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2ª FASE OAB | CIVIL | 37º EXAME

Revisão Turbo
Prof. Leonardo Fetter, Prof.ª Maitê Damé,
Prof.ª Patrícia Strauss e Prof.ª Tatiane Kipper.
SUMÁRIO

1. Levantamento de Prova ...........................................................................................03

2 .Revisando Obrigações, Contratos, Responsabilidade Civil e Consumidor ....... 06

3. Revisando Parte Geral, Coisas, Família e Sucessões............................................ 21

4. Revisando Processo Civil........................................................................................ 47

5. Revisando Recursos e Procedimentos Especiais.................................................. 69

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas da Revisão Turbo do curso
preparatório para a 2ª Fase OAB. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas
acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em abril de 2023.
2ª Fase 37º Exame de Ordem
Revisão Turbo | Direito Civil

1. Levantamento de Prova

Peças cobradas e o respectivo exame

Recurso de Apelação 36º, XXXIV, XXXII, XXIII, XXI, XIX e 2010.2

Ação de conhecimento com pedidos de XXXIII


declaração e condenação

Embargos à Execução XXXI e XXIV

Ação de consignação em pagamento XXX e XVII

Ação Rescisória XXIX

Contestação com reconvenção XXVIII

Embargos de Terceiro XXVII, XVIII e X

Ação de Reintegração de Posse XXVI e XI

Recurso Especial XXV e XV

Ação de Alimentos XXV(POA) e IV

Recurso de Agravo de Instrumento XXII, XX e XIV

Ação Pauliana XX-RO

Contestação XVI e 35º

Ação de Obrigação de Fazer XIII

Ação de Alimentos Gravídicos IX

Ação de Usucapião VIII

Ação indenizatória VII e 2010.3

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Ação Ordinária com Pedido de VI


Tutela Antecipada

Ação de Conhecimento com Pedido V


de Atencipação de Tutela

Ação Indenizatória 2010.3

Gráfico das Peças mais cobradas

Petição Inicial

Recurso de Apelação

Agravo de Instrumento

Contestação

Embargos à Execução

0 5 10 15 20

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Temais mais cobrados nas questões

Contratos

Obrigações

Direito do consumidor

Alimentos

Sucessões

Recursos

Locações

Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo

Dano

Negócio Jurídico

Defesa do executado

Atos processuais

Dissolução do vínculo conjugal

Responsabilidade Civil

Intervenção de terceiros

Litisconsórcio

Usucapião

Bem de família

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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2. Revisando Obrigações, Contratos,


Responsabilidade Civil e Consumidor
Prof.ª Patrícia Strauss
Direito das Obrigações @prof.patriciastrauss

Estrutura
Modalidades de obrigações: 233 - 285
Transmissão das obrigações: 286 - 302
Adimplemento e extinção das obrigações: 303 - 388
Inadimplemento: 389 - 420.

Adimplemento e extinção das obrigações


Do Pagamento
Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da obrigação é
necessário que se cumpra o pagamento com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se
paga, o que se paga, onde se paga e quando se paga. Uma vez cumpridas tais exigências,
teremos a extinção da obrigação através do pagamento. Se uma delas não for cumprida,
poderá ser aplicado o ditado de que: “quem paga mal, paga duas vezes.”

Requisitos
De quem deve pagar: Artigos 304-307.
Outras pessoas, além do devedor, podem pagar e outras
pessoas além do credor podem receber.

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Quem paga:
• Devedor
• Terceiro interessado. (por exemplo: fiador): Ao pagar, se sub-roga nos direitos do credor
primitivo.
• Terceiro não interessado: (amigo, por exemplo). Ao pagar, não se sub-roga, mas tem direito
de reembolso contra o devedor. Se fizer o pagamento em seu nome.
• Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor se opuser
poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento.
Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba ou em
oposição ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para o devedor, se este
último tinha meios para ilidir a ação.

Para quem se paga: Artigos 308 - 312


O pagamento será feito ao credor ou a quem de direito represente este credor.
- Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda provado que
depois não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309).
- Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade, mas se
provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será válido (artigo 310).

Objeto de pagamento e sua prova: Artigos 313 - 326


Objeto do pagamento: Art. 313 a 318 do Código Civil
Prova: Art. 319 a 326 do Código Civil
Objeto
Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a pagar ou
receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais valiosos. Da mesma forma,
sendo a obrigação divisível, não podem credor/devedor partilhar a prestação se assim não
se estipulou
É permitida a cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento, de acordo com o artigo
316: É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato
superveniente: “Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção
manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz
corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da
prestação.”

Prova
O devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se não lhe for
entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se
encontram no artigo 320.
Desta forma, preferencialmente se espera que a quitação preencha os requisitos do “caput”
do artigo 320. Contudo, caso não possua todos os requisitos, poderá ainda assim o
pagamento ser comprado por outros meios.

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Do lugar de pagamento: Artigos 327 - 330


Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do devedor.
Assim, se nada for estipulado, o credor deverá ir até o devedor para buscar o pagamento.
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será efetuado o
pagamento.
Artigo 330. O pagamento reiteradamente feito em outro
local faz presumir renúncia do credor relativamente ao
previsto no contrato.

Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a aplicação
da “SUPRESSIO” e da “SURRECTIO”
“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar do
tempo.
Já a “Surrectio” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo, perde o
direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo
domicílio para efetuar o pagamento.

Do Tempo de Pagamento: Artigos 331 - 333


Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não houver
data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá ser exigido à vista (cuidar o
contrato de mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC).
Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso ocorre:
no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; se os bens, hipotecados ou
empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e
o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Da Consignação em Pagamento: 334 - 345


Depósito feito pelo devedor ou terceiro de uma coisa devida, para que consiga se liberar da
obrigação. É um instituto misto, já que também é tratado no Código de Processo Civil,
artigos 539 e seguintes do CPC.
O depósito pode ser feito de forma judicial ou em estabelecimento bancário da coisa
devida (neste caso, é chamado de consignação extrajudicial).
Uma vez julgada procedente a ação de consignação, teremos a liberação do devedor, que
não será inadimplente e, assim, não terá contra ele as consequências do inadimplemento.
As hipóteses do pagamento em consignação são trazidas no artigo 335.
Como a consequência da consignação é a liberação do devedor, como se tivesse realizado
o pagamento, para que a consignação tenha então FORÇA DE PAGAMENTO, é necessário
que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os
quais não é válido o pagamento.

Do pagamento com sub-rogação: Art. 346 - 351


A sub-rogação pode ser entendida como a substituição de uma pessoa por outra, realizada
através do pagamento.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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O exemplo que pode ser trazido é o caso do fiador que paga a dívida do devedor, para que
não seja responsabilizado pelo pagamento. Ao fazer isso, o credor sai da relação
obrigacional, já que recebeu o pagamento e o então fiador passa a ser o novo credor do
devedor (que não pagou e então continuará devendo, mas agora para o novo credor, que
era seu antigo fiador).
Importante destacar que na sub-rogação não há a EXTINÇÃO da dívida e sim a substituição
de uma pessoa por outra através do pagamento. Não há o surgimento de nova dívida. A sub-
rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

Há dois grandes tipos de sub-rogação: legal e convencional:

Da imputação em Pagamento: Artigos 352 - 355


Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias dívidas com um
mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor poderá escolher qual
delas ele quer pagar.
Requisitos para a imputação:
• Mesmo credor e devedor
• Plural de dívidas
• Líquidas e vencidas
• Débitos da mesma natureza.

Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352).
Se o devedor nada fizer, então se transfere o direito de escolha ao credor (Artigo 353). Caso
nem o devedor, nem credor se manifestem, então teremos a imputação legal, ou seja, a lei,
no seu artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas. Se o devedor não fizer a
indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas
líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao
mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. Assim:
1) Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros;
2) A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar;
3) Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na mais
onerosa.

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Dação em pagamento: Artigo 356 - 359


A dação ocorre quando o credor consente em receber objeto diferente do contratado.
Assim, se exige uma obrigação previamente criada e um acordo posterior em que o credor
aceita receber objeto diverso do contratado.
Para que haja dação, podemos ter então a substituição de dinheiro por bens móvel ou
imóvel, de uma coisa por outra, de dinheiro por fato etc.
Muito importante: Artigo 359
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em
pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando
sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de
terceiros.

Novação : Artigo 360 - 367


Através da novação temos a extinção da obrigação anterior, com a criação de uma nova. O
principal efeito é a extinção da dívida antiga, com todos os seus acessórios e garantias.
Como a novação extingue a obrigação primitiva, liberando as garantias, se o for feita
novação sem o consentimento do fiador, ele estará exonerado.
Além disso, é necessária a chamada “intenção de novar”. O animo de novar está expresso
no artigo 361.
Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo 367). Assim, a
obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação.

Compensação: Artigos 368 - 380


Quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedora umas das
outras, extinguindo-se a obrigação até onde se compensarem.

Confusão: Artigos 381 – 384


A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confunde as figuras de credor e devedor.
Pode ocorrer por um ato “inter vivos” ou “causa mortis”. Ela pode ser total ou parcial, ou seja,
ocorrer com relação a toda a dívida ou somente de parte dela. Como exemplo, podemos
pensar que alguém deve uma quantia ao seu pai. Esse pai então falece e esse filho irá
receber herança. Teremos a extinção da dívida, já que o filho irá receber a herança.

Remissão de dívidas: Artigos 385 - 388


A remissão é o perdão da dívida que é concedida pelo credor ao devedor. No entanto, para
que se tenha a liberação do devedor, é necessário que ele ACEITE o perdão. Assim, é um
negócio jurídico bilateral. A remissão pode recair sobre a dívida inteira ou sobre parte dela.
Há formas de perdão expresso (escrito) e também tácito. Um exemplo de remissão tácita
ocorre no artigo 386, em que o credor devolve o título da obrigação (cheque, por exemplo)
ao devedor. No entanto, se devolver, restituir o objeto empenhado (garantia do penhor) não
significa que perdoou a dívida, mas sim que não quer mais a garantia – artigo 387.

Inadimplemento
Temos dois tipos de inadimplemento:

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Cláusula penal (arts. 408 – 416, CC)


Cláusula penal é uma punição, penalidade de natureza civil e tem a ver com o
inadimplemento obrigacional.
Ela é contratada pelas partes e ocorre em caso de inadimplemento do contrato. É uma
obrigação acessória.
A cláusula penal pode ser classificada em: cláusula penal moratória e cláusula penal
compensatória.

Cláusula penal moratória


Caso de inadimplemento parcial, em que ainda é possível o cumprimento. Serve para
apunição de quem está em mora.
Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de
mora, ou em segurança especial de outra cláusula
determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da
pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação
principal.

Assim, quando houver cláusula penal moratória, poderá o credor exigir o cumprimento da
obrigação e o cumprimento da cláusula penal moratória.

Cláusula penal compensatória


Caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função de antecipar as perdas e danos.
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de
total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em
alternativa a benefício do credor.

Se a cláusula penal tiver um valor muito alto, deverá o juiz reduzir.


Art. 416. Para exigira pena convencional, não é necessário que
o credor alegue prejuízo.
Direito Contratual
Estrutura:
Teoria geral dos contratos: 421 - 480
Contratos em espécie: 481 - 853
Atos unilaterais de vontade: 854 - 886

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Evicção: (447 – 457)


Evicção é a perda total ou parcial de um bem, em regra, por meio de uma sentença judicial
ou ato administrativo.
A sentença judicial atribui a outra pessoa o bem. Funda‑se no mesmo princípio da garantia
em que se assentaa teoria dos vícios redibitórios.

Requisitos da Evicção

Direitos do evicto
Lembrando que evicto é aquele que perdeu a coisa em virtude de sentença judicial.

A) Responsabilidade total (artigo 450 do CC): Salvo estipulação em contrário, o evicto tem
direito:

B) Responsabilidade parcial (artigo 449 do CC): Podem as partes excluir a responsabilidade


pela evicção? Sim, expressamente. Contudo, mesmo com a existência de tal cláusula, se a
evicção se der, tem direito o evicto (aquele que perdeu a coisa) a recobrar o preço que
pagou pela coisa evicta, com algumas condições:

C) Isenção de responsabilidade pelo vendedor (artigo 457 do CC): Quando o comprador


sabe que está adquirindo bem alheio ou litigioso, caso venha a perder, não poderá demandar
contra quem lhe vendeu.

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Observar: Evicção parcial (artigo 455)


O que ocorre se houver evicção parcial e não total da coisa?

1) Perda considerável: Poderá o evicto (quem perdeu parcialmente o bem) optar entre a
rescisão do contrato e a restituição da partedo preço do desfalque.

2) Perda não for considerável: Pode apenas pleitear a indenização e não a rescisão do
contrato.

Contrato de compra e venda (481 – 532)


São dois os elementos da compra e venda: coisa e preço:
Preço: Há vários modos pelos quais o preço pode ser estabelecido.
1) A fixação do preço pode ser dada a taxa de mercado ou bolsa, em certo e determinado dia
e lugar.
2) Pode ser estabelecido que terceiro fixe o preço.
3) Pode ser fixado em função dos índices ou parâmetros.

Observação: Preço que sua fixação fica ao livre arbítrio da outra parte - nulo, segundo artigo
489 do CC.

Coisa: Pode ser a venda de algo que já existe ou de bens que virão a existir (coisa futura)
conforme artigo 483 do CC.

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Limitações ao contrato de compra e venda


A) Venda de ascendente a descendente
Art. 496. É anulávela venda de ascendente a descendente,
salvo se os outros descendentes e o cônjugedo alienante
expressamente houverem consentido.

Caso não tenha o consentimento, será passível de anulação. Os legitimados para a


propositura da ação anulatória são os outros descendentes e o cônjuge do alienante.
Entende o STJ que é necessária a prova do prejuízo dos demais herdeiros, para que se tenha
a procedência da ação de anulação.
O prazo para ajuizamento da ação anulatória é de 2 anos, segundo o artigo 179 do Código
Civil.

B) Venda de parte indivisa em condomínio


O condômino não pode alienar sua parte indivisa a terceira pessoa, se o outro condômino a
quiser, tanto por tanto. O condômino que quiser pode exercer seu direito de preferência ou
preempção, ajuizando ação no prazo decadencial de 180 dias contados da data em que teve
ciência da alienação. No momento do ajuizamento, deve o condômino, efetuar a
consignação do valor que deseja pagar. A ação pode ser ação adjudicatória, a fim de obter o
bem para si.

Contrato estimatório (534-537)


É um contrato que também é chamado de consignação. O consignante entrega bens
móveis à outra pessoa, chamado de consignatário, para que este os venda pelo preço
ajustado. Ao ser vendido, o consignatário deve pagar o preço ao consignante. Caso não
venda, deverá devolver o bem ao consignante.

Contrato de doação (538 – 564)


É o contrato em que o doador transfere bens ou vantagens para o donatário.

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Natureza jurídica
1) Unilateral: só gera obrigações para uma das partes.
2) Consensual: se aperfeiçoa com a aceitação.
3) Solene: a doação deve ser feita por escritura pública ou instrumento particular. Contudo,
em bens móveis de pequeno valor admite‑se a doação verbal, desde que a doação ocorra
imediatamente.
4) Gratuito: somente uma das partes perde patrimônio.

Restrições à doação
1) Doação da parte inoficiosa: é nula a parte que exceder ao que poderia dispor em
testamento, segundo o artigo 549 do CC.

A título de exemplo, se o doador tem o patrimônio de R$ 100.000,00 e faz uma doação de


R$ 70.000,00, o ato será válido até R$ 50.000,00 (parte disponível) e nulo nos R$
20.000,00.

2) Doação de todos os bens do doador: é a chamada doação global, em que não pode todos
os bens do doador serem doados, sem que fique algo para a sua subsistência. Caso isso
aconteça, teremos nulidade.

3) Doação do cônjuge adultero a seu cúmplice – artigo 550 do CC: pode ser anulada a
doação pelo cônjuge ou pelos herdeiros necessários. Prazo de 2 anos depois de dissolvida a
sociedade conjugal.

Revogação da doação
Há duas razões pelas quais é possível a revogação da doação: ingratidão do donatário e por
descumprimento de encargo, conforme artigo 555 do CC.
Por ingratidão do donatário: As hipóteses se encontram nos arts 557 e 558 do CC.
A) Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso
contra ele;
B) Ofensas físicas cometidas pelo donatário contra o doador;
C) Se o injuriou gravemente ou o caluniou;
D) Podendo o donatário auxiliar com alimentos ao doador, e não o faz.

Quando o ofendido não for o doador, mas cônjuge, ascendente, descendente, ou irmão
deste, ou descendente adotivo, também pode o doador pleitear a revogação da doação, de
acordo com o artigo 558 do CC.
Qual é o prazo para que se peça a revogação por ingratidão? Dentro de um ano, a contar de
quando chegue ao conhecimento do doador sobre o fato e que o donatário foi o autor.
Quem pode ajuizar a ação de revogação da doação? É personalíssima, ou seja, somente o
doador pode ajuizá‑la. Contudo, se a ação foi iniciada, e o doador morreu, os herdeiros e
sucessores podem prosseguir com a ação.

