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do plantio

à colheita

Rafael Tassinari Resende


Aluízio Borém
Helio Garcia Leite
organizadores

EUCALIPTO

Eucalipto.indb 3 13/06/2022 09:36:39


© Copyright 2022 Oficina de Textos

Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990,


em vigor no Brasil desde 2009.

Conselho Editorial Aluízio Borém; Arthur Pinto Chaves; Cylon Gonçalves da Silva;
Doris C. C. K. Kowaltowski; José Galizia Tundisi; Luis Enrique Sánchez;
Paulo Helene; Rosely Ferreira dos Santos; Teresa Gallotti Florenzano

Capa, projeto gráfico Malu Vallim


Diagramação Victor Azevedo
Preparação de figuras Victor Azevedo
Preparação de textos Natália Pinheiro Soares
Revisão de textos Renata Sangeon
Impressão e acabamento BMF gráfica e editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Eucalipto : do plantio à colheita / Rafael Tassinari


Resende, Aluízio Borém, Helio Garcia Leite,
organizadores. -- São Paulo, SP : Oficina de
Textos, 2022.
Vários autores.

Bibliografia.
ISBN 978-65-86235-61-6

1. Eucalipto - Cultivo - Brasil I. Resende, Rafael


Tassinari. II. Borém, Aluízio. III. Leite, Helio
Garcia.

22-110268 CDD-634.9580981

Índices para catálogo sistemático:


1. Eucalipto : Cultivo : Brasil 634.9580981
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

Todos os direitos reservados à Oficina de Textos


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www.ofitexto.com.br e-mail: atend@ofitexto.com.br

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Sobre OS ORGANIZADORES

Rafael Tassinari Resende


É Professor Efetivo da Universidade Federal de Goiás (UFG) – Escola de Agrono-
mia, Setor de Melhoramento de Plantas. É Engenheiro Florestal pela Universidade
Federal de Viçosa (UFV); Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas pela
Universidade de São Paulo, campus Luiz de Queiroz (Esalq-USP); e Doutor em
Genética e Melhoramento e em Ciência Florestal, ambos pela UFV.

Aluízio Borém de Oliveira


É Professor Titular e melhorista de plantas da Universidade Federal de Viçosa
(UFV), onde fez os cursos de Agronomia e mestrado em Genética e Melhora-
mento. Tem Ph.D. em Genética e Melhoramento pela University of Minnesota,
onde também realizou o pós-doutoramento em Genética Molecular.

Helio Garcia Leite


É Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no Departamento
de Engenharia Florestal, na grande área de Manejo Florestal. Possui graduação
em Engenharia Florestal pela UFV e mestrado e doutorado em Ciências Flores-
tais também pela UFV.

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Sobre OS autores

Abilio Rodrigues Pacheco


Engenheiro Florestal, M.S., D.S. e Pesquisador da Embrapa Florestas. E-mail:
abilio.pacheco@embrapa.br.

Acelino Couto Alfenas


Engenheiro Florestal, Ph.D. e Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
E-mail: aalfenas@ufv.br.

Alex Ferreira de Freitas


Viveirista Florestal há 20 anos, Administrador de Empresas (FDV, 2006), Mestre
em Ciência Florestal (UFV, 2011), Especialista em Gestão da Produção com foco
em unidades de produção de sementes e mudas (UFV, 2015), e Doutorando em
Ciência Florestal pela UFV. E-mail: alex.freitas@ufv.br.

Alexandre de Vicente Ferraz


Engenheiro Florestal, D.S. e Coordenador Executivo do Programa Cooperativo
sobre Silvicultura e Manejo (PTSM) do Instituto de Pesquisas e Estudos Flores-
tais (IPEF). E-mail: alexandre@ipef.br.

Aloisio Xavier
Engenheiro Florestal (1990), Mestre (1992) e Doutor (1996) em Ciência Florestal
pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Atualmente é Professor Titular do
Departamento de Engenharia Florestal da UFV. E-mail: xavier@ufv.br.

Amaury Paulo de Souza


Engenheiro Florestal, M.S., Ph.D. e Professor da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). E-mail: amaury@ufv.br.

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Ana Paula Leite de Lima
Engenheira Florestal, M.S., D.S. e Professora da Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul (UFMS), campus Chapadão do Sul. E-mail: paula.leite@ufms.br.

Caio Henrique Januário Calassa


Engenheiro Florestal. E-mail: caioh.calassa@gmail.com.

Carlos Cardoso Machado


Engenheiro Florestal, M.S., D.S. e Professor da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). E-mail: machado@ufv.br.

Crismeire Isbaex
Engenheira Florestal e Doutora em Ciência Florestal pela Universidade Federal
de Viçosa (UFV). E-mail: engisbaex@gmail.com.

Cristiane Aparecida Fioravante Reis


Engenheira Florestal, M.S., D.S. e Pesquisadora da Embrapa Florestas. E-mail:
cristiane.reis@embrapa.br.

Daniela Higgin Amaral


Engenheira Florestal e Mestre em Ciência Florestal pela Universidade Federal de
Viçosa (UFV). E-mail: danihiggin@gmail.com.

Daniele Aparecida Alvarenga Arriel


Engenheira Florestal, D.S. e Professora da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU), campus Monte Carmelo. E-mail: daniarriel@ufu.br.

Edson Marcio Mattiello


Engenheiro-Agrônomo, M.S., D.S. e Professor do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: mattiello@ufv.br.

Emanuel Renato Sousa de Oliveira


Agrônomo, M.S., D.S. e Consultor Técnico da Tecnologia Fogos Florestais (TFF)
(Portugal). E-mail: emanuel.r.s.oliveira@outlook.pt.

Evandro Vagner Tambarussi


Engenheiro Florestal, M.S., D.S. e Professor da Universidade Estadual do Centro-
-Oeste, campus Irati. E-mail: tambarussi@gmail.com.

Fernanda Bortolanza Pereira


Engenheira Florestal, M.S. e Doutoranda da Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (Unesp). E-mail: fbp.engflorestal@gmail.com.

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Fillipe Tamiozzo Pereira Torres
Geógrafo, M.S., D.S. em Ciência Florestal e Professor da Universidade Federal de
Viçosa (UFV). E-mail: tamiozzo@ufv.br.

Francine Neves Calil


Engenheira Florestal, M.S., D.S. e Professora da Universidade Federal de Goiás
(UFG). E-mail: fncalil@gmail.com.

Gabriel Browne de Deus Ribeiro


Economista e Doutorando em Ciência Florestal pela Universidade Federal de
Viçosa (UFV). E-mail: gabrielbrowne@gmail.com.

Geraldo Gonçalves dos Reis


Engenheiro Florestal, M.S., Ph.D. e Professor da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). E-mail: greis@ufv.br.

Helio Garcia Leite


Engenheiro Florestal, M.S., D.S. e Professor da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). E-mail: hgleite@ufv.br.

Isabela Dias Reboleto


Engenheira Florestal e M.S. em Ciências Florestais. E-mail: isabela.reboleto@
gmail.com.

Isadora Fausto Queiroz Cabral


Engenheira Florestal e Pesquisadora da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
E-mail: isadorafqcabral@gmail.com.

Jorge Luís Sousa Ferreira


Engenheiro-Agrônomo, M.S. e Doutorando da Universidade Federal de Goiás
(UFG). E-mail: jorgeluisferreira89@hotmail.com.

José de Castro Silva


Engenheiro Florestal, Advogado, M.S., D.S. e Professor da Universidade Federal
de Viçosa (UFV). E-mail: jcastro@ufv.br.

