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PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA 19
CONCURSO DE PESSOAS
5.3.3. PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO 20
5.3.4. PARTICIPAÇÃO NEGATIVA OU
2a EDIÇÃO/2022
CONIVÊNCIA 20
5.3.5. PARTICIPAÇÃO DE MENOR
1. DEFINIÇÃO 3
IMPORTÂNCIA 20
2. REQUISITOS 4 5.3.6. PARTICIPAÇÃO INÓCUA 21
2.1. PLURALIDADE DE AGENTES CULPÁVEIS 4
6. CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES OMISSIVOS
2.2. RELEVÂNCIA CAUSAL E JURÍDICA DAS 21
CONDUTAS 4
2.3. VÍNCULO SUBJETIVO ou CONCURSO DE 7. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA OU
VONTADES 5 DESVIO SUBJETIVO DA CONDUTA 22
2.4. UNIDADE DE INFRAÇÃO PENAL PARA TODOS
8. COMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E
OS AGENTES (NATUREZA JURÍDICA DO CONCURSO
DE PESSOAS) 5 CIRCUNSTÂNCIAS 23
8.1.ELEMENTARES 23
3. AUTORIA 7 8.2. CIRCUNSTÂNCIAS 23
3.1. TEORIAS SOBRE AUTORIA (CONCEITOS DE 8.3. DA (IN)COMUNICABILIDADE 23
AUTOR) 7
3.1.1. TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO 9
3.1.2. JURISPRUDÊNCIA E TEORIA DO
DOMÍNIO DO FATO 10
3.1.3. TEORIA DAS AÇÕES NEUTRAS 11
3.2. ESPÉCIES DE AUTORIA 12
3.2.1. AUTORIA MEDIATA 12
3.2.2. AUTORIA DE DETERMINAÇÃO (Zaffaroni)
14
3.2.3. AUTOR DE ESCRITÓRIO 14
3.2.4. TEORIA DO DOMÍNIO DA
ORGANIZAÇÃO (ROXIN) 15
3.2.5.AUTORIA COLATERAL ou PARALELA 15
3.2.6. AUTORIA INCERTA 15
3.2.7. AUTORIA IGNORADA 16
3.2.8. AUTORIA ACESSÓRIA ou SECUNDÁRIA
ou AUTORIA COLATERAL COMPLEMENTAR 16
3.2.9. AUTORIA DE RESERVA 16
3.2.10. AUTORIA SUCESSIVA 16
3.2.11. AUTORIA POR CONVICÇÃO 16
4. COAUTORIA 16
4.1. ESPÉCIES DE COAUTORIA 16
4.1.1. COAUTORIA CONJUNTA 16
4.1.2. COAUTORIA ADITIVA 16
4.1.3. COAUTORIA PARCIAL OU FUNCIONAL 17
4.1.4. COAUTORIA DIRETA OU MATERIAL 17
4.1.5. COAUTORIA SUCESSIVA 17
4.1.6. COAUTORIA ALTERNATIVA 17
por duas ou mais pessoas para a realização de um início da sua execução, exige, além do
CONCURSO DE PESSOAS - 2
2. REQUISITOS
2.2. RELEVÂNCIA CAUSAL E JURÍDICA DAS
No concurso de pessoas não basta a mera ligação ou liame entre a conduta do agente e algum
pluralidade de agentes, mas que todos sejam resultado naturalístico (este, inclusive, inexiste nos
crimes. Do contrário teremos crimes diferentes, agentes, que pode ser anterior ou concomitante à
Os autores
3. AUTORIA
respondem por um
crime e os partícipes
por outro. 3.1. TEORIAS SOBRE AUTORIA (CONCEITOS DE
AUTOR)
Crime único para
autores principais
TEORIAS UNITÁRIAS
(participação
primária) e outro
Todo aquele que
TEORIA DUALISTA crime único para os
concorre para o crime é
autores
seu autor.
secundários/partícipe
TEORIA SUBJETIVA ou Não existe distinção
s (participação
entre autor e
secundária). UNITÁRIA
partícipe. Assim, todo
Adotado no Brasil de (conceito subjetivo)
aquele que de alguma
forma excepcional.
forma contribui para a
Ex:: art. 29,§1° e §2°
produção do resultado
do CP.
