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LÓGICA MATEMÁTICA

autora
DENISE CANDAL REIS FERNANDES

1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial luis claudio dallier, roberto
roberto paes e paola gil de almeida

Autora do original denise candal reis fernandes

Projeto editorial roberto paes

Coordenação de produção paola gil de almeida, paula r. de a. machado e aline


karina rabello

Projeto gráfico paulo vitor bastos

Diagramação bfs media

Revisão linguística bfs media

Revisão de conteúdo jonas da conceição ricardo

Imagem de capa shaiith | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

F363l Fernandes, Denise Candal Reis


Lógica matemática / Denise Candal Reis Fernandes.
Rio de Janeiro: SESE
SESES,
S, 2016.
136 p. : il.

isbn: 978-85-5548-294-6

1. Lógica.
Lógica . 2. Implicaç
Implicação.
ão. 3. Equiv
Equivalência
alência.. 4. Argumentos. 5. Sofisma.
Sofisma .
6. Demonstração. I. SESES. II. Estácio.
cdd 511.3

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 7

1. Fundamentos de Lógica 9
1.1 Problemas de raciocínio lógico 11
1.1.1 O princípio da casa dos pombos 11
1.2 Outros problemas envolvendo
raciocínio lógico 13
1.3 A linguagem da lógica proposicional 22
1.3.1 Linguagem, Sintaxe e Semântica 22
1.3.2 Lógica Proposicional 23
1.4 Proposições 24
1.5 Princípios da lógica matemática 25
1.6 Valor lógico 26
1.7 Tabela verdade 27
1.8 Conectivos 28

2. Análise de Operações Lógicas 35


2.1 Operações lógicas fundamentais. 37
2.1.1 Negação. 37
2.2 Conjunção 38
2.3 Disjunção 39
2.4 Condicional 40
2.5 Bicondicional 42
2.6 Construção de tabela verdade de proposições composta 47
2.7 Tautologias, contradições e contingências: análise lógica por
tabela verdade. 50
2.7.1 Tautologias 50
2.7.2 Contradições 51
2.7.3 Contingências 51
3. Implicações e Equivalências Lógicas 57
3.1 Implicações Lógicas 58
3.1.1 Definição e notação 58
3.1.2 Propriedades da implicação lógica 59
3.1.3 Tautologias e implicação lógica 60
3.1.4 Regras de inferência 63
3.2 Equivalências lógicas 71
3.2.1 Propriedades da equivalência lógica 71
3.2.2 Tautologias e equivalências lógicas 71
3.2.3 Regras de equivalência 72
3.3 Proposições associadas a uma condicional 78
3.4 As negações 81
3.4.1 Negando o “e” (Leis de Morgan) 81
3.4.2 Negando o “ou” (Leis de Morgan) 82
3.4.3 Negando a Condicional. 83
3.4.4 Negando o Bicondicional 84

4. Argumentos 85
4.1 Sentenças 86
4.2 Argumentos 88
4.3 Validade dos argumentos 89
4.4 Sofismas 91
4.5 Argumentos válidos fundamentais 94
4.6 Sentenças abertas, conjunto universo e conjunto verdade 97
4.6.1 Sentença aberta e conjunto universo 97
4.6.2 Conjunto verdade 97
4.7 Quantificadores 100
4.8 Quantificador universal 100
4.8.1 Quantificador existencial 101
4.8.2 Quantificador de existência e unicidade 102
4.9 Negação de proposições com quantificadores 103
4.9.1 Negação de proposição com quantificador universal 103
4.9.2 Negação de proposição com quantificador existencial 104
4.9.3 Negativa de proposições com dois quantificadores 105
4.9.4 Negações de proposições compostas quantificadas 106

5. Técnicas de Demonstrações 111


5.1 Demonstração utilizando tabela verdade 113
5.2 Demonstração direta 116
5.3 Demonstração condicional 121
5.4 Demonstração por absurdo 124
5.5 Anexo. Introdução a álgebra de boole 127
5.5.1 Sistema Binário 127
5.6 Lógica digital 127
5.7 Álgebra de boole 128
5.7.1 O sistema algébrico de boole 128
5.7.2 Os operadores 128
5.8 Portas lógicas 129
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),

Em várias atividades que desempenhamos no dia a dia, é importante de-


senvolvermos a capacidade de aprender conceitos e argumentar, inferindo
certezas sobre a validade de certas afirmações, a partir do reconhecimento da
validade de outras, de modo geral, mais simsimples.
ples. A Lógica Mat
Matemática
emática trata jus-
tamente deste estudo.
O desenvolvimento e aprimoramento da utilização da Lógica e do Raciocínio
Lógico nos possibilita a formação de imagens mentais interessantes sobre as
quais podemos nos apoiar de forma a desenvolvermos a capacidade de reco-
nhecer semelhanças em situações que aparentemente são diferentes, mas que
podemos tratar de modo único e já conhecido. A Lógica nos permite utilizar a
construção de algoritmos de modo a resolver questões de maneira sistemática,
formular conjecturas e verificá-las.
Saber pensar1 desdobra duplo horizonte combinado: de um lado, exige
habilidade metodológica; de outro, habilidade política. Saber pensar é a teo-
ria mais prática que existe, ou a prática mais teórica que existe. Já não cabe
separar pensar de intervir, ainda que as duas atividades tenham sua tessitura
própria. Pensar é atividade tipicamente mental e intervir é atividade eminen-
temente prática, mas ambas se entrelaçam e fazem um todo só2. Há outra face
interessante do saber pensar que é a possível confluência entre epistemologia
e política social. Do ponto de vista epistemológico, saber pensar supõe traquejo
metódico para lidar de maneira adequada com o conhecimento e seu processo
de construção, desconstrução e reconstrução, enquanto, do ponto de vista da
política social, saber pensar é pilastra crucial da cidadania ativa, para saber me-
lhor intervir. Dito de outro modo, saber pensar é o emblema da cidadania inte-
ligente. Relembrando Paulo Freire, saber “ler” a realidade, para a desconstruir
criticamente e para nela intervir alternativame
alternativamente.
nte. (DEMO, 2002)
Começaremos, no capítulo um, propondo e resolvendo problemas intuiti-
vos de Raciocínio Lógico
Lógico e Lógica Matemática,
Matemática, introduz
introduzindo,
indo, então, a n
noção
oção de
proposição e sua relação com as sentenças, conectivos e valor lógico.

1 Pedro Demo em Saber pensar, disponível em http://abeno.org


http://abeno.org.br/ckfinder/us
.br/ckfinder/userfiles/files/revis
erfiles/files/revista-abeno-200
ta-abeno-2005-1.
5-1.
pdf#page=75. Acesso em 02/04/2016.
2 Demo P. Saber pensar. São Paulo: Cortez; 2000.

7
As operações realizadas sobre as proposições são chamadas de opera-
ções lógicas, as quais obedecem às regras de cálculo, o cálculo proposicio-
nal. No ca capítulo
pítulo dois, estudaremos as opeoperações
rações lógicas fundamentais:
Negação, Conjunção, Disjunção Inclusiva, Disjunção Exclusiva, Condicional e
Bicondicional, e suas tabelas-verdade.
No capítulo três, estudaremos as estruturas lógicas - implicações lógicas e
equivalências lógicas. Determinaremos quando podemos dizer que uma pro-
posição implica outra, ou quando uma proposição é equivalente a outra. Ainda,
analisaremos como negar proposições compostas apresentando-as de maneira
mais simplificada, utilizando também a noção de equivalência lógica.
De maneira simplificada, podemos dizer que a Lógica Matemática possui
como objetivo o estudo da validade de argumentos. No capítulo quatro, iden-
tificaremos a estrutura de um argumento, identificando como um argumen-
to válido ou não. Trataremos ainda neste capítulo dos quantificadores e res-
petivas negações, aplicando as relações lógicas já estudadas, em proposições
com quantificadores.
Para demonstramos a validade dos argumentos podemos utilizar algu-
mas técnicas de demonstrações. Até então, utilizamos a tabela verdade para
demonstrar que um argumento é válido. No capítulo cinco, veremos outras
técnicas de demonstrações que nos permitirão demonstrar a validade de argu-
mentos, sem montar a tabela verdade. Além disso, ainda neste capítulo tere-
mos uma introdução a Álgebra de Boole, quando identificaremos o sistema de
numeração binária, associando valores lógicos - verdadeiro e falso - ao zero e
um. Conheceremos também as portas lógicas e as associaremos às operações
com conectivos.

Bons estudos!
1
Fundamentos de
Lógica
1. Fundamentos de Lógica
Podemos dizer que Lógica Matemática é, essencialmente
essencialmente,, o estudo da natureza
do raciocínio e das formas de aumentar ou melhorar sua utilização. Associa-
mos a Lógica Matemática a análise de métodos de raciocínio, a um conjunto de
regras para verificação se um pensamento é verdadeiro ou falso.
f also.
A Lógica está
está interessada, principalmente,
principalmente, na forma em detrimento ao con-
teúdo dos argumentos, estuda conceitos e juízos, e é uma ferramenta
f erramenta poderosa
que nos permite reconhecer contradições e eliminar probabilidades de erro.
De maneira geral, a Lógica Matemática ainda tem por objetivo demonstrar
se um argumento é válido ou mesmo ambíguo, evitando assim o duplo sentido.

E para que se estuda Lógica?


Estudamos Lógica Matemática para aumentar a capacidade de análise crí-
tica dos argumentos utilizados na organização das ideias e dos processos cria-
tivos; melhorar a capacidade de racionalização e organização de ideias, bem
como melhorar a compreensão de conceitos básicos, na verificação formal
de programas, ou ainda para facilitar o entendimento do conteúdo de tópicos
mais avançados.
Raciocinar utilizando regras lógicas é muito importante para disciplinar o
pensamento inferencial, evitando erros, e desenvolvendo a capacidade argu-
mentativa, ajudando a detectar contradições lógicas.
Podemos exercitar, treinar, desenvolver o pensamento lógico pode de modo
a chegarmos a conclusões verdadeiras acerca dos mais variados assuntos.

OBJETIVOS
• Identificar a importância da Lógica matemática
matemát ica e sua contribuição às disciplinas correlatas.
• Resolver problemas intuitivos de Raciocínio Lógico e Lógica Matemática.
• Identificar e representar uma proposição.
• Analisar o valor lógico de proposição simples.

10 •
capítulo 1
1.1 Problemas de raciocínio lógico

1.1.1 O princípio da casa dos pombos

Um tipo de problema bem interessante que envolve Raciocínio Lógico e Lógica


Matemática é um problema clássico: trata-se do Princípio da Casa dos Pombos,
também conhecido por Princípio das Gavetas de Dirichlet.
Johann
Johan n Pete
Peterr Gustav
Gustav Lejeune
Lejeune Dirichlet
Dirichlet,, matemáti
matemático co alem
alemão,
ão, utili
utilizou
zou este
problema, em 1834, com o nome de Schubfachprinzip, que significa justamente
princípio das gavetas.
A ideia
ideia do Princíp
Princípio
io da CCasa
asa do
doss Pom
Pombos
bos é que
que se pens
pensarmos
armos em um pomba
pomball
no qual existam mais pombos que casinhas disponíveis, então algumas casinhas
precisarão alojar pelo menos dois pombos.
Podemos enunciar, de maneira simplificada, o Princípio da Casa dos
Pombos como:
Se precisamos colocar n+1 pombos em n casas, então pelo menos uma casa
deverá conter, pelo menos, dois pombos.
Raciocinando sobre o Princípio das Gavetas, podemos enunciá-lo como:
Se temos n objetos para serem guardados em m gavetas, então pelo menos
uma gaveta deverá conter mais de um objeto.
Pensando em termos mais formal, o princípio pode ser encarado como se o
número de elementos de um conjunto finito A é maior do que o número de ele-
mentos de um outro conjunto B, então uma função de A em B não pode ser uma
função injetora.
Ainda
Ain da que se pense
pense ser um fat
fatoo bem ele
elemen
mentar
tar,, est
estee pri
princí
ncípio
pio é mui
muito
to útil
útil qua
quan-
n-
do resolvemos problemas não tão imediatos, basta, no problema, na situação pro-
posta, identificarmos quem faz o papel dos objetos e quem faz o papel das gavetas.

SUGESTÃO DE OBJETO EDUCACIONAL: Princípio da Casa dos Pombos.


http://objetoseducacionais2.mec.gov.
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/17106
br/handle/mec/17106

Descrição do Objeto Educacional:


Tipo do recurso: Animação/sim
Animação/simulação
ulação
Objetivo: Apresentar aos alunos o Princípio da Casa dos Pombos na versão
simples e generalizada; Apresentar uma variedade não trivial de aplicações des-
se princípio em contextos diversificados

capítulo 1 • 11
Descrição do recurso: Neste software apresentamos o Princípio da Casa dos
Pombos e sugerimos três atividades com aplicações variadas: uma aplicação
geométrica, uma aplicação combinatória e outra em contexto de Teoria de
Números elementar

EXEMPLO
1. Em uma sala há um grupo de pessoas reunidas. Quantas pessoas devemos ter, no
mínimo, nesta sala, de modo a que possamos garantir que duas delas tenham nascido
na scido em um
mesmo mês?
Resolução:
Pensando no “pior dos mundos” cada pessoa pode fazer aniversário em um mês diferen-
te. Com esta ideia, associamos então cada pessoa ao seu mês de nascimento.
Utilizando o Princípio das Casas de Pombos, uma vez que temos 12 casas precisaremos
ter 13 pessoas, pois esta 13a pessoa fará aniversário em um dos meses já contemplados.

2. Em uma caixa, há 7 lenços brancos, 9 cinzas e 10 amarelos. Lenços serão retira-


dos, ao acaso, de dentro dessa caixa. Quantos lenços, no mínimo, devem ser retirados ao
acaso, de dentro dessa caixa, para que se possa garantir que, dentre os lenços retirados, haja
um de cada cor?
Resolução:
Pensando na pior das hipóteses, tiraríamos:
10 lenços amarelos
9 lenços cinzas
1 lenço branco
Totalizando: 20 lenços.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Quantas pessoas, no mínimo, devemos ter em um grupo para que possamos garantir a
existência de, pelo menos, duas tendo
t endo nomes que começam com a mesma letra?
letra ? (Considere
um alfabeto com 26 letras.)
Resolução:
Pensando no “pior dos mundos” cada pessoa pode ter seu nome começando por cada
uma das 26 letras do alfabeto.

12 •
capítulo 1
Se tivermos mais 1 pessoa, a letra do nome dessa pessoa coincidirá com alguma anterior.
Precisaremos ter então 27 pessoas

02. Temos em uma caixa duas cores de bolas, de forma que 5 são vermelhas e 3 são azuis.
Quantas bolas devemos tirar da caixa para garantirmos que haja duas bolas de cores diferentes?
diferente s?
Resolução:
Pensando no “pior dos mundos”, na “pior das hipóteses”, teremos a garantia do que se pede.
Na pior das hipóteses retiraremos as 5 bolas vermelhas e só então, na sexta bola retira-
da, conseguiremos retirar a bola azul.
Assim, teríamos 6 bolas retiradas.

03. Tenho 16 meias em uma gaveta, sendo 8 meias brancas e 10 meias pretas . Quantas
meias, no mínimo, devem ser retiradas da gaveta, para se ter certeza de obter um par de
meias de cores diferentes?
Resolução:
Pensando no “pior dos mundos”, na “pior das hipóteses”, teremos a garantia do que se pede.
Na pior das hipóteses retiraremos as 10 meias pretas. Repare que ainda não temos um
par de meias de cores diferentes. A 11a meia será branca, e dessa forma, teremos um par de
meias de cores diferentes.

1.2 Outros problemas envolvendo


raciocínio lógico

1. Uma lagarta sobe em uma árvore. Todos os dias sobe 7 metros, porém,
à noite, escorrega e desce 5 metros. Ao anoitecer do 15º dia, a subida tem fim.
Qual a altura dessa árvore?
Resolução:
5m 5m
7m 7m 7m
Subiu 2 m
Subiu mais 2 m
Dia 1 Noite 1 2m 2m

Dia 2 Noite 2
Figura 1.1 –

capítulo 1 • 13
Observe que, no primeiro dia, durante o dia, a lagarta sobe 7 metros. A noite,
ela desce 5 metros. Dessa forma, no início do segundo dia, terá subido, na rea-
lidade, 2 metros somente.
Continuando com este raciocínio, em 14 dias (dias e noites) a lagarta sobe
14 x 2 = 28 m.
No 15o dia, pela manhã, sobe mais 7.
Assim, a árvore tem 28 + 7 = 35 m

2.Três irmãs - Ana, Maria e Cláudia - foram a uma festa com vestidos de
cores diferentes. Uma vestiu azul, a outra vestiu branco, e a terceira, preto.
Chegando à festa, o anfitrião perguntou quem eram.
A de azul respondeu: “Ana
• “Ana é a que está de branc
branco”;
o”;
A de branco disse: “Eu sou Maria”;
• Maria”;
A de preto respondeu: “Cláudia
• “Cláudia é quem está de bran
branco”.
co”.
O anfitrião sabia que Ana sempre diz a verdade. Ele foi capaz de identificar
quem era cada irmã.
As cores dos vestidos de Ana,
Ana, Maria e Cláudia era
eram...
m...

Resolução:
Vamos pensar em uma das irmãs e as possibilidades de cores dos vestidos.
Ana pode estar de azul, de branco o de preto. Raciocinaremos sobre cada uma
destas hipóteses.
1a hipótese: Ana está de azul.
Pensando no que cada uma respondeu:
•A de azul respondeu: “Ana é a que está de branco
branco”
•A de branco disse: “Eu sou Maria”

A de preto respondeu: “Cláudia é quem está de branco”.
Mas sabemos que Ana diz sempre a verdade!!!
Esta irmã – a de azul - não pode ser Ana. Neste caso ela responderia: "Ana
está de Azul".
Azul". Portanto: Ana não está de Azul.

2a hipótese: Ana está de branco.


Analisando o que cada uma respondeu:
•A de azul respondeu: "Ana é a que está de branco
branco";
•A de branco disse: "Eu sou Maria";
•A de preto respondeu: "Cláudia é quem está de branco".

14 •
capítulo 1
Ana diz sempre a verdade. Esta irmã - branco
branco - não pode ser Ana. Neste
Neste caso
ela responderia: "Eu sou Ana".
Portanto: Ana não está de branco. Logo: Ana está de Preto.

Assim, chegamos a conclusão que Ana veste preto e, como Ana sempre diz
a verdade.
A que veste preto, ou seja, Ana, a que diz a verdade respondeu: " Cláudia é
quem está de branco".
Dessa forma, Cláudia está de branco e Maria está de azul.

3. Você está numa cela onde existem duas portas, cada uma vigiada por
um guarda. Existe uma porta que dá para a liberdade, e outra para a morte. Você
está livre para escolher a porta que quiser e por ela sair. Poderá fazer apenas
uma pergunta a um dos dois guardas que vigiam as portas. Um dos guardas
sempre fala a verdade, e o outro sempre mente e você não sabe quem é o menti-
roso e quem fala a verdade. Que pergunta você faria?

Resolução:
Pergunte a qualquer um deles:
Qual a porta que o seu companheiro apontaria como sendo a porta
da liberdade?
Ora, o mentiroso apontaria a porta da morte como sendo a porta que o seu
companheiro (o sincero) diria que é a porta da liberdade.
O sincero, sabendo que seu companheiro sempre mente, diria que ele apon-
taria a porta da morte como sendo a porta da liberdade.

REFLEXÃO
Júlio César de Melo e Sousa (1895-1974), brasileiro, professor, pedagogo, matemático e
escritor, mais conhecido pelo seu pseudônimo, Malba Tahan, escreveu o clássico da literatura
O Homem que Calculava , premiado inclusive pela Academia Brasileira de Letras. Júlio César
de Melo e Sousa, considerado pioneiro da divugação da educação matemática no país, pro-
cura colocar a matemática de forma lúdica, interessante e divertida.

capítulo 1 • 15
LEITURA
O Homem que Calculava
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/o-homem-que-
calculava.html

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Figura 1.2 –

Neste livro, Julio Cesar conta a história de Beremiz, um jovem árabe que viaja para Badgá
com Hank Tade-Maiá, bagdali -natural de Bagdá. Beremiz, muito habilidoso em matemática,
vai resolvendo vários problemas surgidos de situações ao longo da viagem.
Um exemplo de situação resolvida no livro, é a do problema dos camelos. Vamos a ela:
“ Poucas horas havia que viajávamos sem interrupção, quando
q uando nos ocorreu uma aventura
digna de registro, na qual meu companheiro Beremiz, com grande talento, pôs em prática as
suas habilidades de exímio algebrista.
Encontramos, perto de um antigo caravançará meio abandonado, três
trê s homens que discu-
tiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios gritavam
possessos, furiosos:
- Não pode ser!
- Isto é um roubo!
- Não aceito!
O inteligente Beremiz procurou informa-se do que se tratava.
- Somos irmãos – esclareceu o mais velho – e recebemos, como herança, esses 35
camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo receber a metade, o meu irmão Ha-
med Namir uma terça parte e ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não

16 •
capítulo 1
sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos e a cada partilha proposta segue-se
a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio. Como fazer a partilha se a terça
parte e a nona parte de 35 também não são exatas?
- É muito simples – atalhou o Homem que calculava. – Encarrego-me de fazer, com jus-
tiça, essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal
que, em boa hora, aqui nos trouxe!
Neste ponto, procurei intervir na questão:
- Não posso consentir em semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viagem se
ficássemos sem o camelo?
- Não se preocupes com o resultado, ó Bagdá!! – replicou-me em voz baixa Beremiz. –
Sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás no fim a que conclusão
quero chegar.
Tal foi o tom de segurança com qque
ue ele falou, que não tive dúvida em entregar-lhe o meu
belo jamal, que, imediatamente, foi reunido aos 35 ali presentes, para serem repartidos pelos
três herdeiros.
- Vou, meus amigos- disse ele, dirigindo-se aos três irmãos – fazer a divisão justa e exata
dos camelos que são agora, como vêem, em número de 36.
E, voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:
- Deverias receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade
de 36 e, portanto, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saístes lucrando com esta
divisão!
E, dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:
- E tu, Hamed Namir, deverás receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber
um terço de 36, isto é 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na
transação.
E disse, por fim, ao moço:
- E tu, jovem, Hamir Namir, segundo a vontade de teu pai, deverias receber uma nona
parte de 35. Isto é, 3 e tanto. Vais receber uma nona parte de 36, isto é, 4. O teu lucro é
igualmente notável. Só tens a agradecer-me pelo resultado!
E concluiu com a maior segurança e serenidade:
- Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos Namir – partilha em que todos os três
saíram lucrando – couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que
dá o resultado (18+12+4) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobraram, portanto dois. Um
pertence ao amigo e companheiro, outro toca a mim, por ter resolvido, a contento de todos, o
complicado problema da herança!

capítulo 1 • 17
- Sois inteligente, ó Estrangeiro! – exclamou o mais velho dos três irmãos – Acertamos
nossa partilha na certeza de que foi feita justiça e equidade!
E o astucioso Beremiz – o Homem que Calculava – tomou logo posse de um dos mais
belos “jamales” do grupo e disse-me entregando-me pela rédea o animal que me pertencia:
- Poderás agora, meu amigo, continuara viagem no teu camelo manso e seguro! Tenho
outro especialmente para mim!
E continuamos nossa jornada para Bagdá.”

