Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ADMINISTRATIVOS
Lei 14.133/21
SUMÁRIO
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS2
Antes de iniciarmos o estudo sobre a normativa dos contratos administrativos, é preciso salientar a
existência de três correntes doutrinárias a respeito da existência e definição dos contratos administrativos.
1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
2
Por Marcela Albuquerque.
Contratos administrativos são os ajustes estabelecidos entre a Administração Pública, agindo
nessa qualidade, e terceiros, ou somente entre entidades administrativas, submetido ao regime
jurídico-administrativo para a consecução de objetivos de interesse público.
Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito
público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de
direito privado.
Todavia, no âmbito dos contratos da administração regidos pelo direito privado, o direito civil que irá
regular inteiramente o ajuste, de modo que o ente estatal atuará sem as prerrogativas de Estado.
#SELIGA: Os contratos da administração, estejam regidos pelo Direito Público ou Privado, estão
submetidos a:
Celebração por prazo determinado
Observância das regras de licitação
Controle orçamentário e financeiro pelo Tribunal de Contas
Finalidade de atingir o interesse público
Passaremos ao estudo específico a respeito dos contratos administrativos, nos termos da Lei
14.133/2021.
2. Conceito
Celso Antônio Bandeira de Mello conceitua contrato administrativo como “um tipo de avença travada
entre a Administração e terceiros na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas ou do tipo de objeto, a
permanência do vínculo e as condições preestabelecidas sujeitam-se a cambiáveis imposições de interesse
público, ressalvados os interesses patrimoniais do contratado privado”.
Já segundo Hely Lopes Meirelles, contrato administrativo “é o ajuste que a Administração Pública,
agindo nessa qualidade, firma com particulares ou outra entidade administrativa para a consecução de
objetivos de interesse público, nas condições estabelecidas pela própria Administração”.
Para Matheus Carvalho, “os contratos administrativos são as manifestações de vontade entre duas ou
mais pessoas visando à celebração de negócio jurídico, havendo a participação do Poder Público, atuando com
todas as prerrogativas decorrentes da supremacia do interesse público, visando sempre à persecução de um
fim coletivo. Este contrato é regido pelo direito público, sendo inerentes a ele todas as prerrogativas e
limitações de Estado”.
3
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. São Paulo, 2008.
Vale mencionar que é da União a competência privativa para criar normas gerais sobre licitação e
contratos administrativos, nos termos do art. 22, inciso XXVII, da CF.
Portanto, a União irá estabelecer as regras gerais, enquanto que estados e municípios poderão editar
normas suplementares.
No exercício da competência constitucional, a União editou a Lei 14.133/2021 dispondo acerca das
licitações e contratos administrativos, visando substituir a legislação anterior, qual seja, a Lei 8.666/93.
A nova lei de licitações (Lei 14.133/2021) determina que o procedimento anterior da Lei 8.666/93
poderá ser utilizado pelos entes públicos durante o período de dois anos (até abril de 2023).
Assim, durante esse período de transição de 2 anos, a Administração Pública poderá optar por
contratar de acordo com a lei 14.133/2021 ou de acordo com a lei 8.666/93, e a opção escolhida deverá vir de
forma expressa no edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada dos
dispositivos legais.
Importante ressaltar que a Lei 14.133/2021 revogou imediatamente apenas as disposições criminais
existentes na Lei 8.666/93. Em seu lugar, inseriu os artigos 337-E a 337-P no Código Penal, tipificando os
crimes em licitações e contratos administrativos.
a) Comutativo: Já que gera direitos e deveres previamente estabelecidos para ambas as partes, não havendo a
submissão a álea por parte dos contratantes. Não há contratos sujeitos a risco no Direito Administrativo.
b) Consensual: o simples consenso entre as partes formaliza o contrato. Não é necessário a transferência do
bem para ele se tornar perfeito. Nestes casos, a transferência do bem é simples consequência do contrato. No
Direito Administrativo, o consenso da Administração depende da celebração do contrato.
c) De Adesão: já que não admitem rediscussão de cláusulas contratuais, já que são impostas pelo poder
público ao particular.
d) Oneroso: via de regra, não são admitidos contratos gratuitos firmados com o poder público, devendo o
particular ser remunerado pela execução da atividade ou entrega do bem.
f) Sinalagmático: as obrigações das partes são recíprocas, ou seja, a execução da atividade de uma das partes
enseja o adimplemento contratual da outra.
g) Personalíssimo: os contratos devem ser celebrados com o vencedor do procedimento licitatório, não
podendo ser transferido a terceiro. O contrato tem natureza intuito personae. Apesar de tal característica, a lei
admite a subcontratação, nos termos do art. 122, que será estudado mais adiante.
h) Formal: todo contrato administrativo tem uma forma definida na lei, indispensável à sua regularidade.
4.1. Formalismo
O art. 92 da nova lei de licitações prevê a forma do contrato, indicando as cláusulas necessárias à
validade do contrato administrativo.
b) O contrato deve ser escrito, deve haver um termo que materializa sua celebração. Via de regra,
NÃO é possível contrato verbal celebrado pela administração.
