Weffort, “Marx: política e revolução”, in: Os clássicos da política (vol. 02). São Paulo: Editora Ática A originalidade do pensamento de Marx • A existência das classes depende das fases de desenvolvimento da produção; • A luta de classes na sociedade contemporânea conduz à ditadura do proletariado (socialismo); • Essa ditadura é apenas o trânsito para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes (comunismo). O marxismo é uma filosofia da práxis • “Até aqui os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; trata-se agora de TRANSFORMÁ-LO”; • “A atualidade da revolução significa tratar todo problema cotidiano particular em ligação direta com a totalidade histórica e social; considerá-los como momentos da emancipação (total) do proletariado” [Lukács – Lenin, p. 32] • Defesa da tese acerca da unidade entre teoria e prática. A dialética (I) • A lógica da revolução é incluída na própria lógica do sistema capitalista; • Trata-se de descobrir, no movimento do REAL, as leis de seu processo de transformação; • A dialética, em sua forma racional (ou seja, não mistificada), amedronta a classe dominante. A dialética traz o entendimento da negação da sociedade que a classe dominante representa. A dialética (II) • “A burguesia só pode existir sob a condição de revolucio- nar incessantemente os ins- trumentos de produção e, por conseqüência, as relações de produção e com isso TODAS as relações sociais”
• “A burguesia cria os seus
próprios coveiros” A dialética (III) • A negatividade revolucionária que Marx atribui ao proletariado está inscrita em seu próprio modo de ser como classe. Os proletários “não têm nada a perder, a não ser os grilhões que os prendem”; • O próprio proletariado deve DESAPARECER no curso de sua revolução, pois seu “destino” é o de abolir TODAS as classes sociais. Emancipação social e emancipação política • Crítica do idealismo filosófico = crítica das revoluções burguesas e necessidade de uma nova revolução; • A emancipação política é limitada (parcial) • É preciso criticar a filosofia do direito e a filosofia do Estado (Hegel) • A religião é o ópio do povo. A religião não cria o homem, é este que cria a religião. Emancipação social e emancipação política (II) • Não é a constituição que cria o povo, é o povo que cria a constituição; • Democracia radical: a democracia deve ser entendida na sua FORMA e no seu CONTEÚDO. A democracia é a “verdadeira unidade do universal com o particular”. • Weffort: “Marx desqualifica o status da burocracia como representante do universal, definido por Hegel, vindo a substituí-la, neste papel, pelo proletariado” Emancipação social e emancipação política (III) • “Marx retira do Estado a condição do demiurgo, pretendida por Hegel, e coloca em seu lugar a sociedade civil” • A emancipação política, sem dúvida, representa um grande progresso: “derradeira etapa da emancipação humana dentro do contexto atual” • A emancipação social é a emancipação GERAL, ou UNIVERSAL: “ela não exclui a emancipação política, mas a envolve e a supera”. Emancipação social e emancipação política (IV) • O proletariado é a classe portadora da capacidade de emancipar a si mesma e também toda a sociedade. • A emancipação geral extingue a alienação dos trabalhadores. Isto é possível porque as forças produtivas são desenvolvidas ao máximo sob o capitalismo (sem isso, seria a miséria a única coisa que poderia ser socializada) Emancipação social e emancipação política (V) • “A classe que dispõe dos meios da produção material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios da produção intelectual” • “As idéias predominantes são apenas a expressão ideal das relações materiais predominantes” • Deve-se portanto começar pela crítica da base material. O ESTADO E A TRANSIÇÃO PARA O SOCIALISMO • A Comuna de Paris: esta experiência deixou claro que “a classe operária não pode simplesmente tomar posse da máquina estatal existente e colocá-la em marcha para seus próprios fins”. Tem de destruí-la. O Estado e a transição para o socialismo (II) • Nas mãos do proletariado, o Estado serve para expropriar a burguesia e centralizar os instrumentos de produção. O desaparecimento do Estado ocorre depois de um longo processo de transformações sociais, políticas e econômicas. AS REALIZAÇÕES DA COMUNA • O exército foi substituído pela milícia popular; • A polícia e a burocracia foram substituídas por funcionários com mandatos revogáveis; • Os deputados eleitos de acordo com a democracia representativa foram substituídos por conselheiros municipais que eram eleitos pelo sufrágio universal (com mandatos revogáveis); • Separação entre Igreja e Estado e confisco das propriedades da Igreja; • Os magistrados, como os demais funcionários, eram eleitos com mandatos revogáveis; • Todos os ocupantes de cargos públicos recebiam “salários de operários”. A atualidade de Marx • Apesar da emancipação política e das conquistas da classe operária (melhores condições de vida e trabalho), a questão da emancipação geral não foi resolvida; • Emancipação do e no trabalho: os operários, para se desenvolverem integralmente, precisam abolir sua condição de existência (ou seja, abolir o trabalho); • A sociedade ideal seria uma “associação em que o livre desenvolvimento de cada um será a condição do livre desenvolvimento de todos”.