Assim, temos o seguinte problema:


Beremis Samir, o Homem que Calculava, e seu companheiro viajam num camelo pelo
deserto.
Brigam 3 irmãos por uma herança deixada pelo pai que morrera.
Eram 35 camelos.
O velho destinara
1/2 para o mais velho,
1/3 para o do meio e
1/9 para o mais novo.

Solução:
Dar o camelo em que montavam.
Total: 36 camelos.
Para o irmão mais velho 36/2 = 18
Para o irmão do meio, 36/3 = 12
Para o irmão caçula, 36/9 = 4
A Soma dos camelos dos irmãos é então:
18 + 12 + 4 = 34
E Beremis Samir, O Homem que Calculava, ganhou 1 camelo.

CONEXÃO
Texto do problema, com comentários, em:
http://www.uesb.br/mat/semat/seemat_arquivos/docs/mc4.pdf

18 •
capítulo 1
CURIOSIDADE
Personagens Importantes na Lógica:
Aristóteles, o Pai da Lógica Formal.
Aristóteles (século IV a.C. 384 - 322 a.C.), um dos maiores pensadores de todos os tempos,
foi um filósofo grego, pode ser considerado o pai do pensamento lógico, o fundador da Ló-
gica Formal.
Segundo Aristóteles, que foi aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, a
Lógica era um instrumento para todas as ciências, e ainda defendia que, partindo de conhe-
cimentos considerados verdadeiros, podemos obter novos conhecimentos. Este pioneiro da
Lógica Formal formulou regras de encadeamento de raciocínios que, a partir de premissas
verdadeiras, chegava-se a conclusões verdadeiras.

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Figura 1.3 –

Alexandre de Afrodísia reunião e publicou, no século II da era cristã, as obras de Aristó-


teles sob o nome de Organun, que significa "ferramenta para o correto pensar". Esta obra
estabeleceu princípios tão sólidos e robustos que são considerados válidos até hoje.
Já no século XIX, alguns filósifos e matemáticos eles perceberam que
qu e somente a Lógica
Fomal não era suficiente para se trabalhar no rigor matemático, uma vez que ela utilizava a
linguagem natural e esta poderia ser imprecisa e vulnerável a ambiguidades.

Boole e a Álgebra Booleana


George Boole (1815-1864) foi um matemático inglês que criou uma álgebra da lógica,
realizando uma analogia entre formas lógicas e símbolos algébricos. Boole publicou em
1854 este estudo em “An Investigation
Investi gation of the Laws
L aws of Thought
Thoug ht on Which to Found the Ma-
thematical Theories of Logic and Probabilities”. Este trabalho originou a Álgebra Booleana,

capítulo 1 • 19
a qual possui aplicações em construção de computadores, circuitos e sistemas de comu-
nicação. Observe que este estudo foi publicado quase um século antes dos computadores
digitais serem inventados.
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R
.O
IA
D
E
IM
IK
W
©

Figura 1.4 –

Figura 1.5 –

Leibniz e a Língua Racional


Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716) foi um matemático e filósofo alemão, que
acreditando na propensão da linguagem comum à ambiguidades e imprecisões, desenvol-
veu uma linguagem artificial, uma língua racional. Tratava-se de uma espécie de cálculo
universal para o raciocínio, na qual as estruturas do cálculo, leis sintáticas lógicas, substi-
tuíam as estruturas do pensamento.
©
W
IK
IM
E
D
IA
.O
R
G

Figura 1.6 –

20 •
capítulo 1
Leibniz construiu uma linguagem universal baseada em um alfabeto do pensamento
(characteristica universalis), utilizando procedimentos análogos aos procedimentos matemá-
ticos. Aos 20 anos, em 1666, o matemático alemão esboçou então um método para reduzir
pensamentos de qualquer tipo e assunto, a enunciados de perfeita exatidão: De Arte Combi-
natória (Sobre a Arte das Combinações).

De Morgan e suas Leis ©


W
IK
Augustus De Morgan (1806-1871) foi um matemático nascido IM
E
D
IA

em Madura, Índia, que contribuiu significativamente com o desenvol- O


G
.
R

vimento da moderna simbólica. Augustus, que perdeu a visão do olho


direito logo após o nascimento, introduziu as importantes leis de De
Morgan e reformulou a Lógica Matemática.
Figura 1.7 –

Frege e a Filosofia-Lógica
Gottlob Frege (1848-1925) foi um matemático e lógico alemão
que trabalhou na área da lógica com a filosofia da lógica matemática
G
e com a lógica da filosofia, enfim, na fronteira entre a Filosofia e a
R
O.
A
I
D
E
Lógica Matemática.
IM
K
I
W
©

Figura 1.8 –

Bertrand Russell, um Lógico na Educação


Bertrand Arthur William Russell (1872-1970), filósofo e
matemático foi um dos mais importantes lógicos do século 20,
contribuindo de forma inovadora para os fundamentos da ma-
temática e para o desenvolvimento da logica forma e filosofia.
Além de descobrir o paradoxo que leva seu nome Parado-
Pa rado-
xo de Russell, Bertrand Russell defendia o logicismo, a visão
de que a matemática é, em algum sentido significativo, redu-
tível à lógica formal.
A defesa do logicismo de Russel, em seus livros Princi-
ples e Principia Mathematica , baseava-se em duas teses. A
primeira é que todas as verdades matemáticas podem ser tra-
duzidas em verdades lógicas. A segunda é de que todas as Figura 1.9 –
provas matemáticas podem ser reformuladas como provas lógicas.

capítulo 1 • 21
Como um dos fundadores da "filosofia analítica", Russell, além de usar a lógica para
esclarecer questões nos fundamentos da matemática, utilizava a lógica para esclarecer ques-
tões de filosofia.
Em 1950, Bertrand Russell recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, "em reconhecimento
de seus variados e importantes escritos nos quais advoga ideais humanitários e a liberdade
de pensamento".

LEITURA
Bertrand Russell - Um lógico na Educação
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/bertrand-russell-logico-educacao-423329.shtml

Autores vida e obra: Bertrand Russel.


http://www.lpm.com.br/site/default.asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&Sub-
secaoID=0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=506200

MULTIMÍDIA
Sugestão de vídeo:
“Ser ou não ser” - Aristoteles e a Lógica - Viviane Mosé - Globo - Fantástico
disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=qd3OicLy0iM>.
<http://www.youtube.com/watch?v=qd3OicLy0iM>.

1.3 A linguagem
linguagem da lógica proposicional
proposicional
1.3.1 Linguagem, Sintaxe e Semântica

Linguagem é um sistema de símbolos, sinais ou mesmo objetos instituídos


como signos, como um código. Dependendo da forma como estes símbolos são
dispostos em sequência, apresentam significados distintos.
A linguagem escrita possui um conjunto de símbolos - as letras do alfabe-
to, os sinais de pontuação, os acentos gráficos etc. Além desse conjunto de

22 •
capítulo 1
símbolos, a linguagem escrita possui também regras para juntar esses símbo-
los formando palavras e regras para juntar as palavras para formar frases.
A este conjunto
conjunto de sím
símbolos
bolos e as regras de form
formação
ação de pal
palavras
avras a part
partir
ir dos
símbolos chamamos de Sintaxe.
No entanto, observamos que nem sempre quando agrupamos as letras, te-
mos uma palavra existente, ou seja, nem sempre este agrupamento de letras
possui significado.
Assim, além da Sintaxe, temos outro elemento essencial a ser levado em
consideração na linguagem: o significado, a interpretação, a Semântica.
É importante que se perceba então a existência de uma significativa liga-
ção entre a Semântica de determinada língua, a linguagem corrente e a Lógica
Matemática. A Semântica trata da análise das sentenças, da relação dos elemen-
tos de uma língua e seus significados, tendo por objetivo escrever ou mesmo tra-
duzir as sentenças da língua natural em uma forma lógica. Interessante perceber
que podemos comparar os constituintes sintáticos e os componentes da lógica. A
construção do significado nas línguas naturais está ligada intimamente à sintaxe
e as estruturas lógicas das sentenças. A estruturação das sentenças pode modifi-
car o seu sentido. Sabemos que quando estamos considerando o significado de
uma sentença não podemos simplesmente considerar o somatório dos signifi-
cados das palavras que a compõem, mas sim, precisamos observar as estruturas
sintáticas e lógicas para que haja uma interpretação correta da sentença.
Trataremos agora da estrutura, equivalente às sentenças da Gramática, da
Lógica Matemática - as proposições.

1.3.2 Lógica Proposicional

O alfabeto de uma linguagem é o conjunto dos símbolos que compõe a


linguagem.
Quando acrescentamos uma linguagem simbólica à Lógica Formal
Aristotélica, temos
temos a Lógica Proposicional, obte
obtendo
ndo maior precisão.
O alfabeto da lógica proposicional é constituído pelos símbolos: as propo-
sições simples (atômicas), os conectivos lógicos e os delimitadores (os parênte-
ses que servem para que as ambiguidades sejam evitadas) .

capítulo 1 • 23
1.4 Proposições

Proposição (ou fórmula) é todo conjunto de palavras ou símbolos que expres-


sam um pensamento de sentido completo.
As proposições podem ser classificadas em proposições simples ou
compostas.

Proposição simples ou proposição atômica é aquela que não contém outra


proposição como parte de si mesma, são os elementos indivisíveis da Lógica.

Notação: De maneira geral, representamos as proposições simples por le-


tras latinas minúsculas ( p,q,r,s,...)
Eventualmente, quando precisamos analisar muitas proposições simples,
utilizamos a letra p indexada por um número natural: p0, p1, p2, ...

EXEMPLO
p: Maria é insuportável.
q: Vamos ao cinema hoje.
r: Faremos as tarefas de casa.
s: Chove muito.

Proposição composta ou proposição molecular é aquela formada pela com-


binação de duas ou mais proposições simples.

Notação: De maneira geral, representamos as proposições compostas por


letras latinas maiúsculas (P,Q,R,S,...)

EXEMPLO
R: Maria é insuportável e Pedro é irritante.
S: Maria é insuportável ou Pedro é irritante.
T: Se Maria é insuportável, então Pedro é irritante.
V: Maria é insuportável se e somente se Pedro é irritante.

24 •
capítulo 1
1.5 Princípios da lógica
lógica matemática
matemática

COMENTÁRIO
De acordo com o dicionário Aurélio (http://dicionariodoaurelio.com/principio), o vocábulo
PRINCÍPIO significa origem, base de uma ciência ou de uma teoria.

Significado de Princípio
1. O primeiro impulso dado a uma coisa.
2. Ato de principiar uma coisa.
3. Origem.
4. Causa primária.
5. O que constitui a matéria.
6. O que entra na composição de algo.
7. Opinião.
8. Frase que exprime uma conduta ou um tipo de comportamento.
9. Aquilo que regula o comportamento ou a ação de alguém; preceito moral.
10. Frase ou raciocínio que é base de uma arte, de uma ciência ou de uma teoria.
11. O princípio da vida, as primeiras épocas da vida.
12. Antecedentes.
13. Educação, instrução.
14. Opiniões, convicções.
15. Regras ou conhecimentos fundamentais e mais gerais.
16. a princípio: no começo, no primeiro tempo.

A lógica clássica estabelece dois princípios fundamentais: o Princípio da


Não Contradição e o Princípio do Terceiro Excluído.
O Princípio da Não Contradição estabelece que uma proposição não pode
ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
Podemos ainda interpretar o Princípio da Não Contradição como: conside-
rando duas proposições uma sendo a negação da outra, uma delas é falsa, ou
seja, uma sentença e sua negação não podem ser ambas verdadeiras.

capítulo 1 • 25
O Princípio do Terceiro Excluído estabelece que toda proposição deve ser ver-
dadeira ou falsa, isto é, verifica-se sempre um destes casos e nunca um terceiro.
Podemos ainda interpretar o Princípio do Terceiro Excluído como: conside-
rando duas proposições contraditórias, uma delas é verdadeira, ou ainda, ou a
própria proposição dada é verdadeira ou sua negação.
Por causa destes princípios, a lógica clássica é dita bivalente, já que as pro-
posições simples são verdadeiras ou falsas. A opção verdadeira exclui a opção
falsa, e vice-versa
Reparem que até então estávamos tratando da parte “sintática” da Lógica
Proposicional. A partir do momento em que necessitamos
necessitamos se uma proposição é
verdadeira ou falsa, esta
esta valoração diz respeito a p
parte
arte da “semântica
“semântica”.”.
Quando analisamos determinação de “verdadeiro” ou “falso”, chamamos
de valor verdade ou valor lógico das proposições.

1.6 Valor lógico

Valor lógico de uma proposição é a verdade (V) se a proposição é verdadeira e a


falsidade (F) se a proposição é falsa.
Observando os Princípios da Lógica Matemática podemos afirmar que:
Toda proposição tem um, e um só, dos valores V ou F.

EXEMPLO
p: Brasília é a capital do Brasil.
V(p) = V
q: O quadrado do número 3 é igual a 9.
V(q) = F

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Determine o valor lógico das proposições simples:
(a) p: 2 é um número primo.
V(p) = V.
Justificativa: O número 2 é o único número par que é primo.

26 •
capítulo 1
(b) q: 2 é um número racional.
V(q) = F.
Justificativa: 2 é um decimal infinito não periódico, logo, é irracional.

(c) r: π = 3,1415...
V(r) = V.
Justificativa: 3,1415 é o valor de π com 4 casas decimais realmente.

(d) s: x é um número par.


V(s) = nada podemos afirmar.
Justificativa: s não é uma proposição fechada,
fechada, isto é, um pensame
pensamento
nto fecha-
do de sentido completo.

(e) t: Paris é a capital da Inglaterra.


V(t) = F.
Justificativa: A capital
capital da Inglaterra é Londres.

1.7 Tabela verdade

Tabela verdade é um método mecânico, um dispositivo prático que utilizamos


para determinar o valor lógico de uma proposição composta, a partir unica-
mente dos valores lógicos das proposições simples componentes. O processo
de construção da Tabela verdade consiste em construirmos e analisarmos to-
das as possibilidades de ocorrência dos valores lógicos das proposições sim-
ples componentes e suas combinações.
Veremos agora as possibilidades de proposições compostas, com 1 e 2 pro-
posições simples componentes.

Proposição Simples

p
V
F

capítulo 1 • 27
Proposição composta com 2 proposições simples
Quando temos duas proposições simples, podemos ter:
•as duas proposições sendo verdadeiras,
•a primeira proposição sendo verdadeira e a segunda falsa,
•a primeira proposição sendo falsa e a segunda verdadeira,
•as duas proposições sendo falsas.
p q
V V
V F
F V
F F

Proposições compostas com 3 proposições simples.


Quando temos três proposições simples, podemos ter:
•todas as três proposições sendo verdadeiras,
•duas proposições sendo verdadeiras e uma falsa,
•uma proposição sendo verdadeira e duas falsas,
•todas as proposições sendo falsas.
p q r
V V V
V V F
V F V
F V V
F F V
F V F
V F F
F F F

1.8 Conectivos
Quando estudamos aritmética e álgebra efetuamos operações (adição, subtra-
ção, multiplicação, divisão) com seus elementos – os números.
Podemos pensar de maneira análoga, em Lógica, ou seja, podemos efetuar
operações com os seus elementos básicos - as proposições.
O Cálculo Proposicional consiste em estudar as operações sobre as proposi-
ções, utilizando os conectivos, que são os símbolos análogos aos da aritmética
e álgebra: soma (+), subtração (-), multiplicação (x) e divisão (/).

28 •
capítulo 1
Podemos criar proposições compostas novas a partir de outras proposições,
através de operações ditas operações lógicas, com o auxílio de elementos co-
nhecidos como conectivos. Os conectivos e proposições obedecem a regras do
cálculo proposicional.

Os conectivos:
• Negação
Simbolicamente: ~, ¬ , ´
Simbolicamente:
Linguagem Corrente: “Não”, “É falso que”.

EXEMPLO
p: Iremos a praia amanhã.
~p: Não iremos a praia amanhã.

• Conjunção
Simbolicamente: ∧
Linguagem Corrente: “E”, “Mas”, “Além disso”, “Também”.

EXEMPLO
p: Uma jibóia se enrolou em fiação de poste.
q: Uma jibóia foi resgatada por um bombeiro.
p ∧ q : Uma jibóia se enrolou em fiação de poste e foi resgatada por um bombeiro.

• Disjunção
Simbolicamente: ∨
Linguagem Corrente: “Ou”

EXEMPLO
p: Iremos a praia.
q: Almoçaremos no Shopping.
p ∨ q : Iremos a praia ou almoçaremos no shopping.

capítulo 1 • 29
• Condicional
Simbolicamente: →
Linguagem Corrente: “Se...então”, “Implica”, “Logo”.

EXEMPLO
p: O time jogou bem.
q: O time ganhou o campeonato.
p → q : Se o time jogar bem então ganhará o campeonato.

• Bicondicional
Simbolicamente: ↔
Linguagem Corrente: “...Se e somente se...”.

EXEMPLO
p: Fez sol hoje.
q: Vamos a praia.
p ↔ q : Fez sol hoje se e somente se vamos a praia.

1. Sejam as proposições:
p: A inflação registrou alta este mês.
q: O dólar subiu vertiginosamente.
Ficaremos com :
~p: A inflação não registrou alta este mês.
~q: O dólar não subiu vertiginosamente.
p ∧ q: A inflação registrou alta este mês e o dólar subiu vertiginosamente.
p ∨ q: A inflação registrou alta este mês ou o dólar subiu vertiginosamente.
p > q: Se a inflação registrou alta este mês, então o dólar subiu vertiginosamente.
p < > q: A inflação registrou alta este mês se e somente se o dólar subiu
vertiginosamente.

30 •
capítulo 1
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Sejam as proposições:
p: 2 é um número par.
q: 2 é racional.
Determine em linguagem corrente as proposições ~p, ~q, p ∧ q, p ∨ q, p → q, p ↔ q .

Ficaremos com:
~p: 2 não é um número par.
~q: 2 não é um racional.
p ∧ q: 2 é um número par e 2 é racional.
p ∨ q: 2 é um número par ou 2 é racional.
p → q: Se 2 é um número par então 2 é racional.
p ↔ q: 2 é um número par se e somente se 2 é racional.

02. Sejam as proposições:


p: A produção da indústria subiu 0,4% em janeiro.
q: Em relação a janeiro de 2015, a atividade fabril caiu 13,8%.
Determine em linguagem corrente as proposições ~p, ~q, p ∧ q, p ∨ ~q, ~p → q, p ↔ q

Ficaremos com:
~p: A produção da indústria não subiu 0,4% em janeiro
~q: Em relação a janeiro de 2015, a atividade fabril não caiu 13,8%.
p ^ q : A produção da indústria subiu 0,4% em janeiro e, em relação a janeiro de 2015,
a atividade fabril caiu 13,8%.
pv ~ q: A produção da indústria subiu 0,4% em janeiro ou, em relação a janeiro de
2015, a atividade fabril não caiu 13,8%.
~p → q: Se a produção da indústria não subiu 0,4% em janeiro, então em relação a
janeiro de 2015, a atividade fabril caiu 13,8%.
p ↔ q: a produção da indústria subiu 0,4% em janeiro se e somente se, em relação a
janeiro de 2015, a atividade fabril caiu 13,8%.

capítulo 1 • 31
COMENTÁRIO
Pensando em termos de quantidade mínima de proposições que são necessárias para a utiliza-
ção dos conectivos, temos um conectivo unário (~) e quatro conectivos binários (∨, ∧, →, ↔).
Dizemos que os conectivos são unários quando só necessitam de uma proposição: ~p.
Os conectivos são ditos binários quando necessitam de duas proposições para serem
utilizados: p v q, p ∧ q, p → q, p ↔ q.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Transcreva em linguagem simbólica lógica as proposições escritas abaixo em lingua-
gem corrente:
a) Sábado fará sol e domingo choverá.
Resolução:
p: Sábado fará sol.
q: Domingo choverá.
Linguagem Corrente: Sábado fará sol e domingo choverá.
Linguagem Lógica: p ∧ q

b) Dois é um número ímpar ou um número primo.