#OBS: Excepcionalmente, admite-se contrato verbal nas compras e serviços que não ultrapasse R$
10.000,00 (compra de pronta entrega e pronto pagamento):
Art. 95. O instrumento de contrato é obrigatório, salvo nas seguintes hipóteses, em que a Administração
poderá substituí-lo por outro instrumento hábil, como carta-contrato, nota de empenho de despesa,
autorização de compra ou ordem de execução de serviço:
§ 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de
prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00
(dez mil reais).
Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição indispensável para a
eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes prazos, contados da data de sua
assinatura:
I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;
II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.
§ 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo, quando referente à contratação de profissional do setor
artístico por inexigibilidade, deverá identificar os custos do cachê do artista, dos músicos ou da banda, quando
houver, do transporte, da hospedagem, da infraestrutura, da logística do evento e das demais despesas
específicas.
§ 3º No caso de obras, a Administração divulgará em sítio eletrônico oficial, em até 25 (vinte e cinco) dias
úteis após a assinatura do contrato, os quantitativos e os preços unitários e totais que contratar e, em até 45
(quarenta e cinco) dias úteis após a conclusão do contrato, os quantitativos executados e os preços
praticados.
A divulgação deve abranger o inteiro teor do contrato, bem como todos os aditamentos que forem
feitos posteriormente. Observa-se que a divulgação é requisito para a eficácia do contrato, ou seja, caso a
administração pública deixe de publicar o contrato, ele será válido, mas não será eficaz.
5. Garantia
É possível que o ente público exija do contratado particular a prestação de garantia, com o objetivo
de assegurar a plena execução do contrato. Trata-se de exigência para garantir o ressarcimento de danos em
caso de descumprimento contratual pelo particular.
O valor da garantia será estabelecido discricionariamente pelo poder público. Terá o limite de 5% do
valor do contrato, em regra, e de até 10% do valor do contrato, nos casos que envolvam alta complexidade
técnica ou riscos financeiros consideráveis.
#OBS: Quando o contrato for de fornecimento contínuo, com vigência superior a 1 ano, será utilizado
o valor anual do contrato para a definição e aplicação dos percentuais de garantia.
Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto, poderá ser exigida a prestação
de garantia, na modalidade seguro-garantia, com cláusula de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em
percentual equivalente a até 30% do valor inicial do contrato (art. 99). Vale lembrar que são obras, serviços e
fornecimentos de grande vulto aqueles cujo valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de
reais).
Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a prestação da garantia na
modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo
contratado, assumir a execução e concluir o objeto do contrato, hipótese em que:
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, como interveniente anuente e poderá:
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato principal;
b) acompanhar a execução do contrato principal;
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou pelo fornecimento;
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato, será
autorizada desde que demonstrada sua regularidade fiscal;
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou parcialmente.
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado, serão observadas as seguintes disposições:
I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, estará isenta da obrigação de pagar a
importância segurada indicada na apólice;
II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará a integralidade da importância segurada
indicada na apólice.
6. Cláusulas exorbitantes
São aquelas que extrapolam as regras e características dos contratos em geral, pois apresentam
vantagem excessiva à Administração Pública, decorrem da supremacia do interesse público sobre o privado e
colocam o Estado em posição de superioridade jurídica na avença.
Estas cláusulas são implícitas em todos os contratos administrativos, não dependendo de previsão
expressa no acordo, pois decorrem diretamente da Lei. Portanto, são cláusulas necessárias.
É possível que a Administração Pública altere as disposições contratuais, desde que as modificações
sejam feitas no limite da lei, sem atingir o equilíbrio econômico-financeiro e sem modificar a natureza do
objeto contratado e explicitado no edital de licitação.
Ademais, as alterações unilaterais promovidas pela administração pública devem ter por base motivo
de interesse público superveniente, devidamente justificado.
#SELIGA: A lei elenca, ainda, hipóteses de alteração bilateral dos contratos administrativos, ou seja,
quando houver acordo entre as partes. Não se trata de cláusula exorbitante, pois apenas a alteração unilateral
constitui prerrogativa da administração pública. Admite-se a alteração bilateral nas seguintes hipóteses:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou do serviço, bem como do modo
de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento por imposição de circunstâncias
supervenientes, mantido o valor inicial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em relação
ao cronograma financeiro fixado sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou
execução de obra ou serviço;
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de consequências
incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato tal como pactuado, respeitada, em qualquer
caso, a repartição objetiva de risco estabelecida no contrato. – Aplicação da Teoria da Imprevisão.
#RELEMBRARÉVIVER: Nos contratos de concessão de serviços públicos, regidos pela Lei 8.987/95, a
rescisão unilateral também é prevista, mas com nomenclaturas específicas:
- Rescisão por inadimplemento do particular = CADUCIDADE
- Rescisão por motivo de interesse público = ENCAMPAÇÃO
Nesta situação, o particular não poderá rescindir o contrato unilateralmente, pois se trata de cláusula
exorbitante aplicável apenas como prerrogativa da administração pública. Todavia, o particular poderá
SUSPENDER a execução do contrato, pela exceção do contrato não cumprido, caso o ente estatal determine:
a) A suspensão da execução do contrato por período superior a 3 meses; ou
b) A ocorrência de repetidas suspensões que totalizem 90 dias úteis; ou
c) Atraso superior a 2 meses dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos.
