
TEORIA NATALISTA
De acordo com essa corrente, o início da personalidade se dá com o nascimento com vida. O
nascituro existe apenas como “pessoa em potência”.
A principal questão que se coloca para tal corrente é esta: se o nascituro não é pessoa, como
são assegurados seus direitos de personalidade?
Flávio Tartuce (2018) observa que, do ponto de vista prático, a teoria natalista nega ao
nascituro seus direitos fundamentais, relacionados com a sua personalidade, caso do direito
à vida, à imagem, ou perceber alimentos.
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É bom recordar: Condição suspensiva é o elemento acidental do negócio ou jurídico que
subordina a sua eficácia a evento futuro e incerto (TARTUCE, 2018, p. 87).
TEORIA CONCEPCIONISTA
A Teoria Concepcionista, tida como corrente majoritária, considera que o nascituro é pessoa
humana, tendo direitos resguardados pela lei desde sua concepção. Desse modo, o nascituro
é tido com uma existência e vida orgânica que independem de sua mãe. Gagliano e Filho
(2017) observam que os Tribunais, ao reconhecerem o direito do nascituro à percepção ao
seguro-obrigatório de acidente (DEPVAT), reconheceram também sua personalidade jurídica
desde a concepção.
O STJ entende que o nascituro tem direito à indenização por danos morais pela morte de seu pai ocorrida antes
do seu nascimento (Resp n. 931556/2008).
Fim da Personalidade
De acordo com o Código Civil
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos caso
em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.
A pessoa natural, assim como sua personalidade, tem fim com a morte. A morte tem como
consequência a cessação de certos direitos e de deveres de que o de cujus era titular.
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Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem a decretação de ausência:
II - Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
da guerra.
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2. Conceito e Expressões dos Direitos da Personalidade
Agora que entendemos o conceito da personalidade, vamos buscar compreender o conceito
de direitos da personalidade e quais as suas formas de expressão.
Conceito
Os direitos da personalidade são aqueles direitos subjetivos inerentes à pessoa. São
direitos orientados pela noção de dignidade e essenciais ao desenvolvimento da pessoa
humana (TARTUCE, 2018). Os direitos à personalidade são intransmissíveis, irrenunciáveis,
extrapatrimoniais e vitalícios. Começam com a existência da pessoa humana e são defendidos
pela lei contra ameaças de lesão.
os direitos de personalidade possuem caráter dúplice e estão entre os mais importantes direitos fundamentais,
ao mesmo tempo, consolidam-se como direitos subjetivos privados, assentados no direito civil.
Nesse sentido, o Enunciado n.274 do CJF/STJ, IV Jornada de Direito Civil, 2006 compreende
que:
Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula
geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição Federal (...).
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Conceito de honra: dividido em honra objetiva (repercussão social da honra, como a so-
ciedade entitula a pessoa) e honra subjetiva (autoestima, como a pessoa percebe a si
mesmo)
Conflitos Normativos
Quando os direitos da personalidade entrarem em conflito, a solução deve ser feita pela
técnica da ponderação. Essa técnica consiste no sopesamento dos direitos fundamentais
do caso concreto. O juiz deverá avaliar as hipóteses de solução e acatar aquela qe oferecer o
melhor cenário sem descartar os direitos dos envolvidos.
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3. Direito ao Esquecimento e Características do Direito
da Personalidade
Neste momento, vamos destacar as principais características dos direitos de personalidade.
Direito ao esquecimento
No campo doutrinário, o direito ao esquecimento foi reconhecido pelo Enunciado n. 531 do
CJF/STJ, aprovado na VI Jornada de Direito Civil.
O STJ entendeu que a empresa jornalística, ao reproduzir na manchete do jornal o cognome – ‘apelido’ – do
autor, com manifesto proveito econômico, feriu o direito dele ao segredo da vida privada, e atuou com abuso de
direito, motivo pelo qual deve reparar os consequentes danos morais (STJ, REsp 613.374/MG).
Outro direito da personalidade ainda não escrito em qualquer norma é o direito à orientação
sexual concretizado por decisões do STJ.
No atual projeto de alteração do Código Civil, Projeto 699/2011, do deputado Ricardo Fiúza, há
proposta de alteração do art. 11, que traria a seguinte redação:
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Art. 11. O Direito à vida, à integridade físico-psíquica, à identidade, à honra, è imagem, à liberdade, à privacidade, à
opção sexual e outros reconhecidos à pessoa são natos, absolutos, intransmissível, indisponíveis, irrenunciáveis,
ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis e inexpropriáveis.
Entre as críticas a essa proposta de alteração, destaca-se o termo nato que, segundo o
próprio deputado, deveria ser inato, ou seja, os direitos da personalidade não advém apenas
do nascimento, mas surgem ao longo da vida dos sujeitos. Por exemplo, os direitos de autoria
podem surgir ao longo da vida, ou ainda expropriados. Mas Miguel Reali também critica a ideia
de direitos inatos pois diz que remete aos traços ultrapassados do Jusnaturalismo.