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Mas e no caso de homicídio doloso? Se o doador morreu, como vai ajuizar? É uma exceção,
nesse caso, os herdeiros podem ajuizar a ação de revogação da doação.
De qualquer forma, só se admite a revogação da doação, por ingratidão, nas doações puras.
Não se admite, portanto: nas doações puramente remuneratórias, nas oneradas com
encargo já cumprido, nas que se fizerem em cumprimento de obrigação natural, e nas feitas
para determinado casamento.

Contrato de empréstimo
Duas são as espécies de empréstimos: mútuo e comodato.

Contrato de comodato
Comodato é o empréstimo para uso, gratuito de coisas infungíveis. Pode ser bens móveis ou
imóveis, mas precisa ser infungível. O contrato se perfectibiliza com a tradição da coisa.

Características do comodato:
A) Gratuidade do contrato: Se fosse oneroso, seria o contrato de locação.
B) Infungibilidade do bem: restituição do mesmo objeto recebido como empréstimo.
C) Contrato real, já que o aperfeiçoamento do contrato se dá com a tradição (e não com a
aceitação).
D) Contrato unilateral, já que após a tradição, só há obrigações para uma das partes, que é o
comodatário (restituir a coisa) e não há obrigações para o comodante.
E) Contrato não solene, já que não necessita forma especial para a sua celebração.

Obrigações do comodatário:
A) Conservar a coisa – art. 582
O comodatário deve conservar a coisa como se fosse sua. Deve responder pelas despesas
de conservação.
O comodatário não pode nunca tentar cobrar do comodante as despesas comuns, feitas
com o uso e gozo da coisa emprestada.

B) Uso da coisa de forma adequada:


Responde por perdas e danos se usar o bem fora do que foi contratualmente previsto, além
de, também poder ser causa de resolução do contrato.

C) Restituir a coisa:
Deve ser restituída a coisa no prazo convencionado e não havendo este prazo, finda a razão
pela qual ocorreu, o empréstimo deve ser restituído (empresta livros para o trabalho de
conclusão de curso, e quando passado o evento, deverão ser devolvidos, por exemplo).

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Contrato de mútuo
O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O bem é emprestado para consumo. O
mutuário se obriga a restituir ao mutante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade. É empréstimo para consumo, pois o mutuário não está obrigado a
devolver o mesmo bem, do qual se torna dono.
Neste tipo de empréstimo, o mutuante transfere o domínio, a propriedade, do bem ao
mutuário. Isso não acontece no comodato. Além disso, o mutuário se torna PROPRIETÁRIO
da coisa, correndo por conta desse, todos os riscos da tradição.

Características do mútuo:
O mútuo é temporário, se entende que em algum momento o que foi emprestado será
devolvido. Mas e se não houver prazo para a restituição do bem? O CC determina que:
A) Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas
B) De 30 dias, pelo menos, se o mútuo for de dinheiro
C) Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.

Mútuo com fins econômicos:


Destinando‑se o mútuo a fins econômicos, presumem‑se devidos juros, os quais, sob pena
de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406 do CC, permitindo‑se a
capitalização.

Obs.: Mútuo para um menor:


O Código Civil protege o menor, dizendo que quem empresta para um menor, não poderá
reaver o que emprestou. Contudo, há várias exceções, de quando o mutuante pode,
portanto, reaver o que foi emprestado. São elas:
a) O representante do menor ratificar o empréstimo;
b) Se o menor, em caso de ausência do representante, se viu obrigado a contraí‑lo para os
seus alimentos habituais;
c) Se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho, caso em que a execução do credor não
lhes poderá ultrapassar as forças;
d) Se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
e) Se este obteve o empréstimo maliciosamente.

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Responsabilidade Civil
Estrutura:
Parte geral: 186, 187, 188
Obrigação de indenizar: 927-943
Indenização: 944-954

A responsabilidade civil subjetiva é a regra dentro do Direito Civil. Ela é baseada na “teoria da
culpa”, já que é necessária a verificação de culpa, para que se possa configurar tal requisito.
Assim, para a verificação da responsabilidade civil subjetiva (regra) é necessário: conduta
humana, culpa, nexo causal e dano. Já a responsabilidade objetiva está consagrada no
parágrafo único do artigo 927.
Neste caso, para a configuração da responsabilidade objetiva são necessários: conduta
humana, nexo causal e dano.

Iremos nos deter na responsabilidade objetivae nos casos previstos no CC.

CASOS DE RESPONSABILIDADE OBJETIVA


Responsabilidade civil por atos de terceiros ou responsabilidade civil indireta
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I- Os pais, pelos filhos menoresque estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia;
II- O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
acharem nas mesmas condições;
III- O empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçaise prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
IV- Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,mesmo para
fins de educação,pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;
V- Os que gratuitamente houverem participado nos produtos
do crime, até a concorrente quantia.

O artigo 933 do CC prevê expressamente que a responsabilidade é objetiva, já que informa


que os terceirosserão responsabilizados, ainda que não haja culpapor parte deles.
De acordo com o artigo 934 se o empregador, por exemplo, pagar a indenização, terá
direito de regresso contra oempregado que causou o dano. Há uma exceção: Relações entre
ascendentes e descendentes incapazes não haverá direito de regresso.
Assim, o ascendente não tem regresso contra o descendente, se este for incapaz.
Um ponto muito importante diz respeito à solidariedade entre todos os sujeitos do artigo
942, já que o parágrafo único informa que são solidariamente responsáveis com os autores
os co-autores e as pessoas designadas no artigo 932.
Observação: Responsabilidade do incapaz (art. 928 do CC)
De acordo com o referido artigo, a responsabilidade do incapaz é subsidiária. Assim,
primeirorespondem os responsáveis pelo incapaz. Se estas pessoas não tiverem condições
financeiras ou não forem obrigadas a tanto, então se irá responsabilizar o incapaz.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Mesmo assim, de acordo com o parágrafo único, a indenização deverá ser equitativa e, se
privar o incapaz ou as pessoas que dele dependam do seu sustento, então tal indenização
não terá lugar. Devido ao parágrafo único do 942 do CC, ainda há discussões que tratam
sobre a responsabilidade do incapaz ser ou não subsidiária. No entanto, a jurisprudência e a
doutrina dizem que sim, em decorrência do artigo 928 do CC, ela será subsidiária, não tendo
aplicação o parágrafo único do art. 942 do CC.

Responsabilidade civil por fato de animal


Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por
este causado, se não provar culpa davítima ou força maior.

Assim, há somente duas excludentes nas quais o dono/detentor não será responsabilizado:
culpa da vítima e força maior.

Responsabilidade civil do dono de edifícioou construção pela sua ruína


O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta, consoante artigo 937 do CC. A
responsabilidade é do dono do edifícioou da construção (construtora, por exemplo).

Responsabilidade por objetos caídos ou lançados do prédio


(defenestramento).
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde
pelo dano proveniente das coisas que delecaírem ou forem
lançadas em lugar indevido.

Ponto muito importante a ser verificado que a responsabilidade é de quem habita o prédio.
Assim, seriam responsáveis o locatário, comodatário, proprietário, enfim, quem estiver
habitando o prédio.
Caso não se saiba de onde partiu o objeto caído ou lançado, os tribunais têm entendido pela
responsabilização do condomínio que, após (e caso) identificado o responsável, poderá
ajuizar regresso contra o ofensor.

Direito do Consumidor
Para que haja a aplicação do CDC é necessária a existência de uma relação de consumo:
Consumidor + fornecedor, cujo objeto é um produto ou um serviço.

Consumidor
Há 4 tipos de consumidores:
A) Consumidor standard (padrão): Art. 2° do CPC: “Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
B) Consumidor equiparado: Parágrafo único do art. 2º do CDC: “Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo”.
C) Consumidor equiparado: art. 17 do CDC: “Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos
consumidores todas as vítimas do evento”.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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D) Consumidor equiparado: art. 29 do CDC: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte,


equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às
práticas nele previstas”.

Fornecedor
Está no art. 3 º do CDC:
Pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional, estrangeira, ente despersonalizado.
Desenvolve atividade com habitualidade, como sendo o ofício, a profissão ou uma de suas
profissões. Temos aqui ideias de atividades profissionais, habituais e com finalidade
econômica.

Lembrar que fornecedor se enquadra como sendo gênero. Desta forma, não somente o
fabricante, por exemplo, mas também transformadores, intervenientes e até comerciantes
poderão ser responsabilizados. Não importa se regularizado ou não, com CNPJ ou não.

Objeto da relação de consumo


São dois os objetos da relação de consumo: produto ou serviço e estão colocados nos
parágrafos do art. 3 º do CDC.

Produto: O produto pode ser todo bem móvel ou imóvel, material ou imaterial. Também
temos produtos duráveis (bens que não se extinguem após uso regular, ainda que sofram
desgastes, tais como carro, mesa, brinquedos etc.) e produtos não duráveis (tais como
alimentos, remédios, cosméticos, sabonetes etc).

Serviços: Conforme o §2º do art. 3º do CDC serviço é: “qualquer atividade fornecida no


mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira,
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.” Assim, as
atividades de serviço podem ser de natureza material, financeira ou intelectual, prestadas
por entidades públicas ou privadas, mediante remuneração.

O fornecedor de serviços tem um outro requisito (que não tem o fornecedor de produtos):
remuneração. Remuneração que pode ser direta ou indireta.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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3. Revisando Parte Geral, Coisas,


Família e Sucessões
Prof.ª Maitê Damé
@maitedame

Observar:
➙ Registro da emancipação voluntária e judicial no CRCPN
➙ Casamento: divórcio não retorna à incapacidade.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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O art. 6º do Estatuto da pessoa com deficiência (lei 13.146/2015) - deficiência não afeta a
plena capacidade civil, inclusive para gestão do plano familiar e existencial do indivíduo. A
pessoa com deficiência pratica o ato, podendo escolher dois apoiadores para lhe auxiliarem
na tomada de decisão (art. 1.783-A, CC).

QUALIFICAÇÃO: Absolutamente incapaz, (qualificação conforme dados do enunciado +


319, CPC) representado por...; relativamente incapaz, (qualificação conforme dados do
enunciado + 319, CPC) assistido por...

Necessidade de Ação de Interdição

Nesta ação haverá a fixação (por perícia) dos atos que podem ser praticados e nomeará o curador.

Direitos de Personalidade
Ao lado dos direitos patrimoniais, existem direitos, não menos importantes, que estão fora
do comércio e encontram-se inseridos na personalidade do indivíduo. São direitos inerentes
e ligados à pessoa humana e a sua dignidade, de forma perpétua e permanente. Dentre
estes direitos destacam-se a vida, liberdade, nome, próprio corpo, imagem e honra.
O rol exemplificativo
➙ Relação direta com o princípio da dignidade da pessoa humana
➙ Relação direta com os direitos fundamentais previstos na CF
➙ Proteção dos direitos de personalidade do nascituro (art. 2º, CC)
➙ Aplicável, no que couber, às pessoas jurídicas (art. 52, CC). Súmula 227, STJ: “A pessoa
jurídica pode sofrer dano moral”.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Art. 13 a 15, CC – direito ao próprio corpo:

➙ Testamento vital
➙ Cirurgia de adequação sexual – possibilidade
➙ Crença religiosa – testemunhas de Jeová
Ex.: Art. 15, CC:
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco
de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

Importante:
Enunciado 528, das Jornadas de Direito Civil, que autoriza o chamado testamento vital ou
biológico, que nada mais é do que uma autorização para a prática da suspensão do
tratamento médico:
“É válida a declaração de vontade expressa em documento autêntico, também chamado
"testamento vital", em que a pessoa estabelece disposições sobre o tipo de tratamento de
saúde, ou não tratamento, que deseja no caso de se encontrar sem condições de manifestar
a sua vontade”.

Arts. 16 a 19, CC – direito ao nome:


É admissível a alteração do nome, diretamente no Registro Civil, conforme art. 56º da Lei
nº 6.015/73 (LRP).
➙ Transgêneros: possibilidade de alteração independentemente de cirurgia de adequação
sexual – ADIN 4275 + Art. 56, LRP + Provimento 73, CNJ.
Havendo violação ao direito ao nome é cabível a reparação por danos.
Nesse sentido, há a súmula 403, STJ que determina que “Independe de prova do prejuízo a
indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais”.
Os responsáveis pelo ressarcimento serão tanto o autor da publicação quanto o veículo de
divulgação. É o que prevê a súmula 221, STJ: “São civilmente responsáveis pelo
ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito
quanto o proprietário do veículo de divulgação”.
O art. 19 protege, além do nome, o pseudônimo. Ex.: Fafá de Belém (Maria de Fátima Palha
de Figueiredo); Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto).
Assim, o mau uso do pseudônimo de alguém também gera o dever de indenizar.
➙ Arts. 20 e 21, CC – palavra, imagem, honra e vida privada:
A pessoa que tiver sua imagem ou voz utilizadas de forma indevida, sem autorização,
poderá acionar a justiça para impedir o uso e, ainda, receber indenização pelo uso indevido.
Contudo, o STJ julgou a ADIn 4815, que dá ao art. 20, CC interpretação conforme a
Constituição.
Nesta ação, foi autorizada a publicação das “biografias não autorizadas”, ou seja, a
possibilidade de publicação de obras biográficas literárias ou audiovisuais,
independentemente do consentimento do biografado. O Presidente do STF a época (Ricardo
Lewandowski) afirmou que “não é possível que haja censura ou se exija autorização prévia
para a produção e publicação de biografias”, de forma que “a censura prévia está afastada,

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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com plena liberdade de expressão artística, científica, histórica e literária, desde que não se
ofendam os direitos constitucionais dos biografados”.

Desconsideração da Personalidade Jurídica


A pessoa física e a jurídica são separadas. Possuem patrimônios e
responsabilidades separados. Contudo, podem haver casos de
desvio de finalidade (atividades realizadas por meio da pessoa
jurídica não são relacionadas com a atividade-fim dela, visando
beneficiar seus integrantes) ou de confusão patrimonial (não se
consegue distinguir o patrimônio particular e o patrimônio da pessoa
jurídica).
Essa doutrina visa, em certos casos, desconsiderar a personalidade
jurídica, a fim de atingir o patrimônio pessoal dos sócios,
reconhecendo sua responsabilidade ilimitada.
➙ Art. 50, CC + art. 133, CPC.

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Não se trata de declarar nula a personalidade, mas sim de tornar a personalidade jurídica
ineficaz em certos casos.
Pode desconsiderar a pessoa jurídica para atingir bens dos sócios ou, ao inverso,
desconstituir a pessoa jurídica para atingir bens da empresa (desconsideração inversa)
Somente a requerimento da parte ou do MP (não pode ocorrer de ofício).

Bens Jurídicos
Bem jurídico = “toda a utilidade física ou ideal, que seja objeto de um direito subjetivo”.
Gagliano e Pamplona Filho.

Importante
Móveis e Imóveis
Art. 80 – Imóveis por determinação legal
Art. 82 – Não perdem o caráter de imóveis – questão da 1 fase – vitrais do Mercado Público
de São Paulo.
Divisível e indivisível
Se o bem for divisível, o proprietário pode alienar a terceiro, sem dar preferência aos demais
comunheiros. Se, contudo, o bem for indivisível, deverá dar preferência aos comunheiros.
Ex.: área de terras em condomínio – deve dar preferência aos demais. Se aquela mesma área
for desmembrada em duas matrículas, desaparece o condomínio e passa a ser divisível.
Ex.: apartamento em um edifício – não precisa dar preferência aos demais.

Fungíveis e infungíveis
O mútuo é o contrato para empréstimo de bens fungíveis. O comodato, por sua vez, de
bens infungíveis.
Consumíveis e inconsumíveis
Interessante é a situação dos livros. Se estiverem nas prateleiras de uma livraria – para
serem vendidos – serão bens consumíveis. Já, se estiverem nas prateleiras de uma biblioteca
– apenas para serem usados, lidos e devolvidos – serão inconsumíveis.
Reciprocamente considerados
Principal: existe por si só próprio (solo);
Acessório: pressupõe a existência do principal (árvore)
A regra é que a natureza do principal é a mesma do acessório.
O acessório sempre segue o principal em seu destino.
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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Bens públicos e particulares


Particulares: iniciativa privada.
Públicos: pertencentes à pessoas de direito público interno (art. 98, CC).

Bem de família
Voluntário: vários bens, até 1/3 do patrimônio líquido, escritura pública ou testamento,
registro no CRImóveis, enquanto o casal existir ou os filhos forem menores de 18 anos,
impenhorabilidade quanto a dívidas posteriores a instituição, salvo as derivadas do próprio
bem (impostos e condomínio).

Legal: Lei nº 8.009/90, único bem, regra é que seja impenhorável, exceção: art. 3º, Lei,
protege imóveis de pessoas solteiras, casadas ou viúvas. Box de garagem – se tiver matrícula
própria pode ser penhorado. Se o imóvel estiver locado a terceiro – Súmula 486, STJ:
mantém a impenhorabilidade.

Planos de existência, validade e eficácia

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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➙ Capacidade dos negócios jurídicos gerarem efeitos. Pode depender de alguma “situação
especial” (elementos acidentais do negócio jurídico). Públicos: pertencentes à pessoas de
direito público interno (art. 98, CC).

Prazos de anulação – Decadência


Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação
do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia
em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar
da data da conclusão do ato.