José Leonardo de Moraes Gonçalves


Engenheiro-Agrônomo, D.S. e Professor da Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: jlmgonca@usp.br.

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Leonardus Vergutz
Engenheiro-Agrônomo, M.S., D.S. e Professor do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: leonardus.vergutz@ufv.br.

Luciano José Minette


Engenheiro Florestal, M.S., D.S. e Professor da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). E-mail: minette@ufv.br.

Marco Antonio Monte


Engenheiro Florestal, M.S., D.S. e Professor da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro (UFRRJ). E-mail: marcomonte.ufrrj@gmail.com.

Marcos Deon Vilela de Resende


Estatístico e Engenheiro-Agrônomo, M.S., D.S., Pesquisador da Embrapa Flores-
tas e Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: marcos.deon@
gmail.com.

Maria das Graças Ferreira Reis


Engenheira Florestal, M.S., Ph.D. e Professora da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). E-mail: mgfreis@ufv.br.

Nairam Felix de Barros


Engenheiro-Agrônomo, M.S., Ph.D. e Professor do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: nfbarros@ufv.br.

Natália Risso Fonseca


Engenheira Florestal, D.S. e Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), campus São João Evangelista. E-mail: nata lia.
fonseca@ifmg.edu.br.

Norivaldo dos Anjos


Engenheiro Florestal, M.S., D.S. e Professor da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). E-mail: nanjos@ufv.br.

Paula Gabriella Surdi


Engenheira Florestal, M.S., D.S. e Pesquisadora da Universidade Federal de
Viçosa (UFV). E-mail: paulasurdi@gmail.com.

Rafael da Silva Teixeira


Engenheiro-Agrônomo, M.S., D.S. e Pesquisador do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: teixeiramarky@yahoo.com.br.

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Rafael Ferreira Alfenas
Engenheiro Florestal, D.S. e Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
E-mail: rafael.alfenas@ufv.br.

Rafael Tassinari Resende


Engenheiro Florestal, M.S., D.S., Pós-Doutorando na Embrapa Cenargen e
Professor da Universidade Federal de Goiás. E-mail: rafael.tassinari@ufg.br.

Samuel Vasconcelos Valadares


Engenheiro-Agrônomo, M.S., D.S. e Professor do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: samuel.valadares@ufv.br.

Sebastião Renato Valverde


Professor Doutor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade
Federal de Viçosa (UFV). E-mail: valverde@ufv.br.

Teotônio Francisco de Assis


Engenheiro Florestal, M.S. e Pesquisador da Assistech Ltda. E-mail: assisteo@
terra.com.br.

Vinícius Resende de Castro


Engenheiro Florestal, M.S., D.S. e Professor da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). E-mail: vinicius.castro@ufv.br.

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Prefácio

A obra Eucalipto: do plantio à colheita foi elaborada para atender às necessidades


dos cursos de Engenharia Florestal e Agronomia e dos produtores e técnicos que
dão assistência à produção dessa espécie. Foi escrita por especialistas em cada
um dos seus capítulos, de forma a trazer as mais recentes tecnologias e inova-
ções na produção do eucalipto. É, portanto, uma rica fonte de informações úteis
a todos os interessados na produção dessa lenhosa.

Rafael Tassinari Resende


Aluízio Borém
Helio Garcia Leite

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Apresentação

Escrever a apresentação do livro Eucalipto: do plantio à colheita foi uma grande


alegria, pois me permitiu repassar vários pontos importantes para a formação
de florestas plantadas de Eucalyptus.
Não é novidade, no contexto mundial, que o Brasil possui a maior produti-
vidade de florestas plantadas dessa espécie. Tal superioridade produtiva muitas
vezes é creditada a fatores ambientais do País, como clima e solo. Contudo, esses
fatores de nada serviriam se não fossem a alta formação técnica e o potencial
inovador dos profissionais que atuam na área florestal brasileira, sejam enge-
nheiros florestais, engenheiros-agrônomos ou biólogos, entre outros. Nesse
sentido, este livro traz consigo as principais novidades técnicas nas áreas de
escolha de materiais genéticos para plantio, produção de mudas, preparo de
solos, fertilização, controle de pragas e doenças, colheita florestal, e uso econô-
mico e técnico da madeira formada.
Os autores, todos renomados em suas respectivas áreas de trabalho, conse-
guem repassar o seu conhecimento técnico de forma simples, facilitando a
leitura e, consequentemente, o aprendizado. O público-alvo do livro, em geral
estudantes de graduação e pós-graduação em formação na área florestal, poderá
absorver todo esse conhecimento e, a partir dele, avançar mais rapidamente
nesse maravilhoso mundo das florestas plantadas de Eucalyptus.
É importante salientar que o conhecimento adquirido terá potencial de
uso não somente no Brasil, mas também em outros países que têm “bebido”
do conhecimento florestal brasileiro, tais como Colômbia, Estados Unidos, Para-
guai, Chile, Uruguai, África do Sul, Moçambique e Indonésia, entre outros. O
profissional formado com os fundamentos deste livro torna-se, portanto, um
cidadão do mundo no setor florestal e estará preparado para trabalhar e superar
desafios em várias regiões do globo.
Aproveitem a leitura e se coloquem profissionalmente!

Glêison Augusto dos Santos


Engenheiro Florestal
Universidade Federal de Viçosa (UFV)

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Sumário
1 Cultura e aspectos socioeconômicos do eucalipto..............................19
1.1 A importância do eucalipto no Brasil.....................................................................21
1.2 Cultivo de eucalipto no Brasil............................................................................... 22
1.3 Principais segmentos industriais e o uso do eucalipto........................................ 23
1.4 Mercado interno e externo................................................................................... 28
1.5 Aspectos sociais e econômicos............................................................................ 29
1.6 Perspectivas econômicas do setor florestal........................................................ 33
Referências bibliográficas.................................................................................... 33
2 Madeira de eucalipto e seus múltiplos usos..........................................37
2.1 O conceito de uso múltiplo................................................................................... 38
2.2 Importância do eucalipto no setor industrial....................................................... 39
2.3 Principais usos do eucalipto no Brasil...................................................................41
2.4 Madeira preservada.............................................................................................. 49
2.5 Apicultura............................................................................................................. 53
2.6 Óleos essenciais.................................................................................................... 55
2.7 Considerações finais............................................................................................. 56
Referências bibliográficas.................................................................................... 57
3 Recomendação de espécies e híbridos..................................................... 59
3.1 Recomendação de espécies e híbridos baseada na qualidade da madeira.......... 60
3.2 Recomendação de genótipos: clonais ou seminais?................................................ 74
Referências bibliográficas.................................................................................... 75
4 Escolha do genótipo................................................................................... 80
4.1 Recomendação de genótipos por região, respeitando a interação
com o ambiente.....................................................................................................81
4.2 Formas práticas de seleção clonal........................................................................ 86
4.3 Condução de cruzamentos: testes de progênies.................................................. 89
4.4 Critérios para troca ou manutenção do genótipo..................................................91
4.5 Registro e proteção de cultivares......................................................................... 93
Referências bibliográficas.................................................................................... 95
5 Produção de mudas: planejamento do viveiro e gestão
das operações...............................................................................................97
5.1 Tecnologias de propagação do Eucalyptus ........................................................... 99
5.2 Planejamento e dimensionamento do viveiro florestal...................................... 101