é autor.
3
MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 429.
CONCURSO DE PESSOAS - 5
Tem como fundamento tipo.
a teoria da equivalência COAUTORIA:
dos antecedentes conjuntamente realizam
causais. o núcleo do tipo –
princípio da imputação
Não distingue autor do
recíproca.
partícipe, mas permite o
Concepção
estabelecimento de
majoritariamente
graus diversos de
adotada.
autoria. Assim, todos
aqueles que concorrem Exposição de motivos
a teoria da equivalência
dos antecedentes 🔴 TEORIA
causais. OBJETIVO-MATERIAL
(CONCEITO
TEORIAS DIFERENCIADORAS EXTENSIVO)
AUTOR: contribui de
Estabelece clara
forma mais efetiva para
distinção entre autor e
a concorrência do
partícipe. Conceito
resultado (sem
restritivo de autor.
necessariamente
Divide-se em:
praticar o núcleo do
🔴 TEORIA tipo)
OBJETIVO-FORMAL
PARTICIPE: concorre de
TEORIA OBJETIVA ou (CONCEITO
forma menos relevante
DUALISTA RESTRITIVO)
CONCURSO DE PESSOAS - 6
a teoria do domínio do alcance do resultado,
fato seria um não exerça domínio
pressuposto sobre a ação.
(requisito) material
para determinação da
Na concepção de Roxin,
autoria, para Roxin
o domínio do fato pode
essa teoria consistiria
se dar de 3 formas:
em um critério para
a) Domínio da
delimitação do papel
ação (autor
do agente na prática
imediato): o
delitiva (como autor
autor realiza
ou partícipe). Assim,
pessoalmente
para Roxin, a teoria
os elementos
representou uma forma
do tipo.
de distinguir autor de
partícipe. Roxin não b) Domínio da
encontrar mediato): é
por outras
pessoas(autor
3.1.1. TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO
intelectual);
“Dada a necessidade de distinguir as figuras
c) aquele que se
do autor e do partícipe, Roxin desenvolveu uma tese
vale de um não
inovadora, calcada na premissa de que autor é a
culpável ou de
figura central no acontecer típico. A participação,
pessoa que
nessa medida, tanto material quanto moral
atua sem dolo
(induzimento ou instigação), configura uma forma
ou culpa para
de extensão da punibilidade, que só se caracteriza
executar o tipo,
quando o sujeito não é autor, isto é, não ocupa essa
utilizada como
posição central ou de protagonismo na realização da
seu
figura típica; o partícipe é, destarte, uma figura lateral,
instrumento
coadjuvante. A teoria do domínio do fato deriva,
(autor mediato).
portanto, da tese central de que autor é a figura
central no acontecer típico. (ESTEFAM, 2022)”
A teoria se expressa concretamente nas
AUTOR: Todo aquele seguintes hipóteses7:
que concorre para o 🔴 Domínio da ação (autoria imediata ou
TEORIA EXTENSIVA 6 crime direta): Segundo Estefam, “há domínio da ação
COAUTOR: É a quando o sujeito realiza pessoalmente todos os
pluralidade de autores elementos do tipo, consciente de que o faz.
Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 406 Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 421
CONCURSO DE PESSOAS - 8
Trata-se do autor imediato ou direto. Isto é, o uma função determinante em sua realização. Os
sujeito que realiza a conduta descrita no tipo penal, sujeitos não detêm, cada qual, o domínio total do fato
tendo total domínio sobre a configuração central do criminoso, mas assumem o controle sobre a tarefa
fato.” que lhe foi atribuída, como num roubo a banco, em
🔴 Domínio da vontade (autoria mediata que os sujeitos compartilham as responsabilidades,
ou indireta): “ocorrendo quando alguém, embora incumbindo-se um deles de dominar os seguranças e
sem realizar a conduta típica, se vale de um terceiro os clientes, o outro de render os funcionários,
como mero instrumento de sua vontade.” enquanto um terceiro subtrai o numerário de caixas e
cofres.”