Efeitos de anulabilidade
➙ Não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz.
➙ Alegada pelo interessado (arts. 177 e 178, CC).
➙ Art. 172, CC - negócio jurídico anulável pode ser confirmado (convalidado), através de
confirmação expressa (art. 173, CC).
➙ Menor púbere (16 a 18 anos) não pode alegar idade para eximir-se da obrigação, quando,
na celebração do negócio, omitiu a informação (art. 180, CC).

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Prescrição e Decadência

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Prescrição
A prescrição é a perda da pretensão de reparação do direito violado, em razão da inércia do
titular, dentro do prazo previsto pela lei.
Não prescrevem: Aqueles referentes ao Direitos da Personalidade, referente ao Estado das
Pessoas: estado de filiação, qualidade de cidadania, condição conjugal. Ações referentes à
separação, interdição, investigação de paternidade etc.;
➙ Prazos: Art. 205 e 206, CC

Decadência
Seria a perda do direito potestativo pela inércia do seu titular, que não o exerceu dentro do
período determinado pela lei;
Refere-se a ações que visam a constituir positiva ou negativamente atos e negócios
jurídicos, como nos casos de ações anulatórias de negócios jurídicos.
Os prazos de decadência são definidos junto aos institutos. Prazo começa a fluir de quando
nasce o direito.

Posse

Atos que não induzem posse


Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade.

Os atos de permissão ou tolerância não induzem posse. Este é o caso do detentor, que
conserva a posse em nome do dono (art. 1.198, CC).
De igual forma, os atos clandestinos ou violentos não autorizam a aquisição da posse.
Significa que nos casos de conflitos de terra, por exemplo, em que haja a tomada violenta da
posse da área, estes não poderão adquirir a posse, em razão da violência do ato. Contudo,
depois que cessar a violência ou a clandestinidade poderão eles adquirir a posse.

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Assim, a proteção liminar nas ações possessórias, havendo violência e clandestinidade, só


ocorre quando estas datarem de menos de ano e dia, nos termos do art. 558, CPC/2015.
Os atos de permissão ou tolerância não induzem posse. Este é o caso do detentor, que
conserva a posse em nome do dono (art. 1.198, CC).
De igual forma, os atos clandestinos ou violentos não autorizam a aquisição da posse.
Significa que nos casos de conflitos de terra, por exemplo, em que haja a tomada violenta da
posse da área, estes não poderão adquirir a posse, em razão da violência do ato. Contudo,
depois que cessar a violência ou a clandestinidade poderão eles adquirir a posse.
Assim, a proteção liminar nas ações possessórias, havendo violência e clandestinidade, só
ocorre quando estas datarem de menos de ano e dia, nos termos do art. 558, CPC/2015.

Efeitos da posse
O Código Civil estabelece, dos arts. 1.210 ao 1.222 os efeitos da posse. Tais efeitos podem
ser de ordem material ou processual.
Os efeitos materiais dizem respeito a percepção dos frutos e suas consequências, ao direito
a indenização e retenção das benfeitorias, as responsabilidades e ao direito de usucapião.
Já os efeitos processuais dizem respeito a possibilidade de utilização dos interditos
possessórios, as ações possessórias e a legítima defesa da posse e do desforço imediato.

Percepção dos frutos


Quanto a percepção dos frutos, deve-se, por primeiro, considerar se a posse é de boa ou
má-fé. Assim, o Código Civil prevê os seguintes dispositivos quanto ao recebimento (ou não)
dos frutos.
Seria a perda do direito potestativo pela inércia do seu titular, que não o exerceu dentro do
período determinado pela lei.
Refere-se a ações que visam a constituir positiva ou negativamente atos e negócios
jurídicos, como nos casos de ações anulatórias de negócios jurídicos.
Os prazos de decadência são definidos junto aos institutos. Prazo começa a fluir de quando
nasce o direito.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos
frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-
fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da
produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos
com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e
percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos
dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos
e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de
perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem
direito às despesas da produção e custeio.

O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos (colhidos). Já os frutos pendentes
(ainda não colhidos) devem ser restituídos, assim como aqueles que tenham sido colhidos
por antecipação.

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O possuidor de má-fé deve devolver todos os frutos colhidos ou pendentes, bem como
aqueles que deixou de colher por culpa sua (art. 1.216, CC), devendo, neste último caso, ser
responsabilizado no caso de perecimento dos frutos não colhidos por sua culpa (reparação
de danos – responsabilidade civil). Mas tem direito, o possuidor de má-fé a ser indenizado
pelas despesas de produção e custeio.
Os frutos naturais são aqueles provenientes da coisa principal (frutas, por exemplo). Estes,
tão logo sejam separados da coisa principal consideram-se colhidos.
Os frutos industriais são aqueles que derivam de uma atividade humana (tudo o que venha
a ser produzido em uma fábrica, por exemplo). Estes, assim, como os naturais, logo após
separados consideram-se colhidos.
Os frutos civis derivam de uma relação jurídica ou econômica (rendimentos de aplicações
financeiras, aluguel de imóveis, por exemplo). Estes são percebidos na data prevista para
vencimento do aluguel ou do “aniversário” da aplicação financeira.

Retenção e indenização das benfeitorias – Art. 1.219 a 1.222/CC


Conforme estudado na parte geral, as benfeitorias são acessórios que se agregam a coisa
principal, ou seja, obras artificiais, realizadas pelo homem, na estrutura da coisa principal – já
existente – com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Estas benfeitorias
podem ser classificadas em necessárias, úteis e voluptuárias. São necessárias as benfeitorias
realizadas para evitar um estrago iminente ou deterioração da coisa principal (reparos
realizados na viga; troca do telhado). São úteis aquelas realizadas com o objetivo de facilitar a
utilização da coisa (abertura de uma nova entrada para servir de garagem para a casa). São
voluptuárias aquelas feitas para o mero prazer, sem aumento da utilidade da coisa
(decoração do jardim). Art. 96, CC.

Benfeitorias necessárias: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a estas
benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas. O possuidor
de má-fé tem direito de ser ressarcido apenas quanto a estas benfeitorias (aquele que tiver o
dever de indenizar tem direito de optar entre o valor atual da coisa e o custo dela), não
possuindo direito de retenção.

Benfeitorias úteis: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a estas
benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas.

Benfeitorias voluptuárias: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a estas
benfeitorias ou de retirá-las, desde que não haja detrimento da coisa (que não haja a
desvalorização do imóvel, por exemplo), caso não lhes sejam pagas. O possuidor de má-fé
não tem direito a levantar as benfeitorias voluptuárias.

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Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa


Os arts. 1.217 e 1.218, CC tratam da responsabilidade do possuidor com relação a perda ou
deterioração da coisa:
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou
deterioração da coisa, a que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração
da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se
teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.

Pela redação dos dispositivos, percebe-se que essa responsabilidade é somente do


possuidor de má-fé, que deverá indenizar o proprietário em razão da perda ou da
deterioração da coisa, mesmo que acidentais. Essa responsabilidade somente será afastada
havendo prova de que a perda ou deterioração ocorreria mesmo que a coisa estivesse na
posse do reivindicante (art. 1.218, 2ª parte).

Ex.: João se apossa do cavalo de Pedro. Neste caso, se o cavalo morrer na posse de João por
ter ingerido veneno, ele deverá indenizar a Pedro. Contudo, se a morte do animal ocorrer por
uma doença cardíaca grave, ou seja, mesmo que estivesse na posse de Pedro ele morreria,
não terá João o dever de indenizar. CUIDADO, pois, neste caso, depende de PROVA!

Usucapião
O principal efeito da posse é o direito de usucapião, ou seja, o exercício de posse de uma
coisa por certo tempo gera a chamada prescrição aquisitiva, que dá direito ao titular a
pleitear a propriedade da coisa através da pretensão de usucapião.

Proteção Possessória
Dentro dos efeitos da posse encontra-se a possibilidade que o possuidor tem de se utilizar
das ações possessórias (ou interditos possessórios) para proteção e defesa de sua posse.
Importante observar que as ações possessórias tanto podem ser exercidas pelo proprietário
detentor da posse, como também por aquele que, embora não tenha a propriedade, se
encontra na posse da coisa.Quanto a proteção possessória, o CC prevê os seguintes
dispositivos:
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver
justo receio de ser molestado.
§1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por
sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de
desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição
da posse.
§2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de
alguma das outras por modo vicioso.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização,
contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não
aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do
prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve.

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Ações Possessórias
1. Interdito proibitório: caso de ameaça ou risco ao exercício da posse do titular. Proteção de
perigo iminente.
2. Ação de manutenção de posse: caso de turbação ou perturbação à posse, ou seja, houve
um atentado à posse, mas sem retirá-la do possuidor. Preservação da posse.
3. Ação de reintegração de posse: caso de esbulho ou retirada da posse, quando o atentado
se concretiza e o possuidor é destituído da sua posse. Devolução da posse. Cabível sempre
que houver invasão, mesmo que parcial, do imóvel.

Perda da Posse (arts. 1.223 e 1.224 do CC)


A perda da posse ocorre quando alguém deixa de agir como se dono/proprietário fosse.
A perda pode ocorrer de várias formas, mas quatro delas são as principais:
➙ derrelicção, ou abandono voluntário da coisa;
➙ tradição, que é quando há a transmissão voluntária da posse a terceiro;
➙ esbulho, que é quando a posse é tomada/subtraída do seu possuidor, contra sua vontade;
➙ destruição da coisa, ou seja, quando a coisa deixa de existir.

Propriedade
Atributos da propriedade
Estes quatro atributos da propriedade: Gozar, Reivindicar, Usar e Dispor, são resumidos na
expressão GRUD. Art. 1.228, CC. Se uma pessoa tiver todos estes atributos terá a propriedade
plena. Contudo, faltando algum deles ou, caso esses atributos sejam divididos entre duas ou
mais pessoas, haverá a propriedade restrita.
Direito de uso, ou seja, utilização da coisa conforme as permissões legislativas, ou seja,
existem limites ao uso como, por exemplo, o direito de vizinhança, a desapropriação ou o
tombamento.
Direito de gozo ou fruição, ou seja, a possibilidade de retirar da coisa os frutos que ela
produz (sejam eles naturais ou civis), como, por exemplo, a locação de um imóvel.
Direito de disposição, ou seja, sendo o proprietário da coisa, poder transmiti-la a terceiro,
seja por ato entre vivos (compra e venda) ou causa mortis (testamento), seja de forma
onerosa (mediante pagamento) ou gratuita (negócio benéfico, sem pagamento).
Direito de reinvindicação, ou seja, possibilidade de, através de ação petitória, com
fundamento na propriedade, reivindicar a coisa de quem a detenha injustamente. A ação
reivindicatória é a ação petitória mais comum, tratando-se de ação real fundada no domínio.
Tartuce afirma que pode-se “afirmar que proteção da propriedade é obtida por meio dessa
demanda, aquela em que se discute a propriedade visando à retomada da coisa, quando
terceira pessoa, de forma injustificada, a tenha, dizendo-se dono”. O STJ tem entendido ser
imprescritível tal ação, tendo em vista seu caráter declaratório.

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Usucapião de bens imóveis


Posse com a intenção de ser dono (posse ad usucapionem);
Posse deve ser mansa e pacífica, ou seja, sem oposição;
Lapso temporal prescrito em lei.

Extraordinária Ordinária

Art. 1.238 Art. 1.242


15 anos de posse 10 anos de posse
Dispensa a existência de justo título Justo título e boa-fé.
e boa-fé. REDUÇÃO DE PRAZO: para 5 anos se
REDUÇÃO DE PRAZO: para 10 anos o imóvel tiver sido adquirido, de
se o imóvel for utilizado para forma onerosa, devidamente
moradia habitual ou se tiver sido registrado e, posteriormente, tiver o
realizado obra ou serviço de caráter registro cancelado e desde que os
produtivo. possuidores tenham estabelecido lá
sua moradia ou realizado
investimentos de interesse social e
Especial Rural econômico.
Art. 1.239
5 anos Especial Urbana
área rural de até 50hectares
produtividade ou moradia Art. 1.240
não ser proprietário de outro 5 anos
imóvel urbano ou rural. área urbana de até 250m²
moradia
não ser proprietário de outro
Especial urbana por abandono do lar imóvel urbano ou rural
conjugal
• Art. 1.240-A Especial Urbana coletiva
• 2 anos
• área urbana de até 250m² • Art. 10, Lei 10.257/01
• moradia (posse direta) • núcleos urbanos informais
• usucapiente seja proprietário em • 5 anos
conjunto com ex-cônjuge ou • área por possuidor, inferior a 250m²
companheiro que tenha abandonado • não serem os possuidores
o lar proprietários de outro imóvel urbano
• não ser proprietário de outro imóvel ou rural.
urbano ou rural.

Usucapião de bens móveis


Usucapião ordinária
Prevista no art. 1.260, CC, exige posse ad usucapionem, lapso temporal de 3 anos, justo
título e boa-fé.
Usucapião extraordinária
Prevista no art. 1.261, CC, exige posse ad usucapionem, lapso temporal de 5 anos. Não exige
justo título e nem boa-fé.

34
2ª Fase 37º Exame de Ordem
Revisão Turbo | Direito Civil

Perda da Propriedade (art. 1.275 do CC)


Vizinhança
Uso da propriedade
➙ Art. 1.277 e 1.278

O proprietário de uma coisa/prédio não pode usar de sua propriedade de forma a impedir
ou limitar o exercício da propriedade por parte do prédio vizinho. Desta forma, o art. 1.277,
CC permite que o proprietário de um prédio faça cessar as interferências prejudiciais a
utilização da sua propriedade.
Existe, portanto, uma proibição ao uso nocivo da propriedade, que importa em perturbação
da segurança, do sossego ou da saúde dos vizinhos.
De se observar que essa proteção trazida pelo art. 1.277, CC é conferida tanto ao proprietário
como, também, ao possuidor que podem se utilizar de medidas variadas (responsabilidade
civil, obrigação de não fazer, nunciação de obra nova, etc) para fazer cessar a interferência.
Estas proibições de interferências levarão em conta a utilização e localização do prédio,
limites ordinários e tolerância dos moradores da vizinhança.
O art. 1.278, CC, por sua vez, determina que não prevalece o direito de fazer cessar a
interferência, se as mesmas forem justificadas por interesse público. Em uma situação como
esta, haverá o dever, por parte do proprietário do prédio que causa o dano, de indenizar o
vizinho. Ex.: construção de açudes que invadem parte da propriedade vizinha, passagem de
rede elétrica.
Sempre que for possível, o vizinho poderá exigir a redução ou eliminação das interferências,
ainda que por decisão judicial devam ser toleradas – art. 1.279, CC. Ex.: foi tolerada a
construção do açude, mas o mesmo secou e, neste caso, o proprietário pode recuperar o
uso da sua propriedade.
Quando o prédio ameaçar ruína, o proprietário o prédio vizinho pode exigir demolição ou
reparação, além de poder exigir caução pelo dano iminente. Art. 1.280, CC. Sempre que
houver iminência de dano, na construção sobre o prédio vizinho, poderá o outro exigir
garantia de eventual prejuízo (art. 1.281, CC).

Passagem forçada
➙ Art. 1.285
Acessibilidade do imóvel encravado – pode exigir do vizinho a passagem forçada.
Essa passagem será concedida pelo imóvel mais natural e que mais facilmente se preste a
passagem, mediante indenização cabal (conforme o valor da área da passagem + a
desvalorização) e o rumo (localização da passagem) será fixado judicialmente quando não
houver acordo entre as partes.
O enunciado 88 das Jornadas de Direito Civil prevê que esse direito a passagem forçada
“também é garantido nos casos em que o acesso à via pública for insuficiente ou
inadequado, consideradas, inclusive, as necessidades de exploração econômica”.

35
2ª Fase 37º Exame de Ordem
Revisão Turbo | Direito Civil

De se observar que a passagem forçada é diferente da servidão de passagem. Esta última é


direito real e se constitui por acordo entre os proprietários de prédios vizinhos, quando um
deles seja encravado. Ademais, deve ser levado a registro no Cartório de Registro de
Imóveis. A passagem forçada é obrigatória e a servidão é facultativa.

Limites e direito de tapagem


➙ Art. 1.297 e 1.298

Despesas com divisas devem ser repartidas.


Permitido: cercas, muros, valas ou qualquer forma de separação entre prédios. Pode ser,
também, por cercas vivas, árvores ou plantas.
Tapumes para impedir passagem de animais: despesa por conta de quem deu causa.
Limites confusos: solução pela posse justa ou divisão em partes iguais.
Ação demarcatória: quando não houver demarcação de forma consensual. Procedimento
do art. 574, CPC.

Condomínio

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
Revisão Turbo | Direito Civil

Direito Matrimonial
Espécies de casamento:
1. Puramente religioso
2. Puramente civil (habilitação + celebração – juiz de paz + registro)
3. Religioso com efeitos civil (Lei nº 1.110/1.950 + Art. 71 e ss da Lei nº 6.015/1973)

Habilitação prévia (art. 1.515, CC):


Habilitação + celebração (ministro de confissão religiosa) + registro.