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5.3 Exigências legais.................................................................................................. 118
Referências bibliográficas................................................................................... 119
6 Manejo de nutrientes................................................................................120
6.1 Critérios para definição de doses de corretivos, condicionadores de solo
e fertilizantes......................................................................................................120
6.2 Monitoramento nutricional das plantas............................................................. 127
Referências bibliográficas...................................................................................128
7 Preparo de solo e plantio........................................................................ 130
7.1 Manejo de resíduos florestais.............................................................................133
7.2 Biomassa e nutrientes nos resíduos florestais...................................................133
7.3 Decomposição e liberação de nutrientes.............................................................135
7.4 Efeitos nos atributos do solo..............................................................................138
7.5 Efeitos na produtividade de madeira................................................................. 140
7.6 Métodos operacionais de manejo dos resíduos florestais..................................142
7.7 Preparo de solo em áreas planas e onduladas.....................................................143
7.8 Preparo de solo em áreas onduladas e montanhosas........................................ 148
7.9 Plantio.................................................................................................................. 151
Referências bibliográficas...................................................................................156
8 Manejo de pragas....................................................................................... 158
8.1 Formigas-cortadeiras..........................................................................................159
8.2 Cupins-das-raízes................................................................................................165
8.3 Besouros-desfolhadores.....................................................................................168
8.4 Besouros-broqueadores...................................................................................... 181
Referências bibliográficas.................................................................................. 184
9 Manejo de doenças..................................................................................... 187
9.1 Manejo integrado de doenças............................................................................. 188
9.2 Principais doenças da eucaliptocultura no Brasil................................................190
Referências bibliográficas.................................................................................. 207
10 Desrama artificial................................................................................... 209
10.1 A origem e a distribuição dos galhos em árvores................................................210
10.2 Desrama natural.................................................................................................. 211
10.3 Desrama artificial................................................................................................212
10.4 Operação de desrama......................................................................................... 224
10.5 Defeitos frequentes observados na realização da desrama artificial............... 227
10.6 Cicatrização dos ferimentos de desrama........................................................... 229
10.7 Resumo dos procedimentos para a realização de desrama................................231
10.8 Desbaste de povoamentos desramados............................................................ 234
10.9 Considerações finais........................................................................................... 239
Referências bibliográficas..................................................................................240
11 Integração lavoura-pecuária-eucalipto........................................... 242
11.1 Conceitos e definições........................................................................................ 242
11.2 Vantagens e desafios......................................................................................... 243
11.3 Por que utilizar o gênero Eucalyptus?................................................................. 245

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11.4 O papel das árvores nos sistemas integrados de produção............................... 245
11.5 Tratos culturais................................................................................................... 246
11.6 Estudos de caso..................................................................................................248
Referências bibliográficas.................................................................................. 252
12 Prevenção e manejo de fogo....................................................................253
12.1 O fogo e o eucalipto............................................................................................ 254
12.2 Estratégias.......................................................................................................... 257
Referências bibliográficas.................................................................................. 269
13 Colheita e transporte florestal.......................................................... 271
13.1 Planejamento..................................................................................................... 272
13.2 Planificação........................................................................................................ 273
13.3 Operações da colheita......................................................................................... 273
Referências bibliográficas.................................................................................. 285

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Cultura e aspectos socioeconômicos
1
do eucalipto
Sebastião Renato Valverde, Crismeire Isbaex, Daniela Higgin Amaral,
Gabriel Browne de Deus Ribeiro

Nativo da Oceania, o gênero Eucalyptus foi introduzido no Brasil no início do


século XX por Navarro de Andrade. O primeiro plantio do gênero naquele
período foi destinado a fins comerciais, visando sobretudo o fornecimento de
madeira para a Companhia de Estrada de Ferro, em Jundiaí, no Estado de São
Paulo (Venturini et al., 2014). Inicialmente, a cultura do eucalipto no Brasil foi
impulsionada com a utilização da madeira como insumo energético, por meio
da produção de carvão vegetal e do uso da lenha. Conforme dados históricos do
Balanço Energético Nacional (EPE, 2021) até a década de 1970, a lenha partici-
pava com mais de 60% do total de energia primária no País, sendo direcionada
principalmente para o segmento de produção de carvão vegetal (setor de trans-
formação) e para aquecimento e cozimento (uso residencial). A partir da década
de 1970, com o maior incentivo ao uso de petróleo e seus derivados, em especial
nos setores industriais e de transporte, a madeira deixou de ser a principal fonte
de energia primária do Brasil, sendo substituída gradativamente pelos combus-
tíveis fósseis e pela hidroeletricidade (EPE, 2021).
A utilização do eucalipto para a produção de celulose e papel iniciou-se em
1927, após pesquisas realizadas por Navarro de Andrade no Forest Products Labo-
ratory (FPL), em Madison, Estados Unidos, com madeiras de Eucalyptus saligna e
Eucalyptus tereticornis em produções experimentais de celulose e papel (Foekel,
2005). Além dessas pesquisas, outros países, como a Austrália, destacaram-se
pela produção de papéis com eucalipto no início do século XX, o que chamou a
atenção do setor industrial brasileiro. Assim, a partir principalmente da década
de 1930, a empresa Gordinho Braune & Cia., localizada em Jundiaí (SP), come-
çou a utilizar o eucalipto na produção de celulose, com produção diária de 10
toneladas de celulose. Não tardou para que empresas como Matarazzo, Cícero
Prado, Melhoramentos e Suzano introduzissem o eucalipto em sua produção,

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Madeira de eucalipto e
2
seus múltiplos usos
José de Castro Silva, Vinícius Resende de Castro, Paula Gabriella Surdi

A despeito da existência de muitos sucedâneos, como o aço, alumínio, concreto


e plástico, a madeira possui propriedades e características especiais; além da
sua beleza, também é agradável ao tato, possui grande resistência mecânica
em relação ao peso, facilidade de uso, baixa condutibilidade térmica e baixa
demanda de energia para sua conversão em produtos acabados. Os materiais
sucedâneos mencionados, pelo contrário, são comprovadamente restritivos sob
os pontos de vista ambiental e estratégico (Lepage, 1986).
É bem fácil imaginar como a madeira se torna a principal matéria-prima
para uma diversidade de produtos e subprodutos. Por ser naturalmente versátil
e de material renovável, torna-se possível o seu aproveitamento para os mais
variados fins. A qualidade da madeira engloba o somatório de todas as caracte-
rísticas e propriedades que afetam o seu rendimento em produtos finais e a sua
adequação para as aplicações pretendidas (Castro et al., 2017).
Cada utilização da madeira requer exigências próprias de qualidade; conse-
quentemente, não existe melhor ou maior qualidade, num sentido amplo, e não
existem parâmetros universais para medi-la (Silva, 2002). Caberá ao fazendeiro
florestal fazer a adequação da madeira às condições de uso, avaliar as melhores
oportunidades e identificar as vantagens de mercado, para que o empreendi-
mento florestal seja economicamente sustentável. Não basta plantar e produzir
madeira: é preciso produzi-la com qualidade, adaptando-a às necessidades do
mercado consumidor (Barros; Novais, 1997).
Em síntese, a qualidade da madeira relaciona-se à sua capacidade de preen-
cher os requisitos necessários para a fabricação de um produto, ou, ainda, à
combinação das propriedades físicas, químicas e anatômicas de uma árvore, ou
de suas partes, que permita a melhor utilização da madeira para um determinado
uso. Usar a madeira corretamente significa reconhecer nela as características
requeridas pelo produto (Castro et al., 2017).

