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SUMÁRIO

1. Introdução p. 02
2. Dialética do planejamento urbano de Curitiba p. 03
3. Diretrizes para um novo projeto de desenvolvimento de Curitiba p. 12
4. Referências p. 26
5. Sobre o Autor p. 28

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1. INTRODUÇÃO

A dialética do planejamento urbano em Curitiba é baseada no planejamento na


região central e eixos estruturais e a ausência do mesmo planejamento nas suas bordas,
destacando-se a região sul e as regiões limítrofes com a Região Metropolitana. Superar
as fissuras que hoje dividem a sociedade e o espaço urbano Curitiba não é uma tarefa
fácil, pois envolve a universalização dos direitos, bens e serviços de qualidade e
assegurar para todos o padrão de vida que hoje é desfrutado apenas pelas classes médias
e altas.

Este trabalho é uma contribuição para o debate sobre o futuro de Curitiba e se


move pelo senso de urgência em fazer algo para corrigir o curso do planejamento
municipal. Sem a pretensão de levantar todos os problemas da urbanização e apresentar
soluções originais para Curitiba, este trabalho visa socializar o esboço de um novo
plano de desenvolvimento, a ser realizado nos próximos anos.

Os próximos anos serão decisivos para uma transição rumo à um planejamento


urbano integral em Curitiba. Um novo projeto de desenvolvimento deve apresentar uma
visão clara sobre os desafios da cidade, um conjunto de ideias aos tomadores de decisão.
Esta plataforma vem sendo amadurecida, aperfeiçoada e, mesmo não tendo certeza de
que algum dia surgirão condições para uma administração que esteja disposta a fazê-lo,
pode servir de base para programas de governo.

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2. DIALÉTICA DO PLANEJAMENTO URBANO EM CURITIBA

Curitiba, a capital do Estado do Paraná, é conhecida internacionalmente por seu


planejamento urbano, seu sistema de transporte público e programas ambientais,
elementos que deram a cidade destaque no cenário nacional e internacional. Isto é
reflexo de anos de trabalhos de planejamento urbano.

Curitiba teve sua fundação em 29 de março de 1693. As principais atividades


econômicas da época eram a mineração e a agricultura de subsistência. O ciclo seguinte
foi a atividade tropeira, derivada da pecuária. Os condutores de gado – ou tropeiros,
como eram chamados – conduziam suas tropas de Viamão, no Rio Grande do Sul, até
Sorocaba, no estado de São Paulo, fazendo paradas para esperar o fim dos invernos
rigorosos em fazendas como as localizadas nos “campos de Curitiba”.

O planejamento urbano da capital paranaense remonta ao ano de 1721, quando o


então ouvidor Rafael Pires Pardinho estabeleceu a ordenação da cidade em quadras
retangulares, com construções parede com parede, de forma contínua, de modo a
separar o público do privado em uma organização de ruas em forma de grade.
Evidenciou-se desde então a preocupação com o desenho urbano e a tentativa de
organizar o seu funcionamento.

Em 1913, Curitiba foi administrada pelo engenheiro Candido de Abreu, que


implantou o Novo Código de Posturas e de Edificações, sendo um importante marco
para o começo de um processo de modernização. Candido de Abreu também criou a
“Companhia Melhoramentos da Cidade”, envolvendo a criação de obras e cultura,
responsável pelo surgimento do primeiro lugar de recreação da cidade e um marco
urbano: o ‘Passeio Público’, que além de estético era funcional, pois previa a contenção
de alagamentos.

Em 1940, sob a administração de Garcez, com o apoio de um engenheiro italiano


Ernesto Guaita, cria-se o “Plano da Cidade Nova de Curitiba”, que consistia,
basicamente num melhoramento nas ruas da cidade. Entre 1941 e 1943 foi elaborado o
plano urbanístico da cidade conhecido como “plano Agache”. Para a realização dos seus
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trabalhos, o arquiteto francês Alfredo Agache buscou todas as informações disponíveis
sobre a cidade, seus dados, história e demandas urbanas. Inteirou-se dos fundamentos
históricos do desenvolvimento urbano da cidade e da realidade sociocultural. Procurou
entender o curitibano como individuo e definir o seu perfil coletivo. Houve inúmeras
comparações entre a cidade de Curitiba e São Paulo, Paris, etc., como ato consciente do
entendimento. Fundamentado pela sociologia de Gabriel Tarde e Emile Durkheim,
assim como de outras referências das áreas da psicologia social, buscou compreender os
hábitos e estabelecer a lógica social básica de Curitiba. Como consequência a esta
orientação sociológica e apelo modernista, a funcionalidade emerge como uma marca
importante neste projeto. A linha mestra do plano Agache foi a racionalização da
cidade, orientada para o futuro e o moderno. Como sugere Carollo, “Agache prega uma
cidade viva, uma cidade organizada, funcional, gravitando em torno de elementos
também funcionais”, o que se revela na proposta de criação do chamado “Centro
Cívico” (CAROLLO, 2002, p. 132). Mesmo com poucas intervenções realizadas por
sua implementação, o plano Agache foi o primeiro plano urbanístico de significativa
modernização do espaço urbano e deixou suas marcas que podem ser vistas até hoje,
como a delimitação do Centro Cívico, o Tarumã com seu uso esportivo, o Centro
Politécnico da UFPR e o Quartel do Bacacheri, bem como o esboço que constituiu no
futuro o Parque Barigüi, Tingui e Tanguá, que já estavam com espaços vazios previstos
para o desenvolvimento de obras (mas sem a menção dos respectivos nomes).

Em 1965, a partir de um Plano Preliminar de Urbanismo desenvolvido pela


empresa paulista Serete Engenharia S.A., iniciou-se a formulação do Plano Diretor de
Urbanismo, que propiciaria também o surgimento do órgão que viria a ser responsável
pelo seu acompanhamento: o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba). O plano urbanístico desenvolvido por Jorge Wilheim propunha uma expansão
linear da cidade através de vias estruturais que se constituiriam de eixos de adensamento
populacional e expansão do setor comercial e de serviços. Tendo como suporte um
sistema de circulação composto por uma via central com uma pista exclusiva para
transporte coletivo, duas para tráfego lento e outras duas vias externas paralelas a este
eixo para o fluxo contínuo de veículos. A implantação destes eixos estruturais poderia
ser feita sem a necessidade de alargamento de ruas e construção de viadutos, sem
destruir a destruição da paisagem urbana, geralmente inevitável quando o transporte
individual é incentivado.
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A execução do plano ocorreu quando o arquiteto Jaime Lerner foi nomeado
prefeito (1971-1974), transformando Curitiba em verdadeiro canteiro de obras:
implantação do calçadão de uso exclusivo para pedestres, melhoramento das praças,
ampliação e criação de novas áreas destinadas ao lazer, implantação de grandes parques
públicos, abertura dos eixos estruturais, inauguração do novo sistema de transporte,
transformação de edificações industriais desativadas em espaços culturais, como o
Centro de Criatividade (antiga fábrica de cola e beneficiamento de couro) e o Teatro
Paiol (antigo depósito de munições e arquivo), entre outros projetos. Lerner indicou
para as chefias de departamento da prefeitura as pessoas que vinham preparando
programas e projetos e que não precisavam ser convencidos de que eram necessários.
Dessa forma, pode rapidamente fazer suas obras principais, porque os projetos já
estavam prontos e os planejadores se tornaram os executores.