Habilitação posterior (art. 1.516, §2º, CC):


Celebração (ministro de confissão religiosa) + habilitação + registro.

Direito Civil Habilitação


tranquilo e sereno! Corre perante o Registro Civil.
Momento de averiguar a capacidade
Capacidade para o casamento e eventual impedimento.
Definir o regime de bens.
16 a 18 anos: necessidade de
autorização dos pais.
Consentimento: se um dos pais Celebração
permitir e o outro não, a solução é
pedir autorização judicial. Não deve No cartório: 2 testemunhas.
casar. Pode ser retirado até a Fora: 4 testemunhas + portas
celebração. abertas.
Indivíduo emancipado: não precisa Casamento civil: celebração por
da autorização dos genitores. juiz de paz.
Não pode haver casamento de menor
de 16 anos (art. 1.520, CC).
Causa suspensiva
Todo aquele que precisar, para casar,
de suprimento judicial de
• Art. 1.523, CC: não deve casar.
consentimento, ou autorização
judicial, o regime será o de separação Matrimônio realizado com
obrigatória de bens (art. 1.641, III, CC). inobservância de causa suspensiva:
imposição do regime de separação
Casamento nulo e anulável obrigatória (art. 1.641, I, CC).

Nulo: celebrado com inobservância Impedimentos


à impedimentos. Não prescreve.
Anulável: situações do art. 1.550, Art. 1.521, CC: não pode casar.
CC. Prazos prescricionais exíguos. Derivado do parentesco, vínculo
Enquanto estiver em vigência, ou prática de crime.
produz efeitos. Matrimônio realizado com
Depois da sentença: efeito inobservância de impedimento:
retroativo (art. 1.563, CC) - nulo (art. 1.548, II, CC) -
dissolução do vínculo, como se interessados ou o MP poderão, a
nunca tivesse ocorrido (volta a ser qualquer tempo, buscar a
solteiro). nulidade (art. 1.549, CC).

37
2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Mutabilidade do regime de bens


Pedido motivado ao juiz, feito por ambos os cônjuges e com a garantia do direito de
terceiros – art.1.639, § 2.º, CC.

Art. 734, CPC – necessidade de ambos firmarem a inicial.


Pacto antenupcial
Escritura pública; antes da habilitação (encaminha junto com a habilitação); dispor de regras
patrimoniais (art. 1.653, CC).
Não havendo convenção, ou sendo esta nula ou ineficaz (pelo estabelecimento de cláusulas
que não sejam possíveis) ➙ regime da CPB (art. 1.640, CC).
Sem o pacto antenupcial o regime que deve constar no casamento é o regime legal
(comunhão parcial de bens).

Outorga conjugal
Regra = necessidade de autorização conjugal. Arts. 1.647 a 1.650 do CC.
Exceção:
No regime da separação convencional de bens.
Na separação obrigatória a súmula 377, STF é aplicada.
No regime da participação final nos aquestos, quando o casal convencionar a livre
disposição dos bens.

Comunhão Parcial de bens


Bens incomunicáveis
Constituem o patrimônio pessoal dos consortes (arts. 1.659 e 1.661 do CC).
Bens comunicáveis
Integram o patrimônio comum (art. 1.660 do CC).

Comunhão universal de bens


Bens incomunicáveis: art. 1.668/CC
Os cônjuges, casados sob esse regime, não podem constituir sociedade entre si (art. 977,
CC).

Participação final nos aquestos


Existem cinco universalidades de patrimônios: 1. Os bens particulares que cada um possuía
antes de casar; 2. Os bens que o outro já possuía; 3. O patrimônio adquirido por um dos
cônjuges, em nome próprio, após o matrimônio; 4. Os adquiridos pelo outro, em seu nome,
após o casamento; 5. Os bens comuns, adquiridos pelo casal.
A participação ocorrerá sobre o patrimônio adquirido, de forma onerosa, pelo outro, mas
através de um crédito e não pela constituição de condomínio sobre o patrimônio. Significa
dizer que o direito não é sobre o patrimônio, mas sim sobre eventual saldo após as
compensações dos acréscimos de cada um.

38
2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Há uma expectativa de crédito (que só configura-se ao final). Não se trata de meação, mas
de crédito a receber.

Separação dos bens


Cada um possui o seu patrimônio (bens e dívidas anteriores e posteriores ao matrimônio).
Existem dois patrimônios bem separados: o do marido e o da mulher.
Não há qualquer comunicação de bens.
Qualquer dos cônjuges pode alienar ou gravar seus bens sem anuência do outro cônjuge.

Separação obrigatória – incidência da súmula 377, STF.

União Estável
- União estável = ato-fato jurídico = independe de vontade para que se configure. União
pública, contínua e duradoura, com a intenção PRESENTE de formar família.
- Aplicabilidade das regras de impedimentos (art. 1.723, § 1.º, CC).
- Não reconhecimento de uniões estáveis paralelas.
- Regime de comunhão parcial de bens.
- Concubinato = 1.727, CC – impedimento matrimonial.
- Não necessita residir sobre o mesmo teto.

- A possibilidade de julgamentos parciais no divórcio – art. 356, CPC/2015.


- Possibilidade de divórcio sem prévia partilha de bens.

➙ Divórcio extrajudicial
- Consenso;
- Inexistência de filhos incapazes ou nascituros (novo CPC) – cabe, neste caso, emancipar os
filhos menores de idade para a realização do divórcio extrajudicial – o CPC/2015 retirou o
termo menores, deixando os incapazes e incluindo os nascituros;
- Assistência de advogado.
➙ Divórcio no estrangeiro
O divórcio consensual pode ser reconhecido no Brasil sem que seja necessário proceder à
homologação. Art. 961, §5.º CPC + Prov. 53 CNJ = Apenas para divórcios consensuais
simples. Havendo guarda, partilha, necessária a homologação do STJ.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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➙ Separação e Divórcio Extrajudiciais: Lei 11.441/2007 + art. 733, CPC/2015


Requisitos: Consenso; Inexistência de filhos incapazes ou nascituros; Assistência de
advogado.

Guarda
Unilateral ou exclusiva, quando exercida por apenas um dos pais;
Compartilhada, quando exercida por ambos em iguais condições;
A guarda pode ser modificada se ficar provado que o guardião ou pessoas de sua
convivência familiar não trata convenientemente a criança ou o adolescente.
A guarda pode ser estabelecida a terceira pessoa, desde o nascimento, se houver
abandono afetivo (art. 1584, §5.º, CC).
Com a lei 13.058/2014 a guarda compartilhada tornou-se a regra!
Residência base de moradia = art. 1.583, §3.º

Filiação e reconhecimento dos filhos (art. 1.597 do CC)


Voluntário: livre manifestação dos pais – art. 1.607
- Filho falecido: apenas se tiver deixado herdeiros – art. 1.609, § único.
- Ato irrevogável e irretratável (mesmo que em testamento declarado nulo) – art. 1.610.
- Formas de reconhecimento: art. 1.609.

Judicial: sentença em ação de investigação


- Sentença proferida em ação que busca o reconhecimento do filho – investigação de
paternidade ou maternidade.
- Qualquer pessoa que tenha interesse pode contestar a ação (art. 1.615).
- Investigação de paternidade = ação imprescritível.

Oficioso: art. 2.º, Lei 8.560/92


- Quando a mãe indica o nome do pai no Cartório. Pai é intimado para se manifestar no
prazo de 30 dias. Se não o fizer, JUIZ encaminha o procedimento ao MP para ajuizar ação de
investigação de paternidade.
Ações de Filiação
Ação negatória = presunção. Legitimidade ativa = Pai.
Ação anulatória = reconhecimento voluntário. Legitimidade ativa = Pai.
Investigatória = busca descobrir a paternidade. Legitimidade ativa = Filho.
- São imprescritíveis.
Ação de Alimentos – procedimento especial
- Fundamento: lei 5478/68 + art. 1694 e seguintes do CC
- Valor da causa: 12x o valor do pedido (cuidar se existe valor no enunciado). Art. 292, III, CPC.
- Juiz, ao receber a inicial, deve fixar alimentos provisórios. Fazer pedido de alimentos
provisórios. Fundamentar no art. 4º, 5478/68 e, também, art. 300 e ss., CPC. Abrir tópico
específico.
- Gratuidade judiciária – observar que, se ficar evidente no enunciado que não há condições
de pagamento, a FGV cobra que faça o pedido. Também abrir tópico específico.

40
2ª Fase 37º Exame de Ordem
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- Decisão de alimentos provisórios: cabe agravo. É executável/cumprimento decisão


interlocutória.
- Citação para audiência única. Não havendo acordo – apresentar contestação.
-Sentença: retroage a data da citação.

Execução da obrigação alimentar


Atualmente, em razão das previsões do CPC/2015, a prestação alimentar pode ser cobrada
judicialmente através de quatro maneiras:

➙Título executivo extrajudicial – ação de execução – rito da prisão (art. 911, CPC/2015);
➙Título executivo extrajudicial – ação de execução – rito da expropriação (art. 913,
CPC/2015);
➙Cumprimento de sentença ou decisão interlocutória (nos mesmos autos) – rito da prisão
(art. 528, CPC/2015);
➙ Cumprimento de sentença ou decisão interlocutória (nos mesmos autos) – rito da
expropriação (art. 530, CPC/2015);

Pena de prisão: até 3 prestações vencidas + vencíveis durante o processo. Intimação para
pagamento em 3 dias ou justificativa ou prova do pagamento. Se não pagar – protesto da
decisão. Determinação de prisão civil por até 90 dias – regime fechado.

Constrição de bens: Juiz intima para pagamento em 15 dias, acrescido de custas. Se não
pagar, multa de 10% + honorários de 10%. Se pagar parcial, multa e honorários incidem sobre
o que falta. Não havendo pagamento, expedição de mandado de penhora.

Sucessões
Extinção da Personalidade
Morte real
Morte presumida sem decretação de ausência: art. 7º CC; provável a morte de quem estava
em perigo de vida. Ação de justificativa após fim das buscas. Desaparecido ou prisioneiro de
guerra não encontrado até dois anos após o término da guerra. Ação de justificação só após
2 anos do término da guerra.
Morte presumida com decretação de ausência: art. 6º + art. 22, ambos do CC; alguém que
desaparece sem dar notícias. Três fases: curadoria dos bens do ausente, sucessão provisória
+ sucessão definitiva (neste momento considera-se a morte).

+80 anos +5 anos sem notícias = suc definitiva

Comoriência: art. 8º, CC; morte simultânea – critério temporal. Morrem ao mesmo tempo
(mesmo que em lugares distintos).

41
2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Ausência
Ausente = art. 22 = aquele que desaparece de seu domicílio sem dar notícias, sem deixar
representante ou procurador para administrar-lhe o patrimônio.
A lei prevê três fases: curadoria dos bens do ausente, sucessão provisória e sucessão
definitiva. Art. 744 e ss. CPC/2015

Bens são arrecadados pelo curador (qualquer sucessor) ➙ publicação de edital na internet,
no site do Tribunal de Justiça e na plataforma de editais do CNJ, onde deverá permanecer
por 1 ano. Não havendo site, a publicação deve ocorrer, de dois em dois meses, no órgão
oficial e na imprensa da Comarca ➙ após o prazo previsto no edital, contado da rrecadação
dos bens do ausente e da nomeação do curador ( será de 3 anos este prazo se o ausente
tiver deixado representante) ➙ abertura da sucessão provisória (sentença de abertura da
sucessão provisória só produz efeitos após 180 dias da sua publicação na imprensa) ➙
possível a abertura de eventual testamento e do inventário para partilha dos bens  herdeiros
devem prestar garantia para ingressarem na posse dos bens ➙ após 10 anos da abertura da
sucessão provisória ➙ sucessão definitiva (A sucessão definitiva também pode ser requerida
se restar comprovado que o ausente conta com mais de 80 anos e que não há notícias dele
há mais de 5 anos) ➙ partilha dos bens.

Se o ausente reaparecer durante a sucessão provisória, o patrimônio lhe é devolvido.


Se o ausente retornar nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, terá direito
aos bens no estado em que se encontram, os sub-rogados em seu lugar ou o preço que os
herdeiros tiverem recebido pelos bens alienados.

Morte Abertura da sucessão Capacidade hereditária

Real Transmissão da Legítima: art. 1.798, CC.


Presumida herança aos herdeiros. Testamentária: arts. 1.798 + 1.799, CC.

Lugar da abertura da sucessão

• Regra: último domicílio do falecido (art. 1.785, CC).


Exceções:
1. Falecido sem domicílio certo: situação dos bens (art. 48, § único, I, CPC/2015).
2. Falecido sem domicílio certo e com bens em lugares diferentes: local de
qualquer dos bens (art. 48, § único, II, CPC/2015).
3. Falecido com pluralidade de domicílios: qualquer deles (art. 71, CC).

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Espécies de sucessão

Legítima
Herdeiros necessários: descendentes, ascendentes e cônjuge ➙ Garantia da legítima
(1/2 da herança).

Herdeiros facultativos: colaterais ➙ Podem ser excluídos da sucessão (liberdade plena


de testar).

Testamentária
Herdeiro instituído: recebe % da herança.
Herdeiro legatário: recebe bem certo, descrito e caracterizado.

Liberdade de testar – art. 1.789/CC


Princípio da liberdade limitada de testar – existe um percentual que não está sujeito à
vontade do testador, quando existirem herdeiros necessários.

Havendo herdeiros necessários – art. 1.789 – dispõe da metade da herança.


Herdeiros necessários: art. 1.845 – descendentes, ascendentes e cônjuge.
Deve ser respeitada a metade disponível aos herdeiros necessários - art. 1846, CC (herança ≠
legítima).
Valor da parte disponível definido pela avaliação – art. 1.847. Havendo excesso, redução das
disposições, nos termos dos arts. 1.966 a 1.968.

Herança ≠ meação.
Art. 1.850 – será plena a liberdade de testar se não houverem herdeiros necessários.

Indignidade Deserdação

Decorre de lei. Decorre da vontade do autor da herança.


Hipóteses: art. 1.814, CC. Hipóteses: art. 1.814 + art. 1.962 + art. 1.963, CC.
Independe de manifestação. Necessita de manifestação da vontade do autor da
Alcança o herdeiro legítimo e o herança, em testamento.
testamentário (instituído ou legatário). Deve indicar a causa da deserdação.
A exclusão depende da Ação de Só atinge aos herdeiros necessários (descendentes,
Indignidade. ascendentes e cônjuge).
Prazo: 4 anos (abertura da sucessão). A exclusão depende da Ação de Deserdação:
Admite reabilitação, mediante perdão confirma a causa alegada no testamento.
do ofendido. Prazo: 4 anos (abertura do testamento).
Nem sempre os fatos são anteriores à Não comporta perdão, pois o ato correspondente é
morte do autor da herança. praticado em testamento (ato de última vontade).
Pode, contudo, novo testamento revogar o anterior.
Os suportes fáticos são anteriores à morte do autor
da herança.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Petição de Herança
Pode ocorrer, por qualquer razão, que algum herdeiro não seja relacionado no inventário e
na partilha. Nesse caso, sua condição jurídica de herdeiro não é reconhecida (filho a ser
reconhecido de uma relação extraconjugal do de cujus).

Nesse caso, para que esse herdeiro possa ter seu direito reconhecido e, então, receber
parcela que lhe cabia na universalidade, deverá ingressar com uma ação judicial. Esse é o
caso da petição de herança.

A ação visa, portanto, o reconhecimento da qualidade de herdeiro e a satisfação quanto ao


acervo hereditário, ou seja, contemplar o herdeiro – autor da ação – com sua quota parte na
herança.

EXEMPLOS:
- Alguém que se aposse ilegalmente da herança ou de parte dela;
- Herança que é recolhida por parentes mais afastados do falecido e o interessado é de grau
mais próximo, de classe preferencial;
- A herança é distribuída entre os herdeiros legítimos, e aparece testamento do de cujus, em
que outra pessoa é nomeada herdeira;
- O filho não reconhecido ingressa com ação de investigação de paternidade e, de forma
cumulada, com a petição de herança.

Sucessão Legítima

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Sucessão testamentária
Liberdade de dispor Formas ordinárias

Limitada a 50% da herança: herdeiro Público:


necessário. Tabelionato
Plena: colaterais. 2 testemunhas

Disposições: Particular:
1. Patrimoniais Próprio testador
2. Pessoais: reconhecimento de filho, 3 testemunhas
perdão indigno. Possível não observar requisitos se houver risco
de vida (juiz analisa).
Capacidade:
1. No ato de elaborar o testamento: Cerrado:
pessoa capaz maior de 16 anos. Próprio testador
2 testemunhas
2. Incapacidade superveniente não retira
Tabelião aprova
validade.
Costurado e lacrado

Codicilo: Disposições de pequeno valor.

Formas especiais

Marítimo e aeronáutico:
No diário de bordo
Deve ser entregue a autoridade no desembarque
Só tem validade se a pessoa falecer na viagem ou não
convalescer dentro de 90 dias após desembarque

Militar:
Ao oficial responsável
Situação excepcional - aceito de viva voz.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Revogação do testamento
Revogar: modificar ou desconstituir, através de novo ato de vontade.

Caducar: o ato perde a validade por uma causa que o esvazia, ou em razão de um fato que
lhe retira o objeto.

