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POLÍTICA DE TRANSPORTES:
Rio de Janeiro
2015
L933p Lucas Junior, Roberto.
Política de transportes : contribuição para uma nova
configuração e soluções inovadoras para a mobilidade
urbana : o caso da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
/ Roberto Lucas Junior. – 2015.
277 f. : il. color., mapas ; 30 cm.
CDD: 388.4
ROBERTO LUCAS JUNIOR
POLÍTICA DE TRANSPORTES:
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________________________________________________
Prof. Dr. Mauro Kleiman
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro –
IPPUR/ UFRJ
_________________________________________________________________________________
Prof. Dr. Fabricio Leal de Oliveira
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro –
IPPUR/ UFRJ
_________________________________________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Bahia
Universidade Federal Fluminense - UFF
_________________________________________________________________________________
Prof. Dr . Viviani de Moraes Freitas Ribeiro
Instituto Estadual do Ambiente - INEA
_________________________________________________________________________________
Prof. Dr. Vínicius Fernandes da Silva
Colégio Pedro II
Dedico este trabalho aos meus pais, minha Esposa e
meus filhos.
AGRADECIMENTOS
À minha família, meus pais Roberto e Mirian; meu irmão Marcos; meus avós
Mário e Alair; minha tia Lílian; minha prima Thaís, minha esposa Eliane e meus filhos
Luíz Octávio e Célia Victoria, que sempre acreditaram na conclusão deste trabalho,
e ainda, pelo carinho, incentivo, paciência, compreensão e apoio em todos os
momentos.
Aos membros da banca pela gentileza em aceitar o convite para examinar este
trabalho.
Aos meus colegas de Doutorado pelo apoio, em especial o Dr. Daniel Solon.
This Work propose the discuss of the current planning model in transports in the
large cities, still based on the Algorithm of Minimum Cost of Busacker and Gowen,
where there are well-defined origins and destinations, when the current need in Brazil
and in other cities in the World, because the contemporary labor relations and
communication facilities, is a dynamic model based on the Theory of Ants, when
there are multiple origins and destinations interactions chosen from the needs of
users, that avoid jams and search various destinations throughout the day. After this
discussions, it was presented the reasons why the current degradation of transport
and urban mobility in large Brazilian cities, mainly in Rio de Janeiro, where the
negative impacts of traffic congestions interferes with people's quality of life. An
extensive research was made to study the international experiences in transports,
analyzing new features and innovative solutions for urban mobility as a important
element in the preparation of a new transport policy. The cities of Paris, London,
Frankfurt, Amsterdam, Brussels, The Hague, Cologne, Windsor, Brugge and
Volendam & Marken were visited and studied as then efficiency and pioneering
operation and urban planning of transports, even with then physical, geographical
and financial limitations. Finally, with a comprehensive study of new configurations
and solutions in urban mobility and with the analysis of the development of Brazilian
transport policies, especially those with direct influence in the metropolitan area of
Rio de Janeiro (RMRJ) and the diagnosis of the current situation in transport and
urban mobility in this region, is prepared a case study where is proposed a
contribution to the formation of a new transport policy, focused on an integrated
planning of collective transport modes without restriction on the use of automobiles,
with the presentation of projects and solutions for urban mobility in RMRJ.
Gráfico 01 – Gráfico com a evolução das viagens motorizadas em São Paulo .... 53
Gráfico 02 – Evolução de passageiros de Junho/99 a Maio/2005 .......................218
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 20
CAPÍTULO 01 DELIMITAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 37
CAPÍTULO 02 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS EM POLÍTICAS DE
TRANSPORTE......................................................................................................... 57
2.1 Paris .............................................................................................................. 59
2.1.1 Introdução............................................................................................... 59
2.1.2 Transporte Ferroviário........................................................................... 67
2.1.3 Transporte Rodoviário........................................................................... 72
2.1.4 Operação e Planejamento ..................................................................... 76
2.1.5 Transporte Individual............................................................................. 78
2.1.6 Transporte Não Motorizado................................................................... 88
2.1.7 Transporte Aquaviário ........................................................................... 94
2.2 Londres......................................................................................................... 96
2.2.1 Introdução............................................................................................... 96
2.2.2 Transporte Ferroviário..........................................................................105
2.2.3 Transporte Rodoviário..........................................................................112
2.2.4 Operação e Planejamento ....................................................................115
2.2.5 Transporte Individual............................................................................122
2.2.6 O Pedágio Urbano de Londres.............................................................128
2.2.7 Transporte Não Motorizado..................................................................137
2.2.8 Transporte Aquaviário ..........................................................................140
2.3 Frankfurt ......................................................................................................141
2.4 Amsterdã .....................................................................................................145
2.5 Bruxelas.......................................................................................................154
2.6 Haia ..............................................................................................................160
2.7 Colônia.........................................................................................................170
2.8 Windsor........................................................................................................172
2.9 Brugge .........................................................................................................176
2.10 Volendam & Marken..................................................................................181
CAPÍTULO 03 POLITICAS DE TRANSPORTE BRASILEIRAS E DA REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO.............................................................184
3.1 Política de Incentivo a Implantação Ferroviária Brasileira......................184
3.2 Política de Embelezamento Municipal ......................................................186
3.3 Política de Integração Regional .................................................................188
3.4 Política de Desenvolvimento Regional .....................................................190
3.5 Política de Estruturação Urbana................................................................191
3.6 A Região Metropolitana do Rio de Janeiro ................................................192
3.7 O Desenvolvimento dos Transportes na Região Metropolitana do Rio de
Janeiro pós 2000................................................................................................196
3.8 Análise Comparativa entre as Experiências Internacionais em Politica de
Transportes e as Políticas de Transporte da RMRJ........................................221
CAPÍTULO 04 CONTRIBUIÇÃO PARA UMA NOVA POLITICA DE
TRANSPORTES PARA A REGIÃO METROLOLITANA DO RIO DE JANEIRO ...224
4.1 Considerações Iniciais .............................................................................224
4.2 Delimitação da Área Estudada.................................................................225
4.3 Estudo de Caso .........................................................................................231
4.3.1 Agencia/Autoridade em Transportes - Rio Transportes ....................239
4.3.2 Novo BRT...............................................................................................242
4.3.3 Novas Vias Expressas ..........................................................................251
4.3.4 Expansão do Metrô ...............................................................................258
4.3.5 Expansão do Trem ................................................................................261
4.3.6 Adequação do Transporte Rodoviário ................................................262
4.3.7 Veículos de Uso Individual...................................................................263
5. CONCLUSÕES ...................................................................................................265
REFERÊNCIAS.......................................................................................................271
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INTRODUÇÃO
São determinados os locais onde esta pessoa possui algum vínculo diário ou
ocasional, como sua residência, seu escritório no Largo do Machado, seu escritório
na cidade de Rio Bonito, aeroporto, estabelecimentos educacionais entre outros.
