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AULA 10
Sintaxe II
Sumário
2.2 – Usos do SE 12
3- Colocação pronominal 13
3.1 – Próclise 15
5.2 – Ênclise 18
5.3 – Mesóclise 20
4.1 – Crase 21
5- Exercícios 35
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Prof. Celina Gil
Apresentação
Olá!
Nessa aula, vamos nos dedicar a um assunto muito importante para as provas: conectivos,
usos do “que” e usos do “se”.
Uso dos conectivos – mecanismos de coesão e coerência Valores do “que” e do “se”
Vamos lá?
As preposições estabelecem ligações entre as palavras. Esta relação pode ser de muitas naturezas
diversas. Mas atenção: uma mesma preposição pode estabelecer qualquer uma das relações dependendo
do contexto. Estas são as principais relações que uma preposição pode estabelecer:
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Instrumento Me cortei com a faca. O que foi usado para realizar a ação?
Causa: Algo ocorreu e, por isso, houve um resultado. Ex.: Ele foi preso por assalto. (A causa dele ter sido
preso foi o assalto)
Finalidade: Faz-se algo para que um resultado ocorra. Ex.: Ele trabalhava para o sustento da família. (O
objetivo, ou seja, a finalidade da ação de trabalhar é o sustento da família)
DICA
Para entender qual a relação estabelecida, procure pistas no verbo. Um verbo como “vender”, por
exemplo, tem grandes chances de se relacionar a preço. Use seu vocabulário a seu favor.
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Algumas preposições merecem maior atenção, principalmente porque podem aparecer em mais
de uma situação diferente e exprimir diferentes relações. Aqui, alguns dos exemplos mais comuns:
Preposição “em”
Preposição “sobre”
Estado ou mudança de estado: As árvores em flor /
Tornou água em vinho. Assunto: Falaram sobre religião.
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As conjunções podem estabelecer relações de coordenação – quando as duas orações ligadas são
independentes; ou subordinação – quando uma oração determina ou completa o sentido de outra.
Vamos ver agora quais os sentidos que as conjunções podem assumir em cada um destes casos:
Conjunções coordenativas
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Conjunções subordinativas
Prata vale menos do que ouro. À medida que andávamos, ficava mais escuro.
Ex.: como (relacionado a tal, tão, tanto), como Ex.: à medida que, à proporção que, ao passo
se, do que (relacionado a mais, menos, maior, que.
menor, melhor, pior), que.
Temporais: Exprimem tempo.
Assim que a vi, me emocionei.
Ex.: antes que, apenas, assim que, até que,
depois que, logo que, quando, tanto que
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Algumas conjunções podem significar mais de um valor dependendo do contexto. Muitas vezes
em exercícios você deverá identificar qual aspecto uma mesma conjunção representa e, por vezes, os
nomes dos valores serão apresentados serão diferentes. Por isso, não se preocupe tanto em decorar, mas
sim em compreender o contexto e interpretá-lo.
Estas são algumas das principais possibilidades de significado e valores das conjunções:
Conjunção Valores
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Substantivo
Quanto tem sentido de “qualquer coisa” ou “alguma coisa”, o “quê” tem valor substantivo e é
acentuado. Tende a ser acompanhado de um artigo indefinido ou de uma preposição “de”.
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Advérbio
Pode aparecer como advérbio de intensidade. Nesse caso, pode ser substituído por “quão” ou
“muito”.
Preposição
Quando assume caráter de preposição, o “que” é usado da mesma maneira que o “de”. É comum
que apareça em locuções verbais, auxiliando construções com os verbos “ter” e “haver”.
Ex.: Ele teve que trabalhar para sobreviver = Ele teve de trabalhar para sobreviver.
Pronome adjetivo
Quando assume caráter de pronome adjetivo, o “que” pode ser exclamativo, indefinido ou
interrogativo.
Ex.:
Pronome relativo
Quando substitui outro nome que o antecedeu ou seguiu, é chamado de pronome relativo. É uma
das principais ocorrências das provas. Pode ser substituído por um “o(a) qual” ou “os (as) quais” a
depender do contexto.
Ex.: O livro azul que está em cima da mesa é meu. = O livro azul, o qual está em cima da mesa, é meu.
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Conjunção coordenativa
Quando conjunção coordenativa, o “que” pode ser aditivo, adversativo e explicativo.
Ex.:
Aditivo – Dorme que dorme e está sempre cansado. = Dorme e dorme e está sempre cansado.
Adversativo – Pode mentir para mim que eu acabarei descobrindo a verdade = Pode mentir para mim,
mas eu acabarei descobrindo a verdade.
Explicativo – Ele não pode ir que está sem dinheiro = Ele não pode ir, pois está sem dinheiro.
Conjunção subordinativa
Quando conjunção subordinativa, o “que” pode assumir muitas definições:
Partícula expletiva
Uma partícula expletiva é aquela que não assume nenhuma função na oração, apenas dá um
realce, um destaque à escrita. Pode ser suprimido sem prejuízo de sentido. Por vezes vem acompanhada
do verbo “ser”, na expressão “é que”.
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Ex.: Quase que não consigo chegar em casa = Quase não consigo chegar em casa.
2.2 – Usos do SE
Conjunção
Ainda que seja possível construir orações com outros valores de conjunção, o “se” ocorre
principalmente em dois casos: como conjunção integrante e como conjunção condicional.
Ex.:
Ex.: Levantou-se.
Precisa-se de vendedores.
Partícula apassivadora
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Vendem-se cosméticos.
Partícula expletiva
Tende a realçar um verbo intransitivo, com sujeito expresso ou oculto.
Pronome reflexivo
Quando o “se” equivale a “si mesmo”.
3- Colocação pronominal
A colocação pronominal é um tema que costuma causar muitas dúvidas. Antes de entrar nos usos
em si, é importante ter em mente que esse tópico se refere à colocação dos pronomes átonos.
Pronomes átonos
1ª pessoa do singular – EU me
2ª pessoa do singular – TU te
3ª pessoa do singular – ELE / ELA se, o, a, lhe
1ª pessoa do plural – NÓS nos
2ª pessoa do plural – VÓS vos
3ª pessoa do plural – ELES / ELAS se, os, as, lhes
Por vezes, os pronomes oblíquos o/a, os/as podem sofrer uma modificação em função do som:
amar + o = amá-lo
vimos + as = vimo-las
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fez + os = fê-los
põe + os = põe-nos
viram + os = viram-no
Redação: é um item observado na avaliação da escrita do aluno. A colocação pronominal correta deixa o
texto mais fluido, interfere na sonoridade e elimina ambiguidades.
Análise sintática: na hora de responder questões de múltipla escolha sobre funções sintáticas, a colocação
pronominal pode ser essencial. Veremos melhor esse assunto nas próximas aulas.
Em relação ao verbo, o pronome pode estar antes dele, depois dele ou até mesmo no meio dele.
Cada um desses casos possui um nome:
Próclise
Ênclise
Mesóclise
Vamos ver agora as principais situações em que se usam esses casos. Você verá que muitas dessas
construções soam estranhas para nós, pois são pouco comuns na oralidade. Mesmo assim, é preciso
aprendê-las, pois a escrita não corresponde necessariamente à fala.
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3.1 – Próclise
O principal a se lembrar quanto à próclise é que algumas palavras atraem o pronome átono. Veja
alguns casos mais comuns:
Palavra negativa
Ex.: Não o amo.
Aqui é especialmente uma questão de som da palavra. Se o pronome não estivesse antes do verbo,
o som seria muito desagradável (Não amo ele).
Outros exemplos:
Nunca a vi.
Pronome relativo
Ex.: Foi ele quem me disse.
Pronomes em geral são palavras com muita força. Eles tendem a atrair os pronomes átonos para
perto de si.
Outros exemplos:
Pronome interrogativo
Ex.: Quem me chama a essa hora?
Não se esqueça que pronomes interrogativos também aparecem em perguntas indiretas (Ela
perguntou quem a chamaria.)
Mesmo em construções verbais com locução verbal, o pronome átono precede a construção.
Outros exemplos:
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Pronome indefinido
Os pronomes que exigem próclise: tudo, nada, pouco, muito, quem, todos, alguém, algo, nenhum,
ninguém, quanto.
Numerais com traço indefinido (como “ambos”) também se constroem com próclise.
Outros exemplos:
Tudo se resolveu.
Outros exemplos:
Outros exemplos:
Preposição em + gerúndio
Ex.: Ele é o especialista em se tratando de física.
Os outros usos do gerúndio são construídos com ênclise (Atendendo-se as expectativas, serei
promovido).
Outros exemplos:
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Outros exemplos:
Advérbio
Ex.: Talvez me chamem hoje para a entrevista.
Lembre-se que advérbios podem ser palavras que denotam circunstâncias de afirmação, dúvida,
intensidade, lugar, modo, tempo, entre outros.
Outros exemplos:
ATENÇÃO!
Se houver pausa depois cio advérbio, prevalecerá a ênclise:
"Depois, encaminhei-me para ele."
Conjunção de subordinação
Ex.: Ele ficou feliz quando lhe contaram isso.
Esse ponto ficará mais claro a partir da aula de análise sintática. Por ora, apenas se lembre que
uma relação de subordinação é uma relação de dependência, ou seja, uma oração depende de outra para
fazer sentido.
Outros exemplos:
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ATENÇÃO!
Quando aparecerem conjunções coordenativas alternativas, também usamos próclise:
O rio, ora se estreita, ora se alarga.
5.2 – Ênclise
Na norma culta, convencionou-se que não é possível iniciar períodos com pronome átono.
Portanto, em construções no começo do período, usa-se a ênclise.
Outros exemplos:
Conjunção de coordenação
Ex.: Chegou em casa e contou-me sobre seu dia.
Perceba que, assim como há palavras que atraem o pronome, outras repelem. Esse é o caso das
conjunções de coordenação.
Outros exemplos:
O único caso em que o gerúndio não se constrói com ênclise é o citado no item 4.1: quando
precedido de “em” (Em se tratando de português).
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Outros exemplos:
Imperativo afirmativo
Ex.: João, sente-se imediatamente.
É importante lembrar que não se inicia períodos com pronome átono (Se sente imediatamente,
João). Portanto, com ou sem algum termo anterior, a construção aqui é sempre enclítica.
Essa construção é específica do imperativo afirmativo, pois palavras negativas têm mais força e,
portanto, atraem o pronome (João, não se sente).
Outros exemplos:
Dê-me o livro.
Infinitivo pessoal
Ex.: Ligaram-se ontem pela manhã.
Não se esqueça que o infinitivo pessoal é aquele que permite flexão do verbo.
Outros exemplos:
Outros exemplos:
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ATENÇÃO:
Segundo Cegallinha, "Vindo o infinitivo impessoal regido da preposição para, quase sempre é indiferente
a colocação do pronome oblíquo antes ou depois do verbo, mesmo com a presença do advérbio não".
Corri para ajuda-lo
Ou
Corri para o ajudar.
5.3 – Mesóclise
Futuro do presente
Ex.: Amar-te-ei para sempre.
Futuro do pretérito
Ex.: Amar-te-ia para sempre.
- Lembre-se que palavras negativas atraem o pronome. Portanto, mesmo que os verbos estejam no futuro
do presente ou no futuro do pretérito, se forem acompanhados de palavra negativa, serão escritos em
próclise.
- Perceba que utilizamos exemplos tanto de verbos simples quanto de locuções verbais. Os usos são
semelhantes independente da construção.
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TEMPOS COPOSTOS
Nos tempos verbais compostos, podemos colocar o pronome junto ao verbo auxiliar, mas não ao
particípio, respeitando-se as regras dispostas acima.
Ex.: Os amigos não o tinham avisado do problema.
Ele tinha-se revoltado.
LOCUÇÕES VERBAIS
Nas locuções verbais podem os pronomes átonos, conforme as circunstâncias, estar em próclise ou ênclise
ora ao verbo auxiliar, ora à forma nominal. As formações possíveis de locuções verbais são:
- Verbo auxiliar+ infinitivo.
- Verbo auxiliar+ preposição + infinitivo.
- Verbo auxiliar+ gerúndio.
4.1 – Crase
A crase é um dos assuntos mais pedidos dos vestibulares, mas é também um dos que apresenta
mais dificuldade aos alunos. Portanto, é preciso que você preste atenção aos seguinte pontos:
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Casos em que não ocorre crase e que costumam ser redigidos erroneamente.
Formação
A crase é um processo fonético, que pode resultar da fusão da preposição “a” com:
ATENÇÃO: Se a oração fosse “Ele fez uma homenagem a vítimas”, esse “a” não é craseado.
Se a crase ocorre da formação entre preposição e artigo, então é preciso que haja concordância
de número entre o artigo e o substantivo que o segue.
Essa oração só teria crase se fosse escrita com “as” ao invés de “a”.
Se essa oração fosse escrita substituindo o pronome demonstrativo por seu correspondente,
teríamos “A letra dela é semelhante à letra dele”. Portanto, ocorre crase.
Se essa oração fosse escrita substituindo o pronome demonstrativo por seu correspondente,
teríamos “Suas notas foram superiores às notas da irmã”. Portanto, ocorre crase.
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ATENÇÃO: Pronomes relativos em “a” (que se referem a palavras femininas) ou em “que” com
antecedente feminino também são craseados.
ATENÇÃO: Mesmo que a palavra “aquele” seja masculina, o que interfere aqui na existência da crase é a
primeira letra do termo, ou seja, o “a” do início de “aquele”.