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Recomendação de espécies e híbridos
3
Teotônio Francisco de Assis, Cristiane Aparecida Fioravante Reis

Nos últimos anos, a maior aproximação entre as áreas florestal, industrial e


comercial possibilitou uma visão mais integrada dos negócios, através da trilo-
gia floresta × processo industrial × qualidade do produto, um dos pilares para
a aquisição de diferenciais de competitividade nos mercados de base florestal.
Assim, descortinaram-se novas perspectivas para o desenvolvimento de tecnolo-
gias capazes de promover impactos positivos na cadeia produtiva florestal. Além
disso, a maior percepção da magnitude dos ganhos econômicos que a agregação
de valor à matéria-prima pode proporcionar para a indústria tem valorizado de
forma significativa os programas de melhoramento genético, sobretudo por sua
capacidade de promover alterações quantitativas e qualitativas na matéria-prima
para os diferentes segmentos produtivos (Rezende; Resende; Assis, 2014).
O aumento da produtividade florestal e a melhoria das propriedades tecno-
lógicas da madeira para os distintos usos têm sido as principais demandas
dos programas de melhoramento de Eucalyptus e de Corymbia no Brasil (Assis,
2001a, 2001b; Assis; Abad; Aguiar, 2015). Esses programas têm contribuído com
a redução de custos operacionais, a melhoria do desempenho da matéria-prima
no processo industrial e a geração de produtos de melhor qualidade (Rezende;
Resende; Assis, 2014; Vidaurre et al., 2020).
Nesse sentido, a contribuição do melhoramento genético está diretamente
relacionada à sua capacidade de gerar árvores superiores, que efetivamente
promovam ganhos em termos quantitativos e qualitativos da madeira (Assis,
2014). O maior desafio dos melhoristas florestais é utilizar estratégias eficientes
para obter materiais genéticos clonais com crescentes níveis de superioridade,
ou seja, com maior concentração de alelos favoráveis para as características de
importância (Fonseca et al., 2010; Resende; Barbosa, 2005).
Além da produtividade de madeira, adaptação, forma do fuste e tolerân-
cia a fatores bióticos e abióticos, outras características da madeira das espécies

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74 Eucalipto: do plantio à colheita

tratamento preservativo. As espécies E. grandis e E. urophylla podem não ser inte-


ressantes como espécies puras quanto a esse aspecto; todavia, os híbridos entre
essas espécies e outras de alta relação cerne/alburno, como E. camaldu lensis,
E. brassiana e E. tereticornis, podem ser adequadas. Como a relação cerne/alburno
aumenta com a idade, eventualmente o uso de madeiras mais velhas pode
ser benéfico.
A espécie E. cloeziana apresenta relação cerne/alburno muito alta, além de
boa durabilidade natural, sendo uma espécie que atende bem a esse segmento
de mercado. Embora haja poucos clones disponíveis dessa espécie no mercado,
suas sementes geneticamente melhoradas têm dado origem a plantios bastante
homogêneos e produtivos, sendo muitos utilizadas em Minas Gerais para
madeira tratada.
As peças de madeira muito fendilhadas e com rachaduras de topo
proe minentes também consomem maior quantidade de preservativos. Dessa
forma, na escolha de espécies e clones para tratamento de madeira, deve-se
dar preferência àquelas com menores porcentagens de rachadura e fendilha-
mento. No mercado existem alguns clones híbridos de E. urophylla disponíveis
com boas características para moirões de cerca, sendo muito procurados pelos
produto res rurais.
As espécies e híbridos interespecíficos de Corymbia, embora tenham menor
relação cerne/alburno, apresentam alta durabilidade natural e baixos índices de
rachadura e fendilhamento. Hoje em dia há poucos clones disponíveis (Mapa,
2022), mas seus usos têm aumentado muito nos últimos anos. Além disso, é
esperado que exista maior quantidade de clones disponíveis em médio prazo
– várias empresas e alguns produtores estão desenvolvendo programas de
produção de híbridos interespecíficos de Corymbia, o que também vai ser funda-
mental para abastecer o mercado de tratamento de madeira.

3.2 Recomendação de genótipos: clonais ou seminais?


Na recomendação de materiais para plantio, há a possibilidade de execução de
plantios clonais ou seminais. Nos últimos anos, o desenvolvimento florestal
experimentado pelo Brasil mostra que os plantios clonais apresentam muitas
vantagens em relação ao outro tipo (Assis, 2014; Assis; Abad; Aguiar, 2015).
Do ponto de vista dos processos industriais, nos seus distintos segmen tos,
a clonagem apresenta contribuições potencialmente importantes, como a
produção de matéria-prima mais uniforme, com benefícios significativos tanto
na redução dos custos do processo industrial quanto na qualidade dos produtos
(Alfenas et al., 2009).
Embora possa ser uma fragilidade do ponto de vista biológico, os clones
podem ser o caminho mais adequado para solucionar problemas de incidência

Eucalipto.indb 74 13/06/2022 09:36:42


4 Escolha do genótipo

Evandro Vagner Tambarussi, Fernanda Bortolanza Pereira, Rafael Tassinari Resende,


Marcos Deon Vilela de Resende

Como já detalhado no primeiro capítulo, em 2018, a produtividade média brasi-


leira para plantios de eucaliptos aos sete anos de idade foi de 36,0 m³ ha–1 ano –1,
mantendo o país na liderança mundial em termos de produtividade de flores-
tas de eucalipto (IBÁ, 2019). Os elevados valores de produtividade observados
no setor florestal resultam das ações técnicas, tecnológicas e operacionais apli-
cadas aos plantios e podem ser atribuídos tanto às condições edafoclimáticas
propícias que as espécies encontraram em território nacional quanto ao inves-
timento e desenvolvimento em técnicas silviculturais e melhoramento genético
que as empresas do setor realizaram ao longo dos anos.
A produtividade florestal pode ser classificada de três formas: potencial
absoluta, potencial realizável e real. A produtividade potencial absoluta refere-
‑se a quanto o determinado material escolhido poderia atingir, considerando
seu cultivo em condições ideais de fertilidade de solo, clima, ausência de
pragas e doenças bióticas e abióticas; é, portanto, um valor teórico. A produti-
vidade potencial realizável, por sua vez, está ligada aos fatores técnicos, entre
os quais o genótipo e o manejo, que atuam de modo a atingir o ponto mais
próximo possível do máximo teórico de produtividade (potencial absoluta). Por
fim, a produtividade real é aquela determinada pela ação dos fatores de redu-
ção, tais como ocorrência de geadas, granizo, fogo, seca, pragas e doenças, de
forma que a produtividade real será tão maior quanto melhor for a estratégia
de mitigação dos efeitos desses fatores negativos sobre o plantio (Ford; Fraser,
1968). Após a seleção das espécies e/ou híbridos para obtenção de determi-
nados produtos florestais, como visto no capítulo anterior, o melhoramento
genético dos eucaliptos atua buscando desenvolver materiais genéticos supe-
riores em termos de crescimento e qualidade de madeira, que sejam tolerantes
à ação dos agentes bióticos e abióticos, maximizando, assim, a produtividade
real (Castro et al., 2016).

