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REPRESENTAÇÕES

CARTOGRÁFICAS, ESCALAS E
PROJEÇÕES

NOÇÕES BÁSICAS

Profa. Renata M. Rodrigues


email: rena7hynh@hotmail.com

geo-educacao.blogspot.com.br
REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA

 Os mapas foram a primeira forma de expressão utilizada,


surgindo antes mesmo da escrita.

 Com a formação das primeiras civilizações, os mapas


foram adquirindo cada vez mais importância, deixando de
desempenhar apenas uma função prática.

 Ao apresentar conhecimentos sobre determinada região,


embutiam um valor simbólico, representando o poder e o
domínio de determinados grupos.
 O mapa mais antigo, já encontrado, teria sido produzido pelos
babilônios, por volta do ano 2500 a.C. Confeccionado sobre
uma placa de argila cozida, o mapa mesopotâmico de Ga-Sur
representava o vale de um rio, provavelmente o Eufrates.

Mapa de Ga-Sur, Mesopotâmia. Datado de 2500 a.C. Não tem título nem escalas.
 Além das coordenadas geográficas (localização) e da
indicação do norte (orientação), um mapa precisa ter:

 TÍTULO: que nos informa quais são os fenômenos


representados;
 LEGENDA: que nos mostra o significado dos símbolos
utilizados;
 ESCALA: que permite calcular as distâncias no terreno a
partir de medidas feitas na representação.
ATRIBUTOS DA CARTOGRAFIA

 A Cartografia deve assegurar que o mapa responda às


seguintes questões:
 Espaciais:

- Onde ocorre o fato


- Qual a forma
- Quais são as dimensões
 Temporal:

- Quando ele ocorre


 Temático:

- Qual o tipo de ocorrência


TIPOS E PRODUTOS CARTOGRÁFICOS

 GLOBO – representação cartográfica sobre uma superfície esférica,


em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura
planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.

 MAPA (Características)
 representação plana;
 geralmente em escala pequena;
 área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc.), político-
administrativos;
 destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.
A partir dessas características pode-se generalizar o conceito:
“Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos
geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de
uma Figura planetária, delimitada por elementos físicos, político-administrativos,
 CARTA (Características)
 representação plana;
 escala média ou grande;
 desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática;
 limites das folhas constituídos por linhas convencionais, destinada à avaliação
precisa de direções, distâncias e localização de pontos, áreas e detalhes.
Da mesma forma que da conceituação de mapa, pode-se generalizar:
“Carta é a representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos
artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida
em folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos e meridianos - com a
finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão
compatível com a escala.”

 PLANTA - a planta é um caso particular de carta. A representação se restringe a


uma área muito limitada e a escala é grande, consequentemente o nº de detalhes é
bem maior.
"Carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita para que a sua
curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em consequência, a
escala possa ser considerada constante."
 CROQUI - é um esboço e não obedece a rotina técnica para a
elaboração de mapas. Não tem como finalidade a divulgação
para o público; contém informações sobre uma pequena área e
supre a falta de uma representação cartográfica detalhada.
(IBGE, 1993).

EXEMPLOS
o MAPA

o CARTA

o PLANTA

o CROQUI
Os mapas, de acordo com seus
objetivos e finalidades, podem ser
divididos em três tipos: mapas
gerais, especiais e temáticos.
MAPAS GERAIS (cartas topográficas)

 As informações contidas nesses mapas são muito


genéricas, não permitindo aos especialistas, ao
consultá-lo, obterem informações detalhadas.

 Os principais elementos representados nestes


mapas são: divisão política, capitais e cidades de
destaque, principais rodovias e ferrovias e algumas
informações da parte física (rios, relevo,
vegetação).
MAPAS ESPECIAIS
 Atende a um reduzido número de pessoas, em geral
técnicos, como geógrafos, meteorologistas,
biólogos, geólogos e outros profissionais que se
utilizam de mapas.

 As informações contidas nestes mapas estão


relacionadas a estudos específicos e técnicos, sendo
de pouca valia às pessoas fora da especialidade a
que se destina.
MAPAS TEMÁTICOS
 É construído a partir de um mapa base,
normalmente com informações políticas e
hidrográficas, no qual são cartografados os demais
fenômenos geográficos.

 Dependendo da área, pode ser aspectos geológicos,


demográficos, cobertura vegetal, etc.
DIVISÃO SUBDIVISÃO OBJETIVO EXEMPLOS
BÁSICA
Conhecimento da Plantas de cidades, cartas
CADASTRAL superfície topográfica, nos de mapeamento
TOPOGRÁFICA seus fatos concretos, os sistemático, mapas de
GERAL GEOGRÁFICA acidentes geográficos países, continentes,
naturais e as obras do mapas-múndi.
homem.
Cartas aeronáuticas, voo,
AERONÁUTICA de aproximação de
NÁUTICA Servir exclusivamente a aeroportos, navegação
METEOROLOGIA um determinado fim, a marítima, mapas do
ESPECIAL TURÍSTICA uma técnica ou ciência. tempo, previsão, mapa da
GEOTÉCNICA qualidade do subsolo para
ASTRONOMIA, construção, proteção de
ETC. encostas.

