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I – Notas prévias, a disciplina prevista no CPA e as noções de contrato público e de

contrato administrativo
CAPÍTULO III “Dos contratos da Administração Pública”
Artigo 200.º “Espécies de contratos”
1 — Os órgãos da Administração Pública podem celebrar contratos administrativos, sujeitos a um
regime substantivo de direito administrativo, ou contratos submetidos a um regime de direito
privado.
2 — São contratos administrativos os que como tal são classificados no Código dos Contratos
Públicos ou em legislação especial.
3 — Na prossecução das suas atribuições ou dos seus fins, os órgãos da Administração Pública
podem celebrar quaisquer contratos administrativos, salvo se outra coisa resultar da lei ou da
natureza das relações a estabelecer (p. ex., as decisões sancionatórias).

Artigo 202.º “Regime substantivo”


1 — As relações contratuais administrativas são regidas pelo Código dos Contratos Públicos ou por
lei especial, sem prejuízo da aplicação subsidiária daquele quando os tipos dos contratos não afastem
as razões justificativas da disciplina em causa.
2 — No âmbito dos contratos sujeitos a um regime de direito privado são aplicáveis aos órgãos da Administração Pública as
disposições do presente Código que concretizam preceitos constitucionais e os princípios gerais da actividade administrativa.

Artigo 201.º “Procedimentos pré-contratuais”


1 — A formação dos contratos cujo objeto abranja prestações que estejam, ou sejam suscetíveis de
estar, submetidas à concorrência de mercado, encontra-se sujeita ao regime estabelecido no Código
dos Contratos Públicos ou em lei especial.
2 — À formação dos contratos a que se refere o número anterior são especialmente aplicáveis os princípios da transparência, da
igualdade e da concorrência.
3 — Na ausência de lei própria, aplica-se à formação dos contratos administrativos o regime geral do
procedimento administrativo estatuído pelo presente Código, com as necessárias adaptações.
II – Referência a algumas disposições do Código dos Contratos Públicos (CCP)
1. Âmbito de aplicação do regime do CCP - artigo 1.º
1 - O presente Código estabelece a disciplina aplicável à contratação pública e o regime substantivo dos contratos
públicos que revistam a natureza de contrato administrativo. (…)
5 - A parte III do presente Código contém o regime substantivo aplicável à execução, modificação e extinção das
relações contratuais administrativas.

1.1. Parte III do CCP – “Regime substantivo dos contratos administrativos” – artigos 278.º e segs.
Artigo 278.º Utilização do contrato administrativo
Na prossecução das suas atribuições ou dos seus fins, os contraentes públicos podem celebrar quaisquer
contratos administrativos, salvo se outra coisa resultar da lei ou da natureza das relações a estabelecer.

Artigo 279.º Contrato como fonte da relação jurídica administrativa


Sem prejuízo do disposto no presente título em matéria de conformação da relação contratual, esta rege-se pelas
cláusulas e pelos demais elementos integrantes do contrato que sejam conformes com a Constituição e a lei.

Artigo 280.º Direito aplicável


1 - A parte III aplica-se aos contratos sujeitos à parte II que configurem relações jurídicas contratuais
administrativas, entendidas, para efeitos do presente Código e sem prejuízo do disposto em lei especial, como o
acordo de vontades, independentemente da sua forma ou designação, em que pelo menos uma das partes seja
um contraente público (artigos 2 e 3.º do CCP) e que se integre em qualquer uma das seguintes categorias:
a) Contratos que, por força do presente Código, da lei ou da vontade das partes, sejam qualificados como
contratos administrativos ou submetidos a um regime substantivo de direito público;
b) Contratos com objeto passível de ato administrativo e demais contratos sobre o exercício de poderes públicos;
c) Contratos que confiram ao cocontratante direitos especiais sobre coisas públicas ou o exercício de funções
dos órgãos do contraente público;
d) Contratos que a lei submeta, ou que admita que sejam submetidos, a um procedimento de formação regulado
por normas de direito público e em que a prestação do cocontratante possa condicionar ou substituir, de forma
relevante, a realização das atribuições do contraente público.
1.2. O Código dos Contratos Públicos (CCP) qualifica como contratos administrativos:
a) Empreitada de obras públicas;
b) Concessão de obras públicas;
c) Concessão de serviços públicos;
d) Locação ou aquisição de bens móveis;
e) Aquisição de serviços.
1.2.1. O regime substantivo/de execução destes contratos encontra-se estabelecido nos
artigos 278º a 476º daquele Código