Eucalipto.indb 80 13/06/2022 09:36:42


4 Escolha do genótipo 91

A partir do teste de progênie é possível realizar, então, a seleção dos clones


a serem utilizados como árvores parentais (matrizes de sementes) para a
propriedade, seleção essa que se dá com base no desempenho de sua progênie
(progênie clonal). É um método muito preciso, por permitir a estimação direta
dos valores de cruzamento para usar no processo de seleção. Do mesmo modo
que na seleção fenotípica dos clones, para a seleção das melhores progênies
e matrizes, pode-se utilizar o software Selegen REML/BLUP (Resende, 2016) na
avaliação dos dados coletados em campo, elevando a acurácia seletiva. Em
geral, essa não é a forma inicial de seleção em programas de melhoramento,
pois aumenta consideravelmente o intervalo de geração e resulta numa perda
crítica no tempo, contrapondo, portanto, o objetivo central do melhoramento
florestal, que é alcançar o máximo ganho por unidade de tempo; todavia, pode
ser o método mais adequado dentro da propriedade, além de que o teste de
progênies não é uma área perdida, dado que a madeira poderá ser colhida e
utilizada ou comercializada, conforme a necessidade do produtor.
Ademais, visando ampliar a variabilidade genética nos plantios e, por
consequência, obter uma maior segurança em relação à ocorrência de pragas
e doenças, o produtor pode lançar mão das seguintes estratégias (Fig. 4.6):
(i)  adotar plantios do tipo single-tree plot, isto é, parcelas de planta única, para
formar um  talhão com mix de genótipos e/ou clones; ou (ii) fazer plantios de
monoprogênies clonais selecionadas, em mosaico. É necessário frisar que as
monoprogênies clonais são plantios seminais e, portanto, não apresentam
produtividade igual àquela observada para os clones que as originaram, dada a
ocorrência de segregação na reprodução sexuada.

A B

Fig. 4.6 Estratégias para ampliação da variabilidade genética nos plantios na propriedade rural:
(A) mix de genótipos (cada cor corresponde a um clone ou progênie materna) e (B) talhões com
monoprogênies (cada cor corresponde a uma progênie clonal materna)

4.4 Critérios para troca ou manutenção do genótipo


No Brasil, os plantios de eucaliptos são realizados predominantemente com
mudas clonais dos indivíduos de interesse, de forma que são implantadas
inúmeras árvores com constituição genética idêntica em extensas áreas. Assim,
a variação da produtividade individual de cada árvore é proporcional apenas às

Eucalipto.indb 91 13/06/2022 09:36:43


Produção de mudas: planejamento do
5
viveiro e gestão das operações
Alex Ferreira de Freitas, Aloisio Xavier

Os empreendimentos voltados à produção de mudas florestais, os viveiros,


podem ser considerados um dos alicerces da economia florestal do Brasil e do
mundo, uma vez que seu produto final (a muda) é o principal insumo de toda a
cadeia produtiva. Entre as espécies mais plantadas no Brasil, segundo a Indús-
tria Brasileira de Árvores (IBÁ, 2021), destaca-se o Eucalyptus, com 7,47 milhões
de hectares plantados, o que corresponde a 78% da área de espécies arbóreas,
apesar de esse montante representar apenas 2,3% das terras cultivadas pelo
agronegócio brasileiro.
Os viveiros contribuíram de forma direta para que o País tenha hoje quase
10 bilhões de árvores sendo cultivadas, com foco na produção de produtos
madeireiros e não madeireiros, promovendo renda, empregos e melhoria da
qualidade de vida em perímetros urbanos e rurais. Desse total, as espécies do
gênero Eucalyptus e seus híbridos possuem em torno de 8,2 bilhões de árvores,
advindas da produção de mudas via propagação clonal (clones) ou via seminí-
fera (sementes).
Na maioria dos projetos florestais implantados no Brasil, tem-se utilizado
a muda clonal. Entretanto, para algumas espécies, como Eucalyptus cloeziana e
Eucalyptus benthamii, apesar de existirem alguns genótipos (clones) selecionados,
ainda prevalecem os plantios seminais. Outras espécies do gênero Corymbia, como
Corymbia citriodora (eucalipto-limão) e Corymbia torelliana (eucalipto-do-mel) e seus
híbridos (por exemplo, o toreliodora), anteriormente classificadas como Eucalyptus,
enquadram-se no mesmo caso, apesar de já existirem cultivares protegidas e
plantios em escala semioperacional em algumas empresas do Brasil.
Os cultivos seminais de espécies mais comuns do gênero, como Eucalyptus
grandis (eucalipto-branco), Eucalyptus urophylla (eucalipto-amarelo) e Eucalyptus
saligna (eucalipto-vermelho) e seus híbridos (por exemplo, urograndis), prevale-
cem em regiões distantes dos viveiros clonais, onde a logística onera o custo

Eucalipto.indb 97 13/06/2022 09:36:43


6
Manejo de nutrientes

Samuel Vasconcelos Valadares, Nairam Felix de Barros, Rafael da Silva Teixeira,


Edson Marcio Mattiello, Leonardus Vergutz

Os solos tropicais são, em sua maioria, naturalmente pobres em nutrientes.


Portanto, a produção sustentável de espécies anuais e perenes nesses ambientes
é estritamente dependente da adição e manejo de corretivos de solo, fertilizan-
tes minerais e outras fontes de nutrientes.
Houve grande evolução do conhecimento sobre nutrição mineral e ferti-
lização de florestas plantadas nas últimas décadas. Não é objetivo e não seria
possível esgotar o assunto neste capítulo. Apresentamos aqui uma breve intro-
dução aos conceitos, métodos e práticas atualmente utilizadas no manejo de
nutrientes em florestas de eucalipto no Brasil.

6.1 Critérios para definição de doses de corretivos,


condicionadores de solo e fertilizantes
O primeiro passo para iniciar um bom programa de manejo de nutrientes é a
amostragem do solo. Embora essa já seja uma prática bem consolidada e rotinei-
ramente utilizada no setor florestal, são frequentes os erros de amostragem. Esses
erros devem ser evitados, uma vez que podem comprometer todo o programa de
adubação. Aos interessados em revisar o assunto, recomendamos a leitura das
publicações de Cantarutti, Alvarez e Ribeiro (1999) e Cantarutti et al. (2007).
A definição das doses a serem aplicadas de corretivos, fertilizantes e outras
fontes de nutrientes, para aplicação em povoamentos de eucalipto, pode ser
realizada com base em tabelas disponíveis em manuais de recomendação de
corretivos e fertilizantes. Esses manuais são de fácil acesso e utilização. No
entanto, essas tabelas nem sempre permitem considerar, no cálculo da aduba-
ção, fatores importantes que alteram o requerimento nutricional das culturas e
o suprimento de nutrientes pelo solo (Barros; Novais; Neves, 2004). Uma outra
maneira de orientar a fertilização de povoamentos florestais é o uso de mode-
lagem. Por meio dessa abordagem, é possível integrar um maior número de

Eucalipto.indb 120 13/06/2022 09:36:53


7
Preparo de solo e plantio

José Leonardo de Moraes Gonçalves, Alexandre de Vicente Ferraz

Os primeiros florestamentos realizados nas décadas de 1960 e 1970 aplicaram


métodos convencionais de preparo de solo, seguindo padrões tipicamente agro-
nômicos. A biomassa vegetal residual era enleirada e queimada. O preparo
primário do solo era realizado com arado de disco ou aiveca e grade leve, e, em
solos leves (textura arenosa ou média), usava-se a grade pesada. Adotava-se
uma recomendação única para extensas plantações florestais, independente-
mente do tipo de clima, de solo e do material genético.
A proibição da queima da biomassa vegetal residual, a necessidade de dimi-
nuir a velocidade de degradação dos solos, a preocupação com a preservação
dos recursos naturais e o uso de herbicidas foram fatores que predispuseram e
agilizaram a adoção do cultivo mínimo do solo. O controle de plantas infestan-
tes com herbicida foi crucial, porque nesse sistema não há inversão da camada
superior do solo (como no sistema convencional), ficando o banco de sementes
das plantas daninhas nas camadas superficiais (solo não soterrado). Isso causa
aumento da infestação dessas plantas, dificultando ou inviabilizando, operacio-
nal e economicamente, o controle manual.
O cultivo mínimo ou reduzido do solo consiste em revolvê-lo o mínimo
necessário, mantendo a biomassa vegetal residual (inclusive da própria cultura e
de plantas invasoras) sobre o solo como cobertura morta. Para plantações flores-
tais, prevê-se a realização de um preparo localizado apenas na linha ou na cova
de plantio. Devido ao amplo espaçamento de plantio, geralmente entre 3,0 m e
3,5 m entre linhas, o volume de solo revolvido é bem menor do que aquele reali-
zado para culturas anuais. Trata-se de um sistema conservacionista do solo,
pois mais de 70% de sua superfície fica coberta com biomassa vegetal residual,
oferecendo alta resistência a perdas de solo e água por processo erosivo. Quando
o plantio florestal é feito em áreas em que o preparo de solo se restringe às covas
de plantio, denomina-se plantio direto. O ciclo longo de cultivo das plantações

