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HISTÓRIA DA ARTE, ARQUITETURA E URBANISMO I

ARQ5621

PRIMEIRA AULA - Revolução Industrial.(A cidade Industrial)

TEXTO 1: BANHAM, Reyner : “Funcionalismo e Tecnologia”


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Transformações sociais e econômicas
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL é a série de transformações econômicas políticas, sociais, culturais e tecnológicas, que vinham se
processando desde fins do século XVIII e que culminaram na primeira metade do século XIX, com a passagem da produção
baseada na ferramenta (artesanato/manufatura) para aquela baseada na máquina (indústria).

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Primeira Revolução Industrial (1760-1860)

-A energia movida a vapor foi usada na extração de minério,


na indústria têxtil e na fabricação de uma grande variedade
de bens que, antes, eram feitos à mão.

-O navio a vapor substituiu a escuna e a locomotiva a vapor


substituiu os vagões puxados a cavalo.

-O trabalho físico começou a ser transformado em força


mecânica.

-Teve início o funcionamento do primeiro instrumento


universal de comunicação quase instantânea, o telégrafo.

-Fonte de energia CARVÃO.

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Segunda Revolução Industrial (1860-1900)

-É caracterizada pela difusão dos princípios de


industrialização em diversos países: França,
Alemanha, Itália, Bélgica, Estados Unidos e Japão.

-O destaque ficou com a eletricidade e a química,


resultando em novos tipos de motores (elétricos e
à explosão), no aparecimento de novos produtos
químicos e na substituição do ferro pelo aço.

-Houve o surgimento das grandes empresas (


cartéis-grupos de empresas que, mediante acordo,
buscam determinar os preços e limitar a
concorrência) , do telégrafo sem fio e do rádio.

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SOCIEDADE INDUSTRIAL

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BURGUESIA
• Classe dominante ( economica e política)
• Alta Burguesia (empresarios e politicos)
• Media Burguesia (funcionarios publicos e prof. liberais)
• Baixa Burguesia ( pequenos comerciantes)
PROLETARIADO
• Forte Éxodo Rural → Operários:
• Moram junto as fabricas condições precárias

POPULAÇÃO RURAL

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A base da mentalidade dos burgueses de tal época era a exploração
máxima da classe trabalhadora – o proletariado – de maneira que
pudessem garantir o lucro e manter a massa operária dependente.

• E esta, na maioria, era oriunda dos cercamentos dos campos realizados


na Inglaterra e que forçaram a população rural a trabalhar em
meios alternativos no próprio campo ou a migrar para as cidades em
busca de empregos (EXODO RURAL) principalmente nas minas de
carvão ou nas primeiras fábricas, sobretudo as têxteis, de alimentos,
bebidas, cerâmica e outros demais produtos que visavam o nascente
mercado consumidor urbano.

09/08/2017 Milton Luz da Conceição 197


INDUSTRIALIZAR : transformar matérias
primas (natureza) em mercadoria.

INDUSTRIALIZAÇÂO: processo sócio


econômico que busca riqueza e lucro com
a transformação de parte da sociedade.

URBANIZAÇÂO: processo de
desenvolvimento de parte da esfera
urbana em oposição ao desenvolvimento
rural.

Este processo é consequência da


mudança de moradores do campo para a
cidade em busca de trabalho e melhores
condições de vida. A esta dinâmica
chamamos EXODO RURAL.

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LIBERALISMO ECONOMICO
Adam Smith :
• Liberdade para investir e contratar
• Propriedade privada sem intervenção do Estado
• (Laissez Faire)
• Lei de Oferta / Procura:
• Empresário → Beneficios → Oferta
• Enrriquecimento- A Sociedade se beneficia com novos produtos.
• Gera novos empregos.

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Em consequência do EXODO RURAL como principal vetor, acontecerão
grandes modificações Urbano-Territorial gerando uma nova morfologia
urbana.

A nova distribuição da população no território gerou mudanças na


infraestrutura urbana.

Modificou-se radicalmente a conformação usual das cidades


tradicionais europeias, fazendo com que seu antigo núcleo – formado
principalmente pelos maiores monumentos, pelas moradias e pelas ruas
estreitas – fosse abandonado pelas classes ricas, que acabaram se
estabelecendo em bairros de luxo aos arredores da cidade.

