Você está na página 1de 9

RN

Renata Negalho Advocacia

DOUTO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE RIO


GRANDE/RS

ROSIMARY CHAVES MARTINS DOS SANTOS, brasileira, casada,


doméstica, portadora da cédula de identidade nº 1004193304, inscrito no CPF nº
596.975.980-53, não possui endereço eletrônico, residente e domiciliada na Rua
Arroio Grande, nº 228, bairro Cassino, Rio Grande – RS, CEP 96206-050, vem
respeitosamente perante a Vossa Excelência propor:

MANDADO DE SEGURANÇA
COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR

em face do DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO –


DETRAN/RS, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CPNJ nº
01.935.819/0001-03, com sede na Rua Washington Luiz, nº 904, edif. 908, Centro
Histórico, Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, CEP 90.010-460, endereço
eletrônico detran-cadastro@detran.rs.gov.br, fone: (51) 3288-2000;

DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE TRÂNSITO E TRANSPORTES –


DMTT (Farroupilha - RS), com sede na Rua Tiradentes, nº 411, bairro Centro,
Farroupilha/RS, endereço eletrônico transportes@farroupilha.rs.gov.br,
-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339
RN
Renata Negalho Advocacia

Fone: (54) 99714-1357 ramal: 193, departamento (DMTT) vinculado à


PREFEITURA MUNICIPAL DE FARROUPILHA, pessoa jurídica de direito
público, inscrita no CPNJ nº 89.848.949/0001-50, com sede na Rua Quatorze de
Julho s/n, Praça da Emancipação, Centro - Cep 95.170-416, Farroupilha/RS,
endereço eletrônico assessoriadegabinete@farroupilha.rs.gov.br, Fone: (54) 3261-
6990 / (54) 98404-5537, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir e no
final requerer:

I - DOS FATOS
A Impetrante é proprietária do veículo RENAULT SANDERO LIFE 10MT,
ano 2020 – modelo 2021, placa JAA6A76, cor PRATA, chassi
93Y5SRZ85MJ400619, Código RENAVAM nº 01228940719.
Ao que se percebe, na data de 08/06/2020, às 19h12min, na RSC-453 km
121,220/Faixa/Caxias do Sul - Farroupilha, no município de Farroupilha - RS, o
veículo da Impetrante foi autuado, segundo as Notificações de Autuação em
anexo, por “Excesso de velocidade de 20 a 50% Max”, o que configuraria, assim,
a infração prevista no art. 218, II do Código de Trânsito Brasileiro.
Juntamente com a infração de excesso de velocidade, houve autuação no
que tange ao dirigir sem CNH/PPD/ACC, prevista no art. 162, I do Código de
Trânsito Brasileiro.
Entretanto, os fatos constantes nas Notificações de Autuação são
improcedentes, haja vista que a Impetrante reside na cidade de Rio Grande – RS,
e jamais esteve com seu veículo na Cidade de Farroupilha, local das infrações.

-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339
RN
Renata Negalho Advocacia

Salienta-se Excelência, que, de acordo com o auto de infração, é nítida a


verificação de que a placa autuada, bem como marca do veículo não condizem
com o veículo da Impetrante.

Além do injusto prejuízo financeiro imputado à Impetrante, esta ainda


recebeu uma multa por dirigir sem a CNH. Ressalta-se que quando da infração
de trânsito erroneamente atribuída com relação ao excesso de velocidade, fora

-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339
RN
Renata Negalho Advocacia