Eucalipto.indb 130 13/06/2022 09:36:54


138 Eucalipto: do plantio à colheita

140 N A alta velocidade de decomposição


P
120 K nos primeiros meses após a colheita é
Massa remanecente (%)

Ca
100 Mg suportada por grande aumento na ativi-
S
80 Massa dade microbiana, o que pode resultar
60 em imobilização temporária de alguns
40 nutrientes. Rocha (2014) observou imobi-
20 lização de N e S nos primeiros 60 DAC.
0 Aos 300 DAC, foi observada liberação de
0 50 100 150 200 250 300
aproximadamente 50% do N, P, Ca, Mg
Tempo (dias)
e S, e 80% do K presentes nos resíduos
Fig. 7.4 Velocidade de liberação dos nutrientes florestais (folhas, galhos, cascas e sera-
contidos nos resíduos da colheita (folhas, galhos, pilheira) mantidos sobre o solo (Fig.  7.4).
cascas e serapilheira) de um povoamento de E.
O K apresentou liberação mais rápida
grandis de oito anos em um Latossolo de textura
que os demais nutrientes por não formar
média na região de Itatinga (SP)
Fonte: Rocha (2014).
nenhum composto dentro da planta,
permanecendo em sua forma livre
(Tab. 7.4).

Tab. 7.4 Quantidade de nutrientes liberados dos resíduos florestais sobre o


solo nos primeiros 300 dias após a colheita
MRF(1) N P K Ca Mg S
kg ha –1

MRe 83,4 12,7 56,4 73,0 21,5 5,7


MSe 96,6 9,4 3,9 58,4 15,2 7,0
(1)
Manejo dos resíduos florestais, sendo:
MRe: manutenção de todos os resíduos (folhas, galhos, cascas e serapilheira);
MSe: manutenção apenas da serapilheira.
Fonte: Rocha (2014).

7.4 Efeitos nos atributos do solo


As diferentes práticas de manejo de resíduos florestais impactam principal-
mente a camada superficial do solo, ou seja, os primeiros 10 cm de profundidade.
Entretanto, dependendo da intensidade e da frequência, impactos em camadas
mais profundas podem ser observados.
De forma geral, a remoção dos resíduos florestais após a colheita apresenta
pequenos prejuízos à disponibilidade de nutrientes do solo. Pequenas reduções
nos teores disponíveis de nutrientes podem ser observadas; isso porque, comu-
mente, solos sob plantações florestais apresentam baixos teores de nutrientes
disponíveis, e logo após suas mineralizações os nutrientes são rapidamente
absorvidos pelas árvores. Com a colheita e manutenção dos resíduos florestais

Eucalipto.indb 138 13/06/2022 09:36:55


8
Manejo de pragas

Norivaldo dos Anjos, Isadora Fausto Queiroz Cabral

Muitos inconvenientes têm sido evidenciados nas plantações de eucaliptos, e a


ocorrência de insetos-pragas é, talvez, o mais perigoso desses problemas. Nativo
da Austrália, mas pertencendo à mesma família botânica de muitas plantas
nativas do Brasil, o eucalipto pode ser atacado por inúmeras espécies de insetos
daninhos às plantas nativas que se tornam pragas muito relevantes.
Atualmente, só se podem considerar como pragas aqueles insetos que
causam um prejuízo cujo valor seja maior do que o valor do custo com operações
de combate (Carrano-Moreira, 2014). Caso contrário, não se deve fazer nenhuma
intervenção curativa, com riscos de que o gasto com o combate seja maior que
o prejuízo causado pelo inseto e, ainda, possa causar efeitos ruins ao ambiente
sem que haja necessidade. Nesse caso, é melhor esperar algum tempo (dias,
semanas) para fazer nova avaliação e tomar nova decisão, mas sem descuidar
do fato de que esses insetos nocivos podem causar surpresas desagradáveis ao
plantador de eucaliptos.
Convém lembrar que eucaliptos bem adubados crescem rápido, produzindo
mais raízes e mais folhas, e se tornam mais resistentes aos insetos que podem
destruí-los. Deve-se acrescentar que tais insetos precisam viver e se alimen-
tar e, para isso, é necessário deixar o mato crescer nas entrelinhas de plantio,
sem prejudicar os eucaliptos, para que os insetos possam se alimentar do mato,
poupando as árvores plantadas.
Em geral, os principais problemas com pragas no cultivo dos eucaliptos estão
relacionados às formigas-cortadeiras, as quais aparecem cortando e matando
as mudas assim que são plantadas e depois desfolhando e matando as árvo-
res em crescimento e, por último, destruindo os brotinhos novos das cepas que
vão crescer novamente, após a colheita da madeira (Carrano-Moreira, 2014). Em
segundo lugar, vêm os cupins-de-raízes, que destroem as raízes das mudas já na
primeira semana após o plantio. Em terceiro lugar, os besouros-desfolhadores,

Eucalipto.indb 158 13/06/2022 09:36:57


166 Eucalipto: do plantio à colheita

Fig. 8.5 Cupins-das-raízes: (A) sistema radicular destruído; (B) pintas escuras de fezes sobre a
raiz pivotante; (C) folhas arroxeadas em eucalipto com raízes destruídas; e (D) folhas secas e de
coloração amarelo-palha em eucalipto morto

8.2.2 Cupins-de-montículo
Esse outro grupo de cupins-das-raízes é composto pelas espécies Anoplotermes
pacificus, Armitermes euamignathus, Cornitermes bequaerti, Cornitermes cumulans,
Procornitermes araujoi, Procornitermes striatus e Procornitermes triacifer, e são assim
nomeados porque constroem um monte de terra endurecida, chamado de
montículo (Fig. 8.6), murundu ou cupinzeiro. Eles também são conhecidos
popularmente como cupim-de-monte, cupim-de-murundu, cupim-de-castelo e
cupim-de-chifre.
O montículo fica parcialmente embu-
tido no solo e, em geral, apresenta cor
semelhante à do terreno local. Os cupins
se alimentam através de um sistema de
túneis subterrâneos distribuídos no solo
e conectados à base do montículo.
Os danos causados por cupins‑­
de­
‑montículos ocorrem no sistema de
raízes do eucalipto novo, logo abaixo da
superfície do solo, do mesmo modo que
ocorre com os cupins-subterrâneos. Eles
Fig. 8.6 Cupim-de-montículo: ninho típico em demonstram preferência para o ápice das
plantação nova de eucaliptos raízes, em especial os cones vegetativos de
raízes muito novas (Araújo, 1970), mas a semelhança com os cupins­‑subterrâneos
é que os cupins-de-montículo também comem as raízes finas e a casca de raízes
grossas de eucaliptos novos, resultando no arroxeamento e na morte das árvores.

