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Ambiguidade

CANÇADO, Márcia. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. São Paulo: Contexto, 2018.
Sentidos
• O sentido literal é apenas uma possibilidade de sentido, entre outras,
que uma palavra abriga em seu horizonte enunciativo
• A significação resulta de um processo determinado por fatores
extralinguísticos (interlocutores, situação de comunicação, contexto
mediato e imediato, representações que os falantes constroem de si e
do outro etc.)
• O sentido de uma palavra possui margens pontilhadas por outros
sentidos que são potencializados pelo contexto de uso.
Ambiguidade
• Mais fácil definir uma palavra se ela for dada numa sentença
(Put it in a sentence for me)

• Efeitos contextuais podem direcionar os significados das


palavras para diferentes caminhos

• O que significa o verbo quebrar?


Ambiguidade lexical (polissemia/homonímia
do vocábulo)
• O Paulo quebrou o vaso com um martelo.
• O Paulo quebrou o vaso com o empurrão que levou.
• O Paulo quebrou sua promessa.
• O Paulo quebrou a cabeça com aquele problema.
• O Paulo quebrou a cara.
• O Paulo quebrou a empresa.

• Estou indo para o banco neste momento.


Ambiguidade lexical com preposições
• O quadro da Maria é muito bonito.

• O burro do Paulo anda doente.

• O João fez a prova pela Maria.


Ambiguidade pela construção sintática
• Homens e mulheres competentes têm os melhores empregos.

• Alugo apartamentos e casas de veraneio.

• O magistrado julga as crianças carentes.

• Mostra-se na possibilidade de reordenar a sentença e ter sentidos


distintos
Ambiguidade de escopo
• Todos os alunos comeram seis sanduíches.

• Todo mundo ama uma pessoa.

• Decorre da estrutura semântica, não sintática


Ambiguidade por correferência (pronomes)

• O José falou com seu irmão?

• O ladrão roubou a casa do José com sua arma.


Ambiguidade na atribuição dos papéis temáticos

• O João cortou o cabelo.

• O doutor Paulo operou o nariz.

• Verbo tem papel de agente e de beneficiário


Ambiguidade situacional (pragmática)

• Eu não posso falar de chocolate.


Ambiguidade na fala (por falta de segmentação)

ILARI, Rodolfo. Introdução à semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto, 2001.
• “A ambiguidade pode gerar problemas de interpretação e deve ser
evitada sempre que possível, uma vez que sentenças potencialmente
ambíguas podem resultar em interpretações indesejadas.”

• “Por outro lado, deve ser compreendida quando propositalmente


construída para permitir horizontes interpretativos maiores.”

• Conto erótico n 1 Verissimo.docx

FERRAREZI JUNIOR, Celso. Semântica para a educação básica. São Paulo: Parábola, 2008.
Pragmática
Frase num outdoor à beira da estrada que estamos percorrendo de carro:
“Benvindo à Terra do Gado. Sessenta por cento dos caminhões desta
região é Ford.”

“Afirmar que a frase é bem formada (por exemplo, porque o sujeito que exprime
percentagem leva o verbo para o singular) é fazer sintaxe; observar que, em função do
lugar em que o outdoor se localiza, “esta região” significa o Triângulo Mineiro, ou decidir
em que condições é correta a informação prestada pelo outdoor, é fazer semântica;
perceber que a mensagem visa ao efeito propagandístico de promover uma certa marca
de caminhões é fazer pragmática.”

ILARI, Rodolfo. Semântica e pragmática: duas formas de descrever e explicar os fenômenos da significação. Revista de
Estudos Linguísticos. Belo Horizonte, v.9, n.1, p.109-162, jan./jun. 2000.
Pragmática
• Um dos primeiros fenômenos a ser apontado como não passível de um
tratamento semântico foi a dêixis
• Dêiticos típicos como eu, aqui, agora retiram sua referência de componentes
do contexto extralinguístico em que são pronunciados
• Emprego correto de outros dêiticos menos lembrados depende de certas
condições contextuais. Por exemplo, o uso dos verbos ir e vir, em
a. Você vai para a festa amanhã à noite?
b. Você vem para a festa amanhã à noite?
subentende que a pessoa que os pronuncia esteja respectivamente afastada
do local da festa ou situada nele
ILARI, Rodolfo. Semântica e pragmática: duas formas de descrever e explicar os fenômenos da significação. Revista de Estudos Linguísticos. Belo Horizonte,
v.9, n.1, p.109-162, jan./jun. 2000.
Pragmática

• “A regra básica de interpretação das expressões dêiticas consiste em


procurar sua referência no contexto em que são produzidos os
enunciados linguísticos que as contêm, e a semântica, concebida
como uma análise do sentido inerente às expressões (em oposição às
suas ocorrências), ficaria impossibilitada de explicar esse
procedimento interpretativo.”