“Para Pierangeli e Zaffaroni, contudo, a
teoria do domínio do fato, no que tange Delitos aos quais não se aplica a teoria do
à autoria mediata, somente tem lugar domínio do fato9
quando o sujeito se utiliza de outra ✓ Delitos de dever (ou de violação de
pessoa que age sem dolo, atipicamente dever), “que são aqueles em que o legislador
ou justificadamente, sem incluir, fundamenta a maior punibilidade do fato na ofensa a
portanto, os casos de emprego de um dever especial imposto ao agente (como ocorre
pessoas atuando sem culpabilidade nos crimes próprios, isto é, os que exigem uma
(inculpavelmente). Segundo eles, “a falta qualidade especial do sujeito ativo). É o caso, por
de reprovabilidade da conduta do exemplo, do peculato (CP, art. 312), da corrupção
interposto não dá o domínio do fato ao passiva (CP, art. 317), da concussão (CP, art. 316).”
determinador”395. Nesses casos, há a ✓ Delitos de mão própria ou atuação
figura da instigação, que é, para eles, pessoal, que são “aqueles nos quais há a infração de
espécie de participação. Uma das um dever personalíssimo (como no falso testemunho
consequências práticas desse ponto de – CP, art. 342). O autor somente será aquele que
vista é a seguinte: “Há começo de realizar a conduta descrita no tipo, de modo que
execução, portanto, ato executivo ou qualquer tipo de contribuição prestada por outrem
tentativa, quando o determinador que colocará este na condição de partícipe.”
tem o domínio do fato inicia a ✓ Delitos culposos, “pois não se pode
determinação do interposto, ainda que admitir uma ideia de autoria baseada em domínio do
não consiga determiná-lo, posto que aí fato se o indivíduo não atua dolosamente, não tendo
começa a configuração do fato, mas o consciência e vontade de produzir o resultado.”
mesmo não se pode ser dito a respeito
do caso em que o interposto somente 3.1.2. JURISPRUDÊNCIA E TEORIA DO DOMÍNIO DO
será inculpável” 8
FATO
8 9
Estefam, André Araújo L. Direito Penal - Vol. 1. Disponível em: Estefam, André Araújo L. Direito Penal - Vol. 1. Disponível em:
Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 423 Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 424
CONCURSO DE PESSOAS - 9
agente. É equivocado afirmar que um A teoria do domínio do fato não permite
indivíduo é autor porque detém o que a mera posição de um agente na
domínio do fato se, no plano escala hierárquica sirva para
intermediário ligado à realidade, não demonstrar ou reforçar o dolo da
há nenhuma circunstância que conduta.
estabeleça o nexo entre sua conduta e Do mesmo modo, também não permite
o resultado lesivo. a condenação de um agente com base
Não há como considerar, com base na em conjecturas. Assim, não é porque
teoria do domínio do fato, que a houve irregularidade em uma licitação
posição de gestor, diretor ou sócio estadual que o Governador tenha que
administrador de uma empresa ser condenado criminalmente por isso.
implica a presunção de que houve a STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson
participação no delito, se não houver, Fachin, julgado em 3/10/2017 (Info 880)11.