8.2.3 Prevenção contra os cupins-das-raízes


Para a prevenção contra o ataque de cupins-das-raízes, é necessário adotar o
princípio do cultivo mínimo no solo a ser plantado, ou seja, manter a serapilheira

Eucalipto.indb 166 13/06/2022 09:36:58


Manejo de doenças
9
Daniele Aparecida Alvarenga Arriel, Rafael Ferreira Alfenas, Natália Risso Fonseca,
Acelino Couto Alfenas

O Eucalyptus, originário da Austrália e ilhas vizinhas, pertence à família Myrta-


ceae e conta com cerca de 600 ou mais espécies e variedades (Venturin et al.,
2014). É difícil e, às vezes, contraditório determinar com precisão a data de sua
introdução no Brasil, mas se acredita que isso tenha acontecido em 1825, no
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pelo imperador Dom Pedro II (Zacarin, 1978).
Sabe-se, contudo, que o eucalipto foi introduzido comercialmente por Edmundo
Navarro de Andrade em 1904, para suprir a demanda de madeira para dormentes
e energia das locomotivas da Companhia Paulista de Estrada de Ferro (Venturin
et al., 2014).
Atualmente, o eucalipto é a espécie arbórea mais plantada no Brasil, com
cerca de 7 milhões de hectares de área (IBÁ, 2020). O Brasil possui a maior área
plantada e o maior incremento volumétrico médio mundial, com cerca de 35,3 m³
ha–1 ano (IBÁ, 2020), podendo variar de 30 a 80 m³ ha–1 ano, a depender das condi-
ções edafoclimáticas e do material genético plantado (Alfenas et al., 2009). Além
do rápido crescimento e uso múltiplo de sua madeira, a alta capacidade de
rebrota do eucalipto permite sua condução por talhadia e a obtenção de até três
cortes consecutivos.
Até poucos anos, o eucalipto era considerado uma planta livre de doen-
ças. No entanto, com o avanço da cultura e a expansão das áreas plantadas
para regiões mais quentes e úmidas, favoráveis à infecção fitopatogênica,
várias doenças bióticas e abióticas têm surgido (Fig. 9.1), as quais estão contri-
buindo significativamente para a redução da produtividade da eucaliptocultura
brasileira (Alfenas et al., 2009; Arriel et al., 2014; Mafia et al., 2013; Souza et
al., 2015). Além disso, a movimentação global de pessoas e produtos facilita a
introdução e a disseminação de patógenos, e as mudanças climáticas têm cola-
borado para a ocorrência de estresses abióticos cíclicos. Portanto, as doenças
atualmente representam um dos principais desafios para a sustentabilidade

Eucalipto.indb 187 13/06/2022 09:36:59


194 Eucalipto: do plantio à colheita

Mela-de-rhizoctonia (Rhizoctonia solani)


Esse fungo é um importante patógeno do solo, capaz de causar tombamento
(damping off ) de pré- e pós-emergência em várias espécies agronômicas e flores-
tais. Em eucalipto, pode incidir em mudas no viveiro, induzindo a podridão
de estacas, queima e mela das folhas e morte das plantas. Em plantações no
campo, causa a seca e queima das folhas (Alfenas et al., 2009). Em geral, o fungo
não produz esporos, mas, sobre os órgãos lesionados, observa-se o crescimento
epifítico do micélio formando uma “teia” que, por vezes, pode ser confundida
com teias de aranha (Fig. 9.5B). O patógeno é capaz de sobreviver por longos
períodos no solo por meio de estruturas de sobrevivência chamadas de escleró-
dios, dificultando sua eliminação do local.

Fig. 9.5 Sintomatologia (A) da mancha bacteriana, causada por Xanthomonas axonopodis, e (B) da
mela-de-rhizoctonia, causada por Rhizoctonia solani
Fonte: Alfenas et al. (2009).

Mofo cinzento (Botrytis cinerea)


Botrytis cinerea é um fungo que mata os tecidos da planta para retirar seus nutrien-
tes e apresenta uma ampla gama de hospedeiros, entre espécies agronômicas.
Durante a produção de mudas de eucalipto, o mofo cinzento ocorre sobretudo
na fase de enraizamento de estacas, causando a morte de mudas distribuídas
aleatoriamente nos canteiros ou em reboleiras. A esporulação abundante de
coloração cinza sobre os tecidos infectados é uma característica marcante da
doença (Fig. 9.6A), o que facilita seu diagnóstico (Alfenas et al., 2009).

Eucalipto.indb 194 13/06/2022 09:37:00


Desrama artificial
10
Geraldo Gonçalves dos Reis, Maria das Graças Ferreira Reis, Ana Paula Leite de Lima,
Marco Antonio Monte, Helio Garcia Leite

Os povoamentos florestais equiâneos são manejados de forma diferenciada


em função do uso da madeira. Antes do plantio, há necessidade de definir se o
produto principal será para carvão, celulose, chapas de madeira, móveis, entre
outros. A escolha do genótipo que atenda ao uso específico da madeira, bem
como do espaçamento inicial de plantio e das práticas silviculturais, deve ser
feita com antecedência. Uma vez estabelecido o povoamento florestal, deve-se
considerar, então, obter a máxima agregação de valor à madeira para atender às
características requeridas para o seu uso final.
Ao definir que há necessidade de produzir madeira de qualidade para
serraria e laminação, muitas decisões devem ser tomadas. O genótipo escolhido
deve apresentar tronco retilíneo e o mínimo de defeitos na madeira serrada
(empenamento, rachadura, entre outros). Na condução do povoamento flores-
tal, devem-se adotar práticas que promovam maior crescimento em diâmetro
e melhorem a qualidade da madeira, como a adubação, a desrama artificial e
o desbaste. A capacidade de recomposição da copa removida desses genótipos
com a desrama deve ser rápida, para não comprometer o crescimento das árvo-
res e a produção do povoamento. Ainda, há de se considerar que o genótipo
apresente rápida cicatrização dos ferimentos da desrama para se obter maior
extensão de madeira, sem nós vivos ou mortos (madeira limpa).
É de conhecimento geral a importância da obtenção de árvores com elevado
diâmetro para a produção de toras a serem utilizadas em serraria. É preciso que
as árvores, a partir de idade bem jovem, apresentando galhos vivos e com diâme-
tro reduzido, recebam a aplicação de desrama, seguindo critérios específicos, o
que amplia as possibilidades de seu uso, em razão da melhoria das característi-
cas que aumentam o seu valor comercial. Defeitos aparentes, como nós vivos e
mortos, bolsas de resina, descoloração pela ação de agentes bióticos e abióticos,
desqualificam a madeira produzida e reduzem a rentabilidade do empreendimento

Eucalipto.indb 209 13/06/2022 09:37:02


11
Integração lavoura-pecuária-eucalipto

Francine Neves Calil, Jorge Luís Sousa Ferreira,


Abilio Rodrigues Pacheco, Caio Henrique Januário Calassa

A dificuldade na produção de alimentos, fibras e energia de forma sustentável


é um desafio atualmente, visto que as áreas disponíveis estão mais escassas e
menos produtivas.
Segundo Balbino et al. (2011a, 2011b), uma alternativa que tem se destacado
é o uso de sistemas de integração que incorporam atividades de produção agrí-
cola, pecuária e florestal, em dimensão espacial e/ou temporal, buscando efeitos
sinérgicos entre os componentes do agroecossistema para a sustentabilidade da
unidade de produção, contemplando sua adequação ambiental e a valorização
do capital natural.
De acordo com dados apresentados pelo Kleffmann Group, em estudo enco-
mendado pela Rede de Fomento ILPF (2016), na safra 2015/2016, estimou-se que
o Brasil contava com 11.468.124 hectares em sistemas integrados de produção
agropecuária. Os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do
Sul possuíam as maiores áreas.
É importante ressaltar o papel da inserção do componente arbóreo nos
sistemas integrados. De acordo com estimativa preliminar da Plataforma ABC,
grupo multi-institucional formado para acompanhar a redução das emissões de
gases de efeito estufa, entre 2010 e 2015 o incremento de 5,96 milhões de hecta-
res de ILPF foi responsável pelo sequestro de 21,8 milhões de toneladas de CO2eq
(Rede de Fomento ILPF, 2016).
De maneira global, torna-se evidente que a adoção de sistemas que permi-
tam a produção diversificada em um mesmo espaço é uma solução possível para
a retomada da capacidade produtiva de determinadas áreas, além de também
fornecer benefícios ambientais, ecológicos, sociais e econômicos.