Nulidade: onde há um vício, embora as consequências sejam idênticas: deixa de existir a


disposição testamentária. Depende de declaração judicial, enquanto a revogação é ato
unilateral.

Espécies de revogação:
EXPRESSA: dá-se mediante a confecção de novo testamento, onde é indispensável
mencionar a revogação do anterior, ou parte dele. Observa-se a mesma solenidade pra a
celebração (art. 1.969 CC).

TÁCITA: decorre do surgimento de novo testamento, cujos dizeres e o conteúdo


apresentam-se incompatíveis com o anterior. Ante a contradição, permanece sempre a
disposição mais recente.

O simples fato de existir novo testamento não significa que tenha revogado o anterior.
Ambos podem coexistir, desde que não sejam contraditórios, ou seja, desde que se
complementem.

Formas de revogação
1) Total: revogação pura e simples: declara-se, em novo testamento, a revogação do anterior,
não fazendo qualquer limitação ou reserva.
2) Parcial: limita-se ao tópico atingido – art. 1.970 CC
3) A revogação do testamento de reconhecimento de filho é válida, mas a declaração de
reconhecimento permanece surtindo efeitos.
4) O novo testamento não atinge os legados, pois estes são especificações dos bens.
5) A superveniência de descendente revoga automaticamente o testamento – art. 1.973 –
este dispositivo pressupõe a inexistência, ou conhecimento, de qualquer descendente.
Situação irrelevante em face do teor do art. 1.974: “rompe-se também o testamento feito na
ignorância de existirem outros herdeiros necessários.”

Efeitos da revogação
- Priva-se o testamento de qualquer eficácia, se total, ou da eficácia na parte atingida, se
parcial;
- Passa a vigorar a sucessão (legítima) hereditária, em todos os seus efeitos.
Ação para anulação do testamento
- Proposta no juízo do inventário;
- Testamento viciado ou com cláusulas proibidas.

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Ritos/Espécies de Inventários

4. Revisando Processo Civil

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter
A ação
O sistema processual brasileiro definiu dois tipos de ação:
➙ Ação de Conhecimento
➙ Ação de Execução

Ritos/procedimentos
São regras estabelecidas pela lei processual para o tramitar da ação perante o Poder
Judiciário. A lei define a soma de atos processuais que deverão acontecer entre o início
(petição inicial) e o fim da ação (sentença). Temos a seguinte divisão quanto aos
ritos/procedimentos: Procedimento Comum e Procedimentos Especiais. A forma de
identificar o uso de um ou outro é identificando o pedido (a pretensão que a parte vai levar
ao Poder Judiciário), será possível identificar o rito pelo qual este pedido vai tramitar perante
o Poder Judiciário.

Mas qual a forma desta identificação?


A mais singela será simplesmente verificar o índice do CPC – lá consta (a partir do art. 539)
o capítulo dos Procedimentos Especiais. Ou seja: todos os pedidos que vão tramitar
utilizando ou respeitando um rito/procedimento especial devem ter previsão expressa no
CPC (importante: ou em lei especial – Ex.: Lei de Alimentos prevê procedimento especial
para o pedido de alimentos).

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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E o Procedimento Comum? O uso deste também é definido pelo pedido, mas de uma forma
ainda mais simples: para todos os pedidos que não tiverem previsão de uso do
procedimento especial, será utilizado o procedimento comum.

Jurisdição
Todo o órgão do Poder Judiciário (juiz, desembargador, Ministro) tem jurisdição. No entanto,
o exercício desta jurisdição é limitado pelas regras de competência. Competência é, então, o
limite de atuação dos órgãos jurisdicionais. Dentro de seu campo de atuação é outorgado ao
juiz poder para decidir sobre os conflitos. A grande divisão diz respeito a competência
ESTADUAL e FEDERAL.

Diante disso, para fixar a competência federal basta verificar o art. 109 da Constituição
Federal – ali ficou definido quais seriam as circunstâncias que acarretam a competência
federal (da Justiça Federal). Já a competência estadual (Justiça Estadual) é definida de forma
residual – o que não for de competência federal, será de competência estatual.

IMPORTANTE: as regras de competência fixadas pelo CPC são territoriais, ou seja, definem o
lugar onde deverá ser proposta a ação. Ainda, a competência do JEC, JEF e JEFP é definida,
também, pelo valor da causa (no estado causas de valor até 40 Salários-Mínimos e nos
juizados federais causas de até 60 Salários-Mínimos).

Incompetência
A incompetência é dividida em absoluta e relativa.

Absoluta pode ser reconhecida de ofício e em qualquer grau de jurisdição (art. 64, §1ª do
CPC) - a competência absoluta trata dos casos de interesses públicos.

Relativa não pode ser reconhecida de ofício (art. 337, §5º do CPC) e deve ser alegada em
preliminar da contestação (art. 337, II do CPC), sob pena de prorrogação (art. 65 do CPC) - a
competência relativa disciplina os casos de interesses privados. O reconhecimento da
incompetência (tanto relativa quando absoluta) gera a remessa dos autos para o juízo
competente (e não sua extinção) – art. 64, §3º do CPC.

Importante:
O reconhecimento da incompetência no JEC acarreta a extinção do processo sem
resolução do mérito (artigo 51, inciso III, da Lei 9.099/95).

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Acesso à Justiça
Custas e Despesas Processuais
Foi definido, no art. 82 do CPC, que o autor, ao propor uma ação, deverá fazer o
adiantamento das custas processuais (ou seja, a parte autora deverá fazer o recolhimento
das custas para ter sua ação distribuída).
A sentença (ao final do processo – quando da sua extinção), condenará a parte vencida ao
pagamento (para a parte vencedora) das custas e despesas que esta (parte vencedora)
antecipou (art. 82, §2º do CPC).

Justiça gratuita
O próprio art. 82 do CPC prevê que no caso de Justiça Gratuita restará a parte isenta do
pagamento de custas e despesas processuais. Nesse sentido, o artigo 98 do CPC garante à
pessoa natural ou jurídica, tanto brasileira, quanto estrangeira, que tenha insuficiência de
recursos para o pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários
advocatícios, o direito à justiça gratuita.
O pedido ao benefício poderá ser feito em várias fases do processo, na inicial, contestação,
em recursos ou até mesmo na petição que traz um terceiro ao processo.
No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não podendo o juiz
indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o contrário. Nesse caso, ainda,
antes do indeferimento, a parte tem a oportunidade de provar o contrário (art. 99, §2º e 3º
do CPC). Diferentemente é a situação da pessoa jurídica, que para fazer jus à justiça gratuita
deve provar ser financeiramente hipossuficiente.

Honorários Advocatícios de Sucumbência


A parte vencida no processo é denominada de sucumbente – e deverá arcar com os ônus
desta derrota (da sucumbência). Dentre os ônus está o pagamento das custas (art. 82, §2º do
CPC) para a parte vencedora (como já referido anteriormente). E, por segundo, será também
a parte vencida condenada a pagar os honorários advocatícios ao ADVOGADO da parte
vencedora (conforme previsão expressa do art. 85 do CPC). Tal condenação deverá ser
fixada na forma estabelecida no art. 85, §2º do CPC.

Do Juiz
Suspeição e Impedimento
O magistrado, como órgão do Poder Judiciário, deve atuar com imparcialidade. No entanto,
existem circunstâncias que acarretam a sua parcialidade, as quais são definidas como
suspeição e impedimento. As causas que fundamentam o impedimento estão inseridas no
art. 144 do CPC e as de suspeição no art. 145 do CPC.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Verificada a parcialidade do juiz, através dessas duas hipóteses, não será declara extinção
do processo – deverá o magistrado ser afastado do processo e os autos encaminhados ao
seu substituto legal (sendo que os atos decisórios praticados até a substituição devem ser
invalidados).

No prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte deverá alegar o


impedimento ou suspeição, em petição específica, dirigida ao juiz do processo, na qual
deverá ser indicada o fundamento da recusa, podendo instrui-la com documentos em que se
fundar a alegação e com rol de testemunhas (art. 146, CPC).

Se reconhecer o impedimento ou a suspeição, o juiz ordenará imediatamente remessa dos


autos a seu substituto legal, caso contrário (não reconhecendo sua parcialidade),
determinará a autuação em apartado e no prazo de 15 dias deverá apresentar suas razões,
acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando remessa ao
tribunal para que julgue o incidente (§1º, art. 146, CPC).

O juiz poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de
declarar suas razões (§1º, art. 145, CPC), protegendo a sua intimidade.

Intervenção de Terceiros

A intervenção de terceiros pode se dar através das seguintes formas:

Assistência: Trata-se de uma intervenção voluntária, em que um terceiro interessado no


conteúdo da sentença intervém no processo a fim de assistir e ajudar a parte com a qual
tenha relação jurídica. Chama-se assistência simples. Existe, ainda, a assistência
litisconsorcial, que é quando o assistente e uma das partes tem um adversário em comum e
o assistente visa defender um direito seu.

Denunciação da lide: Aqui a intervenção é originada pela iniciativa de uma das partes, que
será chamado de denunciante, cujo objetivo é garantir o direito de regresso no caso de
improcedência do processo. Somente acontece nos casos do art. 125 do CPC.

Importante:
Esse direito de regresso somente será julgado pelo juiz se o denunciante perder a ação
principal.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Chamamento ao processo: Ocorre quando o réu chama a integrar o polo passivo da


demanda (apenas em processos de conhecimento) os demais devedores da mesma dívida,
configurando o litisconsórcio passivo.

Incidente de desconsideração da personalidade jurídica: O incidente de desconsideração


da personalidade jurídica vem regulado nos art. 133 a 137 do Código de Processo Civil.

Amicus Curie: O amicus Curie está previsto no art. 138 do Código de Processo Civil e sua
finalidade é auxiliar na formação de convencimento do juiz. Para que seja admitido o Amicus
Curie, deverá ser observada a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da
demanda e a repercussão social da controvérsia.

Atos Processuais
Atos processuais das partes
Previsto no artigo 200 do CPC, se subdivide em declarações unilaterais, que são os atos
realizados apenas pela parte, como no caso da petição inicial, ou bilaterais, que requerem a
manifestação de ambas as partes, como no caso do acordo. São atos que geram
imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

Atos processuais do juiz


O pronunciamento do juiz poderá ser feito através de sentenças, decisões interlocutórias e
despachos. De acordo com art. 203, §1º do CPC, sentença é o meio pelo qual o juiz, através
dos artigos 485 e 487 do CPC, finaliza a fase cognitiva do procedimento comum, bem como
extingue a execução. Decisão interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no
conceito de sentença (§2º). E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no
processo, de ofício ou a requerimento da parte (§3º).

Importante:
A extinção do processo vai sempre acontecer por sentença (art. 316).

Nulidades dos atos processuais


Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os requisitos de
validade e acarretar algum prejuízo. Se o juiz identificar uma nulidade durante o processo,
ordenará que seja corrigida, avaliando, inclusive, se os atos posteriores que dele dependam
também devem ser reparados (artigo 282 do CPC). A nulidade de um ato só poderá anular os
atos posteriores que dele dependam, não prejudicando os atos posteriores independentes,
conforme disciplina o artigo 281 do CPC.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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De acordo com o artigo 277 do CPC, o ato será considerado válido pelo juiz, desde que
tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha sido realizado de
forma contrária a lei. Isso porque adota-se o princípio da instrumentalidade das formas, que
diz que a forma é necessária apenas para que o ato alcance o seu objetivo, sendo que se
atingir o objetivo por outro meio não existirá o vício (exemplo: o réu é citado de forma
incorreta, mas comparece à audiência e se defende - o ato que inicialmente era nulo se
tornará válido).

Importante:
Identificando que o ato processual, mesmo nulo, não trouxe PREJUÍZO e alcançou a sua
FINALIDADE, não será decretada sua nulidade.

Prazos dos Atos Processuais


Os prazos, no direito processual civil, serão contados apenas em dias úteis (art. 219 do
CPC). Para contagem dos prazos, como regra, será identificado o dia do começo (art. 231 do
CPC), excluindo-se tal dia conforme o art. 224 do CPC (exclui-se o dia do começo e inclui-se
o do final). Na contagem de prazos quando a intimação acontecer via publicação no Diário
da Justiça Eletrônico, serão levados em consideração os §2º e 3º do art. 224 do CPC.
Ocorrendo uma causa interruptiva de prazo, terminada a interrupção, o prazo reiniciará na
sua integralidade (terminada a causa interruptiva a parte tem todo o prazo de volta).
Emergindo uma causa suspensiva, encerrada a mesma, a parte terá apenas o que restou (o
saldo) do prazo.
São causas que geram a modificação do prazo – contagem em dobro – aquelas previstas
no art. 180 (MP), art. 186 (Fazenda Pública), art. 186 (Defensoria Pública) e art. 186, §3º
(escritórios de prática jurídica das faculdades de direito), todos do CPC.
Também incidirá o prazo em dobro no caso do art. 229 do CPC (litisconsórcio com
diferentes procuradores de escritórios distintos).

Importante:
Conforme o §2º do 229 do CPC, tal dispositivo não se aplica aos processos em autos
eletrônicos.
Para as partes, a consequência da não observância dos prazos processuais é a preclusão,
ou seja, a perda do direito de manifestação:
➙ Suspensão do processo: Das causas de suspensão, elencadas no artigo 313 do CPC,
algumas são aplicáveis a todos os tipos (I, II, III e VI), outras são específicas do processo de
conhecimento (IV e V), já as do processo de execução são tratadas no artigo 921 do CPC.

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Tutelas Provisórias
As tutelas provisórias são divididas em: Evidência e Urgência.

A tutela provisória de evidência somente poderá ser pedida (e concedida/deferida) nos


casos do art. 311 do CPC e sua análise será incidental. Por outro lado, a tutela de urgência
exige, para sua concessão, a presença dos requisitos do art. 300 (podendo ser requerida e
analisada de forma incidente ou antecedente).

A Tutela de Urgência ainda se subdivide em antecipada (garantir direitos materiais) e


cautelar (garantir direitos processuais). Especificamente as tutelas de urgência poderão ser
requeridas de forma antecedente – a antecipada antecedente está regulada nos arts. 303 e
304 do CPC, enquanto a cautelar antecedente tem sua regulação no art. 305 e seguintes do
CPC.

Importante:
O instituto da Estabilização da Tutela somente será aplicável nos pedidos de Tutela
Provisória de Urgência Antecipada Antecedente (art. 304 do CPC).

Ação de Conhecimento – Procedimento Comum


Petição Inicial
Endereçamento: para quem, a competência.
Qualificação das partes: O CPC traz uma inovação referente a qualificação das partes na
petição inicial, tratado no artigo 319, inciso II, que a petição agora deverá indicar além do
nome, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu, deverá
mencionar também a existência de união estável, o CPF ou CNPJ e o endereço eletrônico.
Além do mais, a petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não de que lhe seja
designada audiência de conciliação ou mediação (art. 334 do CPC), bem como, deverá
juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo (art. 105, §2º do
CPC).
A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou
para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c art. 104 do CPC).
Para as pessoas jurídicas deve ser indicado: nome da empresa, sede, número de inscrição
no CNPJ, endereço eletrônico, representante da pessoa jurídica (colocar a qualificação do
representante).
Importante: Se o autor for absolutamente ou relativamente incapaz, deverá ser indicado a
pessoa que o representa ou assiste.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Emenda da Petição Inicial


Se a petição inicial estiver irregular, por faltar algum dos requisitos dos arts. 319 e 320 do
CPC, ou apresentar defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, o
juiz determinará que o autor emende ou a complete, no prazo de 15 dias (informando, com
precisão, o que deve ser corrigido ou completado - artigo 321, do CPC). Não cumprida tal
diligência, a petição inicial será indeferida (art. 321, parágrafo único, do CPC) – restando a
ação extinta sem resolução do mérito, na forma do art. 485, I do CPC.

Indeferimento da Petição Inicial


As hipóteses de indeferimento são aquelas previstas no art. 330, CPC. Identificada pelo
magistrado alguma das situações do art. 330 do CPC, deverá intimar o autor para
emendar/completar a inicial (art. 321, combinado com o art. 317, ambos do CPC).
A decisão que indefere a inicial, por gerar a extinção sem resolução do mérito, é uma
sentença (recorrível via apelação).
No caso de apelação, segundo o artigo 331, do CPC, o juiz poderá retratar-se de sua decisão
de indeferimento, no prazo de 05 dias, se não se retratar, o réu será citado para responder ao
recurso.

Improcedência liminar do pedido


Quando o juiz verificar que a inicial preenche os requisitos, determinará a citação do réu
para que possa ser integrado ao processo, mas se verificar uma das hipóteses do artigo 332,
do CPC, estará autorizado a proferir decisão liminar de total improcedência, sentença com
resolução do mérito (art. 487, I do CPC).
Para que não viole o princípio da ampla defesa e do contraditório, o juiz deverá ouvir o
autor. No entanto, não é necessária a oitiva do réu pois as causas de improcedência liminar
não prejudicam o réu, apenas ao autor, ademais, essa decisão liminar ocorre antes da citação
do réu.

