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Verbo (aula teórica)

O verbo integra uma das classes gramaticais, cuja importância é fundamental aos discursos que proferimos
cotidianamente.

O que é verbo?

O verbo é uma classe gramatical que expressa ações e acontecimentos, estados ou fenômenos naturais, de acordo
com o sujeito que executa o verbo e com o tempo em que a ação foi executada. Assim devem ser flexionados de
acordo com o número, a pessoa, o tempo, o modo e a voz.

Estrutura verbal

Uma palavra na forma verbal apresenta alguns elementos que nos permite identificá-la como um verbo.

O verbo tem, em sua estrutura, três partes usuais:

• o radical;

• a vogal temática;

• a desinência.

Observe os três verbos a seguir: cantar – vender – partir

• Radical é a parte que dá origem ao verbo e, por isso, costuma não se modificar durante as flexões.

Ele possui o significado essencial do verbo, indica qual é a ação a que ele se refere e, por isso, é a parte,
praticamente, invariável.

Exemplo: O verbo “parar“ pode ser flexionado e assumir as formas: “parei”, “parava”, “param”. Observando o que
há de comum e invariável nessas flexões, concluímos que o seu radical é “par” (par-ei, par-ava, par-am).

• Vogal temática refere-se à vogal que vem logo após o radical. Os verbos podem ser de 1ª conjugação (vogal
temática a, terminados em –ar), de 2ª conjugação (vogal temática e, terminados em –er) ou de 3ª conjugação (vogal
temática i, terminados em –ir).

Tema é o nome que damos quando consideramos o radical + a vogal temática. A vogal temática é uma vogal que
indica a qual conjugação o verbo pertence.

Exemplos:

Sabemos que existem três as conjugações:

1ª conjugação: verbos terminados em “AR” / vogal temática: A / (verbo Falar)

2ª conjugação: verbos terminados em “ER” / vogal temática: E / (verbo Comer)

3ª conjugação: verbos terminados em “IR” / vogal temática: I / (verbo Rir)

• Desinência é a parte final, que expressa o tempo e a pessoa do verbo.

Nas conjugações, o radical tende a se manter o mesmo, enquanto a desinência muda, ou seja, flexiona de acordo
com a conjugação (a vogal temática pode ou não desaparecer dependendo da conjugação):
cantamos – vendiam – partiu

A desinência de um verbo é toda a parte que sobra depois que já identificamos qual é o radical e o tema. Portanto,
desinências são as terminações que os verbos podem assumir.

Essas terminações podem indicar Modo/Tempo ou Número/Pessoa. Vamos entendê-las separadamente:

Desinência Modo-Temporal

É aquela que flexiona para mostrar o tempo e o modo em que o verbo foi colocado.

Exemplos:

“Nós falávamos sobre o acidente”.

“ Se ela falasse mais baixo…”

A desinência modo-temporal da primeira frase é “va”, pois é a forma que o verbo assume quando o colocamos no
pretérito imperfeito do indicativo.

A da segunda frase é “sse” porque é a forma que o verbo assume quando o colocamos no pretérito imperfeito do
subjuntivo.

Desinência Número – Pessoal

É aquela que flexiona para mostrar de qual pessoa do discurso o verbo veio.

Exemplos:

“Falamos sobre isso ontem”.

“Falavam muito alto quando cheguei”

A desinência número-pessoal da primeira frase é “mos”, pois é a forma que flexionamos o verbo para indicar que
quem o falou foi a segunda pessoa do plural (nós).

A da segunda frase é “am”, pois é a forma que flexionamos o verbo para indicar que quem o falou foi a terceira
pessoa do plural (eles ou elas).

Mas o que define a flexão do verbo?

Flexão verbal

Os verbos flexionam de acordo com o número, a pessoa, o modo, o tempo e a voz.

Em relação ao número, podemos ter o sujeito no singular ou no plural. O sujeito também pode ser de 1ª, 2ª ou 3ª
pessoa, sendo a 1ª a que fala, a 2ª com quem se fala e a 3ª outra que não se enquadra nas duas categorias
anteriores.

Você já entendeu que uma parte do verbo se mantém para expressar qual é a ação e outra flexiona (muda) de
acordo com quem fala, com o tempo em que aconteceu, com o modo e com o número de pessoas.

Agora, vamos entender o que significa flexionar em cada categoria dessa e quais são as possíveis formas que o verbo
pode ter dentro de cada uma delas.

Flexão do verbo em Número e Pessoa

Quando falamos em flexionar o verbo de acordo com uma pessoa, estamos falando sobre as pessoas dos discursos.
Elas podem ser pronomes pessoais ou substantivos que equivalham a alguma dessas pessoas (Juliana = ela).
Quando falamos em flexionar verbos em número, significa adequar ao plural (várias pessoas que fazem a ação) ou
ao singular (uma pessoa faz a ação).

Flexão de verbos em Número

Todos os tempos e modos verbais podem mudar sua desinência dependendo da flexão em número:

• Singular (apenas um sujeito verbal): eu comi, ele comerá, tu comestes.

• Plural (vários sujeitos verbais): nós comemos, eles comerão, vós comisteis.