Resolução:
p: Dois é um número ímpar.
q: Dois é um número primo.
Linguagem Corrente: Dois é um número ímpar ou um número primo.
Linguagem Lógica: p v q

Observe que, neste momento, não estamos preocupados com o valor verdade das
proposições.

c) Se você for ao shopping, então achará o presente que procura.


Resolução:
p: Você vai ao shopping.
q: Você achará o presente que procura.
Linguagem Corrente: Se você for ao shopping, então achará o presente que procura.
Linguagem Lógica: p → q

32 •
capítulo 1
02. Dadas as proposições p: “O vocalista da banda canta bem” e q: ““A
A banda faz muito su-
cesso” traduza para a linguagem corrente as proposições:
a) ~p ∧ q
b) p ∧~q
c) p∨~q
d) ~p → q
e) p∧~q → p
Resolução:
a) ~p∧q: O vocalista da banda não canta bem e a banda faz muito sucesso.
b) p∧~q: O vocalista da banda canta bem e a banda não faz muito sucesso.
c) p∨~q : O vocalista da banda canta bem ou a banda não faz muito sucesso.
d) ~p→q: Se o vocalista da banda não canta bem então a banda faz muito sucesso.
e) p∧~q→p: O vocalista da banda canta bem ou a banda não faz muito sucesso, então o
vocalista da banda canta bem.

RESUMO
O que vimos neste capítulo?
Neste capítulo 1, identificamos a importância da Lógica matemática e sua contribuição às
disciplinas correlatas e resolvemos problemas intuitivos de Raciocínio Lógico e Lógica Mate-
mática. Além disso, identificar e representamos uma proposição e analisar o valor lógico de
proposição simples.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação a lógica matemática. 18. ed. São Paulo: Nobel, 2002.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. v. I. São Paulo:
Brasiliense, 1994.
MACHADO, Nílson José. Lógica? É Lógico! São Paulo: Scipione, 2000.
O´CONNOR, J.J; ROBERTSON,
ROBERTSON, E. F.
F. MacTutor
MacTutor History of Mathematics archive. Disponível em: <http://
www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/index.html>.
uk/index.html>. Acesso: 05 mar. 2016.
ANDRADE, Alexsandra Oliveira Andrade. I Semana de Educação Matemática da Uesb. Mini-Curso:
Histórias da Matemática. Disponível em: <http://www.uesb.br/mat/semat/seemat_arquivos/docs/
mc4.pdf. Acesso: 05 mar. 2016.

capítulo 1 • 33
Dicionário Aurélio Online. Disponível em: <http://dicionariodoaurelio.com>. Acesso: 05 mar. 2016.
Enciclopedia Britanica. Disponível em: <http://global.britannica.com/biography>. Acesso: 05 mar.
2016.
FERRARI, Marcio. Nova Escola. Bertrand - Russell um Lógico na Educação. Disponível em:
<http://revistaescola.abril.com.br/formacao/bertrand-russell-logico-educacao-423329.shtml>.
Acesso: 05 mar. 2016.
LPM Editores. Vida e Obra – Bertrand Russel. Disponível em: <http://www.lpm.com.br/site/default.
<http://www.lpm.com.br/site/default.
asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&
asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&TTemplate=../livros/layout_autor.
asp&AutorID=506200>. Acesso: 05 mar. 2016.
MEC. Banco Nacional de Objetos Educacionais. Casas, Pombos e Matemática. Disponível em: <http://
objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/17106>. Acesso: 05 mar. 2016.

34 •
capítulo 1
2
Análise de
Operações Lógicas
2. Análise de Operações Lógicas
O alfabeto da lógica proposicional é constituído pelos símbolos: as proposições
simples (atômicas), os conectivos lógicos e os delimitadores. No capítulo ante-
rior, tratamos das proposições e conhecemos os conectivos lógicos.
As operações realizadas sobre as proposições são chamadas de opera-
ções lógicas, as quais obedecem às regras de cálculo, o cálculo proposicional.
Conforme vimos anteriormente, podemos criar novas proposições a partir de
outras proposições, utilizando os conectivos, utilizando as operações lógicas.
Cada conectivo indica uma operação lógica diferente.
Estudaremos agora as operações lógicas fundamentais: Negação, Conjunção,
Disjunção Inclusiva, Disjunção Exclusiva, Condicional e Bicondicional, e suas
tabelas-verdade.

REFLEXÃO
Quando comparamos os constituintes sintáticos da linguagem corrente de uma língua e os
componentes da lógica matemática, percebemos que o significado das línguas está ligado à
sintaxe e as estruturas lógicas das sentenças.
Podemos dizer que as proposições equivalem às orações e, assim, possuem sujeito e
predicado. As proposições nunca são orações exclamativas, interrogativas ou imperativas,
mas sim orações declarativas.

OBJETIVOS
• Analisar o valor lógico de proposição composta
• Construir a tabela verdade de uma proposição.
• Interpretar os possíveis valores de uma tabela verdade;
• Identificar uma Tautologia;
• Identificar uma Contradição;
• Identificar uma Contingência.

36 •
capítulo 2
2.1 Operações lógicas fundamentais.

2.1.1 Negação.

A negação de uma proposição p é a proposição representada por ~p. O valor


lógico da proposição ~p é oposto ao da proposição p, ou seja, quando o valor
lógico da proposição p for verdadeiro, temos que o valor lógico da proposição
~p será falso, e vice versa.
Em símbolos:
símbolos: ~p; ¬p, p´.
Em linguagem corrente:
corrente: utilizamos o advérbio não, não é o caso
c aso que, é falso que.

Tabela verdade da negação:


negação:

p ∼p
V F
F V

EXEMPLO
Considere a proposição p: O Tribunal Regional Eleitoral cassou o mandato do deputado.
Teremos então:
~p: O Tribunal Regional Eleitoral não cassou o mandato do deputado.
~p: É falso que o Tribunal Regional Eleitoral tenha cassado o mandato do deputado.
~p: Não é verdade que o Tribunal Regional Eleitoral tenha cassado o mandato
do deputado.

ATENÇÃO
Quando negamos a negação da proposição p, obtemos a própria proposição p:
Em símbolos: ~(~p) significa p

capítulo 2 • 37
EXEMPLO
p: O avião caiu.
~p: O avião não caiu.
~(~p): Não é o caso que o avião não caiu.
~(~p): O avião caiu.

2.2 Conjunção

A conjunção de duas proposições p e q é a proposição representada por p∧q. A


conjunção será verdadeira quando ambas as proposições forem verdadeiras.
Se uma das proposições ou ambas forem falsas, então a conjunção será falsa
também.
Em símbolos:
símbolos: p ∧ q ; p•q.
Em linguagem corrente:
corrente: e

ATENÇÃO
O conectivo “e” possui a ideia de eventos simultâneos.

EXEMPLO
p: O zagueiro do time de várzea é inexperiente.
q: O zagueiro do time de várzea está contundido.
p ∧ q: O zagueiro do time de várzea é inexperiente e está contundido.

REFLEXÃO
Vamos pensar em uma situação que você promete a uma criança:
- “Vou te levar a praia e vou te levar ao cinema. ”
Repare que você prometeu à criança que a levará à praia e também prometeu que a
levará ao cinema. Na realidade, você se comprometeu a “fazer” as duas coisas.

38 •
capítulo 2
Pois bem, se você a levar à praia e não a levar ao cinema, ela não ficará feliz, pois você
não cumpriu o que havia prometido, lembrando que você prometeu as duas atividades. O
mesmo se dará se você não a levar à praia e somente a levar ao cinema.
Em ambas as situações, você falhou, não terá sido “verdadeiro”, será considerado, então,
“falso”.
O que você prometeu a criança é que cumpririam as duas atividades: levá-la à praia e
levá-la ao cinema. Se ambas as promessas forem cumpridas, aí, sim, você será considerado
como “verdadeiro”.
Tabela
Tabela verdade da conjunção:

p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F

2.3 Disjunção
A disjunção inclusiva ou somente disjunção de duas proposições p e q é a pro-
posição representada por p v q.
q.
A disjunção será verdadeira quando pelo menos uma das proposições for
verdadeira. A disjunção será falsa quando as duas proposições forem falsas.
E símbolos:
símbolos: p v q , p + q (soma lógica)
Em linguagem corrente:
corrente: ou

EXEMPLO
p: Os alunos da turma gostam de matemática.
q: Os alunos da turma detestam português.
p v q: Os alunos da turma gostam de matemática ou detestam de português.
Neste caso, podemos ter alunos que gostam de matemática e também gostam de
português, alunos que detestam português e detestam também matemática, mas tam-
bém existe a possibilidade de ter alunos que gostam de matemática e detestam português
simultaneamente.

capítulo 2 • 39
REFLEXÃO
Vamos pensar em uma outra situação que você promete a uma criança:
- “Vou te levar a praia ou vou te levar ao cinema. ”
Repare que você prometeu à criança que a levará à praia ou que a levará ao cinema. Na
realidade, você se comprometeu a “fazer” pelo menos uma das duas coisas.
Pois bem, se você a levar à praia e não a levar ao cinema, ela ficará feliz, pois você cum-
priu pelo menos uma das atividades que havia prometido. O mesmo se dará se você não a
levar à praia e somente a levar ao cinema.
Em ambas as situações, você cumpriu o prometido, você foi “verdadeiro”.
É claro que se você levar a criança a praia e ao cinema, será melhor ainda para a criança,
será mais “verdadeiro” ainda.
No entanto, se você não levar a criança nem a praia, nem ao cinema, não terá cumprido
o que prometeu, será considerado, então, “falso”.

Tabela
Tabela verdade da disjunção:

p q p∨q
V V V
V F V
F V V
F F F

2.4 Condicional

A condicional de duas proposições p e q é a proposição representada por


p → q. Chamamos a proposição p de hipótese ou antecedente e a proposição q
de tese ou consequente
consequente.. A condicional somente será falsa quando o valor lógico
da hipótese (antecedente) p for verdadeiro e o da tese (consequente) q for falso,
ou seja, a proposição condicional somente será falsa se partirmos de algo ver-
dadeiro e chegarmos a algo falso.
Em símbolos:
símbolos: p → q
Em linguagem corrente:
corrente: se ... então...

40 •
capítulo 2
EXEMPLO
p: Você vai viajar.
q: Eu irei ao teatro.
p → q: Se você for viajar, então irei ao teatro.

ATENÇÃO
Quando p → q , dizemos que: p é suficiente para q e também que q é necessário para p.

REFLEXÃO
Vamos a uma situação diferente de promessa à criança. Você promete a ela que
- “Se fizer sol, então eu te levarei a praia. ”
Se fizer sol e você levar a criança à praia,
praia , você será considerado pela criança
crian ça alguém que
cumpre as suas promessas, alguém “verdadeiro”.
Mas e se fizer sol, e por algum motivo, você não levar a criança à praia? Neste caso, você
será considerado um mentiroso, um “falso”.
E se não fizer sol? Bem, já que você não prometeu nada com relação à não fazer sol, o
que quer que você venha a fazer, levar a criança ou não a praia, ela não poderá lhe taxar de
mentiroso neste caso.

Tabela
Tabela verdade da condicional:

p
V qV p→
Vq
V F F
F V V
F F V

capítulo 2 • 41
2.5 Bicondicional

A bicondicional de duas proposições p e q é a proposição representada por


p ↔ q.
A proposição bicondicional será verdadeira somente quando
quando ambas são ver-
dadeiras, ou ambas são falsas, ou seja, quando as duas proposições componen-
tes tiverem o mesmo valor lógico.
Em símbolos:
símbolos: ↔
Em linguagem corrente:
corrente: p se e somente se q, p equivale a q, p é uma condi-
ção necessária e suficiente para q.

EXEMPLO
p: Você viajará.
q: Eu vou ao teatro.
p ↔ q: Você viajará se e somente se eu for ao teatro.

ATENÇÃO
A proposição bicondicional pode ser considerada como o “se...então...” na ida e na volta,
significa pensar em duas condicionais ocorrendo simultaneamente, a ida e a volta: p → q e
q↔p
p → q : Se você for viajar, então irei ao teatro
q ↔ p : Se eu for ao teatro então você viajou.

Tabela
Tabela verdade da bicondicional.

p q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V

42 •
capítulo 2
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Determine o valor lógico da proposição composta ““A A capital da Argentina é Brasília ou
na Bélgica se fala francês. ”
Resolução:
Podemos considerar p: A capital da Argentina é Brasília” e q: “Na Bélgica se fala francês”.
O valor lógico da proposição p: A capital da Argentina é Brasília” é falso .
O valor lógico da proposição q: “Na Bélgica se fala francês” é verdadeiro.
Como estamos lidando com uma proposição composta com o conectivo “ou”, para que
este seja verdadeiro, basta que uma das proposições seja verdadeira, que é o caso.

02. Determine o valor lógico das proposições compostas, considerando as proposi-


ções simples:
p: 2 < 40/5
q: A capital do Estado do Rio de Janeiro é Recife.
a) V(p ^q)
Resolução:
Observe que a proposição p é verdadeira, enquanto que a proposição q é falsa.
V(p ^q ) = V ^F = F
O “e” será verdadeiro somente quando as duas proposições componentes o forem, o que
não é o nosso caso.

b) V(p v q )
Resolução:
V(p v q ) = V v F = V
O “ou” é verdadeiro quando pelo menos uma das proposições for verdadeira.

c) V(p>q)
Resolução:
V(p→q) = V → F = F
A condicional é falsa somente quando partimos de uma proposição verdadeira e chega-
mos em uma proposição falsa.

capítulo 2 • 43
d) V(p< >q)
Resolução:
V(p↔q) = V ↔ F
O bicondicional é falso quando os valores verdade das proposições componentes fo-
rem diferentes.

e) V(~p)
Resolução:
V(~p)= ~(V)= F

03. Determinar o valor lógico das proposições:


a) Tiradentes era alemão ou morreu enforcado.
Resolução:
Consideremos como p: “Tiradentes era alemão” e q: “Tiradentes morreu enforcado”. Note
que o valor lógico da proposição p é falso e o da proposição q é verdadeiro. Como temos
um “ou”, para que este seja verdadeiro, basta que uma das proposições o seja, que é o caso.

b) A capital do Brasil é Buenos Aires e Pitágoras era Grego.


Resolução:
Consideremos como p: ”A capital do Brasil é Buenos Aires” e q: “Pitágoras era Grego”.
Note que o valor lógico da proposição p é falso e o da proposição q é verdadeiro. Como
temos um “e”, para que este seja verdadeiro, ambas as proposições devem ser, o que não é
o caso.

04. Determinar V(p), ou seja, o valor lógico da proposição simples p, considerando:


a) V(q) = F e V(p ∨ q) = F
Resolução:
Uma vez que, para que o valor do “ou” seja falso, ambas as proposições precisam ser
falsas, como o valor de q já é falso, é necessário que p seja falsa também.

b) V(q) = F e V(p ∨ q) = V
Resolução:
Uma vez que para o valor do “ou” seja verdadeiro, pelo menos uma das proposições deve
ser verdadeira, e como o valor de q já é falso, temos que o valor de p deve ser verdadeira.

44 •
capítulo 2
c) V(q)=V e V(p ∨ q) = V
Resolução:
Uma vez que para o valor do “ou” seja verdadeiro, pelo menos uma das proposições deve
ser verdadeira, e como o valor de q já é verdadeiro, o valor de p pode ser tanto verdadeiro
quanto ser falso.

d) V(q)=F e V(p ∧ q) =F
Resolução:
Temos que para que o valor do “e” seja falso, basta que uma das proposições seja falsa .
Como o valor de q já é falso, o valor de p pode ser falso ou verdadeiro.

e) V(q)=V e V(p ∧ q) =F
Resolução:
Temos que para que o valor do “e” seja falso, basta que uma das proposições seja falsa.
Como o valor de q é verdadeiro, necessariamente precisamos que p seja falso.

f) V(q)=F e V(p ∧ q) = V
Resolução:
Temos que para o valor do “e” ser verdadeiro, precisamos necessariamente que ambas
as proposições sejam verdadeiras. Como o valor lógico de q já é falso, não há como as duas
condições serem satisfeitas de forma simultânea.

g) V(q)=V e V(p ∧ q) = V
Resolução:
Temos que para o valor do “e” ser verdadeiro, precisamos necessariamente que ambas
as proposições sejam verdadeiras. Como o valor lógico de q é verdadeiro, o valor de p deve
ser verdadeiro também.

h) V(q)=F e V(p → q) = F
Resolução:
A condicional será falsa somente quando o antecedente for verdadeiro e o consequen-
te for falso. Isso significa que, como o valor de q já é falso, precisamos ter o valor de p
como verdadeiro.

capítulo 2 • 45
i) V(q)=F e V(p → q) = V
Resolução:
Para que o valor lógico da condicional seja verdadeiro,
verda deiro, como o valor do consequente é falso,
precisamos que p seja falso também, pois se for verdadeiro, o valor da condicional seria falso.

j) V(q)=V e V(p → q) = F
Resolução:
A condicional será falsa somente quando o antecedente for verdadeiro e o consequente
for falso. Como o consequente é verdadeiro, não há como as condições dadas serem satis-
feitas simultaneamente.

k) V(p → q) = F e V(p ∧ q) = F
Resolução:
A condicional será falsa somente quando o antecedente é verdadeiro e o consequente
for falso. Isso significa que temos V(p)=V e V(q)=F. Pensando no “e” entre p e q, este será
falso mesmo, pois o “e” será falso quando pelo menos uma das proposições simples for falsa,
o que é o caso.

l) V(p → q) = V e V(p ∧ q) = F
Resolução:
Para que a condicional seja verdadeira, temos os seguintes casos:
V→V
F→V
F→F
Pensando no fato de que o “e” precisa ser falso, temos que uma das proposições, pelo
menos precisa ser falsa, o que elimina a primeira alternativa (V → V). Dessa forma, diante das
alternativas restantes (F → V e F → F) , precisamos ter V(p)=F

m) V(p → q) = F e V(p ∨ q) = F
Resolução:
A condicional será falsa somente quando o antecedente é verdadeiro e o consequente
for falso. Isso significa que temos V(p)=V e V(q)=F. Observe que o “ou” deve ser falso, o que
significa que ambas as proposições precisam ser falsas, o que não é possível. Este caso não
pode acontecer de forma simultânea.

46 •
capítulo 2
2.6 Construção de
de tabela verdade de proposições
proposições composta

Até então construímos a tabela verdade de proposições simples e aprendemos a


tabela verdade de proposições com os conectivos. Agora construiremos tabelas
mais elaboradas, com várias proposições simples e diversos conectivos juntos.
Na construção da tabela verdade de proposições compostas devemos obser-
var as proposições simples componentes e o conectivo envolvido. Assim, o valor
lógico de uma proposição composta depende unicamente dos valores lógicos
das proposições simples componentes e do conectivo que as une.

EXEMPLO
Vamos considerar a frase em linguagem corrente “Se você for ao cinema amanhã, então,
não iremos a praia ou não jantaremos juntos”. Pede-se transformá-la em linguagem lógica e
construir a sua tabela verdade de modo a que possamos identificar quando esta frase será
verdadeira e quando será falsa.
Resolução:
Precisamos, a princípio, observar as ideias básicas das proposições simples do problema
considerado. Temos:
p: Você irá ao cinema amanhã.
q: Iremos à praia.
r: Almoçaremos juntos.
A frase “Se você for ao cinema amanhã, então, não iremos a praia ou não jantaremos jun-
tos” em linguagem lógica, utilizando as proposições que consideramos ficará: p → (~qv~r).
Para montarmos a tabela verdade, precisamos compor primeiro as proposições simples
em colunas e identificar o valor lógico de cada uma delas.
Precisaremos analisar 7 colunas, uma vez que é necessário determinar o valor lógico de
~q, ~r. ~q v ~r e por fim, p → (~qv~r).
Observe que:
Na quarta coluna temos a negação da segunda coluna (q e ~q).
A quinta coluna é a negação da terceira coluna.
• Na sexta coluna temos o conectivo “e” entre as colunas 4 e 5. O “e” é verdadeiro quando,
pelo menos uma das proposições for verdadeira.
• A sétima coluna é a final, e representa a nossa frase, resultado da condicional e das colu-
nas 1 e 6.

capítulo 2 • 47
• A condicional será falsa somente quando o antecedente for verdadeiro
verda deiro e o consequente for
falso. Do contrário, será verdadeira.

COLUNAS
1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a
p q r ~q ~r ~q ∨~r p → (~q ∨~r)
V V V F F F F
V V F F V V V
V F V V F V V
F V V F F F V
V F F V V V V
F V F F V V V
F F V V F V V
F F F V V V V

Observando a tabela verdade montada, a frase será falsa somente quando p, q e r forem
verdadeiras.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Construa a tabela verdade das proposições abaixo

01. ~p ∧ ~q

p q ~q ~p ~p ∧ ~q
V V F F F
V F V F F
F V F V F

F F V V V

02. p → ~q

p q ~q p → ~q
V V F F
V F V V
F V F V
F F V V

48 •
capítulo 2
03. ~(p ∧ ~q)

p q ~q p∧~
~qq ~(p ∧ ~q)
V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V

04. (p ∨ ~q) → ~p

p q ~q ~p p∧~
~qq (p ∧ ~q) → ~P
V V F F V F
V F V F V F
F V F V F V
F F V V V V

05. (p ∧ ~q) → r

Vp Vq Vr ~Fq p ∧F~
~qq (p ∧ ~q) →
V ~r
V F V V V V
V V F F V F
F V V F V V
V F F V V F
F F V V F V
F V F F F V
F F F V F V

06. (p ∨ ~q) → (p ∧ q)

Vp Vq ~Fp ~Fp p ∧V~


~qq (p ∧ ~q)
F → ~p
V F V F V F
F V F V F V
F F V V V V

capítulo 2 • 49
2.7 Tautologias
autologias,, contradições e contingências: análise lógica por
tabela verdade.