Importante:
Também pode configurar causa/fundamento para a improcedência liminar dos pedidos a
identificação de prescrição ou decadência (art. 332, §1º do CPC) – neste caso, haverá
extinção com resolução de mérito conforme o art. 487, II do CPC.
Assim como no indeferimento, a improcedência liminar gera a extinção (mas com mérito) –
dessa forma, tal decisão será classificada como sentença (art. 316 do CPC), restando a
apelação como recurso adequado (art. 1.009 do CPC).
Vale recordar, ainda, que interposta a apelação o juiz poderá retratar-se no prazo de cinco
dias, se houve a retratação o juiz irá determinar o prosseguimento do processo, com a
citação do réu, contudo se não houver retratação, determinará que o réu apresente
contrarrazões, no prazo de 15 dias.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Audiência de mediação ou conciliação


De acordo com o artigo 334 do CPC, o juiz ao receber a petição e não for caso de
improcedência liminar ou indeferimento, deverá designar a audiência de conciliação ou
mediação com antecedência mínima de 30 dias, sendo que o réu terá que ser citado, pelo
menos 20 dias antes da audiência. Sua manifestação de desinteresse deverá ser apresentada
até 10 dias antes (§5º) da audiência, por simples petição.
Em caso de litisconsórcio, todos deverão manifestar o desinteresse (§6º).
Lembrando que, para não ocorrer a audiência ambas as partes deverão demonstrar
desinteresse.
O autor deverá demonstrar na petição inicial que tem interesse na audiência de mediação e
conciliação. Contudo, ainda que diga que não tem interesse, o juiz marcará audiência e
mandará citar o réu, que também deverá se manifestar sobre o seu interesse na
autocomposição, somente não será designada quando o juiz entender que a
autocomposição é inviável naquela lide ou se AMBAS as partes disserem que não tem
interesse.
Se o autor omitir na inicial seu interesse ou não pela audiência, o juiz entenderá sua
omissão como concordância com o ato, então, caso o réu venha a dizer que não tem
interesse, será designada audiência mesmo assim, ou ainda, se o autor disser que não quer,
mas o réu se manifestar pela realização da audiência de conciliação ou mediação, ela será
designada pelo juiz.
O comparecimento das partes é obrigatório, sob pena de ato atentatório contra à
dignidade da justiça e sob pena de multa de 2% da vantagem econômica pretendia ou do
valor da causa (art. 334, §8º do CPC).
As partes devem comparecer e estarem acompanhadas de seus respectivos advogados
ou defensores públicos (art. 334, § 9º do CPC)
Contudo, se a parte não puder comparecer, poderá ser representada por seu advogado,
desde que tenha procuração com poderes específicos (art. 334, §10 do CPC).

Contestação
Forma processual do réu/demandado apresentar sua defesa. Deverá ser protocolada no
prazo de 15 dias, obedecido o art. 335 do CPC.

Princípio da Eventualidade ou da concentração de defesa


Ao contrário do que ocorrer na petição inicial, a Contestação não possuí requisitos a serem
preenchidos obrigatoriamente.

Cabe ao réu alegar na contestação toda matéria de defesa, de forma específica, expondo as
razões de fato e de direito para impugnar o pedido do autor (art. 336, do CPC).

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Ônus da impugnação especificada


O Réu não pode apresentar, como regra, contestação genérica, devendo enfrentar de
forma específica tudo aquilo que foi alegado pelo autor, na petição inicial (fato não
contestado será considerado presumidamente verdadeiro).

Excepcionalmente, conforme previsão do art. 341, parágrafo único do CPC, será autorizada
e permitida a contestação genérica.

O réu pode então, na contestação, apresentar sua defesa processual (as denominadas
Preliminares, previstas no art. 337 do CPC) e de mérito (rebatendo de forma específica os
fatos – art. 341 do CPC – e os pedidos, art. 336 do CPC).

Reconvenção
Além da contestação, o réu poderá se valer da reconvenção para contra-atacar o autor, isto
é, através da reconvenção o réu poderá formular pretensões, assim como fez o autor na
petição inicial.
Segundo a expressa previsão do art. 343, deverá a reconvenção ser apresentada na
Contestação (entenda-se que não será em peça separada e no prazo da contestação).

Revelia
A revelia é configurada pela inércia do réu, que deixa de apresentar defesa em relação aos
fatos narrados na inicial – objetivamente, ocorrerá à revelia quando o réu não apresentar
contestação. A revelia do réu acarreta a presunção de veracidade dos fatos narrados na
petição inicial (art. 344, segunda parte do CPC) – os chamados efeitos da revelia; e a
desnecessidade de sua intimação para os demais atos do processo caso não tenha
constituído procurador nos autos. Importante recordar que os do art. 345 são hipóteses que
afastam a aplicação dos efeitos da revelia (o réu permanece revel, mas contra ele não se
aplicam os efeitos, ou seja, a presunção de veracidade dos fatos).

Julgamento conforme estado do processo


Extinção Parcial ou total do processo
Se já foram cumpridas as providências preliminares, o juiz procederá ao julgamento
conforme estado do processo, momento em que deverá analisar o destino da relação
processual, assim, ocorrendo qualquer hipótese prevista nos artigos 485 e 487, inciso II e III,
o juiz proferirá sentença, conforme artigo 354, do Código de Processo Civil, ainda, essa
decisão poderá ser apenas uma parcela do processo, caso em que será impugnável por
agravo de instrumento, conforme parágrafo único, do artigo 354, do CPC.

Julgamento antecipado do mérito


O juiz reconhece a desnecessidade de produção de mais provas em audiência de instrução
e julgamento (provas orais, periciais e inspeção judicial), proferindo sentença com resolução
de mérito, segundo artigo 355 do CPC.

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Julgamento antecipado parcial do mérito


O novo CPC também contempla a possibilidade de serem proferidas decisões parciais de
mérito – art. 356.

Ônus da prova
Caberá o ônus da prova ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao réu,
quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, essa é a
regra geral (art. 373, CPC).
Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo, ou quando, for mais fácil
para a outra parte provar fato contrário, o juiz poderá determinar, por decisão
fundamentada, que o ônus seja de forma diversa, ocasião em que deverá dar oportunidade a
parte de se desincumbir do ônus de que lhe foi atribuído. Além do mais, a distribuição
diversa do ônus da prova poderá ser determinada pelas próprias partes (através de um
acordo antes ou durante o processo).

Sentença
A sentença pode ser tanto o ato que extingue o mérito da causa, resolvendo-o, como
também poderá ser sem resolução do mérito, apenas resolução processual (art. 485 e 487,
do CPC).
A sentença sem resolução do mérito não produz coisa julgada, o seu efeito é apenas de
coisa julgada formal, pois não impede que a parte renove sua propositura processual (art.
486 do CPC).
Contudo importante observar que a nova proposta de ação só poderá ocorrer se houve o
pagamento das custas e honorários referente a ação anterior (art. 92 e 486, §2º do CPC).
Sobre a fundamentação ou motivação da sentença, é importante observar que não se
considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
acórdão que (art. 489, §1º do CPC).
Está sentença possui limites, que, se não respeitados, provocam sua nulidade, são as
chamadas sentenças ultra petita, citra petita e extra petita. Sentença extra petita é aquela
que o juiz julga pedido que não foi proposto pelo autor. Sentença ultra petita é aquela que o
juiz condena o réu em quantidade superior à pedida. A sentença infra ou citra petita é
quando o juiz deixa de apreciar algum pedido da parte, quando houver cumulação de
pedidos.

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Remessa necessária
Estarão sujeitos ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença, conforme o art. 496 do CPC: I - proferida contra a
União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações
de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução
fiscal.
Nestes casos, se não for interposta apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos
autos ao tribunal e se não fizer, deverá o presidente do respectivo tribunal avocá-los.
Não se aplicará a remessa necessária quando a condenação for de mil salários-mínimos para
a União e respectivas autarquias e fundações de direito público; de 500 salários-mínimos
para os Estados, DF e respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios
que constituam capitais dos Estados e; 100 salários-mínimos para todos os demais
Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
Também não se aplicará o reexame necessário em casos em que a sentença estiver fundada
em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada
no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em
manifestação

Ação de Execução
A legitimidade ativa para propor a execução está prevista no art. 778 do CPC.
Os legitimados do polo passivo da execução, estão previstos no art. 779 do CPC.
Quanto a cumulação de dois ou mais títulos na mesma execução não há nenhum
impedimento legal, desde que os títulos apresentem os requisitos de cumulação previstos
no art. 327 §1º e 780 do CPC.
Requisitos do título executivo: O art. 783 e 786 do CPC dispõe que “A execução para
cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”.

OBRIGAÇÃO REPRESENTADA NO TÍTULO DEVE TER:


1) LIQUIDEZ: exata quantidade da obrigação. É o quantum.
2) CERTEZA: exposição da obrigação no título, com exposição do devedor, qual obrigação e
requisitos da lei.
3) EXIGIBILIDADE: a obrigação deve estar apta a ser exigida (art. 786 do CPC).

O rol dos bens impenhoráveis encontra-se no art. 833 do CPC.

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ATENÇÃO
➙ Poupança: art. 833, X, do CPC: A impenhorabilidade dos bens depositados na caderneta de
poupança é limitada a 40 salários-mínimos.
➙ Diversas cadernetas de poupança: Caso o devedor possua diversas cadernetas de poupança,
o limite de impenhorabilidade deve considerar a soma de todas elas.
➙ Dívida relativo ao próprio bem: Lembre-se que a impenhorabilidade não é oponível à
execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição, na
forma do art. 833, §1º.
➙ Box de estacionamento: Caso o box do estacionamento tenha matrícula individualizada
poderá ser objeto de penhora (ver súmula 449 do STJ).

O art. 833, §2º é categórico ao afirmar que a impenhorabilidade prevista nos incisos IV e X não
se aplica aos casos de penhora para pagamento de prestação alimentícia.
A segunda parte do inciso 2º do art. 833 refere-se à possibilidade de penhora dos ganhos
excedentes a 50 salários-mínimos mensais, seja qual for a origem da obrigação.

➙ Impenhorabilidade do bem de família: Previsão na Lei 8.009/90. O imóvel residencial familiar


é impenhorável por dívidas de qualquer natureza.
EXCEÇÃO: Pode haver penhora do bem de família nos casos previstos no art. 3º da Lei
8.009/90.

Súmulas importantes: Súmula 364 do STJ, súmula 449 do STJ e súmula 486 do STJ.

Execução por quantia certa: A execução por quantia certa tem o objetivo de compelir o devedor
a pagar determinada quantia em dinheiro.
Na petição inicial, o exequente deverá juntar a memória de cálculo do débito atualizado, por
força do art. 798, I, “b” e parágrafo único e terá a opção de indicar os bens que deseja penhorar,
conforme art. 798, II, “c” do CPC.
Ao receber a petição inicial o juiz determinará a citação do devedor para pagar o débito em
três dias, sob pena de penhora, fixando desde já os honorários advocatícios.
No caso de execução por quantia certa, a citação implica no prazo de três dias para pagar (a
partir da efetiva citação do devedor) e o prazo de quinze dias para oferecer embargos (contados
da juntada do mandado aos autos), independentemente de realizada ou não a penhora.

Penhora: Não ocorrendo o pagamento em três dias, o oficial de justiça fará a penhora dos bens
indicados pelo credor na petição inicial e caso não haja indicação, fará a penhora sobre os bens
que localizar em diligência, observado o rol de bens impenhoráveis previsto no art. 833 do CPC
e da Lei n. 8.009/90.
A expropriação dos bens é o meio pelo qual o credor alcançará a satisfação de seu crédito na
execução por quantia certa e consiste na adjudicação, alienação ou apropriação de frutos e
rendimentos de empresa ou estabelecimento e de outros bens.

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A adjudicação ocorre quando o bem móvel ou imóvel penhorado é transferido para o credor
a fim de satisfazer seu crédito e nunca poderá ocorrer por valor inferior ao da avaliação.
Alienação do bem, que far-se-á por iniciativa particular (art. 866 do CPC) ou em leilão judicial
eletrônico ou presencial (art. 879, CPC).

Execução contra fazenda pública: A execução contra fazenda pública fundada em título
extrajudicial está regulada no art. 910, do CPC, que determina sua citação para opor
embargos à execução em trinta dias.

Não havendo interposição de embargos ou rejeitados em decisão transitada em julgado,


será expedido precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente, observado
o disposto no art. 100 da C.F.

Não existe expropriação de bens contra a Fazenda Pública.

Cumprimento de sentença
O cumprimento de sentença é utilizado quando o credor tem um título executivo judicial
(rol de títulos executivos judiciais no art. 515, CPC).
Para que seja iniciado o cumprimento de sentença é necessário a presença de três
requisitos: a) o título executivo judicial; b) inadimplemento do devedor; c) iniciativa do
exequente (513, §1º, do CPC).
É possível fazer o cumprimento de sentença de decisões interlocutórias (exemplo: fixação
liminar de alimentos), cumprimento de sentença provisório (quando a decisão exigida ainda
pode ser modificada) e, ainda, cumprimento de sentença definitivo (sentença já transitada
em julgado).

Cumprimento de sentença de quantia certa


Para que o cumprimento de sentença seja iniciado é necessária a manifestação do credor,
através de petição nos mesmos autos, requerendo a intimação do devedor para que efetue o
pagamento do débito no prazo de quinze dias – art. 523 do CPC. O devedor será intimado na
forma do art. 513, §2º do CPC.

Cumprimento de Sentença contra Fazenda Pública


Constituído o título judicial contra a Fazenda Pública, o cumprimento de sentença deve
constar cálculo discriminado do valor do débito de acordo com os requisitos previstos no
art. 534, do CPC. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial,
por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de trinta dias e nos
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir as matérias elencadas nos incisos do
art. 535, do CPC. Se a Fazenda Pública não apresentar impugnação, será expedido o
precatório ou requisição de pequeno valor.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Extinção da execução
Os motivos que levam a extinção da execução estão previstos no art. 924 do CPC, o rol
apresentado é exemplificativo, já que existem outras formas que acarretam na extinção da
execução, como por exemplo, o acolhimento dos embargos.

O art. 925 determina a necessidade de sentença para que a extinção da execução produza
efeitos.

Embargos à execução
A propositura de embargos à execução é a forma que o executado ataca a ação de
execução fundada em título executivo extrajudicial. Trata-se de uma ação autônoma, mas
vinculada à execução (deve ser proposta no juízo da execução e a distribuição deve ser por
dependência com tramitação em autos apartados). Tem natureza de ação de conhecimento
e se presta para desconstituir ou declarar a nulidade ou inexistência do crédito.
O PRAZO para apresentação dos embargos é de quinze dias, conforme preceitua o art. 915
do CPC e observado o art. 231 do CPC que fixa as regras para a contagem do prazo.
Caso o executado reconheça o crédito do exequente no prazo dos embargos e comprove o
depósito de 30% do valor da execução (acrescido de custas e honorários), poderá requerer o
PARCELAMENTO do restante em até 6 parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e
juros de um por cento por mês (art. 916 CPC). Com o deferimento do pedido de
parcelamento, a execução ficará suspensa até a quitação integral do débito.
Importante destacar que o credor não poderá opor-se ao parcelamento, pois se trata de
um direito que a lei confere ao devedor, mas será intimado (art. 916 §1º do CPC) para
manifestar-se em 5 dias sobre o preenchimento dos pressupostos.
O inadimplemento de qualquer das prestações do parcelamento acarretará o vencimento
antecipado das prestações subsequentes e no prosseguimento do processo com o imediato
reinicio dos atos executivos, além de multa de 10% sobre o valor das prestações não pagas
(parágrafo quinto do art. 916).

Efeito suspensivo
O art. 919 do CPC prevê que os Embargos a Execução não terão efeito suspensivo (ou seja,
prossegue a execução).
Como forma de exceção, poderá ser concedida tal efeito (para suspender a execução,
desde que presentes os requisitos do art. 919, parágrafo primeiro).

Impugnação ao cumprimento de sentença


A impugnação é o meio adequado de defesa do devedor no cumprimento de sentença
(título executivo judicial), tratando-se de incidente da fase de cumprimento de sentença,
julgado por intermédio de decisão interlocutória.
O prazo para apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença é de 15 dias após
o decurso do prazo para pagamento voluntário, independentemente de penhora ou nova
intimação, conforme art. 525 do CPC:
61
2ª Fase 37º Exame de Ordem
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A impugnação ao cumprimento de sentença ocorre por intermédio de petição direcionada


ao juízo da execução, devendo seu mérito basear-se de acordo com os fundamentos do art.
525, §1º, do CPC.
Além disso, caso o impugnante deseje, deverá formular o pedido do efeito suspensivo.
Caso a impugnação esteja de acordo com os requisitos legais, o juiz a receberá e
determinará a intimação do impugnado (exequente) para apresentar sua resposta no prazo
de quinze dias.
Petição de exceção de pré-executividade - A exceção de pré-executividade é feita através
de simples petição a ser juntada nos autos, alegando a nulidade da execução, conforme art.
803.