A administração pública poderá designar um ou mais agentes públicos responsáveis pela fiscalização
da execução contratual.
Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por 1 (um) ou mais fiscais do contrato,
representantes da Administração especialmente designados conforme requisitos estabelecidos no art. 7º desta
Lei, ou pelos respectivos substitutos, permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com
informações pertinentes a essa atribuição.
§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas à execução do
contrato, determinando o que for necessário para a regularização das faltas ou dos defeitos observados.
§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo hábil para a adoção das medidas
convenientes, a situação que demandar decisão ou providência que ultrapasse sua competência.
§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de assessoramento jurídico e de controle interno da
Administração, que deverão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com informações relevantes para prevenir riscos na
execução contratual.
§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista no caput deste artigo, deverão ser observadas as
seguintes regras:
I - a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabilidade civil objetiva pela veracidade e pela
precisão das informações prestadas, firmará termo de compromisso de confidencialidade e não poderá exercer
atribuição própria e exclusiva de fiscal de contrato;
II - a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do contrato, nos limites das informações
recebidas do terceiro contratado.
Essa cláusula visa assegurar a continuidade do objeto do contrato, nas seguintes hipóteses:
Risco à prestação de serviços essenciais = garantia do princípio da continuidade
Necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado.
A ocupação temporária deve ser precedida de processo administrativo no qual sejam assegurados o
contraditório e a ampla defesa ao particular contratado, sendo garantido o direito à indenização por eventuais
prejuízos causados.
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
a) dar causa à inexecução parcial do contrato;
b) dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à Administração, ao funcionamento
dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;
c) dar causa à inexecução total do contrato;
d) deixar de entregar a documentação exigida para o certame;
e) não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente devidamente justificado;
f) não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a contratação, quando
convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;
g) ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação sem motivo justificado;
h) apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar declaração falsa
durante a licitação ou a execução do contrato;
i) fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato;
j) comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza;
k) praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da licitação;
l) praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 – Lei Anticorrupção.
As penalidades, por sua vez, estão previstas no artigo 156, sendo as seguintes:
PENALIDADES INFRAÇÕES
ADVERTÊNCIA: sempre aplicada por escrito, para I - dar causa à inexecução parcial do contrato,
sanções mais leves, relacionadas com a inexecução quando não se justificar a imposição de penalidade
parcial do contrato. mais grave.
#NÃOCONFUNDA:
Impedimento de licitar e contratar Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
No máximo, 3 anos De 3 a 6 anos
Atinge apenas o ente da federação que aplicou a Atinge todos os entes da federação.
pena.
Ambas dependem da instauração de processo de responsabilização, a ser conduzido por comissão composta
de 2 ou mais servidores estáveis. O licitante ou o contratado será intimado para, no prazo de 15 dias úteis,
apresentar defesa escrita e especificar provas.
#ATENÇÃO: Os agentes públicos que praticarem atos que possam prejudicar a licitação ou frustrar
seu caráter competitivo ficarão sujeitos às sanção administrativas, civis e penais pertinentes.
A Lei também previu a possibilidade de aplicação da teoria da desconsideração da personalidade
jurídica, sempre que houver abuso de direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos, ou
para provocar confusão patrimonial:
Art. 160. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito para
facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão
patrimonial, e, nesse caso, todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica serão estendidos aos seus
administradores e sócios com poderes de administração, a pessoa jurídica sucessora ou a empresa do mesmo
ramo com relação de coligação ou controle, de fato ou de direito, com o sancionado, observados, em todos os
casos, o contraditório, a ampla defesa e a obrigatoriedade de análise jurídica prévia.
7. Equilíbrio econômico-financeiro
O particular contratado não pode sofrer prejuízos de situações não causadas por ele, durante a
relação contratual. Então são formas de equilibrar economicamente o contrato:
a) Correção Monetária: Atualização da margem de lucro inicialmente acordada, mantendo o valor real
do contrato.
b) Reajustamento de Preço: Reajuste em face do aumento ordinário e regular do custo dos insumos
4
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Editora Forum, 14ª Ed. 2009.
7.1. Teoria da imprevisão
A teoria da imprevisão se aplica aos casos em que uma situação imprevisível altera o equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, sendo necessária a recomposição de preços. Os contratos são regidos pela
cláusula rebus sic stantibus (estando assim as coisas), ou seja, a obrigatoriedade dos contratos deve estar
relacionado com as circunstâncias que envolvem o momento da sua execução. Assim, havendo alteração das
circunstâncias fáticas e desequilíbrio contratual, a administração precisará proceder à revisão dos preços e
prazos previamente estabelecidos.
a) Caso fortuito e força maior: situações imprevisíveis ou inevitáveis que alteram a relação contratual.