São indeterminados os locais que ocasionalmente fazem parte de sua rotina, mas
23
não em uma frequência que possa ser caracterizada como constante, como onde
realiza reuniões com os clientes, estabelecimentos burocráticos, restaurantes entre
outros, locais estes arbitrados pela sua vida profissional. Quando observamos a vida
particular desta pessoa podemos observar ainda outros pontos de chegada
determinados e indeterminados, como cursos, universidades, colégio de seus filhos,
outros restaurantes e diversas localidades.
a influencia que o novo equipamento trará a região, onde após anos de estudos a
localização e trajeto do equipamento viário são definidos. Com a aplicação prática
do Algoritmo das Formigas, naturalmente as regiões com maior demografia são
eliminadas nas primeiras interações, justamente por serem regiões de maior
variação entre o tempo gasto pela manhã e pela tarde, assim como as regiões com
uma configuração física mais densa, sempre suscetível a congestionamentos
causados pelo excesso de veículos e dimensões de suas vias. Finalmente, o
Algoritmo das Formigas direciona as rotas para áreas onde há pouca incidência de
tráfego, ou seja, ainda não possui uma grande interferência viária. Sendo assim, não
há coincidência entre os resultados de estudos para a implantação de equipamentoe
viários e o Algoritmo das Formigas, pois ambos buscam atender a uma demanda de
transportes com o menor impacto possível na região, chegando, mesmo que para
propósitos distintos, a resultados e informações semelhantes.
Mas, por outro lado, a aplicação prática do Algoritmo das Formigas trás uma
redução no tempo da resposta, a redução de custos no projeto e a possibilidade de
um estudo direto e diário sobre as condições reais do tráfego da região. A Figura 07
apresenta a Opção 05 e em vermelho o trajeto da TransOlímpica.
Figura 07 – Transolímpica
Esta Política de Transporte torna-se diferente das demais pelo seu caráter
adaptativo a realidade e contínuo, onde as transformações físicas e demográficas
ditam a aplicação e configuração das soluções em transportes.
médias e pequenas. Estas cidades foram escolhidas pela importância dos seus
sistemas de transportes e pelas soluções encontradas para problemas semelhantes
aos sofridos pela RMRJ.
1.1 Histórico
O grande avanço nos transportes foi realizado pelo padre jesuíta belga,
Ferdinand Verbiest ao idealizar em 1681 uma máquina auto propulsora a vapor, esta
38
sendo uma percursora dos trens. Até o fim do séc. XIX, as estradas que mais se
desenvolveram foram às estradas de ferro pela inexistência de automóveis ou
caminhões e pelo transporte ferroviário ser muito mais eficiente e barato que seus
concorrentes contemporâneos. O primeiro metrô, ou trem metropolitano, foi
inaugurado em Londres no ano de 1863, para diminuir o tráfego pelas ruas. Quando
inaugurado, era praticamente um trem, que trafegava sob a terra, em túneis e com
alguns vagões iluminados a gás, rebocados por uma locomotiva a vapor
(TREVIZANI, 2014).
Em 1927, a empresa inglesa The Rio de Janeiro Light and Power Co.,
concessionária de algumas linhas de bondes, lança os auto-ônibus. Estes veículos
tiveram grande aceitação por parte da população, principalmente por suas
vantagens em relação aos bondes e trens como a rapidez e a flexibilidade nas
viagens para atingir maior variedade de origens e destinos (BARAT, 1975).
1.2.1 Transportes
Esta formação urbana pode ser baseada por algumas teorias quanto ao uso
do solo nas Regiões Metropolitanas.
1.2.3 Mobilidade
1.2.4 Acessibilidade
80%
70%
60%
50%
Coletivo
40%
Automóveis
30%
20%
10%
0%
1967 1977 1987 1997 2002
Anos
Mas no Brasil, não é apenas a cidade de São Paulo que tem sofrido com
problemas de mobilidade. Segundo reportagem da revista Época de 17/03/2008,
estudos do engenheiro carioca Fernando MacDowell indicam que a velocidade
média nas grandes vias cariocas caiu em 70% nos últimos 10 anos. No bairro da
Lagoa a velocidade média entre às 07:00 e 08:00 da manhã era de 89Km/h em 1997
chegando a 20km/h em 2002 enquanto na Barra da Tijuca a velocidade média caiu
pela metade, de 66Km/h para 33Km/h.
Esta nova situação causou o adensamento dos bairros que já possuíam uma
infraestrutura consolidada e provida de equipamentos coletivos. Além disso, houve a
atração da população de menor renda, que atraída pelos principais eixos de
circulação, se estabeleceram em favelas no centro, zona sul e norte da cidade para
se beneficiar da proximidade com os equipamentos, infraestrutura e serviços.
55
Motivadas pelos impactos gerados pelos veículos de carga, cidades como São
Paulo e Rio de Janeiro têm adotado restrições quanto ao tráfego destes veículos,
determinando horários e locais permitidos. Desta forma, ao mesmo tempo em que
há restrição quanto ao veículo também há uma restrição logística já que a
56
Por este motivo, durante todo o mês de setembro de 2012, foi realizada uma
pesquisa de campo em 10 cidades europeias, com a coleta de informações em suas
agencias operadoras do sistema de transportes, fotografias dos principais modos de
transporte em funcionamento e a análise in loco do funcionamento e operação dos
transportes.
58
Estas cidades são Paris, Londres, Frankfurt, Amsterdã, Bruxelas, Haia, Colônia,
Windsor, Bruges e Volendam & Marken, que possuem, individualmente, as
seguintes características:
- Colônia – Cidade onde a Catedral é o principal polo gerador de viagem, pela sua
imponência e história, onde o planejamento soube captar esta atratividade para o
comercio local.
2.1 Paris
2.1.1 Introdução
Paris é a capital e a mais populosa cidade da França, assim como a capital da
região administrativa de Île-de-France. Segundo LESTEVEN e ALVES (2011), a
cidade de Paris em 2008 possuía 11,5 milhões de habitantes, compreendidos em
60
uma área de 12.000 km². A Figura 09 apresenta uma visão geral de Paris e a Figura
10 um mapa de Paris.
região agrícola, tornou-a uma das principais cidades da França ao longo do século
X, beneficiando-se com a construção de com palácios, abadias e uma catedral. Ao
longo do século XII, Paris tornou-se também um dos primeiros focos europeus do
ensino e da arte. Sua importância económica e política não parou de crescer com a
instalação na cidade dos Reis Franceses e, posteriormente, a corte, o que tornou
Paris, no início do século XIV, a mais importante cidade de todo o mundo ocidental.
