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1.

Conceitos centrais - Marxismo • A classe dominante, nesse contexto, tendeu a defender


as antigas relações de produção, ao passo que a classe
• Crença no progresso desafiante, tendeu a ver tais relações de produção como
• Filosofia da história teleológica. um obstáculo ao avanço das forças produtivas.

• Características da abordagem • Ex. nobreza e burguesia na passagem do


feudalismo ao capitalismo.
 Materialista; determinista (forças econômicas e
históricas); e estrutural (em termos ontológicos e • Observe que, historicamente, as classes dominantes
metodológicos). trabalharam para frear as contradições entre as forças
produtivas e as relações de produção.
• Materialismo histórico
• Ex. Direitos de patente (propriedade intelectual)
• Infraestrutura: forças produtivas e relações de na Inglaterra Tudor.
produção.
• Contudo, no capitalismo a burguesia trabalha em um
• Superestrutura: Estado (aparato jurídico e ritmo crescente de concorrência, o que a leva à aceleração
administrativo) e ideologia (religião, crenças dos avanços nas forças produtivas, e, por conseguinte, nas
conservadoras, etc.) contradições entre estas e as relações de produção.
• Relação dialética entre os dois andares com a • É por isso que, para Marx, nunca houve um modo de
determinação da infraestrutura em última instância produção tão contraditório como o capitalismo.
• Modo de produção: forma de organização social e • Essa primeira contradição, muito profunda no
econômica capitalismo, leva à segunda que é própria do capitalismo:
• Forças produtivas: técnica e tecnologia disponíveis em • O capitalismo produz o proletariado, e esse é o
um dado período histórico (meios de produção ligados ao destino da maior parte da população;
capital); e trabalho.
• Cedo ou tarde o proletariado se constituirá como
• Relações de produção: forma de extração do excedente classe (dotada de consciência de classe), e aí
econômico (ex. trabalho escravo, servil, assalariado, etc.). aspirará o poder e a transformação da sociedade.
Ou seja, trata-se essencialmente da relação de
propriedade e da divisão do produto do trabalho. • Nesse momento teremos a primeira revolução
feita em nome da maioria, uma revolução social.
• É na conjunção desses dois elementos que
encontra-se a concepção dialética da história de Marx. 2. Revolução e Emancipação
Essa dialética da história é impulsionada pelas • A revolução social é uma realidade, é algo inevitável para
contradições encontradas no interior do modo de Marx, uma vez que era um fenômeno bastante presente
produção. em seu tempo (1789, 1830, 1848, 1871).
• Consiste em uma lei fundamental do movimento • As revoluções são historicamente necessárias,
da história (método nomotético). ou seja, não são acidentais.
• É das crescentes contradições entre as forças produtivas • É a revolução social que encerrará o modo de produção
e as relações de produção que surge a crise do modo de capitalista e inaugurará o socialista (fase da ditadura do
produção, e do seu interior nasce o novo modo de proletariado), este último pavimentará o caminho para o
produção. comunismo, fase em que não só as classes sociais seriam
• Em outras palavras, se temos um crescimento rápido da abolidas, como também o Estado.
produtividade e, consequentemente, da riqueza gerada, e • A revolução significará a emancipação dos trabalhadores,
isso não se traduz em melhores condições de vida para os ou seja, a libertação da exploração capitalista.
trabalhadores – e muitas vezes isso implicava no inverso,
especialmente no capitalismo –, então temos uma • O proletariado é a classe portadora do fim das classes, do
contradição entre forças produtivas e relações de fim do movimento da história por meio da luta de classes.
produção. Nesse sentido o comunismo representaria o fim da
história.
• É nos momentos em que há profundas contradições
acumuladas, que se manifesta de forma mais evidente a • Ela representa o interesse universal, na medida
luta de classes. É nesse momento que surgem os contextos em que tende a tornar-se a maioria.
revolucionários.
• Todas as revoluções anteriores foram feitas em
nome de uma minoria.
• A revolução é fruto da crise do modo de produção, não • Estado burguês como assembleia de burgueses x Estado
dos tempos de expansão. burguês que se autonomiza da classe dominante para
defendê-la?
• As crises são uma constante em todos os modos de
produção, e elas tendencialmente se acumulam, até o • Marx entendia que havia uma tendência natural à
momento em que um evento/estopim deflagra a crise redução das taxas de lucro por força da concorrência
geral. (“teoria do desmoronamento”). Tal tendência contribuiria
para a pauperização constante do proletariado, criando
• Revolução social é diferente de revolução política. uma situação revolucionária.
• A última altera apenas as estruturas políticas (regime • Essas previsões não se cumpriram.
político), mas sem alterar significativamente as estruturas
sociais (estrutura de classes permanece inalterada). • Isso porque a classe dominante e/ou o Estado decidiram
investir na reforma social como estratégia de
• Já a revolução social implica em uma transformação arrefecimento das pressões sociais decorrentes do próprio
geral, tanto nas estruturas políticas quanto sociais. capitalismo. Com isso, estavam frustradas as chances de
• Só a revolução social levaria à emancipação social, uma revoluções sociais no centro do capitalismo.
vez que as revoluções burguesas conduziram apenas à • Ex. Políticas sociais na Alemanha do 2º Reich
emancipação política, o que era insuficiente para Marx. (1871-1919).
• Marx era crítico da democracia política (emancipação • Debate entre a elite intelectual do SPD e
política), embora reconhecesse o progresso que ela implicações à socialdemocracia alemã.
significou.
• Ele entendia que era necessária uma democracia social e
participacionista, que só poderia ser alcançada com a
revolução social.
• Para o autor a “questão social” é indissociável da
emancipação política, é nesse sentido que ele postulava
que a verdadeira emancipação política só pode ser
produzida mediante a emancipação social.
• Sem a igualdade social a igualdade política se tornaria
uma ficção, no entendimento do autor.
3. O Estado e a transição para o Socialismo
• O Estado moderno (burguês) precisaria ser destruído e
reconstruído em novas bases, de modo a contemplar um
novo conjunto de finalidades, que não mais seriam a
salvaguarda da propriedade privada dos meios de
produção, mas ao invés disso, implicaria em um processo
de expropriação dos detentores do capital, até o ponto em
que fossem concentrados todos os meios de produção nas
mãos dos trabalhadores.
• Este seria o Estado socialista ou ditadura do
proletariado, organizado de acordo com os moldes da
Comuna de Paris (1871).
• Na Comuna todos os cargos públicos (políticos e
administrativos) eram eletivos e com mandatos curtos e
revogáveis a qualquer tempo, e todos recebiam salário de
operário.

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