Pode decorrer de fatos humanos, desde que não sejam provocados por nenhuma das partes do acordo, ou
podem ser causados por fatos da natureza, em relação aos quais nenhuma medida pode ser tomada para
impedir os danos. Ex: chuva muito forte que destrói parte de uma obra que se encontra em execução,
ensejando uma necessidade de revisão dos valores pagos à empreiteira.
b) Interferências imprevistas: são situações preexistentes à celebração do contrato, mas que só vêm à
tona durante sua execução. Situação que as partes não tinham como prever e que ensejam um aumento de
gastos no contrato firmado.
A lei prevê que o edital poderá conter a denominada “matriz de alocação de riscos”. O cálculo do
valor estimado da contratação poderá considerar a taxa de risco compatível com o objeto da licitação e com os
riscos atribuídos ao contratado. Assim, haverá a redução da responsabilidade da administração pela
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro.
A matriz apresentada deverá dividir os riscos de cada contrato entre cada uma das partes, buscando
mecanismos que afastem ou mitiguem a ocorrência e os efeitos de sinistros. A previsão da matriz de alocação
de riscos deve estar prevista desde a licitação.
#ATENÇÃO: Em regra, a matriz de alocação de riscos é uma faculdade do ente contratante. Todavia,
em se tratando de contratação de obrigação e serviços de grande vulto ou de regimes de contratação
integrada ou semi-integrada, a matriz de alocação de riscos será obrigatória.
Art. 103. O contrato poderá identificar os riscos contratuais previstos e presumíveis e prever matriz de
alocação de riscos, alocando-os entre contratante e contratado, mediante indicação daqueles a serem
assumidos pelo setor público ou pelo setor privado ou daqueles a serem compartilhados.
§ 1º A alocação de riscos de que trata o caput deste artigo considerará, em compatibilidade com as
obrigações e os encargos atribuídos às partes no contrato, a natureza do risco, o beneficiário das prestações a
que se vincula e a capacidade de cada setor para melhor gerenciá-lo.
§ 2º Os riscos que tenham cobertura oferecida por seguradoras serão preferencialmente transferidos ao
contratado.
§ 3º A alocação dos riscos contratuais será quantificada para fins de projeção dos reflexos de seus custos no
valor estimado da contratação.
§ 4º A matriz de alocação de riscos definirá o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em relação a
eventos supervenientes e deverá ser observada na solução de eventuais pleitos das partes.
§ 5º Sempre que atendidas as condições do contrato e da matriz de alocação de riscos, será considerado
mantido o equilíbrio econômico-financeiro, renunciando as partes aos pedidos de restabelecimento do
equilíbrio relacionados aos riscos assumidos, exceto no que se refere:
I - às alterações unilaterais determinadas pela Administração, nas hipóteses do inciso I do caput do art. 124
desta Lei;
II - ao aumento ou à redução, por legislação superveniente, dos tributos diretamente pagos pelo contratado
em decorrência do contrato.
§ 6º Na alocação de que trata o caput deste artigo, poderão ser adotados métodos e padrões usualmente
utilizados por entidades públicas e privadas, e os ministérios e secretarias supervisores dos órgãos e das
entidades da Administração Pública poderão definir os parâmetros e o detalhamento dos procedimentos
necessários a sua identificação, alocação e quantificação financeira.
A subcontratação não poderá ser do objeto integral do contrato, pois configuraria uma fraude ao
procedimento licitatório, isso porque o objeto do contrato só pode ser entregue ao licitante vencedor.
Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, o contratado
poderá subcontratar partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite autorizado, em cada caso, pela
Administração.
§ 1º O contratado apresentará à Administração documentação que comprove a capacidade técnica do
subcontratado, que será avaliada e juntada aos autos do processo correspondente.
§ 2º Regulamento ou edital de licitação poderão vedar, restringir ou estabelecer condições para a
subcontratação.
§ 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica, se aquela ou os dirigentes desta mantiverem
vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil com dirigente do órgão ou
entidade contratante ou com agente público que desempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na
gestão do contrato, ou se deles forem cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por
afinidade, até o terceiro grau, devendo essa proibição constar expressamente do edital de licitação.
O contrato deve ter prazo de vigência predefinido no Edital e no próprio instrumento de contrato,
estabelecendo a lei que são vedados contratos por prazo indeterminado.
Regra: a duração ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, ou seja, duração
de um ano.
Exceções:
Projetos contemplados na lei do Plano Plurianual – até 4 anos.
Prestação de serviços a serem executados de forma contínua – até 5 anos, com possíveis
prorrogações posteriores, desde que, ao final, não ultrapasse o prazo de 10 anos. Deverão
ser adotadas as seguintes diretrizes:
- autoridade competente deverá atestar a maior vantagem econômica vislumbrada em razão
da contratação plurianual;
- a administração deverá atestar, no início da contratação e em cada exercício, a existência
de créditos orçamentários;
- a administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de
créditos orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais
lhe oferece vantagem.