III – Classificação (doutrinal) dos contratos administrativos


1. Critério do fim
1.1. Contratos de colaboração: o co-contratante privado obriga-se a contribuir para o
desempenho de actividades materialmente administrativas (públicas), mediante
remuneração (empreitada, concessão de obras públicas ou de serviços públicos, gestão
de estabelecimentos públicos, prestação de serviços ou fornecimento de bens móveis)

1.2. Contratos de atribuição: o contrato visa conferir ao co-contratante privado uma


situação de vantagem própria, mediante contrapartida (concessão de uso privativo do
domínio público, concessão de jogo de fortuna e azar)

1.3.Contratos de cooperação: contratos em que dois (ou mais) entes públicos acordam na
realização de tarefas públicas de interesse comum, em função da identidade ou da
complementaridade das respectivas atribuições.
2. Critério da relação entre as partes
2.1.Contratos de subordinação, assim designados por, na respectiva execução,
se verificar um ascendente funcional da Administração sobre o co-
contratante, podendo ser:
i) Contratos de colaboração subordinada: a noção abrange os contratos de aquisição de
bens e serviços no mercado, os contratos de concessão translativa, que visam associar um
particular ao exercício de funções especificamente administrativas, destacando-se os que
implicam uma relação duradoura (concessões de obra ou serviço público, gestão de
estabelecimento público);

ii) Contratos de atribuição subordinada, contratos de concessão constitutiva de


posições jurídicas precárias ou funcionalmente dependentes da Administração
(concessões de exploração do domínio público e alguns contratos-programa);

iii) Contratos de cooperação subordinada, celebrados entre entes públicos, mas em que
um deles se sujeita ao exercício de poderes de autoridade do outro (artigo 338.º, n.º 2, do
CCP).

2.2. Contratos de não subordinação, em que tal ascendente não se verifica, incluindo:
i) Os contratos de cooperação inter-administrativa paritária, em que dois entes públicos
contratam num plano de igualdade jurídica (no âmbito da descentralização administrativa, p.
ex., contratos de parceria entre o Estado e as autarquias locais para a exploração e gestão de
sistemas municipais de abastecimento público de água, de saneamento de águas residuais
urbanas e de gestão de resíduos urbanos);
ii) Os contratos de colaboração não subordinada em que o co-contratante privado
colabora no desempenho de uma tarefa pública, mas no exercício de uma liberdade ou
autonomia constitucionalmente consagrada (contratos de associação com escolas
privadas, contratos com Instituições Particulares de Solidariedade Social-IPSS);

iii) Os contratos de atribuição de direitos em que se conferem posições não-precárias


ou não subordinadas, desenvolvendo o co-contratante particular uma actividade própria
dos privados, cujo desempenho interessa ao contraente público (a generalidade dos
contratos-programa, contratos de investimento, contratos de desenvolvimento,
“contratos de licenciamento”, contratos de atribuição de bolsas)

3. Critério do conteúdo ou objecto


3.1. Contratos com objecto passível de acto administrativo (substitutivos ou integrativos
de actos de autoridade: p. ex., os contratos decisórios ou substitutivos de actos
administrativos, nos termos do artigo 337.º, n.º 1, do CCP, os contratos obrigacionais,
nos termos do artigo 337.º, n.º 2, do CCP, nos quais, antes ou no decurso de um
procedimento administrativo, a Administração se obriga a praticar ou a não praticar um
determinado acto administrativo com certo conteúdo; os acordos endocontratuais,
enquanto contratos que substituem actos administrativos contratuais, nos termos do
artigo 310.º do CCP) e contratos com objecto passível de contrato de direito privado
(aquisição de bens ou de serviços ao mercado);

3.2. Contratos com objecto próprio (ou exclusivo) de contrato administrativo (concessão
de obra pública, concessão exploração de jogos de fortuna ou azar)
Obrigado pela Vossa Atenção!
Licínio Lopes Martins

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