no plano fático-probatório, alguma Segundo o STF, não se pode invocar a
circunstância que o vincule à prática teoria do domínio do fato, pura e
delitiva. simplesmente, sem nenhuma outra
Em decorrência disso, também não é prova, citando de forma genérica o
correto, no âmbito da imputação da diretor estatutário da empresa para lhe
responsabilidade penal, partir da imputar um crime fiscal que teria sido
premissa ligada à forma societária, ao supostamente praticado na filial de um
número de sócios ou ao porte Estado-membro onde ele nem trabalha
apresentado pela empresa para se de forma fixa. Em matéria de crimes
presumir a autoria, sobretudo porque societários, a denúncia deve apresentar,
nem sempre as decisões tomadas por suficiente e adequadamente, a conduta
gestor de uma sociedade empresária ou atribuível a cada um dos agentes, de
pelo empresário individual, - seja ela qual modo a possibilitar a identificação do
for e de que forma esteja constituída - papel desempenhado pelos denunciados
implicam o absoluto conhecimento e na estrutura jurídico-administrativa da
aquiescência com os trâmites empresa. Não se pode fazer uma
burocráticos subjacentes, os quais, não acusação baseada apenas no cargo
raro, são delegados a terceiros. STJ. 6ª ocupado pelo réu na empresa. STF. 2ª
Turma. REsp 1854893-SP, Rel. Min. Turma. HC 136250/PE, Rel. Min. Ricardo
Rogerio Schietti Cruz, julgado em Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info
08/09/2020 (Info 681) . 10
866)12
11
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O superior hierárquico
não pode ser punido com base na teoria do domínio do fato
se não tiver sido demonstrado o dolo. Buscador Dizer o
10
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A teoria do domínio do Direito, Manaus. Disponível em:
fato não permite, isoladamente, que se faça uma acusação <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/deta
pela prática de qualquer crime, eis que a imputação deve lhes/6dff2291fe2e822de2e8068a182c4759>. Acesso em:
ser acompanhada da devida descrição, no plano fático do 02/06/2022
nexo de causalidade entre a conduta e o resultado 12
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não se pode invocar a
delituoso. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/deta nenhuma outra prova. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
lhes/327204b057100a1b7c574c2691c9a378>. Acesso em: Disponível em:
02/06/2022 <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/deta
CONCURSO DE PESSOAS - 10
puníveis as ações neutras. Por outro lado, se a
3.1.3. TEORIA DAS AÇÕES NEUTRAS13 proibição melhorar de modo relevante a situação do
Segundo André Estefam, “trata-se de analisar bem jurídico, dificultando de alguma forma a sua
criminal, verificando se ações neutras, ou seja, juridicamente desaprovado. Neste caso, as ações
ilícito alheio, os quais são praticados por meio de Como exemplo, tem-se o famoso caso do
ações do cotidiano, em que o sujeito se limita a taxista que leva o passageiro a determinado local,
cumprir seu papel social sem dele desviar, devem mesmo tendo ciência de que ele, passageiro, irá
resultar em punições criminais”. matar alguém, como de fato mata. Para Greco,
Segundo Luís Greco, ações neutras (ou “conduta do taxista não é punível, afinal, o passageiro
cotidianas), são “aquelas contribuições a fato ilícito poderia perfeitamente e sem qualquer dificuldade
alheio que, à primeira vista, pareçam completamente pegar outro táxi para levá-lo até o local onde praticou
normais”, ou melhor, “ações neutras seriam todas as o homicídio. Sendo assim, a proibição da contribuição
contribuições a fato ilícito alheio não manifestamente do taxista seria inidônea para proteger o bem jurídico
age licitamente, sem maiores dificuldades para o possuir as qualidades específicas descritas no tipo.
maior imputável. “A” é autor intelectual. Segundo Sanches, não é possível, visto que o
tipo penal determina diretamente quem deve ser o
sujeito ativo.
O Código Penal possui 5 hipóteses de
aplicação de autoria imediata15. Vejamos:
3.2.2. AUTORIA DE DETERMINAÇÃO (Zaffaroni)
✓ Imputabilidade penal do executor por
menoridade penal, embriaguez ou doença mental Figura criada para resolver a lacuna
(art. 62. inc. III, CP); doutrinária que surge com a situação de não se
admitir autoria mediata nos crimes de mão própria,
✓ Coação moral irresistível (art. 22, CP);
bem como nos crimes próprios quando o autor
15
mediato não reúne as qualidades exigidas no tipo. Na
MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14.