Além disso, faltou clareza se a proposta teve ou não a intenção de tornar os direitos da
personalidade um rol taxativo. Outra crítica que podemos fazer é em relação ao uso do
termo opção sexual, que remete, de forma errônea, à noção de simples escolha, ao invés de
orientação sexual, termo mais apropriado.
Características
Os direitos da personalidade constituem uma categoria autônoma de direitos que tutelam
bens relacionados à personalidade humana. Assim, os direitos da personalidade também
reúnem características próprias (TARLUCE, 2018).
Antes de entender cada uma dessas características, é preciso pontuar que a primeira
característica dos direitos da personalidade é a pessoalidade. Os direitos da personalidade
são inseparáveis do seu titular, na medida em que representam os elementos de
individualização e autonomia características de toda pessoa humana. Diz-se que se tratam
de direitos personalíssimos.
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4. Direitos Inatos, Ilimitados e Absolutos
Neste momento, começaremos a entender cada uma das características dos direitos da
personalidade. Em início, vamos explicar três delas: caráter inato, ilimitado e absoluto dos
direitos da personalidade.
Direitos Inatos
Os direitos da personalidade são direitos subjetivos, inerentes a toda pessoa, simplesmente
pelo fato de existirem, e extinguem-se, em regra, com sua morte. Porém, há direitos da
personalidade que se projetam além da morte do sujeito, como, por exemplo, o direito à
imagem e ao nome (GAGLIANO; FILHO, 2017).
Direitos Ilimitados
O Código Civil dispõe que:
Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo seu exercício sofrer limitação voluntária.
De forma geral, os direitos da personalidade são ilimitados, ou seja, seu exercício não pode
sofrer mitigação ou exceções.
Direitos Absolutos
Outra característica dos direitos da personalidade diz respeito aos seus efeitos. Os direitos
de personalidade são absolutos: oponíveis contra todos (erga omnes), indeterminadamente.
O STJ entende que o exercício dos direitos da personalidade pode ser objeto de disposição voluntária, desde
que não permanente nem geral, estando condicionada à prévia autorização do titular e devendo sua utilização
estar de acordo com o contrato estabelecido entre as parte (Resp 1.630.851/SP 2017).
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Em complemento, foi aprovado outro enunciado, de n° 139, na III Jornada de Direito Civil:
Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não
podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e os bons costumes.
Flávio Tartuce (2018) traz como exemplo os casos relativos à cessão onerosa dos direitos
patrimoniais decorrentes da imagem, que não pode ser permanente. Assim, um atleta pode
celebrar um contrato com uma empresa de roupas esportivas para a exploração econômica
de sua imagem, mas esse contrato não pode ser vitalício.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou à
intervenção cirúrgica.
A expressão risco de vida deve ser entendida como sendo relativa ao risco que será criado
ou agravado pelo tratamento ou intervenção cirúrgica que se pretende realizar. Ou seja,
o paciente não pode ser constrangido a se submeter a tratamento ou cirurgia arriscada
(TARTUCE, 2018).
O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento médico
que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de
procedimentos médicos cirúrgicos que não possam ser interrompidos
Desse modo, cabe ao médico prestar informações detalhadas sobre o estado de saúde de
seu paciente e sobre tratamentos mais adequados, para que o paciente tenha condições de
aceitar, ou não, tratamento ou procedimento cirúrgico.
Importante: o médico não pode depender de autorização de quem não tem como forne-
cê-la. Nesse sentido, o médico e a equipe de saúde têm que agir em caso de iminente
perigo de morte do paciente, independente de consentimento.
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Art. 41 da Resolução 1.931/2009 do Conselho Federal de Medicina:
Em caso de risco de vida, com intervenção de alto risco: médico deve intervir, sob pena de responsabilização do
médico, nas esferas civil, penal e administrativa (art.951 CC).
É dever do profissional da área médica, bem como aos demais profissionais da saúde, buscar
fazer o que seja melhor para a saúde de seus pacientes (TARTUCE, 2018).
ORTOTANÁSIA
A Resolução 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina possibilita aos profissionais da
saúde a ortotanásia: deixar de empregar técnicas médicas em casos de pacientes terminais,
desde que os pacientes manifestam sua vontade nesse sentido (testamento vital ou biológico).
O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º., VI da Constituição Federal, aplica-se
também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de
morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil
plena; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; c) oposição que diga respeito exclusivamente
à própria pessoa do declarante.
Entendimento do TJSP é que se afasta a pretensão à indenização por transfusão de sangue efetuada contra a
vontade do paciente.