Em 1971, Jaime Lerner começa a realizar o Plano Diretor com a estrutura do


planejamento voltado ao desenvolvimento preferencial da cidade no eixo nordeste-
sudoeste, com a hierarquia de vias, o crescimento linear do centro principal servido por
vias tangenciais de circulação rápida, a caracterização das áreas de uso preferencial ou
exclusivo de pedestres, a extensão e adequação de áreas verdes, a criação de uma
paisagem urbana própria e a preservação histórico-tradicional. Ocorre na cidade uma
transformação física com adensamento ao longo dos eixos de transporte coletivo, uma
transformação cultural com a preservação do centro histórico e de 99 bosques de mata
nativa, definição de grandes parques, ruas exclusivas para pedestres e equipamentos
urbanos diferenciados e uma transformação econômica, por meio da Cidade Industrial
de Curitiba (CIC).

Ao mesmo tempo em que os planejadores e técnicos envolvidos nos grandes


projetos urbanos evidenciavam uma aproximação com os grupos imobiliários e
industriais, as contradições típicas de uma cidade capitalista, visíveis pela proliferação
das favelas, crescimento dos bairros pobres e pelas ocupações de áreas consideradas
“insalubres”. O exemplo mais gritante de favorecimento para determinados
empreendimentos imobiliários, relacionado a “especulação”, foi o caso da Conectora
Cinco. Parte integrante das medidas visando à expansão da ocupação em direção à
Cidade Industrial de Curitiba – CIC, a proposta dessa conectora envolvia a implantação
de infraestrutura para o transporte de massa e a utilização da área para habitação de

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interesse social (POLUCHA, 2010, p:79). Apesar de concluída em 1983 com recursos
públicos, a região permaneceu desocupada por vários anos e, contraditoriamente às
intenções originais, passou a receber na década de 90 edificações residenciais de alto
padrão integrantes do projeto Ecoville.

O planejamento urbano curitibano atuou de forma profícua na valorização dos


espaços destinados à população de alta renda. Neste sentido foi muito bem sucedido,
levando a excelente qualidade de vida nos bairros próximos ao centro. Porém, este
planejamento dentro das áreas de investimento prioritário ou eixos estruturais, acontece
em detrimento às necessidades básicas da população que vive em condições precárias,
com acesso dificultado à cidade formal, instalando-se estas em áreas, na maioria das
vezes, inadequadas. Consequentemente, tal prática gerou a exclusão e a desatenção aos
habitantes que vivem em regiões diversas e distantes destas priorizadas pelo poder
público, contribuindo para o acirramento do desequilíbrio entre as regiões da cidade,
segmentando o espaço de acordo com a diferenciação social de seus habitantes,
segregando-os. A divisão espacial de classes da cidade aponta para a concentração das
classes altas e médias próximas ao centro, a grande massa das classes trabalhadoras no
primeiro entorno do centro e o subproletariado nas regiões limítrofes, bem distante da
realidade urbana encontrada nos bairros centrais.

A desigualdade espacial de Curitiba se revela na comparação de rendimentos


entre um bairro pobre localizado no extremo sul da cidade e um vizinho da região
central. A distância reflete aspectos inerentes ao desenvolvimento do município, como o
crescimento induzido pelo planejamento que concentrou a população de baixa renda em
bairros distantes do Centro, especialmente na região sul. Sem acesso a serviços
municipais, moradores de todas as faixas de renda são forçados a encontrar os próprios
meios para suprir suas necessidades de casa, água, saneamento, energia e transporte. Em
todos os bairros cuja renda apresenta valor mediano mensal inferior a 1 salário mínimo
há considerável concentração de população “favelada”: Tatuquara, Ganchinho, São
Miguel e Campo de Santana estão entre os 10 bairros com maior número de habitantes
vivendo precariamente. Quase todos os bairros curitibanos que fazem limites com
outras cidades da RMC apresentam diversas favelas, sendo que sua concentração nas
divisas localizadas ao Sul. Todos os bairros que possuem mais de 5 mil habitantes
vivendo em favelas estão ao sul do centro da cidade, sendo que dos 37 bairros com
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favelas, apenas 9 deles se localizam ao Norte da região central, porém quase todos
limítrofes com outros municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Atualmente, Curitiba destaca-se entre as capitais mais violentas do Brasil e do mundo.
A violência em Curitiba também está diretamente relacionada à ilegalidade urbana e
desigualdade social. É justamente nos bairros mais pobres, mais distantes e esquecidos
da atenção do poder público em que a violência abunda e faz suas vítimas.

Planejou-se e se executou a organização e “transformação” urbana de Curitiba,


porém, de forma seletiva e excludente. No planejamento da cidade, estruturada a partir
dos “eixos estruturais” ou “sistema trinário”, o poder público atuou de modo a
predefinir e selecionar espaços urbanos a serem privilegiados e valorizados com as
obras e maiores atenções, sendo que as áreas primordialmente predefinidas pelo
planejamento urbano e investimentos públicos eram as historicamente ocupadas pela
elite econômica curitibana. Da mesma forma, áreas consideradas “problemáticas”,
habitadas por migrantes recém estabelecidos, acabaram sendo preteridas (SOUZA,
2001). Uma vez determinada a área da cidade para se planejar, investir e valorizar e,
sendo esta justamente a habitada pela população da mais alta renda, facilitou-se e se
potencializou a segregação dos habitantes da região – afinal, justifica-se e se legitima os
privilégios e a demanda das atenções e investimentos.

O adensamento construtivo ocorrido ao longo dos Eixos Estruturais nas décadas


que seguiram a execução do Plano Diretor de 1966 não coincidiu com as áreas de maior
adensamento demográfico. A produção da habitação social ao longo do tempo realizou-
se majoritariamente em áreas de expansão urbana, na periferia da cidade, regiões não
atendidas diretamente pelas linhas troncais do transporte coletivo de massa, e
concentraram-se no extremo oeste e sul do município. Essas regiões conformaram
bairros populares densos e populosos, caracterizados pelos piores indicadores de
precariedade urbana (BITTENCOURT, 2017). A população que mais cresceu na cidade
desde os anos 1980 - de 800 mil para 2 milhões - vive fora das regiões onde foram
implantadas as políticas de planejamento, onde existem condições precárias de moradia,
transporte, equipamentos públicos, segurança e emprego.

