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ILUSTRÍSSIMO DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE TRÂ NSITO DA PREFEITURA MUNICIPAL

DE BELO HORIZONTE

Eu, (nome), brasileiro, RG (n.) PCMG, CPF (n.), CNH (n.) (doc. 1 – CNH), telefone , residente
e domiciliado na Rua (nome) n. 233 – Bairro , CEP , na cidade de – MG, tendo sido autuado
através do presente, em conformidade com os arts. 280, 281 e 285 do Có digo de Trâ nsito
Brasileiro – CTB, Resoluçõ es 299/08 e 404/12 do CONTRAN, da Lei Federal n. 9.784/99, e
CF/88, para interpor a presente DEFESA PRÉ VIA, contra referida autuaçã o, com o objetivo
de exercitar legítimo direito de ampla defesa e do exercício pleno do contraditó rio.

DO VEÍCULO
Marca FORD, modelo KA SE 1.0 HA B, ano 2016, cor BRANCA placa , renavam (n.),
consoante có pia do CRLV (doc. 3).

DA INFRAÇÃ O
Art. 184, inc. III, do CTB. Auto de infraçã o: . Data: 3/2/2018. Hora: 18:21. Local: Avenida
Cristiano Machado, n. 539, sentido Bairro/Centro Faixa 2, no Município de Belo
Horizonte/MG (doc. 2).

DOS FATOS E FUNDAMENTOS LEGAIS


Este Recorrente recebeu NOTIFICAÇÃ O DA AUTUAÇÃ O DE INFRAÇÃ O DE TRÂ NSITO, na
qual teria na data de 3/2/2018, à s 18:21, cometido infraçã o de trâ nsito por supostamente
transitar na faixa ou via exclusiva regulamentar para trâ nsito pú blico coletivo de
passageiro.
Todavia, a Imposiçã o de Penalidade nã o pode prosperar. O Có digo Civil Brasileiro ensina no
art. 166, inciso IV, que é nulo o negó cio jurídico quando nã o revestir a forma prescrita em
lei. Assim, no caso das autuaçõ es de trâ nsito, podemos dizer que se trata de um “negó cio
jurídico” entre o Estado e o cidadã o. Desta maneira, deve ser preenchido todos os
requisitos prescritos em Lei, sob pena de nulidade do ato administrativo.
Assim sendo, ao autuar o cidadã o, o Departamento de Trâ nsito deve preencher
corretamente o auto de infraçã o, conforme prevê o art. 280 do Có digo de Trâ nsito
Brasileiro, in verbis:
Art. 280. Ocorrendo infraçã o prevista na legislaçã o de trâ nsito, lavrar-se-á auto de infraçã o,
do qual constará :
I - tipificaçã o da infraçã o;
II - local, data e hora do cometimento da infraçã o;
III - caracteres da placa de identificaçã o do veículo, sua marca e espécie, e outros elementos
julgados necessá rios à sua identificaçã o;
IV - o prontuá rio do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou
equipamento que comprovar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificaçã o do
cometimento da infraçã o.
Pois bem, um ponto absolutamente importante na artigo supramencionado diz respeito ao
equipamento captador de imagens, que precisa regularmente passar aferiçã o do INMETRO
ou por ó rgã o por ele delegado, para que a autuaçã o possa ser realizada de maneira mais
idô nea possível.
De modo geral, esta aferiçã o deve ser feita anualmente, e, caso isso nã o ocorra, a suposta
penalidade deve ser nula.
Os equipamentos eletrô nicos necessitam estar com a sua calibraçã o regularmente
comprovada, para que emitam detecçã o exata, medindo com precisã o os eventos, de forma
que sirva de prova dentro dos autos. Precisa estar certificado pelo INMETRO informando
sua devida aferiçã o, como preconiza o artigo 2º da Resoluçã o nº 165 c/c o art. 280, § 2º,
bem como deliberaçã o nº 38 do Denatran, senã o vejamos:
Art. 280. Ocorrendo infraçã o prevista na legislaçã o de trâ nsito, lavrar-se-á auto de infraçã o,
do qual constará :
§ 2º A infraçã o deverá ser comprovada por declaraçã o da autoridade ou do agente da
autoridade de trâ nsito, por aparelho eletrô nico ou por equipamento audiovisual, reaçõ es
químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível, previamente
regulamentado pelo CONTRAN.
RESOLUÇÃ O Nº 165 DE 10 DE SETEMBRO DE 2004 - Regulamenta a utilizaçã o de sistemas
automá ticos nã o metroló gicos de fiscalizaçã o, nos termos do § 2º do artigo 280 do Có digo
de Trâ nsito Brasileiro.
Art. 2º. O sistema automá tico nã o metroló gico de fiscalizaçã o deve:
I – ter sua conformidade avaliada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalizaçã o e
Qualidade Industrial – Inmetro, ou entidade por ele acreditada;
Deliberaçã o CONTRAN nº 38 de 11/07/2003 que Dispõ e sobre requisitos técnicos mínimos
para a fiscalizaçã o da velocidade, de avanço de sinal vermelho e da parada sobre a faixa de
pedestres de veículos automotores, reboques e semi-reboques, conforme o Có digo de
Trâ nsito Brasileiro.
[...]
Art. 2º O instrumento ou equipamento medidor de velocidade de veículos deve observar os
seguintes requisitos:
I - ter seu modelo aprovado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalizaçã o e
Qualidade Industrial - INMETRO, atendendo a legislaçã o metroló gica em vigor e aos
requisitos estabelecidos nesta Deliberaçã o;
II - ser aprovado na verificaçã o metroló gica realizada pelo INMETRO ou por entidade por
ele delegada;
III - ser verificado pelo INMETRO ou entidade por ele delegada, obrigatoriamente
com periodicidade máxima de 12 (doze) meses e, eventualmente, conforme
determina a legislação metrológica em vigência.
Importante ressaltar que esses equipamentos estã o sujeitos à falibilidade do citado objeto
eletrô nico (item 8.1.4.7 da Portaria nº 115/98-INMETRO), seja por dano, temperatura,
severidade, interferência eletromagnética, umidade, intempérie ou falha qualquer.
In casu, trata-se de inobservâ ncia de regra técnica sobre aferiçã o de radar que deve ser em
consonâ ncia com o disposto no art. 3º da Resoluçã o 396/2011 do CONTRAN, o qual deve
ser verificado pelo INMETRO ou entidade por ele delegada, obrigatoriamente com
periodicidade má xima de 12 (doze) meses e, eventualmente, conforme determina a
legislaçã o metroló gica em vigência.
Fundamental para elucidaçã o do caso, a data da última aferição do equipamento é de
10/06/2014, conforme consta na có pia da notificaçã o anexo. Por outro lado, a data da
infração é de 03/02/2018. Por fim, nota-se que o radar encontra-se sem a devida
aferição no período de 44 meses, ou seja, quase 4 anos sem aferição.
Neste sentido, vale destacar o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, esposado nas
Sú mulas 346 e 473: "A Administraçã o pú blica pode declarar a nulidade dos seus pró prios
atos" e "A Administraçã o pode anular seus pró prios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles nã o se originam direitos; ou revogá -los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciaçã o judicial".
A data de aferiçã o do radar pelo INMETRO é elemento essencial do auto de infraçã o, sob
pena de nulidade absoluta.
Cita-se jurisprudência para o caso ora analisado:
DIREITO ADMINISTRATIVO. TRÂ NSITO. AÇÃ O ANULATÓ RIA. CONTROLADOR
ELETRÔ NICO DE VELOCIDADE (RADAR). COMPROVAÇÃ O DA VERIFICAÇÃ O ANUAL PELO
INMETRO OU ENTIDADE CREDENCIADA. NECESSIDADE. DECRETAÇÃ O DE NULIDADE DO
AUTO DE INFRAÇÃ O E PENALIDADES DELE DECORRENTES. 1. Segundo disposto no art.
3º da resolução 396/2011 do CONTRAN, deve ser realizada manutenção/vistoria nos
instrumentos medidores de velocidade a cada 12 meses, como forma de garantia da
eficiência e veracidade dos dados aferidos. 2. Inexistindo comprovação da regular
manutenção dos instrumentos de mediçã o de velocidade, incabível a aplicação de
penalidade administrativa, devendo ser declarada a nulidade do auto de infração e
das penalidades dela decorrente. 3. Recurso conhecido e nã o provido. Diante do exposto,
decidem os juízes integrantes da 1ª turma recursal juizados especiais do estado do Paraná ,
conhecer e negar provimento ao recurso, nos exatos termos do voto. Relator: Liana de
Oliveira Lueders, data de julgamento: 29/01/2015, 1â ª turma recursal, data de publicaçã o:
02/02/2015).
Por estes motivos, pautado o agente pú blico na estrita legalidade, deve este Ó rgã o julgador
de trâ nsito, anular a NOTIFICAÇÃ O DA AUTUAÇÃ O DE INFRAÇÃ O DE TRÂ NSITO em
comento, pois eivada de vícios que a torna ilegal, dela nã o se origina direitos.