ILARI, Rodolfo. Semântica e pragmática: duas formas de descrever e explicar os fenômenos da significação. Revista de
Estudos Linguísticos. Belo Horizonte, v.9, n.1, p.109-162, jan./jun. 2000.
Pragmática

“Outro fenômeno linguístico que pareceu apontar para a


necessidade de estudar a significação por um enfoque
incompatível com o que vinha sendo adotado pela semântica, e
nesse sentido contribuiu para o desenvolvimento de pesquisas
que foram reconhecidas como autenticamente pragmáticas, foi
a pressuposição.”

ILARI, Rodolfo. Semântica e pragmática: duas formas de descrever e explicar os fenômenos da significação. Revista de
Estudos Linguísticos. Belo Horizonte, v.9, n.1, p.109-162, jan./jun. 2000.
Pragmática
• Falante e ouvinte fazem uso de determinados conhecimentos fornecidos
pela situação /contexto de uso
• Não há comunicação fora de um contexto particular, de uma dada
situação social
• Compreender o significado de uma mensagem não envolve apenas
competência linguística
• O uso da linguagem deve obedecer a escolhas e restrições de
interpretação facultadas pela situação em que ocorre

GOUVEIA, Carlos. Pragmática. In: FARIA, Isabel Hub et al (Eds.). Introdução à Linguística Geral e Portuguesa. Lisboa: Caminho, 1996.
Pragmática
Quais os aspectos intenção
centrais para a com que
comunicação que é dito
podemos definir
o que é dito como pragmáticos?

relações entre
os parti- comportamen-
identidades
cipantes tos e crenças
dos
Fatores
participantes
linguísticos e
não
linguísticos
posiciona-
mento físico
modo como
papéis é dito atitudes
sociais

GOUVEIA, Carlos. Pragmática. In: FARIA, Isabel Hub et al (Eds.). Introdução à Linguística Geral e Portuguesa. Lisboa: Caminho, 1996.
Pragmática

• Que ação realizamos quando usamos a língua(gem)?


• Quem fala e para quem?
• De que modo a situação determina o sentido do que é dito?
• De que modo elementos extralinguísticos legitimam o dizer?

AZEVEDO, Luciano Taveira de. Letras: Semântica e Pragmática. Recife: UPE/ NEAD, 2011
PRESSUPOSTOS
Pressupostos

AZEVEDO, Luciano Taveira de. Letras: Semântica e Pragmática. Recife: UPE/ NEAD, 2011
Pressupostos

AZEVEDO, Luciano Taveira de. Letras: Semântica e Pragmática. Recife: UPE/ NEAD, 2011
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Pressupostos

AZEVEDO, Luciano Taveira de. Letras: Semântica e Pragmática. Recife: UPE/ NEAD, 2011
Pressupostos

AZEVEDO, Luciano Taveira de. Letras: Semântica e Pragmática. Recife: UPE/ NEAD, 2011
AZEVEDO, Luciano Taveira de. Letras: Semântica e Pragmática. Recife: UPE/ NEAD, 2011
Pressupostos
• Maria parou de fumar.

• João não conseguiu abrir a porta.

• Você conseguiu a vaga de estágio?

• Não foi seu comportamento que me aborreceu.

• Não foi a Rachel que tirou nota boa em semântica.


Semântica X pragmática
“Se existe uma informação extralinguística envolvida para que tais
sentenças sejam proferidas, uma informação anterior ao próprio
proferimento das sentenças, podemos concluir que temos aí um tipo
de conhecimento pragmático. Entretanto, essa suposição só é
derivada a partir da estrutura linguística da própria sentença; são
determinadas construções, expressões linguísticas que desencadeiam
essa pressuposição. [...] Por isso, escolho tratar a noção de
pressuposição como sendo semântico-pragmática.”

CANÇADO, Márcia. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. São Paulo: Contexto, 2018.
Exemplo: desencadeadores lexicais de pressuposição

• parar de, iniciar, esquecer, ainda, não...mais, orações comparativas etc.

• O João se esqueceu de fazer a lição.

• Ela iniciou um curso.

• Eu ainda não decidi.

• Ele é mais rápido do que você.


Implicatura (subentendido)
• Se o pressuposto é inferido valendo-se do sentido literal das palavras,
a implicatura é um tipo de inferência pragmática, baseada não no
sentido literal das palavras, mas naquilo que o locutor pretendeu
transmitir ao interlocutor.

• Quando enunciamos uma sentença em que aquilo que é dito não tem
aparentemente nada a ver com o que deve ser entendido, temos um
caso de implicatura.

AZEVEDO, Luciano Taveira de. Letras: Semântica e Pragmática. Recife: UPE/ NEAD, 2011
Implicatura
Implicatura
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Papéis temáticos

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