Condições básicas
Há, segundo Celso Cunha (2010), três condições básicas pra que a crase ocorra:
A palavra posterior ao “a” craseado deve ser feminina. Não se usa crase antes de palavra masculina.
Algumas vezes, a palavra feminina pode estar implícita na frase. Ainda assim, deve-se usar a crase.
Ex.: As notas dela foram melhores em comparação às dele.
Há nessa oração, a palavra “notas” implícita após a crase. Ela não aparece expressa textualmente,
pois no português tende-se a evitar as repetições desnecessárias, porém, ainda assim, deve-se usar crase
nesse caso.
A oração sem redução seria “As notas dela foram melhores em comparação às notas dele”.
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Emprego obrigatório
Segundo Celso Cunha (2010), há alguns casos que você precisa decorar em que o uso da crase é
obrigatório.
ATENÇÃO: Se na oração houver outra preposição, não será necessário o uso de crase.
Artigo
Preposição “para”.
Ele ficava mais esperto à medida que crescia. (locução conjuntiva proporcional)
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ATENÇÃO: a locução prepositiva “até a” pode receber crase quando seguida de palavra feminina. Esse
uso, porém, é facultativo, ou seja, com ou sem crase a escrita estará correta.
OU
ATENÇÃO: Um caso muito comum nas provas é o bife a cavalo. Nesse caso, não há crase. Para saber disso,
você precisaria saber da história da criação desse prato, pois aqui não há um “à moda” implícito. Lembre-
se desse caso para não fazer confusão.
Há alguns casos particulares, bastante pontuais, em que se usa crase. Não são tão comuns nas
provas de vestibular, mas caso queira se aprofundar no assunto, são esses os casos:
- com a palavra “casa” quando seguida de complemento.
Ex.: Fui à casa de Maria.
- com a palavra “terra” quando seguida de especificação.
Ex.: Os colonizadores chegaram às terras brasileiras.
- com a palavra “distância” quando seguida de determinação.
Ex.: Estava à distância de dez metros.
Emprego facultativo
Há, segundo Ceggalla, alguns casos que você precisa decorar em que o uso da crase é facultativo.
Nomes próprios.
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OU
Pronomes possessivos.
OU
OU
Palavra masculina.
Artigos indefinidos.
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Verbos.
Ex.: Ela dava bons conselhos a si mesma, mas nunca os dava a você.
ATENÇÃO!
Cegallinha define que é possível o uso de crase antes dos pronomes de tratamento “senhora e senhorita”:
Ex.: Levei flores à senhora.
Pronomes indefinidos.
Ex.: Ela é a menina a quem me refiro, a cuja coragem devo minha vida.
Palavras repetidas.
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Outros exemplos:
LOCUÇÕES
Geralmente acentuamos as locuções formadas por substantivos femininos:
- à direita (locução adverbial).
- à procura de (locuções prepositivas).
- à medida que (locuções conjuntivas).
ATENÇÃO:
A crase é opcional em locuções adverbiais de meio ou instrumento.
- escrever à mão ou escrever a mão
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Existência de palavra
Artigo definido A (s) feminina
modo/maneira.
Nomes próprios
Depois de "até"
DICA!
Uma das maiores dúvidas dos alunos é o uso de crase para nome de cidades. Há uma dica simples
para saber quando usar a crase nessas situações:
Troque o verbo por “voltar”. Se a construção for com “da”, usa-se crase.
Ex.: Vou a Brasília – Volto de Brasília.
Vou à China – Volto da China.
Quando houver um termo especificando ou caracterizando a cidade, utiliza-se crase também. A mesma
dica funciona para comprovar essa afirmação.
Ex.: Viajei à Roma Antiga. – Voltei da Roma Antiga.
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Além da crase, as preposições podem aparecer associadas a outras palavras de duas maneiras:
combinação e contração.
Combinação
Quando há a junção de dois termos sem que haja perda dos elementos fonéticos, ou seja, sem
que nenhum deles perca nenhuma parte do seu som, dizemos que ocorreu uma combinação.
Há poucos casos em que essencialmente diz-se que houve uma combinação da preposição A +
palavra de outra classe. São eles:
- à (a + a)
- às (a + as)
- ao (a + o)
- a + os (aos)
- àquele (a + aquele)
- àquela (a + aquela)
- àqueles (a + aqueles)
- àquelas (a + aquelas)
- àquilo (a + aquilo)
- aonde (a + onde)
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Contração
Já na contração, na junção dos dois termos há perda de algum dos elementos fonéticos A crase é uma
formação por contração. A contração pode acontecer quando uma preposição com uma palavra de outra
classe.
- cum - comigo
(com + um) (com + mim)
- contigo
(com + ti)
- consigo
(com + si)
- conosco
(com + nós)
- convosco
(com + vós)
A preposição COM pode contrair com advérbio, artigo definido, artigo indefinido, pronome
demonstrativo, pronome indefinido e pronome pessoal. As contrações com pronome demonstrativo
ocorrem tanto com “este” quanto “esse” e “aquele”.
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- donde
(de + onde)
A preposição EM pode contrair com artigo definido, artigo indefinido, pronome demonstrativo e
pronome pessoal.
A preposição PARA pode contrair com artigo definido e artigo indefinido. As contrações com
pronome demonstrativo ocorrem tanto com “este” quanto “esse” e “aquele”.
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- pro - prum
(para + o) (para + um)
- pra - pruns
(para + a) (para + uns)
- pros - pruma
(para + os) (para + uma)
- pras - prumas
(para + as) (de + umas)
Art. definido
- pelo
(por + o)
- pela
(por + a)
- pelos
(por + os)
- pelas
(por + as)
Preposição aonde à – – –
A às
ao
aos
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conosco
convosco
donde
Preposição – pelo – – – –
POR pela
pelos
pelas
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5- Exercícios
Assinale a opção em que a função sintática do termo em destaque é diferente daquela exercida
pelos demais.
a) “Eu sempre escolhia o poema mais curto da lista que a escola sugeria.”
b) “Além disso, durante três meses ela carregou um diário que informatizava sua emoção.”
c) “Pode ser aquela espinha que apareceu no nariz no dia daquele encontro especial.”
d) “É o quase que me incomoda.”
e) “Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos.”.
(UNIFESP - 2016)
Leia o excerto do “Sermão de Santo Antônio aos peixes” de Antônio Vieira (1608-1697).
A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande
escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão
que os grandes comem os pequenos. [...] Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer
a fealdade deste escândalo mostrou-lho nos peixes; e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão
feio e abominável é, quero que o vejais nos homens. Olhai, peixes, lá do mar para a terra. Não, não:
não é isso o que vos digo. Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a
cidade é que haveis de olhar. Cuidais que só os tapuias se comem uns aos outros, muito maior
açougue é o de cá, muito mais se comem os brancos. Vedes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele
andar, vedes aquele concorrer às praças e cruzar as ruas: vedes aquele subir e descer as calçadas,
vedes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os
homens como hão de comer, e como se hão de comer.
[...]
Diz Deus que comem os homens não só o seu povo, senão declaradamente a sua plebe: Plebem
meam, porque a plebe e os plebeus, que são os mais pequenos, os que menos podem, e os que
menos avultam na república, estes são os comidos. E não só diz que os comem de qualquer modo,
senão que os engolem e os devoram: Qui devorant. Porque os grandes que têm o mando das cidades
e das províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, poucos a poucos,
senão que devoram e engolem os povos inteiros: Qui devorant plebem meam. E de que modo se
devoram e comem? Ut cibum panis: não como os outros comeres, senão como pão. A diferença que
há entre o pão e os outros comeres é que, para a carne, há dias de carne, e para o peixe, dias de
peixe, e para as frutas, diferentes meses no ano; porém o pão é comer de todos os dias, que sempre
e continuadamente se come: e isto é o que padecem os pequenos. São o pão cotidiano dos grandes:
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e assim como pão se come com tudo, assim com tudo, e em tudo são comidos os miseráveis
pequenos, não tendo, nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em
que os não defraudem, em que os não comam, traguem e devorem: Qui devorant plebem meam,
ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes?
“Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer a fealdade deste escândalo mostrou -lho
nos peixes; e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o vejais
nos homens.” (1° parágrafo) Nas duas ocorrências, o termo “para” estabelece relação de
a) consequência.
b) conformidade.
c) proporção.
d) finalidade.
e) causa.
(UNESP - 2016)
Leia o trecho extraído do livro A dança do universo do físico brasileiro Marcelo Gleiser.
Durante o século VI a.C., o comércio entre os vários Estados gregos cresceu em importância, e
a riqueza gerada levou a uma melhoria das cidades e das condições de vida. O centro das atividades
era em Mileto, uma cidade-Estado situada na parte sul da Jônia, hoje a costa mediterrânea da
Turquia. Foi em Mileto que a primeira escola de filosofia pré-socrática floresceu. Sua origem marca
o início da grande aventura intelectual que levaria, 2 mil anos depois, ao nascimento da ciência
moderna. De acordo com Aristóteles, Tales de Mileto foi o fundador da filosofia ocidental.
Supostamente, Tales também previu um eclipse solar que ocorreu no dia 28 de maio de 585
a.C., que efetivamente causou o fim da guerra entre os lídios e os persas. Quando lhe perguntaram
o que era difícil, Tales respondeu: “Conhecer a si próprio”. Quando lhe perguntaram o que era fácil,
respondeu: “Dar conselhos”. Não é à toa que era considerado um dos Sete Homens Sábios da Grécia
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Antiga. No entanto, nem sempre ele era prático. Um dia, perdido em especulações abstratas, Tales
caiu dentro de um poço. Esse acidente aparentemente feriu os sentimentos de uma jovem escrava
que estava em frente ao poço, a qual comentou, de modo sarcástico, que Tales estava tão
preocupado com os céus que nem conseguia ver as coisas que estavam a seus pés.
Em “Tales também previu um eclipse solar que ocorreu no dia 28 de maio de 585 a.C.” (3º
parágrafo), o termo destacado exerce função de
a) adjunto adnominal.
b) adjunto adverbial.
c) sujeito.
d) objeto indireto.
e) objeto direto.
(INSPER - 2012)
A tirinha de Jean Galvão faz referência a um assunto muito recorrente nas aulas de Português. A
respeito da identificação e classificação do sujeito, conforme prescreve a norma gramatical, é
INCORRETO afirmar que
a) no 1.º quadrinho, o “se” empregado nos três períodos escritos na lousa (“Precisa-se de
empregados”, “Assiste-se a bons filmes” e “Vende-se casas”) exemplifica a ocorrência de índice de
indeterminação do sujeito nos dois primeiros e partícula apassivadora no último.
AULA 10 – Sintaxe II 37
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b) o período “Vende-se casas”, no 1.º quadrinho, está riscado porque contém um erro de
concordância verbal: o verbo transitivo direto “vender” deveria ser flexionado no plural para
concordar com o sujeito paciente “casas”.
c) nas três ocorrências, presentes nos períodos escritos na lousa, o “se” exerce a função sintática
de índice de indeterminação do sujeito, e, para estabelecerem a concordância verbal de acordo com
a norma culta, os verbos devem permanecer no singular.
d) no contexto da tira, o adjetivo “indeterminado” pode ser associado a um sentido genérico, não
ao critério gramatical, porque apenas qualifica como se sente a personagem (o sujeito), após um dia
exaustivo na escola.
e) se, no último quadrinho, o garoto analisasse sintaticamente a frase proferida pela mãe,
conforme a norma gramatical, ele responderia assim: "sujeito simples, quem".
(UNESP - 2011)
… para quem quer tornar-se orador consumado não é indispensável conhecer o que de fato é justo,
mas sim o que parece justo para a maioria dos ouvintes, que são os que decidem; nem precisa saber
tampouco o que é bom ou belo, mas apenas o que parece tal …
(Fedro, Aristóteles)
Neste trecho da tradução da segunda fala de Fedro, observa-se uma frase com estruturas oracionais
recorrentes, e por isso plena de termos repetidos, sendo notável, a este respeito, a retomada do
demonstrativo o e do pronome relativo que em “o que de fato é justo”, “o que parece justo”, “os
que decidem”, “o que é bom ou belo”, “o que parece tal”. Em todos esses contextos, o relativo que
exerce a mesma função sintática nas orações de que faz parte. Indique-a.
a) Sujeito.
b) Predicativo do sujeito.
c) Adjunto adnominal.
d) Objeto direto.
e) Objeto indireto.
(FGV - 2011)
Eu lia o meu livrinho quando a sucessão de gritos – “ahhh”… “ehhh”… – picotou a noite de
domingo. A impressão que tive foi de alguém sendo esfolado no andar de cima. Não fui o único a
saltar da poltrona, assustado, tentando descobrir de onde vinha aquela esganiçada voz feminina:
AULA 10 – Sintaxe II 38
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no meu prédio e no que fica ao lado, meia dúzia de pescoços se insinuaram na moldura das janelas
enquanto o alarido – “ihhh”… “ohhh”… – prosseguia.
Observando o emprego do pronome relativo que, nas duas ocorrências grifadas no fragmento, é
possível afirmar:
e) em ambos os casos, a palavra não exerce função sintática, mas de simples realce.
(ITA - 2017)
http://2.bp.blogspot.com/_wBWh8NQAZ78/TBWEMQ8147I/
AAAAAAAAACE/zmfW9c8uAKk/s1600/Tirinha_Sensacionalismo.jpg.