Flexão de verbos em Pessoa

Dizemos que há diferentes pessoas envolvidas na etapa de um discurso, dependendo da posição que ocupam:

• 1.ª pessoa: indica quem fala (eu e nós).

• 2.ª pessoa: indica com quem se fala (tu e vós).

• 3.ª pessoa: indica de quem se fala (ele e eles).

Por meio da união entre flexão em pessoa e número, juntamente com os pronomes pessoais do caso reto, temos
a conjugação verbal:

• Eu – 1.ª pessoa do singular.

• Tu – 2.ª pessoa do singular.

• Ele – 3.ª pessoa do singular.

• Nós – 1.ª pessoa do plural.

• Vós – 2.ª pessoa do plural.

• Eles – 3.ª pessoa do plural.

Modos verbais

Flexão de Modo

Na Língua Portuguesa, existem três modos verbais: Indicativo, Subjuntivo e Imperativo. Eles são usados para indicar
as diferentes intenções de quem fala.

Os modos verbais expressam a relação da pessoa que fala em relação ao fato dado pelo verbo.

• O modo indicativo expressa certeza em relação ao fato, que é ou será dado como real, que realmente acontece, é
concreta.

A pessoa que fala possui segurança e certeza, falando usando o verbo com exatidão.

Exemplos: “Ontem eu comi uma pizza muito boa.”

“Nós trabalharemos no projeto a partir de amanhã.”

• O modo subjuntivo expressa suposição, possibilidade ou dúvida para um fato que não é dado como real ainda ou
que não pode ser dado como real.
Ele transmite a ideia de ação possível, mas incerta. Usamos para expressar uma ação que tem chance de acontecer,
embora não tenha se concretizado ainda.

A pessoa que fala possui dúvida ou formula uma hipótese, usando os verbos sem exatidão.

Exemplos: “Ela está esperando que eu termine primeiro.”

“Vou fazer apenas quando eu quiser.”

• O modo imperativo expressa uma ordem, uma exigência, uma correção ou conselho, um pedido, que se espera ser
realizado.

A pessoa que fala está exigindo algo, falando o que deseja que o outro faça. Nesse modo, a pessoa é direcionada a
cumprir aquela ação.

Exemplos: “Traga o restante dos papéis, por favor!”

“Não faça barulho!”

Tempos verbais

Quando nós contamos coisas para as pessoas no dia a dia, fica muito fácil identificar que falamos de coisas que já
aconteceram, outras que estão acontecendo e aquelas que ainda acontecerão.

Assim, a flexão de tempo diz respeito a qual momento em que ocorreu ou deve ocorrer a ação. Eles são chamados
de tempos verbais e há três básicos:

• Ação no passado (pretérito): aconteceu antes da fala.

• Ação no presente: acontece no momento da fala.

• Ação no futuro: acontecerá após a fala.

Os tempos verbais ainda se subdividem em simples ou compostos e cada modo verbal possui seus tempos verbais.

O tempo verbal indica quando ocorre a ação em relação ao enunciado, podendo ser essencialmente
passado/pretérito (antes do enunciado), presente (junto com o enunciado) e futuro (após o enunciado). Os tempos
verbais são diferentes de acordo com o modo verbal. Veja:

→ Tempos verbais do modo indicativo

Os tempos verbais do modo indicativo exprimem acontecimentos precisos e podem ser divididos em simples (só
precisam de um verbo) e compostos (verbo auxiliar + verbo principal).

Ao todo, são 6 simples e 4 compostos.

• Presente: ação ocorre no momento da fala.

• Pretérito perfeito: ação ocorreu em momento anterior ao da fala.

• Pretérito imperfeito: ação ocorria em momento anterior ao da fala, mas parou de ocorrer.

• Pretérito mais-que-perfeito: ação ocorrera em momento anterior ao de outra ação já ocorrida em momento
anterior ao da fala. É o passado do passado.

• Futuro do presente: ação ocorrerá em momento posterior ao da fala.

• Futuro do pretérito: ação ocorreria em momento posterior ao de outra ação já ocorrida no passado, mas ambas
anteriores ao momento da fala. É o futuro do passado.
→ Tempos verbais do modo subjuntivo

Os tempos verbais do modo subjuntivo expressam acontecimentos possíveis, dependentes de outros. Eles também
podem ser divididos em simples (só precisam de um verbo) e compostos (verbo auxiliar + verbo principal).

Ao todo, são 3 simples e 3 compostos.

• Presente: suposição de que a ação ocorra.

• Pretérito imperfeito: hipótese de como seria se a ação ocorresse.

• Futuro do presente: hipótese de quando a ação ocorrer.

→ Tempo verbal do modo imperativo

O modo imperativo é aquele que exprime uma ordem, então só possui duas divisões: o imperativo afirmativo e o
imperativo negativo (possui um “não” antes do verbo).

Negativo (do Imperativo)

Não coma a salada!

Afirmativo (do Imperativo)

Coma a salada!

• Presente: por se tratar de uma ordem, o imperativo só é conjugado no presente. Ex.: Faça algo!

Vozes verbais

As vozes verbais manifestam a relação do sujeito com a ação expressa.