11.1 Conceitos e definições


A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma estratégia de produção
sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais realizadas

Eucalipto.indb 242 13/06/2022 09:37:04


11 Integração lavoura-pecuária-eucalipto 245

11.3 Por que utilizar o gênero Eucalyptus?


O gênero Eucalyptus, pertencente à família Myrtaceae, é oriundo da Austrá lia
e se apresenta em 670 espécies diferentes, de todos os tipos e tamanhos
(Scolforo, 2008).
De acordo com o IBÁ (2019), a área total de árvores plantadas no Brasil
totalizou 7,83 milhões de hectares em 2018, sendo que os plantios de euca lipto
ocuparam 5,7 milhões de hectares desse total. Esses plantios de eucalipto estão
localizados sobretudo nos Estados de Minas Gerais (24%), São Paulo (17%) e
Mato Grosso do Sul (16%). A média de produtividade para o ano de 2018 foi de
36,0 m³ ha/ano.
Mesmo sendo um gênero exótico ao Brasil, algumas de suas espécies
conseguiram alta adaptação aos solos e climas brasileiros, transformando-o no
gênero arbóreo mais utilizado em todo o território nacional. A escolha do gênero
Eucalyptus se sustenta pelo uso múltiplo da madeira, rápido crescimento, alta
produtividade de madeira, uso em sistemas integrados de produção pela baixa
competitividade com outras espécies agrícolas, possibilidade de sombreamento
para o componente animal, estrutura de copa que permite a passagem de luz
e não atrapalha o desenvolvimento de forrageiras, além de geração de energia,
produção de celulose, fabricação de móveis, obtenção de essências, produção de
mel, entre outros (Vale et al., 2014; Bungenstab et al., 2019).

11.4 O papel das árvores nos sistemas integrados


de produção
As árvores são capazes de desempenhar diversos papéis importantes dentro
dos sistemas integrados, de caráter ecológico, econômico e social, alguns deles
citados a seguir:
±± Utilização de diferentes porções da biosfera (estratificação da copa e do
sistema radicular).
±± Benefícios ao solo: redução da compactação e erosão, atenuação progressiva
do impacto da chuva, aumento na infiltração da água, formação de serapi-
lheira, que é uma importante via de ciclagem de nutrientes.
±± Modificação da qualidade e quantidade da radiação luminosa pelas copas
das árvores, o que provoca a necessidade de uma seleção de espécies capa-
zes de desenvolver-se nessas condições para a composição do sistema.
±± Desempenho de diferentes funções, como serviços ambientais e produção
de bens.
±± Melhoria na qualidade do ar.
±± Sequestro de gás carbônico (possibilidade de geração de créditos de carbono
e, consequentemente, aporte de renda ao proprietário).
±± Controle do efeito erosivo do vento.

Eucalipto.indb 245 13/06/2022 09:37:04


Prevenção e manejo de fogo
12
Fillipe Tamiozzo Pereira Torres, Emanuel Renato Sousa de Oliveira

O fogo é um fenômeno natural que sempre existiu na superfície do planeta,


sendo também um dos responsáveis pela predominância de vários ecossiste-
mas terrestres. Foi a primeira força e fonte de energia natural a ser dominada
pelo homem, tornando-se um importante recurso utilizado para a evolução da
sociedade (Soares, 1985).
Trata-se de uma reação química exotérmica, envolvendo três elementos
básicos: combustível, oxigênio e calor. Assim, é necessário haver combustível
para queimar, oxigênio para manter as chamas e calor para iniciar e continuar
o processo de queima. A ausência, redução ou aumento de certos níveis de
qualquer um dos componentes do triângulo do fogo inviabiliza o processo de
combustão.
A ação do fogo sobre o ambiente depende de outros fatores além dos
necessários para a ocorrência da combustão. Vários afetam e influem no
comportamento do fogo, entre eles o material combustível, as condições climá-
ticas e a topografia. A ação de cada um desses fatores é distinta para cada região
e cada época do ano, o que causa grande diferença em seu comportamento.
Quando o comportamento do fogo foge do controle do homem, trans-
formando-se em um agente com alto poder destrutivo, tem-se o incêndio
propriamente dito, que se diferencia, por exemplo, da queima prescrita, a qual
consiste no uso do fogo de forma planejada, com objetivos definidos, acompa-
nhado de um planejamento prévio em que devem ser considerados os aspectos
legais (autorização de queima), as técnicas de queima, as condições climáticas, a
previsão do comportamento do fogo, os equipamentos e ferramentas apropria-
dos e os confrontantes.
Os incêndios florestais podem ser classificados de acordo com a sua área
de ocorrência, se embaixo, no meio ou no extrato superior da floresta. Com isso,
podem se distinguir três tipos de incêndios florestais:

Eucalipto.indb 253 13/06/2022 09:37:06


Colheita e transporte florestal
13
Carlos Cardoso Machado, Luciano José Minette, Amaury Paulo de Souza,
Isabela Dias Reboleto

A colheita florestal no Brasil começou a se intensificar a partir do século XVI,


junto à expansão demográfica, quando o consumo dos recursos madeireiros se
tornou essencial para o avanço do País. Tal processo iniciou-se, basicamente,
com a utilização de ferramentas simples de corte manual, o que exigia extrema
força física e braçal dos trabalhadores, junto com o auxílio de animais, para
realizar a extração da madeira.
As espécies do gênero Eucalyptus foram introduzidas no Brasil no final
do século XIX, acompanhadas de outras espécies exóticas, para fins comer-
ciais. A atividade de implantação das novas espécies no território brasileiro
teve uma rápida expansão, em consequência do programa de incentivos
fiscais do Governo Federal no ano de 1966, que diminuiu a pressão sobre as
florestas naturais.
O início da colheita florestal no País foi marcado pela ascensão do trabalho
manual, com o uso de ferramentas pesadas como machado, serras, facões etc.,
que prejudicavam muito a saúde dos trabalhadores, devido ao elevado esforço
energético e à falta de preocupação com a segurança e com os aspectos ergo-
nômicos das atividades. O surgimento de máquinas nas atividades de colheita
começou, moderadamente, por volta do final dos anos 1960, despontando com
os equipamentos adaptados dos setores industriais e agrícolas. As primeiras
máquinas importadas chegaram ao Brasil nos anos 1970, junto ao início da
produção nacional de maquinários leves e médios, como as motosserras, o que
propiciou um crescimento na modernização.
Nos dias atuais, a colheita florestal está bastante avançada. A demanda
pela mecanização nas operações fez-se mais presente, por causa do crescente
aumento das atividades de reflorestamento. A partir da década de 1990, a impor-
tação de máquinas florestais, principalmente da Europa e dos Estados Unidos,
gerou um grande movimento no setor florestal, intensificando ainda mais a

Eucalipto.indb 271 13/06/2022 09:37:07

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