(Acesso em 12/05/2016)
Os dois primeiros quadros da tirinha criam no leitor uma expectativa de desfecho que não se
concretiza, gerando daí o efeito de humor. Nesse contexto, a conjunção e estabelece a relação de
a) conclusão.
b) explicação.
c) oposição.
d) consequência.
e) alternância.
AULA 10 – Sintaxe II 39
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O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava
diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que
tinham mãos rudes e sujas.
Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de
pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos,
advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos tinham suas pedras.
No trecho “Até os bispos tinham suas pedras.”, a palavra sublinhada expressa ideia de
a) inclusão.
b) tempo.
c) modo.
d) quantidade.
e) qualidade.
(ITA – 2015)
Leia os dois excertos de entrevistas com dois africanos de Guiné-Bissau, que foram universitários no
Brasil nos anos 1980.
Excerto 1: Para muitas pessoas, mesmo professores universitários, a África era um país. “Ah, você
veio de onde? Da África?” “Sim, da Guiné-Bissau.” “Ah, Guiné-Bissau, região da África.” Quer dizer,
Guiné-Bissau pra eles é como Brasil, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro.
Excerto 2: Porque a novela passa tudo de bom, o pobre vive bem, né? Mesmo dentro da favela, você
vê aquela casa bonitinha, tal. Então tinha uma ideia, eu, pelo menos, tinha uma ideia de um Brasil...
quer dizer, fantástico!
a) descrição.
b) explicação.
c) repetição.
AULA 10 – Sintaxe II 40
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d) enumeração.
e) delimitação.
(ITA – 2013)
Nove em cada dez usuários de Internet recebem spams em seus e-mails corporativos, segundo
estudo realizado pela empresa alemã Antispameurope, especializada em lixo eletrônico virtual.
Cada trabalhador perde, em média, sete minutos por dia limpando a caixa de mensagens, e essa
quebra na produtividade custa € 828 – pouco mais de R$ 2,3 mil – anuais às empresas.
Tomando-se como base os números apontados pela pesquisa, uma corporação de médio porte,
com mil funcionários, perde, portanto, € 828 mil por ano – ou R$ 2,3 milhões –com esta prática que
é considerada, apesar de simplória, uma verdadeira praga da modernidade.
Um relatório da Symantec, empresa de segurança virtual, mostra que o Brasil é o segundo maior
emissor de spam do mundo, com geração de 10% de todo o fluxo de mensagens indesejadas na rede
mundial de computadores. Os campeões são os norte-americanos, com 26%. [...]
a) embora efêmera.
b) no entanto fácil.
c) não obstante comum.
e) todavia rápida.
(ITA – 2011)
Véspera de um dos muitos feriados em 2009 e a insana tarefa de mover-se de um bairro a outro
em São Paulo para uma reunião de trabalho. Claro que a cidade já tinha travado no meio da tarde.
De táxi, pagaria uma fortuna para ficar parada e chegar atrasada, pois até as vias alternativas que
os taxistas conhecem estavam entupidas. De ônibus, nem o corredor funcionaria, tomado pela fila
dos mastodônticos veículos. Uma dádiva: eu não estava de carro. Com as pernas livres dos pedais
AULA 10 – Sintaxe II 41
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do automóvel e um sapato baixo, nada como viver a liberdade de andar a pé. Carro já foi sinônimo
de liberdade, mas não contava com o congestionamento.
Liberdade de verdade é trafegar entre os carros, e mesmo sem apostar corrida, observar que o
automóvel na rua anda à mesma velocidade média que você na calçada. É quase como flanar. Sei,
como motorista, que o mais irritante do trânsito é quando o pedestre naturalmente te ultrapassa.
Enquanto você, no carro, gasta dinheiro para encher o ar de poluentes, esquentar o planeta e chegar
atrasado às reuniões. E ainda há quem pegue congestionamento para andar de esteira na academia
de ginástica.
Do Itaim ao Jardim Paulista, meia horinha de caminhada. Deu para ver que a Avenida Nove de
Julho está cheia de mudas crescidas de pau-brasil. E mais uma porção de cenas que só andando a
pé se pode observar. Até chegar ao compromisso pontualmente.
Claro que há pedras no meio do caminho dos pedestres, e muitas. Já foram inclusive objeto de
teses acadêmicas. Uma delas, Andar a pé: um modo de transporte para a cidade de São Paulo, de
Maria Ermelina Brosch Malatesta, sustenta que, apesar de ser a saída mais utilizada pela população
nas atuais condições de esgotamento dos sistemas de mobilidade, o modo de transporte a pé é
tratado de forma inadequada pelos responsáveis por administrar e planejar o município.
As maiores reclamações de quem usa o mais simples e barato meio de locomoção são os
"obstáculos" que aparecem pelo caminho: bancas de camelôs, bancas de jornal, lixeira, postes.
Além das calçadas estreitas, com buracos, degraus, desníveis. E o estacionamento de veículos nas
calçadas, mais a entrada e a saída em guias rebaixadas, aponta o estudo.
Sem falar nas estatísticas: atropelamentos correspondem a 14% dos acidentes de trânsito. Se o
acidente envolve vítimas fatais, o percentual sobe para nada menos que 50% – o que atesta a falta
de investimento público no transporte a pé.
Na Região Metropolitana de São Paulo, as viagens a pé, com extensão mínima de 500 metros,
correspondem a 34% do total de viagens. Percentual parecido com o de Londres, de 33%. Somadas
aos 32% das viagens realizadas por transporte coletivo,que são iniciadas e concluídas por uma
viagem a pé, perfazem o total de 66% das viagens! Um número bem desproporcional ao espaço
destinado aos pedestres e ao investimento público destinado a eles, especialmente em uma cidade
como São Paulo, onde o transporte individual motorizado tem a primazia.
A locomoção a pé acontece tanto nos locais de maior densidade –caso da área central, com
registro de dois milhões de viagens a pé por dia –, como nas regiões mais distantes, onde são
maiores as deficiências de transporte motorizado e o perfil de renda é menor. A maior parte das
pessoas que andam a pé tem poder aquisitivo mais baixo. Elas buscam alternativas para enfrentar
a condução cara, desconfortável ou lotada, o ponto de ônibus ou estação distantes, a demora para
a condução passar e a viagem demorada.
AULA 10 – Sintaxe II 42
Prof. Celina Gil
Já em bairros nobres, como Moema, Itaim e Jardins, por exemplo, é fácil ver carrões que saem
das garagens para ir de uma esquina a outra e disputar improváveis vagas de estacionamento. A
ideia é manter-se fechado em shoppings, boutiques, clubes, academias de ginástica, escolas,
escritórios, porque o ambiente lá fora – o nosso meio ambiente urbano – dizem que é muito
perigoso.
Assinale a opção em que o termo grifado NÃO indica a circunstância mencionada entre parênteses.
a) [...] pois até as vias alternativas que os taxistas conhecem estavam entupidas. (Causa)
c) [...] apesar de ser a saída mais utilizada pela população [...]. (Concessão)
d) Já em bairros nobres, como Moema, Itaim e Jardins, por exemplo, [...]. (Tempo)
e) [...] porque o ambiente lá fora – o nosso meio ambiente urbano – dizem que é muito perigoso.
(Causa)
(ITA - 2008)
I. Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol, que envolve 22 jogadores se movendo
num campo de amplas dimensões. (linhas 09 e 10)
II. Se é verdade que eles jogam conforme esquemas de marcação e ataque, seguindo a orientação
do técnico, deve-se no entanto levar em conta que cada jogador tem sua percepção da jogada e
decide deslocar-se nesta ou naquela direção, ou manter-se parado, certo de que a bola chegará a
seus pés. (linhas 10 a 13)
III. De fato, se o jogador não estiver psicologicamente preparado para vencer, não dará o melhor
de si. (linhas 50 e 51)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
AULA 10 – Sintaxe II 43
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d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
(ITA - 2008)
1Com um pouco de exagero, costumo dizer que todo jogo é de azar. Falo assim referindo-me ao
futebol que, ao contrário da roleta ou da loteria, implica tática e estratégia, sem falar no principal,
que é o talento e a habilidade dos jogadores. Apesar disso, não consegue eliminar o azar, isto é, o
acaso.
5E já que falamos em acaso, vale lembrar que, em francês, “acaso” escreve-se “hasard”, como no
célebre verso de Mallarmé, que diz: “um lance de dados jamais eliminará o acaso”. Ele está, no
fundo, referindo-se ao fazer do poema que, em que pese a mestria e lucidez do poeta, está ainda
assim sujeito ao azar, ou seja, ao acaso.
Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol, que envolve 22 jogadores se 10movendo
num campo de amplas dimensões. Se é verdade que eles jogam conforme esquemas de marcação e
ataque, seguindo a orientação do técnico, deve-se no entanto levar em conta que cada jogador tem
sua percepção da jogada e decide deslocar-se nesta ou naquela direção, ou manter-se parado, certo
de que a bola chegará a seus pés. Nada disso se pode prever, daí resultando um alto índice de
probabilidades, ou seja, de ocorrências 15imprevisíveis e que, portanto, escapam ao controle.
Tomemos, como exemplo, um lance que quase sempre implica perigo de gol: o tiro de canto. Não é
à toa que, quando se cria essa situação, os jogadores da defesa se afligem em anular as
possibilidades que têm os adversários de fazerem o gol. Sentem-se ao sabor do acaso, da
imprevisibilidade. O time adversário desloca para a área do que sofre 20o tiro de canto seus
jogadores mais altos e, por isso mesmo, treinados para cabecear para dentro do gol. Isto reduz o
grau de imprevisibilidade por aumentar as possibilidades do time atacante de aproveitar em seu
favor o tiro de canto e fazer o gol. Nessa mesma medida, crescem, para a defesa, as dificuldades de
evitar o pior. Mas nada disso consegue eliminar o acaso, uma vez que o batedor do escanteio, por
mais exímio que 25seja, não pode com precisão absoluta lançar a bola na cabeça de determinado
jogador. Além do mais, a inquietação ali na área é grande, todos os jogadores se movimentam, uns
tentando escapar à marcação, outros procurando marcá-los. Essa movimentação, multiplicada pelo
número de jogadores que se movem, aumenta fantasticamente o grau de imprevisibilidade do que
ocorrerá quando a bola for lançada. A que altura chegará 30ali? Qual jogador estará, naquele
instante, em posição propícia para cabeceá-la, seja para dentro do gol, seja para longe dele? Não
existe treinamento tático, posição privilegiada, nada que torne previsível o desfecho do tiro de
canto. A bola pode cair ao alcance deste ou daquele jogador e, dependendo da sorte, será gol ou
não.
AULA 10 – Sintaxe II 44
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Não quero dizer com isso que o resultado das partidas de futebol seja apenas fruto 35do acaso, mas
a verdade é que, sem um pouco de sorte, neste campo, como em outros, não se vai muito longe;
jogadores, técnicos e torcedores sabem disso, tanto que todos querem se livrar do chamado “pé
frio”. Como não pretendo passar por supersticioso, evito aderir abertamente a essa tese, mas
quando vejo, durante uma partida, meu time perder “gols feitos”, nasce-me o desagradável temor
de que aquele não é um bom dia 40para nós e de que a derrota é certa.
Que eu, mero torcedor, pense assim, é compreensível, mas que dizer de técnicos de futebol que
vivem de terço na mão e medalhas de santos sob a camisa e que, em face de cada lance decisivo, as
puxam para fora, as beijam e murmuram orações? Isso para não falar nos que consultam pais-de-
santo e pagam promessas a Iemanjá. É como se dissessem: 45treino os jogadores, traço o esquema
de jogo, armo jogadas, mas, independentemente disso, existem forças imponderáveis que só
obedecem aos santos e pais-de-santo; são as forças do acaso.
Mas não se pode descartar o fator psicológico que, como se sabe, atua sobre os jogadores de
qualquer esporte; tanto isso é certo que, hoje, entre os preparadores 50das equipes há sempre um
psicólogo. De fato, se o jogador não estiver psicologicamente preparado para vencer, não dará o
melhor de si.
Exemplifico essa crença na psicologia com a história de um técnico inglês que, num jogo decisivo da
Copa da Europa, teve um de seus jogadores machucado. Não era um craque, mas sua perda
desfalcaria o time. O médico da equipe, depois de atender o 55jogador, disse ao técnico: “Ele já
voltou a si do desmaio, mas não sabe quem é”. E o técnico: “Ótimo! Diga que ele é o Pelé e que volte
para o campo imediatamente”.
No penúltimo parágrafo, a conjunção mas (linha 48) estabelece com os demais argumentos do texto
uma relação de
a) restrição.
b) adversidade.
c) atenuação.
d) adição.
e) retificação.
AULA 10 – Sintaxe II 45
Prof. Celina Gil
(ITA - 2002)
(IME 2018)
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é
capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma
coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando.".
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio
da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão
atentos ____ espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como
simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter
tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido
para ____ compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo,
praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o
aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de
que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas,
em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo,
enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no
estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem
menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase:
"Até tu, Brutus?".
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto
não teria morrido na cruz.
AULA 10 – Sintaxe II 46
Prof. Celina Gil
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma
criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por
bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem -
aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que
saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais ____ pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo,
com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em
Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar o
excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz
o bobo.
