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ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA SUPERINTENDÊNCIA DE

TRÂNSITO DE BELO HORIZONTE

Auto de Infração nº AE03710325


Notificação n.º 27133934

CHARLES CAMPOS AIRES, brasileiro, casado, carteiro, portadora da cédula de


identidade n.º MG-10.295.310, expedida pela SSP/MG, inscrito no CPF sob n.º
051.202.536-36, residente e domiciliado à Rua Thiago Salles Sampaio n.º 16 – bairro
Comerciários – Belo Horizonte/MG – CEP 31.640-030, conductor do veículo
Nissan/Sentra 20 FLEX, Placa HKN7168, venho respeitosamente à presença de Vossa
Senhoria, com fundamento na Lei nº 9.503/97, apresentar DEFESA
ADMINSTRATIVA contra a aplicação de penalidade por suposta infração de trânsito,
conforme notificação anexa, o que faz da seguinte forma.

1 – DOS FATOS
De acordo com a mencionada notificação, transitava o Requerente pela Av.
Vilarinho, esquina com Av. Baleares no dia 21/05/2022, por volta das 14:53,
conduzindo o no veículo de Placa HKN7168, no momento que, em tese, veio a
AVANÇAR O SINAL VERMELHO DO SEMÁFORO – FISCALIZAÇÃO
ELETRÔNICA. Dessa forma, em tese, apontou-se violação ao Artigo 208 do Código de
Trânsito Brasileiro.
Entretanto, como se verifica das preliminares de minha defesa demonstrarei
que não cabe tal infração por vários motivos que abaixo os delinearei, vejamos.

2 – DA DEFESA

2.1 DA NÃO OCORRÊNCIA DA INFRAÇÃO

Por razões claras e legítimas venho requerer a anulação do auto de infração,


pelo FATO DE QUE NÃO HOUVE AVANÇO DO SINAL VERMELHO.
Conforme a foto que consta no referido auto de infração, o condutor do
veículo não ultrapassou o sinal Vermelho, eis que a referida foto indentificada
demonstra que o veículo estava após a faixa de pedestre, ou seja, o veículo passou
quando o sinal ainda estava AMARELO.
Vejamos a foto extraída do referido auto de infração, obtida em
http://multas.pbh.gov.br/multas/popup_foto.asp?foto=21062022141339577-2-220521-
0199a-HKN7168.jpg&pagina=fotoradar:

Percebe-se facilmente que o veículo, quando o sinal ficou VERMELHO, já


havia ultrapassado a faixa de pedestre, ou seja, quando passou pelo semá foro, este
estava AMARELO.
A presunçã o de legitimidade dos atos administrativos abrange a
avaliaçã o e qualificaçã o jurídica dos fatos relevantes, bem como a afirmaçã o da
Administraçã o quanto à ocorrência dos mesmos, mas para comprovar que o
veículo avançou o sinal VERMELHO a foto deveria indicar que o mesmo ainda
estava na faixa de pedestre.
Assim, o Requerente sustenta a nulidade do ato administrativo,
aduzindo que o veículo nã o ultrapassou o sinal VERMELHO, mas sim o AMARELO.