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 438.
CONCURSO DE PESSOAS - 12
autoria de determinação, não se aplicam as formas de O que é a autoria de escritório?
autoria, direta ou mediata, nem de participação. Nos termos de Zaffaroni:
Segundo Sanches (2017, pág. 463), “o agente não é
“Esta forma de autoria mediata
autor do crime, mas responde pela determinação
pressupõe uma “máquina de poder”, que
para o crime por exercer, sobre o fato, domínio
pode ocorrer tanto num estado em que
equiparado à autoria.”
se rompeu com toda a legalidade, como
Cleber Masson (2020, p. 440) afirma que numa organização paraestatal (um
deve ser imputado ao autor de determinação o Estado dentro do Estado), ou como uma
resultado produzido, pois a ele de qualquer modo máquina de poder autônoma “mafiosa”,
concorreu, em consonância com a regra prevista no por exemplo. Não se trata de qualquer
art. 29, caput, do CP. associação para delinquir, e sim de uma
organização caracterizada pelo aparato
concurso de agentes), concentram suas condutas Ocorre quando alguém ofende bem jurídico
para o cometimento da mesma infração penal. Ex.: já afetado antes por outra pessoa.
Fulano e Beltrano, um ignorando a presença do outro,
escondem-se esperando Sicrano para matá-lo.
3.2.11. AUTORIA POR CONVICÇÃO
Surgindo a vítima, os dois disparam, atingindo
O agente pratica o delito tendo consciência da
Sicrano. Sicrano morre em razão do disparo de
ilicitude do fato, mas deixa de observar a norma por
Fulano. Solução: cada um responde de acordo com a
convicção referente a questões de consciência,
sua conduta (Fulano – homicídio; Beltrano – tentativa
como no caso de crença religiosa.
de homicídio).
como identificar o real causador. Ex.: Fulano e coautoria nas hipóteses em que dois ou mais
escondem-se esperando Sicrano para matá-lo. conduta (comissiva ou omissiva) que caracteriza o
CONCURSO DE PESSOAS - 14
delito. A coautoria, em última instância, é a própria devem ser capazes de interferir na consumação da
autoria delineada por vários indivíduos”17 infração penal.
“Todos os co-autores atuam, desde o conduta de um dos agentes, mas será extensiva ao
OBSERVAÇÕES
4.1.4. COAUTORIA DIRETA OU MATERIAL19 dolosamente por dois ou mais peritos em conluio.
que as condutas praticadas por cada um, dentro de especial do agente condição especial do
17
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte Só admite participação.
geral (arts. 1° ao 120). 8. ed. Salvador: JusPODIVM, 2020, pag.
467. Admitem coautoria e Não admite coautoria
18
GOMES, Luiz Flávio. Conceito de co-autoria em direito
penal. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 11,
participação. pois trata-se de crime
n. 991, 19 mar. 2006. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/8120. de conduta infungível
19
MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14.
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 435.
CONCURSO DE PESSOAS - 15
(ou de atuação pessoal). ACESSORIEDADE seja típico, ilícito e
MÁXIMA culpável.
(EXTREMADA)
5. PARTICIPAÇÃO (ANIMAS SOCII)
Para punir o partícipe, o
TEORIA DA fato principal deve ser
Segundo Masson (2020, p. 442), é a
HIPERACESSORIEDADE típico, ilícito, culpável e
modalidade de concurso de pessoas em que o sujeito
punível.
não realiza diretamente o núcleo do tipo penal, mas
de qualquer modo concorre para o crime. É, portanto,
qualquer tipo de colaboração, desde que não
5.3. ESPÉCIES DE PARTICIPAÇÃO21
relacionada à prática do verbo contido na descrição
da conduta criminosa. PARTICIPAÇÃO MORAL PARTICIPAÇÃO
A natureza jurídica da participação é uma das MATERIAL
formas de adequação típica de subordinação
Segundo Masson, Segundo Masson, “a
mediata/indireta.