Aluguel de equipamentos de informática – até 5 anos, seguindo as mesmas regras dos
contratos contínuos.
Contratações previstas nas alíneas f e g do inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do
art. 75 da Lei 14.133/21 – até 10 anos.
Art. 75 (...)
IV - para contratação que tenha por objeto:
f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam, cumulativamente, alta complexidade
tecnológica e defesa nacional;
g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando
houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais,
aéreos e terrestres, mediante autorização por ato do comandante da força militar;
V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973,
de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação constantes da referida Lei; (-
acordos de cooperação firmados com institutos de ciência e tecnologia, com entidades privadas sem fins
lucrativos, voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos,
processos e serviços inovadores e a transferência e a difusão de tecnologia)
VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos
pelo Ministro de Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais
ministérios;
XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
Único de Saúde (SUS), conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da
aquisição desses produtos durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles
definidos no instrumento firmado para a transferência de tecnologia;
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de insumos estratégicos para a saúde
produzidos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da
Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive na gestão
administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência
de tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, e que tenha
sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado.
Contratos de operação continuada de sistema estruturantes de tecnologia da informação –
até 15 anos.
#FIQUEDEOLHO Os contratos que não geram despesas à Administração Pública não precisam estar previstos
na lei orçamentária, logo, não precisam respeitar o limite de vigência da Lei de Licitação (Art. 105). Não se
trata de celebração de contrato por prazo indeterminado, mas tão somente da possibilidade de ajustes que
extrapolam a vigência de um exercício, podendo ter duração mais alongada.
A legislação estabelece que o contrato administrativo poderá ser prorrogado, desde que seja feito
dentro do prazo de vigência, havendo previsão no edital e no contrato, bem como a existência de autorização
do poder público.
Em regra, a prorrogação deverá ser feita expressamente, através de aditivo contratual, devendo o
requerimento de prorrogação ser feito enquanto ainda vigente o contrato. Ademais, é indispensável que haja
previsão orçamentária e que a empresa mantenha todas as condições necessárias à sua habilitação para
contratar com o poder público.
a) Contratado deverá manter preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para
representa-lo na execução do contrato;
b) Contratado deverá reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir o objeto do contrato em
que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais
empregado;
c) O contratado deverá cumprir a reserva de cargos prevista para pessoa com deficiência, para
reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz;
d) Os prejuízos causados ensejarão a responsabilização do contratado, a qual não será excluída ou
reduzida pela fiscalização ou acompanhamento do órgão público;
e) O contratado deve arcar com os encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais.
#DEOLHONAJURIS O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere
automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Obs: a tese acima foi a fixada pelo STF.
No entanto, penso que é importante um esclarecimento revelado durante os debates: é possível sim,
excepcionalmente, que a Administração Pública responda pelas dívidas trabalhistas contraídas pela empresa
contratada e que não foram pagas, desde que o ex-empregado reclamante comprove, com elementos
concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder Público na fiscalização do contrato. STF. Plenário. RE
760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral)
(Info 862).
#AJUDAMARCINHO:5
Imagine a seguinte situação hipotética:
A União possui um contrato com a empresa privada "XXX Vigilância Ltda.".
Por meio deste contrato, a empresa, com seus funcionários, obrigou-se a fazer a vigilância armada do prédio
onde funciona o órgão público federal, recebendo, em contraprestação, R$ 200 mil mensais.
Desse modo, a União terceirizou os serviços de vigilância, algo extremamente comum na administração
pública federal, sendo, inclusive, uma recomendação expressa no Decreto nº 2.271/97:
Art. 1º No âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional poderão ser objeto de
execução indireta as atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que
constituem área de competência legal do órgão ou entidade.
§ 1º As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes, informática, copeiragem,
recepção, reprografia, telecomunicações e manutenção de prédios, equipamentos e instalações serão, de
preferência, objeto de execução indireta.
Ocorre que a empresa "XXX", por estar enfrentando dificuldades financeiras, passou a não mais pagar os
salários e demais verbas trabalhistas de seus funcionários.
5
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não
transfere automaticamente ao Poder Público a responsabilidade pelo seu pagamento. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/
79e785d63f00348ff360d5a86528580b>. Acesso em: 07/09/2021
Diante da inadimplência da empresa contratada perante seus funcionários, a responsabilidade pelo pagamento
dos salários e demais verbas trabalhistas é transferida para a União (contratante dos serviços)?
O que diz a Lei nº 8.666/93: NÃO
A inadimplência do contratado com relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere para a
Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento. Essa é a regra expressa no art. 71, § 1º, da Lei
nº 8.666/93:
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não
transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do
contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.
(Redação dada pela Lei nº 9.032/95)
Esse dispositivo foi declarado constitucional pelo STF no julgamento da ADC 16:
(...) É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a
redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995.
STF. Plenário. ADC 16, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 24/11/2010.