2.2 FALTA DE AFERIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS PELO


INMETRO.
Por razões claras e legítimas venho requerer a anulação do auto de infração,
pela irregularidade apontada como FALTA DE AFERIÇÃO DOS
EQUIPAMENTOS PELO INMETRO.
Com efeito, os equipamentos eletrônicos necessitam estar com a sua
calibração específica, para que emitam detecção exata, medindo com precisão os
eventos, de forma que sirva de prova dentro dos autos certificado do INMETRO de
estar devidamente aferido por aquele Instituto, não basta a simples afirmação da
Empresa de gerenciamento de trânsito, pois deve haver certificação por aquele Instituto,
como exige o Artigo 2º da Resolução 165 que está em conformidade com o Art. 280 § 2
que ainda teve na deliberação 38 do Denatran sua regulamentação, vejamos:
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na
legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual
constará:
§ 2º A infração deverá ser comprovada por
declaração da autoridade ou do agente da autoridade de
trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento
audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio
tecnologicamente disponível, previamente regulamentado
pelo CONTRAN. RESOLUÇÃO Nº 165 DE 10 DE
SETEMBRO DE 2004 Regulamenta a utilização de
sistemas automáticos não metrológicos de fiscalização,
nos termos do § 2º do artigo 280 do Código de Trânsito
Brasileiro.
Art. 2º. O sistema automático não metrológico
de fiscalização deve:
I – ter sua conformidade avaliada pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial – Inmetro, ou entidade por ele
acreditada; Deliberação CONTRAN nº 38 de 11/07/2003
que Dispõe sobre requisitos técnicos mínimos para a
fiscalização da velocidade, de avanço de sinal vermelho e
da parada sobre a faixa de pedestres de veículos
automotores, reboques e semi-reboques, conforme o
Código de Trânsito Brasileiro Art. 2º...
III - ser verificado pelo INMETRO ou
entidade por ele delegada, obrigatoriamente com
periodicidade máxima de 12 (doze) meses e,
eventualmente, conforme determina a legislação
metrológica em vigência.
Como vimos é necessário que os equipamentos eletrônicos estejam
comprovadamente certificados e aprovados por Portaria do INMETRO. Esses
equipamentos estão sujeitos à falibilidade do citado objeto eletrônico (item 8.1.4.7 da
Portaria nº 115/98-INMETRO), seja por dano, temperatura, severidade, interferência
eletromagnética, umidade, intempérie ou falha qualquer.
Diante desse fato e embasados na notificação da autuação de trânsito
enviada a mim e anexada a esta defesa, onde a mesma no item dito da data de aferição
do aparelho que tem sua data no dia 13/05/2013, ou seja, mais de 12 meses da data que
veio a tirar a foto que redundou nessa autuação e isso já em desconformidade com a lei,
resolução e deliberação de trânsito, pois a data da autuação foi no dia 21/05/2022, 9
anos e 1 mês depois da última aferição, fato este inadmissível para uma empresa que
gerencia o trânsito ou órgão que administra o trânsito.
Dessa forma, a decisão imposta pelo agente da autoridade de trânsito deve
ser cancelada, eis que desprovida de fundamentos válidos. O § único do artigo 281, e
seu inciso I, do CTB estabelece: “O auto de infração será arquivado e seu registro
julgado insubsistente: se, considerado inconsistente ou irregular”.
O auto de infração de trânsito de número Auto de Infração nº AE03710325,
Notificação n.º 27133934 está eivado de ilegalidade e irregularidades formais, pois não
atende aos requisitos de materialidade e formalidade necessários ao seu preenchimento,
tendo em vista que já se passaram mais de 60 meses da data da ultima aferição e isso
deve ser levado em consideração por ser um vicio material, apto a anular o citado Auto
de Inflação.
Nesse sentido, sãos os julgados abaixo:
APELAÇÃO AÇÃO DE COBRANÇA
INFRAÇÃO DE TRÂNSITO NULIDADE
OCORRÊNCIA Pretensão voltada à anulação da multa de
trânsito que fora aplicada por radar eletrônico Radar
semafórico utilizado que não foi aferido e fiscalizado pelo
INMETRO à época da lavratura da infração Imposição da
penalidade que, in casu, não ocorreu em consonância com
a legislação e normas técnicas Art. 5º da Resolução
CONTRAN 141 de 2002 Nulidade do auto de infração
evidenciada Procedência da demanda que se impera
Condenação da ré na verba sucumbencial Decisão
reformada Recurso provido. (TJ-SP - APL:
9190946682003826 SP 9190946-68.2003.8.26.0000,
Relator: Rubens Rihl, Data de Julgamento: 19/10/2011, 8ª
Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
25/10/2011).
ACÓRDÃO Nº 6-1085/2010 APELAÇÃO
CÍVEL - MULTA DE TRÂNSITO - EXCESSO DE
VELOCIDADE - INFRAÇÃO APURADA POR RADAR
ELETRÔNICO AFERIDO PELO INMETRO FORA DO
PRAZO ESTABELECIDO PELA RESOLUÇÃO Nº
141/02 DO CONTRAN. NULIDADE DO AUTO DE
INFRAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO
DECISÃO UNÂNIME. (TJ-AL - APL:
00164629620038020001 AL 0016462-96.2003.8.02.0001,
Relator: Juiz Conv. José Cícero Alves da Silva, 3ª Câmara
Cível, Data de Publicação: 02/12/2010).
DIREITO ADMINISTRATIVO. TRÂNSITO.
AÇÃO ANULATÓRIA. CONTROLADOR
ELETRÔNICO DE VELOCIDADE (RADAR).
COMPROVAÇÃO DA VERIFICAÇÃO ANUAL PELO
INMETRO OU ENTIDADE CREDENCIADA.
NECESSIDADE. DECRETAÇÃO DE NULIDADE DO
AUTO DE INFRAÇÃO E PENALIDADES DELE
DECORRENTES. 1. Segundo disposto no art. 3º da
Resolução 396/2011 do CONTRAN, deve ser realizada
manutenção/vistoria nos instrumentos medidores de
velocidade a cada 12 meses, como forma de garantia da
eficiência e veracidade dos dados aferidos. 2. Inexistindo
comprovação da regular manutenção dos instrumentos de
medição de velocidade, incabível a aplicação de
penalidade administrativa, devendo ser declarada a
nulidade do auto de infração e das penalidades dela
decorrente. 3. Recurso conhecido e não provido. Diante do
exposto, decidem os Juízes Integrantes da 1ª Turma
Recursal Juizados Especiais do Estado do Paraná,
CONHECER E NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos
exatos termos do voto. Relator: Liana de Oliveira Lueders,
Data de Julgamento: 29/01/2015, 1ª Turma Recursal,
Data de Publicação: 02/02/2015).
Com tais considerações, requer a nulidade do Auto de Infração objeto desta
defesa, com consequente, invalidade de eventual multa e penalidade no prontuário do
condutor.

2.3 – DA CONVERSÃO DE MULTA DE TRÂNSITO EM


ADVERTÊNCIA
Caso sejam indeferidos os pedidos anteriores que tratam do cancelamento
do auto de infração, requer-se que a autoridade de trânsito, considerando a não
reincidência e o prontuário do infrator, entenda que a advertência por escrito, no caso
em análise, é a medida mais educativa.
A possibilidade de transformar uma infração em advertência foi
regulamentada em virtude dos aspectos educativos das medidas administrativas
aplicadas em decorrência da prática de determinadas infrações de trânsito na condução
de veículos.

3 - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer o cancelamento da penalidade imposta com a


consequente revogaçã o dos pontos do referido prontuá rio, protestando ainda pela
produçã o de provas por todos os meios admitidos em direito e cabíveis à espécie,
em especial a pericial e testemunhal.
Caso sejam indeferidos os pedidos anteriores que tratam do cancelamento
do auto de infração, requer-se que a autoridade de trânsito, considerando a não
reincidência e o prontuário do infrator, entenda que a advertência por escrito, no caso
em análise, é a medida mais educativa.

Termos em que,
Pede deferimento.

Belo Horizonte, 21 de junho de 2022.

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CHARLES CAMPOS AIRES

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