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5. Direitos Intransmissíveis e Indisponíveis, Direitos
Irrenunciáveis, Direitos Imprescritíveis, Direitos
Impenhoráveis e Inexpropriáveis
Direitos Intransmissíveis
Os direitos de personalidade são intransmissíveis, ou seja, não são transmitidos a terceiros
nem a herdeiros. Como vimos, por serem pessoais (ou personalíssimos), os direitos da
personalidade nascem e morrem com seu titular.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Direitos Irrenunciáveis
Impossibilidade de renúncia (permanente e geral) por parte de seu titular. Os direitos da
personalidade são de caráter cogente ou de ordem pública.
Por isso, por exemplo, o contrato de namoro que traz cláusula de renúncia aos efeitos
pessoais e patrimoniais de uma união estável tem sido entendido, por parte da doutrina e
jurisprudência, como contrato nulo.
Direitos Indisponíveis
As pessoas não podem dispor dos direitos da personalidade. Os direitos da personalidade são
extrapatrimoniais (não têm valor econômico). A indisponibilidade também é relativa, pois o
Código Civil prevê possibilidades de disposição dos direitos da personalidade.
Como, por exemplo, a possibilidade de disposição do próprio corpo – de forma gratuita - para
fins de transplantes ou fins de pesquisa.
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Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único: O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em
lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em
parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Importante: o ato de disposição do próprio corpo é feito de forma gratuita e pode ser revo-
gado a qualquer momento.
Direitos Inalienáveis
Não podem ser objeto de cessão gratuita ou onerosa. Nesse sentido, os direitos da
personalidade são inalienáveis, incessíveis e intransacionáveis.
Direitos Imprescritíveis
Impossibilidade de prescrição dos direitos da personalidade. Inexiste prazo para o seu
exercício. Nesse sentido, os direitos da personalidade não podem ser extintos por não serem
utilizados.
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Na doutrina, há duas posições divergentes quanto à prescrição da ação ou pretensão
de reparar os danos: parte da doutrina entende que os direitos da personalidade são
imprescritíveis. No entanto, a ação prescreve no referido prazo legal. Outra parte da doutrina
compreende que não há qualquer prazo prescricional, por envolver matéria de ordem pública.
Esse entendimento tem sido majoritário na jurisprudência (TARTUCE, 2018).
Direitos Impenhoráveis
Os direitos da personalidade são impenhoráveis, ou seja, inexiste a possibilidade de se utilizar
qualquer direito da personalidade para garantia de dívida. Da mesma forma, não é possível a
constrição judicial para satisfação de dívida.
Direitos Inexpropriáveis
Trata-se da impossibilidade de ser objeto de arrematação, de adjudicação pelo credor e de
desapropriação pelo Estado.
O STJ consolidou entendimento de que o imóvel em que reside pessoa solteira, separada ou viúva constitui
bem de família, sendo impenhorável (Sumula 364).
Direitos Extrapatrimoniais
Pode haver repercussão patrimonial, no entanto, os direitos da personalidade em si não são
patrimoniais.
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6. Extensão dos Direitos da Personalidade às Pessoas
Jurídicas, Proteção dos Direitos da Personalidade,
Proteção aos Direitos do De Cujus, Disposição do
Próprio Corpo
Aqui estudaremos os direitos da personalidade da pessoa jurídica e como se dá a proteção
aos direitos da personalidade.
Pessoa é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito.
Sujeito de direito é aquele que é sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, que é o
poder de fazer valer, através de uma ação, o não cumprimento do dever jurídico.
Há duas espécies de pessoas reconhecidas pelo direito brasileiro: a pessoa natural (ou física)
e a pessoa jurídica (moral ou coletiva) que abrange os agrupamentos humanos que visam
a fins de interesse comum. Assim, cabe observar que a pessoa jurídica possui direitos da
personalidade (TARTUCE, 2018).
Art. 52 Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
O STJ entende que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral (Súmula 227).
Atenção: A pessoa jurídica sofre dano moral por ter honra objetiva. Assim, compreende-
-se que a pessoa jurídica tem um nome e uma imagem que garantem sua reputação
perante a coletividade. Embora parte da doutrina entenda que há apenas meros danos
institucionais, a doutrina majoritária e a jurisprudência têm entendido que há a possibi-
lidade de ofensa à honra objetiva da pessoa jurídica (TARTUCE, 2018).
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Atenção: A honra pode ser dividida em duas dimensões. Honra subjetiva: juízo que a pes-
soa tem de si mesma, sentimento da própria dignidade. Honra objetiva: dimensão so-
cial da honra, diz respeito ao juízo que terceiros fazem acerca dos atributos de alguém.
Assim, a pessoa natural possui honra subjetiva e objetiva, ao passo que a pessoa jurídica,
como vimos, possui apenas honra objetiva.
Art. 12. Pode-se exigir que, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei.