Os edifícios e os palacetes passaram a ser ocupados por imigrantes e


trabalhadores (proletariado), tal como os jardins públicos por
depósitos e casas mais pobres para os trabalhadores excluídos.

Bairros operários compactos e desordenados multiplicavam-se ao


redor das cidades, ao lado de indústrias e villas burguesas

Tais mudanças resultaram em graves problemas de transporte, habitação, serviços e salubridade, reivindicando medidas de
saneamento para que os conflitos sociais não se tornassem insuportáveis.

Vários governos tomaram providências a fim de resolver essa situação – primeiro na Inglaterra e depois nos demais países –, os quais puderam dar os
primeiros passos de planejamento.
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Com o Capitalismo industrial, uma nova sociedade emergiu e, junto a ela, uma nova do espaço urbano, o que
conduziu a uma revolução no modo de pensar a CIDADE, a qual se expandiu em um ritmo surpreendente.

Esse crescimento acelerado da urbanização levou à concepção da cidade industrial como CAO, o qual
precisava ser controlado e dirigido, de modo a garantir o desenvolvimento das novas relações sociais e
econômicas.

No século XIX, a CIDADE tornou-se o maior problema das nações industrializadas, visto que foi transformada
em uma totalidade em veloz crescimento, o que fez surgir questões urgentes ligadas às condições sanitárias,
habitação popular e difusão das ferrovias.

Isto fez nascer o PLANEJAMENTO URBANO

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Em 1800, apenas 22 cidades europeias possuíam mais de 100.000 habitantes e na América nenhuma.

Londres tinha cerca de 860.000 habitantes e Chicago nem existia.

Em 1900, a Europa já possuía 84 cidades desse tamanho ou maiores; e a América 53.

Londres atingia 6,5 milhões de habitantes, seguida por Paris e Berlim

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Em 1851, a população das cidades inglesas já era maior que a do campo.

Na Alemanha, isto aconteceu em 1890; e nos EUA somente em 1920.

No Brasil, em 2000.

Em 1900, ainda 60% da população francesa vivia no campo; e na Escandinávia, 75%

No início do século XIX, a Europa já contava com o motor a vapor e com a iluminação à gás, o que favoreceu
ainda mais a sua industrialização.

Em 1804 foi construída a primeira locomotiva a vapor bem-sucedida, sendo em 1830 inaugurada a primeira
ferrovia a vapor para mercadorias e passageiros, ligando Liverpool e Manchester.

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Ao mesmo tempo, a conformação usual das cidades europeias foi alterando-se, fazendo com que seu antigo
núcleo – formado principalmente pelos maiores monumentos, moradias, praças e ruas estreitas – fosse
abandonado pelas classes mais ricas, que acabaram se estabelecendo em bairros de luxo aos arredores da
cidade.

Com o tempo, os palácios e palacetes foram ocupados por imigrantes e trabalhadores vindos do campo
(proletariado), tal como os jardins públicos por depósitos e casas mais pobres.

Bairros operários compactos e desordenados multiplicavam-se ao redor das cidades, ao lado de indústrias e
de vilas burguesas, intensificando os conflitos sociais.

As condições higiênicas e sanitárias das CIDADES INDUSTRIAIS eram muito precárias, sendo agravadas
pelos padrões de moradia e exploração dos trabalhadores.

Na década de 1830, o COLÉRA alastrou-se pela Europa, matando mais de só na França. Já em 1849,
londrinos morreram devido à doença. Cachorros sem dono (1872) Gustave Doré ( )

Cresceram os problemas de transporte, habitação, serviços e salubridade, reivindicando medidas de


SANEAMENTO, o que fez com que vários governos tomassem providências a fim de resolver essa
situação, primeiro na Inglaterra e depois nos demais países.

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GRA-BRETANHA SEC XIX

Transmissão de germes Louis Pasteur /Germicidas Joseph Lister /Miasmas Edwin Chadwick.

Diante da situação crítica, vários sanitaristas buscaram soluções, como, por exemplo, sir Edwin Chadwick
que estabeleceu uma correlação entre as condições de vida e a mortalidade, associando as doenças
transmissíveis aos MIASMAS, estes surgidos da matéria em decomposição.

LEIS SANITÁRIAS passaram a vigorar, as quais não somente se preocupavam com a higiene e a saúde dos
moradores, como cuidavam da questão habitacional, que passou a ser subvencionada pelo Estado.