Os primeiros assentamentos precários de Curitiba datam do fim da década de


1950 para a década de 1960 – destacando-se a favela do Parolin e a Vila Torres, ambas

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situadas próximo ao Centro da capital. Esses espaços foram ocupados inicialmente de
forma individualizada, seguindo um padrão de ocupação por migrantes provenientes do
campo ou pessoas que vieram buscar serviços na capital, como o tratamento médico. A
Vila Torres, 2 km distante do Centro, ocupa atualmente uma área aproximada de 200
mil metros quadrados. Essa região encontra-se às margens do rio Belém, em fundo de
vale, e pertencia a 27 proprietários e ao setor público. Na década de 1970, conhecida
ainda como Vila Pinto, a área expandiu-se com a ocupação de uma propriedade
particular que havia obtido autorização da Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab-
CT) para a realização de um loteamento.

A partir da década de 1970, com a criação da CIC e do distrito industrial de


Araucária, se favoreceu a instalação de grandes indústrias como a Petrobras, a Volvo, a
Coselpa, a Bosch, a Kraft Foods, entre centenas de outras, fazendo a região sul e a RMC
começar a receber forte fluxo migratório. A questão se agrava com a grande geada de
1975, que eliminou ou diminuiu drasticamente o cultivo do café em várias regiões do
Paraná, levando a perda da terra de muitos pequenos proprietários rurais, colonos,
meeiros, etc. Inicia-se, então, uma série grande de ocupações, tanto quanto possível
“espontâneas”, muitas nas margens dos rios Iguaçu, Belém e Barigui. Em especial,
Araucária e a Cidade Industrial de Curitiba fornece um notável e lamentável contraste
entre a modernidade das zonas industriais e a improvisação e precariedade das novas
vilas e ocupações em que reside grande parte de seus trabalhadores. A redemocratização
da década de 1980 até certo ponto agravou o problema. Da conjugação entre a enorme
demanda social reprimida e a impossibilidade dos novos governos municipais e
estaduais a suprimirem resultou uma nova leva de ocupações – agora um pouco menos
“espontâneas”, dado o interesse ou o descaso do poder público que, de modo mais ou
menos consciente, se passou a empreender política habitacional com base em
ocupações. Vigorosos movimentos pela ocupação do espaço urbano eclodiram em
vários pontos da cidade, no período de 1988 a 1992, com destaque para as ocupações do
Xapinhal e Ferrovila.

Foi na década de 1990 que surgiram os principais assentamentos precários na


RM de Curitiba. Quando o governo do Paraná coube por oito anos a Jaime Lerner,
houve novo surto de industrialização sem planejamento habitacional, agora na parte
Leste da RMC, com a instalação de grandes montadoras de automóveis – a Renault e a
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Audi – no município de São José dos Pinhais, processo do qual resultaram dezenas de
ocupações na periferia desse município. Em Curitiba, esse processo leva a formação do
Jardim Icaraí, área localizada em parte dos bairros Uberaba e Cajuru. Essa ocupação
está incluída em uma área maior, junto a outras vilas, e é denominada pelo poder
público de Bolsão Audi União. Este bolsão localiza-se na divisa com São José dos
Pinhais e engloba parte dos bairros Uberaba, Cajuru e Capão da Imbuia. Vila Zumbi dos
Palmares, no município de Colombo, e Jardim Guarituba, em Piraquara, são
assentamentos que se consolidaram nesse período.

Entre a 1970 e 2000, em grande medida o problema das ocupações foi


enfrentado pelo simples descaso ou pelo uso político e eleitoral da insegurança social
que acompanha as moradias irregulares. Neste momento havia um interesse do capital e
seu estado no rebaixamento do valor da força de trabalho, não combatendo o “gato” de
luz e água, facilitando uma enorme concentração do seu exército industrial de reserva.
Esse valor rebaixado também se facilitava quando o valor da moradia já estava abatida,
garantindo que se poderia viver com salário menor. Dessa forma se ampliaram as
ocupações fora do centro urbanizado da cidade, levando a criação de novos bairros,
muitos permanecendo irregulares. Neste ciclo, com muita luta popular, também se
garantiram interesses dos burgueses industriais e imobiliários, conduzindo as ocupações
para regiões longe dos centros urbanos além de valorizar áreas com a construção de
estradas e ligações de luz, multiplicando assim seu valor. E, assim, grande parte da
periferia de Curitiba é formada por invasões em que o próprio povo constrói sua
moradia e seu bairro, criando a cidade onde a prefeitura e o capital não são capazes de
fazê-lo.

Durante a década de 1990 e, desde então, vem se transformando fortemente esse


processo. O crescimento industrial cessa e também a necessidade de novos
trabalhadores. E, assim, o crescimento urbano passa a não ser mais necessário, passando
a ser combatido. Cresce a miséria o desemprego e a violência. O processo de
desindustrialização de nossa economia é terrível para os trabalhadores, catastrófico para
as periferias. Durante a década de 2000, diminui o fluxo de ocupações massivas e
crescem as práticas de despejos. As terras ociosas sobrantes passam a ser defendidas e
preservadas para que se possa especular, aguardando o melhor momento para delas se
desfazer, tendo o maior retorno possível.
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O estudo conduzido por Bittencourt e Faria (2021) destaca a centralidade do
Estado na condução de políticas públicas, como as relações de poder que ocorrem no
ambiente urbano afetam a construção do espaço economicamente e socialmente.
Demonstram que a maior parte dos investimentos públicos aplicados no município de
Curitiba estão destinados a bairros com maiores níveis de renda e infraestrutura. Assim,
atestou-se que os bairros mais precários recebem menos investimentos, tanto em termos
absolutos como proporcionais. Os vinte e oito bairros com os mais altos níveis de renda
e infraestrutura (29% da população) concentraram 60% dos investimentos públicos. Na
dimensão oposta, os trinta e dois bairros de mais alta precariedade (56% da população)
receberam apenas 25% dos investimentos. Além disso, na comparação entre os bairros
mais precários de Curitiba, verifica-se que os investimentos são mais concentrados em
periferias já consolidadas (Boqueirão, Cidade Industrial, Tatuquara e Prado Velho), em
detrimento das áreas recentemente ocupadas (Riviera, Caximba e São Miguel). Diante
disso, verifica-se que a desigualdade socioespacial vem sendo reforçada pelos
parâmetros de investimento adotados, além de capitalizada pelos interesses financeiros e
políticos presentes na cidade.

As áreas mais ricas normalmente concentram a maior parte das grandes


empresas e pontos turísticos. Os moradores dessas regiões têm acesso facilitado na
disputa pelos recursos públicos, como a mídia, vereadores, gestores públicos, grandes
investidores em campanhas eleitorais, entre outros. O acesso privilegiado dos habitantes
das regiões centrais ao processo de tomada de decisão e de formação da opinião pública
faz com que o pouco recurso disponível para novos gastos seja alocado nas regiões
periféricas. A atuação desses grupos faz com que investimentos nas regiões centrais
sejam apresentados como gastos que favorecem a cidade como um todo, geram
empregos e receitas oriundas do turismo e, portanto, tendem a ganhar a simpatia de um
grupo maior de pessoas.