No século XVII já era a capital da maior potência política europeia e no século XVIII,
o centro cultural da Europa. Posteriormente, no século XIX, tornou-se a capital da
arte e lazer, a Belle Époque. Segundo reportagem do Caderno de Turismo e Viagem
do Site G1 de 12/08/2014, sua arquitetura, seus parques, suas avenidas e seus
museus fazem-na a cidade mais visitada do mundo, atraindo grande parte das 84,7
milhões de turistas que visitaram a França em 2013, número 14 vezes maior que o
número de turistas que visitaram Brasil na mesma época. Em 1991, as margens
parisienses do Sena foram inscritas na lista do Património Mundial da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
A Cidade de Paris, cortada pelo Rio Sena, com suas fachadas históricas,
museus e monumentos, conserva suas características históricas ao mesmo tempo
em que é abastecida por um sistema viário composto por grandes avenidas e
rotatórias. Esta configuração viária, aliada a um eficiente sistema de transporte
público, permite que a cidade registre baixos índices de congestionamento mesmo
nos horários de pico, e que vias arteriais da cidade, como a Avenida Champs
Elysées, continuem pavimentadas até hoje com paralelepípedos como pode ser
visto na Figura 12, sem que haja pressões quanto ao aumento das faixas da
avenida, diminuição das calçadas e muito menos a demolição de construções
características da cidade para o incremento da malha viária.
63
Este é um exemplo que pode ser seguido pelo Rio de Janeiro, pois na década
de 60 as linhas de bonde da cidade foram suprimidas para dar passagem ao
desenvolvimento das linhas de ônibus. Hoje, a implantação de um sistema de VLT,
mas seguro, ecologicamente eficiente, econômico e com maior capacidade que os
ônibus, Pode substituir Linhas de ônibus, exercendo a função de transporte local
e/ou a integração entre modos de transporte com maior capacidade, como os trens,
metrô e o BRT (Bus Transit Rapid).
Além dos transportes sobre trilhos, os transportes rodoviários são muito
utilizados pela população de Paris.
Transportar-se por Paris torna-se uma ação fácil e previsível pela abrangência
do sistema de transportes e seu eficiente planejamento. Vê-se que o sistema de
transportes de Paris se desenvolveu mesmo em uma cidade já estabelecida, com
pontos históricos, prédios tombados e uma configuração urbana pré-estabelecida
pela reforma de Haussmann promovida entre 1852 e 1870, onde atualmente são
feitas 35 milhões de viagens diárias em todos os modos de transporte (LESTEVEN e
ALVES, 2011). Seja qual for o horário do dia, o tráfego nas ruas flui naturalmente,
mesmo que em determinadas vias sejam encontradas retenções localizadas, não
são comuns grandes congestionamentos, como os encontrados diariamente nas
grandes cidades brasileiras.
O tráfego pesado é desviado para os anéis rodoviários que contornam a
cidade. Todo grande volume de tráfego acaba por ser atraído por estas vias de
transito rápido, pois elas levam a diferentes pontos da cidade rapidamente e
possuem conexões com grandes e importantes avenidas que chegam ao interior da
cidade. Desta forma, mesmo que haja um grande volume de tráfego em alguma
avenida parisiense, estes veículos são rapidamente escoados para o anel viário.
O principal anel viário que circunda a cidade é o Boulevard Périphérique, que
por estar na região lindeira da cidade, a circunda por inteira. Pelo planejamento
estabelecido, esta via de transito rápido possui, em sua periferia, grandes complexos
habitacionais, equipamentos esportivos e parques, justamente estruturas que são
polos geradores de viagem que posicionados próximos ao principal anel viário de
Paris, evitam que sejam realizadas grandes viagens para o centro da cidade,
solicitando, desta forma, menos as avenidas e ruas internas.
Além de polos gerados de viagem, o planejamento da cidade acabou por
conectar o Boulevard Périphérique as principais rodovias que ligam paris ao restante
da França. Desta forma, sabiamente, vias de transito rápido se conectam a vias de
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As Figuras 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38 e 39 representam,
consecutivamente, as condições do tráfego nas ruas de Paris às 08:00, 13:00,
17:30, 18:30, 19:30 e 21:00, sendo respeitada a seguinte legenda:
• Cor Verde – Tráfego Livre;
• Cor Amarela – Tráfego intenso;
• Cor Vermelha – Congestionamento.
Observa-se que há uma uniformidade nas condições do transito na cidade,
onde mesmo em horários de rush as condições basicamente se mantém boas para
o tráfego no interior da cidade, apenas apresentando congestionamentos localizados
80
Em Paris, além dos benefícios trazidos por este veículo quanto a locomoção e
a facilidade no estacionamento, há modelos elétricos que resultam em grande
economia para os seus proprietários e reduzem drasticamente o despejo de
poluentes no ar.
Estes veículos elétricos também podem ser alugados através do programa
Autolib’. Este sistema de aluguel de veículos elétricos foi criado pela prefeitura da
cidade como uma forma de diminuir a poluição do ar.
O projeto conta com 250 estações espalhadas por Paris e 44 distritos nos
arredores da capital. Nele os usuários pagam uma quantia, que varia de quatro a
oito euros, por cada meia hora utilizada. Quanto maior o tempo adquirido, maior o
desconto, pois existem aluguéis anuais equivalentes a 144 euros, semanais
equivalentes a 20 euros e diários equivalentes a 10 euros (AUTOLIB’, 2015).
O objetivo, a médio prazo, é retirar 22.500 carros das ruas, trazendo
benefícios ecológicos, onde em sete anos espera-se a adesão de 80 mil pessoas
(AUTOLIB’, 2015).
O Autolib’ é composto por um automóvel de design italiano, que possui um
sistema de navegação via satélite e câmbio automático. O veículo chega a até 130
km/h e cada carga permite a realização de um percurso de 250 quilômetros
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Sendo uma cidade, onde até mesmo no verão há momentos de clima frio, o
uso de motocicleta nos dias menos quentes poderia ser um inibidor. Para estes dias
mais frios, a população que utiliza as motocicletas diariamente usa luvas conectadas
as motocicletas que se prolongam até os braços e cobertores, também conectados
as motocicletas, que cobrem as pernas protegendo os motociclistas, como
observado na Figura 44.
88
Deste modo Paris torna-se uma cidade contemplativa, tanto para a sua
população quanto para seus visitantes que podem mesmo em deslocamentos
comuns dentro da cidade observar a sua beleza. Isto mostra que um sistema de
transporte eficiente possui implicações ainda mais complexas que apenas o
deslocamento da população, interferindo diretamente na qualidade de vida da cidade
e a sua contemplação. Não é a toa que Paris é a cidade mais visitada do mundo,
onde não apenas os seus pontos turísticos são atrativos aos turistas, mas também o
estilo de vida da cidade.