Na prática, contudo, o Poder Público era sempre condenado pela Justiça do Trabalho em caso de
inadimplemento da empresa contratada. Isso porque a jurisprudência trabalhista construiu a tese de que a
culpa da Administração seria presumida. Em outras palavras, o trabalhador não tinha o ônus de provar a culpa
da Administração Pública. Esta seria presumivelmente culpada, salvo se conseguisse provar o contrário.
Assim, pela tese trabalhista, para não ser condenado a indenizar subsidiariamente, o ente público teria que
provar que cumpriu o poder-dever de fiscalizar o contrato. Ocorre que o TST ia além e dizia que se não houve
o pagamento dos direitos trabalhistas pela empresa, o Estado falhou em seu dever de fiscalizar. Logo, no fim
das contas, sempre em caso de inadimplemento da empresa contratada a Administração era presumida
culpada e tinha que pagar o débito trabalhista.
A Fazenda Pública não se conformou com esse entendimento do TST e conseguiu levar o caso à apreciação
do Supremo Tribunal Federal. O STF concordou com a interpretação dada pelo TST?
NÃO. O STF não concordou com o posicionamento do TST e editou a seguinte tese:
O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere
automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93.
STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 26/4/2017
(repercussão geral) (Info 862).
A responsabilização do Poder Público não pode ser automática nem genérica como estava sendo decidido pela
Justiça do Trabalho.
A interpretação dada pelo TST ao art. 71 da Lei nº 8.666/93, com o reconhecimento da responsabilidade
subsidiária da Administração Pública de forma quase que automática e genérica, contraria a decisão tomada
pelo próprio STF no julgamento da ADC 16/DF, ofendendo, por conseguinte, a coisa julgada.
O legislador teve a clara intenção de excluir a responsabilidade subsidiária automática da Administração,
tendo o dispositivo sido declarado constitucional.
A imputação da culpa “in vigilando” ou “in elegendo” à Administração Pública, por suposta deficiência na
fiscalização da fiel observância das normas trabalhistas pela empresa contratada, somente pode acontecer nos
casos em que se tenha a efetiva comprovação da ausência de fiscalização.
Não se pode considerar válida a interpretação que cria uma culpa presumida da Administração Pública. A
Administração Pública não pode responder pelas dívidas trabalhistas da empresa contratada a partir de
qualquer tipo de presunção, somente admitindo que isso ocorra caso a condenação esteja inequivocamente
lastreada em elementos concretos de prova da falha da fiscalização do contrato.
A alegada ausência de comprovação em juízo da efetiva fiscalização do contrato não substitui a necessidade de
prova taxativa do nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano sofrido.
Pela tese do STF, a Administração Pública nunca irá responder pelas dívidas trabalhistas geradas pela
empresa contratada? É isso?
NÃO. É possível sim, excepcionalmente, que a Administração Pública responda pelas dívidas trabalhistas
contraídas pela empresa contratada e que não foram pagas, desde que o ex-empregado reclamante
comprove, com elementos concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder Público na fiscalização do
contrato.
Ex: a Administração Pública é comunicada que a empresa contratada está descumprindo a legislação
trabalhista, atrasando os salários dos seus funcionários etc, no entanto, mesmo assim, o Poder Público não
toma nenhuma providência para sanar o problema. Neste caso, está demonstrada a desídia do ente,
ensejando a sua responsabilidade subsidiária.
Art. 71 (...)
§ 2º A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários
resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação
dada pela Lei nº 9.032/95)
Art. 121. Somente o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado em relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá à
Administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o objeto do contrato nem
restringir a regularização e o uso das obras e das edificações, inclusive perante o registro de imóveis,
ressalvada a hipótese prevista no § 2º deste artigo.
§ 2º Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de
obra, a Administração responderá solidariamente pelos encargos previdenciários e subsidiariamente pelos
encargos trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado.
§ 3º Nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, para
assegurar o cumprimento de obrigações trabalhistas pelo contratado, a Administração, mediante disposição
em edital ou em contrato, poderá, entre outras medidas:
I - exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-garantia com cobertura para verbas rescisórias
inadimplidas;
II - condicionar o pagamento à comprovação de quitação das obrigações trabalhistas vencidas relativas ao
contrato;
III - efetuar o depósito de valores em conta vinculada;
IV - em caso de inadimplemento, efetuar diretamente o pagamento das verbas trabalhistas, que serão
deduzidas do pagamento devido ao contratado;
V - estabelecer que os valores destinados a férias, a décimo terceiro salário, a ausências legais e a verbas
rescisórias dos empregados do contratado que participarem da execução dos serviços contratados serão pagos
pelo contratante ao contratado somente na ocorrência do fato gerador.
§ 4º Os valores depositados na conta vinculada a que se refere o inciso III do § 3º deste artigo são
absolutamente impenhoráveis.
§ 5º O recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de
julho de 1991.
Portanto, nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de
obra, a Administração responde solidariamente com o contratado por encargos previdenciários e
subsidiariamente pelos encargos trabalhistas, caso comprovada a falha na fiscalização do cumprimento das
obrigações do contratado.