A restrita mobilidade urbana e social da população menos favorecida, habitante


de uma cidade “ilegal” e distante – tanto fisicamente quanto economicamente dos
destacados “cenários urbanos” de Curitiba -, reflete uma cidade segregada e excludente.
A dialética do planejamento urbano em Curitiba é baseada em realidades distintas e
contrastantes: de um lado, áreas onde vivem os “donos do poder”, os quais são melhores
atendidos pelo Estado e beneficiados pelos investimentos advindos desse; de outro lado,
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encontram-se aquelas áreas distantes fisicamente e socialmente das partes privilegiadas,
onde a informalidade e o esquecimento predominam, habitada por uma população
pauperizada que, sem recursos e moradora de regiões insalubres e distantes, “foi
representada como insignificante em termos estatísticos e tornou-se invisível para o
planejamento” (SOUZA, 2001, p.111). Apesar de ostentar boa imagem quanto à
qualidade urbana disponível a uma parcela da população, Curitiba revela-se, nos dias
atuais, extremamente segregada e dual. Duas cidades convivem num mesmo território, a
cidade legitimada e ideologicamente “vendida” pela mídia como modelo urbano a ser
seguido e um grande anel de pobreza, excluído e isolado socialmente da Curitiba
“oficializada”. A Curitiba “ilegal”, informal, não prevista e desconsiderada que surgiu
no entorno da cidade “idealizada” foi a que restou aos habitantes menos favorecidos
economicamente e àqueles que acabaram sendo expulsos pelas “cirurgias urbanas” e
valorização do solo, ocorridas a partir da década de 1970.

A concentração econômica e homogeneidade social interna das áreas centrais de


Curitiba proporcionaram, como reflexo do planejamento urbano implementado, o
crescimento desordenado de sua periferia e municípios vizinhos. O resultado acaba por
concentrar a riqueza nos espaços mais ricos. A região que concentra os parques, os
pontos turísticos da cidade e a população da mais alta renda, ao longo das décadas,
manteve-se isolada das áreas de baixa renda ao sul da cidade.

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3. DIRETRIZES PARA UM NOVO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO
DE CURITIBA

É praticamente impossível realizar um estudo global, aprofundado, extensivo e


detalhado de uma cidade, seja por seu tamanho, a multiplicidade de variáveis e a rapidez
das transformações. Porém, é preciso tentar realizar um diagnóstico integral, econômico
e social, ao qual se deve formular uma estratégica completa. Quando mais se conhecer
os problemas em profundidade, mais fácil encontrar soluções. E já temos diversos
elementos indispensáveis para um planejamento urbano integral.

Um planejamento integral exige que o corpo social seja capaz de tomar certas
decisões que contrariam hábitos e interesses, verdadeiros ou ilusórios, de indivíduos,
grupos e até regiões. A necessidade de um planejamento superior se faz sentir pouco a
pouco, através da emergência de problemas prementes para o corpo social e o poder
público. Na vida prática, a necessidade de planejamento costuma fazer-se sentir através
da emergência de problemas específicos. A implantação do primeiro ensaio de
planificação com Jaime Lerner também aconteceu porque estava surgindo diversos
problemas que precisavam de soluções. E agora não é diferente. Existe um esgotamento
daquelas diretrizes, que necessitam de atualização.

Um novo processo de desenvolvimento acontece aproveitando os desiquilíbrios


gerados pelo processo anterior. Na programação de Curitiba, a alocação de recursos tem
sido passiva em reverter a polarização sócio-espacial. Se tem o cuidado em “romper os
pontos de estrangulamento”, isso é, fortalecer os pontos débeis da estrutura urbana, num
estágio superior de programação, será crucial considerar não apenas a atual estrutura,
mas aquela que desejamos que exista, correspondente ao ritmo de desenvolvimento que
quisermos imprimir à cidade. Na nova dialética do planejamento urbano, deve se
conjugar, por um lado, a expansão da capacidade existente nas regiões para além dos
eixos, e por outro, com o melhoramento do coeficiente de utilização nos eixos.

Estamos diante da necessidade de novas diretrizes no planejamento de Curitiba.


Apresentamos duas diretrizes que talvez possam nos ajudar a pensar um novo projeto
para a cidade.

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3.1. Desenvolvimento Territorial Equilibrado

O principal objetivo para Curitiba na próxima década deve ser o


estabelecimento de um desenvolvimento regional equilibrado, assegurar o
desenvolvimento para toda a cidade, frear a concentração urbana e utilizar os
investimentos públicos para proporcionar trabalho e serviços às regiões até agora
subdesenvolvidas. Sem uma política regional descentralizante será impossível
solucionar a fundo os problemas colocados pelo crescimento urbano.

Curitiba precisa incrementar os mecanismos de planejamento – orçamentário, de


investimentos e serviços públicos - para incluir a resolução dos graves problemas
causados pela desigualdade territorial. Não se trata de uma mudança de curto prazo, mas
um processo de desenvolvimento por algumas décadas visando um espaço urbano mais
equilibrado, suprindo faltas crônicas nas regiões mais precárias da cidade.

A desigualdade impacta todos na cidade, não apenas as pessoas desassistidas. A


desigualdade no acesso aos serviços urbanos impacta toda a cidade na forma de perda
de produtividade, gastos mais elevados, degradação ambiental, aumento da violência e
prejuízos à saúde. Pensar no desenvolvimento de Curitiba no longo prazo nos leva a
estruturar políticas públicas que gerem investimentos, disponibilizem infraestrutura e
melhores condições econômicas e sociais para todo o território. É preciso estabelecer
prioridades e opções de intervenção nos bairros periféricos, reduzindo a dinâmica de
desigualdade espacial. E isso significa projetar mudanças profundas no tipo de
urbanização, incluindo o planejamento para todo o território da cidade, desconcentrando
investimentos e ampliando a qualidade de vida para a maioria da população.

Curitiba precisa dar um salto qualitativo, incorporando populações hoje


desintegradas com uma nova estrutura urbana. É preciso ampliar a intervenção urbana
em territórios de menor desenvolvimento. A integração da região sul é fundamental para
a melhoria do desenvolvimento municipal. Muitos bairros periféricos são maiores que a
maioria das cidades do Paraná, sendo um vetor de desenvolvimento econômico da
cidade. E a maior parte da cidade está crescendo de forma não sustentável, com um
número cada vez mais alto de assentamentos informais. Essa situação aumenta a
desigualdade espacial por meio do acesso desigual a serviços e oportunidades com base
na localização. Os governos locais muitas vezes não possuem autoridade, recursos ou
capacidade técnica para planejar esse crescimento, de forma que o desenvolvimento é
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orientado pelos lucros dos proprietários dos terrenos em detrimento do interesse
público.

Um novo plano de desenvolvimento urbano requer priorizar áreas de grande


impacto no futuro da cidade, elaborando estudos prospectivos para balizar seu
desenvolvimento, visões, objetivos e ações. Projeta-se o futuro no presente, baseado nas
lições do passado, com escalas de curto prazo, médio prazo e longo prazo. Os planos de
curto prazo se remetem aos objetivos de médio e longo prazo. O planejamento conecta o
presente e o futuro, em esforços coordenados e nas suas devidas etapas. Ao mesmo
tempo, é flexível, se adaptando as necessidades gerais. Planejamento como ação de
intervenção no futuro, mediando tendências, mas seguindo diversos planos
simultaneamente, definindo prioridades e fortalecendo as formas de execução no devido
tempo. O planejamento como um processo contínuo que busca conduzir a cidade para
uma visão de longo prazo, com prioridade num conjunto de ações e monitoramento da
implantação do plano que contenha indicadores e metas de forma a controlar o
progresso de sua implantação e mecanismos e estruturas que permitam a sua avaliação e
a proposição de ajustes.