O planejamento urbano, com a distribuição dos usos na cidade, ajudado por
uma boa hierarquização viária possibilita a existência de vias como a Rue des
Pyramides, onde o tráfego de pedestres se confunde com a contemplação da
arquitetura e a proximidade do comercio. Nestas calçadas, o caminhar, o mais
primitivo dos transportes não motorizados, é feito em um ambiente agradável e
coberto, cercado por lojas de alto padrão e com uma arquitetura que separa
harmonicamente as funções, como visto na Figura 48.
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Mesmo nas vias mais estreitas, como a Rue Sant Honoré, observa-se uma
tentativa de manter bem separado a caixa de rua, o estacionamento dos
automóveis, as motocicletas e os pedestres, o que acaba por tornar organizada a
caminhada, sem obstáculos ou interferências entre os modos de transportes, como
visto na Figura 50.
Figura 51 – Vèlib’
Segundo VÈLIBS’ (2015), este sistema, chamado vèlib’ é uma das melhores
formas de se conhecer Paris, sendo fácil, rápido e barato. Inaugurado no verão de
2007, as vèlib’ (união das palavras vèlo e liberté) caíram no gosto dos turistas e dos
parisienses e provocaram o aumento das vendas de bicicletas comuns na cidade. Já
são mais de 20.000 vèlib’ e mais de 1.400 estações de depósito por toda Paris.
Segundo a prefeitura, a cada 300 metros, há uma estação
tipo auto-serviço, ou seja, os ciclistas fazem toda a operação de aluguel através de
um totem computadorizado, onde é preciso utilizar um cartão de crédito com chip.
Há duas formas de se adquirir o passe vèlib’, sendo a primeira para uso por 1 ou 7
dias e a segunda para uso do ano todo, sendo a primeira hora gratuita mesmo pra
quem pagou o passe anual.
Com a popularização das bicicletas pela implantação do sistema, é possível
adquirir pacotes com empresas privadas que disponibilizam bicicletas elétricas,
como observado em uso pelo grupo de turistas da Figura 52.
94
Além das bicicletas, outro modo de transporte muito utilizado pelos turistas é
o transporte aquaviário.
2.2 Londres
2.2.1 Introdução
Além disso, hoje Londres começa a rivalizar com cidades como Dubai e Shangai
na construção de arranha-céus e centros comerciais modernos, como a Shard
London Bridge, apresentada na Figura 59, foi inaugurada em 2012 e possui mais de
310 metros de altura, sendo o prédio mais alto da Europa.
99
Figura 61 – A City
Por outro lado, o East End é a área próxima ao porto original de Londres,
conhecida principalmente por sua numerosa população de imigrantes e uma das
áreas mais pobres da cidade. Finalmente a área de East London, que abrigou
muitas indústrias originais da revolução industrial londrina, hoje está sendo
reconstruída como parte do Thames Gateway, projeto de desenvolvimento da
economia local, como o ocorrido em London Riverside e Lower Lea Valley, onde foi
construído o Parque Olímpico Rainha Isabel, desenvolvido para os Jogos Olímpicos
de Verão de 2012.
A administração de Londres é distinta da convencional, feita de duas maneiras
distintas, sendo em nível geral e local. A administração geral de toda a cidade é feita
pela Greater London Authority (GLA), enquanto a administração local é feita por 33
autoridades locais. A GLA consiste de dois poderes eleitos, estando de um lado
o prefeito de Londres, que tem poderes executivos, e do outro lado a Assembleia de
Londres, que analisa as decisões do prefeito e pode aceitar ou rejeitar suas
propostas orçamentárias. As autoridades locais são os conselhos dos
32 boroughs de Londres e da City of London Corporation. Elas são responsáveis por
serviços regionais, como o planejamento local, a administração de escolas, serviços
103
sociais, estradas e coleta de lixo. Outras funções, como a gestão de resíduos são
fornecidas através de acordos conjuntos.
O policiamento da Grande Londres, com exceção da City, é feito pela Polícia
Metropolitana, supervisionada pelo prefeito. A City possui uma força policial própria,
sendo a City of London Police. Os serviços de trem e metro também possuem um
serviço próprio de policiamento, sendo realizado pela British Transport Police. O
Corpo de Bombeiros de Londres é o serviço oficial de resgate e combate a incêndios
na Grande Londres, sendo administrado pela London Fire and Emergency Planning
Authority, é o terceiro maior serviço de combate a incêndios do mundo. Os serviços
de emergência do National Health Service (NHS) são fornecidos pelo London
Ambulance Service (LAS), também um dos maiores serviços de emergência do
planeta.
Nacionalmente, Londres é a sede do Governo do Reino Unido, sediado
no Palácio de Westminster. Muitos departamentos do governo estão localizados
próximo ao Parlamento, particularmente ao longo da via Whitehall, incluindo a
residência oficial do primeiro-ministro, no número 10 da Downing Street.
Segundo a GREATER LONDON AUTHORITY (2014), Londres possui 43
universidades e é um importante polo de ensino superior e de pesquisa, sendo a
maior concentração de instituições de ensino superior da Europa. Entre 2008 e
2009, a cidade possuía 412 mil estudantes no ensino superior, totalizando 17% do
total do Reino Unido, dos quais, cerca 287 mil estavam inscritos em cursos
de graduação e 118 mil estavam inscritos em pós-graduação. Destes estudantes,
cerca de 97.150 estudantes eram internacionais, totalizando 25% de todos os
estudantes internacionais no país.
Várias instituições de ensino superior de renome estão sediadas em Londres
como a University College London (UCL), o Imperial College London e o King's
College de Londres. Além destas instituições, A London School of Economics tem
sido considerada como uma instituição de ciência social líder mundial, tanto em
ensino quanto em pesquisa e a London Business School é considerada uma das
principais escolas de negócios do mundo.
O transporte é uma das quatro principais áreas do governo da prefeitura de
Londres, mas o controle administrativo e financeiro da prefeitura não abrange a rede
104
ferroviária de longa distância que entra na cidade. Para garantir uma melhor
estrutura para os ciclistas da cidade, cada vez mais numerosos e que tem
obrigações no trânsito semelhantes aos motoristas de automóveis, foi criada a
London Cycling Campaign (GREATER LONDON AUTHORITY, 2014).
A partir de 1933, as linhas que formavam o metrô de Londres, assim como
bondes e ônibus, tornaram-se parte de um sistema integrado de transportes com a
criação da London Passenger Transport Board (LPTB).
Toda a rede de transporte público é administrada pela Transport for
London (TFL) e é uma das mais extensas do mundo. A TFL é atualmente a empresa
oficialmente responsável pela gestão do sistema de transporte da Grande Londres,
sendo administrada por um conselho e um comissário nomeado pelo prefeito de
Londres.