atribuída uma multa no valor de R$ 880,41 (oitocentos e oitenta reais e quarenta


e um centavos) concernente a autuação por dirigir sem habilitação.
Excelência, no presente caso ocorreu um erro gravíssimo de digitação
causando transtorno a Impetrante e seu esposo, Sr. Everaldo dos Santos Serafim.
Pois bem, continuando.
Após ter sido surpreendida no ano de 2021, em sua residência, com o
recebimento do auto de infração, a Impetrante se dirigiu juntamente com seu
esposo ao Detran, onde entrou com um recurso para anular as multas.
Ocorre que, após um mês, recebeu a informação que seu recurso fora
negado, e sendo flagrante à afronta a legislação vigente e ao ordenamento
jurídico pátrio.
Desta feita, ingressou com a ação anulatória de auto de infração de trânsito
com pedido de liminar para que não fosse necessário fazer o pagamento de uma
infração que não cometeu.
Ora Excelência, até o presente momento o pedido de liminar não foi
apreciado e a Impetrante teve que honrar com seu compromisso e pagar o IPVA,
entretanto se absteve do pagamento da multa, motivo pelo qual insurge contra o
pagamento desta até o julgamento.
Com efeito, em face do exposto, outra alternativa não resta a Impetrante,
a não ser socorrer-se do sempre independente Poder Judiciário, para fazer valer
o seu direito de ir e vir, sem ter seu veículo recolhido, visto que o IPVA se
encontra pago por não ser objeto de discussão no presente processo.

II - DO DIREITO

-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339
RN
Renata Negalho Advocacia

Nos termos do art. 5º, LXIX, da Constituição Federal, conceder-se-á


mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público.
O Código de Trânsito Brasileiro, em seus artigos 128 e 131, dispõe que o
Certificado de Registro de Veículo somente será expedido quando inexistirem
débitos fiscais, multas de trânsitos e ambientais vinculados, sendo considerado o
licenciamento a partir do momento em que todos esses débitos estiverem
quitados.
Entretanto o teor Art. 284, §3, do Código de Trânsito Brasileiro aduz que
não poderá ser aplicada qualquer restrição enquanto não for encerrado o
julgamento destas infrações ou penalidades, garantindo o contraditório e a ampla
defesa, senão vejamos:
“Art. 284. O pagamento da multa poderá ser efetuado até a data do
vencimento expressa na notificação, por oitenta por cento do seu valor.
§ 3º Não incidirá cobrança moratória e não poderá ser aplicada qualquer
restrição, inclusive para fins de licenciamento e transferência, enquanto não for
encerrada a instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades.
(Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016) (Vigência)”
É importante consignar que a ampla defesa e o contraditório, não se
referem apenas ao fato da notificação do infrator pelo órgão administrativo, mas
a todo o trâmite processual, inclusive, na fase de recurso, seja ele administrativo
ou judicial.

-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339
RN
Renata Negalho Advocacia

Nesse sentido há precedentes do Superior Tribunal de Justiça e da


jurisprudência dos tribunais pátrios:

“ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA -


CONDICIONAMENTO DE EMISSÃO DE LICENCIAMENTO DE
VEÍCULOS AO PAGAMENTO DE MULTAS - AUSÊNCIA DE
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA - ART. 131, § 2º, DO CÓDIGO DE
TRÂNSITO BRASILEIRO - INAPLICABILIDADE. O condicionamento de
emissão de CRLV ao pagamento de multas, previsto no artigo 131, § 2º, do CTB,
configura-se como ato abusivo, se não forem observados o devido processo legal,
o contraditório e a ampla defesa.
(TJ-MG - AC: 10024074416256001 Belo Horizonte, Relator: Antônio Hélio
Silva, Data de Julgamento: 07/08/2008, Câmaras Cíveis Isoladas / 5ª CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 14/08/2008)”(g.n.)

“REMESSA NECESSÁRIA – Mandado de Segurança – Licenciamento de


veículo - Multas por infração de trânsito – Recurso administrativo – Na
pendência de recurso administrativo, inadmitida a restrição imposta ao
proprietário do veículo ou infrator, relacionada às infrações discutidas – Art.
284, § 3º, do Código de Trânsito Brasileiro – Violação a direito líquido e certo
configurada - Sentença mantida – Recurso oficial desprovido.
(TJ-SP - Remessa Necessária Cível: 10511804920188260053 SP 1051180-
49.2018.8.26.0053, Relator: Renato Delbianco, Data de Julgamento: 18/06/2020,
2ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 18/06/2020)” (g.n.)