Marque a opção que completa corretamente os claros encontrados no texto, abaixo destacados:
Os espertos estão sempre tão atentos ____ espertezas alheias (linhas 6 e 7);
Há lugares que facilitam mais ____ pessoas serem bobas (linha 29).
a) às – Há – a – às
b) as – A – à – as
c) às – Há – a – as
d) às – A – a – às
e) as – A – à – às
Assinale a alternativa em que a análise da relação de sentido expressa pelo elo coesivo destacado
em negrito está EQUIVOCADA.
AULA 10 – Sintaxe II 47
Prof. Celina Gil
a) “O resultado será o mesmo em qualquer mensuração, desde que se use um relógio preciso”.
Relação de condição: apresenta uma condição relativamente ao que se afirma na oração anterior.
Relação de oposição: apresenta uma argumentação contrária ao que foi dito antes.
c) “Ainda que nossas noções, aparentemente comuns, funcionem a contento quando lidamos com
maçãs ou planetas, que se deslocam comparativamente mais devagar, não funcionam
absolutamente para objetos que se movam à velocidade da luz, ou em velocidade próxima a ela”.
Relação de concessão: introduz uma ideia de quebra de uma expectativa em relação ao que se
espera.
d) “Ele mostrou que o conceito de éter era desnecessário, uma vez que se estava querendo
abandonar o de tempo absoluto”.
Ligação de alternância: introduz uma oração cujo conteúdo exclui o conteúdo da outra.
e) “Como não há força atuando sobre o corpo, a sua velocidade não aumenta, nem diminui, nem
muda de direção. Portanto o único movimento possível do corpo na ausência de qualquer força
atuando sobre ele é o movimento retilíneo uniforme”.
(FGV - 2017)
Almira continuava a querer saber por que Alice viera atrasada e de olhos vermelhos. Abatida, Alice mal
respondia. Almira comia com avidez e insistia com os olhos cheios de lágrimas.
– Sua gorda! disse Alice de repente, branca de raiva. Você não pode me deixar em paz?!
Almira engasgou-se com a comida, quis falar, começou a gaguejar. Dos lábios macios de Alice haviam
saído palavras que não conseguiam descer com a comida pela garganta de Almira G. de Almeida.
– Você é uma chata e uma intrometida, rebentou de novo Alice. Quer saber o que houve, não é? Pois
vou lhe contar, sua chata: é que Zequinha foi embora para Porto Alegre e não vai mais vo ltar! Agora
está contente, sua gorda?
Na verdade Almira parecia ter engordado mais nos últimos momentos, e com comida ainda parada na
boca.
AULA 10 – Sintaxe II 48
Prof. Celina Gil
Foi então que Almira começou a despertar. E, como se fosse uma magra, pegou o garfo e enfiou -o no
pescoço de Alice. O restaurante, ao que se disse no jornal, levantou-se como uma só pessoa. Mas a
gorda, mesmo depois de ter feito o gesto, continuou sentada olhando para o chão, sem ao menos olhar
o sangue da outra.
Alice foi ao pronto-socorro, de onde saiu com curativos e os olhos ainda regalados de espanto. Almira
foi presa em flagrante.
Na prisão, Almira comportou-se com delicadeza e alegria, talvez melancólica, mas alegria mesmo. Fazia
graças para as companheiras. Finalmente tinha companheiras. Ficou encarregada da roupa suja, e dava-
se muito bem com as guardiãs, que vez por outra lhe arranjavam uma barra de chocolate.
Assinale a alternativa em que a preposição “de” forma uma expressão indicativa de causa.
(IME – 2009)
Indique o item que esclarece a intenção de cada trecho destacado nas frases I, II, III e IV,
respectivamente.
a) Contrariedade; simultaneidade; explicação; explicação.
b) Tempo; concessão; consequência; condição.
c) Explicação; tempo; tempo; explicação.
d) Contrariedade; concomitância; restrição; finalidade.
AULA 10 – Sintaxe II 49
Prof. Celina Gil
(IME - 2008)
Observe as orações a seguir e independente de seu contexto original, marque a opção em que a
expressão destacada foi substituída corretamente pelo pronome oblíquo átono.
a) Mancha continua. / Só não desmancha prazer. (Texto II, linhas 17 e 18)
Mancha continua, / Só não a desmancha.
b) (...) foi descoberto que se poderia obter economia (...) (Texto I, linhas 2 e 3)
AULA 10 – Sintaxe II 50
Prof. Celina Gil
Assinale a alternativa que apresenta os conjuntos relacionados em que o a deveria, de acordo com a
norma culta, receber acento grave.
a) I, IV e V.
b) I e IV.
c) I e V.
d) I, II e VI.
(UFRGS – 2018)
- Temos sorte de viver no Brasil - dizia meu pai, depois da guerra. - Na Europa mataram milhões de
judeus.
Contava as experiências que os médicos nazistas faziam com os prisioneiros. Decepavam -lhes as
cabeças, faziam-nas encolher - à maneira, li depois, dos índios Jivaros. Amputavam pernas e braços.
Realizavam estranhos transplantes: uniam a metade superior de um homem _____ metade inferior de
uma mulher, ou aos quartos traseiros de um bode. Felizmente morriam essas atrozes quimeras;
expiravam como seres humanos, não eram obrigadas a viver como aberrações. (____ essa altura eu
tinha os olhos cheios de lágrimas. Meu pai pensava que a descrição das maldades nazistas me deixava
comovido.)
Em 1948 foi proclamado o Estado de Israel. Meu pai abriu uma garrafa de vinho - o melhor vinho do
armazém -, brindamos ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio, acompanhando _____
AULA 10 – Sintaxe II 51
Prof. Celina Gil
notícias da guerra no Oriente Médio. Meu pai estava entusiasmado com o novo Estado: em Israel,
explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da Europa, judeus pretos da África, judeus
da Índia, isto sem falar nos beduínos com seus camelos: tipos muito esquisitos, Guedali.
Tipos esquisitos - aquilo me dava ideias. Por que não ir para Israel? Num país de gente tão estranha - e,
ainda por cima, em guerra - eu certamente não chamaria a atenção. Ainda menos como combatente,
entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando
um revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo, varado de balas. Aquela, sim, era a
morte que eu almejava, morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável, de monstro
encurralado. E, caso não morresse, poderia viver depois num kibutz. Eu, que conhecia tão bem a vida
numa fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os membros do kibutz terminariam por
me aceitar; numa nova sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo.
Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2001. UFRGS - CV 2018 - LP
09.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 6, 8 e 11, nessa ordem. a) à - À
- às
b) a - A - às
c) à - A - às
d) a - À - as
e) à - A – as
(UFJF MG/2017)
Além disso, parte dos participantes teve sua atividade cerebral medida através de ressonância
magnética funcional.
Assim, foi observado que a resposta da amídala, uma região do cérebro na qual se processam as reações
emocionais, era mais intensa na primeira vez que os participantes enganavam seus companheiros.
AULA 10 – Sintaxe II 52
Prof. Celina Gil
(FGV - 2017)
1 As famílias mais pobres do mundo estão mais propensas a terem telefones 2 celulares do que
banheiros ou água limpa.
3 Segundo relatório do Banco Mundial, intitulado ”Dividendos Digitais”, o número 4 de usuários de
internet mais que triplicou em uma década, para 3,2 bilhões no final 5 do ano passado, representando
mais de 40 por cento da população mundial.
6 Embora a expansão da internet e de outras tecnologias digitais tenha facilitado 7 a comunicação e
promovido um senso de comunidade global, ela não ofereceu o 8 enorme aumento de produtividade
que muitos esperavam, disse o Banco. Ela também 9 não melhorou as oportunidades para as pessoas
mais pobres do mundo, nem ajudou 10 a propagar a “governança responsável”.
11 “Os benefícios totais da transformação da informação e comunicação somente se 12 tornarão
realidade se os países continuarem a melhorar seu clima de negócios, 13 investirem na educação e saúde
de sua população e proverem a boa governança. Nos 14 países em que esses fundamentos são fracos,
as tecnologias digitais não impulsionam 15 a produtividade nem reduzem a desigualdade”, afirmou o
relatório.
16 A visão do Banco Mundial contrasta com o otimismo dos empreendedores da 17 tecnologia, como
Mark Zuckerberg e Bill Gates, que têm argumentado que o acesso 18 universal à internet é essencial
para eliminar a pobreza extrema.
19 “Quando as pessoas têm acesso às ferramentas e ao conhecimento da internet, 20 elas têm acesso a
oportunidades que tornam a vida melhor para todos nós”, diz uma 21 declaração do ano passado
assinada, entre outros, por Zuckerberg e Gates.
22 Segundo o Banco Mundial, conectar o mundo “é essencial, mas está longe de ser 23 suficiente” para
eliminar a pobreza.
No trecho “é essencial, mas está longe de ser suficiente” (Refs. 22-23), a palavra sublinhada poderia ser
corretamente substituída por
a) porquanto.
b) posto que.
c) conquanto.
d) não obstante.
AULA 10 – Sintaxe II 53
Prof. Celina Gil
e) por conseguinte.
(IBMEC - 2016)
Nada além
O amor bate à porta
e tudo é festa.
Em relação ao jogo de ideias presente no par “bate à porta” e “bate a porta” nos versos acima, é correto
afirmar que o emprego do acento grave está associado a
(IBMEC - 2015)
Segundo a Wikipedia, o direito autoral do autorretrato, o "selfie" para usar o termo da moda, que uma
macaca fez com o equipamento que furtara de um fotógrafo pertence ao animal. A discussão surgiu
porque David Slater, o dono da máquina, pedira aos editores da enciclopédia que retirassem a imagem
por violação de direitos autorais. Como piada, a argumentação da Wikipedia funciona bem. Receio,
porém, que essa linha de raciocínio deixe uma fronteira jurídica desguarnecida. Se os direitos
pertencem à macaca, por que instrumento legal ela os cedeu à enciclopédia?
Não são, entretanto, questiúnculas jurídicas que eu gostaria de discutir aqui, mas sim a noção de
autoria. Obviamente ela transcende à propriedade do equipamento. Se a foto não tivesse sido tirada
por uma macaca, mas por um outro fotógrafo com a máquina de Slater, ninguém hesitaria em creditar
a imagem a esse outro profissional. Só que não é tão simples. Imaginemos agora que Slater está
andando pela trilha e, sem querer, deixa seu aparelho cair no chão, de modo que o disparador é
acionado. Como que por milagre, a máquina registra uma imagem maravilhosa, que ganha inúmeros
AULA 10 – Sintaxe II 54
Prof. Celina Gil
prêmios. Neste caso, atribuir a foto a Slater não viola nossa intuição de autoria, ainda que o episódio
possa ser descrito como uma obra do acaso e não o resultado de uma ação voluntária.
A questão prática aqui é saber se o "selfie" da macaca está mais para o caso do fotógrafo que usa a
máquina de outro profissional ou para o golpe de sorte. E é aqui que as coisas vão ficando complicadas.
Fazê-lo implica não só decidir quanta consciência devemos atribuir à símia mas também até que ponto
estamos dispostos a admitir que nossas vidas são determinadas pelo aleatório. E humanos, por razões
evolutivas, temos verdadeira alergia ao fortuito. Não foi por outro motivo que inventamos tantos
panteões de deuses.
(Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo, 09/08/2014)
b) obrigatório, pois contém a junção da preposição “a” com o artigo “a” antecedendo um adjetivo
feminino.
d) facultativo, pois o verbo “transcender” pode ser regido ou não de preposição, sem que haja
alterações semânticas.
e) necessário, pois tem a função de sinalizar uma pronúncia alongada que ressalta a fusão da
preposição com o artigo.
(UNESP - 2015)
Os alunos do Colégio Carolina Patrício, em São Conrado, Zona Sul do Rio, deram uma lição de
solidariedade. Ao descobrir que a professora de português Norma Ribeiro lutava contra um câncer e se
submeteria ___ quimioterapia, cerca de 20 jovens rasparam o cabelo em homenagem à docente. Vários
dos meninos foram às aulas carecas, e as meninas cortaram o cabelo bem curto para doar ___
instituições que cuidam de pacientes do setor de oncologia. De acordo com a diretora da escola, a
decisão partiu dos próprios alunos e surpreendeu ___ todos.
b) a…a…à
AULA 10 – Sintaxe II 55
Prof. Celina Gil
c) a…à…à
d) à…a…a
(FGV - 2015)
Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vinha numa burra velha, de chapéu de palha muito alvo, com
a fita verde- -amarela na lapela do paletó. O mestre José Amaro estava sentado na tenda, sem trabalhar.
E quando viu o compadre alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem. Desde aquele dia em
que vira o compadre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo com tão boa vontade, que Vitorino
não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo, o sem-vergonha, o vagabundo que tanto lhe
desagradava. Vitorino apeou-se para falar do ataque ao Pilar. Não era amigo de Quinca Napoleão,
achava que aquele bicho vivia de roubar o povo, mas não aprovava o que o capitão fizera com a D. Inês.
Capitão Vitorino apareceu na casa do mestre José Amaro para falar-lhe do ataque ____ cidade do Pilar.
Disse ao compadre que D. Inês ficou cara ____ cara com Quinca Napoleão, que queria saquear -lhe o
cofre, mas ela não deu a chave ____ ele. O homem era uma ameaça ____ população.
(FGV - 2014)
AULA 10 – Sintaxe II 56
Prof. Celina Gil
Considere os enunciados.
• O acesso ao celular no Brasil é uma fotografia idêntica _____da renda. Quanto menor a remuneração
numa região, mais baixa é a penetração do telefone móvel.