Com vistas a eximir-se de possíveis responsabilizações, a Administração Pública poderá fazer certas
exigências contratuais. Nos contratos de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de
obra, a administração, mediante disposição no edital ou no contrato, poderá exigir caução, fiança bancária ou
contratação de seguro-garantia com cobertura para verbas rescisórias inadimplidas.
O contrato poderá dispor que os valores destinados a férias, décimo terceiro salário, ausências legais
e verbas rescisórias dos empregados sejam pagos pelo ente público ao particular somente na ocorrência do
fato gerador.
#DEOLHONAJURIS A União possui um contrato com a empresa privada "XXX Vigilância Ltda.". Por meio deste
contrato, a empresa, com seus funcionários, obrigou-se a fazer a vigilância armada do prédio onde funciona o
órgão público federal, recebendo, em contraprestação, R$ 200 mil mensais. A União, percebendo que a
empresa estava atrasando os salários e com receio de ser condenada por responsabilidade subsidiária (Súmula
331 do TST), decidiu suspender o pagamento da contraprestação mensal devida e ajuizar ação de consignação
em pagamento a fim de depositar em juízo os R$ 200 mil previstos no contrato. Surgiu, no entanto, uma
dúvida: onde deverá ser proposta essa ação, na Justiça Federal comum ou na Justiça do Trabalho? Justiça do
Trabalho. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de consignação em pagamento
movida pela União contra sociedade empresária por ela contratada para a prestação de serviços terceirizados,
caso a demanda tenha sido proposta com o intuito de evitar futura responsabilização trabalhista subsidiária da
Administração nos termos da Súmula 331 do TST. STJ. 2ª Seção. CC 136739-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado
em 23/9/2015 (Info 571).
1) Extinção Natural: decorre da conclusão do objeto ou advento do termo do contrato. Ex: entrega
definitiva da obra.
#ATENÇÃO: Mesmo que o contrato seja nulo, a administração deverá remunerar o particular
contratado, que esteja de boa-fé, pela prestação dos serviços, sob pena de indevido enriquecimento sem
causa do ente público. Todavia, caso o particular esteja de má-fé, não terá direito à remuneração pelos
serviços prestados, pois a ninguém é admitido beneficiar-se da própria torpeza.
#DEOLHONAJURIS: Se for reconhecida a nulidade do contrato administrativo por ausência de prévia licitação,
a Administração Pública, em regra, tem o dever de indenizar os serviços prestados pelo contratado. No
entanto, a Administração Pública não terá o dever de indenizar os serviços prestados pelo contratado na
hipótese em que este tenha agido de má-fé ou concorrido para a nulidade do contrato. STJ. 2ª Turma. AgRg no
REsp 1394161-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 8/10/2013 (Info 529).
A nulidade do contrato poderá ser relevada, ainda que seja insanável, convertendo em perdas e
danos, quando isso for relevante para atender ao interesse da coletividade.
4) Extinção arbitral ou judicial: ocorre a partir de provocação do particular, quando o ente público
é inadimplente, já que o contratado não poderá utilizar a rescisão unilateral. Para que haja a
extinção arbitral, é necessária a existência de compromisso arbitral no contrato. Quando a
rescisão ocorrer por culpa da Administração Pública, o particular terá direito ao ressarcimento
pelos prejuízos, devolução da garantia, pagamentos devidos pela execução do contrato e
pagamento do custo da desmobilização.
5) Extinção bilateral (distrato): é uma rescisão amigável, em que ambas as partes estão de acordo
com o rompimento do acordo. Dependem de prévia autorização escrita e fundamentada da
autoridade competente e poder ser efetivadas por mediação ou comitê de resolução de disputas.
6) Extinção de pleno direito: ocorre por motivos alheios à vontade das partes, ou seja, casos
excepcionais que impedem a manutenção do contrato.
A lei determinou a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), sítio eletrônico
destinado à divulgação centralizada e obrigatória de atos e à realização facultativa das contratações por
órgãos e entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes federativos.
O Portal ficará responsável por dar publicidade aos procedimentos licitatórios e poderá realizar
contratos firmados pelos entes públicos.
Composição:
O PNCP será gerido pelo Comitê Gestor da Rede Nacional de Contratações Públicas, a ser presidido
por representante indicado pelo Presidente da República e composto de:
I - 3 (três) representantes da União indicados pelo Presidente da República;
II - 2 (dois) representantes dos Estados e do Distrito Federal indicados pelo Conselho Nacional de
Secretários de Estado da Administração;
III - 2 (dois) representantes dos Municípios indicados pela Confederação Nacional de Municípios.
O PNCP adotará o formato de dados abertos e deverá obedecer às exigências previstas na Lei de
Acesso às Informações (Lei 12.527/11).
A gestão do PNCP será compartilhada entre todos os entes da federação. Mesmo com a criação do
portal nacional, os entes federativos poderão criar sítios eletrônicos próprios para divulgação e realização das
contratações.
São contratos celebrados para que o particular execute uma obra pública, para utilização pelo ente
estatal ou pela coletividade, dentro um prazo determinado. O termo “obra” deve ser compreendido como
construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação.