Eventualmente dizemos uma frase e sabemos que ela é sempre um pensamen-


to falso ou sempre verdadeiro. Por exemplo:
“Vamos à praia e não vamos à praia. ” Esta frase evidentemente é uma con-
tradição, algo falso. Não é possível se ir e não se
se ir à praia.
No entanto, nem sempre é imediata esta identificação. A partir da constru-
ção da tabela verdade, podemos afirmar se uma proposição, uma frase é sempre
verdadeira, sempre falsa ou por vezes
veze s verdadeira e por vezes falsa. Definiremos
então cada um desses casos em termos lógicos.

2.7.1 Tautologias

Tautologia é toda proposição composta P(p,q,r,s,...) cujo valor lógico é sempre


verdade, quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições simples com-
ponentes (p,q,r,s,...).
Na prática, temos que a última coluna da sua tabela verdade aparece somen-
te o valor lógico verdade (V).

EXEMPLO
Considere a frase: “Vamos ao teatro ou não vamos ao teatro”, esta será sempre verdadeira.
De fato, podemos representá-la de forma lógica como a proposição composta p ∨ ~p.
A tabela verdade de p ∨ ~p:

Vp ~Fp p ∨V~q
F V V

Observe que, na última coluna da proposição composta p ∨ ~p só aparece a letra V, ou


seja, quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições componentes, no caso, p e ~p,
o valor lógico da proposição composta será sempre verdadeiro, o que significa que a frase é
uma tautologia.

50 •
capítulo 2
2.7.2 Contradições

Contradição é toda proposição composta P(p,q,r,s,...) cujo valor lógico é sem-


pre falso, quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições simples com-
c om-
ponentes (p,q,r,s,...).
Na prática, uma proposição composta é uma contradição quando na última
coluna de sua tabela verdade aparece somente o valor lógico falso (F)

EXEMPLO
Considere a frase: “Vamos ao teatro ou não vamos ao teatro”
Essa frase é uma contradição, não há como, ao mesmo tempo, ir e não ir ao teatro.
Representando em linguagem lógica, temos p ∧ ~p, cuja tabela verdade é:

p ~p p ∨ ~q
V F V
F V V

Observe que, na tabela, a última coluna só aparece o valor falso. Isto significa que qual-
quer que seja o valor lógico das proposições componentes (p e ~p), a proposição composta
é sempre falsa, é uma contradição

REFLEXÃO
Uma vez que uma tautologia é sempre verdadeira (V),
(V) , a negação da tautologia é sempre falsa
(F), ou seja, a negação de uma tautologia é uma contradição e vice versa.

p ~p p∨~
~qq ~(p ∨ ~q)
V F V F
F V V F

2.7.3 Contingências

Contigência é uma proposição composta, cuja última coluna de sua tabela


verdade aparecem as letras V e F, cada uma pelo menos uma vez. Dessa for-
ma, uma contingência é toda proposição composta que não é tautologia nem
é contradição.

capítulo 2 • 51
EXEMPLO
Observe a frase: “Se o dia melhorar então o sol aparecerá. ”
Não podemos afirmar que esta frase seja sempre verdadeira ou sempre falsa.
Representação em linguagem lógica: p > q.

p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V

Exemplos
a) (p ∧ ~p) → (p ∨ q)

p q ~p p ∧ ~p p∧q (p ∧ ~q) → (p ∨ q)
V V F F V V
V F F F V V
F V V V V V
F F V V F V
Observe que na quarta coluna (p ∧ ~p) temos uma proposição compos-
ta nossa conhecida: uma contradição. Esta será o antecedente da implicação
(p ∧ ~p) → (p ∨ q) que desejamos considerar. Assim, como o antecedente é sempre falso,
teremos o valor lógico da implicação sempre verdadeiro, o que configura
confi gura a existência de uma
tautologia.

b) ~( p ∧ ~p)

p ~p p∧~
~qq ~(p ∧ ~q)
V F F V
F V F V

Lembramos que o “e” será verdadeiro somente quando as duas proposições componen-
tes o forem (terceira coluna). Temos na terceira coluna uma contradição conhecida p ∧ ~p.
Na quarta coluna negamos a contradição e obtemos, portanto, uma tautologia.

52 •
capítulo 2
c) p ∧ ( q → ~p)

p q ~p q → ~p p ∧ (q → ~p)
V V F F F
V F F V V
F V V V F
F F V V F

Observe que, na quarta coluna, a condicional só será falsa quando partindo de uma pro-
posição verdadeira chegamos a uma proposição falsa. Além disso, convém observar
obser var que o “e”
( quinta coluna ) será verdadeiro quando ambas as proposições o forem.
Na última coluna aparecem os valores lógicos V e F, portanto, a proposição composta é
dita contingência.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Construindo a tabela verdade das proposições compostas abaixo, determine se são tau-
tologias, contradições ou contingências.
a) p ∨ ~(p ∧ q)

p q p∧q ~(p ∧ q) p ∧ ~(p ∨ q)


V V V F V
V F F V V
F V F V V
F F F V V

b) p ∧ q → (p ↔ q)

p q p∧q p↔q p ∧ q → (p ↔ q)
V V V V V
V F F F V
F V F F V
F F F V V

c) (p ∧ q) ∧ ~(p ∨ q)

p q p∧q p∨q ~(p ∨ q) (p ∧ q) ∧ ~(p ∨ q)


V V V V F F
V F F V F F
F V F V F F
F F F F V F

capítulo 2 • 53
d) p ∧ q → p ∧ q

p q p∧q p∨q p∧q→p∧q


V V V V F
V F V F F
F V V F F
F F F F F

e) p ∨ (q ∧ ~q) ↔ p

p q ~q q ∧ ~q p ∨ (q ∧ ~
~qq) p ∨ (q ∧~p) → p
V V F F V V
V F V F V V
F V F F F V
F F V F F V

f) (q → p) → (p → q)

p q q→p p→q (q → p) → (p → q)
V V V V V
V F V F F
F V F V V
F F V V V

g) ~p ∧ ( p ∧ ~q)

p q ~q p ∨ ∼q ~p ~ p ∧(p ∧ ~ q)
V V F F F F
V F V V F F
F V F F V F
F F V F V F

02. Determine se frases abaixo são tautologias, contradições ou contingências, através da


construção da tabela verdade.
a) Não é o caso que o trânsito está engarrafado e não está engarrafado.
Vamos transformar a frase em linguagem corrente em linguagem lógica: ~( p ∧ ~p)

p ~p p∧~
~pp ~(p ∧ ~p)
V F F V
F V F V

Na terceira coluna temos que analisar o valor lógico do “e”. Sabemos que ele será verda-
deiro somente quando as duas proposições componentes o forem.

54 •
capítulo 2
Temos então na terceira coluna uma contradição. Na quarta coluna negamos a contradi-
ção e obtemos uma tautologia.

b) O tempo está ensolarado e, se a previsão do tempo for coerente, então o tempo não
estará ensolarado.
Transformando a frase de linguagem corrente em linguagem lógica: p ∧ ( q → ~p)

p q ~p q→~
~pp p ∧ (q → ~p)
V V F F F
V F F V V
F V V V F
F F V V F

Na quarta coluna, a condicional será falsa somente quando partindo de uma proposição
verdadeira chegamos a uma proposição falsa. Na quinta coluna, o “e”
“e ” será verdadeiro quando
ambas as proposições forem verdadeiras.
Na quinta e última coluna temos os valores lógicos V e F, assim, a proposição composta
é uma contingência.

c) Se choveu torrencialmente e não choveu torrencialmente, então choveu torrencialmente


ou o acidente foi fatal.
Vamos transformar a frase em linguagem corrente, a princípio, em linguagem lógica:
(p ∧ ~p) → (p ∨ q)

p q ~p p∧~
~pp p∨q (p ∧ ~p) → (p ∨ q)
V V F F V V
V F F F V V
F V V F V V
F F V F F V

Na quarta coluna (p ∧ ~p) há uma proposição composta que já é nossa conhecida: uma
contradição. Esta proposição conhecida é o antecedente da implicação (p ∧ ~p) → (p ∨ q).
Observe que uma vez que o antecedente é sempre falso, o valor lógico da implicação
impli cação sempre
será verdadeiro, o que significa que a proposição considerada é uma tautologia.

capítulo 2 • 55
RESUMO
O que vimos neste capítulo?
No capítulo 2, analisamos o valor lógico de proposição composta, construindo a sua tabela
verdade. Ainda, interpretamos os possíveis valores de uma tabela verdade, identificando uma
Tautologia, uma Contradição e uma Contingência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação a lógica matemática. 18. ed. São Paulo: Nobel, 2002.

56 •
capítulo 2
3
Implicações e
Equivalências
Lógicas
3. Implicações e Equivalências Lógicas
Neste capítulo, estudaremos estruturas lógicas - implicações lógicas e equiva-
lências logicas. Quando podemos dizer que uma proposição implica outra, ou
quando uma proposição é equivalente a outra? Sempre com o auxílio das tabe-
las verdade responderemos a esta pergunta. Ainda, analisaremos como negar
proposições compostas apresentando-as de maneira mais simplificada, utili-
zando também a noção de equivalência lógica.

OBJETIVOS
• Identificar e representar uma Implicação.
• Analisar uma Implicação, usando tabela verdade.
• Determinar a validade de uma Implicação e demonstrá-la.
• Identificar e representar uma Equivalência lógica.
• Construir demonstração de Equivalência lógica, usando tabela verdade.
verd ade.
• Determinar a validade de uma Equivalência e demonstrá-la.
• Identificar as proposições associadas a condicional: contrária,
contr ária, recíproca e contrapositiva.
• Identificar, dentre as proposições associadas a condicional, qual a equivalente a condicional.
condi cional.
• Negar proposições compostas.

3.1 Implicações Lógicas

3.1.1 Definição e notação

Uma proposição P implica logicamente (ou simplesmente implica) uma propo-


sição Q, se Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Podemos ainda dizer que P implica logicamente Q, necessariamente, quan-
do P for verdadeira, temos que Q é verdadeira também.
Não precisamos analisar o que ocorre quando P é falso.

Notação de P implica Q:
Q: P ⇒ Q

58 •
capítulo 3
3.1.2 Propriedades da implicação lógica

A implicação lógica possui duas propriedades importantes: a propriedade re-


flexiva e a transitiva.
• Propriedade Reflexiva:
Reflexiva: P implica logicamente P.
Notação:: P ⇒ P
Notação
Para comprovarmos esta propriedade, vamos construir a sua tabela verdade.
ve rdade.

P P
V V
F F

De fato, quando a primeira proposição composta P é verdadeira (a segunda


linha), observamos que a segunda proposição composta P também é.
Dizemos então que P implica P.

• Propriedade Transitiva:
Transitiva: Se P implica Q e Q implica R, então P implica R.
Notação: Se P ⇒ Q e Q ⇒ R então P ⇒ R

Considerando que P implica Q, pela definição de implicação


im plicação lógica, sempre
que P for verdadeira, sabemos que Q também o será.
Considerando ainda que Q implica R, sempre que Q for verdadeira, temos
que R também será.
Dessa forma, sempre que P for verdadeira, Q será e R também.
Assim, P ⇒ R.

Vamos
Vam
EXEMPLO
os considerar a proposição: “ Choveu
Chov eu torrencialmente e as ruas alagaram ontem, implica
impl ica
que choveu torrencialmente ou as ruas alagaram ontem. “
Considerando que A partir do fato “Choveu torrencialmente e as ruas alagaram ontem”
será que é possível concluirmos que “choveu torrencialmente ou as ruas alagaram ontem”?
Transformando a linguagem corrente em linguagem lógica:
p: Choveu torrencialmente.
q: As ruas alagaram ontem.

capítulo 3 • 59
Efetivamente, é preciso verificar se p ∧ q implica logicamente p ∨ q.
Em linguagem lógica,
lógica, precisamos verificar se p ∧ q ⇒ p ∨ q.
Vamos
Vamos construir a tabela verdade de p ∧ q ⇒ p ∨ q.

p q p∧q p∨q
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F

Pela tabela construída, quando p ∧ q é verdadeiro, o que ocorre na primeira linha, terceira
coluna, temos que p ∨ q também será, primeira linha, quarta coluna.
Assim, p ∧ q implica logicamente p ∨ q, ou ainda, p ∧ q ⇒ p ∨ q.

3.1.3 Tautologias e implicação lógica

Podemos relacionar o conceito de implicação lógica e o de tautologia.


Teorema:: A proposição P implica a proposição Q (P ⇒ Q) se e somente se
Teorema
P → Q é uma tautologia.
Esboço da Demonstração.

Ida: Suponha que A proposição P implica a proposição Q (P ⇒ Q)


Se P implica Q (P ⇒ Q), sempre que P é verdade, temos que Q também é
verdade.
Dessa forma podemos somente ter P sendo verdade e Q sendo verdade, P
sendo falso e Q sendo falso e P sendo falso
fa lso e Q sendo verdade. Observe as possi-
bilidades na tabela a seguir:

P Q P⇒Q
V V V
F F F
F V F

Agora vamos determinar, nestes casos, a tabela para P → Q também.

P Q P⇒Q P→Q
V V V V
F F F V
F V F V

60 •
capítulo 3
Observamos então que P → Q (quarta coluna) sempre é verdadeira, o que
configura uma tautologia.
Mostramos então que P → Q é uma tautologia.

Volta: Suponha que P → Q é uma tautologia


Se P → Q é uma tautologia é uma tautologia, a última coluna somente apa-
recerá V.
A princípio, se pensarmos na tabela verdade genérica de P → Q, teremos:

P Q P→Q
V V V
F F V
F V V
V F F

No entanto, como temos uma tautologia, a última linha não ocorre.

P Q P→Q
V V V
F F V
F V V

Para que P implique Q ( P ⇒ Q), precisamos que sempre que P for verdade,
Q também deve ser. Esta situação só ocorre na primeira linha. Assim, temos, de
fato, que P implica Q.

ATENÇÃO
Os símbolos de condicional → e de implicação ⇒ são distintos, pois a condicional → é uma
operação lógica e a implicação → é relação lógica.

REFLEXÃO
Toda tautologia implica uma tautologia e somente uma contradição implica uma contradição.

capítulo 3 • 61
EXEMPLO
Considere as proposições abaixo em sua linguagem corrente e linguagem lógica:
p: Faz sol.
q: Vou a piscina.

P (p → (p ∧ q)): Se fizer sol, então faz sol e vou a piscina.


Q (p ∧ q): Faz sol e vou à piscina.

Será que é possível dizer que Q implica P (Q ⇒ P) ou P implica Q (P ⇒ Q)?


Construindo a tabela verdade:
p q p∧q p→p∧q
V V V V
V F F F
F V F V
F F F V

Primeiramente vamos analisar se Q ⇒ P


P..
p q Q: (p ∧ q) P: (p → p ∧ q)
V V V V
V F F F
F V F V
F F F V

Observamos pela tabela que sempre que Q é verdadeira, P também é verdadeira. Assim,
podemos dizer que Q ⇒ P.
P.
“Faz sol e vou à piscina” implica em “Se fizer sol, então faz sol e vou a piscina.”
Analisando agora se P ⇒ Q.
p q Q: (p ∧ q) P: (p → p ∧ q)
V V V V
V F F F
F V F V
F F F V

Desta vez, não podemos dizer que P ⇒ Q, uma vez que nas duas últimas linhas temos P
verdadeira e Q falsa.

62 •
capítulo 3
3.1.4 Regras de inferência

Inferir significa deduzir, tirar por conclusão (Dicionário Priberam online). Ve-
remos agora algumas Regras de Inferência importantes, regras ou normas que,
diante de determinadas condições, podemos concluir determinadas proposições.
Para cada Regra de Inferência, exibiremos as suas provas, através da defini-
ção de implicação lógica e também utilizando o teorema.
Consideraremos para todas as Regras um exemplo com as seguin-
tes proposições:
p: Chove muito
q: Faz frio.
r: Você fica gripado.

1. Regra da adição: p ⇒ p ∨ q
Exemplo
( p)
Chove muito. (p
(p ∨ q
Podemos concluir que chove muito ou faz frio (p q))

Provas:
• Utilizando a definição:
definição: Sempre que p é verdadeira, temos que p ∨ q também é.

p q p∨q
V V V
V F V
F V V
F F F

• Utilizando o teorema:
teorema: Temos que provar que a condicional p → p∨qé
uma tautologia.

p q p∨q p→p∨q
V V V V
V F V V
F V V V
F F F V

2. Regra da simplificação: p ∧ q ⇒ p

capítulo 3 • 63
EXEMPLO
Chove muito e faz frio (p ∧ q).
Podemos concluir que chove muito (p).
Podemos concluir ainda também que faz frio (q).

Provas:
• Utilizando a definição:
definição: Sempre que p ∧ q é verdadeira, temos que p tam-
bém é.

p q p∧q P
V V V V
V F F V
F V F F
F F F F

• Utilizando o teorema:
teorema: Temos que provar que a condicional p ∧ q → p é
uma tautologia.

p q p∧q p∧q→p
V V V V
V F F V
F V F V
F F F V

3. Modus ponens: p ∧ (p → q) ⇒ q

EXEMPLO
Se chover muito então fará frio. (p → q)
Chove muito. (p)
Podemos concluir então que fará frio. (q)

64 •
capítulo 3
Provas:
• Utilizando a definição:
definição: Sempre que p ∧ (p → q) é verdadeira, temos que q
também é.
p q p→q p ∧ (p → q)
V V V V
V F F F
F V V F
F F V F

• Utilizando o teorema:
teorema: Temos que provar que a condicional p ∧ (p → q) → q
é uma tautologia.

p q p→q p ∧ (p → qq)) p ∧ (p → q) → q
V V V V V
V F F F V
F V V F V
F F V F V

4. Modus tollens: ~ q ∧ (p → q) ⇒ ~ p
Exemplo
Se chover muito então fará frio.
Não faz frio.
Podemos concluir então não choveu muito.

Provas:
• Utilizando a definição:
definição: Sempre que ~ q ∧ (p → q) é verdadeira, temos que
~ p também é.

p q ~q p→q ~q ∧ (p → qq)) ~p
V V F V F F
V F V F F F
F V F V F V
F F V V V V

• Utilizando o teorema:
teorema: Temos que provar que a condicional ~ q ∧ (p → q)
→ ~ p é uma tautologia.

p q ~q p→q ~q ∧ (p → qq)) ~p ~q ∧ (p → q) → ~p
V V F V F F V
V F V F F F V
F V F V F V V

F F V V V V V

capítulo 3 • 65
5. Silogismo hipotético: (p > q) ∧ (q > r) ⇒ (p > r)

EXEMPLO
Se chover muito então fará frio.
Se fizer frio então você ficará gripado.
Podemos concluir que se chover muito então você ficará gripado.

Provas:
• Utilizando a definição:
definição: Sempre que (p → q) ∧ (q → r) é verdadeira, temos
que (p → r) também é.

p q r p→q q→r (p → q) ∧ (q → rr)) p→r


V V V V V V V
V F F F V F F
F V F V F F V
V V F V F F F
V V F V F F F
V F V F V F V
V V F V F F F
F F F V V V V

• Utilizando o teorema:
teorema: Temos que provar que a condicional (p → q) ∧

(q → r) → (p → r) é uma tautologia.
simplifica rmos na tabela que P: (p → q) ∧ (q → r) e
Vamos considerar para simplificarmos
Q: (p → r)
r)..

p q r p→q q→r (p → q) ∧ (q → rr)) p→r P→Q


V V V V V V V V
V F F F V F F V
F V F V F F V V
V V F V F F F V
V V F V F F F V
V F V F V F V V
V V F V F F F V
F F F V V V V V

6. Silogismo disjuntivo:
disjuntivo: (p ∨ q) ∧ ~ p ⇒ q

66 •
capítulo 3
EXEMPLO
Chove muito ou faz frio.
Não chove muito.
Podemos concluir que faz frio.

Provas:
• Utilizando a definição:
definição: Sempre que (p ∨ q) ∧ ~ p é verdadeira, temos que
q também é.

p q p∨q ~q (p ∨ q) ∧ ~p q
V V V F F V
V F V F F F
F V V V V V
F F F V F F

• Utilizando o teorema:
teorema: Pelo teorema: Precisamos provar que a condicional
(p ∨ q) ∧ ~ p → q é uma tautologia.

p q p∨q ~q (p ∨ q) ∧ ~
~pp (p ∨ q) ∧ ~p → q
V V V F F V
V F V F F V
F V V V V V
F F F V F V

7. Eliminação: (p > (q ∨ r) ) ∧ ~q ⇒ p > r

EXEMPLO
Se chove muito, então faz frio ou você fica gripado.
Não faz frio.
Podemos concluir que você ficará gripado.