O grande desafio de Londres é melhorar um sistema de transportes já
consolidado e eficiente, reduzir o uso do transporte individual em uma economia
cada vez mais prospera, ao mesmo tempo em que deseja conservar o modo de vida
londrino, como apresentado na Figura 63.
Figura 64 – Cut-and-cover
Desde o ano de 2007, o trem de alta velocidade, o Eurostar, liga Londres com
as cidades de Lille, Paris e Bruxelas através da estação de St. Pancras. O tempo de
viagem dura pouco mais que duas horas até Paris e apenas 50 minutos até
Bruxelas. Esta configuração torna mais rápido se transportar para outros países, que
se transportar dentro da própria Inglaterra de trem a partir de Londres, pois mesmo
possuindo uma extensa rede ferroviária, elas não possuem a capacidade que o trem
de alta velocidade possui (TRANSPORT FOR LONDON, 2014).
Este VLTs não passam pelo centro de Londres, mas o grande ponto de
conexão é a estação Wimbledon, onde é possível fazer uma rápida conexão com
outros modos de transporte.
Os ônibus noturnos, com prefixo 'N', funcionam durante a noite e são uma boa
alternativa ao metrô, que encerram a sua operação às 00h00, e aos táxis, mais
caros durante este horário. Algumas linhas dos ônibus noturnos seguem o mesmo
itinerário dos ônibus diurnos, mas há outras linhas com itinerários diferentes e linhas
que seguem as paradas do metrô.
Este serviço já é fornecido nas estações de BRT do Rio de Janeiro, mas deve
ser oferecido também nas paradas de ônibus convencionais, utilizando painéis de
mensagem variada.
Londres possui um sistema organizado e planejado de alocação de pontos de
parada de ônibus. Estes pontos são distribuídos em locais onde há uma grande
concentração da população devido a presença de PGVs e a possibilidade de, pela
curta distancia geográfica, de se realizar conexões com o sistema de transporte
ferroviário. A Figura 75 apresenta o mapa das paradas de ônibus localizadas no
centro de Londres, com a sua localização, os PGVs e outros modos de transporte.
115
Até o ano de 2003, o metrô de Londres não era administrado pela TFL devido
a um contrato de Parceria Publico Privada (PPP) anteriormente celebrado pela
Public Carriage Office para a manutenção do sistema.
Segundo a GREATER LONDON AUTHORITY (2014), a TFL é controlada por
um Conselho administrativo onde os seus membros são escolhidos pelo Prefeito de
Londres, que também acumula o cargo de Presidente do Conselho administrativo da
TFL. Abaixo do Conselho e seu Presidente, há o cargo de Comissário, que além de
se reportar aos seus superiores, possui a função de liderar administrativamente as
equipes de funcionários da TFL.
O Conselho da TFL é organizado em três diretorias distintas, com
responsabilidades sobre modos de transporte distintos, como divididos abaixo:
• London Underground – Responsável por administrar a rede de metro
londrina, além de fiscalizar o serviço privado de manutenção.
• London Rail – Responsável por administrar as ações da National Rail
dentro do território de Londres e todos os modos ferroviários de
superfície, incluindo:
- A London Overground, trata-se de um sistema de metrô de superfície
operado pelo setor privado.
- A Docklands Light Railway, o sistema de VLT automático.
- A London Trams, o sistema de VLT que não trafega no Centro de
Londres.
• Surface Transport – Responsável pela administração de todos os
transportes rodoviários e aquaviários, sendo estes:
- A London Buses, o famoso serviço de ônibus Londrino, inclusive o
BRT, Bus Rapid Transit em East London.
- A London Dial-a-Ride, serviço de micro-ônibus que transporta
gratuitamente, a qualquer endereço em Londres, pessoas com idade
superior a 85 anos ou com algum deficiência física que o impeça de
utilizar o transporte público.
- A London River Services, o sistema de transporte aquaviário de
passageiros do Rio Tâmisa.
- A London Streets, que coordena a operação das vias de Londres.
117
Com este serviço online o usuário pode escolher o modo de viagem, sendo
por transporte público, de bicicleta ou caminhando e, acrescentar o endereço de
partida e de chegada nos campos indicados, como apresentado no exemplo da
Figura 77.
Após a inserção dos dados, o site gera uma lista de roteiros com o melhor
percurso e modos de transporte a serem usados entre o endereço de partida e o
endereço de chegada, disponibilizando informações precisas da viagem, como o
tempo de viagem e o horário em que o modo de transporte estará na estação ou
ponto de parada desejado. A Figura 78 apresenta a lista de roteiros gerada pelo
exemplo, que adotou uma pesquisa baseada em transporte público.
Além das informações apresentadas, ao clicar sobre os textos na cor azul são
abertas janelas com informações das estações, informações referentes à
acessibilidade e mapas com o percurso, disponibilizando ainda mais informação
para o usuário, como visto na Figura 79.
120
paga. O motorista que não fizer o pagamento até a meia-noite do dia seguinte da
viagem, será multado em 130 libras, equivalente a 487 reais, cujo boleto será
posteriormente enviado a casa do infrator. Por outro lado, se os motoristas infratores
efetuarem o pagamento da multa em 14 dias, o seu valor cai para a metade, 65
libras, mas se ele demorar mais que 28 dias para o pagamento da infração original,
este valor chegará a 195 libras, equivalente a 730 reais.
Com a implementação do pedágio urbano, foi necessário avisar a população
sobre os seus aspectos operacionais. Para isso foi necessário confeccionar placas
próprias se comunicando de maneira simples e direta com a população.
A Figura 99 apresenta a placa que indica proximidade relativa da entrada e da
saída da área pedagiada.
A Figura 101 apresenta a placa que indica um desvio para se evitar a área
pedagiada.
A Figura 102 apresenta a placa que indica que o motorista está na área
pedagiada.
A Figura 103 apresenta a pintura no asfalto que indica que aquela via está na
área pedagiada.
Figura 103 – Pintura na via da área pedagiada
A Figura 104 apresenta a pintura no asfalto que indica que aquela via está
prestes a entrar na área pedagiada.
A Figura 105 apresenta a placa que indica que o motorista não está mais na
área pedagiada.
aumento na oferta de serviço dos ônibus urbanos em 23%, onde estima-se que 50%
dos passageiros que trocaram os carros pelos ônibus fizeram esta escolha por
causa do pedágio urbano (TFL, 2004). O tempo de espera caiu em 30%, devido a
melhora do nível de serviço dos ônibus urbanos e a diminuição dos
congestionamentos, aumentando consequentemente a velocidade média destes
veículos em 6% (LITMAN, 2006).