“terceira pessoa a conduta do sujeito
cometer uma infração consiste em prestar
5.1. REQUISITOS20 penal''. Não há auxílio ao autor da
✓ Propósito de colaborar para a conduta do colaboração com meios infração penal.”
autor (principal); materiais, mas apenas
conduta principal.
INDUZIR: é fazer surgir AUXILIAR: consiste em
na mente de outrem a facilitar, viabilizar
5.2. TEORIAS QUANTO À PUNIÇÃO DO PARTÍCIPE vontade criminosa, até materialmente a
então inexistente. execução da infração
TEORIA DA Para punir o partícipe,
penal, sem realizar a
ACESSORIEDADE basta que o fato principal
conduta descrita pelo
MÍNIMA seja típico.
núcleo do tipo
20
MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. 21
MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed.
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 442. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 442-443.
CONCURSO DE PESSOAS - 16
de crime determinado e ● Auxílio
direcionados a pessoa posterior à 5.3.3. PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO
ou pessoas consumação O agente podia e devia agir para evitar o
determinadas” previamente ajustado: resultado, mas se omitiu, aderindo ao crime de
caracteriza participação. outrem. Segundo LFG:
● Auxílio
PARTICIPAÇÃO POR CRIME OMISSIVO
posterior à
OMISSÃO IMPRÓPRIO
consumação não
ajustado
O partícipe não tem O autor tem total
antecipadamente: não
co-domínio do fato domínio do fato.
configura participação, e
sim o crime autônomo
de favorecimento Para Damásio de Jesus, o omitente portador
pessoal, definido no art. de dever jurídico de impedir o resultado é autor e não
348 do Código Penal. partícipe.
CONCURSO DE PESSOAS - 17
Art. 29.
🔸1 a
Corrente (Mirabete): faculdade do juiz.
socorro, embora desde que os vários
pudessem fazê-lo sem garantes, com dever
Para Mirabete pode “o juiz deixar de aplicá-la, mesmo
risco pessoal, jurídico de evitar
convencido da apoucada importância da contribuição
respondem aquele determinado
causal para o delito.”
individualmente pela resultado, de comum
🔸 2a Corrente (Maioria da doutrina):
omissão, sem que se acordo, deixem de
direito subjetivo do réu. Para Bitenourt, “A faculdade
caracterize o concurso agir.”
resume-se ao grau de redução entre um sexto e um
de pessoas”.
terço da pena. Reconhecida a participação de menor
importância, a redução se impõe”.
🔸 2a Corrente
(Bitencourt): É possível.
“Se duas pessoas
5.3.6. PARTICIPAÇÃO INÓCUA deixarem de prestar
Na lição de Cléber Masson: socorro a uma pessoa
gravemente ferida,
podendo fazê-lo, sem
“É aquela que em nada contribuiu para o risco pessoal, praticarão,
resultado. É penalmente irrelevante, pois se não individualmente, o crime
deu causa ao crime é porque ele não concorreu. autônomo de omissão
Exemplo: "A.' empresta uma faca para "B" matar de socorro. Agora, se
"C': Precavido, contudo, "B" compra uma arma de essas duas pessoas, de
fogo e, no dia do crime, sequer leva consigo a faca comum acordo,
emprestada por "X: cuja participação foi, assim, deixarem de prestar
inócua”.22 socorro, nas mesmas
22
MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 445. 23
SANCHES (2020), pag. 472.
CONCURSO DE PESSOAS - 18
circunstâncias, serão ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
coautoras do crime de aumentada até 1/2 (metade), na hipótese de ter
omissão de socorro. O sido previsível o resultado mais grave.
princípio é o mesmo dos
crimes comissivos:
houve consciência e Segundo Sanches, “a aplicação da pena
caso, de não realizá-lo pois, se o crime mais grave não integrou a esfera
CONCURSO DE PESSOAS - 19
8.2. CIRCUNSTÂNCIAS
8.3. DA (IN)COMUNICABILIDADE
CONCURSO DE PESSOAS - 20