Desde então, definiram-se regulamentos para a construção mínima, assim como normas para a
composição de conjuntos operários (BENEVOLO, 1994).

A situação crítica da cidade industrial, especialmente no que se referia às suas condições sanitárias, levou
ao MOVIMENTO HIGIENISTA, na primeira metade do século XIX, responsável pela primeira legislação de
saúde pública, que regulamentava medidas de limpeza das cidades, construção de esgotos e previsão de
canais para águas livres de contaminação.

O HIGIENISMO conduziu a novas normas de projeto e construção; criação de parques públicos; limpeza e
saneamento urbano; e grandes reformas nas cidades europeias.

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Plano de Paris (1851/69)

Na segunda metade do século XIX, visando a contenção de revoltas e melhoria das condições de vida,
surgia a disciplina do URBANISMO.

No emergir da cidade industrial, liberal e capitalista, nasciam também a SOCIEDADE DA MÁQUINA e uma
nova forma de ver, sentir e viver a vida urbana.

As transformações marcavam a PAISAGEM das cidades, em que novos elementos barulho,


adensamento, movimento; os transportes e a vida fervilhante passaram a preencher o cotidiano das
avenidas, praças e galerias.

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As origens da urbanística moderna deram-se a partir de dois grupos de agentes que se propuseram a
transformar a CIDADE INDUSTRIAL: REFORMADORES URBANOS ou urbanistas neoconservadores: agentes
de grandes intervenções em cidades remodelação (Paris e Viena) ou expansão (Barcelona e New York)
que, diante da necessidade de dotar as cidades de melhores condições diante das mudanças produzidas
pela indústria, reforçaram o caráter técnico do urbanismo;

SOCIALISTAS UTÓPICOS ou pré-urbanistas: generalistas (historiadores, economistas e políticos) que


apresentaram propostas que não passavam de obras hipotéticas e de cunho utópico, já que se pensava
ser possível o restabelecimento da ordem perdida, abandonando-se a cidade industrial e voltando-se a
viver no campo, em uma atitude nostálgica.

Urbanismo Neoconservador

O acelerado inchaço da CIDADE INDUSTRIAL conduziu a problemas de circulação e infraestrutura


urbanas, além de condições precárias de salubridade e habitação, o que levou a muitas greves,
manifestações e revoltas.

Na década de 1830, França, Bélgica, Polônia, Suíça e partes da Alemanha e Itália estavam em revolta. Os
anos de 1848 e 1849 foram marcados em quase toda a Europa por sangrentas revoluções, guiadas por
sentimentos nacionalistas e por ideais comunistas.

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Apesar do insucesso de muitas revoltas, para conter os problemas e, ao mesmo tempo, garantir a
manutenção da ordem socioeconômica, várias municipalidades promoveram grandes REFORMAS
URBANAS nas principais capitais europeias, por meio de uma atitude neoconservadora e tradicionalista.

Expansão de Paris (Sécs. XVI-XIX) Muitos países europeus submeteram-se a uma nova direita, autoritária e
popular, por meio da qual se passou a fazer o controle direto do Estado sobre a vida econômica e social,
além de efetuar intervenções urbanas de caráter coordenador e forte preocupação antirevolucionária.

Iniciaram-se grandes intervenções urbanas visando regular a cidade industrial em uma escala apropriada à
nova ordem socioeconômica, através da prática de programas saneadores e de remoção do proletariado
das áreas centrais com a demolição das zonas insalubres, cujo conjunto recebeu o nome de URBANISMO
NEOCONSERVADOR. L Eixamble (1859/70, Barcelona Esp.) Ildefons Cerdà.

Georges-Eugène Haussmann . A cidade de PARIS foi pioneira através de um amplo plano de reestruturação
urbana, de bases estritamente técnicas e estéticas, com forte caráter higienista e político, empreendido
pelo Barão de Haussmann ( ), entre 1853 e 1869; e mundialmente copiado.

O Plano de Paris (1853/69) modelou as feições contemporâneas da cidade, envolvendo a demolição de


bairros antigos, a abertura de novas vias, a implantação de parques públicos e a implementação de
diversos serviços (iluminação, água, esgoto, transporte, etc.).

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Entre 1857 e 1869, uma equipe liderada por L.C.F. Förster conduziu uma ampla reforma urbana em Viena, na Áustria, está
baseada principalmente na demolição das antigas muralhas da cidade e construção da Ringstrasse, uma rua circular
ligando novas e modernas instituições políticas e culturais.