Não bastam pautas vagas ou boas intenções, são precisos projetos exequíveis no
curto e longo prazo que visem a gestão do território urbano promovendo o planejamento
espacial integrado. Se trata de não ignorar mais no projeto e implementação da
infraestrutura urbana o número crescente de pessoas vivendo em áreas periféricas
desconectadas entre si. Ter critérios científicos que possam orientar a superação da
desigualdade espacial. A infraestrutura urbana precisa ser projetada e implementada
para priorizar as populações negligenciadas, recuperar os atrasos na oferta de serviços
básicos.

Cidades ao redor do mundo estão empenhando esforços para adicionar alguma


forma de classificação geográfica ao orçamento público. Assim os investimentos devem
ser realizados de acordo com as regiões de maior vulnerabilidade. Os investimentos
maiores devem ser nas áreas que mais precisam. O principal motivo para a adoção de
estratégias regionalizadas de orçamentação é a necessidade de os governos combaterem
as desigualdades socioespaciais, muitas vezes geradas depois de um surto de
desenvolvimento nas regiões mais abastadas. Essas estratégias, ao introduzir novos

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critérios para o planejamento e a execução orçamentária, criam novas regras de
governança que possibilitam combater outros aspectos problemáticos dos sistemas
tradicionais de gestão orçamentária.

A Cidade do México estabeleceu em sua lei orçamentária anual uma fórmula


que distribui os recursos executados pelas alcaldías (órgãos do governo local com
funções semelhantes às das subprefeituras ou regionais) de acordo com critérios
técnicos e transparentes que refletem aspectos da vulnerabilidade de cada território,
como por exemplo o índice de pobreza. Montreal também possui uma experiência
extensa no uso de critérios técnicos para definição da distribuição de recursos de
zeladoria. Todas essas experiências apontam que o planejamento orçamentário com
critérios técnicos baseados nas diferenças territoriais é um caminho importante a ser
perseguido para o combate às desigualdades intramunicipais.

Em 2020, a Fundação Tide Setubal e a Rede Nossa São Paulo desenvolveram o


documento “(Re)distribuição Territorial do Orçamento Público: uma proposta para virar
o jogo das desigualdades”, defendendo a criação de um índice de regionalização
composto de indicadores de déficit de infraestrutura e de vulnerabilidade social para
cada uma das 32 subprefeituras da cidade, que seria aplicado no Plano Plurianual
municipal para planejar a alocação do valor discricionário disponível para investimentos
e expansão da rede de serviços públicos na cidade. Ao submeter à Câmara Municipal
cada orçamento anual, a prefeitura ficaria responsável por incluir um relatório
demonstrando se a execução orçamentária do ano anterior se deu de acordo com o
planejado e propondo eventuais correções para o exercício seguinte. Essa proposta
chamou a atenção de técnicos da prefeitura, que convidaram a Fundação para colaborar
na criação de uma versão oficial para o índice, a qual seria incorporada no PPA 2022-
2025. Algumas mudanças foram feitas em relação à proposta original, refletindo
preocupações de que alguns dos indicadores propostos não necessariamente refletiam as
competências de atuação do governo local. Também houve questionamentos sobre a
aplicação de uma estratégia regionalizada para todo o orçamento de investimento e
expansão de serviços sem considerar os compromissos eleitorais já assumidos pelo
prefeito. Também foi levado em conta a influência da Câmara Municipal na aprovação
de dotações orçamentárias fora de suas bases sociais. Esse processo de adaptação da
proposta original culminou com a criação do Índice de Distribuição Regional do Gasto
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Público Municipal, incorporado ao PPA 2022-2025 e aprovado pela Câmara Municipal
em dezembro de 2021. Segundo o PPA, o índice será usado em cada orçamento anual
para determinar a aplicação de R$ 5 bilhões de investimentos e expansão do custeio em
quatro anos. Diferentemente da proposta original, que previa que cada Lei Orçamentária
Anual (LOA) deveria trazer uma avaliação sobre a aplicação do índice e eventuais
ajustes para o exercício, a lei do PPA estabeleceu que a aplicação do índice em cada
exercício será normatizada pelo decreto anual que regulamenta a execução
orçamentária. O índice é uma tentativa de operacionalizar o conceito complexo e
multidimensional de vulnerabilidade, englobando variáveis que refletem aspectos
sociais e infraestruturais da vida em contextos periféricos. Muito embora o índice não se
aplique a todo o orçamento discricionário de investimento e ampliação do custeio como
inicialmente proposto, ele ainda abrange uma parte bastante significativa, respondendo
por cerca de 25% de todo o orçamento discricionário previsto para o quadriênio. Este é
um percentual muito maior do que é normalmente alocado em programas de Orçamento
Participativo, que normalmente são calculados de forma a favorecer áreas menos
privilegiadas.

Curitiba também poderia implantar um índice de redistribuição do orçamento


público municipal de acordo com as vulnerabilidades sociais de cada território da
cidade. Um indicador de acordo com a realidade própria da cidade, incorporando-o ao
acúmulo histórico em planejamento urbano. Seria o ponto de partida para reduzir as
desigualdades sociais gritantes e inverter as prioridades, direcionando mais recursos
para os territórios mais vulneráveis. A ideia é estabelecer um critério regional para a
distribuição do orçamento de modo a garantir que a priorização do planejamento setorial
não aconteça de maneira isolada, mas sim associada às necessidades de uma localidade
específica, ou seja, combinada ao planejamento urbano. A proposta é calculada a partir
de diversos aspectos da vulnerabilidade social e do déficit de infraestrutura que afetam
as diferentes regiões. Fatores como infraestrutura urbana (coleta de esgoto, quantidade
de domicílios em favelas e tempo de deslocamento casa-trabalho), vulnerabilidade
social (mortalidade infantil, homicídios e acidentes), geografia e demografia de cada
região devem ser considerados na hora de estabelecer quanto será direcionado a cada
bairro. Assim se vincula a distribuição dos investimentos e a expansão dos serviços
públicos nos territórios, busca apurar as demandas de cada região por políticas públicas,

16
de modo a produzir um efeito redistributivo. A aplicação de uma estratégia
regionalizada para todo o orçamento de investimento e expansão de serviços necessita
adotar critérios unificados no processo de planejamento orçamentário, que estabeleçam
quais áreas da cidade devem ser priorizadas pelo conjunto da administração pública,
facilitando a cooperação entre diferentes secretarias e estabelecendo planos e estratégias
de implementação conjuntas. Em contextos de múltiplas vulnerabilidades, as agências
públicas devem trabalhar juntas e em sinergia para conseguir obter melhores resultados.