DOS PEDIDOS
Nobres julgadores, diante de todo o exposto, venho requerer:
1. Que seja recebida a presente Defesa, pois preenche todos os requisitos de sua
admissibilidade, com có pia de documentos citados nos autos;
2. Requer, igualmente, a nulidade da citaçã o direcionada para outro endereço, que nã o o
prefaciado pelo recorrente.
3. Que seja julgado o AUTO INSUBSISTENTE, sendo DEFERIDA a presente Defesa, e por via
de consequência o cancelamento da multa imposta, conforme preceitua o art. 281, inciso I
do CTB;
4. De acordo com o Artigo 37 da Constituiçã o Federal e Lei 9.784/00, a administraçã o
direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uniã o dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios devem obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, motivaçã o e eficiência, sendo que, caso nã o seja acatado o pedido, solicito um
parecer por escrito do responsá vel com decisã o motivada e fundamentada sob pena de
nulidade de todo este processo administrativo;
5. Requer-se, finalmente, o efeito suspensivo propugnado no artigo 285, pará grafo 3º do
CTB (Lei n. 9.503/97), caso o presente recurso nã o seja julgado em 30 dias, e da Lei Federal
n. 9.784/99, que regulamenta o Processo Administrativo, no pará grafo ú nico do art. 61.
Nestes Termos,
Pede e Espera deferimento.
Belo Horizonte, 21 de março de 2018.
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(nome)

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