• As trajetórias de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil sem dúvida merecem consideração.
Gosto _____ parte, o valor artístico de suas obras – assim como as de Djavan, Erasmo Carlos e Milton
Nascimento – também é patente.
• No mês passado, atracou no porto de Roterdã, na Holanda, o primeiro navio cargueiro chinês
_____navegar até ____ Europa pelo Ártico.
Assinale a alternativa em que os termos completam correta e respectivamente as lacunas das frases,
extraídas do jornal Folha de S.Paulo, de 08.10.2013.
(UNESP- 2013)
Considere a passagem da crônica O pai, hoje e amanhã, de Carlos Drummond de Andrade (1902 -
1987).
A civilização industrial, entidade abstrata, nem por isso menos poderosa, encomendou à ciência
aplicada a execução de um projeto extremamente concreto: a fabricação do ser humano sem pais.
A ciência aplicada faz o possível para aviar a encomenda a médio prazo. Já venceu a primeira etapa,
com a inseminação artificial, que, de um lado, acelera a produtividade dos rebanhos (resultado
econômico) e, de outro, anestesia o sentimento filial (resultado moral).
O ser humano concebido por esse processo tanto pode considerar- se filho de dois pais como de
nenhum. Em fase mais evoluída, o chamado bebê de proveta dispensará a incubação em ventre
materno, desenvolvendo-se sob condições artificiais plenamente satisfatórias. Nenhum vínculo de
memória, gratidão, amor, interesse, costume – direi mesmo: de ressentimento ou ódio – o ligará a
qualquer pessoa responsável por seu aparecimento. O sêmen, anônimo, obtido por masturbação
profissional e recolhido ao banco especializado, por sua vez cederá lugar ao gerador sintético,
extraído de recursos da natureza vegetal e mineral. Estará abolida, assim, qualquer participação
consciente do homem e da mulher no preparo e formação de uma unidade humana. Esta será
AULA 10 – Sintaxe II 57
Prof. Celina Gil
produzida sob critérios políticos e econômicos tecnicamente estabelecidos, que excluem a inútil e
mesmo perturbadora intromissão do casal. Pai? Mito do passado.
Aparentemente, tal projeto parece coincidir com a tendência, acentuada nos últimos anos, de se
contestar a figura tradicional do pai. Eliminando-se a presença incômoda, ter-se-ia realizado o ideal
de inúmeros jovens que se revoltam contra ela – o pai de família e o pai social, o governo, a lei – e
aspiram à vida isenta de compromissos com valores do passado.
Julgo ilusória esta interpretação. O projeto tecnológico de eliminação do pai vai longe demais no
caminho da quebra de padrões. A meu ver, a insubmissão dos filhos aos pais é fenômeno que
envolve novo conceito de relações, e não ruptura de relações.
a) o “a” deve ser pronunciado com alongamento, já que se trata de dois vocábulos, um pronome
átono e uma preposição, representados por uma só letra.
b) o “a”, por ser pronome átono, deve ser sempre colocado após o verbo, em ên clise, e
pronunciado como um monossílabo tônico.
c) o verbo “aspirar”, na regência em que é empregado, solicita a preposição “a”, que se funde com
o artigo feminino “a”, caracterizando uma ocorrência de crase.
d) o “a”, como artigo definido, é um monossílabo átono, e o acento grave tem a finalidade de
sinalizar ao leitor essa atonicidade.
e) o termo “de compromissos com valores do passado” exerce a função de adjunto adverbial de
“isenta”.
João Nogueira lembrou-se de que era homem de responsabilidade. Bacharel, mais de quarenta
anos, uma calvície respeitável. Às vezes metia-se em badernas. Mas com os clientes só negócio. E a
mim, que lhe dava quatro contos e oitocentos por ano para ajudar-me com leis a melhorar São
Bernardo, exibia ideias corretas e algum pedantismo.
Eu tratava-o por doutor: não poderia tratá-lo com familiaridade. Julgava-me superior a ele, embora
possuindo menos ciência e menos manha. Até certo ponto parecia-me que as habilidades dele
mereciam desprezo. Mas eram úteis e havia entre nós muita consideração.
AULA 10 – Sintaxe II 58
Prof. Celina Gil
- Acompanhamos o nosso Padilha, disse Nogueira. Viemos andando. Como o passeio era agradável,
com a fresca da tarde, cheguei cá, para consultá-lo.
Assinale a alternativa em que a colocação pronominal está de acordo com a norma culta.
Era hora do almoço. As duas senhoras puseram-se ___ mesa. Aurélia _________ pela sobriedade,
que era nela a consequência de temperamento e educação. Não quer isto dizer que fosse dessa
AULA 10 – Sintaxe II 59
Prof. Celina Gil
espécie de moças papilionáceas que se alimentam do pólen das flores, e para quem o comer é um
ato desgracioso e prosaico.
Bem ao contrário, ela sabia que a nutrição dá ___ seiva de beleza, sem a qual as cores desmaiam
nas faces e os sorrisos nos lábios, como as efêmeras e pálidas florações de uma roseira ética.
Assim não tinha vergonha ___ comer; e sem vaidade acreditava que o esmalte de seus dentes não
era menos gracioso quando eles se triscavam como a crepitação de um colar de pérolas, nem o matiz
de seus lábios menos saboroso quando chupavam uma fruta, ou se entreabriam para receber o
alimento.
(AFA – 2020)
Mulheres de Atenas
Mirem-se no exemplo Têm medo apenas
Daquelas mulheres de Atenas Não têm sonhos, só têm
Vivem pros seus maridos Presságios
Orgulho e raça de Atenas O seu homem, mares,
Naufrágios
Quando amadas, se perfumam Lindas sirenas, morenas
Se banham com leite, se
Arrumam Mirem-se no exemplo
Suas melenas Daquelas mulheres de Atenas
Quando fustigadas não choram Temem por seus maridos
Se ajoelham, pedem, imploram Heróis e amantes de Atenas
Mais duras penas; cadenas
As jovens viúvas marcadas
Mirem-se no exemplo E as gestantes abandonadas
Daquelas mulheres de Atenas Não fazem cenas
Sofrem pros seus maridos Vestem-se de negro, se
Poder e Força de Atenas Encolhem
(...) Se conformam e se recolhem
Às suas novenas, serenas
Elas não têm gosto ou vontade (HOLANDA, Chico Buarque de. Meus caros amigos. LP,
Nem defeito, nem qualidade 1976. Phonogram/Philips)
AULA 10 – Sintaxe II 60
Prof. Celina Gil
A) as formas verbais “mirem” (v. 1), “vivem” (v. 3), “sofrem” (v. 14) e “têm” (v. 16) estão conjugadas
no mesmo modo e tempo, além de possuírem o mesmo sujeito.
C) em “vivem pros seus maridos” (v. 3), o termo sublinhado é classificado pela gramática normativa
como adjunto adverbial.
(AFA – 2013)
Art. 4 – Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência,
crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou por omissão, será punido na
forma da lei.
(www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm)
B) O termo “todas as oportunidades e facilidades” (l.04 e 05) classifica-se como sujeito passivo do
verbo “assegurar”.
AULA 10 – Sintaxe II 61
Prof. Celina Gil
(EsPCEx - 2021)
Assinale a opção que corresponde à função do “que” na frase a seguir. “Não vão a uma festa que
não voltem cansados.”
(EsPCEx – 2018)
Em “ A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à água potável (...)”, a palavra
“QUE” encontra emprego correspondente em
A) “(...) os serviços de saneamento são prestados em caráter de monopólio, o que significa (...)”
B) “Esses planos são obrigatórios para que possam ser estabelecidos (...)”
C) “(...) o que significa que os usuários estão submetidos às atividades de um único prestador.”
E) “(...) e do Conselho Nacional das Cidades, que deram à política urbana (...)”
(EsPCEx - 2017)
Assinale a alternativa que pode substituir corretamente o trecho sublinhado sem alterar -lhe o
sentido:
"... O que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum
tipo de crime, mas nada oferece, para que essa situação realmente aconteça."
AULA 10 – Sintaxe II 62
Prof. Celina Gil
(EsPCEx – 2015)
A) As abelhas não apenas produzem mel e cera, mas ainda polinizam as flores.
(EsPCEx – 2015)
Leia o conjunto de frases a seguir e responda, na sequência, quais funções são assumidas pela
palavra “que".
AULA 10 – Sintaxe II 63
Prof. Celina Gil
(EsPCEx – 2013)
Em “Não sei, sequer, se me viste...” a alternativa que classifica corretamente a palavra em destaque
é
(EsPCEx – 2012)
“Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de ‘você’,
se dirigiu ao autor chamando-o ‘o senhor’ ”.
A análise morfossintática das palavras grifadas, na sequência em que aparecem, está cor reta na
alternativa:
(EsPCEx – 2012)
Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação da partícula “se”, na sequência em que
aparece no período abaixo.
O maquinista se perguntava se a próxima parada seria tão tumultuada quanto a primeira, com
aquelas pessoas todas se debatendo, os bilhetes avolumando nas mãos do cobrador, os reclamos
que se ouviam dos mais exaltados.
AULA 10 – Sintaxe II 64
Prof. Celina Gil
(EsPCEx - 2011)
“Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si,
para não andar atrás dela.” [...]
(EsPCEx - 2013)
Assinale a alternativa em que o trecho sublinhado pode ser substituído por “lhe”, sem modificar o
sentido original.
Machado de Assis
Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo
de começar por ela esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no
AULA 10 – Sintaxe II 65
Prof. Celina Gil
leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve
a importância; os gostos não são iguais.
Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo passadiço, ao
pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso de burros,
donde concluí que não estaria deitado, mas caído. Instantes depois, vimos (eu ia coin run amigo),
vimos o burro levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam -lhe a pele, os olhos meio mortos
fechavam-se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar
próximo do fim.
Diante do animal havia algum capím espalhado e uma lata com água. Logo, não foi abandonado
inteiramente; alguma piedade houve no dono ou quern quer que seja que o deixou na praça, com
essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se o autor dela é homem que leia crônicas, e
acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem bebeu da água;
estava já para outros capins e outras águas, em campos mais largos e eternos, Meia dúzia de
curiosos tinha parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se
não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer
meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas justamente do lado da anca. Dígase a
verdade; não o fez - ao menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos, Esses poucos
minutos, porém, valeram por uma hora ou duas. Se há justiça na Terra valerão por um século, tal
foi a descoberta que me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos.
O que me pareceu, é que o burro fazia exame de consciência. Indiferente aos curiosos, como ao
capim e à água, tinha 110 olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho interior e profundo .
Este remoque popular por pensar morreu um burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos
que a princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte é que o torna necessário.
Quanto à matéria do pensamento, não há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o
exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso tempo que ali gastei. Sou
outro Champollion, porventura maior; não decifrei palavras escritas,mas ideias íntimas de criatura
que não podia exprimi-las verbalmente.
AULA 10 – Sintaxe II 66
Prof. Celina Gil
"Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver
pensado sequer na perturbação da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a
própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução declarado os direitos do burro, tais
direitos não existem. Nenhum golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os obrigou.
Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de governo, teve em conta os interesses da
minha espécie. Qualquer que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um pouco
temperada pela teima que é, ein resumo, o meu único defeito. Quando não teimava, mordia o freio
dando assim um bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei por sóis nem
chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito do bonde, para sair logo. Até aqui os males
que não fiz; vejamos os bens que pratiquei."
''A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando depressa o tílburi e o namorado à casa
da namorada - ou simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia ao bonde podia mirar a
moça que estava na janela. Não poucos devedores terei conduzido para longe de um credor
importuno. Ensinei filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do porte e na
quietação dos sentidos. Quando algum homem, desses que chamam patuscas, queria fazer rir os
amigos, fui sempre em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara. Em fim...
Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado que pesaroso. Contente da descoberta,
não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A consideração,
porém, de que todos os burros devem ter os mesmos dotes principais, fez-me ver que os que
ficavam não seriam menos exemplares do que esse. Por que se não investigará mais profundamente
o moral do burro? Da abelha já se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também,
coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas são superiores às nossas, mais
racionais. Por que não sucederá o mesmo ao burro, que é maior?
Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver, espetáculo repugnante; mas a infância, corno
a ciência, é curiosa sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim passam os trabalhos
deste inundo. Sem exagerar. o mérito do finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora,
também não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século. Requiescat in pace.
(EFOMM - 2021)
B) "Se o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão."
AULA 10 – Sintaxe II 67
Prof. Celina Gil
D) "Agora, qual foi o exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso
tempo que ali gastei."
E) "[...] mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o cocheiro na fuga; deixava -
me estar aguardando autoridade."
(EFOMM - 2021)
Assinale a opção em que o acento grave indicativo de crase NÃO é colocado por uma situação de
regência.
A) "Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei
logo de começar por ela esta crônica."
B) "Indiferente aos curiosos, como ao capim e à água, tinha no olhar a expressão dos medit ativos."
E) "Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de hav er
pensado sequer na perturbação da paz pública."
(EFOMM - 2021)
Fazendo uso de um conectivo para ligar as orações acima, qual destes explicitaria CORRETAMENTE
a relação de sentido que se estabelece entre as orações?
(EFOMM - 2021)
Assinale a opção em que o termo sublinhado é um elemento de coesão, sem cumprir função
sintática.