Expressar determinados Mapa geológico,


ESTATÍSTICA conhecimentos pedológico, precipitação,
TEMÁTICO SÍNTESE particulares para uso geral população, econômicos,
etc.
ESCALAS

 O mapa/carta/planta é uma redução proporcional da realidade.


 E é a escala que estabelece quantas vezes o espaço real
sofreu redução.

 A ESCALA é considerada PEQUENA quando se reduzem


muito os elementos.
Ex.: 1:500000 ou 1:1000000
 É considerada GRANDE quando os elementos são pouco
reduzidos.
Ex.: 1:100 ou 1:5000
As escalas podem ser indicadas de
duas maneiras, através de uma
representação numérica ou de uma
representação gráfica.
Numérica – é representada por uma fração e normalmente é
dada em centímetro. Exemplo:

1 = dimensão gráfica =
500.000 dimensão real

= 1/500000 ou 1:500000

Gráfica – é representada por uma linha reta graduada, tendo


como módulo básico o centímetro. Exemplo:

0 120 km
TIPOS DE PROJEÇÕES
 Todos os mapas são
representações aproximadas da
superfície terrestre;
 É impossível representar uma
superfície curva em uma
superfície plana sem que haja
deformações;
 Por isso os mapas preservam
certas características ao mesmo
tempo em que alteram outras.
TODO MAPA POSSUI DISTORÇÕES DE DIREÇÃO, ÁREA OU FORMA!
CLASSIFICAÇÃO DAS PROJEÇÕES

 Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam


as projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera
(Terra) e um plano (mapa), são:
a) Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na
esfera e no plano) e as áreas são deformadas.
b) Equivalentes – as áreas apresentam-se idênticas e os
ângulos deformados.
c) Equidistantes - é a que não apresenta deformações lineares,
isto é, os comprimentos são representados em escala
uniforme.
d) Afiláticas – as áreas e os ângulos apresentam-se
deformados
a) Projeções Conformes
• Preserva os ângulos.
• Paralelos e os meridianos
se cruzam em ângulos retos
• Distorce-se a forma dos
objetos no mapa
b) Projeções Equivalentes
• Não deformam áreas, conservando uma relação constante da
área;
• Alteram as formas.

Peters, cilíndrico equivalente


COMPARAÇÃO:
CONFORME/EQUIVALENTE

Proporção no mapa Mercator Proporção no mapa


Mollweide
c) Projeções Equidistantes
• São as projeções que não apresentam deformações em linha reta;
• Isso só é possível em determinada direção.
• São menos empregadas que as projeções conformes e equivalentes, porque
raramente é desejável um mapa com distâncias corretas apenas em uma
direção.
d) Projeções Afiláticas
• Não possui nenhuma das propriedades anteriores.
EQUIVALÊNCIA, CONFORMIDADE E EQUIDISTÂNCIA VARIAM
Quanto ao tipo de superfície adotada, são classificadas em:
CILÍNDRICAS, PLANAS OU AZIMUTAIS E CÔNICAS.

Projeção Cilíndrica - o
mapa é construído
imaginando-o desenhado
num cilindro tangente ou
secante à superfície da
Terra, que é depois
desenrolado.
PROJEÇÃO DE MERCATOR

Gerard Mercator (1512-1594) desenvolveu seu trabalho, durante as grandes navegações


do século XIV. Do continente europeu partiram navios para a África, América e Ásia. A
projeção é a mais apropriada à navegação marítima e mostra uma visão eurocêntrica do
mundo.
PROJEÇÃO DE PETERS

Peters combateu a imagem de superioridade dos países do Norte representada nos


planisférios derivados da projeção de Mercator. Seu pressuposto de que todos os países
deveriam ser retratados no mapa-múndi de forma fiel a sua área, dá destaque os países
subdesenvolvidos.
PROJEÇÃO DE HOBO-DYER
Projeção Azimutal (ou
plana) - O mapa numa
projeção azimutal é
construído sobre um plano
tangente a um ponto
qualquer da esfera terrestre.
Este ponto ocupa sempre o
centro do mapa.
A projeção azimutal é usada, em geral, para representar as regiões
polares e suas proximidades e para localizar um país na posição
central, tornando possível o cálculo de sua distância em relação a
qualquer ponto da superfície terrestre.

O emblema da ONU é uma projeção azimutal.


Projeção Azimutal Equivalente de Lambert

Projeção Equidistante Azimutal


Projeção Cônica - o mapa
é construído imaginando-o
desenhado num cone que
envolve a esfera terrestre,
que é em seguida
desenrolado.
 Essa projeção é utilizada para representar partes da superfície
terrestre, como o trecho de um continente.

