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O emprego da vírgula
em 4 lições
Considerações finais.............................................21
Atividades avaliativas..........................................22
Referências.............................................................23
O emprego da vírgula em 4 lições
Apresentação do curso
Hoje iniciaremos nosso estudo sobre a vírgula, este sinal de pontuação que causa tanta
dúvida na hora de escrever. Poderíamos apresentar vários motivos para esse fato, mas vamos
nos ater a apenas dois. O primeiro deles é que a vírgula pode ser utilizada de forma correta em
maior ou menor quantidade, a depender do estilo de quem escreve. Percebemos aí certo grau de
subjetividade no uso da vírgula, o que pode gerar muitos questionamentos, não é mesmo?
O segundo motivo seria a forma como ela é trabalhada no ensino tradicional, em que há
ainda a crença de que a virgulação obedece a critérios sonoros. É muito provável que você já tenha
ouvido falar que a vírgula serve simplesmente para marcar uma pausa no discurso, um tempo para
respirar, entre outras explicações, quando, na verdade, ela é baseada em normas sintáticas.
(Fonte: Houaiss, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001).
O emprego da vírgula em 4 lições
Vale acrescentar que, além de trazermos exemplos dados por estudiosos da Língua
Portuguesa, apresentaremos explicações, exemplos e exercícios com base em textos produzidos
no Tribunal. Desse modo poderemos desenvolver um trabalho voltado às necessidades reais, isto
é, relacionado às dificuldades que encontramos em nosso dia a dia.
Conteúdo Programático
O objetivo desta aula é mostrar como a vírgula é frequentemente empregada com base
no critério sonoro, isto é, tem-se a ideia de que ela serve apenas para marcar pausa no
discurso. Essa crença gera muitos equívocos na hora de virgular, e é a partir deste ponto que
vamos iniciar o estudo de hoje. Em seguida, veremos como se dá a virgulação na ordem direta,
na inversão (ordem indireta) e na intercalação de elementos.
Quanto ao tópico Atividades avaliativas, que estará presente em todas as aulas, vale
dizer que foi desenvolvido para praticarmos e, de certa forma, retomarmos o conteúdo. Ele é
composto por exercícios de fixação, sempre relacionados ao assunto trabalhado na respectiva
aula.
Em primeiro lugar, vamos relembrar brevemente como três dos principais gramáticos
definem a pontuação, sobretudo o que dizem a respeito da vírgula?
“Tríplice
“A vírgula marca uma é a finalidade
pausa de pequena duração. dos sinais de pontuação:
Emprega-se não só para separar
elementos de uma oração, mas também a) assinalar as pausas e as inflexões da voz
orações de um só período”. (a entonação) na leitura;
b) separar palavras, expressões e orações que
(CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. devem ser destacadas;
Nova gramática do português c) esclarecer o sentido da frase, afastando
contemporâneo. Rio de qualquer ambiguidade”.
Janeiro: Nova Fronteira,
1985). (CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima
“Com Nina gramática da língua portuguesa. São Paulo:
Catach, entendemos Editora Nacional, 2008).
por pontuação um
sistema de reforço da
escrita, constituído de sinais
sintáticos, destinados a organizar
as relações e a proporção das partes do
discurso e das pausas orais e escritas”.
O que podemos observar nos conceitos apresentados por essas três citações?
Sobre o Autor:
Nesse sentido, quando lemos determinado texto, é possível perceber que podemos
fazer pausas onde não há o emprego de vírgula e, por outro lado, a vírgula pode ocorrer
independentemente da chamada “pausa respiratória”, pois é gramatical e obedece a critérios
lógico-sintáticos.
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Logo adiante veremos que não se coloca vírgula entre sujeito e verbo ou entre verbo e
complemento, uma vez que eles constituem uma ligação sintática, não podem ser separados por
vírgulas. Sendo assim, mesmo que na leitura tenhamos que pausar, mudar a entonação, “respirar”,
é equivocado o uso da vírgula para separar essas sequências sintáticas no texto escrito.
Segundo Luft (2014), para se empregar a vírgula de forma adequada, é importante que
tenhamos uma boa intuição estrutural.
É saber identificar, ainda que basicamente, como cada termo de uma oração exerce função
sintática específica.
O autor explica que a estrutura básica da frase pode ser composta por 4 casas. Cada
casa representa os elementos na ordem natural da frase: sujeito + verbo + complementos +
circunstâncias.
O Plenário do Supremo
determinou a oitiva do interessado
Tribunal Federal
casa 1 casa 2
interessado”.
O Plenário do Supremo
determinou, na tarde de ontem, a oitiva do interessado
Tribunal Federal
o Plenário do Supremo
Na tarde de ontem, determinou a oitiva do interessado
Tribunal Federal
A matéria do presente
é, sem dúvida alguma, constitucional
pedido
Da mesma maneira, Piacentini (2012) afirma que não “se coloca vírgula entre sujeito e
verbo, entre verbo e complementos”. A autora exemplifica da seguinte forma:
Esses exemplos mostram os elementos básicos dispostos em uma ordem natural, isto é,
eles seguem uma sequência lógica: sujeito + verbo + complementos. Nesse caso, não se coloca
vírgula entre eles.
Sobre a Autora:
Ainda que o sujeito seja longo, não é possível colocar vírgula entre ele e o predicado.
Vejamos os exemplos apresentados pela referida autora:
• “As diversas práticas que o Estado impõe com suas políticas e planos de estabilização da
economia engrossam os conflitos”.