AULA 10 – Sintaxe II 68
Prof. Celina Gil
A) "Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei
logo de começar por ela esta crônica."
B) "Se o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão."
C) "Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça remorso."
D) "Agora, qual foi o exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso
tempo que ali gastei."
E) "[...] ou simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia no bonde podia mirar a moça
que estava na janela."
(EFOMM - 2019)
B) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do bambual; ali pescarei piaus.
C) Ou nadar mar afora até não poder mais e depois virar e ficar olhando as nuvens brancas.
D) (...) olhos daquele menino feio do segundo ano primário que quase não tinha coragem de olhar
a menina um pouco mais alta da ponta direita do banco.
E) O menino da roça que pela primeira vez vê as algas do mar se balançando sob a onda clara, junto
da pedra.
(AFA - 2019)
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie
pura e simples" para alcançar uma almejada "civilização", calcada sobre 1relações livres, iguais e
fraternas, típicas do homem culto. 2Um olhar sobre a história, no entanto, põe em xeque esta visão
utópica. 3Organizado pelos historiadores Regina Bustamante e José Francisco de Moura, 4o livro
Violência na História, publicado pela Mauad Editora com apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios
que mostram, ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência, propondo uma reflexão mais
demorada sobre o tema. 5Nos ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como, desde a
antiguidade e ao longo da história humana, 6a violência se insere, sob diversos vieses, nas relações
de poder, 7seja entre Estado e cidadãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres, ou entre
diferentes religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos como a violência se manifesta na
AULA 10 – Sintaxe II 69
Prof. Celina Gil
religiosidade, durante o movimento das Cruzadas. 8Ou, hoje, no caso dos movimentos sociais, como
ela acontece em relação aos excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade social, por
exemplo, é um tipo de violência; a expropriação do patrimônio cultural, que significa não permitir
que a memória cultural de determinado grupo se manifeste, também", prossegue a organizadora.
(...) A própria palavra "violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com significado de
força, virilidade, pode ser positiva em termos de transformação social, no sentido de uma violência
revolucionária, usada como forma de se tentar transformar uma sociedade em determinad o
momento. (...) Essas variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
9(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido
de sua humanidade, o réu era declarado 10homo sacer. 11Ou seja, sua vida passava a ser consagrada
aos deuses. 12Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme propósito de fazer da morte
dos condenados 13um espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido religioso e de
dominação, cuja função era o reforço, manutenção e ratificação das relações de poder." (...) 14O
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos que traz a discussão para o presente,
analisando as transformações políticas do último século. 15 "Desde Voltaire até Kant e Hegel,
16acreditava-se no contínuo aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha inexorável
em direção à razão. (...) O Holocausto, perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à
época, 17deixou claro que a luta pela dignidade humana é um esforço contínuo e, pior de tudo, lento.
(...) 18E, sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a 19ocorrência de outros genocídios
– Ruanda, Iugoslávia, Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os homens nesse
começo do século XXI." O historiador prossegue: " 20De forma paradoxal, a globalização, conforme
se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, 21é fortemente acompanhada pelo localismo
e o particularismo religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e incompreensões crescentes.
22Na Bósnia ou em Kosovo, na Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de entendimento
23chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros
pode representar a morte." 24 Como nem tudo se limita às questões políticas e às guerras, o livro
ainda analisa as formas que a violência assume nas relações de gênero, na religião, na cultura e
aborda também a questão dos direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes sistemas
culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)
A conjunção ou liga duas palavras ou orações estabelecendo diferentes relações semânticas, como
exclusão, alternância ou, até mesmo, inclusão. Assinale a alternativa em que a relação de sentido
estabelecida é DIFERENTE das demais.
a) “...é fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo religioso, étnico ou cultural...”
(ref. 21)
AULA 10 – Sintaxe II 70
Prof. Celina Gil
c) “...chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária ou não, entre
bairros...” (ref. 23)
d) “...seja entre Estado e cidadãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres, ou entre
diferentes religiões.” (ref. 7) .
(AFA – 2016)
Quarto de Despejo
2 de MAIO de 1958. Eu não sou indolente. Há tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu
pensava que não tinha valor e achei que era perder tempo.
...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheço com mais atenção. Quero
enviar sorriso amavel as crianças e aos operarios.
...Recebi intimação para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando
papel. A noite os meus pés doiam tanto que eu não podia andar.
Começou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o José Carlos. A intimação era para ele. O José Carlos
tem 9 anos.
3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura.
Mas ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que
comer.
6 de MAIO. De manhã não fui buscar agua. Mandei o João carregar. Eu estava contente. Recebi outra
intimação. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas
quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12ª Delegacia.
...o que eu aviso aos pretendentes a política, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a
fome para saber descrevê-la.
Estão construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo.
9 de MAIO. Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que estou sonhando.
10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele
era tão amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimação.
(...) O Tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente
propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao
país. Pensei: se ele sabe disso, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio
AULA 10 – Sintaxe II 71
Prof. Celina Gil
Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira.
Não posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que
já passou fome. A fome tambem é professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e
nas crianças.
11 de MAIO. Dia das mães. O céu está azul e branco. Parece que até a natureza quer homenagear
as mães que atualmente se sentem infeliz por não realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai
galgando. Hoje não vai chover. Hoje é o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me
15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar
pão amanhã, porque eu só tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabeça de um porco
no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus
filhos estão sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles não são exigentes no paladar.
(...) Surgiu a noite. As estrelas estão ocultas. O barraco está cheio de pernilongos. Eu vou acender
uma folha de jornal e passar pelas paredes. É assim que os favelados matam mosquitos.
13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que
comemoramos a libertação dos escravos. Nas prisões os negros eram os bodes expiatorios. Mas os
brancos agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo.
Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho só
feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo
até passar a chuva para mim ir lá no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou
comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho dó dos meus filhos.
Quando eles vê as coisas de comer eles brada: Viva a mamãe!. A manifestação agrada -me. Mas eu
já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir
um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim:
“Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os
meninos. Hoje choveu e não pude catar papel. Agradeço. Carolina”
(...) Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou a pedir
comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar
um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me
a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.
Quanto ao uso dos pronomes, assinale a opção que traz uma INFRAÇÃO à norma padrão da língua.
a) “Estou escrevendo até passar a chuva para mim ir lá no Senhor Manuel vender os ferros.”
b) “Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz.”
AULA 10 – Sintaxe II 72
Prof. Celina Gil
c) “...as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país.”
(AFA - 2013)
A MAÇÃ DE OURO
BARRUCHO, Luís Guilherme & TSUBOI, Larissa. A maçã de ouro. In: Revista Veja, 02 de jun. 2010,
p.187. Adaptado.
Assinale a alternativa em que o termo retomado pelo mecanismo coesivo em destaque foi
corretamente indicado entre parênteses:
a) “Isso começou a mudar quando Steve Jobs...” (ref. 4) – (fazia produtos inovadores)
AULA 10 – Sintaxe II 73
Prof. Celina Gil
c) “... quando Steve Jobs, um de seus fundadores, que fora afastado nos anos 80,...” (ref. 6) – (Steve
Jobs)
d) “A marca, para além da disputa pessoal entre os maiores gênios da economia, coroa a estratégia
definida por Jobs.” (ref. 7) – (Steve Jobs, Bill Gates, Michael Dell)
Texto I
O silêncio incomoda
1Como trabalho em casa, assisto a um grande número de jogos e programas esportivos, alguns
porque gosto e outros para me manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais, filmes,
programas culturais (são pouquíssimos) e também, por curiosidade, muitas coisas ruins. Estou
viciado em televisão.
Não suporto mais ver 25tantas tragédias, crimes, violências, falcatruas e tantas politicagens para a
realização da Copa de 2014.
Estou sem paciência 20para assistir a tantas partidas tumultuadas no Brasil, consequência do estilo
de jogar, da tolerância com a violência e do ambiente bélico em 14que 9se transformou o futebol,
dentro e fora do campo.
Na transmissão das partidas, 30 fala-se e grita-se demais. Não há um único instante de silêncio,
nenhuma pausa. O barulho é cada dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e em
quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas.
É óbvio 15que informações e estatísticas são importantíssimas. Mas exageram. 2Fala-se 26muito,
mesmo com a bola rolando. Impressiona-me 18como 10se formam conceitos, dão opiniões, baseados
em estatísticas 13que têm pouca ou nenhuma importância.
Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV Globo deu a 6“grande notícia”, 21que Neymar
foi o primeiro jogador brasileiro a marcar dois gols contra a Escócia em uma mesma partida.
22Parece haver uma disputa para saber 19quem dá mais informações e estatísticas, e outra, entre os
narradores, 3para saber quem grita gol mais 23alto e 24prolongado. 11Se dizem 16que a imagem vale
mais que mil palavras, por que se fala e se grita tanto?
21Outra discussão 27chata, durante e após as partidas, é 8se um jogador teve a intenção de colocar a
mão na bola e de fazer pênalti, e se outro teve a intenção de atingir o adversário. Com raríssimas
exceções, 4ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para querer quebrar o outro jogador.
7O que ocorre, com frequência, é 5o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do
outro. O impulso está à frente da consciência. Não sou também tão ingênuo para achar 17que todas
as faltas violentas são involuntárias.
AULA 10 – Sintaxe II 74
Prof. Celina Gil
Não dá para o árbitro saber 12se a falta foi intencional ou não. Ele precisa julgar o fato, e não a
intenção. Eles precisam ter também bom senso, o que é raro no ser humano, para saber a gravidade
das faltas. 29Muitas parecem 28iguais, mas não são. Ter critério não é unificar as diferenças.
Texto II
O ídolo
Em um belo dia, a deusa dos ventos beija o pé do homem, o maltratado, desprezado pé, e, desse
beijo, nasce o ídolo do futebol. 7Nasce em berço de palha e barraco de lata e vem ao mundo
abraçado a uma bola.
1Desde que aprende a andar, sabe jogar. Quando criança, alegra os descampados e os baldios, joga
e joga e joga nos ermos dos subúrbios até que a noite cai e ninguém mais consegue ver a bola, e,
quando jovem, voa e faz voar nos estádios. Suas artes de malabarista convocam multidões, domingo
após domingo, de vitória em vitória, de ovação em ovação.
4A bola 13o procura, 14o reconhece, precisa dele. No peito de 18seu pé, ela descansa e se embala. 6Ele
19lhe dá brilho e 20a faz falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam. 11 Os Zé
Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém, podem sentir-se alguém por um momento,
por obra e graça desses passes devolvidos num toque, 16essas fintas que desenham os zês na grama,
17esses golaços de calcanhar ou de bicicleta: quando ele joga o time tem doze jogadores.
— Múmia!
Às vezes, o ídolo não cai inteiro. 5E, às vezes, 2quando 9se quebra, a multidão 21o devora aos pedaços.
AULA 10 – Sintaxe II 75
Prof. Celina Gil
(AFA - 2012)
“Os Zé Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém, podem sentir-se alguém por um
momento, por obra e graça desses passes devolvidos num toque, essas fintas que desenham os zês
na grama...” (ref. 11, texto II)
De acordo com a análise morfossintática dos termos sublinhados abaixo, pode-se concluir que está
INCORRETA a afirmativa:
a) em Zé Ninguém, há uma derivação imprópria, já que foi utilizado um pronome indefinido como
substantivo próprio.
b) em “A fonte da felicidade pública se transforma no para-raios do rancor público”, (ref. 12, texto
II), a expressão grifada é predicativo do sujeito.
c) o substantivo destacado em “... esses golaços de calcanhar ou de bicicleta...” foi formado a partir
de sufixação.
d) caso antes da locução “... podem sentir-se alguém...”, houvesse uma palavra negativa, o pronome
se teria que, obrigatoriamente, vir antes do verbo poder.
(AFA - 2012)
Assinale a alternativa na qual a palavra QUE tem a mesma classificação morfológica que a destacada
em:
“...baseados em estatísticas que têm pouca ou nenhuma importância.” (ref. 13, texto I)
c) “Se dizem que a imagem vale mais que mil palavras...” (ref. 16, texto I)
d) “... para achar que todas as faltas violentas são involuntárias.” (ref. 17, texto I)
(AFA - 2012)
Assinale a única alternativa em que a palavra SE recebe a mesma classificação morfossintática que
a destacada em:
“Outra discussão chata, durante e após as partidas, é se um jogador teve a intenção...” (ref. 8, texto
I)
AULA 10 – Sintaxe II 76
Prof. Celina Gil
a) “...ambiente bélico em que se transformou o futebol, dentro e fora de campo.” (ref. 9, texto I)
c) “Se dizem que a imagem vale mais que mil palavras...” (ref. 11, texto I)
d) “Não dá para o árbitro saber se a falta foi intencional ou não.” (ref. 12, texto I)
(AFA - 2012)
As palavras abaixo destacadas foram utilizadas para introduzir orações subordinadas substantivas.
