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Módulo 4
REGÊNCIA
VERBAL E NOMINAL
Sumário
O uso das preposições costuma ser fonte de dúvidas entre aqueles que escrevem. Muitas dessas
palavras têm seu sentido apagado, isto é, seu valor semântico praticamente imperceptível para os
falantes. Em construções do tipo "Gosto de você" ou "Preciso de ajuda", não se tem noção do
significado específico da preposição "de".
Observe que a revitalização do centro da cidade é o objetivo, a meta ou o fim de quem contribui -
daí ser recomendável o uso da preposição "para", que carrega esse valor semântico. "Contribuir
com alguma coisa" é a construção adequada à expressão daquilo que é dado como contribuição.
Por exemplo: "Contribuiu com dinheiro", "contribuiu com um artigo", "contribuiu com um quilo de
farinha", etc.
Num período como "O técnico do São Paulo vai pedir para os atacantes iniciarem a marcação ao
adversário", construção das mais comuns na imprensa, encontramos o verbo "pedir" seguido de
complemento introduzido pela preposição "para". O verbo "pedir", entretanto, admite dois
complementos, o objeto direto (que designa aquilo que se pede) e o objeto indireto (que designa o
destinatário da ação), que, na construção acima, aparecem "fundidos".
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Para "enxergar" os dois objetos, seria preciso refazer o período: "O técnico do São Paulo vai pedir
aos atacantes que iniciem a marcação do adversário". Note que, agora, o elemento "aos atacantes"
é o objeto indireto do verbo "pedir" (o destinatário da ação de pedir), enquanto a oração
(subordinada substantiva) "que iniciem a marcação do adversário" é o objeto direto (aquilo que
será pedido aos atacantes pelo técnico).
Essa construção não deve ser confundida, por exemplo, com a seguinte: "Pediu para sair da aula
mais cedo", caso em que foi omitida a palavra "licença" ("Pediu licença para sair da aula mais
cedo"), à qual está ligada a preposição "para".
Observe que o autor da frase escolhida empregou a construção "marcação ao adversário", mas o
substantivo derivado de um verbo transitivo direto geralmente rege complemento iniciado por
"de". Assim: marcar o adversário/marcação do adversário; vender a casa/venda da casa; favorecer
alguém/favorecimento de alguém; comprar o carro/compra do carro, etc.
A respeitar a chamada norma culta do idioma, também seria imperfeita a construção seguinte: "De
acordo com a nova lei, hotéis, motéis, pensões, bares, restaurantes e casas noturnas serão
sumariamente fechados se fizerem apologia ou incentivarem o turismo sexual". O problema agora
está no uso de um só complemento ("o turismo sexual") para termos de regência diversa. Faz-se
apologia de alguma coisa. Ora, os estabelecimentos serão fechados "se fizerem apologia do turismo
sexual".
Para refazer o período e evitar a repetição do complemento ("o turismo sexual"), é possível
empregar um pronome que retome a expressão. Assim: "... serão fechados se fizerem apologia do
turismo sexual ou o incentivarem". Outra solução seria, por exemplo, "... serão fechados se fizerem
apologia do turismo sexual ou incentivarem a sua prática".
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Existem verbos que não necessitam de complementos (os verbos intransitivos) e verbos que
exigem complementos (os verbos transitivos).
Alguns nomes exigem igualmente um termo que lhes complete o sentido: complemento
nominal.
A parte da gramática que trata das relações entre os termos da oração, verificando se um
termo pede ou não complemento, chama-se sintaxe de regência.
No primeiro exemplo, o verbo amar exige complemento sem preposição (objeto direto); no
segundo, o verbo gostar exige complemento com a preposição de (objeto indireto); no terceiro, o
nome amor exige complemento com a preposição a (complemento nominal).
A sintaxe de regência vai estudar a relação entre um termo e seu complemento, procurando
verificar se o complemento virá ou não introduzido por preposição. Damos o nome de regente ao
termo que pede o complemento e o nome de regido ao complemento.
Regente Regido
Quando o termo regente for um verbo, dizemos tratar-se de regência verbal. Se o termo
regente for um nome, trata-se de regência nominal.
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1. REGÊNCIA VERBAL
A seguir uma lista de verbos que apresentam problemas com relação à regência. Muitos
desses problemas ocorrem porque o uso popular está em desacordo com a norma culta, ou porque
um verbo pode apresentar mais de uma regência.
1) Intransitivos:
2) Transitivos:
Vi o menino no parque.
VTD OD
Os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, dependendo do verbo, podem exercer a função de
objeto direto ou de objeto indireto.
1 - ASSISTIR
d) INTRANSITIVO (com preposição “em”) seguido de adjunto adverbial de lugar. Neste caso, tem o
sentido de “morar”, “residir”:
2 - PREFERIR
Este verbo repele expressões como MAIS, MUITO MAIS, MIL VEZES, ANTES:
Compare!
A que conclusão se pode chegar? Se não houver pronome, não haverá preposição, e são transitivos
diretos. Se houver pronome, também haverá preposição, e passam a ser transitivos indiretos.
5 - CHAMAR
OBSERVAÇÃO: o objeto direto, neste caso, pode vir regido da preposição “POR”:
6 - VISAR
7 - ASPIRAR
a) TRANSITIVO DIRETO no sentido de “sorver”, “tragar”, “atrair” (o ar) aos pulmões, “pronunciar
guturalmente”:
Aspirei o perfume de seus cabelos.
Observação: nesta acepção, o verbo “aspirar” recusa a forma pronominal LHE(S), só aceitando A
ELE(S), A ELA(S):
Aspiro ao título. Aspiro a ele.
9 - PROCEDER
10 - QUERER
Eu quero o livro.
OU
Moro em Curitiba.
João reside na Rua Riachuelo.
13 - CHEGAR
Pedem a preposição a:
15 - NAMORAR
16 - CHEGAR / IR
17 - CUSTAR
Com o sentido de “ser custoso”, “ser difícil”, virá com a preposição a ou sem ela.
18 - IMPLICAR
19 - SIMPATIZAR
ATENÇÃO: esse verbo não é pronominal. Não se diz “Simpatizei-me com ele”.
2. Regência Nominal
Acessível a,
Acostumado a/com,
Atenção a/para,
Consulta a,
Desacostumado a/com,
Louco por,
Preferência a/ por,
Situado em,
Relativamente a.
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Referências:
ANDRÉ, Hildebrando. Gramática Ilustrada. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 1990.
BECHARA, Evanildo. Lições de Português pela análise sintática. 16ª ed. Rio de Janeiro:
Lucerna.
CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 30 ed. São Paulo:
Nacional, 1998.
KURY, Adriano da Gama. Português Básico. Rio de janeiro: Nova Fronteira, p.150.
LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 42ª ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 2002.