• “Um mundo que faz da mudança a sua única certeza permanente impõe desafios a todos”.
os limites do continente
A violência dessa nova epidemia chamada Ebola transcendeu
africano
Vamos à resposta?
Casa 2: apurou
Casa 2: é
O emprego da vírgula em 4 lições
Aqui empregamos as vírgulas para separar os elementos pertencentes à casa 4. Como eles
possuem natureza complementar, podem ser separados por vírgulas, em especial quando são
muito longos e prejudicam a clareza textual.
Literatura de Cordel
Você já ouviu falar da Literatura de Cordel? É uma modalidade impressa de poesia, cuja
linguagem é regionalizada e informal. Para saber mais sobre o assunto, este é o link da Academia
Brasileira de Literatura de Cordel: http://ablc.com.br/.
ENTRE O VERBO E O
“ENTRE O SUJEITO E O VERBO COMPLEMENTO
A vírgula entre o sujeito A vírgula também não há
e o verbo da oração entre o verbo e o complemento
não deve ser colocada (a não ser que haja um termo
se juntos eles estão: lhes dando distanciamento):
O emprego da vírgula em 4 lições
(DANTAS, 2009).
No tópico anterior, vimos que não se colocam vírgulas entre sujeito e verbo ou entre verbo
e complementos. É muito comum as pessoas pensarem que sempre se deve usar vírgula quando
há INVERSÃO dos elementos da frase, isto é, quando eles não estão em sua ordem direta: sujeito
+ verbo + complementos. No entanto, como afirma Piacentini (2012), o fato de ocorrer inversão
não quer dizer necessariamente que devamos usar a vírgula.
Contra essa decisão, ajuizou ação ordinária. Ajuizou ação ordinária contra essa decisão.
Informa, o requerente, que a medida liminar O requerente informa que a medida liminar
foi deferida. foi deferida.
Não vigorava até então, a lei que permite a A lei que permite a progressão de regime
progressão de regime. não vigorava até então.
Deu para visualizar como a simples inversão dos elementos não implica o uso da vírgula?
Na ordem direta, é fácil perceber que não utilizamos as vírgulas. Com a inversão, a
regra é a mesma: se o sujeito, o verbo ou seus complementos estiverem invertidos, não se
emprega a vírgula. Mesmo que estejam em posição invertida, a sequência lógica é a mesma, não
há quebra, por isso não há vírgula.
O emprego da vírgula em 4 lições
Falamos muito sobre a sequência lógica da frase: sujeito + verbo + complementos, não é
mesmo? Comentamos também que a simples inversão desses componentes não exige a vírgula.
Agora, o que ocorre quando há uma quebra dessa fluência? O que acontece quando usamos a
intercalação por meio de uma palavra, frase ou expressão?
A resposta é: isolamos esse elemento com duas vírgulas. É isso o que chamamos de
INTERCALAÇÃO.
• “O requerente alega, em síntese, que a decisão acarretará mais prejuízo do que benefícios
aos encarcerados”.
Observe como essa intercalação é caracterizada pela mobilidade, isto é, é possível deslocar
a expressão intercalada dentro da oração.
• “Em síntese, o requerente alega que a decisão acarretará mais prejuízo do que benefícios
aos encarcerados”.
• “De imediato, não vislumbro a referida ocorrência de grave lesão à ordem pública”.
(PIACENTINI, 2012).
Essas intercalações são chamadas por Luft (2014) de ENCAIXES, que, segundo ele, são
“fáceis de compreender e fáceis de usar. Só exigem um mínimo de atenção”. Vamos analisar, a
seguir, os exemplos dados pelo autor?
Piacentini (2012) nos lembra que a vírgula é facultativa nos casos em que os elementos
intercalados são curtos e principalmente quando aparecem logo depois do verbo. Observe as
seguintes sentenças:
Percebeu que, em situações como as descritas acima, a intercalação é tão curta que não
O emprego da vírgula em 4 lições
é necessário separá-la por vírgulas? Nesse caso, o emprego das vírgulas se justificaria para dar
ênfase ao termo intercalado ou simplesmente por questão de estilo do autor. Tem-se, portanto,
aquela questão da subjetividade que falamos lá no início da aula.
Ficou claro como cada termo exerce uma função específica na frase?
Quando esses componentes estão dispostos em uma ordem direta, sem intercalações, não
se admite a vírgula entre eles. Agora, se determinada sentença apresentar intercalação, esta deve
estar entre vírgulas, com exceção dos casos em que a intercalação é tão curta e não se tem o
objetivo de enfatizá-la. Esses são conceitos básicos da virgulação. Nosso ponto de partida! Tenha
isso em mente!
Para Complementar:
A Vírgula
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ademais, falamos sobre a importância de se ter uma boa intuição estrutural da língua e,
por isso, iniciamos com os elementos básicos de uma frase: sujeito, verbo e complementos. Vimos
que cada um deles exerce uma função na sequência sintática e, quando estão dispostos em uma
ordem direta, lógica, natural, não se usa vírgula entre eles.
Na próxima aula, trabalharemos a Lição 2, que diz respeito aos assuntos: nomes
próprios; vocativo; dispositivos de lei; atividades avaliativas!
CURIOSIDADE:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA – ABI. Uma vírgula muda tudo. Veja, São Paulo,
Abril, 9 abr. 2008.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
LUFT, Celso Pedro. A vírgula: considerações sobre o seu ensino e o seu emprego. São Paulo:
Ática, 2014.
PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Só vírgula: método fácil em vinte lições. São Carlos:
EDUFSCAR, 2012.
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