Provas:
• Utilizando a definição:
definição: Sempre que (p → (q ∨ r) ) ∧ ~q é verdadeira, temos
que p → r também é.

capítulo 3 • 67
p q r q∨r p → (q ∨ rr)) ~q (p → (q ∨ r)) ∧ ~
~qq p→r
V V V V V F F V
V F F F F V F F
F V F V V F F V
V V F V V F F F
V V F V V F F F
V F V V V V V V

V V F V V F F F
F F F V V V V V

• Utilizando o teorema:
teorema: Temos que provar que a condicional [(p → (q ∨ r))
∧~q] → [p → r] é uma tautologia.
Consideremos P: (p → (q ∨ r) ) ∧ ~q e Q: p → r

p q r q∨r p → (q ∨ rr)) ~q (p → (q ∨ r)) ∧ ~


~qq P→Q
V V V V V F F V
V F F F F V F V
F V F V V F F V
V V F V V F F V
V V F V V F F V
V F V V V V V V
V V F V V F F V
F F F V V V V V

8. Prova por casos: (p > r) ∧ ( q > r) ⇒ (p ∨ q) > r

EXEMPLO
Se chove muito, então você fica gripado.
Se faz frio, então você fica gripado.
Podemos concluir que se chove muito ou faz frio, então você fica gripado.

• Utilizando a definição:
definição: Sempre que (p → r) ∧ (q → r) é verdadeira, temos
que (p ∨ q) → r também é.

68 •
capítulo 3
p q r p→r q→r (p → r) ∧ (q → rr)) p∨q (p ∨ q) → r
V V V V V V V V
V F F F V F V F
F V F V F F V F
V V V V V V F V
V V F V F F V F
V F V F V F V V

V V V V V V V V
F F F V V V F V

• Utilizando o teorema:
teorema: Precisamos provar que a condicional [(p → r) ∧ (q → r)]
→ [(p ∨ q) → r] é uma tautologia.
Consideraremos: P: [(p → r) ∧ (q → r)] e Q: [(p ∨ q) → r]

p q r p→r q→r P: (p → r) ∧ (q → rr)) p∨q Q: (p ∨ q) → r P→Q


V V V V V V V V V
V F F F V F V F V
F V F V F F V F V
V V V V V V F V V

V V F V F F V F V
V F V F V F V V V
V V V V V V V V V
F F F V V V F V V

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Verifique se de fato trata-se de uma implica
implicação
ção lógica:
Vou ao cinema.
Implica em Vou ao cinema ou vou a praia.
p raia.
Resolução:
Montando a tabela verdade:

p q p∧q
V V V
V F V
F V V
F F F

capítulo 3 • 69
02. Verifique se de fato
fato trata-se de uma implicação lógica:
Vou ao cinema e vou à praia.
Implica em vou ao cinema.
Resolução:
Montando a tabela verdade:

p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F

03. Verifique se de fato


fato trata-se de uma implicação lógica:
Faz sol.
Se fizer sol, então vou a praia.
Implica que vou a praia.
Resolução:
Montando a tabela verdade:

p q p → q p ∧ (p → q)
V V V V
V F F F
F V V F
F F F F

04. Verifique se de fato


fato trata-se de uma implicação lógica:
Se fizer sol, então vou a praia.
Não fui a praia.
Implica que não fez sol.
Resolução:
Montando a tabela verdade:

p q ~q p → q ~p ∧ (p → q
q)) ~p
V V F V F F
V F V F F F
F V F V F V
F F V V V V

70 •
capítulo 3
3.2 Equivalências lógicas

Duas proposições P(p,q,r,....) e Q(p,q,r,.....) são logicamente equivalente (ou so-


mente equivalente) se as tabelas-verdade de ambas as proposições forem exa-
tamente iguais.
Notação:: P(p,q,r,....) ⇔ Q(p,q,r,.....).
Notação

REFLEXÃO
Observe que, na prática, quando temos uma equivalência lógica, se trocarmos uma dada
proposição por qualquer outra equivalente a ela, estaremos somente mudando a maneira de
enunciá-la.

3.2.1 Propriedades da equivalência lógica

A implicação lógica possui três propriedades importantes: a propriedade refle-


xiva, a simétrica e a transitiva.

• Propriedade Reflexiva:
Reflexiva: P equivale a P.
Notação:: P ⇔ P
Notação
• Propriedade Simétrica:
Simétrica: Se P equivale a Q então Q equivale a P.
Notação:: Se P ⇔ Q então Q ⇔ P
Notação

• Propriedade Transitiva:
Transitiva: Se P equivale a Q e Q equivale a R, então P equivale
aR
Notação:: Se P ⇔ Q e Q ⇔ R então P ⇔ R
Notação

3.2.2 Tautologias e equivalências lógicas

Podemos também relacionar o conceito de equivalência lógica e o de tautologia.

Teorema:: As proposições P e Q são tautologicamente equivalentes se e so-


Teorema
mente se P ↔ Q é uma tautologia.

capítulo 3 • 71
ATENÇÃO
Os símbolos de bicondicional ↔ e de equivalência ⇔ são distintos, pois a bicondicional ↔ é
uma operação lógica e equivalência ⇔ é relação lógica.

REFLEXÃO
Se as duas proposições forem ambas tautológicas ou ambas contradições, então
são equivalentes.

3.2.3 Regras de equivalência

Demonstraremos algumas regras de equivalência mais relevantes.

Dupla Negação ~~p ⇔ p


Comutativa p∧q⇔q∧p
Comutativa p∨q⇔q∨p
Associativa (p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r)
Associativa (p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r)
Idempotente p∧p⇔p
Idempotente p∨p⇔p
Absorção p ∧ (p ∨ q) ⇔ p
Absorção p ∨ (p ∧ q) ⇔ p
Absorção p→p∧q⇔p→q
Lei de Morgan ~ (p ∨ q) ⇔ ~p ∧ ~q
Lei de Morgan ~ (p ∧ q) ⇔ ~p ∨ ~q
→ ⇔ ∨
Def Implicação p q ~p q
Def Implicação p → q ⇔ ~(p ∧ q)
Def Bicondicional p ↔ q ⇔ (p → q) ∧ (q → p)
Def Bicondicional p ↔ q ⇔ (~p ∨ q) ∧ (~q ∨ p)
Regra de Clavius ~p → p ⇔ P
Contraposição p → q ⇔ ~q → ~p

1. Dupla negação
~(~p) ⇔ p

p ~p ~~p
V F V
F V F

72 •
capítulo 3
EXEMPLO
p: Vou ao cinema.
~p: Não vou ao cinema.
~(~p): Não é o caso que não vou ao cinema.
“Não é o caso que não vou ao cinema” é equivalente a “Vou ao cinema”.

2. Comutativas
p∧q⇔q∧p p∨q⇔q∨p

p q p∧q q∧p p q p∨q q∨p


V V V V V V V V
V F F F V F V V
F V F F F V V V
F F F F F F F F

EXEMPLO
p: Vou ao cinema.
q: Vou ao teatro.
p ∨ q: Vou ao cinema ou vou ao teatro.
q ∨ p: Vou ao teatro ou vou ao cinema.
“Vou ao cinema ou vou ao teatro” é equivalente a “Vou ao teatro ou vou ao cinema “.

3. Associativas
(p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r)

p q r p∧q (p ∧ q) ∧ r q∧r p ∨ (q ∧ r)
V V V V V V V
V V F F F F F
V F V V F F F
F V V V F V F
V F F V F F F
F F V F F F F
F V F V F F F
F F F V F F F

capítulo 3 • 73
(p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r)

p q r p∨q (p ∨ q) ∨ r q∨r p ∨ (q ∨ r)
V V V V V V V
V V F V V V V
V F V V V V V
F V V V V V V
V F F V V F V
F F V F V V V
F V F V V V V
F F F F F F F

3. Idempotentes
p∧p⇔p

p p∧p
V V
F F

p∨p⇔p

p p∨p
V V
F F

4. Absorções
p ∧ (p ∨ q) ⇔ p p ∨ (p ∧ q) ⇔ p

p q p∨q p ∧ (p ∨ q) p q p∧q p ∨ (p ∧ q)
V V V V V V V V
V F V V V F F V
F V V F F V F F
F F F F F F F F

EXEMPLO
p: Vou ao cinema.
q: Vou ao teatro.
p ∨ q: Vou ao cinema ou vou ao teatro.
“Vou ao cinema e, vou ao cinema ou ao teatro”, é equivalente a “vou ao cinema”.

74 •
capítulo 3
5. Distributivas
p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)

p q r q∨r p ∧ (q ∨ rr)) p∧q p∨q (p ∨ q) → r


V V V V V V V V
V F F F V V F V
F V F V V F V V
V V V V F F F F
V V F V F F F F
V F V F F F F F
V V V V F F F F
F F F V F F F F

p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p∨ q) ∧ (p ∨ r)

p q r q∧r p ∨ (q ∧ rr)) p∨q p∨q (p ∨ q) → r


V V V V V V V V
V F F F V V V V
F V F F V V V V
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V F F F V F
V V V F F V F F
F F F F F F F F

6. Leis de Morgan
~(p ∧ q) ⇔~p ∨~q

p q p∧q ~(p ∧ q
q)) ~p ~q ~p ∧ ~q
V V V F F F F
V F V V F V V
F V V V V F V
F F F V V V V

~(p ∨ q) ⇔ ~p ∧ ~q

p q p∨q ~(p ∨ q
q)) ~p ~q ~p ∧ ~q
V V V F F F F
V F V F F V F
F V V F V F F
F F F V V V V

capítulo 3 • 75
EXEMPLO
p: Vou ao cinema.
q: Vou ao teatro.
p ∨ q: Vou ao cinema ou vou ao teatro.
p ∧ q: Vou ao cinema e vou ao teatro.

“Não é o caso de que vou ao cinema ou vou ao teatro” é equivalente a “ Não vou ao
cinema e não vou ao teatro”.
“Não é o caso de que vou ao cinema e vou ao teatro” é equivalente a “ Não vou ao cine-
ma ou não vou ao teatro”.

7. Definições de implicação
p → q ⇔ ~p ∨ q

p q p→q ~p ~p ∨ q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F F V V

p → q ⇔ ~(p ∧~q)

p q p→q ~q p∧~~q
q ~(p ∧~ q)
V V V F F V
V F F V V F
F V V F F V
F F V V F V

EXEMPLO
p: Vou ao cinema.
q: Vou ao teatro.
p → q: Se vou ao cinema, então vou ao teatro.
~p ∨ q: Não vou ao cinema ou vou ao teatro.
“Se vou ao cinema, então vou ao teatro” é equivalente a “Não vou ao cinema ou vou ao
teatro”.

76 •
capítulo 3
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Escreva uma frase equivalente a frase condicional, utilizando o conectivo “ou”.
“Se você for ao shopping, então gastará dinheiro.”
p → q ⇔ ~p ∨ q

p q p→q ~p ~p ∨ q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

Você não vai ao shopping ou gastará dinheiro.

02. Escreva uma frase equivalente a frase condicional, utilizando o conectivo “ou”.
“Se chover, então a rua
r ua ficará alagada”.
p → q ⇔ ~p ∨ q

p q p→q ~p ~p ∨ q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

Não choveu ou a rua


ru a ficou alagada.

8. Definições de bicondicional
p ↔ q ⇔ (p → q) ∧ (q → p)

→ → → ∧ → ↔
p
V q
V p V q q V p (p q) V (q p))
p p V q
V F F V F F
F V V F F F
F F V V V V

p ↔ q ⇔ (~p ∨ q) ∧ (q ∨ p)

p q ~p ~p ∨ q ~q ~q ∨ p (~p ∨ q) ∧ (~q ∨ p
p)) p↔q
V V V V F V V V
V F F V V V F F
F V V F F F F F
F F V V V V V V

capítulo 3 • 77
9. Contraposição
p ↔ q ⇔ ~q → ~p

p q p→q ~q ~p ~q → ~p
V V V F F V
V F F V F F
F V V F V V
F F V V V V

EXEMPLO
Considere a frase condicional: “ Se você for ao cinema, então se atrasará para a aula”, re-
presentada, em linguagem lógica por p → q, onde p: “Você vai ao shopping” e q: “Você gas-
tará dinheiro”.
A contrapositiva ~q → ~p da frase condicional p → q é equivalente a própria frase
(a condicional)
~q → ~p: Se você não se atrasou para a aula, então você não foi ao cinema.

3.3 Proposições associadas a uma condicional


condicional

Dada a proposição condicional p → q , chamamos proposições associadas a


p → q as três proposições condicionais que contém p e q:
• Recíproca de p → q: q→p
• Contrária de p → q: ~p → ~q
• Contrapositiva de p → q: ~q → ~p

EXEMPLO
Considere a frase condicional: “ Se você for ao cinema, então se atrasará para a aula”, repre
repre--
sentada, em linguagem lógica por p → q, onde p: “Você
“ Você vai ao cinema” e q: “Você
“Você se atrasará
para a aula”.
Vamos
Vamos agora determinar, a partir desta cond
condicional
icional dada as condicionais associadas a ela
e expressá-las sob a forma de frases.

78 •
capítulo 3
Condicional p→q Se vo
você
cê fo
forr ao
ao cin
cineema, então se atr
atraasa
sará
rá par
araa a aula
la..
Recíproca q→p Se vo
você
cê se atr
tras
asoou par
paraa a aula
aula,, ent
então
ão foi
foi aaoo cin
cineema.
ma.
Contrária ~p → ~q Se vo
você
cê nã
nãoo ffor
or ao cine
cinema
ma,, eent
ntão
ão nã
nãoo se
se atr
atras
asar
aráá par
paraa a au
aula
la
Contrapositiva ~q → ~p Se nã
nãoo se
se atr
atras
asou
ou pa
para
ra a au
aula
la,, ent
então
ão vo
você
cê nã
nãoo foi
foi aaoo cin
cinem
ema.
a.

Das três proposições associadas a condicional, podemos determinar qual ou quais delas
é equivalente a condicional dada.
Construindo a tabela verdade:

Condicional Contrapositiva Recíproca Contrária


p q p→q ~q ~p ~q → ~~p
p q→p ~p → ~q
V V V F F V V V
V F F V F F V V
F V V F V V F F
F F V V V V V V

ATENÇÃO
A proposição equivalente a condicional é a contrapositiva.
No nosso exemplo: Se você for ao cinema, então se atrasará para a aula é equivalente a
se você não se atrasou para a aula, então você não foi ao cinema.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Considere a proposição composta: P: Se fizer
fizer sol, então vou à praia.
Identifique as proposições associadas a condicional dada, construa suas tabelas verdade
ve rdade
e identifique qual delas é equivalente a proposição condicional inicial.
Resolução:
Identificando as proposições simples componentes:
p: faz sol
q: vou a praia.

capítulo 3 • 79
a) Recíproca q → p
Se eu fui à praia então fez sol.

p q p→q q→p
V V V V
V F F V
F V V F
F F V V

Não são equivalentes.

b) Contrária: ~p → ~q
Se não fizer sol então eu não vou a praia.

p q ~p ~q ~p → ~
~q
q p→q
V V F F V V
V F F V V F
F V V F F V
F F V V V V

Não são equivalentes.

c) Contrapositiva: ~q → ~p
Se não fui a praia então não fez sol.

p q ~q ~p ~q → ~
~p
p p→q
V V F F V V
V F V F F F
F V F V V V
F F V V V V

São equivalentes.
“Se não fui a praia então não fez sol” é equivalente a “Se fizer sol, então vou à praia.”

02. Dada a frase: Se você vier amanhã, então começarei a fica


ficarr feliz hoje.
Determine as frases contrária, recíproca e contrapositiva da frase dada. A seguir, após
construir a tabela verdade de cada uma delas, identifique qual a proposição equivalente a
condicional dada.
Resolução:
Contrária: ~p > ~q
Se você não vier amanhã, então não começarei a ficar feliz hoje.

80 •
capítulo 3
Recíproca: q > p
Se eu começar a ficar feliz hoje, então você virá amanhã.
Contrapositiva: ~q > ~p
Se eu não começar a ficar feliz hoje, então você não virá amanhã.

Condicional Contrapositiva Recíproca Contrária

p q p→q ~q ~p ~q → ~
~p
p q→p ~p → ~q
V V V F F V V V
V F F V F F V V
F V V F V V F F
F F V V V V V V

3.4 As negações

3.4.1 Negando o “e” (Leis de Morgan)

~(p ∧ q) ⇔ ~p ∨ ~q

p q p∧q ~(p ∧ q
q)) ~p ~q ~p ∨ ~q
V V V F F F F
V F F V F V V
F V F V V F V
F F F V V V V

EXEMPLO
Negando a frase " O menino tomou banho e foi à festa.", ficaremos com “Não é o caso que o
menino tomou banho e foi a festa”. Precisamos então negar um “e”.
~(p ∧ q) ⇔ ~p ∨ ~q

p q p∧q ~(p ∧ q
q)) ~p ~q ~p ∨ ~q
V V V F F F F
V F F V F V V
F V F V V F V
F F F V V V V

A negativa da frase " O menino tomou banho e foi à festa" será então “O menino não
tomou banho ou não foi a festa”.

capítulo 3 • 81
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Considerando as equivalências lógicas conhecidas como Leis de Morgan determine a
equivalência lógica da fase: " Não ocorre que: nevou
ne vou esta manhã e fomos ao cinema."
Resolução:
~(p ∧ q) ⇔ ~p ∨ ~q
Não nevou ontem ou não fomos ao cinema.

02. Negue “O tempo está quente e ensolarado”.


Resolução:
~(p ∧ q) ⇔ ~p ∨ ~q
O tempo está frio ou nublado.

3.4.2 Negando o “ou” (Leis de Morgan)

~( p ∨ q)⇔ ~∧ ~q

p q p∨q ~(p ∨ q
q)) ~p ~q ~p ∨ ~q
V V V F F F F
V F V F F V V
F V V F V F V
F F F V V V V

EXEMPLO
Negando a frase: “A menina foi à casa da avó ou fez o dever de casa ", ficaremos com “Não
ocorre que: a menina foi à casa da avó ou fez o dever de casa.“
~( p ∨ q)⇔ ~∧ ~q

p q p∨q ~(p ∨ q
q)) ~p ~q ~p ∨ ~q
V V V F F F F
V F V F F V V
F V V F V F V
F F F V V V V

A negativa da frase “A menina foi à casa da avó ou fez o dever de casa " é então “A me-
nina não foi à casa da avó e não fez o dever de casa”.

82 •
capítulo 3
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Considerando as equivalências lógicas conhecidas como Leis de Morgan determine a
equivalência lógica da fase: "Não ocorre que: o rapaz foi ao cinema ou ffez
ez a redação".
Resolução:
~(p ∨ q) ⇔ ~p ∧ ~q
O rapaz não foi ao cinema e não fez a redação.

02. Considerando as equivalências lógicas conhecidas como Leis de Morgan determine a


equivalência lógica da frase: " Não ocorre que: fez sol ontem ou fomos a praia “.
Resolução:
~(p ∨ q) ⇔ ~p ∧ ~q
Não fez sol ontem e não fomos a praia.

03. Negue “Ele estudou muito ou teve sorte na prova”.


Resolução:
~(p ∨ q) ⇔ ~p ∧ ~q
Ele não estudou e teve azar na prova.

3.4.3 Negando a Condicional.

~(p → q) ⇔ ~p ∧ ~q

p q p→q ~(p → q
q)) ~q p ∨ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F F
F F V F V F

EXEMPLO
Negando a frase: “Se você vier amanhã, então começarei a ficar feliz hoje”.
~(p → q) ⇔ p ∧ ~p
Você virá amanhã e eu não começarei a ficar feliz hoje.

capítulo 3 • 83
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Negue “Se o tempo está ensolarado então está ccalor.”
alor.”
Resolução:
~(p → q) ⇔ p ∧ ~q
O tempo está ensolarado e está frio.

3.4.4 Negando o Bicondicional

~(p ↔ q) ⇔ ~[(p → q) ∧ (q → p)]


~(p ↔ q) ⇔ ~(p → q) ∨ ~(q → p)
~(p ↔ q) ⇔ (p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)

p q p ↔ q ~(p ↔ q
q)) ~p ~q p∧~
~q
q p∧~
~p
p (p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)
V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
F F V F V V V F F

RESUMO
O que vimos neste capítulo?
Neste capítulo 3, começamos identificando e representando uma Implicação, e posterior-
mente analisando-a, usando tabela verdade, de modo a determinar e demonstrar a validade
da Implicação. Também, neste capítulo, identificamos e representamos uma Equivalência ló-
gica, determinando e demonstrando a validade da mesma, com o auxílio da tabela verdade.
Além disso, estudamos as proposições associadas a condicional: contrária, recíproca e con-
trapositiva, identificando, dentre as proposições associadas a condicional, qual a equivalente
a condicional. Para finalizar, aprendemos a negar proposições compostas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação a lógica matemática. 18. ed. São Paulo: Nobel, 2002.

84 •
capítulo 3
4
Argumentos
4. Argumentos
De modo simplificado, podemos dizer que a Lógica Matemática possui como
objetivo o estudo da validade de argumentos.
De acordo com Viana (2012, p.2), as decisões que tomamos e/ou ativida-
des que desempenhamos dizem respeito a opiniões que consideramos como
corretas.

De uma maneira geral, opiniões estão sujeitas a crítica racional, isto é, opiniões podem
ser examinadas a luz das razões que as justificam. [...] Quando as razões e as opiniões
são expressas por sentenças e estudamos as relações entre estas sentenças, estamos
avaliando o argumento que foi produzido para mostrar de que modo as razões justificam
as opiniões. (VIANA, 2012, p.2)

Neste sentido, precisamos encarar a Lógica Matemática como o estudo das


relações entre opiniões e razões, sendo, então, necessário relacionarmos sen-
tenças e argumentos.

OBJETIVOS
• Identificar a estrutura de um argumento;
• Reconhecer um argumento válido e um argumento inválido.
• Identificar conjuntos, universo e verdade de sentenças abertas.
• Identificar e aplicar os quantificadores a sentenças abertas.
• Indicar as negações de proposições com quantificadores.
• Aplicar as relações lógicas estudadas, em proposições com quantificadores.

4.1 Sentenças

Uma proposição é uma sentença declarativa, a qual é uma expressão de uma


linguagem, cujo conteúdo pode, diante de determinado contexto, ser identifi-
cada como verdadeiro ou falso. Quando falarmos
f alarmos em valor lógico nos referimos
a um dos dois possíveis juízos que podemos atribuir a uma proposição: verda-
deiro (V) ou falso (F).

86 •
capítulo 4
CURIOSIDADE
Nem todas as sentenças são afirmativas. Quando lemos um texto, este é uma composição de
frases, orações e períodos, constituindo
constituin do uma sequência lógica de ideias. Podemos classificar
as sentenças como Declarativas, Interrogativas, Exclamativas e Imperativas.
• Sentenças Declarativas.
Sentenças Declarativa são utilizadas para emitir juízo sobre algo ou alguém. Elas podem
ser Afirmativas e Negativas.
Exemplos:
Sentença Declarativa Negativa: A meteorologia não prevê chuva para hoje.
Sentença Declarativa Afirmativas: Hoje teremos um dia de sol.

• Sentenças Interrogativas
Sentenças interrogativas são utilizadas para perguntar alguma coisa, quando
qu ando precisamos
questionar sobre algo.
Exemplo:
Você irá a praia amanhã?

• Sentenças Exclamativas
Sentenças Exclamativas são utilizadas para expressar sentimentos em relação a algo.
Exemplo:
Como está calor hoje!

• Sentenças Imperativas
Sentenças Imperativas são utilizadas para incentivar alguém a fazer ou mesmo a deixar
de fazer algo. Elas transmitem pedido ou ordem e podem ser afirmativas ou negativas.
Exemplo:
Não faça isso!

ATENÇÃO
Somente sentenças declarativas podem ser identificadas como verdadeiras ou falsas.

capítulo 4 • 87
REFLEXÃO
O termo Proposição origina-se do verbo propor, que, de acordo
acord o com o dicionário Michael-
lis, significa submeter à apreciação, requerer um juízo.

EXEMPLO
Observe alguns exemplos de sentenças:
(a) 5 + 5 = 20.
Comentário: Trata-se de uma sentença falsa.
(b) Sócrates é mortal.
Comentário: Trata-se de uma sentença verdadeira.
(c) O seu nome é Maria.
Comentário: Depende do contexto, de quem se está referindo, se a pessoa se chama
mesmo Maria.
(d) Na loja da esquina há 10 quilos de tomates.
Comentário: Depende do contexto, se há realmente 10 quilos.

4.2 Argumentos

Nosso intuito então é avaliar juízos, conceitos e raciocínios, reconhecer contra-


dições e identificar se um argumento é válido ou não.
Um argumento é um conjunto de enunciados, sendo que um deles é a con-
clusão e os demais são premissas.
Formalmente, dizemos que um argumento é uma sequência de proposi-
ções A1 , A2 ,A3 ,... , An , B (n≥ 0) onde os A1 , A2 ,A3 ,... , An são ditas premissas e a
última proposição, B, é chamada de conclusão.

Notação: A1,A2,…,An  B

Consideramos as premissas de um argumento como justificativas para a


conclusão.

88 •
capítulo 4
EXEMPLO
Sócrates é homem. Todos os homens são mortais. Logo, Sócrates é mortal.
Premissas: Sócrates é homem. Todos os homens são mortais.
Conclusão: Sócrates é mortal.

4.3 Validade dos argumentos

A ideia é utilizarmos as premissas de um argumento como justificativas para a


sua conclusão.
Há casos nos quais as premissas realmente justificam a conclusão e outros
nos quais as premissas não justificam a conclusão, ou seja, as premissas não
são suficientes para garantir a conclusão.
Quando precisamos justificar a verdade de uma sentença, precisamos pro-
var a conclusão
conclusão baseado nas premissas,
premissas, que são a nos
nossa
sa base de argument
argumentação.
ação.
Um argumento será válido se e somente se quando as premissas são verda-
deiras, temos que a conclusão também será.
Na prática, um argumento será verdadeiro se A1 ∧ A2 ∧ …∧ An ∧ B é
uma tautologia.
Como se lê:
• A1, A2, …, An acarretam B.
• B se deduz de A1, A2, …, An.
• B decorre de A1, A2, …, An.
• B se infere de A1, A2, …, An.

ATENÇÃO
Associado a todo argumento válido temos uma Implicação lógica do tipo:
A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An ⇒ B
Convém observar também que as regras de inferência vão nos auxiliar muito da determi-
nação da validade de um argumento.

capítulo 4 • 89
EXEMPLO
Observe o argumento:
As ruas não ficaram alagadas.
Se chover muito na cidade, então as ruas ficarão alagadas.
Podemos então concluir que não choveu muito na cidade.
Trata-se de um argumento verdadeiro. Como podemos verificar este fato?
A princípio transformaremos o argumento dado em linguagem corrente para linguagem
lógica.
Consideraremos:
p: Chove na cidade.
q: As ruas ficam alagadas.
O argumento fiará:
~q , p → q  ~p

ATENÇÃO
Temos duas maneiras de verificar se um argumento A1, A2, …, An ⇒ B é verdadeiro. Precisa-
mos verificar se
A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An → B é uma tautologia ou se A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An ⇒ B

Então vamos verificar a validade do argumento dado pelas duas condições.


• Verificando se A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An → B é uma tautologia .
Temos que verificar se condicional ~ q ∧ (p > q) > ~ p é uma tautologia.

→ ∧ → ∧ →
Vp Vq ~Fq pVq ~p (p
V qq)) ~Fp ~q (pV q) ~p
V F V F F F V
F V F V F V V
F F V V F V V

• Verificando se A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An ⇒ B
Temos que verificar se sempre que ~ q ∧ (p > q) é verdadeira, temos que ~ p também
será.

90 •
capítulo 4
p q ~q p→q ~q ∧ (p → qq)) ~p
V V F V V F
V F V F F F
F V F V F V
F F V V F V

De fato, temos que o argumento ~q, p → q  ~p é válido.


Ou ainda, sabemos que as ruas não ficaram alagadas. Sabemos ainda que se chover
muito na cidade, então as ruas ficarão alagadas.
Podemos então concluir que não choveu muito na cidade.

COMENTÁRIO
Observe que este exemplo é efetivamente a Regra de Inferência de Modus Tollens:
~ q ∧ (p > q) ⇒ ~p

4.4 Sofismas

Vamos considerar argumento:


argumento:
Se os cientistas trabalharem com afinco, então descobrirão a cura da
doença.
Podemos concluir então que se os cientistas não trabalharem com afinco,
então não descobrirão a cura da doença.
Este argumento é válido?

A princípio transformaremos o argumento dado em linguagem corrente


para linguagem lógica.
Consideraremos:
p: Os cientistas trabalham com afinco.
q: Os cientistas descobrirão a cura da doença.
O argumento fiará:
p → q  ~p →~q

capítulo 4 • 91
Vamos verificar a validade do argumento
argumento dado pelas duas condições.
condições.
• Verificando se A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An → B é uma tautologia .
Temos que verificar se condicional (p → q) > (~p → ~q) é uma tautologia.

p q p→q ~p ~q ~p → ~
~qq (p → q) → (~p → ~q)
V V V F F V V
V F F F V V V
F V V V F F F
F F V V V V V

Observe que na última coluna na terceira linha aparece o F. Dessa forma,


não se trata de uma tautologia.

•Verificando se A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An ⇒ B
Temos que verificar se sempre que p → q é verdadeira, se ~p → ~q também
será.
p q p→q ~p ~q ~p → ~q
V V V F F V
V F F F V V
F V V V F F
F F V V V V

Observe que na terceira linha, a terceira e a sexta coluna, partimos de algo


verdadeiro e chegamos em algo falso.

argumento p → q,~p ~q não é válido.


Assim, temos que o argumento
Ou ainda, considerando que se os cientistas trabalharem com afinco, então
descobrirão a cura da doença.
Não podemos concluir que se os cientistas não trabalharem com afinco, en-
tão não descobrirão a cura da doença.

CONCEITO
Sofisma é um argumento que não é válido.

92 •
capítulo 4
PERGUNTA
Como mostrar que um argumento é um Sofisma?
Basta exibir uma interpretação onde as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa.

REFLEXÃO
As premissas dos argumentos são verdadeiras ou, pelo menos, admitidas como tal. A lógica
só se preocupa com a validade dos argumentos e não com a verdade ou falsidade das pre-
missas e a conclusão.

CURIOSIDADE
O que vem a ser Sofisma? Vejamos o que o dicionário Priberam1, on-line nos diz.
so•fis•ma

substantivo masculino

1. Argumento capcioso com que se pretende enganar ou fazer calar o adversário.


2. [Popular] Engano; logro.

so•fis•mar - Conjugar
(sofismar + -ar)
verbo transitivo e intransitivo
1. Torcer (argumento ou questão).
2. Dar aparências de verdade a (asserção que se sabe ser falsa).
3. [Figurado,
[Figurado, P
Popular]
opular] Lograr, iludir.
verbo intransitivo
4. Usar sofismas; raciocinar por sofismas.

Podemos encarar o sofisma como uma ideia que não se baseia em fatos, em evidências,
mas sim em si mesma. O indivíduo que argumenta de modo sofismático tem uma inclinação
por se entusiasmar por suas próprias palavras, não examinando o fenômeno, ou o problema
por todas as possíveis perspectivas. O sofisma então é como um raciocínio, um argumento
falso com aparência verdadeira.
1 http://www.priberam.pt/dlpo/sofisma

capítulo 4 • 93
Bernardo (2009, Ano 2, n. 4) sinaliza que “os sofistas seguiam um argumento aonde
quer que ele os levasse, sem se preocuparem com considerações pessoais, morais, cívicas
ou religiosas”.

O termo “sofisma”, que prefiro, vem do grego “sóphisma”, que traduzo agora como
“só-pensamento”. O sofisma é uma espécie de ideia pura, de ideia que se alimenta

de si mesma e não dos fatos, das evidências, da realidade, enfim. Como a realidade
é extremamente dinâmica, alterando-se a cada instante, quem argumenta de maneira
sofismática tende a ter preguiça de observar cada fenômeno por todas as perspectivas
possíveis, preferindo se empolgar com as próprias palavras. Ao invés de confirmar o que
pensa pelo olhar contínuo sobre a realidade em movimento, prefere apoiar o que pensa
com o seu próprio pensamento. (BERNANDO, 2009, Ano 2. N.4)

LEITURA
Um Sofisma é um sofisma? Por Gustavo Bernardo. Disponível em:
http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=25

4.5 Argumentos válidos fundamentais

Como vimos, temos duas maneiras de verificar se um argumento A1,A2,…,An  B


é verdadeiro. A primeira maneira é verificar se A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An → B é uma tauto-
logia e a segunda é observar se a implicação lógica A1 ∧ A2 ∧ … ∧ An ⇒ B se verifica.
Desta forma, as implicações logicas já estudadas e as equivalências nos se-
rão muito úteis na verificação da validade de argumentos.
Vamos destacar agora alguns
alguns argumentos válidos fundam
fundamentais.
entais.

REGRA DE INFERÊNCIA FÓRMULAS


Adição pp∨q
Simplificação p∧qp
Conjunção p, q  p ∧ q
Absorção p → q  p → (p ∧ q)
Modus Ponens p ∧ (p → q) ⇒ q
Modus Tolens ~q ∧ (p → p) ⇒ ~p
Silogismo Disjuntivo (p ∨ q) ∧~p ⇒ q
Silogismo Hipotético (p → q) ∧ (q → r) p → r

94 •
capítulo 4
EXEMPLO
Considere o argumento: “Vou ao cinema ou vou ao teatro. Não vou ao cinema. Posso deduzir
que vou ao teatro. ”
Podemos dizer que este argumento é válido?
Resolução:
Transformando o argumento de linguagem corrente para linguagem lógica, temos:
p: Vou ao cinema.
q: Vou ao teatro.
O argumento: (p ∨ q), ~p, q

O argumento (p ∨ q), ~p , q é válido se (p ∨ q) ∨ (~p) → q é uma tautologia, ou ainda, se


está associado a equivalência lógica (p ∨ q) ∧ (~p) ⇒ q (Silogismo Disjuntivo)
(i) Verificando se é tautologia.

p q p∨q ~p (p ∨ q) ∧ ~
~pp (p ∨ q) ∧ ~p → q
V V V F F V
V F V F F V
F V V V V V
F F F V F V

De fato, na última coluna só aparece o valor lógico verdade (V), sendo, portanto, uma
tautologia.
(ii) Verificando se está associado a implicação lógica.

p q p∨q ~p (p ∨ q) ∧ ~p
V V V F F
V F V F F
F V V V V

F F F V F
De fato, trata-se de uma implicação lógica, pois sempre que (p ∨ q) ∧ (~p) é verdadeiro,
temos que q também é.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Considere o argumento: “Se o temporal foi devastador, então as ruas ficaram intransi-
táveis. Posso deduzir, a partir daí, que se as ruas ficaram intransitáveis então o temporal foi
devastador? ”

capítulo 4 • 95
Podemos dizer que este argumento é válido?
Resolução:
Transformando o argumento de linguagem corrente para linguagem lógica, temos:
p: o temporal foi devastador
q: as ruas ficaram intransitáveis
Pergunta: p → q, p → q é um argumento válido ou sofisma?

p q p→q q→p
V V V V
V F F V
F V V F
F F V V

O argumento dado não é válido, é um Sofisma.

02. Considere o argumento: "S "See chover muito então o trânsito ficará caótico."
Posso concluir, a partir daí que "Se o trânsito não ficou caótico então não choveu muito. "?
Podemos dizer que este argumento é válido?
Resolução:
Transformando o argumento de linguagem corrente para linguagem lógica, temos:
p: chover muito.
q: trânsito ficará caótico.
Pergunta: p → q, ~q → ~p é um argumento válido ou sofisma?

p q p→q ~q ~p ~p → ~p
V V V F F V
V F F V F F
F V V F V V

F F V V V V
Trata-se de um argumento válido.

96 •
capítulo 4
4.6 Sentenças abertas,
abertas, conjunto universo
universo e conjunto
conjunto verdade

4.6.1 Sentença aberta e conjunto universo

Chama-se sentença aberta em A uma expressão p(x) tal que p(a) é falsa (F) ou
verdadeira (V) para todo a ∈ A , isto é, p(x) é uma sentença aberta em A se e so-
mente se p(x) torna-se uma proposição (V ou F) todas as vezes que se substitui a
variável x por qualquer elemento a do conjunto
conjunto A.
O conjunto A recebe o nome de conjunto-universo (universo ou domínio).

EXEMPLO
Sentença x + 2 = 10. Trata-se
Trata-se de sentença aberta na variável x. Se substituirmos a variáve
variávell x
por 8, a sentença será verdadeira,
verda deira, pois 8 + 2 = 10. Note que se substituirmos x ppor
or qualquer
outro valor, por exemplo, 20, a sentença será falsa.

4.6.2 Conjunto verdade

Chamamos de conjunto verdade de uma sentença aberta p(x) em um conjunto


A, o conjunto de todos os elementos ta
tais
is que p(a) é um
uma
a proposição verdadeira.
Notação: Vp = {x/x ∈ A ∧ p(x)}

EXEMPLO
Considere o conjunto {x/x ∈ N ∧ x +1 > 7} . O conjunto universo considerado é o con-
junto dos números naturais, A proposição aberta considerada é x + 1 > 7.
Os elementos que pertencem a este conjunto são aqueles números naturais que satis-
fazem a inequação x + 1 > 7.
Isto significa que x > 7 – 1, ou ainda, x > 6.
O conjunto verdade considerado será então {7, 8, 9,…}

capítulo 4 • 97
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Para cada propriedade e conjunto universo dado abaixo, determine o conjunto verdade:
a) P(x): x + 5 > 3 e U = N .
Resolução:
A princípio precisamos resolver a inequação dada.
x+5>3
x>3–5
x > –2
Como o conjunto Universo é o conjunto dos números naturais, temos que qualquer nú-
mero natural satisfaz a inequação x > – 2.
Assim, o conjunto verdade será: N
b) P(x): x + 1 > 8 e U = N
Resolução:
A princípio precisamos resolver a inequação dada.
x+1>8
x > 8 –1
x>7
Como o conjunto Universo é o conjunto dos números naturais, temos que o conjunto
Verdade será { 8, 9, 10,...}
c) P(x): x + 7 < 5 e U = N
Resolução:
x+7<5
x<5–7
x<–2
Como o conjunto Universo é o conjunto dos números naturais, e nenhum número natural
é menor do que –2, temos que o Conjunto Verdade será o conjunto vazio. ∅

02. Determine que valores satisfaz


satisfazem
em em N a sentença 2x – 10 < 5.
Resolução:
2x < 5 + 10
2x < 15
15
x<
2

x < 7,5
x = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}

98 •
capítulo 4
03. Determine que valores satisfaz
satisfazem
em em Z a sentença 2x –10 < 5.
Resolução:
2 x < 5 + 10
2x < 15
15
x<
2

x < 7,5
x = {..., 4, 5, 6, 7}

04. Determine que valores satisfaz


satisfazem
em em R a ssentença
entença 2x – 10 < 5.
Resolução:
2x < 5 + 10
2x < 15
15
x<
2

x < 7,5
 15 
x =  − ∞,
 2 

05. Determine que valores satisf


satisfazem
azem em R a sentença x2 + 5x – 6 = 0
Resolução:
−b ± ∆
x12
,
=
2a

∆ = b2 – 4ac
∆ = 52 – (4) · (1) · (–6)

∆ = 25 + 24

∆ = 49
−5 ± 7 1
x12 = =
 −6
,
2

06. Determine que valores satisf


satisfazem
azem em N a sentença x2 + 5x – 6 = 0
Resolução:
−b ± ∆
x12
,
=
2a

∆ = b2 – 4ac
∆ = 52 – (4) · (1) · (–6)

capítulo 4 • 99
∆ = 25 + 24
∆ = 49

−5 ± 7 1
x12 = =
 −6
,
2

Como estamos considerando como conjunto Universo o conjunto dos números Naturais,
só nos servirá o 1.

COMENTÁRIO
A sentença que não é aberta, dizemos ser fechada.

EXEMPLO
Dadas as sentenças: "r: x é número ímpar" e "s: 2 é um número irracional" , temos que a
sentença r é aberta e a sentença s é fechada.

4.7 Quantificadores

Podemos, a partir de uma sentença aberta P, criar proposições ou sentenças


fechadas, atribuindo-se valores às variáveis livres de P, sendo possível então de-
terminar seu valor lógico verdadeiro ou falso.
Uma outra forma de transformar sentenças abertas em fechadas é utilizar-
mos os quantificadores. Estes “quantificam” as variáveis livres da sentença,
nos fornecendo informações relacionadas a “quantidade” de elementos.

4.8 Quantificador universal

Considere p(x) uma sentença aberta em um conjunto não vazio A (A ≠ ∅) e o seu


conjunto verdade Vp = {x/ x ∈ A ∧ p(x)}
Se todos os elementos de A satisfazem a p(x), podemos dizer que para todo
elemento x de A, p(x) é verdadeira, ou ainda, qualquer que seja o elemento x de
A, p(x) é verdadeira.

100 •
capítulo 4
Notações: (∀ x ∈ A)(p(x)); ∀ x ∈ A,p(x); ∀ x,p(x)

Ao operador lógico ∀ damos o nome de quantificador universal.


Dessa forma, quando precisamos nos referir a todos os elementos de um
conjunto, podemos utilizar o quantificador universal.

EXEMPLO
Considere a propriedade p(x) = x é ímpar no conjunto Universo A = {3, 5, 7, 9, 11}.
Utilizando o quantificador universal ∀, podemos dizer que (∀ x ∈ A)(x é ímpar). Desta
forma, transformamos a sentença aberta “x é ímpar” em uma sentença fechada, uma propo-
sição. A partir daí, podemos atribuir o seu valor lógico, neste caso, verdadeiro.

REFLEXÃO
A sentença aberta p(x) não tem valor lógico, a menos que se atribua valor a x. No entanto, a
sentença aberta p(x) com o símbolo ∀, antes dela, torna-se uma proposição, tendo portanto
um valor lógico (V ou F).
O símbolo ∀, referido a variável x, representa uma operação lógica que transforma a
sentença aberta p(x) numa proposição (V ou F).

4.8.1 Quantificador existencial

Considere p(x) uma sentença aberta em um conjunto não vazio A (A ≠ ∅) e o seu


conjunto verdade Vp = {x/ x ∈A ∧ p(x)}
Quando o conjunto verdade de A, Vp , não é vazio, então um elemento, pelo
menos, do conjunto A satisfaz a sentença aberta p(x), e podemos afirmar:
“Existe pelo menos um x ∈ A tal que p(x) é verdadeira“
“Para algum x ∈ A, p(x) é verdadeira”
“Existe x∈ A tal que p(x)”
“Para algum x ∈ A, p(x)”

Notações: (∃ x ∈ A)p(x); ∃ x ∈ A,p(x) ; ∃ x,p(x)

capítulo 4 • 101
EXEMPLO
Considere a propriedade p(x) = x é número primo no conjunto Universo
A = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} . Utilizando o quantificador universal ∃, podemos dizer (∃ x ∈ A)(x é pri-
mo). Desta forma, transformamos a sentença aberta “x é primo” em uma sentença fechada,
A partir daí, podemos atribuir o seu valor lógico, neste caso, verdadeiro. Existem 4 elementos
que satisfazem a propriedade de ser número primo.