Na projeção cônica, as distorções próximas ao paralelo de


contato com o cone são pequenas e aumentam à medida que as
superfícies representadas se distanciam desse paralelo.
Projeção Cônica Equivalente de Albers

Projeção Cônica Conforme de Lambert


OUTROS EXEMPLOS DE PROJEÇÕES
Projeção de Mollweide Projeção de Goode, que modifica a
Os paralelos são linhas retas e os de Moolweide
meridianos, linhas curvas. Sua área é É uma projeção descontínua, pois tenta
proporcional à da esfera terrestre, eliminar várias áreas oceânicas. Goode
tendo a forma elíptica. As zonas coloca os meridianos centrais da
centrais apresentam grande exatidão, projeção correspondendo aos
tanto em área como em configuração, meridianos quase centrais dos
mas as extremidades apresentam continentes para lograr maior exatidão.
grandes distorções.
OUTROS EXEMPLOS DE PROJEÇÕES

Projeção de Holzel
Projeção equivalente, seu contorno
elipsoidal faz referência à forma
aproximada da Terra que tem um
ligeiro achatamento nos pólos.
ANAMORFOSES
 São mapas esquemáticos, sem escala cartográfica,
representações em que as áreas sofrem deformações
matematicamente calculadas, tornando-se diretamente
proporcionais a um determinado critério que se está
considerando.
 Em Geografia usamos essa técnica para representar
cartograficamente temas e visualizá-los de forma diferente da
habitual.
 A superfície de cada espaço cartografado vai mudar
proporcionalmente segundo uma determinada variável.
ÁREA DA TERRA

DESENVOLVIMENTO HUMANO
DIFUSÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA

DIFUSÃO DA LÍNGUA INGLESA


GASTOS COM SAÚDE

MORTES POR FOME


MORTES POR HIV/AIDS

MORTES POR DENGUE


MORTES RELACIONADAS A DEPRESSÃO

AFETADOS POR DESASTRES


MORTOS EM GUERRAS

INDÚSTRIA MILITAR
USUÁRIOS DE INTERNET 2002

CATÓLICOS ROMANOS
PIB E POPULAÇÃO
O PODER CIENTÍFICO
Os EUA são os maiores e mais eficazes
produtores de ciência e, de longe, o maior mercado científico do mundo
PIB POR ESTADOS NO BRASIL
 Os dados estatísticos, normalmente aplicados nessa
transformação são os de população, PIB, exportação
de produtos manufaturados, mortalidade, etc.

 A cartografia por anamorfose é um instrumento


interessante para as análises comparativas e é
também "um documento de comunicação e não uma
representação do mundo real.”
VISÕES DO MUNDO
Se a sua primeira impressão foi que o
Brasil está de cabeça para baixo, isto
significa que o seu ponto de orientação
ainda é europeu, e não brasileiro.
A Cartografia Brasileira é baseada nos padrões europeus de
Cartografia marítima, nos quais a Estrela Polar determina o
"Norte". Antes da navegação marítima, o ponto de referência era o
Sol, e os mapas apontavam para o oriente. Até hoje, usamos termos
como "orientar-se" e "desnorteado".

Em um mapa verdadeiramente brasileiro, o ponto de referência


seria o Cruzeiro do Sul e não a estrela polar, o Brasil seguramente
estaria no centro, e os europeus achariam que estavam sendo
representados "de cabeça para baixo".

A imagem apresenta o primeiro mapa sob a ótica brasileira, em


uma projeção chamada de equidistante, que mede as distâncias
de todos os países vizinhos.
A POLÊMICA SOBRE O SÍMBOLO DA ONU

1. Qual o tipo de projeção utilizado no símbolo da ONU?


2. Que tipo de distorção ocorre nessa projeção?
 Observando o símbolo da ONU vemos que é uma projeção
azimutal, cujo centro escolhido foi um ponto no Pólo Norte, um
local neutro e que permite a visualização de todos os
contingentes.

 O resultado era um questionamento quanto a neutralidade do


símbolo, que destaca próximo ao centro os países: EUA, Reino
Unido, França, Rússia e a China. Exatamente os membros o
conselho da ONU que são representados com maior exatidão e
destaque.

 Já os países “periféricos” são representados exatamente nas áreas


mais periféricas da projeção , sofrendo maior distorção.
 Ficando a pergunta, sem resposta, o símbolo
realmente foi feito para representar a união entre as
nações ou para reproduz a hierarquia de poder na
ONU e a “divisão internacional do trabalho”. Onde o
Norte (países centrais) desenvolvido ditam as
“regras” e os países do “Sul”(Periféricos) acatam.
PARA CONCLUIR....
 Podemos concluir que não há uma forma certa ou
errada de representar o mundo, mas cada uma delas
expressa um ponto de vista de um país ou de um
povo.

 A cartografia expressa, em cada um de seus


produtos, um ponto de vista sobre o mundo, uma
versão da realidade.

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