Porém, em somente uma opção, essa relação sintática foi estabelecida por uma conjunção
integrante própria. Assinale-a.
a) “Impressiona-me como se formam conceitos, dão opiniões, baseados em estatísticas...” (ref. 18,
texto I)
b) “Parece haver uma disputa para saber quem dá mais informações e estatísticas...” (ref. 19, texto
I)
c) “Estou sem paciência para assistir a tantas partidas tumultuadas no Brasil.” (ref. 20, texto I)
d) “Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV Globo deu a “grande notícia”, que
Neymar...” (ref. 21, texto I)
Daniella Cornachione
1Quando o jornalista Otto Lara Resende, diante das câmeras de TV, pediu ao dramaturgo Nelson
Rodrigues que desse um conselho aos jovens telespectadores, a resposta foi contundente:
“Envelheçam!”. A recomendação foi dada no programa de entrevistas Painel, exibido pela Rede
Globo em 1977. Pelo menos no quesito trabalho, os brasileiros perto dos 20 anos de idade parecem
dispensar o conselho. 9Apesar de começarem a procurar emprego num momento de otimismo
econômico, quase eufórico, os jovens brasileiros têm expectativas de carreira bem menos idealistas
que os americanos e europeus — e olha que por lá eles estão enfrentando uma crise brava. É o que
revela uma pesquisa da consultoria americana Universum, feita em 25 países. (...). No estudo,
chamado Empregador ideal, universitários expressam seus desejos em relação às empresas, em
AULA 10 – Sintaxe II 77
Prof. Celina Gil
diversos quesitos. O Brasil é o primeiro país sul-americano a participar -- foram entrevistados mais
de 11 mil universitários no país de fevereiro a abril.
11De acordo com o estudo, 4dois em cada três universitários brasileiros acham que o empregador
ideal oferece, em primeiro lugar, treinamento e desenvolvimento — quer dizer, a possibilidade de
virar um profissional melhor. A mesma característica é valorizada só por 38% dos americanos, que
colocam no topo das prioridades, neste momento, a estabilidade no emprego. 3Os brasileiros
apontaram como segundo maior objetivo a possibilidade de empreender, criar ou inovar, numa
disposição para o risco que parece estar diminuindo nos Estados Unidos.
O paulista Guilherme Mosaner, analista de negócios de 25 anos, representa bem as preocupações
brasileiras. “O trabalho precisa ser desafiador. Tenho de aprender algo todo dia.” 10Mosaner
trabalha há um ano e meio em uma empresa de administração de patrimônio, mas acha improvável
construir a carreira numa mesma companhia, assim como metade dos estudantes brasileiros
entrevistados pela Universum. 2Entre as boas qualidades de um empregador, os universitários
incluem seu sucesso econômico e a valorização que ele confere ao currículo. “A gente sabe que não
vai ficar 40 anos em um mesmo lugar, por isso já se prepara para coisas novas”, diz Mosaner.
7Apesar de mais pragmáticos, os universitários brasileiros, assim como os americanos e europeus,
8consideram como objetivo máximo equilibrar trabalho e vida pessoal. 6Quem pensa em americanos
como viciados em trabalho e em europeus como cultivadores dos prazeres da vida talvez precise
reavaliar as crenças diante da geração que está saindo da faculdade: o bom balanço entre trabalho
e vida pessoal é a meta número um de 49% dos brasileiros, 52% dos europeus e... 65% dos
americanos.
(AFA - 2011)
AULA 10 – Sintaxe II 78
Prof. Celina Gil
(AFA - 2011)
a) A expectativa de carreira dos jovens brasileiros é bem menos idealista que dos americanos e dos
europeus, mesmo começando a procura de emprego num momento de otimismo econômico, quase
eufórico. (ref.9)
b) A resposta de Nelson Rodrigues – quando o jornalista Otto Lara Resende, diante das câmeras de
TV, pediu-lhe que desse um conselho aos jovens telespectadores – foi incisiva: Envelheçam! (ref.1)
(AFA - 2011)
Assinale a alternativa em que a relação foi estabelecida corretamente.
(AFA - 2011)
Daniella Cornachione
A busca desse equilíbrio é considerada uma característica básica dos trabalhadores mais jovens,
com idades entre 18 e 29 anos — faixa apelidada de Geração Y. 2Dividir os profissionais por grupos
etários é útil para as consultorias de recursos humanos 3como uma forma de perceber mudanças no
comportamento e nos interesses das pessoas e ajudar as empresas a atrair e 7manter os
trabalhadores que elas considerem mais valiosos. Por exemplo, os profissionais nascidos nos anos
70 e 80 4formam a Geração X, assim chamada porque parecia ser uma incógnita em termos de
comportamento. “A Geração X chegou à adolescência quando as revoluções já estavam feitas, e as
AULA 10 – Sintaxe II 79
Prof. Celina Gil
grandes causas mundiais mais ou menos resolvidas”, afirma Carlos Honorato, pesquisador do grupo
especializado em tendências Profuturo, da Fundação Instituto de Administração (FIA). 5Apesar
disso, os Xs brasileiros cresceram ouvindo falar em inflação, dívida externa e planos econômicos
fracassados. 6Por isso, têm mais apego ao sonho do emprego estável e da maior segurança
financeira possível para a família e os filhos. Isso explica muito sobre a Geração Y.
Os Ys cresceram em ambiente bem diferente, com estabilidade econômica, inflação sob controle,
globalização e oportunidades abertas. Convivem com a internet desde a infância e se acostumaram
às decisões coletivas, ao debate sempre aberto, à interação permanente. Nas empresas, eles vêm
sendo considerados, numa interpretação favorável, como questionadores; numa interpretação não
tão favorável, como insolentes. “É uma geração mais aberta a novas possibilidades, que tem muito
compromisso consigo mesma. 1Se o jovem não estiver satisfeito com o trabalho ou quiser outras
oportunidades, não fica na empresa”, afirma Sara Behmer, presidente da consultoria de recursos
humanos Voyer e professora da Brazilian Business School.
Se a nova estabilidade econômica tornou os Ys brasileiros mais ambiciosos e dispostos a arriscar, o
desenvolvimento econômico nos Estados Unidos (e uma certa decepção com jeito tradicional de
fazer negócios, pelas crises dos anos 2000) tornou os Ys americanos extremamente exigentes e
idealistas. Eles fazem questão de ter equilíbrio entre vida pessoal e carga de trabalho, buscam
empresas com boa reputação e alto padrão ético 8e querem ter funções cujo objetivo seja o bem
maior da sociedade. Todas metas muito admiráveis – e que bateram de frente com a crise.
a) “Por isso, têm mais apego ao sonho do emprego estável...” (ref.6). A função do termo destacado
é conectar períodos que apresentam uma relação de adição entre as ideias.
b) “Apesar disso, os Xs brasileiros cresceram ouvindo...” (ref.5). A expressão destacada tem por
função apresentar uma ideia de alternância para a afirmação feita no período anterior.
c) “... manter os trabalhadores que elas considerem mais valiosos.” (ref.7). O termo destacado
remete-se a trabalhadores e desempenha a função sintática de objeto direto na oração em que se
encontra.
d) “...e querem ter funções cujo objetivo seria o bem maior da sociedade.” (ref.8). O termo
destacado pode ser substituído por em que o sem que a norma padrão seja desacatada.
AULA 10 – Sintaxe II 80
Prof. Celina Gil
No trecho “Diante desse quadro, cabe perguntar, como podemos chegar à arte, quando o sistema
econômico e político organizado esteticamente conspira contra ela?”, há uso de um sinal indicativo
de crase obrigatório. Assinale a seguir a alternativa em que o uso desse mesmo sinal seria
considerado facultativo.
a) Eles enviaram suas notas àqueles alunos que fizeram recurso de revisão.
b) Nós sempre comemos o mesmo filé à Chateaubriand que nossos pais comiam.
c) Nossa discussão é com relação à senhora, dona Judite. Vamos resolver tudo, não se preocupe.
e) Às vezes, queremos aprender muitas coisas ao mesmo tempo e isso nos atrapalha.
No trecho “Um dos problemas que enfrentamos em relação à arte hoje é que precisamos entendê-
la, mas isso só pode acontecer de um jeito diferente de como a entendíamos em outras épocas”
(1º§), os termos destacados devem ser classificados, respectivamente, como
AULA 10 – Sintaxe II 81
Prof. Celina Gil
As conjunções destacadas em “A loucura da arte sempre foi a mais perigosa, porque ela podia mudar
a sensibilidade das pessoas e assim ensinar um outro jeito de ver o mundo” não podem ser
substituídas por
a) portanto e contudo.
c) pois e logo.
Em “Ela ocorre num panorama no qual a maioria dos objetos ainda são os mesmos que conhecemos”
os elementos destacados são, respectivamente,
a) um pronome relativo, com valor de objeto indireto; e uma conjunção integrante, sem valor
sintático.
b) um pronome relativo, com valor de adjunto adverbial; e um pronome relativo, com valor sintático
de sujeito.
d) uma conjunção integrante, sem função sintática; e um pronome relativo, com valor sintático de
sujeito da oração.
e) uma conjunção coordenativa explicativa, sem valor sintático; e uma conjunção integrante, sem
valor sintático também.
AULA 10 – Sintaxe II 82
Prof. Celina Gil
Nas frases: ” Por que as listras da pasta de dente não se misturam dentro do tubo?“ - título do texto
4 - e ” (…) encontramos o gel colorido que dá forma às listras.“- linhas 7 e 8- qual a função sintática
da partícula que, respectivamente?
O violão e o vilão
a viola e o violão.
Do vilão era a viola,
e da Olívia o violão.
O violão duvidava
AULA 10 – Sintaxe II 83
Prof. Celina Gil
vela a vida
Violeta violada
(Cecília Meireles)
Na seguinte frase retirada do texto : “O violão da Olívia dava vida à vila, à vila dela.”- linhas 6 e 7 –
os acentos indicativos de crase são utilizados para unir a preposição “a” do verbo “dava” com o
artigo feminino “a” da palavra “vila”.
Irei __ Rússia para assistir __ final da Copa do Mundo. __ partida irá ocorrer __ 18 horas do horário
da Rússia.
A) a, a, a, as.
B) à, à, a, às.
C) à, à, a, as.
D) a, a, a, às.
E) a, à, a, as.
AULA 10 – Sintaxe II 84
Prof. Celina Gil
FUGA
Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um
barulho infernal.
Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: Não estava
fazendo barulho, estava só empurrando uma cadeira.
- Pois então para de empurrar a cadeira.
Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas
coisinhas, enrolando-as num pedaço de pano. Era a sua bagagem: um caminhão de madeira com
apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da dispensa? - a
mãe mais tarde irá dizer), metade de uma tesoura enferrujada, sua única arma para a grande
aventura, um botão amarrado num barbante.
A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente, o pai olhou ao redor e
não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
- Viu um menino saindo desta casa? - gritou para o operário que descansava diante da obra do outro
lado da rua, sentado no meio-fio.
Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro. A
trouxa, arrastada no chão, ia deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço
de biscoito e – saíra de casa desprevenido – uma moeda de 1 cruzeiro. Chamou-o, mas ele apertou
o passinho, abriu a correr em direção à avenida, como disposto a atirar-se diante do lotação que
surgia a distância.
O lotação deu uma freada brusca, uma guinada para a esquerda, os pneus cantaram no asfalto. O
menino, assustado, arrepiou carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como a um
animalzinho:
- Que susto você me passou, meu filho – e apertava-o contra o peito fora de si.
Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas:
- Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai. - Me larga. Eu quero ir embora.
AULA 10 – Sintaxe II 85
Prof. Celina Gil
Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala – tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua
e retirar a chave, como ele fizera com a da despensa.
E o barulho recomeçou.
(Fernando Sabino)
Nas frases “ (…) gritou para o operário que descansava diante da obra do outro lado da rua (…)” -
linhas 27 e 28 - e na frase “- Que susto você me passou, meu filho –“ - linha 48 - qual a função
sintática da partícula que, respectivamente?
A) Advérbio de intensidade e conjunção integrante.
Embora construções como esta sejam comuns na linguagem coloquial, a posição do pronome
oblíquo átono “me” na frase: “- Me larga.” - linha 56 - não está correta, segundo a norma culta da
língua. Dessa forma, assinale abaixo a frase que também está INCORRETA quanto a colocação
pronominal.
B) Amar-te-ei eternamente.
Considere a frase:
AULA 10 – Sintaxe II 86
Prof. Celina Gil
“Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras (...)” – linhas 12 e 13.
Observe que o acento indicativo de crase foi utilizado corretamente. Para que as frases abaixo
fiquem igualmente corretas, preencha as lacunas utilizando o mesmo acento, quando necessário, e
assinale a alternativa correta.
“Comunico __ V.Sa. que encaminhamos __ petição anexa __ Divisão de Pagamento que está apta
__ prestar __ informações solicitadas.”
A) a, a, à, a, as
B) à, a, à, a, às
C) a, à, a, à, as
D) à, à, a, à, às
E) à, a, à, à, as
Considere a frase:
Assinale a opção que, obrigatoriamente, também deve receber esse sinal gráfico.
(Fuzileiro Naval)
- Falar português não é difícil – me diz um francês residente no Brasil -, o diabo é que, mal consigo
aprender, a língua portuguesa já ficou diferente. Está sempre mudando.
AULA 10 – Sintaxe II 87
Prof. Celina Gil
E como! No Brasil as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Ainda bem a gente não
conseguiu aprender uma nova expressão, já vem o pessoal com outra.
Não é somente pela gíria que a gente é apanhado. (Aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto
do singular como do plural: tudo é 'a gente'.) A própria linguagem corrente vai-se renovando, e a
cada dia uma parte do léxico cai em desuso. É preciso ficar atento, para não continuar usando
palavras que já morreram, vocabulário de velho que só velho entende.
Os que falariam ainda em cinematógrafo, auto-ônibus, aeroplano, estes também já morreram e não
sabem. Mas uma amiga minha, que vive preocupada com este assunto, me chama a atenção para
os que falam assim:
- Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.