Outra vantagem da utilização de indicadores está na construção de relatos mais


objetivos da realidade que se quer administrar ou planejar, a partir deles é possível ainda
a produção de diagnósticos padronizados e reprodutíveis, que possam refletir a
multidimensionalidade dos problemas abordados. Não se pode deixar de ressaltar que a
construção de um sistema de informação baseada em indicadores válidos e confiáveis
permite também traçar tendências, apontar cenários, simular situações diversas, testar a
utilização de modelos teóricos, permite ainda cruzamento de variáveis diversas em uma
perspectiva do território: variáveis físicas, demográficas, sócio econômicas, culturais, de
infra-estrutura, etc. Isso tudo contribui para elaboração de políticas prospectivas e para o
desenvolvimento de decisão sobre um território.

O planejamento territorial tem como principal objetivo compensar as


disparidades regionais existentes. A idéia é que os planos de desenvolvimento territorial
estejam pautados na busca por um desenvolvimento socioeconômico mais equilibrado
entre as diferentes regiões. A criação de um índice de regionalização, composto de
indicadores de déficit de infraestrutura e de vulnerabilidade social para cada uma das
regionais da cidade, que poderia ser aplicado no Plano Plurianual Municipal para
planejar a alocação do valor discricionário disponível para investimentos e expansão da
rede de serviços públicos na cidade. É somente a partir da inserção da variável territorial
nos processos de formulação e avaliação do processo orçamentário que os mecanismos
de reprodução de desigualdades podem ser combatidos. A orçamentação regionalizada
cria uma vinculação territorial do gasto, introduzindo o combate às desigualdades
socioespaciais como uma prioridade de alto nível para a administração e trazendo novas
perspectivas para as dinâmicas de decisão sobre a alocação orçamentária. Esta seria uma
grande inovação à altura dos desafios da cidade.

17
3.2. Política Urbana Anti-Ociosidade

A segunda diretriz essencial, em conjunto com o índice de desenvolvimento


regional como centro de um novo padrão orçamentário, seria em torno de um programa
municipal anti-ociosidade para alavancar o desenvolvimento urbano.

Em Curitiba, a ocupação da cidade tem sido desordenada e existem vazios


urbanos em excesso. A conceituação do termo vazio urbano na cidade de Curitiba pelo
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), considera todos os
lotes que não possuam qualquer tipo de edificação sobre eles. Dentre os espaços vazios,
existem diferentes tipos, que podem ser destinados para diferentes atividades. Maiores e
menores, terrenos vazios, com alguma estrutura acabada ou inacabada, com edifícios em
ruínas, prédios fechados, casas abandonadas, lojas, galpões, massas falidas, indústrias e
terrenos com áreas verdes. Estes terrenos estão localizados, na sua maioria, na periferia
da cidade, mas também pelos eixos estruturais.

É necessário que se mude a narrativa do caráter negativo dos vazios urbanos e se


passe a interpretá-los como grandes potenciais de desenvolvimento sustentável urbano.
A cidade de Curitiba possui hoje cerca de 72 milhões de m2 de terrenos privados
subutilizados sendo 4.2 vezes a mais que a área total de parques e praças que somam 17
milhões de m2. Esses lotes formam espaços ociosos, geralmente sem uso há décadas e
permanecem sem atividade explorando o crescimento da cidade para sua valorização e
especulação imobiliária. A primeira reação ao observar a existência de vazios urbanos
não é examinar as causas da ociosidade, mas admitir que existem boas razões para tal,
sendo preferível deixar as coisas como estão.

Entretanto, os vazios urbanos devem ser entendidos como espaços de


possibilidade de melhorias para a cidade. Os imóveis ociosos possuem o potencial de
desempenhar inúmeros usos na malha urbana, garantindo o acesso da terra urbana a
todos. Esses espaços vazios poderiam ser geradores de adensamento nos eixos, novas
centralidades ou novas ideias voltadas para habitação e/ou até mesmo para
infraestruturas de alcance de toda a população. Um bom exemplo de requalificação de
vazios urbanos é a Fazenda Urbana no Cajuru. Outros exemplos são parques urbanos,
corredores verdes, hortas urbanas, moradias sociais, centros comerciais. Ou seja,
possível a requalificação desses espaços de forma mais intensa.

18
A cidade está cheia de reservas não utilizadas por diferentes motivos, mas para
realizar esse potencial oculto, visando a plena utilização dos recursos ociosos, é
necessário facilitar as possibilidades de utilização dessa capacidade ociosas, com sua
consequente elevação do coeficiente de capital, a taxa de investimentos e a expansão de
serviços.

A melhor utilização dos recursos ociosos poderia ajudar a solucionar o grave


problema do trânsito no centro. Nas áreas centrais, percebe-se pouca incidência de
grandes terrenos desocupados, porém a presença das áreas vagas ainda é relevante,
sobretudo em se tratando de terrenos vazios, prédios fechados e edificações em ruína,
casas e barracões em desuso, e ainda que em menor escala de construções inacabadas,
com todas as tipologias de vazios urbanos presentes na região.

Com o aumento da frota de veículos e demanda por novas vagas de


estacionamento, é intenso o uso de terrenos para estacionamentos, uso este que
contribui para a deterioração da paisagem e promove a subutilização do potencial
construtivo destes terrenos. Atualmente o centro apresenta diminuição da sua
população, há a concentração da atividade de comércio e serviços instalada, em sua
maioria, em edifícios de muitos pavimentos. Embora esta atividade demande muitas
vagas de estacionamento, a maioria destes edifícios não possui garagem, induzindo,
portanto, à criação de estacionamentos nas áreas vizinhas, que ainda disponham de
terrenos vazios ou com grandes espaços não edificados. Lotes assim, localizados nas
adjacências destas áreas de grande demanda, próximos à Rua Marechal Deodoro ou à
Rua XV de Novembro, destinada exclusivamente aos pedestres, continuarão sendo
destinados à acomodação da demanda por vagas de estacionamento.

O ESTAR (Estacionamento Regulamentado de Veículos em Vias Públicas)


criado em 1971, proporciona a rotatividade do uso das vagas em vias públicas,
promovendo assim o estímulo ao comércio tradicional do centro da cidade, mas pode
não ajudar a atender a demanda da região, pois este sistema limita a permanência na
vaga por um período de uma a três horas, atendendo, desta forma, ao rodízio objetivado,
mas mostrando-se inadequado à necessidade de uma maior permanência dos
trabalhadores das centenas de comércios e escritórios. Atualmente, com grande parte da
população optando por almoçar próximo ao local de trabalho, a permanência no centro
da cidade é de 8 a 10 horas, sendo este, portanto, também o período de tempo de
19
permanência na vaga de estacionamento. Os furtos e roubos de carros também são razão
de grande preocupação para a população, pois grande parte deste tipo de ocorrência
envolve veículos estacionados em vias públicas, sendo no Centro a sua maior
concentração. Esta falta de segurança pode incentivar ainda mais a não utilização das
vagas oferecidas pelo ESTAR e pressionar a instalação de novos estacionamentos
privados no centro de Curitiba. O uso do transporte coletivo, que poderia reduzir a
demanda por estacionamentos, acaba não desempenhando essa função. Devido ao valor
de sua tarifa e ao tempo de espera, o sistema de transporte coletivo não é interessante já
os que trabalham no centro e moram em regiões mais afastadas, acabam muitas vezes
optando pelo transporte individual, tanto pela falta de conforto quanto pela insegurança
nos ônibus nos horários de pico (KOMIYA, 2014).

