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Cidade e conflito:

séc. XX- Belo Horizonte


Um século de favela

O que é “Favela”?
Pandolfi, 2003

Poucos termos são ao mesmo tempo tão evidentes e tão


opacos quanto "favela". Sua evidência se dá num duplo
sentido. O primeiro é estar ganhando visibilidade crescente,
atraindo as atenções, ocupando de forma constante espaços
significativos na mídia, constituindo-se em tema recorrente
de debates. O segundo é que basta sua simples menção para
que se produza, de modo automático, um efeito de
reconhecimento e de assentamento.
Visão de “Favelas” no Brasil

Estereótipo midiático do Rio de Janeiro;


Inicialmente vistas como espaços transitórios;
Rio de Janeiro: a cidade dual

Samba e cultura Vida e segurança


Silva, 2005

Essa nova concepção da favela contribuiu para o


aparecimento de uma lógica paradoxal que, dali até
a década de 1980, conduziria os olhares sobre o
território. Em sua pobreza, afinal, havia espaço
para a beleza e o lirismo da cultura popular
brasileira. É a exotização da favela e de seus
moradores.
Paradoxalmente, a cultura da favela reforça a
violência na favela;
Silva, 2005

A favela é caracterizada pela ausência;


O eixo da representação da favela é a noção de
ausência. Ela é sempre definida pelo que não teria:
um lugar sem infra-estrutura urbana - água, luz,
esgoto, coleta de lixo -, sem arruamento, sem ordem,
sem lei, sem moral e globalmente miserável.
Origem nas políticas públicas das favelas, que
focavam na remoção das pessoas do local.
Favela como alternativa urbanística

Década de 1970 altera o modo de se pensar em


políticas para favelas;
Recuperar, urbanizar e regularizar as áreas de
favela;
Participação popular;
CF/88 não avançou muito em formas de apropriação
e uso do espaço urbano - acesso à titulação da
propriedade.
Morro, asfalto, favela

Nascimento do termo comunidade;


Em Belo Horizonte, foi popularizado o termo “vila”;
Morro x asfalto: marca a distância entre as
populações periféricas e a cidade.
Dicotomia Favela x Cidade

As áreas faveladas estão fora da polis, como se isso


fosse possível, seriam a ela externas e estranhas.
Definições modernas de Favela

Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte:


ocupação espontânea e irregular, sem propriedade
legal, sem infra-estrutura, por população de baixa
renda (economicamente carente). Noção de
ausência, irregularidade; aquilo não é o certo, o
desejável.
Aurélio: Favela. S.f.Bras. 1. Conjunto de habitações
populares toscamente construídas (por via de regra
em morros) e desprovidas de recursos higiênicos.
Favela moderna

Entender a favela como parte da cidade;

“a favela não é um problema, nem uma solução. A


favela é uma das mais contundentes expressões
das desigualdades que marcam a vida em
sociedade em nosso país, em especial nas grandes
e médias cidades brasileiras. É nesse plano,
portanto, que as favelas devem ser tratadas, pois
são territórios que colocam em questão o sentido
mesmo da sociedade em que vivemos.”
FAVELAS EM BH:
TENDENCIAS E DESAFIOS

Introdução:
Objetivo do texto:
1º analisar a origem e evolução das favelas em uma cidade
planejada, e o comportamento do poder público sobre o assunto.
2º recuperar o processo de formação das favelas em BH e como
a Prefeitura Municipal enfrentou a questão
3º analisar a evolução do fenômeno e a realidade atual
BREVE HISTÓRICO

Origens e Crescimento das Favelas em Belo


Horizonte
Fundação de Belo Horizonte como centro
político e administrativo de MG.
Planejamento urbano voltado para
funcionários públicos e proprietários de
Ouro Preto.
Falta de previsão de alojamento para
trabalhadores.
Início das invasões em BH a partir de
1895.
Poder público focado na construção da
cidade, ignorando as áreas invadidas.
Evolução das Políticas em Relação
às Favelas em BH

Designação da "área operária" em 1902, sem


infraestrutura.
Primeira remoção de favelas devido à desordem
urbana.
Percepção de periculosidade das favelas.
Algumas favelas escapam das políticas de remoção.
A favela da Barroca e seu processo de remoção.
Trabalhadores se deslocam para a Cidade Industrial
de Contagem.
Mudança de atitude do poder público após o 1º
Seminário Nacional de Habitação e Reforma Urbana.
Evolução das Políticas em Relação
às Favelas em BH

Contradições nas ações públicas entre 1945 e 1964.