O número de atrasos, uma consequência das condições do trânsito anteriores a
implementação do pedágio urbano, também foi estudado. Observou-se uma redução
em 30% nos atrasos, também a redução do tempo de viagem em 14%. A
confiabilidade nas viagens, um dos objetivos buscados com a implementação do
pedágio urbano, melhorou em 30% e de 50% a 60% das viagens antes realizadas
de carro para a área pedagiada, passaram a ser realizadas por transporte público
(TFL, 2004).
Segundo os comerciantes, houve grandes perdas em seus negócios. Uma
pesquisa feita pela região administrativa de Westminster, um distrito localizado
dentro da área pedagiada, mostra que em 2003 as vendas no comércio caíram em
70% e que 25% dos comerciantes estudavam a possibilidade de deixar o centro de
Londres.
Mas segundo Derek Turner, idealizador e responsável pela implementação do
pedágio urbano em Londres, este declínio se deu porque nos primeiros três meses
da implementação do pedágio, a linha central do metrô, uma das principais de
Londres estava interditada, o que causou muito impacto. Além disso, os dados da
TFL indicam que quase não houve redução no número de pessoas no centro e que
a redução do número de atrasos de funcionários com a locomoção mais rápida no
centro são benefícios para o comércio.
Outros aspecto que justificam esta queda também podem ser analisados, como
o desenvolvimento do comércio no subúrbio, além do crescimento das vendas pela
internet. O pedágio foi inaugurado em um momento em que a economia mundial
estava em recessão, além disso, o número de turistas em Londres já havia
diminuído desde os atentados nos Estados Unidos em 2001 e a guerra do Iraque,
iniciada em 2003, reduziu ainda mais o número de clientes.
136
Os dados mostram que o pedágio urbano teve uma influência pequena sobre as
perdas do comercio, já que praticamente o mesmo volume de viagens continuou a
ser feito para o centro da cidade, mesmo que as viagens de automóvel tenham sido
substituídas por outros modos de transporte.
Houve uma sensível melhoria na qualidade do ar devido a redução no número
de veículos trafegando na área pedagiada. Comparando os anos de 2002 e 2003, a
pesquisa da TFL (2004) constatou a redução da emissão de óxidos de nitrogênio
(NOx) em 16% e a de partículas inaláveis (PM10) também em 16%. Esta redução
também foi sentida fora da área pedagiada, pois na região periférica houve a
redução em 4% de NOx e 7% de PM10. Ao todo, 75% das emissões de NOx e
PM10 foram reduzidas com a introdução do pedágio urbano.
Diferentemente da poluição química no ar e na água que podem ser
identificadas por qualquer pessoa de maneira imediata, a poluição sonora, mesmo
em níveis exagerados, produz efeitos imediatos moderados, sendo assim difícil a
sua identificação.
Consequentemente com a redução dos veículos circulando na área pedagiada,
com a predileção pelo uso do transporte coletivo, houve uma drástica redução de
ruídos tão nocivos aos ouvidos humanos.
Com um número menor de carros nas ruas, principalmente na área pedagiada,
houve uma redução em 8% nos acidentes com feridos, o que corresponde a um
índice muito maior do que o verificado em outras áreas da cidade (TFL, 2004).
Segundo a TFL (2004), houve a redução em 6% dos acidentes envolvendo
pedestres, 4% envolvendo motocicletas, 7% envolvendo ciclistas e finalmente 28%
envolvendo veículos motorizados, sempre comparando com os dados anteriores a
implementação do pedágio urbano.
Segundo a TFL (2004), são arrecadados cerca de £100 milhões por ano,
equivalente a R$375 milhões, mas a estimativa inicial era de £130 milhões. O valor
previsto não foi alcançado, pois a redução esperada para o trânsito de automóveis,
que era de 10 a 15%, foi ainda maior, onde, consequentemente a arrecadação
também foi menor.
137
Mesmo menor que o estipulado, são £100 milhões por ano investidos
exclusivamente em transportes, uma nova fonte de renda retirada da utilização das
vias, que antes apenas eram fonte de despesas.
Além dos transportes públicos, também são feitos investimentos em transportes
não motorizados.
estações espalhadas pela cidade, como visto na Figura 108, onde pelo período de
30 minutos não há a cobrança da taxa de uso da bicicleta.
2.3 Frankfurt
Como em Bruxelas, Frankfurt possui uma parte da sua população constituída por
funcionários públicos e diplomatas da União Europeia. Sendo assim, o completo
sistema viário da cidade, constituído por ruas, avenidas e rodovias são esvaziadas
quanto a utilização do transporte individual por longas linhas de VLT, que cruza
bairros e praças, integrando-se aos outros modos de transporte. Uma destas
estações de VLT pode ser vistas nas Figuras 114 e 115.
Assim como Frankfurt, outra cidade europeia que não apresenta grandes
índices de congestionamento é Amsterdã. Mesmo não possuindo PGVs como as
sedes de grandes instituições bancárias, possui grande importância econômica e é
cortada por dezenas de canais, sendo um desafio a configuração viária.
2.4 Amsterdã
Amsterdã é a maior cidade da Holanda, cortada por canis e está a beira do Rio
Amstel. Seu nome, como o de outras cidades holandesas é derivado de uma
represa (dam), que esta localizada no rio Amstel. A Figura 116 apresenta o Mapa de
Amsterdã.
Por outro lado, observa-se que os imigrantes não seguem o mesmo estilo de
vida da população de Amsterdã, pois há um índice muito menor de uso de bicicletas
colocando os automóveis como um símbolo da riqueza e o status social (DUCHT
BICYCLING COUNCIL, 2006).
por canais, contar com grandes investimentos como um eficiente sistema de metrô
em constante expansão, visto na Figura 123.
2.5 Bruxelas
Fora dos limites dos anéis viários estão bairros de alto padrão, com casas
luxuosas, como a vista na Figura 136, que não são servidos pelos transportes
públicos. Trata-se de uma população de alto poder aquisitivo que tem nos
automóveis o único modo de transporte e por isso acabam por interferir
negativamente no tráfego do anel rodoviário.
2.6 Haia
comerciais e prédios de escritório, vistos na Figura 138, beneficiadas por uma boa
qualidade de vida e eficiente sistema de transportes.
Com a configuração urbana que alia um sistema de vias e rodovias que retiram
do centro grande parte do volume de tráfego e transportes públicos com capacidade
e eficiência para transportar a população por todo o território da cidade, mesmo no
horário de pido da tarde, às 17:30, o tráfego da cidade apresenta poucas
interferências como visto nas Figuras 150 e 151.