Estima-se que cerca de 13% dos terrenos no centro são para estacionamento. Os
estacionamentos costumam não utilizar nem 20% do potencial construtivo do lote,
pode-se até mesmo dizer que muitos deles são praticamente áreas vazias. Através do
Estatuto das Cidades, o IPTU progressivo no tempo surge como um dos instrumentos
disponíveis para a gestão da ocupação do solo. Curitiba já fez estudos na década de
oitenta, para aplicação do IPTU progressivo, em áreas subtilizadas nos setores
estruturais da cidade, entretanto este não foi aplicado por ter sido considerado
inconstitucional. Outro instrumento introduzido pelo Estatuto das Cidades que talvez
possa coibir a proliferação dos estacionamentos é o Estudo de Impacto de Vizinhança.
Este trata da análise dos efeitos positivos ou negativos do empreendimento ou atividade,
incluindo na análise questões como geração de tráfego ou degradação da paisagem
urbana (Art.36). Ele poderia ser utilizado junto com o IPTU progressivo, partindo-se da
cobrança deste imposto até a obrigação de edificar ou utilizar o potencial do lote (Art.
7). Através do Estudo de Impacto de Vizinhança, o município poderia condicionar a
emissão de licença para construção, ampliação ou funcionamento à verificação do
impacto na vizinhança para disciplinar as futuras demandas por vagas de
estacionamento (KOMIYA, 2014).

Há diversas propostas para atender a demanda por vagas. Destas, uma das
alternativas seria a construção de garagens subterrâneas ou prédios para estacionamento,
estimulando construções em terrenos hoje ocupados por estacionamentos. Outra medida
seria a flexibilização da legislação permitindo ou incentivando edifícios multifuncionais
20
ou híbridos, nos quais seria utilizado o potencial permitido para a região com usos
típicos de áreas centrais, incluindo escritórios, lojas e também habitação. Diversos
estacionamentos servem de uma reserva de lotes hoje subutilizados que, com a
adequada condução da gestão pública, poderão renovar esta área. Se estes terrenos
forem requalificados ou edificados segundo uma legislação mais flexível e
conscientemente orientada, poderão atrair novos empreendimentos imobiliários ou
valorizar os já existentes, reintroduzir a diversidade de usos e reconstituir a paisagem
degradada de algumas áreas, atraindo pessoas para percorrer, explorar e usufruir destes
espaços.

Solucionando a questão do trânsito no centro e nos eixos estruturais será


possível a modernização efetiva de sua malha urbana, ampliando o espaço para ônibus,
pedestres e ciclistas.

Nota-se que em diversos pontos ao longo dos eixos estruturais ainda existem
vazios urbanos. Seria possível criar estacionamento públicos ao lado dos terminais e
Ruas da Cidadania, visando desinchar o centro. O Terminal do Capão Raso e da CIC,
por exemplo, estão cercados de vazios urbanos. Além disso, poderiam ser projetados
novos empreendimentos residenciais e comerciais ao longo dos eixos, pois já existe a
infra-estrutura necessária ao seu adensamento, com abastecimento de água, coleta de
esgotos e águas pluviais, energia elétrica, transporte coletivo e pavimentação viária,
dentre outros componentes. Pode-se afirmar que tais áreas são bastante propícias à
ocupação, devido não apenas à sua localização privilegiada, mas também à inexistência
de empecilhos físicos ou ambientais ao adensamento urbano.

Cada regional poderia implementar planos anti-ociosidade, localizando vazios


urbanos que sejam capazes de criar uma nova dinâmica urbana. Solucionar problemas
utilizando a capacidade ociosa. Na região sudeste, por exemplo, concentram-se as áreas
remanescentes de antigas estruturas de remanescentes ferroviários, pela proximidade
com a Rodoferroviária de Curitiba e a antiga zona industrial. Vizinhos a esta área
encontram-se os vazios remanescentes de novas estruturas, que derivam da abertura de
uma nova via na região, o que gerou terrenos desocupados e com pouca tendência ao
adensamento. Ainda próximo a esta mesma região encontram-se os poucos terrenos
vagos com área verde, que se localizam próximos a rios e córregos da região. Poderia

21
ser elaborado um plano de requalificação regional visando a maior utilização da
capacidade ociosa, visando implantar projetos nestes espaços.

Desde a década de 1980 há um crescente número de investigações no campo do


urbanismo que tem como objeto a requalificação de vazios urbanos. A apropriação de
vazios é responsável por gerar um fluxo dinâmico no espaço urbano. As cidades
Europeias, por exemplo, criaram uma competição para recuperação de vazios urbanos.
A competição ficou conhecida como “Iniciativas de Cidadania Europeia (ICE)”. Com o
crescimento econômico mundial, muitas cidades europeias direcionaram seus recursos
financeiros às áreas residenciais, deixando de lado os centros históricos das cidades e
também áreas periféricas desprovidas de infraestrutura adequada, criando inúmeros
vazios urbanos (VALENCIA, 2014). Esse concurso surgiu para recuperar esses vazios
urbanos através da intervenção nesses espaços, trazendo serviços e infraestrutura aos
bairros históricos e degradados, políticas de conscientização urbana para obter
melhorias na imagem da cidade. Para isso, é preciso conhecer o local, identificar o
problema, estudar o entorno em que esse vazio urbano se encontra, desenvolver
propostas de intervenção que se adequem a todos esses fatores (VALENCIA, 2014).
Após todas essas etapas, a população desenvolve propostas juntamente com as equipes
participantes do concurso, buscando alternativas que estimulem a economia das cidades
e melhorem a qualidade de vida de todos, ocupando os espaços vagos, ociosos ou
abandonados, reforçando a ideia de desenvolver cidades voltadas as pessoas através do
apoio dessas. Em algumas cidades, grupos de vizinhança contribuem para minimizar os
problemas da falta de inclusão dos vazios urbanos públicos, pressionando as autoridades
para planejar modos de reinseri-los ao sistema de espaços de uso e de convivência.

Estes tipos de vazios urbanos podem se transformar em novas vias de acesso


para populações, podendo ser preenchidos com infraestrutura pública, como praças,
escolas, creches, módulos policiais e áreas de lazer, bem como hortas comunitárias,
dentre outros. No caso de hortas comunitárias, de locais que muitas vezes favorece o
descaso e a insalubridade, transformam-se em um ambiente promotor de uma
paisagem inovadora, uma temperatura amena, um promotor de saúde mental (pois o
trabalho com a terra alivia o estresse), uma fonte de alimentação mais saudável e
sem produtos agrotóxicos e químicos, manutenção da corresponsabilidade,
intersetorialidade (ambiente, saúde, assistência social e obras) e a promoção de

22
uma política de colaboração e agregação das pessoas que vivem no local. Um
espaço que anteriormente apresentava-se como um vazio urbano, um reduto de lixo e
consumo e comercialização de ilícitos, torna-se diferencial e com outro significado para
os moradores.