A execução da obra poderá ser de forma direta ou indireta. Quando não executada diretamente pela
administração, poderá ser contratada para execução de instrumentos definidos na lei:
a) empreitada por preço unitário: contratação da execução da obra ou do serviço por preço certo de
unidades determinadas;
b) empreitada por preço global: contratação da execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
c) empreitada integral: contratação de empreendimento em sua integralidade, compreendida a
totalidade das etapas de obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade do
contratado até sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, com características
adequadas às finalidades para as quais foi contratado e atendidos os requisitos técnicos e legais para
sua utilização com segurança estrutural e operacional;
d) contratação por tarefa: regime de contratação de mão de obra para pequenos trabalhos por preço
certo, com ou sem fornecimento de materiais.
O projeto básico é o projeto arquitetônico que deve apresentar todos os elementos necessários e
suficientes para a caracterização da obra ou serviço. Será elabora a partir de estudos técnicos preliminares,
que assegurem a viabilidade técnica, adequado tratamento ambiental e avaliação do custo da obra.
O projeto executivo, por sua vez, trata-se do conjunto de elementos necessários e suficientes à
execução completa da obra.
Mediante prévia autorização da administração o projeto básico poderá ser alterado, demonstrada a
superioridade das inovações propostas pelo contratado, assumindo este a responsabilidade integral pelos
riscos associados à alteração do projeto básico. Nesta espécie de contratação, a administração não escolhe a
tecnologia ou metodologia a ser utilizada, deixando a cargo dos licitantes a apresentação de mais de uma.
O valor estimado do objeto a ser licitado será calculado com base em valores de mercado, em valores
pagos pela administração em serviços ou obras similares ou em avaliação do custo global da obra.
A matriz de alocação de riscos será obrigatória nas hipóteses de contratação integrada ou semi-
integrada. Ademais, em tais contratações será vedada a alterações de valores contratuais, exceto:
I - para restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro decorrente de caso fortuito ou força
maior;
II - por necessidade de alteração do projeto ou das especificações para melhor adequação técnica
aos objetivos da contratação, a pedido da Administração, desde que não decorrente de erros ou omissões por
parte do contratado, observados os limites estabelecidos no art. 125 desta Lei;
III - por necessidade de alteração do projeto nas contratações semi-integradas, nos termos do § 5º
do art. 46 desta Lei;
IV - por ocorrência de evento superveniente alocado na matriz de riscos como de responsabilidade
da Administração.
É todo aquele que tem por objeto a prestação de uma atividade destinada a obter determinada
utilidade de interesse para a Administração Pública ou para a coletividade, predominando o fazer sobre o
resultado final.
Mediante pesquisa prévia de mercado a administração definirá o valor máximo de que dispõe para
pagar pelo serviço, servindo como base para o procedimento licitatório.
O edital de licitação poderá exigir que um percentual de mão de obra seja egressa do sistema
prisional, com a intenção de garantir a ressocialização do ex-presidiário.
13.4. Contrato de fornecimento de bens
É a contratação para aquisição de bens necessários à execução das atividades do órgão público,
mediante pagamento, nos termos da proposta vencedora na licitação. Deverá haver a adequada
caracterização do objeto e indicação dos recursos orçamentários para o pagamento.
Tal contrato é regulamentado pela lei 8.987/95, por meio da qual a Administração transfere,
mediante procedimento licitatório na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a prestação de um
determinado serviço público ao particular que deverá prestá-lo por sua conta e risco, por prazo determinado,
mediante a remuneração por meio de cobrança de tarifas dos usuários do serviço. A concessão de serviço
público poderá ser simples, ou precedida de obra.
A lei 11.079/04 criou duas novas espécies de concessões de serviços públicos, designadas, pela
própria lei, como Parceria Público-Privada. Tais parcerias se dividem em duas novas espécies de ajustes, quais
sejam a concessão patrocinada e a concessão administrativa:
#NÃOCONFUDA
Permissão de serviço público Permissão de uso de bens públicos
Contrato de adesão Ato unilateral
Concessão de uso de bem público é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público outorga ao
particular, mediante prévia licitação, a utilização privativa de um bem público, por prazo determinado, de
forma remunerada ou não, no interesse predominantemente público.
É o contrato cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o
fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de
despesas correntes, remunerado o contratado com base em percentual da economia gerada.
Trata-se do contrato firmado com o particular com o intuito de reduzir custos de serviços prestados
de forma contínua.
13.9. Contrato de gestão
Contrato de gestão é a terminologia genérica utilizada pela doutrina para designar qualquer acordo
operacional firmado entre a Administração central e organizações sociais ou agências executivas, para fixar
metas de desempenho, permitindo melhor controle de resultados.
13.10. Convênios
Art. 184. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber e na ausência de norma específica, aos convênios,
acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração
Pública, na forma estabelecida em regulamento do Poder Executivo federal.
DIPLOMA DISPOSITIVO
Lei 14.133/2021 Artigos 89 a 194.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA