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WBA0430_v1.

Direito empresarial e direito


aplicado ao comércio
Análises tributária e
trabalhista no comércio
empresarial
Bloco 1

Renato Traldi Dias


Reestruturação societária para fins tributários:
transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
- Transformação: alteração do tipo societário – sociedade limitada, sociedade
por ações etc. Não requer a dissolução ou liquidação da sociedade
transformada (art. 1.113, Código Civil), mantendo-se a mesma pessoa
jurídica, mas sendo necessária a alteração do nome empresarial.
- Incorporação: uma ou mais sociedades são absorvidas por uma terceira,
que assume todas as obrigações e direitos das incorporadas, que deixam de
existir (art. 1.116, CC).
Reestruturação societária para fins tributários:
transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
- Fusão: duas ou mais sociedades são extintas para, juntas, formarem uma
nova, que sucede as anteriores em todos os direitos e obrigações (art. 1.119,
CC).
- Cisão: uma sociedade transfere o todo ou parte de seu patrimônio para
uma ou mais sociedades – preexistentes ou constituídas naquele momento.
Extingue-se a sociedade se for transferido todo o patrimônio, e os direitos e
obrigações são transferidos conforme as parcelas (art. 229, Lei n. 6.404/76).
Reestruturação societária para fins tributários:
transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
- Planejamento tributário na transformação: como é mantido o mesmo
capital social, sócios, passivos, entre outros, o que merece atenção é o fato
de que, com a alteração do tipo societário, alteram-se também as exigências
legais para a empresa em termos fiscais.
- É possível também que o regime tributário anterior não mais possa ser
utilizado, como no caso do Simples Nacional, que não pode ser utilizado por
sociedades por ações (art. 3º, §4º, X, Lei Complementar n. 123/2006).
Reestruturação societária para fins tributários:
transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
- Planejamento tributário na incorporação e fusão: como menciona Crepaldi
(2019), por não envolver compra e venda de bens, pode ser utilizada como
uma forma mais vantajosa de se realocar patrimônio de empresa localizada
em um estado ou município para outro, para fins de obtenção de benefícios
em razão da cobrança de tributos estaduais ou municipais a alíquotas
menores, bem como para se beneficiar de programas específicos que
conferem incentivos fiscais.
Reestruturação societária para fins tributários:
transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
- Planejamento tributário na incorporação e fusão (continuação): outro uso
das operações de incorporação e fusão é o de se compensar o lucro uma
sociedade com os prejuízos de outra, deficitária, para que que haja
consequente incidência de IRPJ e CSLL em valores inferiores , segundo
Crepaldi (2019). Vale notar que o artigo 42 da Lei n. 8.981/1995 estabelece
limite de 30% para esta compensação; limite este que, apesar de ter sua
constitucionalidade questionada, foi confirmado como constitucional pelo
STF no RE 591.340.
Reestruturação societária para fins tributários:
transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
- Planejamento tributário na cisão: essa operação oferece a possibilidade
mais simples dentre as demais para o fim de elisão fiscal, pois a divisão do
patrimônio de uma sociedade faz com que sobre esta incida naturalmente
IRPJ em valor inferior.
- Ainda é importante ressaltar que o patrimônio transferido pode não ter
sequer impacto considerável na sociedade que o recepciona, o que significa
que uma boa distribuição entre um grupo de empresas pode gerar uma
grande redução da carga tributária.
Análises tributária e
trabalhista no comércio
empresarial
Bloco 2

Renato Traldi Dias


O aviso prévio

- Art. 7º, XXI, da Constituição Federal , determina que o aviso prévio mínimo
é de 30 dias e que deve ser proporcional ao tempo de serviço.
- Apesar do que consta no art. 487, CLT, desde a Lei n. 12.506/2011, o aviso
prévio passou a ser daquele mínimo de 30 dias, somados de três dias por
ano de serviço, até o máximo de 60 dias adicionais, que poderão totalizar 90
dias.
- Esta proporcionalidade é para o empregador, pois quando o empregado
pede demissão é só de 30 dias.
O aviso prévio

- Segundo a Súmula 163, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), é necessário


aviso prévio até no caso de rescisão antecipada de contrato de experiência.
- Isso se aplica também aos contratos por prazo determinado que são
rescindidos antecipadamente.
- Como se trata de previsão constitucional, não pode haver acordo ou
convenção coletiva, muito menos acordo com profissional hipersuficiente,
que reduza ou dispense o aviso prévio.
O aviso prévio

- Se o empregador não der (ou não quiser dar) aviso prévio, deve pagar os
salários correspondentes ao prazo respectivo (art. 487, §1º), a título de
indenização substitutiva.
- Se o empregado não der aviso prévio, isso dá direito ao empregador de
descontar os salário correspondentes ao prazo respectivo (art. 487, §2º).
- O empregado se beneficia do reajuste salarial coletivo que ocorre durante o
aviso prévio (art. 486, §6º).
O aviso prévio

- Mesmo durante o aviso prévio, a confirmação do estado de gravidez, bem


como a concessão de guarda provisória para fins de adoção, confere à
empregada vedação de dispensa sem justa causa, com estabilidade
provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto
(art. 391-A). Isso significa que essa pessoa deve retornar ao emprego ou, se
for o caso, a indenização substitutiva do aviso prévio deve incluir este
período.
O aviso prévio

- Durante o aviso, com rescisão promovida pelo empregador, o horário de


trabalho do empregado pode ser reduzido de duas horas, ou, ao invés disso,
o empregado pode optar por faltar sete dias corridos, ambos sem prejuízo
do salário (art. 488).
- Se empregador ou empregado cometerem falta relativa a justa causa
durante o aviso prévio, incorrerão em, respectivamente, pagamento de
remuneração correspondente ao prazo do aviso e perda do direito relativo
ao restante do aviso.
Análises tributária e
trabalhista no comércio
empresarial
Bloco 3

Renato Traldi Dias


Rescisão de contrato de trabalho em relação de emprego
- Na extinção de contrato de trabalho (arts. 477 e seguintes, CLT ), o
empregador deve entregar ao trabalhador documentos comprobatórios da
extinção e pagar as verbas rescisórias no prazo de dez dias.
- Se não o fizer, deverá pagar multa no valor de um salário ao empregado,
salvo se este deu causa à mora.
- Verbas rescisórias devidas variam conforme: existência de justa causa,
culpa recíproca ou cláusula assecuratória de rescisão antecipada, e quem
deu início à rescisão.
Rescisão de contrato de trabalho em relação de emprego

- Justa causa na rescisão do contrato de trabalho pelo empregador (art. 482,


CLT):
a) Ato de improbidade: ação ou omissão desonesta, de má-fé, que visa
obtenção de vantagem.
b) Incontinência de conduta ou mau procedimento: comportamento
excessivo, ofensivo ao pudor e/ou desrespeitoso de colegas de trabalho.
c) Negociação habitual sem permissão do empregador, ato de concorrência à
empresa, prejudicial ao serviço.
Rescisão de contrato de trabalho em relação de emprego

d) Condenação criminal do empregado, com recursos esgotados e sem


suspensão de execução da pena.
e) Desídia: faltas graves ou faltas leves acumuladas, produção imperfeita e
insuficiente etc.
f) Embriaguez habitual ou em serviço (há controvérsia quanto à habitual que
se dá fora do serviço).
g) Violação de segredo da empresa.
h) Ato de indisciplina ou de insubordinação: descumprimento de ordem geral
ou individualizada.
Rescisão de contrato de trabalho em relação de emprego

i) Abandono de emprego.
j) Ato lesivo da honra, praticado em serviço ou ofensa física, salvo legítima
defesa própria ou de terceiro.
k) Ato lesivo da honra ou ofensa física, praticada contra empregador ou
superiores, salvo legítima defesa.
l) Prática constante de jogo de azar: se for jogo ilícito, praticado em serviço
ou prejudicial a ele etc.
m) Perda de requisito legal para exercer a profissão, em razão de conduta
dolosa do empregado.
Rescisão de contrato de trabalho em relação de emprego

- O empregador dá ensejo para o empregado rescindir o contrato com justa


causa quando (art. 483, CLT):
a) Forem exigidos serviços superiores às suas forças (em termos físicos ou
intelectuais), em violação de lei, bons costumes ou o contrato.
b) O empregado for tratado com rigor excessivo pelo empregador ou seus
superiores: desrespeito grave, violação da dignidade humana etc.
c) Empregado correr perigo manifesto de mal grave.
Rescisão de contrato de trabalho em relação de emprego

d) O empregador não cumprir obrigações contratuais: aplica-se a qualquer


descumprimento contratual pelo empregador, independentemente de sua
gravidade.
e) For praticado, pelo empregador ou seus prepostos, ato lesivo da honra do
empregado ou de sua família.
f) O empregador ou seus prepostos ofenderem fisicamente o empregado,
salvo legítima defesa.
g) Empregador reduz o trabalho, que é pago por peça ou tarefa, afetando o
salário de forma considerável.
Rescisão de contrato de trabalho em relação de emprego

- Se ambos, empregado e empregador, tiverem culpa recíproca, ou seja,


conforme aquelas hipóteses de justa causa, não mera rescisão de
consentimento comum, pela rescisão do contrato, deve o empregador pagar
indenização, mas com valor reduzido pela metade em comparação ao caso
de sua culpa exclusiva, cf. art. 484, CLT.
- Não é devida indenização por rescisão no primeiro ano de contrato por
prazo indeterminado, já que é considerado período de experiência (art. 478,
§1º).
Teoria em Prática
Bloco 4
Renato Traldi Dias
Reflita sobre a seguinte situação

Você é um comerciante que tem uma loja que vende vasos, pratos, potes e
produtos artesanais similares. Cada tipo de produto é produzido por profissionais,
organizados em sindicato, que trabalham exclusivamente para você, sendo pagos
(em dinheiro) com um salário fixo e comissão por unidade produzida, até um
número máximo mensal estipulado por você. Contudo, a demanda por esses
produtos caiu nos últimos anos e você pretende cortar pela metade aquele máximo
de produção. Além disso, você quer começar a pagar os salários por depósito em
conta, para facilitar a contabilidade de sua empresa. Posto isto, é permitida aquela
redução drástica do máximo de produção? Em caso positivo, por que via? E aquela
mudança na forma do pagamento, pode ocorrer sem restrições legais?
Norte para a resolução...
- As comissões compõem o salário (art. 457, §1º, CLT), que é irredutível salvo por
acordo ou convenção coletiva (art. 6º, VI, CF).
- Assim, para que haja aquela redução, deve haver acordo coletivo com o sindicato,
já que dificilmente se tratará de caso de empregados hipersuficientes, que, com a
justificativa da redução de demanda no mercado, poderá aceitar a redução, apesar
de ser drástica.
- A mera alteração da forma de pagamento dos salários não deve causar prejuízo
aos empregados, portanto, aplica-se o disposto no art. 468, CLT, que determina que
basta o mútuo consentimento do empregado para a alteração não prejudicial do
contrato.
- Vale ressaltar que deve haver consentimento de cada empregado.
Dica do Professor
Bloco 5
Renato Traldi Dias
Dica do professor

Artigo:
LIMA, Emanoel Marcos.; REZENDE, Amaury José. Um estudo sobre a
evolução da carga tributária no Brasil: uma análise a partie da Curva de
Laffer. Interações (Campo Grande), Campo Grande, v. 20, n. 1, p. 239-
255,2019.
-Artigo tenta delinear quais tributos são os que mais pesam no Brasil.
-A Curva de Laffer expressa a ideia de que, após certo ponto de exigência, a
arrecadação cai devido ao esgotamento da capacidade contributiva.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf. Acesso
em: 07 abr. 2020.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto-lei n. 5.452,
de 1 de maio de 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del5452.htm. Acesso em: 07 abr. 2020.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 6.404, de 15
de dezembro de 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm .
Acesso em: 07 abr. 2020.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 8.981, de 20
de janeiro de 1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8981.htm. Acesso
em: 07 abr. 2020.
Referências

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n.
10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 07 abr. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n.
12.506, de 11 de outubro de 2011. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12506.htm. Acesso em:
07 abr. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 07 abr. 2020.
Referências

CREPALDI, Silvio. Planejamento tributário: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2019.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). Recurso extraordinário 591.340 São Paulo.
Rel. Min. Marco Aurélio. Brasília, 2019.
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (TST). Súmula n. 163 do TST. Cabe aviso prévio
nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na forma do art. 481 da
CLT. Brasília, 2003.
Bons estudos!

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