• Voz ativa: o sujeito pratica a ação do verbo. Ex.: João penteou Maria.

• Voz passiva: a ação do verbo é sofrida pelo sujeito. Ex.: João foi penteado por Maria.

• Voz reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação do verbo ao mesmo tempo. Ex.: João se penteou

Classificação dos verbos

Os verbos são classificados de acordo com a sua flexão.

• Verbos regulares seguem o modelo padrão de flexão, no qual o radical não se altera e a desinência muda conforme
os elementos que vimos anteriormente. Ex.: cantar, vender, partir.

• Verbos irregulares tendem a seguir o modelo padrão, mas com algumas conjugações que se afastam desse
modelo. São casos em que o radical pode ser alterado eventualmente durante uma ou outra conjugação. Ex.: dar,
caber, ouvir.

• Verbos anômalos: alguns gramáticos consideram como anômalos os verbos com mais de um radical (fazendo com
que não tenham padrão definido nas conjugações), enquanto outros consideram anômalos qualquer verbo que não
apresente um padrão definido (sem necessariamente ter mais de um radical). Ex.: ser, ir.

• Verbos defectivos são aqueles que não podem ser conjugados em todas as formas, tempos e pessoas. Ex.: falir,
colorir.
• Verbos abundantes têm mais de uma forma equivalente para a mesma conjugação em determinados casos. Ex.:
entregar (entregado e entregue), pagar (pagado e pago), haver (havemos e hemos).

Formas nominais

As formas nominais não participam de nenhum tempo ou modo. Elas são formas que os verbos assumem para
serem usados em contextos bem específicos e independentes.

Podem, inclusive, desempenhar a função de nome (substantivo) ao invés de verbo em certos contextos.

• Infinitivo: é o ato verbal em si e pode ser usado como substantivo. Ex.: cantar, vender, partir.

• Gerúndio: é o ato verbal em curso e pode ser usado como advérbio ou adjetivo. Ex.: cantando, vendendo,
partindo.

• Particípio: é o ato verbal enquanto resultado e pode ser usado como adjetivo. Ex.: brincado, vendido, partido.

A única forma nominal que flexiona em pessoa é a pessoal. Tirando ela, todas as demais são invariáveis. Observe:

Infinitivo pessoal

O nosso problema é não comermos salada.

Infinitivo pessoal composto

Termos comido salada nos deixou mais saudáveis.

Infinitivo impessoal

Vamos comer salada.

Infinitivo impessoal composto

Gostamos de ter comido salada.

Particípio

Comida a salada, já não havia mais fome.

GerúndioVamos trabalhar comendo salada.

Locuções verbais

Locuções verbais são a combinação de um verbo auxiliar com um verbo principal, ou seja, dois ou mais verbos
juntos. O verbo principal permanece em sua forma nominal, cabendo ao verbo auxiliar ser conjugado de acordo com
o tempo e o modo adequados.

Flexão em Voz – Quais são as vozes do verbo? Você já parou para observar que podemos descrever uma mesma
situação de dois pontos de vista? Assim: “José vendeu a casa” ou “ A casa foi vendida por José”. Interessante, não é?
A flexão em voz de um verbo indica se o sujeito é o agente ou o paciente da ação verbal, ou seja, se ele pratica ou se
sofre a ação.

Na Língua Portuguesa, existem três vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva. Vamos conhecê-las para entender logo
tudo sobre o que é verbo!

Voz Ativa

A voz ativa acontece quando o sujeito pratica a ação verbal, ou seja, quando ele é o agente da ação.

Exemplos: “Eu comi o brigadeiro.”

“Meu amigo comprou o celular.”

“Os estudantes leram os livros.”

Voz Passiva

A voz passiva acontece quando o sujeito sofre a ação verbal, ou seja, é o paciente de uma ação praticada por outro.

A voz passiva ainda pode ser dividida em analítica e sintética.

Voz Passiva Analítica

Na voz passiva analítica, as frases apresentam a seguinte estrutura:

Sujeito paciente + verbo auxiliar + particípio + preposição + agente da passiva.

Exemplos: “O brigadeiro foi comido por mim.”

“O celular foi comprado pelo meu amigo.”

“Os livros foram lidos pelos estudantes.”

Voz Passiva Sintética

Na voz passiva sintética, as frases apresentam a seguinte estrutura:

Verbo transitivo + pronome se + sujeito paciente.

Exemplos: “Comeu-se o brigadeiro.”

“Comprou-se o celular.”

“Leram-se os livros.”

Observe que, nesse caso, a partícula “se” é indeterminadora, porque omite quem foi que realizou a ação e deixa o
foco para quem sofreu.

Voz Reflexiva

A voz reflexiva acontece quando o sujeito pratica e sofre a ação ao mesmo tempo, sendo o agente e o paciente
simultaneamente.

As frases apresentam sempre um pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos, se).

Exemplos: “Ela se feriu com a fala.”

“Alimento-me sempre de três em três horas.”

“Eles se olharam profundamente por longos minutos.”

Observe que, nesse caso, a partícula “se” é reflexiva, porque indica que o sujeito fez a ação com ele mesmo.

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