-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339
RN
Renata Negalho Advocacia

“ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. INFRAÇÃO DE


TRÂNSITO. LICENCIAMENTO DE VEÍCULO. PAGAMENTO DE MULTAS.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. RECURSO ADMINISTRATIVO.
EFEITO SUSPENSIVO. 1. O prequestionamento dos dispositivos legais tidos
como violados é requisito indispensável à admissibilidade do recurso especial.
Incidência das Súmulas n. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. 2. “É ilegal
condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o
infrator não foi notificado” (Sumula n. 127/STJ). 3. “Não há exigibilidade da
multa de trânsito na pendência de recurso, o que impede seja seu pagamento
demandado pela administração pública para a renovação da licença.”
(REsp 249.078/MG, Relator Ministro Franciulli Netto, julgado em
20.06.00) 4. Recurso especial parcialmente conhecido e improvido.” (STJ, REsp
621.489/MG, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, 2ª Turma, julgado em
17/04/2007, DJ 07/05/2007 p. 302)” (g.n.)

III – DA LIMINAR
Verifica-se, ante o exposto, que estão presentes os 2 (dois) requisitos
necessários à concessão da liminar pleiteada, ou seja,: o "fumus boni juris" e o
"periculum in mora", isto é, a relevância dos motivos e consequente lesão ao
direito subjetivo líquido e certo da Impetrante, pois está devidamente
demonstrado e comprovado que os Impetrados violaram direito subjetivo
líquido e certo da Impetrante:
a) ao autuá-la por erroneamente, ou seja, sem comprovar, através de foto
eletrônica, que o veículo, objeto de autuação, é o do impetrante, bem como,
também, que a velocidade desenvolvida pelo mesmo não é compatível com o
-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339
RN
Renata Negalho Advocacia

local, sendo que a foto apresentada não corresponde nem a placa, nem o modelo
correto;
b) ao cercear o direito de ampla defesa e do contraditório conforme o retro
demonstrado;
c) ao exigir débito não regularmente constituído, ou seja, sem o devido
processo legal e com todos os meios de recursos legalmente permitidos;
d) a impetrante foi autuada, notificada e julgada por uma máquina,
produtora de receitas e o que é mais grave, ainda, por um serviço terceirizado,
cujo objetivo não é a fiscalização, mas, sim, o lucro; contrariando todos os
princípios informadores do estado de direito e da proibição de aplicação de
multas confiscatórias;

Caso não seja concedida a liminar, a Impetrante terá que pagar multa
inconstitucional (confiscatória) e ilegal (arbitrária) e mediante coação, vez que ao
Estado foi outorgado instrumento apropriado para cobrança de seus créditos, ou
seja, a Lei de Execução Fiscal.
A impetrante terá que, após pagar a multa, pedir devolução do indébito,
cujo processo é demorado e dispendioso;
Ocorre que se não pagar a multa, A impetrante terá que aguardar o
julgamento final da presente ação para proceder o licenciamento do questionado
veículo, ficando, desse modo, restringida de um direito constitucionalmente
assegurado.

IV - DOS PEDIDOS

-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339
RN
Renata Negalho Advocacia

Ex positis, requer digne-se Vossa Excelência de:

a) ordenar, com base no art. 7º, III, da supracitada Lei, que se suspenda
liminarmente a exigência do pagamento da multa e que seja possível a
Impetrante efetuar o licenciamento do veículo antes descrito,
independentemente de tal pagamento; pois corre o risco de, ao ser
examinada a sua documentação por policiais, ter seu veículo
apreendido, uma vez que o IPVA foi pago na data correta sem ter
realizado o pagamento da multa em discussão;
b) Finalmente, ante o alegado e comprovado, REQUER a transformação
da liminar em definitiva e, reconhecidas as inconstitucionalidades e
ilegalidades do auto de infração, seja o mesmo declarado nulo e, via de
consequência, indevido o crédito reclamado e os pontos atribuídos ao
prontuário do impetrante, por ser de direito e inteira JUSTIÇA..
Dá-se a causa o valor de R$ 9.075,64 (nove mil setenta e cinco reais e
sessenta e quatro centavos).

N.T,
E.D.

Rio Grande, 09 de maio de 2023.

Renata Negalho Daniele Cozza Benjamin


OAB/RS 72630 OAB/RS 51E788

-----------------------------------------------------------------
End. General Abreu, 186
Bairro Cidade Nova – Rio Grande/ RS
Fones: (53) 3201.6448/ 91637339

Você também pode gostar