REFLEXÃO
Tal como foi feito com o quantificador universal, é importante que se sinalize que a sentença aber-
ta p(x) não tem valor lógico, a menos que se atribua valor a x. No entanto, a sentença aberta p(x)
com o símbolo ∃ , antes dela, torna-se uma proposição, tendo portanto um valor lógico (V ou F).
O símbolo ∃, referido a variável x, representa uma operação lógica que transforma a sen-
tença aberta p(x) numa proposição (V ou F).

4.8.2 Quantificador de existência e unicidade

Podemos ter o caso em que a proposição ∃ x ∈ A, p(x) é verdadeira para um único x


∈ A. Neste caso dizemos que existe um único valor de x que satisfaz a propriedade.

Notação: (∃! x ∈ A)p(x)


Dizemos: Existe um e um só tal que p(x).
Ao operador lógico ∃! damos o nome de quantificador de Existência
e Unicidade.

EXEMPLO
Considere a propriedade x – 1 = 0 no conjunto dos números naturais. Somente o número 1
satisfaz a esta propriedade. Dizemos então que ∃! x ∈ N : x – 1 = 0

102 •
capítulo 4
CURIOSIDADE
O símbolo de existência ∃, o “E” invertido, tem sua origem na palavra inglesa “Ex “Exists”,
ists”, que
significa ”existe”, enquanto que o símbolo do quantificador universal ∀, o “A” de cabeça para
baixo tem sua origem na palavra inglesa “All”, que significa “todo”.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Determine o valor lógico de cada uma das proposições.
a) ∀ x ∈ , x < x + 1. d) ∀ x ∈  , x = 3.
b) ∃ x ∈ , x < x + 1. e) ∃ x ∈ , x < 1.
c) ∃! x ∈ , x < x + 1. f) ∃! x ∈ , x < x + 1.
Resolução:
a) ∀ x ∈ , x < x + 1. Qualquer número inteiro é menor que seu sucessor. Verdade.
b) ∃ x ∈ , x < x + 1. Verdade.

c) ∃! x ∈ , x < x + 1. Falso.

d) ∀ x ∈  , x = 3. Falso.

e) ∃ x ∈ , x < 1. Verdade.

f) ∃! x ∈ , x < x + 1. Falso.

02. Dê o valor lógico de P(x): x + 1 > x e U = N


a) ∀ x P(x) . b) ∃ x P(x) .
Resolução:
a) ∀ x P(x) . Verdade. b) ∃ x P(x). Verdade.

4.9 Negação de
de proposições
proposições com quantificadores

4.9.1 Negação de proposição com quantificador universal

Considere a frase em linguagem corrente “Todas os alunos aprenderam


a matéria. ”
Negando esta sentença, ficaríamos com “Nem todos os alunos aprenderam a
matéria.” Poderíamos também dizer que “Existem alunos que não aprenderam
a matéria. “

capítulo 4 • 103
Estruturalmente, observamos que esta sentença possui um quantificador
universal (∀).
Começaremos transformando a sentença, que está em linguagem corrente,
para em linguagem lógica: ∀ x, p(x).
A negação ficará ~[∀ x, p(x)] ou ainda ∃ x(~p(x))

Negação de proposição com quantificador universal:


~(∀ x, p(x)) ⇔ x(~p(x))

4.9.2 Negação de proposição com quantificador existencial

Considere a frase em linguagem corrente: Existem pessoas que gostam de atum.


Negando esta sentença, ficaríamos com “Não existem pessoas que gostam
de atum. ” Poderíamos também dizer que “Nenhuma pessoa gosta de atum “,
ou ainda, “Todas as pessoas detestam atum”.
Estruturalmente, observamos que esta sentença possui um quantificador
existencial (∃).
Começaremos transformando a sentença, que está em linguagem corrente,
para em linguagem lógica: ∃ x, p(x).
A negação ficará ~[∃ x, p(x)] ou ainda ∀ x(~p(x))

Negação de proposição com quantificador existencial:


~(∃ x,p(x)) ⇔ ∀x(~p(x))

REFLEXÃO
A negação transforma uma proposição com o quantificador universal em uma proposição
com quantificador existencial (seguido de negação) e vice-versa, tornando-as equivalentes.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Escreva as frases abaixo, utilizando os quantificadores. A seguir negue as proposições
formadas e retorne a linguagem corrente.
a) Toda pessoa fala francês
~(∀ x (p(x))) Ficamos com ∃ x(~p(x))
Existe uma pessoa que não fala francês.

104 •
capítulo 4
b) Existe um planeta que é habitável
~(∃ x (p(x))) Ficamos com ∃ x(~p(x))
Todo planeta não é habitável.

02. Negue as afirmações abaixo:


a) Todos os alunos da turma A são bem comportados.
~(∀ x (p(x))) Ficamos com ∃ x(~p(x))
Existem pelo menos um aluno da turma A que não é bem comportado.

b) Alguns homens são sábios.


~(∃ x (p(x))) Ficamos com ∀ x(~p(x))
Todos os homens não são sábios ou mesmo Nenhum homem é sábio.

c) Todas as pessoas da turma são bonitas e inteligentes.


~(∀ x (p ∧ q) ⇔ (∃ x(~(p ∧ q)) ⇔ (∃ x(~p ∨ ~q))
Existe pelo menos uma pessoa da turma que não é bonita ou não é inteligente.

4.9.3 Negativa de proposições com dois quantificadores

Podemos negar proposições com mais de um quantificador. O procedimento


será o mesmo.

EXEMPLO
Se negarmos a proposição (∀ y ∈ R)(∃ x ∈ R)(x + y = y) , teremos:
~[(∀ y ∈ R)(∃ x ∈ R)(x + y = y)]
(∃ y ∈ R)(∀x ∈ R)(x + y ≠ y)

COMENTÁRIO
Interessante, primeiramente, se intuir, e a seguir definir as negações “duplas”.
~ ∀ x~P(x) ⇔ ∃ x P(x)
~ ∃ x~P(x) ⇔ ∀ x P(x)

capítulo 4 • 105
4.9.4 Negações de proposições compostas quantificadas

Podemos utilizar a negação dos conectivos já estudadas, as leis de Morgan e a


negação da condicional e do bicondicional juntamente com os quantificadores.

a) Negando o “E”
Exemplo:
Proposição em linguagem corrente: Todas as pessoas da turma ao lado são
bonitas e inteligentes.
Proposição em linguagem lógica: ∀ x (p ∧ q) ⇔ (∃x(~(p ∧ q)) ⇔ (∃ x(~p ∨ ~q)
Negando: ~(∀ x (p ∧ q) ⇔ (∃ x(~(p∧ q)) ⇔ (∃ x(~p ∨ ~q))
Em linguagem corrente a negação ficará: Existe pelo menos uma pessoa da
turma ao lado que não é bonita ou não é inteligente.
Exemplo:
Proposição em linguagem corrente: Toda pessoa envolvida no processo será
contratada e efetivada.
Proposição em linguagem lógica: ∀ x (p ∧ q) ⇔ (∃x(~(p ∧ q)) ⇔ (∃ x(~p∨~q)
Negando a proposição: ~(∀ x (p ∧ q) ⇔ (∃x(~(p ∧ q)) ⇔ (∃ x(~p∨~q))
Em linguagem corrente a negação ficará: Existe pelo menos uma pessoa en-
volvida no processo que não será
será contratada ou não será efetivada.
efetivada.

b) Negando o “OU”
Exemplo:
Proposição em linguagem corrente: Existe um elemento na composição da
fórmula que contribui de forma positiva ou faz com que vivamos mais.
Proposição em linguagem lógica: ∃ x (p∨q) ⇔ (∀x(~(p ∨ q)) ⇔ (∀ x(~p∧~q)
Negando a proposição: ~(∃ x (p∨q) ⇔ (∀x(~(p∨q)) ⇔ (∀ x(~p∧~q))
Em linguagem corrente a negação ficará : Todo elemento na composição da
fórmula não contribui de forma positiva e não faz com que vivemos mais.

c) Negando o “SE..ENTÃO”
Exemplo:
Proposição em linguagem corrente: Todas as pessoas, se são pobres, então
são infelizes.

106 •
capítulo 4
Proposição em linguagem lógica: ∀ x (p → q) ⇔ (∃x(~(p → q)) ⇔ (∃ x(p ∧~q)
Negando a proposição: ~(∀ x (p → q) ⇔ (∃ x(~(p → q)) ⇔ (∃ x(p ∧~q))
Em linguagem corrente a negação ficará: Existe pelo menos uma pessoa
que é pobre e é feliz.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. (ESAF – Analista) Diz
Dizer
er que a afirmação “T
“Todos
odos os economistas são médicos” é falsa,
falsa, do
ponto de vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira:
a) Nenhum economista é médico
b) Pelo menos um economista não é médico
c) Nenhum médico é economista
d) Pelo menos um médico não é economista
e) Todos os não-médicos são não-economistas
Resolução:
Se a sentença “Todos os economistas são médicos” é falsa, temos que a sua negativa é
verdadeira.
Transformando esta sentença de linguagem corrente para linguagem lógica, ficamos
com: ∀ x, p(x).
Negando esta sentença, obtemos: ~[∀x, p(x)], ou ainda, ∃x, ~ p(x).
Em linguagem corrente, temos “Existem economistas que não são médicos” , ou ainda,
“Pelo menos um economista não é médico”.
Opção: (b)

02. (ESAF – MPO


MPOG/2009)
G/2009) A negação de ““À
À noite, todos os gatos são pardos” é:
a) De dia, todos os gatos são pardos.
b) De dia, nenhum gato é pardo.
c) De dia, existe pelo menos um gato que não é pardo.
d) À noite, existe pelo menos um gato que não é pardo.
e) À noite, nenhum gato é pardo.
Resolução:
No caso, precisamos negar um para todo, ou seja, ~[∀ x,p(x)], ou ainda, ∃x,~ p(x).
Em linguagem corrente, ficamos com À noite, existe pelo menos um gato que não é
pardo.
Opção: (d)

capítulo 4 • 107
03. (ESAF – Auditor do TTesouro
esouro Municipal) Pedro, após visitar uma aldeia distante, afirmou:
“Não é verdade que todos os aldeões daquela aldeia não dormem a sesta”. A condição ne-
cessária e suficiente para que a afirmação de Pedro seja verdadeira é que seja verdadeira a
seguinte proposição:
a) No máximo um aldeão daquela aldeia não dorme a sesta.
b) Todos os aldeões daquela aldeia dormem a sesta.
c) Pelo menos um aldeão daquela aldeia dorme a sesta.
d) Nenhum aldeão daquela aldeia não dorme a sesta.
e) Nenhum aldeão daquela aldeia dorme a sesta.
Resolução:
A condição necessária e suficiente diz respeito ao “ se e somente se”, ou ainda, a uma
sentença equivalente.
Precisamos então determinar uma sentença equivalente a “Não é verdade que todos
os aldeões daquela aldeia não dormem a sesta”. Transformando a sentença da linguagem
corrente para a linguagem lógica, teremos :
~[∀x ~p(x)]
Esta proposição será equivalente a ∃x(~~p(x)), ou ainda ∃xp(x).
Em linguagem corrente, ficamos com “Existe pelo menos um aldeão daquela aldeia que
dorme a sesta“, ou ainda, “Pelo menos um aldeão daquela aldeia dorme a sesta.”
Opção: (c)

04. (CESPE) Considere a seguinte proposição: “Ninguém será considerado culpado


culpado ou con-
denado sem julgamento. ” Julgue os itens que se seguem, acerca dessa proposição.
1o. A proposição “Existe alguém que será considerado culpado ou condenado sem julga-
mento” é uma proposição logicamente equivalente à negação da proposição acima.
2o. “Todos serão considerados culpados e condenados sem julgamento” não é uma pro-
posição logicamente equivalente à negação da proposição acima.
Resolução:
1o. A proposição “Existe alguém que será considerado culpado ou condenado sem julga-
mento” é uma proposição logicamente equivalente à negação da proposição acima.
Podemos escrever a proposição dada “Ninguém será considerado culpado ou conde-
nado sem julgamento” como “Não existe pessoa considerada culpada ou condenada sem
julgamento“
Transformando a proposição dada para linguagem lógica, ficaremos com:
~∃x(p ∨ q)

108 •
capítulo 4
Negando a proposição dada, ~~∃x(p ∨ q) , ou ainda, ∃x(p ∨ q).
Em linguagem corrente, “Existe pelo menos uma pessoa considerada culpada ou conde-
nada sem julgamento “
Portanto, a afirmativa 1 é verdadeira.
2o. “Todos serão considerados culpados e condenados sem julgamento” não é uma pro-
posição logicamente equivalente à negação da proposição acima.
Conforme desenvolvimento do item 1, em linguagem corrente, a negativa da proposição
dada será “Existe pelo menos uma pessoa considerada culpada ou condenada sem julga-
mento “. Dessa forma, “Todos serão considerados culpados e condenados sem julgamento”
não é uma proposição logicamente equivalente à negação da proposição dada.
Portanto, a afirmativa 2 é verdadeira.

05. (CESGRANRIO
(CESGRANRIO-TJ-RO-
-TJ-RO-2008)
2008) A negação de “Nenhum rondoniense é casado” é:
a) há pelo menos um rondoniense casado.
b) alguns casados são rondonienses.
c) todos os rondonienses são casados.
d) todos os casados são rondonienses.
e) todos os rondonienses são solteiros.
Resolução:
Podemos transformar a sentença “Nenhum rondoniense é casado” em “Não existe ron-
doniense que seja casado. ”
Transformando esta sentença de linguagem corrente para linguagem lógica, ficamos
com: ~∃x, p(x)
Negando esta frase, temos que ~(~∃x, p(x)) que equivale a ∃x, p(x) .
Dessa forma, existe, pelo menos um rondoniense que é casado.

RESUMO
O que vimos neste capítulo?
Neste capítulo 4, identificamos a estrutura de um argumento, bem como reconhecemos
se um argumento é válido ou se é um sofisma. Ainda, identificamos conjuntos, universo e
verdade de sentenças abertas. Também identificamos e aplicamos os quantificadores a sen-
tenças abertas, negamos proposições com quantificadores, aplicando as relações estudadas
até então.

capítulo 4 • 109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação a lógica matemática. 18. ed. São Paulo: Nobel, 2002.
BERNARDO, GUSTAVO.
GUSTAVO. Um Sofisma é um sofisma? Revista Eletrônica do Vestibular. Disponível em
<http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=25>. Acesso em 26 mar. 2016.
VIANA, PETRUCIO. Validade, Forma e Conteúdo dos Argumentos. Disponível em <http://www.uff.br/
grupodelogica/textos/Via.pdf>. Acesso em 26 mar. 2016.

110 •
capítulo 4
5
Técnicas de
Demonstrações
5. Técnicas de Demonstra
Demonstrações
ções
Para demonstrarmos a validade dos argumentos podemos utilizar algumas téc-
nicas de demonstrações
demonstrações..
• Demonstração utilizando Tabela-Verdade.
• Demonstração Direta.
• Demonstração Condicional.
• Demonstração por Absurdo.

Até o momento, utilizamos a tabela verdade para demonstrar


demonstrar que um argu-
mento é válido.
Outras técnicas de demonstrações nos permitirão demonstrar a validade de
argumentos, sem montar a tabela verdade.
Na aula de hoje trataremos da demonstração direta. As regras de Inferências
devem ser usadas neste método de demonstração direta.

OBJETIVOS
• Validar a demonstração direta dos Argumentos.
• Construir a demonstração direta dos Argumentos.
• Validar argumentos utilizando a demonstração direta
• Utilizar as regras de Inferências e equivalências na validação e demonstração direta de
argumentos válidos.
• Demonstrar argumentos adequados pelo método da demonstração condicional.
• Demonstrar argumentos, usando a demonstração por absurdo.
• Identificar o conjunto numérico binário.
• Associar os valores lógicos estudados, verdadeiro e falso, ao zero e um.
• Construir tabela verdade, usando o conjunto binário 0 e 1.
• Transformar um número no sistema decimal para o sistema binário e vice versa.

112 •
capítulo 5
5.1 Demonstração utilizando tabela verdade
verdade

EXEMPLO
01. Vamos considerar o argumento a seguir, em linguagem corrente.
O jogador estreante se destacou na partida ou o time do jogador estreante perdeu a
partida. O jogador estreante não se destacou na partida.
Podemos concluir que o time do jogador estreante perdeu a partida
Verificaremos, com o auxílio da tabela verdade, se este argumento é um argumento vá-
lido ou se é um sofisma.
Resolução:
Transformando o argumento para linguagem lógica, temos:
(p ∨ q) ∧ ~p  q
Temos duas maneiras de mostrar este argumento, utilizando a tabela verdade. Precisamos
verificar se (p ∨ q) ∧ ~p → q é uma tautologia ou se a implicação lógica (p ∨ q) ∧ ~p ⇒ q
é válida

(i) Verificando se (p ∨ q) ∨ ~p → q é uma tautologia.


Na última coluna há somente V.

p q p∨q ~p (p ∨ q) ∧ ~
~pp (p ∨ q) ∧ ~p → q
V V V F F V
V F V F F V
F V V V V V
F F F V F V

(ii) Verificando se a implicação lógica (p ∨ q) ∧ ~p ⇒ q é válida


Sempre que (p ∨ q) ∧ ~ p é verdadeira, temos que q também é.
p q p∨q ~p (p ∨ q) ∧ ~p q
V V V F F V
V F V F F F
F V V V V V
F F F V F F

Portanto, (p ∨ q) ∧ ~p  q é um argumento válido. Assim, considerando que o jogador


estreante se destacou na partida ou o time do jogador estreante perdeu a partida. O jogador
estreante não se destacou na partida.
Podemos concluir que o time do jogador estreante perdeu a partida

capítulo 5 • 113
EXEMPLO
Considere o argumento
Vamos estudar Matemática ou iremos a praia. Não iremos a praia. Se estudarmos Ma-
temática, então viajaremos no final do ano. Podemos concluir então que viajaremos no final
do ano.
Em linguagem lógica:
(p ∨ q), (~q), (p → r)  r
Precisamos verificar se (p ∨ q) ∧ (~q) ∧ (p → r) → r é uma tautologia.

p q r p∨q ~q p→r (p ∨ q) ∧ (~p ∧ (p → rr)) [(p ∨ q) ∧ (~q) ∧ (p → r)] → r


V V V V F V F V
V F F V F F F V
F V V V V V V V
V V V V F V F V
V V F V V F F V
V F F V F V F V
V V V F V V F V
F F F F V V F V

Poderíamos mostrar que (p ∨ q) ∧ (~q) ∧ (p → r) ⇒ r é uma implicação válida. Neste


caso, temos que mostrar que sempre que (p ∨ q)
q ) ∧ (~q) ∧ (p → r) é verdadeira, r também
será.

p q r p∨q ~q p→r (p ∨ q) ∧ (~q) ∧ (p → r)


V V V V F V F
V F F V F F F
F V V V V V V
V V V V F V F
V V F V V F F
V F F V F V F
V V V F V V F
F F F F V V F

De fato, temos (p ∨ q),(~q),(p → r)  r um argumento válido.


Vamos estudar Matemática ou iremos a praia. Não iremos a praia. Se estudarmos Ma-
temática, então viajaremos no final do ano. Podemos concluir então que viajaremos no final
do ano.

114 •
capítulo 5
REFLEXÃO
Observe que à medida que a quantidade de proposições simples aumenta, a confecção da
tabela se torna bem trabalhosa.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Verifique se o argumento abaixo é válido, justificando sua resposta.

Se o grupo teatral tiver boa performance, então a peça será um sucesso.


O grupo teatral teve boa performance.
Logo, a peça foi um sucesso.

Resolução:
Transformando o argumento para linguagem lógica, temos: (p → q) ∧ p  q
Precisamos verificar se (p→ q) ∧ p → q é uma tautologia, ou se (p → q) ∧ p ⇒ q é im-
plicação válida.
(i) Verificando se (p → q) ∧ p → q é uma tautologia

p q p→r p ∨ (p → qq)) p ∧ (p → q) → q
V V V V V
V F F F V
F V V F V
F F V F V

De fato, (p → q) ∧ p → q é tautologia, uma vez que na última coluna só temos V.


(ii) Verificando se (p → q) ∧ p ⇒ q é implicação válida.

p q p→r p ∧ (p → q)
V V V V
V F F F
F V V F
F F V F

De fato, sempre que (p → q) ∧ p é verdade, temos que q também é.

capítulo 5 • 115
5.2 Demonstração direta

Na técnica de Demonstração Direta utilizamos as regras de inferência e as equi-


valências lógicas, já nossas
nossas conhecidas.
conhecidas.
Fazemos "Inferências", ou seja, executamos os passos de uma Dedução ou
Demonstração, a partir das premissas, até chegarmos à conclusão, sendo que
cada passo deve estar acompanhado de sua respectiva justificativa.
De modo prático, em uma demonstração direta, iniciamos assumindo a hi-
pótese como verdadeira.
Lembremos agora das Regras de Inferência:

Adição p⇒p∨q
Simplificação p∧q⇒p
Modus Ponens p ∧ (p → q) ⇒ q
Modus Tollens ~q ∧ (p → q) ⇒ ~p
Silogismo Hipotético (p → q) ∧ (q → r) ⇒ (p → r)
Silogismo Disjuntivo (p ∨ q) ∧ ~p ⇒ q
Eliminação (p → (q ∨ r) ) ∧ ~q ⇒ p → r
Prova por Casos (p → r) ∧ (q → r) ⇒ (p ∨ q) → r
Além das Regras de Inferências, precisamos também relembrar as
Equivalências Lógicas.