O novo planejamento de Curitiba deve identificar as áreas ociosas – terrenos,


prédios, casas, lojas, barracões, chácaras, etc - e, a partir dessa identificação, bolar um
plano para que essas áreas sejam aproveitados de uma maneira que resultassem em um
incremento adicional para a economia e sirva para melhor integrar os territórios de
modo que o desenvolvimento alcance também as regiões menos desenvolvidas da
cidade. O cumprimento do papel dos vazios na cidade não se restringe à edificação de
obras em terrenos vagos, mas deve considerar, sobretudo, a sua utilização como forma
de potencialização das suas características ambientais pré-existentes, trazendo
benefícios sociais e favorecendo o bem-estar e o lazer coletivo. A elaboração do
planejamento que deve ser feito para o desenvolvimento municipal levando em conta
esses recursos.

3.3. Duas novas diretrizes em coordenação

Segregação sócio-urbana e subtilização dos recursos. Somente oferecendo


soluções satisfatórias para esses problemas será possível assegurar a continuidade ao
desenvolvimento econômico de Curitiba. Como a nova formação urbana se gesta no
interior da antiga, nas novas condições de programação, é preciso:

(1) Honrar os compromissos financeiros pendentes e concluir as obras iniciadas;

(2) Orientar o orçamento seguindo critério territoriais, descentralizando os


recursos públicos;

(3) Usar parte dos recursos disponíveis num programa especificamente orientado
para pôr em evidência a capacidade ociosa existente;

Ao incorporar uma racionalidade territorial no orçamento se objetiva reverter o


processo de aumento da desigualdade e seus efeitos sobre toda a cidade. Possibilitar a
coexistência das regiões marginalizadas com as vanguardas, numa gradual liquidação
do atraso. Assim é preciso desenvolver critérios par melhor desconcentrar o orçamento.

23
Ao se aperfeiçoar os sistemas e diretrizes das ações de desenvolvimento regional da
cidade, se incrementa e difunde espacialmente o bem-estar, evitando que se acentue o
processo de concentração urbana, canalizando o investimento e ação pública com vistas
ao desenvolvimento de regiões onde falta infra-estrutura (água, saneamento, energia,
comunicação, moradia) e outros serviços (saúde, educação, segurança, emprego) que
possibilitarão a geração de bem-estar em todas as regiões da cidade.

E desenvolvendo uma política anti-ociosidade se pode transformar vazios


urbanos em espaços úteis para a cidade. Adensar os eixos estruturais e transformar a
enorme capacidade ociosa em espaços vivos. A tomada de consciência do potencial
ocioso é vital para o desenvolvimento futuro da cidade. Estes vazios urbanos, se for
possível utilizá-los, aumentará a disponibilidade total de bens e serviços e, portanto,
será possível aumentar os investimentos e acelerar o desenvolvimento.

Do ponto de vista da gestão do conjunto do plano, importa saber se os resultados


obtidos com a produção global das ações governamentais estão se traduzindo em
redução da desigualdade. Este é um dos crivos decisivos, aquele que mostra se a
transformação produzida é a desejada e qual a sua amplitude, e se a eqüidade está sendo
o valor a orientar a alocação dos, sempre escassos, recursos públicos. Não se trata de
instaurar o igualitarismo, pois é reconhecido que o processo de divisão social do
trabalho capitalista produz desigualdades interpessoais e, principalmente, entre classes.
Mas, apenas constatar que a riqueza e a renda existentes podem ser redistribuídas a
qualquer momento, com ganhos macrossociais e macroeconômicos.

Um novo plano de desenvolvimento deve estar organizado em macroobjetivos se


destinam a atacar manifestações da desigualdade social extrema (estando relacionados a
educação, saúde, saneamento, habitação, geração de ocupação e renda, assistência social
e apoio à industrialização, desenvolvimento urbano, transporte de passageiros, garantia
de direitos, fortalecimento da cidadania, redução da violência) e de natureza mais
econômica, que teriam forte impacto sobre emprego e renda. Para isso, não existe
planejamento em geral, mas planejamento em condições específicas, concretas e
particulares. O trabalho imediato dos planejadores consiste no estudo sistemático de
projetos, estabelecendo uma escala de prioridades. Projeto isolado não faz sentido. Os
planejadores devem trabalhar na elaboração de critérios científicos de prioridade –
critérios que nos libertem da ação imediatista e que permitam decidir que projetos

24
devem ser elaborados em detalhe, com o máximo de estudos possíveis. Primeiro
agrupa-se os projetos segundo a especificação de recursos a usar, tanto na construção
como na operação. De projetos se constrói o plano. Com as diretrizes do plano, acionar
as alavancas para que esses elementos sejam detalhados.

Estas duas novas diretrizes para o novo desenvolvimento urbano – adoção de


critérios de regionalização do orçamento e política anti-ociosidade –, combinadas e
coordenadas, podem produzir um planejamento integral capaz de tornar-se uma
poderosa força motora no desenvolvimento urbano futuro em Curitiba. Elas podem ser
incorporadas ao planejamento urbano, com mecanismos para executar objetivos de
curto e longo prazo.

O próximo ensaio de programação em Curitiba deve dar ênfase à melhor


distribuição territorial do orçamento e reconhecer as fontes do potencial adormecido dos
vazios urbanos, dar-lhes um balanço tão completo quanto possível, preparar sua
exploração com os meios institucionais e técnicos que estão disponíveis. Essa
programação deve ser otimista para mobilizar todas vontades e criar o capital político
indispensável à execução do plano. Urge ensaiar um esforço deliberado para construí-lo.

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4. SOBRE O AUTOR

Nasceu em Curitiba (1987). Pós-doutorando em Política Públicas e


Planejamento Urbano, doutor em Sociologia, mestre em Ciência Política e graduado em
Relações Internacionais. Militante do Movimento Popular por Moradia (MPM).
Integrante do Mimesis Conexões Artísticas.

Autor dos livros: Classes Dominantes no Paraná Contemporâneo: Família, Poder


e Riqueza, COVID-19 e a nova geopolítica global, Marx no século XXI: valor, crise e
capitalismo financeiro, Guerra Civil Brasileira: 1891-1894, Em Defesa do
Projetamento: Ignácio Rangel e os desafios brasileiros, Geopolítica Hídrica Global,
Estratégias de Desenvolvimento no Sul Global, Introdução ao Planejamento na China,
China: novos ensaios, Do Terceiro Mundo à emergência do Sul Global e A Revolução
das Cidades Inteligentes na China. Na literatura, autor de Desencontros e seus golpes
(poesia), Profeta Joel no fim dos tempos (teatro), Revolta Paraná (conto), 93 Haikais
(poesia) e Última hora (poesia).

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