Em Barcelona, Ildefons Cerdà ( ) propôs um plano de expansão urbana (L Eixample), de forte caráter estrutural, baseado
em uma inovadora proposta de distribuição e ocupação de quadras por espaços públicos, o que foi implementado entre
1859 e 1870.

Em Londres, as reformas acompanharam todos os prósperos anos do reinado da Rainha Vitória ( ), iniciado em 1837,
sendo os edifícios neogóticos do Parlamento Britânico construídos entre 1840 e Realizaram-se várias obras de infra-
estrutura e transporte, incluindo sistemas de bondes.

Em 1863, tiveram início as operações do primeiro metrô (Metropolitan Railway). Big Ben Houses of Parliament (1840/52,
Londres GB) C. Barry ( ) & A. W. N. Pugin ( )
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Em 1889, formou-se o LONDON COUNTY COUNCIL LCC, responsável pela criação dos primeiros conjuntos proletários de
moradia (os boroughs), iniciados a partir de 1891, em contraposição aos subúrbios burgueses de habitação individual,
ampliando Londres em extensão.
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Expansão de Berlim (Sécs. XVII-XIX) Já em meados do século XIX, os urbanistas foram convocados a solucionar os
problemas da cidade industrial, tanto na Europa como nos EUA, resultando em modelos urbanos, o que fez nascer a partir
daí uma série de experiências de serviram de base ao PLANEJAMENTO URBANO moderno. Séc. XVII Séc. XVIII Núcleo
urbano em 1650 Séc. XIX Séc. XX
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Plano de Nova York (1811) New Amsterdam Criada em 1624 pela Companhia Holandesa das Índias como
NOVA AMSTERDÃ, a cidade era um entreposto comercial de peles situado na foz do rio Hudson, ao sul da
Ilha de Manhattan, esta então ocupada pelos índios algoquianos, que a venderam simbolicamente em 1626
para Peter Minuit.

Wall Street (1653) Os primeiros colonizadores ergueram suas casas sem planejamento e o conflito com os
indígenas era intenso.

A cidade somente passou a ter ordem a partir de 1647, com o governador Peter Stuyvesant, que impôs
várias normas.

Em 1653, construiu-se uma paliçada de proteção contra os índios, cuja rua ao lado passou a se chamar
WALL STREET.

Wall Street (Séc. XVIII) Em 1664, os ingleses expulsaram os holandeses e mudaram o nome da cidade para
NOVA YORK. Alguns bairros, como o Harlem, mantiveram seus nomes holandeses.

Sob o domínio inglês, a cidade prosperou como centro de moagem de cereais e de construção de navios; e
sua população aumentou rapidamente, atingindo habitantes em 1775, então a terceira maior cidade do
país.

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Com sua industrialização e o crescimento de seu porto, Nova York tornou-se um importante centro
políticoadministrativo e econômico, exigindo um plano de expansão urbana.

Seu núcleo histórico ao sul (Downtown), de traçado irregular e espontâneo, foi enfim ampliado por um
plano retilíneo em 1811; e os ricos acabaram mudando-se para o norte da ilha (Uptown).

Plano de Nova York (1811) Central Park (1858) O Plano de Nova York (1811) caracterizou-se pela retícula
uniforme que desconsiderava a topografia e era composta por avenidas no sentido Norte-Sul e ruas no
sentido Leste- Oeste, com a previsão de uma área verde, depois ampliada e destinada ao lazer público em
1858.

Em 1823, NOVA YORK ultrapassou Boston e Filadélfia, tornando-se a maior cidade do país, mas passando
a enfrentar graves problemas com transportes, cortiços e epidemias.

Em 1835, um grande incêndio destruiu a cidade velha e exigiu amplas remodelações urbana

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O núcleo histórico possuía um traçado irregular e espontâneo, mas seu
excepcional crescimento exigiu um plano retilíneo de expansão, aplicado no
início do século XIX

07/08/2017 Milton Luz da Conceição


O Plano de Nova York (1811) caracteriza-se pela retícula uniforme que
desconsidera a topografia e está composta por avenidas no sentido Norte-Sul e
ruas no sentido Leste-Oeste, com a previsão de uma ampla área em que uma
parte foi posteriormente destinada ao lazer público urbano (Central Park).

07/08/2017 Milton Luz da Conceição


FIM

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