2.7 Colônia
Colônia prova ser possível reconstruir uma cidade moderna, mas privilegiando
os pedestres com grandes calçadões comerciais. A administração dos transportes é
feita pela KVB, Kölner Verkehrs-Betriebe, que além de garantir a manutenção do
transporte não motorizados, opera o BRT e o VLT da cidade (RHEIN-MAIN-
VERKEHRSVERBUND, 2014).
Como em Colônia, Windsor possui um único PGV turístico que, por sua
importância, é atendido pelos principais modos de transporte da cidade,
possibilitando ao turista acessar rapidamente o Castelo de Windsor.
2.8 Windsor
2.9 Brugge
Brugge é uma cidade medieval localizada na região norte da Bélgica que, como
Windsor, possui uma grande atratividade como cidade turística. A configuração
urbana da cidade é característica de cidades medievais, com vias estreitas,
muralhas e antigos prédios históricos, o que impossibilita a expansão do sistema de
transportes e a criação de novas zonas residências dentro dos limites da cidade
histórica, como pode ser visto na Figura 161.
Segundo LOBO, 2014, as longas viagens são feitas pelo transporte ferroviário,
cuja única estação da cidade histórica, a Estação Brugge, está instalada no limite sul
da cidade, junto um enorme estacionamento, transformando-se em uma importante
estação intermodal. A Rodovia N351 também corta o interior da cidade histórica,
mas utiliza grandes mergulhões para minimizar a interferência, sendo seu ponto de
conexão com a cidade abaixo da praça 't Zand, que possui no subsolo um grande
estacionamento e na superfície, além de uma sala de espetáculos, uma rodoviária,
vistos na Figura 164.
179
Figura 164 – Praça 't Zand Fonte: Roberto Lucas Junior (2012)
Por ser uma região pequena, com forte tradição agrícola e turística, além de
estar geograficamente próxima de Amsterdã, Volendam & Marken é atendida pelo
sistema de transportes operado pela GVB, com o seu sistema de ônibus comum e
ônibus noturnos.
Após a análise das 10 cidades europeias estudadas in loco, onde foram
retiradas informações relevantes a formação de uma nova política de transportes
para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, passemos para o próximo capitulo,
onde são estudadas as politicas de transporte brasileiras e as politicas de transporte
da RMRJ.
184
Neste período o primeiro grande código de obras, que reunia todas as regras
para as construções e a ocupação da cidade foi editado a partir deste plano, em
1937 e, ainda hoje, influencia a legislação urbanística da cidade.
190
alocação ideal para um crescimento populacional em 35 anos, até o ano 2000, visto
graficamente na Figura 172, com revisões periódicas a cada 5 anos (LEME, 1999).
Por fim, como uma resposta aos resultados negativos provenientes da não
aplicação dos “superplanos”, passou-se a adotar uma política de estruturação
urbana onde são elaborados planos que abrem mão dos diagnósticos técnicos
extensos e, até mesmo, dos mapas com as propostas.
Nos anos de 1970, os planos baseados nesta política passam da
complexidade, do rebuscamento técnico e da sofisticação intelectual para o plano
simples, feitos pelos próprios técnicos municipais, quase sem mapas, sem
diagnósticos técnicos ou diagnósticos. (SABOYA, 2008).
A partir da fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975, a
cidade passa a ser capital do novo estado. Em 1977 o poder público se vê diante da
necessidade de elaborar um novo plano, Plano Urbanístico Básico, PUB-RIO, que
dividia o território municipal em 5 Áreas de Planejamento (AP), instituía os Projetos
de Estruturação Urbana (PEU) para o planejamento local, respeitando as
192
os padrões dessa distribuição das classes sociais foram influenciados pelo Estado,
tanto por suas ações quanto por suas omissões. Estas políticas são representativas
dos momentos de organização social em que foram elaboradas, a partir da
intervenção direta do poder público.
A RMRJ, entre as décadas de 1940 e 1950, adaptou-se às altas taxas de
crescimento populacional, especialmente nos municípios limítrofes da capital, nos
quais elas chegaram a superar os 10% ao ano. Na década seguinte um
arrefecimento populacional ocorreu nos municípios da Baixada Fluminense e na
capital, aprofundando-se logo a seguir, entre 1970 e 1980. A primeira metade da
década de 90 reforçou ainda mais as décadas antecedentes, mas, no período mais
recente, verifica-se um relativo crescimento populacional em geral.
A malha ferroviária da RMRJ começou a operar efetivamente em meados do
século XIX, ligando a estação central da metrópole a Baixada Fluminense, numa
extensão de 50 km, sendo utilizada inicialmente para o transporte de cargas.
Posteriormente, passou a cumprir um importante papel no processo de expansão da
ocupação urbana. A expansão dos subúrbios se deu principalmente devido a
entrada em operação do transporte ferroviário de passageiros. Núcleos residenciais
foram formados junto às estações ferroviárias, ruas próximas tornaram-se eixos de
acesso aos bairros, chegando aos municípios vizinhos da RMRJ e constituindo a
estrutura urbana existente baseada em corredores, tendo como núcleos as Cidades
do Rio de Janeiro e, em menor escala, a Cidade de Niterói, mas o traçado original
dessa rede não chegou a um século de vida, onde vários ramais foram desativados
na segunda metade do Século XX, devido à implantação da malha viária que
atenderia a prioridade dada à produção automobilística.
Em meados do século XX, novas rodovias de acesso a RMRJ foram construídas
possibilitando novas opções de acesso aos bairros e centros comerciais mais
distantes, sendo as principais vias concluídas nesta época a Avenida Brasil, a
Rodovia Washington Luiz e a Rodovia Presidente Dutra. Tanto o transporte
ferroviário como o transporte rodoviário contribuiu diretamente pra a consolidação de
vetores de crescimento da RMRJ, vistos na Figura 174.
196
RMRJ após os anos 2000, com a atual configuração dos transportes na RMRJ. Esta
análise é feita como elemento comparativo entre a RMRJ e a capital, a Cidade do
Rio de janeiro, devido à importância dada a Cidade do Rio de janeiro pelos
interesses do capital e os incentivos do Estado, em detrimento de toda a RMRJ,
gerando um município dotado de diversos modos de transporte, mesmo que
deficitários, diante de uma região inteira desprovida de qualidade em seus modos
básicos de transporte.
Tabela 07 – Matriz O/D do total de viagens do modo individual entre macrozonas (diário)
Como pode se observar, a região central é atendida pelos sistemas de: metrô,
ônibus, barcas e transporte ferroviário. A seguir são descritas as características de
cada um dos sistemas de transporte que atendem a região central e,
consequentemente, a RMRJ.
▪ BARCAS
▪ METRÔ
praticamente toda a cidade e possibilitando muitas conexões como pode ser visto na
Figura 179.
