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de HIS
As vilas operárias que a partir da Lei 315 de 1897, surgem em São Paulo como alternativa de
moradia digna às precárias condições dos cortiços e casas de cômodo existentes no centro da
cidade (PICCINI, 2004, p.32) - originaram-se do que são considerados como os primeiros
modelos urbanos e, sob um mesmo contexto higienistas que tinha como partido as
necessidades da burguesia. Classificados como "pré-urbanistas progressistas" por Françoise
Choay (1979 apud JATOBA, 2017), Simon, Fourier e Owen, tinham como objetivo a partir da
criação de uma cidade do zero, instaurar uma ordem social sobre o caos urbano da cidade
industrial. Um dos exemplos, é o Falanstério de Charles Fourier, onde o ideário e uma vida
social mais "humana" No geral, as propostas já antecipavam alguns fundamentos que mais
tarde, no século XX, estariam presentes na arquitetura moderna, como a 'separação das
funções urbanas, a valorização dos espaços verdes e funcionalismo que Le Corbusier
consagraria nos seus projetos" (ATOBA, 2017). Mais do que tópicas - já que algumas não
saíram do papel, como a cidade ideal de Fourier, as propostas não foram suficientes para
causarem o impacto que se invaginara na sociedade. Os projetos aléns de serrem pontuais,
eram limitados a capacidade de no máximo 2 mil habitantes, o que não atendia totalmente a
demanda da época e nem mesmo a que viria nos anos seguintes com as guerras mundiais.
No entanto, a partir dos anos 70, a revisão do ideário do urbanismo moderno defendido pelos
CIAMs, já com base na avaliação do projetos concebidos sob sua influência, geraram diversas
críticas tanto sobre a forma urbana quanto no seu impacto social, como a criação de "espaços
de ninguém, a monotonia da paisagem, monumentalidade dimensional(projetos fora da escala
do pedestre, quantificação exagerada das necessidades do homem, o descaso com o histórico
dos centros e seu património construído, a dispersão social, forma urbana pouco atrativa e
estética excludente (BRAZE SLVA, 2010)
Quanto a Sua arquitetura, o Falanstério seria um palácio de muitas alas, compreendo "galerias
envidraçadas, pátios internos, jardins, galpões, salas comunais, oficinas, hospedarias, áreas
lúdicas que incluiriam um teatro, e até mesmo uma igreja. Cada ala teria apartamentos de
preços diferentes (20 tipos de preço)" (ibid., p.232), sendo que cada proprietário teria a
limitação de possuir até 3 unidades. O Falanstério seria como uma cidade autossustentável,
baseando sua economia na agricultura e na manufatura, em contraponto ao trabalho
mecanizado e repetitivo nas indústrias, retomando às atividades romantizadas em período
anterior à implantação do sistema capitalista.
“A urgente necessidade de alojar a grande massa de imigrantes, fez com quase edificassem
diferentes tipos de estalagem, cortiços e habitações operarias, quase todas elas de construção
apressada e precária." (Bonduki, 2017)
Ainda que atualmente tenham se constituído linhas de financiamento e programas que apoiam
a produção social da moradia, a produção capitalista de mercado voltada ao mercado da
habitação se renova e sua hegemonia se mantém. Quanto aos programas de produção social
da moradia, estes se sucedem rapidamente, trazendo dúvidas quanto à sustentabilidade deste
eixo da política habitacional.