Ditadura militar e ação policial nas favelas.
Remoção das favelas pela Coordenação de Habitação
de Interesse Social.
Impacto das enchentes de 1979 a 1982 nas favelas.
Introdução do PRODECOM e SEPLAN para
planejamento participativo e legalização de terras.
PLAMBEL, o planejamento da região metropolitana
de BH.
Até 1980 - predominância de políticas de
Desfavelamento.
Mudança de posicionamento sobre
as políticas de favelas

Final dos anos 70: enchentes (1979 e 1982),


movimentos das favelas, como a União dos
Trabalhadores de Periferia (UTP), e o desabamento de
barracos.
Vítimas desabrigadas são alojadas em escolas públicas,
impossibilitando começo de aulas.
Programa de urbanização de favelas: reconhecimento
do direito de permanência.
PRODECOM: planejamento participativo com
urbanização e legalização da posse de terra.
Tratamento de associações comunitárias como
interlocutores legítimos.
Efeitos da mudança

Como as favelas iriam se tornar públicas e


urbanizáveis, há um aumento de invasões e formações
de novas favelas mais distantes.
Controle maior no centro, deslocação para outros
lugares.
PRODECOM em 3 anos: atuou em onze áreas e
beneficiou 70 mil pessoas.
Desativação do PRODECOM e surgimento do PRÓ-
FAVELA (direito de permanecer) e URBEL em 1986
(lidar com todas as questões relacionadas à favelas, já
atuou em 17 áreas).
Observações

Para fazer a urbanização, tira-se as famílias


dos seus lares para depois retornarem.
Reativação do PRODECOM a partir de verbas
estrangeiras.
Coronelismo urbano: transformação de
associações em máquinas políticas,
dificultando os programas.
Levantamento estatístico sobre as
favelas de BH
6 levantamentos ( 4 cadastramentos específicos e 2 do
Censo Demográfico IBGE).
Nota-se distorções entre dados dos cadastramentos e
censos.
Definição do Censo de favela e relação com infraestrutura.
Aumento constante das favelas e população ao longo dos
anos, exceto em 1980.
Adensamento das favelas - piora na qualidade de vida.
Discrepância entre nível de aumento da população no
geral e das favelas.
Invasão de municípios vizinhos.
Aumento de pessoas em situação de rua.
Quadro geral hoje

150 favelas, 105 com SE-4 (garantia de permanência).


17 titulações das 105.
Melhorias urbanas: melhor acesso à água, luz e esgoto.
Melhorou, mas ainda está longe do ideal.
Apesar das reformas, não foi possível integrá-las a malha
urbana e um dos principais fatores para isso é a
criminalidade (moradores sofrem tanto com criminosos,
quanto com as batidas no morro da polícia).
São necessárias políticas capazes de equacionar o
problema.
Favelas em Belo Horizonte

Surgimento das favelas;


Séc XIX e XX;
Semelhanças com o Rio de Janeiro;
Hierarquização - Favelas programadas;
Planejamento segregador;
Pauperização - novas favelas.

Localização;
Favelas e periferias;

Tendência constante - Integração;


Políticas Públicas;
Políticas Públicas em favelas de
Belo Horizonte

1897 - 1980: Desfavelamento


Cidade “limpa”;
Problema policial;
1995 - Departamento Municipal de Habitação e Bairros
Populares (DBP)
Oferecimento de novas moradias - Consequências;
Entidades comunitárias;
Políticas Públicas pós golpe militar (1964)

Retrocesso;
Repressão/ perseguição aos movimentos favelados e
organizações de moradores.
1965 - Serviços Municipais para o Desfavelamento das
Áreas Urbanas e Suburbanas;
1971 - Coordenação de Habitação de Interesse Social de
Belo Horizonte (CHISBEL);
Indenizações;
Obras públicas programadas;

“DESFAVELAR APENAS PARA URBANIZAR”


Movimentos populares das favelas

União dos Trabalhadores da Periferia (UTP);


Pastoral de Favelas;
Moradia;
Assistência Social;
Pedagógico-Educativo;
Evangelização
Políticas Públicas a partir dos anos 80

A partir do entendimento do fim da lógica de


“Desfavelização”, em grande parte vide as
reinvindicações de movimentos populares urbanos,
foram estruturadas políticas públicas que levavam
o mantimento de famílias como prioridade, e
entendiam, vide a luta popular que a favela era
“Um lugar no mapa”.
Também foi mudado textualmente o entendimento
de que a favelização era um ‘’problema de
policiamento.’’
OBRIGADA

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