▪ TREM
Como pode ser visto na Figura 181, a RMRJ possui uma vasta malha
ferroviária composta por quatro ramais: ramal Santa Cruz, ramal Nova Iguaçu, ramal
Belford Roxo e ramal Saracuruna, todos com destino na estação Central do Brasil,
única contida na zona central da cidade. Mesmo assim, com todos estes ramais,
grande parte da capital é desprovida deste modo de transporte. Isto se dá por uma
opção feita pelos planejadores da cidade no início do século passado quando foi
decidido que a área nobre da cidade não seria alimentada pelo trem, dando assim
prioridade ao transporte rodoviário. Hoje, com os constantes congestionamentos e a
falta de um transporte de massa eficiente nestas áreas, percebe-se que esta opção
foi mais do que equivocada.
206
▪ TERMINAL DE ÔNIBUS
▪ AEROPORTO
▪ VIAS
A Figura 184 mostra todas as vias que compõe o sistema viário da Cidade do
Rio de Janeiro, assinalada em amarelo a região central da cidade. Em verde todas
as vias da cidade, em amarelo a Avenida Brasil que é uma importante via de acesso
entre os bairros do subúrbio, as linhas vermelhas pontilhadas indicam pontes e
túneis. A linha composta pelas cores preto e amarelo representa a Linha Amarela,
enquanto a linha composta pelas cores vermelha e branca representa a Linha
vermelha, duas vias de trânsito rápido criadas originalmente no Plano Doxiadis na
década de 60, mas construídas apenas nos anos 90.
Figura 184 – Sistema viário
Ônibus 53,80%
Automóvel 28,10%
Táxi 1,60%
Motocicleta 0,80%
Caminhão 0,40%
Outros 2,50%
Observa-se pela Figura 187 que grande parte deste volume de tráfego está
concentrado nas principais vias da região central e nas vias que levam até ela.
▪ ÔNIBUS
▪ AUTOMÓVEIS
▪ TÁXI
▪ MOTOCICLETA
▪ CAMINHÃO
▪ TRANSPORTE ALTERNATIVO
De certa forma esta informação é verídica, mas o que falta ser dito é que a
perda de espaço das companhias também se dá pela sua ineficácia em cobrir todas
as regiões, disponibilidade insuficiente de veículos e má qualidade do serviço. Se a
qualidade do serviço das companhias de ônibus não fosse deficitária, a população
não utilizaria o transporte alternativo, muitas vezes com a capacidade máxima,
desconfortável e em alguns casos com a tarifa mais cara. A Figura 194 mostra que
em vias localizadas na zona central, o tráfego de veículos alternativos chega a
30.000 diariamente.
▪ CICLOVIAS
turísticos e por serem descontínuas, ou seja, não possibilitam longas viagens entre
regiões.
▪ BRT
No Rio de Janeiro serão implantadas 4 linhas de BRT com integração entre elas. Já
está em operação o BRT TransOeste e o BRT TransCarioca. Em pouco tempo
221
Uma “cultura por transporte público” poderia ser uma meta a ser alcançada pela
RMRJ, onde a população possuiria a certeza de uma viagem planejada, além de
estar segura quanto às possibilidades em deslocamento e seus direitos como
passageiros.
O VLT, veículo Leve sobre Trilhos, a versão mais moderna dos bondes, não
são utilizados na RMRJ, mas em cidades como Amsterdã, Bruxelas e Haia este
modo de transporte é a base do sistema de transporte. Mesmo em Amsterdã, cidade
cercada por canais e obstáculos, os VLTs levam a população até todas as regiões
da cidade.
Na RMRJ uma troca gradativa dos ônibus pelo VLT significaria um acréscimo
de eficiência e capacidade de tráfego ao sistema de transporte por inteiro, além de
redução no uso de energia e emissão de poluentes no ar. Com esta política de
substituição gradativa dos ônibus pelo VLT os “bondes” voltariam a exercer o papel
que nunca deveriam ter abandonado no Rio de Janeiro.
central através dos planos urbanísticos e posteriormente foi realizada uma análise
da atração de viagens.
Devido a comprovada importância de Mangaratiba para a RMRJ, este município
não pode ser excluída das análises, sendo encarada como parte integrante na
analise sobre toda a RMRJ. Para um melhor entendimento da região utilizou-se a
divisão das macrozonas realizada no PDTU/RMRJ apresentada na Tabela 10 e a
Figura 197.
Niteroi Niteroi
Tabela 11 – AP 1
1 1 SAUDE
1 2 GAMBOA
1 3 SANTO CRISTO
1 4 CAJU
1 5 CENTRO
1 6 CATUMBI
1 7 RIO COMPRIDO
1 8 CIDADE NOVA
1 9 ESTACIO
Janeiro a Malha de BRT tomará esta posição de destaque devido aos altos
investimentos que foram feitos e a abrangência do sistema, que chegará,
quando concluído, a área onde o transporte público da RMRJ nunca havia
atendido com eficiência. Por outro lado, a escolha mais apropriada como modo
de transporte principal seria o sistema de metrô, mas o pequeno e ineficiente
sistema de metrô do Rio de Janeiro, que possui apenas duas linhas, com
apenas dois pontos de conexão e com uma cobertura ineficiente que atende
uma pequena parte da cidade, impede que a base dos deslocamentos seja
feita por este modo de transporte. A Figura 201 indica o atual sistema de metrô,
que atende uma pequena área da cidade, com uma configuração em “tripa” e
não em rede, onde apenas a Estação Pavuna possui proximidade com os
municípios da RMRJ e não atende o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro,
um grande PGV.
Por estes motivos que impedem que o transporte sobre trilhos torne-se o
principal modo de transportes da RMRJ, transportando o maior número de
passageiros e que a malha do BRT está planejada para atender o maior
número de regiões, propõe-se como contribuição a uma Política de transporte,
as seguintes metas e ações governamentais:
• A Criação de uma agencia/autoridade em transportes, a Rio
Transportes, sendo esta uma agencia regional de transportes que
irá substituir a Secretaria Municipal de Transportes.
Com esta futura configuração do BRT, onde a RMRJ é atendida por uma
malha de BRT, busca-se um sistema de transporte base, com capacidade para
transportar grande parte da população por uma via segregada, onde haverá a
integração direta com outros modos de transportes, possibilitando estabelecer
na RMRJ um sistema de transportes baseado na integração entre modos de
transporte.
Após a implantação da malha e um período de adequação e estudo,
deve-se considerar a extensão das atuais linhas de BRT e não a criação de
outras. De acordo com o desenvolvimento da RMRJ, deve-se estudar a
251
Fonte: G1 13/11/2012
5. CONCLUSÕES
GEHL, J. Cities for People (Vol. I). Washington: Island Press. 2010
LUCAS JUNIOR, Roberto. Pedágio Urbano. ED. Agencia 2ª. Rio de Janeiro,
2009