Estruturação da Petição Inicial


a) Forma de identificar a peça: justamente se é a peça que vai desencadear o processo.
Então de regra, a FGV vai narrar uma situação de fato e conforme o artigo 312 do CPC, a ação
considera-se proposta com o protocolo da petição inicial;
Cuidar na hora de identificar a peça: existem iniciais que vão ser propostas mesmo com um
processo em andamento – ex: embargos à execução, embargos de terceiro, oposição...

b) Base para estruturar a peça: Art. 319 do CPC. Esse artigo 319 do CPC será usado como
base para estruturar petição inicial, e vocês adaptam a petição inicial de acordo com o
procedimento.

Exemplo: na ação de consignação em pagamento que é um procedimento especial, vocês


fazem com base no artigo 319 do CPC, mas observam o artigo 542 do CPC, que traz os
requisitos da Petição Inicial da ação de consignação em pagamento. Ex: o réu é citado para
contestar ou levantar o depósito na consignação.

c) Requisitos da Petição Inicial:


Os elementos do art. 319 do CPC devem constar na Petição Inicial;
Requisitos devem ser preenchidos para que a Petição Inicial possa desencadear o processo;
Assinada de forma genérica. Exemplo: Local..., Data..., Advogado...,OAB...

Exemplos de endereçamentos conforme a competência


CUIDAR SEMPRE O ENUNCIADO DA FGV PARA FAZER DE ACORDO COM AS REGRAS DE
COMPETÊNCIA E DE ACORDO COM OS DADOS DO ENUNCIADO:

➙ No caso da Justiça Estadual quando tiver mais de uma vara: (É A REGRA GERAL)
DOUTO JUÍZO DA ...VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA DO ESTADO DE PARANÁ.

➙ No caso do Juizado Especial Cível Estadual:


DOUTO JUÍZO DO ... JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO SUL DO
ESTADO RIO GRANDE DO SUL

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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➙ No caso do Juizado Especial da Fazenda Pública:


DOUTO JUÍZO DO ... JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SANTA
CRUZ DO SUL DO ESTADO RIO GRANDE DO SUL

➙ No caso de Tribunal de Justiça: (não no caso de recursos e sim de petição inicial nos casos
de competência originária)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

➙ No caso de Tribunal Federal: (não no caso de recursos e sim de petição inicial nos casos
de competência originária)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO (Como exemplo, o estado do Rio
Grande do Sul pertence à 4ª região, contudo, caso a problemática da FGV não informe a
região a que pertence o Estado, o examinando não deverá informar, a fim de evitar a
identificação de peça).

➙ No caso do STJ:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA

➙ No caso do STF:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL

Após o endereçamento, dá-se um espaço e inicia-se a qualificação das partes, conforme


previsão do inciso II do artigo 319 do CPC.

Quanto à qualificação das partes


Neste caso, indica-se o polo ativo (quem pede) e o polo passivo (em face de quem se pede).
Ou seja, quem possui a legitimidade para ingressar com a ação e quem deve responder,
cumprindo, assim, um dos requisitos do artigo 17 do CPC, que impõe a legitimidade da parte
para postular em juízo.

Previsão do art. 319, II, do CPC: “os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de
união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do
autor e do réu”.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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➙ Exemplo de qualificação das partes:

NOME DO FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil...(verificar no problema se há


menção sobre união estável), profissão..., portador da Cédula de Identidade..., do CPF..., com
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., número..., bairro..., Cidade...,
Estado..., CEP..., por intermédio de seu advogado constituído (procuração em anexo), OAB...,
endereço eletrônico..., com endereço profissional na Rua..., número.., Bairro..., Cidade...,
Estado..., CEP..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, ajuizar, pelo procedimento comum (com fundamento no artigo...), a presente
(....)

Importante: representação das pessoas jurídicas e dos entes despersonalizados: art. 75 do


CPC.

Dos fatos e fundamentos jurídicos


Descrever de acordo com o enunciado as razões pelas quais está ingressando com a ação.
O que ocorreu. Dica para realizar uma boa descrição dos fatos:

➙ 1º Descrever a relação jurídica, ou seja, o que liga o autor e réu;


➙ 2º Descrever o motivo pelo qual tem o conflito, o que originou o processo;
➙ 3º Descrever a conclusão, ou seja, o que pretende com a ação;

Os autores JOÃO AGUIRRE E RENATO MONTANS DE SÁ apresentam na sua obra PRÁTICA


CIVIL 7. Ed. Saraiva: São Paulo, 2017, p. 31, o seguinte esquema para uma boa apresentação
dos fatos na Petição Inicial, consoante segue em 3 passos:

➙ 1º Descrever a relação jurídica: descrever a relação fática jurídica mantida entre as partes,
da qual derivou o conflito. Assim, aqui deve ser descrita a situação de fato ou de direito que
antecedeu o conflito ou com ele foi concomitante. Os autores citam exemplos:
a) O fato de autor e réu estarem trafegando de automóvel na mesma via;
b) O casamento entre o autor e a Ré;
c) O contrato de compra e venda de determinado produto celebrado entre as partes;
d) A doação feita pelo autor ao Réu;
e) O fato de o Réu ter se obrigado a pintar um quadro;

➙ 2º Descrever o Fato Gerador: ou seja, o motivo principal que deu origem ao conflito. Aqui
deve ser descrito o fato em si que deu origem à pretensão ou ao direito potestativo do autor.
Exemplificam os doutrinadores acima:
O fato de o réu ter, imprudentemente, abalroado a traseira do automóvel do autor;
O fato de ter se tornado insuportável a continuidade da vida em comum;
O fato de o produtor vendido conter um vício;
O fato de o autor ter incorrido em erro escusável no momento da doação;
O fato de o réu não ter entregue o quadro na data aprazada;

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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➙ 3º Descrever a conclusão: isto é, a consequência lógica e jurídica da união entre a relação


e fato gerador, o que levará aos objetivos que o autor pretende com a ação. Aqui deve ser
descrito o que se pretende com a ação.

Exemplificam Aguirre e Sá da Seguinte forma:

O autor deve ser indenizado pelo réu;


A separação do casal;
O réu deve trocar o produto viciado;
O negócio jurídico deve ser anulado;
O réu deve pintar o quadro, conforme pactuado;

Nos argumentos jurídicos, o examinando deverá fazer a fundamentação QUE ENSEJOU O


PEDIDO da ação, demonstrar os dispositivos legais aplicáveis, entendimento jurisprudencial,
se for o caso. NÃO BASTA APENAS LANÇAR O DISPOSITIVO, tem que contextualizar com a
fundamentação. Mera cópia de artigo não pontua.

OBSERVAÇÃO: na petição inicial esses requisitos são cumpridos da seguinte forma:

I – DOS FATOS
ATENÇÃO: Os fatos devem ser narrados com o enunciado. É VEDADO inventar dados sob
pena de identificação de prova e atribuição de nota zero!

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


A partir dos fatos usar a nomenclatura correta para as partes, de acordo com o tipo de peça;

III – DO PEDIDO COM AS SUAS ESPECIFICAÇÕES: o autor deve dentre outros pedidos trazer
o pedido de total procedência da ação para o fim de... (pedido certo e determinado,
conforme 322 e 324 do CPC);

65
2ª Fase 37º Exame de Ordem
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IV – VALOR DA CAUSA
O valor da causa que deve constar na petição inicial e na reconvenção tem inúmeras
consequências para o processo.

Deste modo, SE A PEÇA FOR ESTRUTURA DE PEÇÃO INICIAL, o valor da causa sempre
constará na petição inicial, independentemente se for procedimento contencioso ou
voluntário, mesmo que a causa não tenha conteúdo econômico que seja imediatamente
aferível, conforme previsão do art. 291 do CPC.

Para fixar o valor da causa o examinando deve observar o enunciado da FGV, bem como os
critérios para fixação do valor da causa contidos no artigo 292 do CPC.

Critérios para fixação da causa: Previsão no art. 292 do CPC.

IV. As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados:
Na petição inicial, tem o Autor dever de indicar as provas que pretende demonstrar a
veracidade dos fatos alegados.
Para FGV geralmente se faz o pedido genérico sempre: REQUER A PRODUÇÃO DE TODOS
OS MEIOS DE PROVA EM DIREITO ADMITIDOS. E caso conforme a ação ou o enunciado da
peça, se faz o pedido específico de alguma prova.

V. Manifestação do autor quanto à audiência de conciliação ou mediação:


Previsão do inciso VII: “a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação
ou de mediação”.
Exemplo de como fazer esse pedido:
Em atendimento ao disposto no artigo 319, inciso VII do Código de Processo Civil, informa o
autor a opção pela realização da audiência de conciliação ou mediação.
Algumas outras situações que podem constar na peça:

➙ INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO: quando for situação do artigo 178 ou outra


situação prevista, como por exemplo, parágrafo único do artigo 698 do CPC; Cuidar
previsão legal se tiver intervenção do Ministério Público deve pedir;

➙ TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL: nos casos do artigo 1.048 do CPC. No que tange ao inciso I
do artigo 1.048 do CPC cuidar ainda o caput do artigo 71 do Estatuto do Idoso e o §5º do
artigo 71 do Estatuto do Idoso. Cuidar ainda a previsão do artigo 4º da Lei de Alienação
Parental.

➙ PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA: conforme previsão dos artigos 294 a 311 do CPC. Pode
haver ainda a liminar, conforme (art. 9º, parágrafo único inciso I, II e III);

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Outros Pedidos que vão constar na peça, mas observe:


➙ PEDIDO DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA OU PEDIDO DE
RECOLHIMENTO DE CUSTAS INICIAIS; CUIDANDO O ENUNCIADO DA FGV;
➙ PEDIDO DE CONDENAÇÃO DO RÉU EM VERBAS SUCUMBÊNCIAIS: Ou seja, condenação
em custas e honorários de advogado.
➙ PEDIDO DE CITAÇÃO: sempre cuidando o procedimento. Ex: no procedimento comum de
regra o réu é citado para comparecer à audiência de conciliação ou mediação na forma do
artigo 334 do CPC;
➙ PEDIR A PROCEDÊNCIA DA AÇÃO PARA O FIM DE...

VERBOS ADEQUADOS

Petição Inicial ➙ Propor/Ajuizar


Contestação e demais petições em andamento ➙ Apresentar/Oferecer
Alegação de Suspeição/Impedimento/Preliminar ➙ Arguir
Recursos (Com exceção dos embargos) ➙ Interpor
Embargos ➙ Opor
Mandado de Segurança, Injunção Habeas Corpus e Habeas Data ➙Impetrar

Emenda à petição inicial


Peça apresentada pelo Autor, na forma do artigo 321 do CPC, quando:
O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os
requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende
ou a complete, indicando com precisão o que deve ser
corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz
indeferirá a petição inicial. (BRASIL, 2015)

Caso o juiz verifique que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos pelos artigos
319 e 320 do CPC, ou ainda, que a petição apresenta defeitos e irregularidades que
dificultam o julgamento de mérito, determinará que o autor emende ou complete a inicial no
prazo de 15 dias.

➙ Como verificar que é a emenda à petição inicial na hora da PROVA?


A peça processual será emenda a petição inicial quando o enunciado da FGV deixar
evidente que a petição inicial deixou de atender os requisitos dos artigos 319 e 320 do
Código de Processo Civil e o juiz intimou o Autor para emendar / completar a petição inicial.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Estruturação de contestação:
a) Como identificar que é contestação? É a peça de defesa do réu, sendo que é apresentada
de acordo com um dos termos do artigo 335 do CPC.

b) Prazo:
Fundamento Legal: 335, caput do CPC que estabelece o prazo legal de 15 dias a iniciar de
acordo com uma das hipóteses do art. 335 do CPC (ver enunciado da FGV).
➙ OBSERVAR QUE CONTAM SOMENTE DIAS ÚTEIS: ART. 219 DO CPC;
➙ OBSERVAR QUE EXCLUI O DIA DO INÍCIO E INCLUI O DIA DO VENCIMETO: ART. 224 DO
CPC;
➙ OBSERVAR AS HIPÓTESES DE PRAZO EM DOBRO;
Trazer toda matéria de defesa na Contestação: IMPUGNAR TUDO!!!
c) Princípio da eventualidade (art. 336 do CPC).
d) Ônus da Impugnação Especificada (art. 341 do CPC).
e) Preliminares (art. 337 do CPC): Recebem este nome justamente por serem alegadas antes
da defesa de mérito.
f) Da Possibilidade de correção do polo passivo pelo autor (artigos 338 e 339 do CPC)
g) Da defesa quanto ao mérito: aqui o réu impugna os fatos, o direito trazido pelo autor;
h) Da existência de Prescrição e Decadência do Direito do Autor: são matérias de mérito,
elencadas no artigo 487 do CPC.
i) Demais questões: Denunciação à lide, Chamamento ao Processo.

Da estrutura da contestação com reconvenção


➙ Previsão legal
A reconvenção hoje é prevista no artigo 343 do CPC e É OFERECIDA DENTRO DA
CONTESTAÇÃO. Ocorre a reconvenção quando o réu ele se utiliza do mesmo processo
ajuizado pelo autor para propor uma ação em face do autor.
➙ ENTÃO SE A CONTESTAÇÃO TIVER RECONVENÇÃO: NO CASO DA RECONVENÇÃO: NÃO
ESQUECER DE ABRIR O TÓPICO DA RECONVENÇÃO DEPOIS DA IMPUGNAÇÃO QUANTO
AO MÉRITO NA CONTESTAÇÃO e antes dos pedidos ➙ Abra os fatos da reconvenção e os
fundamentos jurídicos da reconvenção;

OBS: Como as partes são chamadas dentro da reconvenção? O réu continua sendo réu, mas
dentro da reconvenção será chamado de RÉU RECONVINTE. E o Autor dentro da
Reconvenção de AUTOR RECONVINDO! Mas isso na parte da reconvenção.

➙ OBSERVAR QUE A RECONVENÇÃO TEM VALOR DA CAUSA. ENTÃO SE FOR SIMPLES


CONTESTAÇÃO NÃO TEM VALOR DA CAUSA. SE FOR CONTESTAÇÃO COM
RECONVENÇÃO TEM VALOR DA CAUSA, PORQUE A RECONVENÇÃO TEM!!!

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Da réplica à contestação: fundamento – artigo 350 e 351 do CPC. Constitui na resposta do


Autor às alegações que o Réu apresentou na sua contestação;
Das razões finais escritas: Oferecido depois da audiência de instrução e julgamento quando
não forem realizados os debates orais, ou seja, quando os debates orais forem substituídos
por alegações finais escritas. Pode ser tanto pelo autor, quanto pelo réu, a depender quem
vocês estão defendendo conforme o enunciado. Previsão do art. 364 do CPC/15.
São apresentadas quando a causa apresentar questões complexas de fato e de direito e
houver a substituição dos debates orais por razões finais escritas.

5. Revisando Recursos e
Procedimentos Especiais

Prof.ª Tatiane Kipper


Dos recursos @profetatiane_kipper

a) Decisões Recorríveis:
Os recursos atacam decisão. A decisão precisa ser passível de recurso.
Observar nesse sentido o conceito trazido pelo artigo 203 do CPC/15, que estabelece quais
são os pronunciamentos do juiz:
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões
interlocutórias e despachos.
§1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais,
sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos
arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução.
§2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza
decisória que não se enquadre no §1º.
§3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no
processo, de ofício ou a requerimento da parte.
§4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória,
independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e
revistos pelo juiz quando necessário. (BRASIL, 2015)

A sentença está definida no art. 203, §1º do CPC. O processo pode ser extinto com
resolução de mérito (art. 487) ou sem resolução de mérito (art. 485).
Já as decisões interlocutórias são decisões no curso do processo por meio das quais o juiz
resolve questões incidentes, como por exemplo: conceder ou não uma tutela provisória de
urgência.
Segundo Didier Junior e Cunha (2018, p. 123) as decisões que podem ser proferidas pelo
juízo singular são a decisão interlocutória e a sentença. Interlocutória é a decisão que não
encerra o procedimento em primeira instância, por sua vez, sentença é a decisão judicial
que, enquadrando-se em uma das hipóteses do artigo 485 ou 487 do CPC, encerra o
procedimento na primeira instancia, ultimando a fase de conhecimento ou de execução.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Em sede de Tribunal, as decisões podem ser classificadas a partir do órgão prolator. Podem
ser UNIPESSOAIS (monocráticas) ou acórdãos (colegiadas). AS DECISÕES UNIPESSOAIS
PODEM SER PROFERIDAS PELO RELATOR OU PELO PRESIDENTE OU VICE-PRESIDENTE DO
TRIBUNAL. (DIDIER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 123).
O artigo 204 do CPC traz o conceito de acórdão: “Art. 204. Acórdão é o julgamento
colegiado proferido pelos tribunais”. (BRASIL, 2015).
Constitui o acórdão, portanto, no extrato do julgamento proferido por um órgão colegiado
dos Tribunais, como por exemplo, uma turma, uma câmara, etc.

b) Objetivo dos recursos:


PARA FAZER O PEDIDO! Os recursos podem ser definidos como o meio processual com o
objetivo de ANULAR, REFORMAR, INTEGRAR ou ACLARAR uma decisão judicial dentro de um
mesmo processo, evitando que essa decisão seja acobertada pela preclusão ou coisa
julgada. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 33).
No caso de recorrer com o fim de invalidar uma decisão, o recorrente deve justamente
apontar um erro procedimental, ou seja, um defeito que ocorreu e que afete a validade da
decisão. Exemplo: decisão não fundamentada.
Já quando se requerer a reforma da decisão, neste caso, deverá ser apontado um erro no
julgamento, ou seja, apontando que não foi dado o melhor julgamento acerca do dispositivo
legal apontado.
Porém, o recurso poderá requerer tanto a invalidação da decisão (erros no procedimento,
por exemplo), bem como a reforma da decisão por erro no julgamento.
É de se apontar ainda a possibilidade do Recorrente requerer que a decisão omissa,
contraditória ou obscura tenha o vício sanado. Neste caso, trata-se dos Embargos de
declaração.

c) Requisitos gerais de admissibilidade:


PRESSUPOSTOS OBJETIVOS (EXTRÍNSECOS): Recorribilidade da decisão, adequação do
recurso, tempestividade, preparo, forma e motivação.

PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS (INTRÍNSECOS): Legitimidade, interesse e inexistência de fato


impeditivo.

d) Prazo para recorrer


O legitimado a recorrer não pode interpor o recurso quando quiser, deve obedecer aos
prazos estabelecidos na lei. O recurso interposto fora do prazo é considerado intempestivo,
não sendo conhecido. No CPC/15, QUASE TODOS os recursos possuem prazo de 15 dias
para serem protocolados, conforme previsão do §5º do artigo 1.003 do CPC:
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os
advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria
Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência
quando nesta for proferida a decisão.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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§2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de


recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação.
§3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em
cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o
disposto em regra especial.
§4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será
considerada como data de interposição a data de postagem.
§5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os
recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
§6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de
interposição do recurso. (BRASIL, 2015)

Ou seja, a EXCEÇÃO é no caso dos Embargos de Declaração, cujo prazo para o recurso é de
05 dias. O prazo é fatal e peremptório. Tratando-se de prazos fixados em dias, contam-se
apenas os dias úteis, de acordo com o CPC/15.

PRAZO DOS RECURSOS


REGRA: 15 dias.
EXCEÇÃO: Embargos de declaração ➙ 5 dias.

Importante:
O prazo do §5º do art. 1003 do CPC é prazo para interposição dos recursos segundo o CPC.
Uma lei específica poderia prever um prazo específico. Ex: 10 dias para o recurso inominado
– art. 42 da Lei 9099/05: “Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados
da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente”. (brasil, 1995)
Caso seja hipótese de feriado local o que acaba por modificar o prazo final do recurso, o
recorrente deverá comprovar a sua ocorrência; De acordo com o caput do artigo 1.003 do
CPC/15, o início do prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os
advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o
Ministério Público são intimados da decisão. Ou seja, a intimação será do advogado e não da
parte, isso porque é o advogado quem deverá praticar o ato em nome da parte, ou seja,
interpor o recurso.

e) Custas (preparo e porte de remessa e de retorno)


O preparo recursal significa o recolhimento das custas e despesas processuais referentes
ao processamento do recurso, consistindo, ainda, no pagamento de taxa pela prestação do
serviço jurisdicional.
No caso do porte de remessa e de retorno é o pagamento referente à despesa de
encaminhamento do recurso aos órgãos julgadores, sendo que se o processo for eletrônico
é dispensado o recolhimento, conforme previsão do §3º do artigo 1.007 do CPC/15.
Assim, cabe ao recorrente quando da interposição do recurso comprovar o recolhimento
do preparo recursal, juntado as guias de recolhimento. Caso haja o recolhimento errado do
preparo, bem como do porte de remessa e de retorno, o recorrente deve ser intimado na
pessoa do seu advogado para completá-lo no prazo de 05 dias.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará,


quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive
porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
§1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os
recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal,
pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam
de isenção legal.
§2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de
retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu
advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
§3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no
processo em autos eletrônicos.
§4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o
recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será
intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em
dobro, sob pena de deserção.
§5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo,
inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma
do § 4º.
§6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de
deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para
efetuar o preparo.
§7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a
aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida
quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de
5 (cinco) dias. (BRASIL, 2015)

Recurso de Apelação
a) Fundamento legal
Art. 994, I do CPC: prevê o recurso da Apelação;
Art. 1.009, CAPUT do CPC: prevê que da sentença cabe Apelação;
Art. 203, §1º do CPC: define o que é sentença;
Art. 485 e 487do CPC: estabelecem a extinção do processo sem e com resolução de mérito;
Ainda, 490 e 488 também do CPC no que se refere ao julgamento com e sem resolução de
mérito.
b) Prazo: 15 dias
Fundamento Legal: art. 1.003, §5º do CPC;
Prazo para o Apelado oferecer contrarrazões: 15 dias  art. 1.003, §5º e 1.010, §1º do CPC;
Contam-se dias úteis: art. 219 do CPC;
Início da contagem na forma do artigo 224 do CPC;
Conta de regra da intimação do advogado (CAPUT do artigo 1.003 do CPC), porém cuidar
N.E e se FGV mencionar e decisões proferidas em audiência.
Aplicam-se as hipóteses de prazo em dobro.
c) Cabimento: DA SENTENÇA CABE APELAÇÃO. OBSERVAR AINDA
Preliminar de Apelação: decisões interlocutórias proferidas na fase de conhecimento que
não coube Agravo de Instrumento  NÃO PRECLUEM e devem ser alegadas em preliminar de
Apelação;
Qualquer matéria do artigo 1.015 se for decidida NA SENTENÇA  IMPUGNO NO RECURSO
DE APELAÇÃO;
OBS: Lembrar do artigo 1.013, §5º  DECISÃO NA SENTENÇA QUE REVOGA, CONFIRMA,
CONCEDE TUTELA PROVISÓRIA  IMPUGNA NA PRÓPRIA APELAÇÃO;

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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d) Efeitos:
Regra: devolutivo e suspensivo.

EFEITO SUSPENSIVO: art. 1.012 do CPC:


Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

NÃO TERÁ EFEITO SUSPENSIVO: Hipótese do §1º do art. 1.012 do


CPC:
§1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os
embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.

No entanto, poderá requerer o efeito suspensivo, mesmo nos casos do §1º do art. 1.012 do
CPC, comprovando os requisitos do §4º do art. 1.012 do CPC. Por cautela, fundamentar no
art. 995, parágrafo único do CPC.Lembrar que uma lei especial pode prever que a apelação
não terá efeito suspensivo automático. Cuidar o §3º do artigo 1.012 do CPC também quanto
ao efeito suspensivo.

ATENÇÃO! EFEITO REGRESSIVO ➙ Possibilidade do juiz se retratar nas hipóteses dos artigos
331, 332, §3º e 485, §7º, todos do Código de Processo Civil.

Importante:
1. Nos 03 casos acima (331, 332, §3º e 485, §7º) tem que fazer na petição de interposição
pedido para o juiz de primeiro grau se retratar;

2. Nos dois casos (331, 332, §3º) há previsão específica nos artigos de pedido de citação
para o apelado (réu) ser citado para oferecer contrarrazões no prazo de 15 dias. Então nesses
dois casos, o pedido para o apelado oferecer contrarrazões deve ser fundamentado no (332,
§4º + 1.003, §5º do CPC – improcedência liminar do pedido) ou (331, §1º + 1.003, §5º) –
indeferimento da inicial.
Cuidar que lei especial pode prever a retratação;

e) Estrutura da Apelação:
O recurso de apelação é dividido em duas partes:
1º) PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO (Juiz de 1º grau)
2º) PETIÇÃO DE RAZÕES (Tribunal de Justiça OU
Tribunal Regional Federal, conforme for Justiça
Estadual ou Federal)

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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Recurso de Agravo de Instrumento


a) Fundamento legal: art. 994, II e 1.015 a 1.020 do CPC/15.

b) Cabimento:
Tem cabimento contra as decisões interlocutórias, conforme disposição do caput do artigo
1.015 do CPC. Porém, é de se ressaltar que nem toda decisão interlocutória seria passível de
agravo de instrumento.
A decisão interlocutória está definida no artigo 203, §2º do CPC, e justamente é um
conceito por exclusão, ou seja, que não se enquadra em sentença.
As decisões interlocutórias são aquelas proferidas no curso do processo pelo juiz, mas que
não implicam no seu encerramento, tampouco finalizam uma de suas fases.
No que tange à decisão interlocutória TARTUCE e DELLORE (2016, p. 351) esclarecem:
“como demonstra a própria formação da palavra, inter significa “entre” e “locutório” vem de
locutus, fala. A decisão interlocutória é a proferida entre falas: entre a primeira fala do
processo (que é do autor na petição inicial) e a última (que será do juiz, na sentença), muitas
decisões deverão ser proferidas”.
As decisões interlocutórias que não são recorríveis por agravo de instrumento deverão ser
impugnadas em sede de preliminar do recurso de Apelação ou nas contrarrazões, conforme
preceitua o art. 1.009, §1º, do CPC/15:
§1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu
respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela
preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
(BRASIL, 2015)

Nesse sentido, destaca ARAÚJO JUNIOR (2016, p. 35): “O agravo de instrumento é o recurso
cabível contra decisões interlocutórias, mas não todas. Com efeito, como muitas leis antes, o
novo CPC também promoveu alterações no antigo recurso de agravo, começando por
acabar com o ‘agravo retido” (...) As questões apreciadas por decisões judiciais, na fase de
conhecimento, que não sejam impugnáveis por meio do agravo de instrumento, podem,
segundo novo regime, ser reiteradas quando do recurso de apelação (art. 1.009, §1º, CPC).

➙ ATENÇÃO: QUANDO FOR POSSÍVEL INTERPOR AGRAVO DE INSTRUMENTO  E NÃO FOR


INTERPOSTO ➙ PRECLUI.

➙ SE NÃO FOR POSSÍVEL INTERPOR AGRAVO  MATÉRIA OBJETO DA DECISÃO


INTERLOCUTÓRIA NÃO PRECLUI;

Segundo o artigo 1.015 cabe Agravo de Instrumento das seguintes decisões:


Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões
interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

74
2ª Fase 37º Exame de Ordem
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V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do


pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos
embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra
decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou
de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo
de inventário. (BRASIL, 2015)

Taxatividade mitigada: Entendimento do stj no sentido de que se for urgente e não der para
esperar até a sentença poderá ser interposto agravo de instrumento mesmo que a decisão
interlocutória proferida na fase de conhecimento não esteja no rol do artigo 1.015.

c) Efeitos do agravo de instrumento


De acordo com a regra contida no artigo 995 do CPC/15, o Agravo de Instrumento possui
apenas, via de regra, o efeito devolutivo, ou seja, não possui o efeito suspensivo:
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo
disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por
decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco
de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso. (BRASIL, 2015)

Porém, o Agravante poderá, com base no artigo 1.019, I do CPC, requerer que o relator, ao
receber o Agravo de Instrumento, atribua efeito suspensivo ou deferir, em antecipação de
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal:
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído
imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e
IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em
antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal,
comunicando ao juiz sua decisão; (BRASIL, 2015)

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
EFEITO SUSPENSIVO RECURSAL (TAMBÉM CHAMADA DE
EFEITO SUSPENSIVO ATIVO)
Será requerido toda vez que o juiz der Será requerida toda vez que o juiz der
uma decisão POSITIVA apta a uma decisão NEGATIVA apta a
prejudicar os interesses da parte a ser prejudicar os interesses da parte a ser
defendida. Há, na decisão, uma defendida. Há, na decisão, uma
determinação no sentido de que algo denegação de algo que lhe é
seja cumprido; o magistrado concede necessário; o juiz nega algo que a
algo que lhe trará prejuízos. Efeito parte por você defendida precisa com
suspensivo é requerido porque a urgência. O efeito ativo é concedido
outra parte pleiteou algo e o juiz porque a própria parte requereu algo
concedeu. que foi negado.

** FONTE: AGUIRRE, João; SÁ, Renato Montans de. Prática Civil. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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d) Da petição de agravo de instrumento


Previsão no artigo 1.016 e 1.017 do CPC/15:
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal
competente, por meio de petição com os seguintes requisitos:
I - os nomes das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o
próprio pedido;
IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do
processo. (BRASIL, 2015)

Conforme o artigo 1.016 do CPC/15 o recurso DEVERÁ SER DIRIGIDO AO TRIBUNAL


competente.

O Artigo 1.016, inciso IV do CPC/15 exige que o Agravante indique no recurso de Agravo de
Instrumento o nome e endereço completo dos advogados do Agravante e do Agravado, a
fim de possibilitar a comunicação. (TARTUCE; DELLORE, 2016, p. 358).

Além do artigo 1.016 do CPC/15, o Agravante deve cumprir os requisitos do artigo 1.017 do
CPC/15:
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da
petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada,
da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos
advogados do agravante e do agravado;
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos
referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua
responsabilidade pessoal;
III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.
§1ºAcompanhará a petição o comprovante do pagamento das
respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme
tabela publicada pelos tribunais. (BRASIL, 2015)
§5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças
referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar
outros documentos que entender úteis para a compreensão da
controvérsia.

Recurso Especial
Cabimento
Previsto no artigo 105, inciso III da CF;
Procedimento previsto no artigo 1.029 e seguintes do CPC;
Exige: pré-questionamento, demonstração de que tenha sido violada lei federal;
Ataca acórdão proferido pelo TJ ou TRF quando ocorrer situação do artigo 105, inciso III da
CF;
Dividido em folha de interposição e folha das razões;
Folha de interposição dirigida ao Presidente ou Vice- Presidente do Tribunal Recorrido e folha
das razões dirigida ao Superior Tribunal de Justiça;

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Emenda Constitucional nº 125 de 2022 exige relevância da matéria de Direito


infraconstitucional.

Procedimentos Especiais
Ação de consignação em pagamento: 539 a 549 do CPC;

Embargos de terceiro: artigo 674 a 681 do CPC;

Monitória: 700 a 702 do CPC  meio de defesa (embargos monitórios – 702 do CPC);
Oposição: 682 a 686 do CPC;

BOA PROVA!
Se você chegou até aqui é porque se dedicou, investiu em você e na sua carreira
profissional. Agora é chegada a hora de confiar na sua capacidade de mudar a sua vida, nós
acreditamos em você, estamos juntos até a sua aprovação.

Nos vemos no Papo Ceisc, após a prova!

Com carinho,
Equipe Ceisc.

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2ª Fase 37º Exame de Ordem
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REFERÊNCIAS
ADEDE Y CASTRO, João Marcos. Novo código de processo civil comentado para
concursos: procedimentos especiais – arts. 539 a 770. Curitiba: Juruá, 2016.
AGUIRRE, João; MONTANS DE SÁ. Prática Civil. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
ALVIM, J.E. Carreira. Ações possessórias no Novo CPC: manutenção de posse,
reintegração de posse e interdito proibitório. 2. Ed. Curitiba: Juruá, 2017.
ARAUJO JUNIOR, Gediel Claudino. Prática de Recursos no Processo Civil. 3. Ed. São
Paulo: Atlas, 2015.
BATISTA, Antenor. Posse, possessória, usucapião e ação rescisória: manual prático e
teórico. 6. Ed. São Paulo: Edipro, 2015.
BRASIL, 2002. Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em jun.
2021.
BRASIL, 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em
jun.2021.
CHACON, Luis Fernando Rabelo. Manual de prática forense civil. 7. Ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
DIDIER JUNIOR, Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil:
meios de impugnação às Decisões Judiciais e Processos nos Tribunais. 15 ed. Salvador:
Juspodivm, 2018.
DONOSO, Denis; SERAU JUNIOR, Marco Aurélio. Manual dos recursos cíveis: teoria e
prática. 2 ed. Salvador: Juspodivm, 2017.
FÜHRER, Maximiliano Roberto. Resumo de processo civil. 41 ed. São Paulo: Malheiros,
2016.
LOURENÇO, Haroldo. Processo civil sistematizado. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de
processo civil: volume 3 – tutela dos direitos mediante procedimentos diferenciados. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.
MEDINA, José Miguel Garcia. Direito processual civil moderno. 2 ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2016.
MONTENEGRO FILHO, Misael. Ações possessórias no Novo CPC. 4. Ed. São Paulo: Atlas,
2016.
PARIZATTO, João Roberto. Ações possessórias: divisão e demarcação de terras,
usucapião judicial e extrajudicial. São Paulo: EDIPA, 2018.
QUARESMA, Arnaldo ... (et al). Revisão turbo OAB 1ª fase: doutrina e questões. 2. Ed. São
Paulo: Rideel, 2021.
ROCHA, Marcelo Hugo da; THAMAY, Rennan Faria Krüger; GARCIA JUNIOR, Vanderlei.
Passe na OAB: 2ª fase FGV: completaço prática civil. 3. Ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2019.
SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Modelos de peças no Novo CPC. 2 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016.
SILVA, Jaqueline Mielke; COLOMBO, Juliano. Manual de prática civil: teoria e prática.
Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2017.
TARTUCE, Fernanda; DELLORE, Luiz. Manual de prática civil. 12 ed. Rio de Janeiro:
Forense. São Paulo: Método, 2016.
VIANA, Joseval Martins. Prática forense em processo civil: teoria e prática. 2. Ed. Salvador:
Editora Juspodivm, 2018

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