Art. 12. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo
o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
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Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Conforme Enunciado n. 400, aprovado na V jornada de Direito Civil: “Os legitimados agem por
direito próprio.”
Nesse sentido, embora a personalidade termine com a morte da pessoa, ficam “resquícios de
sua personalidade” (TARTUCE, 2018, p. 118), que podem ser protegidos pelos lesados indiretos.
De acordo com o Código Civil, em regra, a disposição do próprio corpo é proibida quando
significar diminuição permanente da integridade física ou quando contrariar os bons
costumes.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
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Art. 13. / Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma
estabelecida em lei especial.
Se a pessoa deixou expressa sua vontade de ser doadora, esta deverá ser respeitada por
seus familiares. Esse é o entendimento do Enunciado n. 277 CJF/STJ, IV Jornada de Direito
Civil:
O artigo 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico
ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida
prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do artigo 4º da Lei 9.434/1997 ficou restrita à
hipótese de silencia do potencial doador.
Mas e se a pessoa não expressou sua vontade? Em caso de possível doador falecido antes
de ter manifestado sua vontade de doar órgãos, a decisão sobre a doação caberá à família.
Dependerá de autorização de qualquer parente maior, da linha reta ou colateral até o segundo
grau, ou do cônjuge sobrevivente (TARTUCE, 2018).
CIRURGIAS DE TRANSEXUALIZAÇÃO
O Conselho Federal de Medicina compreende que o artigo 13 do Código Civil, ao permitir a
disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização,
em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo próprio Conselho (TARTUCE,
2018).
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em
parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
É permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos exclusivamente científicos, nos termos dos
artigos 11 e 13 do Código Civil.
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Reconhece-se a importância de pesquisas com seres humanos para o desenvolvimento da
medicina e áreas afins. No entanto, tal disposição deve ser feita de forma gratuita e desde
que a manifestação de vontade tenha sido livre e esclarecida e, como já vimos, puder ser
revogada a qualquer tempo (TARTUCE, 2018).
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7. Proteção do Nome, Proteção à Imagem, Proteção à
Vida Privada
Por fim, abordaremos os seguintes direitos da personalidade: o direito ao nome, à imagem e
à intimidade e privacidade.
Proteção ao Nome
Sendo o nome um direito da personalidade, o Código Civil tutela o direito ao nome, sinal ou
pseudônimo, que representa uma marca pessoal no âmbito social, contra ameaça ou lesão
de terceiros. Assim, o nome da pessoa não pode ser exposto ao ridículo ou desprezo público,
independentemente de intenção difamatória (TARTUCE, 2018).
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Além disso, o nome não pode ser utilizado, sem autorização, para fins de publicidade ou
propaganda comercial.
Art. 18 Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Nos casos previstos nos referidos artigos, havendo lesão, caberá tutela indenizatória ou
mesmo tutela inibitória.
A publicidade que venha a divulgar, em autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem
mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade.
PSEUDÔNIMO
O Código Civil consagra ainda a proteção do pseudônimo, desde que utilizado para fins lícitos.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
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Proteção à Imagem
A imagem da pessoa pode ser classificada em imagem-retrato: fisionomia de alguém, ou
imagem- atributo: soma de qualificações da pessoa que é apresentada para a sociedade.
Para a utilização da imagem de outra pessoa, é necessária autorização, sob pena de aplicação
dos “princípios da prevenção e da reparação integral dos danos” (TARTUCE, 2018, p. 133). No
entanto, a autorização é dispensável se a pessoa interessar à ordem púbica ou à administração
da justiça.
Além disso, Flávio Tartuce (2018) observa que a proteção à imagem deve ser ponderada com
outros interesses e direitos tutelados, em especial em face do direito de acesso à informação
e da liberdade de imprensa.
Nesse mesmo sentido, dispõe o Enunciado n.79 do CJF, IV Jornada de Direito Civil:
A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente
em face do Direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á
em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as
características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam
a divulgação de informações.
O STJ entende que são critérios de ponderação: o grau de consciência do retratado em relação
à possibilidade de captação da sua imagem no contexto da imagem do qual foi extraído; o
grau de identificação do retratado na imagem veiculada; a natureza e o grau de repercussão
do meio pelo qual se dá a divulgação (Informativo n. 493, STJ).
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O STJ entende que os critérios para ponderação são: grau de utilidade para o público do fato informado por meio
da imagem; grau de atualidade da imagem; grau de necessidade da veiculação da imagem para informar o fato;
grau de preservação do contexto originário do qual a imagem foi colhida (Informativo n. 493, STJ).
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as
providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
O conceito de intimidade não se confunde com o de vida privada. A intimidade é uma das
esferas da vida privada da pessoa humana. A intimidade protege o direito de a pessoa não ser
importunada por terceiros.
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Direitos da
Personalidade
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