Dupla Negação ~~p ⇔ p


Comutativa p∧q⇔q∧p
Comutativa p∨q⇔q∨p
Associativa (p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r)
Associativa (p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r)
Idempotente p∧p⇒p
Idempotente p∨p⇒p
Absorção p ∧ (p ∨ q) ⇔ p
Absorção p ∨ (p ∧ q) ⇔ p
Absorção p→p∧q⇔p→q
Lei de Morgan ~(p ∨ q) ⇔ ~p ∧ ~q
Lei de Morgan ~(p ∧ q) ⇔ ~p ∨ ~q
Def Implicação p → q ⇔ ~p ∨ q
Def Implicação p → q ⇔ ~p ∧ q
Def Bicondicional p ↔ q ⇔ (p → q) ∧ (q → p)
Def Bicondicional p ↔ q ⇔ (~p → q) ∧ (~q → p)
Regra de Clavius ~p → p ⇔ p
Contraposição p → q ⇔ ~q → ~p

116 •
capítulo 5
EXEMPLO
01. Demonstre a validade do argumento p → ~q, q  ~p
Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1
2.. pq ~ ~qq P
Prreem
miissssaa
3. ~~ q → ~~pp 1, Contrapositiva
4. q→~ ~pp 3, Dupla Negação
5 ~p 2, 4, Modus Ponens

02. Demonstre a validade do argumento (p → q), (r → ~q)  p~r


Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p→q Premissa
2. r→~~qq Premissa
3. ~~ q → ~
~rr 2, Contrapositiva
4. q→~
~rr 3, Dupla Negação
5 p→~
~rr 1, 4, Silogismo Hipotético

03. Demonstre a validade do argumento p → ~q, q  ~p


Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p→~ ~qq Premissa
2. q Premissa
3. ~~ q → ~~pp 1, Contrapositiva
4. q→~ ~pp 3, Dupla Negação
5 ~p 2, 4, Modus Ponens

04. Demonstre a validade do argumento (p → ~q), q, (~p → r ∧ s)  r∧s


Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p→~ ~qq Premissa
2. q Premissa
3. ~ q →r ∧s Premissa
4. ~~q 2, Dupla Negação
5 q→~ ~pp 1, 4, Modus Ponens
6 r ∧s 3, 5, Modus Ponens

capítulo 5 • 117
ATENÇÃO
Os argumentos podem ser escritos sob uma forma padronizada: colocamos as premissas
sobre um traço horizontal, e a conclusão sob este traço ou separando as premissas da con-
clusão com o símbolo  .

EXEMPLO
O argumento ~p → ~q,~q → ~r,r  p , também pode ser escrito como:
~p → ~q
~q → ~r
r
p

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Demonstre a validade do argumento abaixo.
~p → ~ q
~q → ~ r
r
p
Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. ~p → ~
~qq Premissa
2. ~q → ~
~rr Premissa
3. r Premissa
4. r→q 2, Contrapositiva, Dupla Negação
5 q 2, 4, Modus Ponens
6 q→p 1, Contrapositiva, Dupla Negação
7 p 5, 6, Modus Ponens

118 •
capítulo 5
02. Demonstre a validade do argumento abaixo.
p→q
p∨r
~q
r → (s ∧ t)
s
Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p→q Premissa
2. p∨r Premissa
3. ~q Premissa
4. r → (s ∧ tt)) Premissa
5 ~p 1,3, Modus Tollens
6 r 2,5, Silogismo Disjuntivo
7 s∧t 4,6, Modus Ponens
8 s 7, Simplificação

03. Demonstre a validade do argumento abaixo.


p→q
r→s
~q ∧ r
~p ∧ s → x
x
Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p→q Premissa
2. r→s Premissa
3. ~q ∧ r Premissa
4. ~p ∧ s → x Premissa
5 ~q 3, Simplificação
6 ~p 1, 5, Contrapositiva
7 r 3, Simplificação
8 s 2, 7 , Modus Ponens
9 ~p ∧ s 6, 8, Adição
10 x 4, 9, Modus Ponens

capítulo 5 • 119
04. (Esaf) Se Beto briga com Glória, então Glória vai ao cinema. Se Glória vai ao cinema,
então Carla fica em casa. Se Carla fica em casa, então Raul briga com Carla. Ora, Raul não
briga com Carla. Logo:
a) Carla não fica em casa e Beto não briga com Glória.
b) Carla fica em casa e Glória vai ao cinema.
c) Carla não fica em casa e Glória vai ao cinema.
d) Glória vai ao cinema e Beto briga com Glória.
e) Glória não vai ao cinema e Beto briga com Glória.
Resolução:
Precisamos inicialmente identificar cada sentença dada como proposições sim-
ples definidas.
p: Beto briga com Glória. r: Carla fica em casa.
q: Glória vai ao cinema. s: Raul briga com Carla.
Precisamos agora, desenvolver estas premissas (p → q),(q → r),(r → s),~s e ver se
chegaremos a alguma das opções de resposta, que são:

120 •
capítulo 5
(a) Carla não fica em casa e Beto não briga com Glória. ~r ∧ ~p
(b) Carla fica em casa e Glória vai ao cinema. r∧q
(c) Carla não fica em casa e Glória vai ao cinema. ~r ∧ q
(d) Glória vai ao cinema e Beto briga com Glória. q∧p
(e) Glória não vai ao cinema e Beto briga com Glória. ~q ∧ p

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p→q Premissa
2. q→r Premissa
3. r→s Premissa
4. ~s Premissa
5. ~r 3, 4, Contrapositiva
6. ~q 2, 5, Contrapositiva
7. ~p 1, 6, Contrapositiva

Repare que temos como verdadeiras as negativas de p,q e r. Podemos então combiná-las
com a adição, duas a duas. Não podemos combinar uma “negativa” com uma “positiva”, ou
seja, não podemos ter como verdadeira a proposição p ∧ ~q, por exemplo.
Podemos ter então:


8. ~r ~
~pp 5, 7, Adição
Assim, dentre as opções fornecidas, podemos somente ter como conclusão que Carla
não fica em casa e Beto não briga com Glória.

5.3 Demonstração condicional

A Demonstração
Demonstração Con
Condicional
dicional é um método
método utilizado somente para dem
demostrar
ostrar a
validade de um argumento cuja a conclusão tem a forma condicional.
condicional.
P1,P2,P3, ... ,Pn  A → B
Note que a conclusão é a condicional A → B.
Para demonstrar a validade de argumentos cuja conclusão é uma fór-
mula condicional do tipo A → B, considera-se o antecedente A como uma
premissa adicional. A partir daí, utilizando as regras de inferência, chega-
mos ao consequente B. Utilizaremos a regra de inferência Modus Ponens,
para provamos a validade do argumento. Este é o método conhecido como
Demonstração Condicional.

capítulo 5 • 121
EXEMPLO
01. Demonstre a validade do argumento p ∨ q, ~r ∨~q  ~p → ~r
Resolução:
Como a conclusão a qual devemos chegar é uma condicional, utilizaremos a demonstra-
ção condicional.
Admitiremos como premissa adicional o antecedente da condicional a ser provada.

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p∨q Premissa
2. ~r ∨ ~
~qq Premissa
3. ~p Premissa Adicional
4. q 1, 3, Silogismo Disjuntivo
5. ~r 2, 4, Silogismo Disjuntivo
6. ~p → ~~rr 3, 5, Modus Ponens

02. Demonstre a validade do argumento p ∨ (q → r), ~r, q  p


Ou ainda,
Demonstre a validade do argumento:
p ∨ (q → r)
~r
q
p
Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p ∨ (q → rr)) Premissa
2. ~r Premissa
3. q Premissa
4..
5 (pp ∨(~q

~q) ∨rr))r

1,, A
4 DsesfionciçiaãtoivaCondicional
6. p∨~ ~qq 2, 5, Silogismo Disjuntivo
7. p 3, 6, Silogismo Disjuntivo

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Demonstre a validade do argumento p ∨ (q → r),~r, q → p.
Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA

122 •
capítulo 5
1. p ∨ (q → rr)) Premissa
2. ~r Premissa
3. q Premissa
4. p ∨ (~q ∨ rr)) 1, Definição Implicação
5. (p ∨ ~q) ∨ r 4, Associatividade
6. p∨~ ~qq 2, 5, Silogismo Disjuntivo
7. p 3, 6, Silogismo Disjuntivo
8. q→p 3, 7, Modus Ponens

02. Demonstre a validade do argumento p ∨ q, ~r ∨ ~ q, ~p → ~r .


Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p∨q Premissa.
2. ~r ∨ ~
~qq Premissa.
3. ~p Premissa Adicional.
4. q 1, 3, Silogismo Disjuntivo.
5. ~r 2, 4, Silogismo Disjuntivo.
6. ~p → ~~rr 3, 5, Modus Ponens.

03. Verifique, justificando sua resposta, se o argumento a seguir é válido.


O temporal derrubou árvores na pacata rua do bairro ou o temporal da noite passada foi
muito intenso.
O temporal não deixou desabrigados no pacato bairro ou o temporal da noite passada
não foi muito intenso.
Logo, se o temporal não derrubou árvores na pacata rua do bairro, então o temporal não
deixou desabrigados.
Resolução:
A princípio comporemos as proposições simples, a partir das sentenças dadas:
p: O temporal derrubou árvores na pacata rua do bairro.
q: O temporal da noite passada foi muito intenso.
r: O temporal deixou desabrigados no pacato bairro.
O argumento dado ficará então:
(p ∨ q) ∧ (~r ∨ ~q)  (~p → ~r)

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p∨q Premissa.
2. ~r ∨ ~
~qq Premissa.
3. ~p Premissa Adicional.
4. q 1, 3, Silogismo Disjuntivo.
5. ~r 2, 4, Silogismo Disjuntivo.
6. ~p → ~
~rr 3, 5, Modus Ponens.

capítulo 5 • 123
5.4 Demonstração por absurdo

Para se demonstrar, por absurdo, um argumento P 1, P , P 3, ... ,Pn  Q, conside-


ramos a negação da conclusão ~Q como premissa adicional concluímos então
uma contradição qualquer C (uma fórmula falsa do tipo p ∧~p ).
O Método de Demonstração por Absurdo também é conhecido como
Método da Demonstração Indireta.

EXEMPLO
01. Demonstre a validade do argumento: p → ~q , r → q , ~ (p ∧ r).
Resolução:
Consideraremos a negação da conclusão do argumento, como uma premissa adicional.

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. p→~ ~qq Premissa.
2. r→q Premissa.
3. p∧r Premissa Adicional.
4. p 3, Simplificação.
5 r 3, Simplificação.
6 ~q 1, 4, Modus Ponens.
7 ~q → ~ ~rr 2, Contrapositiva.
8 ~r 6, 7, Modus Ponens.
9 r∧~~rr 5, 8, Conjunção.
10 ~(p ∧ rr)) 3, 9, Absurdo.

02. Demonstre a validade do argumento ~(p ∧ q), p → r, q ∨ ~r  ~p

~(p ∧ q)
p→r
q ∨ ~r
~p
Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. ~(p ∧ qq)) Premissa.
2. p→r Premissa.
3. q∨~~rr Premissa.
4. p Premissa Adicional.
5 r 2, 4, Modus Ponens.
6 q 3, 5, Silogismo Disjuntivo.
7 ~p ∨ ~
~qq 1, Leis de Morgan.

8
9 ~
~qq ∧ q 4
6,, 7
8,, S
Aidloiçgãisom
. o Disjuntivo.

124 •
capítulo 5
10 ~p 4, 9, Absurdo.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Demonstre a validade do argumento p → q, q → r, ~r  ~p

p→q
q→r
~r
~p
Resolução:
PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA
1. p →q Premissa.
2. q→r Premissa.
3. ~r Premissa.
4. p Premissa Adicional.
5 q 1, 4, Modus Ponens.
6 r 2, 5, Modus Ponens.
7 ~r ∧ r 3, 6, Adição.
8 ~p 4, 7, Absurdo.
02. Demonstre a validade do argumento
(~p → q) ∧ (r → s)
p ↔ (t ∨ ~s)
r
~t
q
Resolução:

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. (~p → q) ∧ (r → s)
s) Premissa.
2. p ↔ (t ∨ ~
~ss) Premissa.
3. r Premissa.
4. ~t Premissa.
5 ~q Premissa Adicional.
6 ~p → q 1, Simplificação.
7 r→s 1, Simplificação.
8 (p → (t∨~s)) ∧ ((t∨ ~s) → p) 2,Definição Bi
Bicondicional.
9 p → (t ∨ ~
~ss) 8, Simplificação.
10 (t ∨ ~s) → p 8, Simplificação.

capítulo 5 • 125
11 s 3,7, Modus Ponens.
12 p 5,6,Contrapositiva.
13 t∨~
~ss 12, 9, Modus Ponens.
14 t 13,11, Silogismo Disjuntivo
15 t∧~
~tt 4,14, Adição.
16 q 5,15, Absurdo.

03. Considere o argumento abaixo e verifique, justificando a sua resposta, se se trata de um


argumento válido.

Não é o caso que, pagaremos as contas e viajaremos para Paris.


Se viajarmos para Paris, então compraremos uma casa de campo.
Viajaremos para Paris ou não compraremos uma casa de campo.
Logo, não pagaremos as contas.

Resolução:
A princípio identificaremos cada sentença como uma proposição simples.
p: Pagaremos as contas.
q: Viajaremos para Paris.
r: Compraremos uma casa de campo.

PASSO PROPOSIÇÃO JUSTIFICATIVA


1. ~(p ∧ qq)) Premissa.
2. p→r Premissa.
3. q∨~~rr Premissa.
4. p Premissa Adicional.
5 r 2, 4, Modus Ponens.
6 q 3, 5, Silogismo Disjuntivo.
7 ~p ∨ ~
~qq 1, Leis de Morgan.
8 ~p 6, 7, Silogismo Disjuntivo.
9 p∧~~pp 6, 8, Adição.
10 ~p 4, 9, Absurdo.

126 •
capítulo 5
5.5 Anexo. Introdução
Introdução a álgebra de boole

5.5.1 Sistema Binário

Computadores baseiam-se em circuitos elétricos ou eletrônicos e grande par-


te dos componentes de circuitos elétricos podem somente assumir um dentre
dois estados. Por conta disso, os computadores utilizam o Sistema Binário ou
de base 2. Este sistema é um sistema de numeração no qual todas as quanti-
dades, todos valores de variáveis são representados baseadas em apenas dois
algarismos: zero e um.
Podemos estabelecer a relação entre o número do sistema binário e o mes-
mo número no sistema decimal, fazendo as transformações decimal para biná-
rio e vice versa.

Binário - Decimal

217 206 215 214 203 212 211 200


(1 x 27) + (1 x 25) + (1 x 24) + (1 x 2)
128 + 32 +16 +4 +2 = 182

Decimal - Binário

182 2

02 91 2

(0) 11 45 2

(1) 05 22 2

(1) 02 11 2

(1) 5 2

(1) 2 2

(0) (1)

5.6 Lógica digital

A Lógica Digital se ocupa em tomar decisões a partir do cumprimento de de-


terminadas condições, fazendo uso de valores que se alternam exclusivamente
entre dois estados, sem valores intermediários, ou seja, é permitido se assumir
apenas um dentre dois estados possíveis.

capítulo 5 • 127
Basicamente, o que se tem a princípio serão os dados de entrada e uma con-
dição ou mesmo uma combinação de condições. Dessa forma, o que se faz é
aplicar-se a condição aos dados de entrada de forma a se decidir quais são os
dados de saída.
Podemos então considerar a Lógica Digital como ferramenta ideal para tra-
balharmos com grandezas cujos valores são expressos no sistema binário.
No computador, as operações são realizadas baseadas em tomadas de deci-
sões, as quais são combinações das três operações lógicas correspondentes às
condições: NOT, AND e OR. Ainda que a tomada de decisão seja complexa, esta
está pautada em combinações destas operações.

5.7 Álgebra de boole

5.7.1 O sistema algébrico de boole

A álgebra Booleana é um sistema


sistema algébrico que consis
consiste:
te:
• No conjunto {0,1};
chamadas OR (operador: +) e AND (operador: • );
• Em duas operações binárias chamadas
• Em uma operação unária NOT (~ negação).

A operação OR é chamada de soma lógica ou união; a operação AND é co-


nhecida por produto lógico ou interseção e a operação NOT é dita complemen-
tação ou ainda inversão.

ATENÇÃO
Observe que há uma relação entre a álgebra booleana (0 e 1) e a lógica (V e F).

LÓGICA BOOLEANA LÓGICA


Zero Falso
Um Verdadeiro

5.7.2 Os operadores

a) NOT
O resultado do operador unário NOT sobre uma variável é a inversão ou ne-
gação do valor da variável. Se a A = 1 então A = 0 e vice-versa.

128 •
capítulo 5
A A
0 1
1 0

b) AND (produto lógico)


O resultado da aplicação deste operador sobre variáveis boolenas é igual a 1
somente se todas as variáveis forem iguais a 1. Caso contrário, o resultado é 0.
A B A·B
1 1 1
1 0 0
0 1 0
0 0 0

c) OR (soma lógica)
O resultado da aplicação deste operador sobre variáveis boolenas é igual a
1 se pelo menos uma das variáveis for igual a 1. Caso contrário, o resultado é 0.
A B A+B
1 1 1
1 0 1
0 1 1
0 0 0

5.8 Portas lógicas

Em um computador digital, as operações realizadas são fisicamente realizadas


por circuitos eletrônicos - os circuitos lógicos ou portas lógicas.
a) Porta Lógica NOT
Há apenas um dado de entrada e o dado de saída é exatamente o oposto
dele.
Um “sim” gera um “não” e um “não” gera um “sim”.
Esta condição é representada pela porta lógica NOT.

A NOT Y

b) Porta Lógica AND


A saída somente será “sim”
“sim” se ambos os dados de ent
entrada
rada forem “sim”.
Esta condição é representada pela porta lógica AND

capítulo 5 • 129
A
AND Y
B

c) Porta Lógica OR
Para que o dado de saída seja “sim” basta que um dos dados de entrada seja
“sim”.
Esta condição é representada pela porta lógica OR

A
OR Y
B

EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Completando as afirmativas (I), (II)
(II),, e (III) abaixo, temos, respectivamente:
(I) A condição: Um “sim” gera um “não” e um “não” gera um “sim”, é representada pela
porta lógica ________.
(II) A condição: A saída somente será “sim” se ambos os dados de entrada forem “sim” é
representada pela porta lógica _______.
(III) A condição: Para que o dado de saída seja “sim” basta que um dos dados de entrada
seja “sim” é representada pela porta lógica _______.
a) NOT
NOT,, AND, OR.
b) AND, NOT NOT,, OR.
c) AND, OR, NOT NOT..
d) NOT
NOT,, OR, AND.
e) OR, NOT NOT,, AND.

Resposta: (a) NOT, AND, OR.

02. Sabendo que os valores booleanos de A e B são respectivamente 0 e 1, determine o


valor booleano de NOT(A + B) e A.B, respectivamente.
a) 0 e 0
b) 0 e 1
c) 1 e 0
d) 0 e 2.
e) 2 e 0

130 •
capítulo 5
Resposta: (c) 1 e 0
Comentários:
OR (SOMA LOGICA) O resultado da aplicação deste operador sobre variáveis boolenas
é igual a 1 se pelo menos uma das variáveis for igual a 1. Caso contrário, o resultado é 0.
NOT: O resultado do operador unário NOT sobre uma variável é a inversão ou negação
do valor da variável. Se a A = 1 então A = 0 e vice-versa.

A B A+B NOT (A + B)
1 1 1 0
1 0 1 0
0 1 1 0
0 0 0 1

p q p∨q ~(p ∨ q)
V V V F
V F V F
F V V F
F F F V
AND (PRODUTO LOGICO): O resultado da aplicação deste operador sobre variáveis
boolenas é igual a 1 somente se todas as variáveis forem iguais a 1. Caso contrário, o resul-
tado é 0.

A B A·B
1 1 1
1 0 0
0 1 0
0 0 0

Vp Vq p∨
Vq
V F F
F V F
F F V

RESUMO
Neste capítulo 5, validamos a demonstração direta dos Argumentos, bem como a construí-
mos, utilizando as regras de Inferências e equivalências. Ainda, demonstramos argumentos

capítulo 5 • 131
ANOTAÇÕES
pelo método da demonstração condicional. Também demonstramos argumentos, usando a
demonstração por absurdo.
Neste capítulo, identificar o conjunto numérico binário, associamos os valores lógicos
estudados, verdadeiro e falso, ao zero e um e construímos tabela
t abela verdade, usando o conju
conjunto
nto
binário 0 e 1. Transformamos também um número no sistema decimal para o sistema binário
e vice versa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação a lógica matemática. 18. ed. São Paulo: Nobel, 2002.
FOSSA, John A. Introdução ás técnicas de demonstração na Matemática. Editora Livraria da
Física, 2009.
ROSEN, Kenneth H. Matemática Discreta e Suas Aplicações. 6.ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.

132 •
capítulo 5
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 133
ANOTAÇÕES

134 •
capítulo 5
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 135
ANOTAÇÕES

136 •
capítulo 5

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