Os que acharem natural esta frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com um ator
que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestidos de roupa de banho em vez
de calção ou biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez
de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de
passear na calçada e percorrer um quarteirão em vez de uma quadra. Viajarão de trem de ferro
acompanhados de sua esposa ou sua senhora em vez de sua mulher.
A lista poderia ser enorme, mas vou ficando por aqui, pois entre escrever e publicar há tempo
suficiente para que tudo que eu disser caia em desuso – é dito e feito.
Considere a frase abaixo retirada do texto: “A própria linguagem corrente vai-se renovando (...)” -
linhas 14 e 15. O termo em destaque pode ser classificado como
A) conjunção subordinativa condicional.
B) substantivo.
C) pronome reflexivo.
D) partícula expletiva.
(EAM - 2019)
A) A desatenção à esse crivo da reflexão acarreta, por sua vez, a repetição de ideias prontas.
AULA 10 – Sintaxe II 88
Prof. Celina Gil
C) A relação com o absoluto que se dá por meio de substâncias é semelhante à que foi apresentada
sobre Deus.
(EAM - 2018)
Pelo mar fomos descobertos e a partir do mar e dos rios consolidamos nossa independência e
fixamos as fronteiras ao norte, sul e a oeste; o que garantiu a integridade do nosso território, com
dimensões continentais. Também pelo mar e rios, ao longo de nossa história, nos defendemos das
mais graves agressões à soberania nacional.
Assim, entender a importância dos mares e rios exige a absorção de conhecimentos e percepções
que, normalmente, deixam de estar à disposição de significativa parte do Povo Brasileiro; porém,
cada vez mais, constatamos que é pela via marítima e hidrovias que trafegamos os produtos e
serviços essenciais à pátria.
O nosso Brasil, continental, guarda relação inseparável com os espaços oceânicos e ribeirinhos,
tanto devido à sua origem como por dispor de imensas riquezas que, seguramente, serão cada vez
mais importantes para o desenvolvimento de nosso País.
Em datas importantes, como o Dia Nacional da Amazônia Azul, sempre devemos atentar para os
conselhos de Rui Barbosa: “...mas não basta admirar: é preciso aprender e prosperar. O mar é o
grande avisador. Pô-lo Deus a bramir junto ao nosso sono, para nos pregar que não durmamos. Por
ora a sua proteção nos sorri, antes de se trocar em severidade...”
Em decorrência da relevância dos fatos históricos que nos associam ao mar e aos rios e da
magnitude das riquezas da Amazônia Azul, o Congresso Nacional, por meio da Lei n°13.187, de 2015,
instituiu o dia 16 de novembro como “O Dia Nacional da Amazônia Azul”.
[...]
Tendo em vista as diretrizes da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM)
e os estudos geopolíticos voltados para os oceanos, a “Oceano-política”, a Marinha do Brasil vem
consolidando o conceito político-estratégico “Amazônia Azul”, que insere em posição decisiva os
espaços oceânicos e ribeirinhos, sobre os destinos do Povo Brasileiro e na dinâmica das Relações
Internacionais.[...]
AULA 10 – Sintaxe II 89
Prof. Celina Gil
e contempla ampla gama de serviços, reservas minerais e alimentos que beneficiam grande parcela
da nossa população.
A relevância em proteger esse legado tem direcionado a Marinha do Brasil na consecução dos
seus programas estratégicos, entre outros: Programa Nuclear da Marinha, Program a de
Desenvolvimento de Submarinos, Programa de Construção das Corvetas Classe Tamandaré e
Obtenção da Capacidade Operacional Plena. Na atualidade, quando os desafios alcançam crescente
dinâmica e as ameaças ocorrem a partir de cenários sempre complexos e multifacetados, estarmos
preparados para defender a Amazônia Azul caracteriza condição imprescindível para que o País
preserve e amplie a sua prosperidade e exerça a sua soberania, quando for necessário. Vale destacar
que os programas estratégicos da Marinha do Brasil possuem forte sinergia com os setores
acadêmicos, industriais e empresariais.
[...]
Na ocasião em que comemoramos esta importante data, plena de envolvimentos com o nosso
passado e basilar para um presente e futuro, devemos exaltar tão valioso patrimônio; entretanto,
cônscios das dimensões que envolvem a Amazônia Azul: soberania nacional, diplomática,
econômica, ambiental, científica, tecnológica e de inovação, relembramos, mais uma vez, as
palavras de Rui Barbosa: “...O mar é um curso de força e uma escola de previdência. Todos os seus
espetáculos são lições: não os contemplemos frivolamente...”
BARBOSA JUNIOR, llques. ALTE ESQ. Dia Nacional da Amazônia Azul. Disponível em:
<https://www.marinha.mil.br/content/dia-nacional-da-amazonia-azul> - Acesso em 20 nov. 2017 -
Com adaptações.
A) “[...] tanto devido à sua origem como por dispor [...].” (3°§)
AULA 10 – Sintaxe II 90
Prof. Celina Gil
D) “[...] deixam de estar à disposição de significativa parte do Povo Brasileiro [...].” (2°§)
(EAM - 2017)
No fragmento "Convivo com pessoas que amam o que fazem e se engrandecem cada vez que
percebem como são eficientes na missão de dar sentido à profissão.", o uso do acento indicador de
crase é obrigatório. Assinale a opção na qual isso também ocorre.
A) Muitas pessoas começam à trabalhar desde cedo, fazendo disso uma atividade prazerosa.
B) Sempre que vierem à terra, os marinheiros poderão passear, fazer compras e descansar.
(EAM - 2017)
Em “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida.", o
operador argumentativo destacado tem valor semântico de
A) causa.
B) adição.
C) concessão.
D) comparação.
E) consequência.
(EAM - 2016)
“A rede social digital mais utilizada, atualmente, começa a apresentar desgaste devido ao uso de
"correntes", pensamentos de autores que nem sempre são verídicos, comentários pagos por
partidos políticos e excesso de propagandas de empresas na comercialização de seus produtos e
serviços. Essas informações descaracterizam o que inicialmente seria utilizado para que as pessoas
se comunicassem.”
(TAIT, Tania. As redes sociais digitais: necessidade ou vício?. Em http://www.gazetadopovo.com.br - 28 abrii de 2014. Com adaptações)
AULA 10 – Sintaxe II 91
Prof. Celina Gil
Em "Essas informações descaracterizam o que inicialmente seria utilizado para que as pessoas se
comunicassem." (5°§), o elemento coesivo destacado expressa a ideia de
A) condição.
B) concessão.
C) consequência.
D) proporcionalidade.
E) finalidade.
(EAM - 2015)
Assinale a opção em que a palavra sublinhada deve receber acento indicativo de crase.
(EAM - 2015)
Pela Amazônia Azul circulam 95% do nosso comércio exterior e de lá são extraídos
aproximadamente 90% da produção brasileira de petróleo; também nesse espaço há uma intensa
atividade pesqueira.
A Marinha do Brasil detalhou como foi o funcionamento da Operação "Amazônia Azul", que se
estendeu por todo o território nacional.
A operação foi um exercício de grande escala que visou ao aprimoramento da fiscalização das
águas territoriais brasileiras e ao preparo da Força Naval durante a Copa do Mundo FIFA 2014. A
iniciativa envolveu 30 mil militares, 60 navios, 15 aeronaves e diversas embarcações das Capitanias
dos Portos, distribuídos por uma área de 3,5 milhões de Km2 ao longo da costa do País.
AULA 10 – Sintaxe II 92
Prof. Celina Gil
Qual opção apresenta um período cujas orações estabelecem entre si uma relação de causa e
consequência, evidenciada pelo uso do conectivo?
A) A Marinha detalhou a operação Amazônia Azul e explicou sua atuação na Copa do Mundo FIFA
2014.
C) A operação esteve a cargo não só da Marinha, mas também de outras instituições brasileiras.
D) Embora a Amazônia Azul tenha tanto potencial quanto a Amazônia verde, ainda é pouco
conhecida pelos brasileiros.
E) Uma vez que a operação Amazônia Azul visava à fiscalização de diversas regiões, contou com o
auxílio das demais forças
AULA 10 – Sintaxe II 93
Prof. Celina Gil
em casa? Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam
grávidas. Mando condolências pela morte do avô de alguém que mal cumprimento quando
encontro num bar. Acompanho a dieta alimentar de estranhos. Fico sabendo que o amigo de uma
conhecida troca, todos os dias, as fraldas de sua mãe velhinha, mas que não faria isso pelo pai, que
sempre foi seco e frio com ele - e me comovo; sinto como se estivesse sentada a seu lado no sofá,
enxugando suas lágrimas.
Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário
deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra
mim, mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas
e das distâncias suprimidas: nunca fomos tão íntimos de todos.
Pena que esse mundo fofo é de faz de conta, intimidade, pra valer, exige paciência e convivência,
tudo o que, infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória:
as pessoas amam você, mesmo sem conhecê-la de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel
Dantas em entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que
eu sou".
Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha
um amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. Ele
não está nem aí para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é:
basta que você o adote.
A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos
uns aos outros, ofertamos um like e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de
profundo sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este
está realmente por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se
íntimo a seu modo. Já alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham
a pertencer à vida um do outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não existe d e modo
nenhum.
No trecho "Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha
um amigo na hora." (6°§), o pronome oblíquo só NÃO exerce a mesma função sintática que o
destacado em:
A) "Como não chamá-la para a próxima ceia de Natal aqui em casa?" (2°§)
B) "Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam
grávidas." (3°§)
AULA 10 – Sintaxe II 94
Prof. Celina Gil
C) "O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer." (6°§)
D) "Ele não está nem aí para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você
realmente é: baste que você o adote" (6°§)
E) "Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas amam você, mesmo sem conhecê-la de verdade."
(5°§)
A) adição / alternância.
B) causa / concessão.
C) adição / causa.
D) oposição/adição.
E) alternância / adição.
Assinale a opção na qual o acento indicativo de crase foi utilizado de acordo com a modalidade
padrão.
A) O texto se refere somente à pessoas distantes geográfica e emocionalmente, mas que se julgam
próximas.
B) Algumas pessoas dizem coisas nas mídias digitais como se estivessem cara à cara com estranhos.
E) Existem pessoas que não conhecem pessoalmente a autora, mas lhe enviam mensagens à esmo.
Assinale a opção na qual a colocação do pronome em destaque NÃO obedece à modalidade padrão.
A) “O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer". (6°§)
B) Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp (...)".(1°§)
AULA 10 – Sintaxe II 95
Prof. Celina Gil
C) “[...], se você der atenção e o levar pra casa, ganha um amigo na hora.” (6°§)
D) “Como não chamá-la para a próxima ceia de Natal aqui em casa? ” (2° §)
E) " Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-la pra festa.” (1°§)
Em que opção a palavra destacada tem classificação morfológica diferente das demais?
A) “Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou”. (5°§)
B) "Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp [...]”. (1°§)
C) “O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer.’’ (6°§)
D) "[...] me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. (3°§)
E) “[...] um drama parecido com o do filme, algo tão pessoal que ela só quis contar [...]” (2°§)
Encontros e desencontros
Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui perto de casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena
que já me tinham descrito. Um casal de meia idade se senta à mesa vizinha da minha. Feitos os
pedidos ao garçom, o homem, bem depressinha, tira o celular do bolso, e não mais o deixa, a
merecer sua atenção exclusiva. A mulher, certamente de saber feito, não se faz de rogada e apanha
um livro que trazia junto à bolsa. Começa a lê-lo a partir da página assinalada por um marcador.
Espichando o meu pescoço inconveniente (nem tanto, afinal as mesas eram coladinhas) deu para
ver que era uma obra da Martha Medeiros.
Desse modo, os dois iam usufruindo suas gulodices, sem comentários, com algumas reações
dele, rindo com ele mesmo com postagens que certamente ocorriam em seu celular. Até dois
AULA 10 – Sintaxe II 96
Prof. Celina Gil
estranhos, postos nessa situação, talvez acabassem por falar alguma coisa. Pensei: devem estar
juntos há algum tempo, sem ter mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada a
acrescentar, nada de novo ou surpreendente. E assim caminhava, decerto, a vida daquele casal.
O que me choca, mesmo observando esta situação, como outras que o dia a dia me oferece, é a
ausência de conversa. Sem conversa eu não vivo, sem sua força agregadora para trocar ideias, para
convencer ou ser convencido pelo outro, para manifestar humor, para desabafar sobre o que
angustia a alma, em suma, para falar e para ouvir. A conversa não é a base da terapia? Sei não, mas,
atualmente, contar com um amigo para jogar conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe
está roubando o sossego talvez não seja fácil. O tempo também, nesta vida corre-corre, tem lá
outras prioridades. Mia Couto é contundente: “Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta
comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. " Até se fala muito, mas ouvir o outro? Falo
de conversas entre pessoas no mundo real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele, até
que se conversa muito; porém, é tão diferente, mesmo quando um está vendo o outro. O
compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que nos proporciona a abrangência do outro, a
captação do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu humor...
Desse diálogo é que tanta gente está sentindo falta. Até por telefone as pessoas conversam,
atualmente, bem menos. Pelo whatsApp fica mais fácil, alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a
conversa? Conversa-se, sim, replicam. Será? Ou se trocam algumas palavras? Quando falo em
conversa, refiro-me àquelas que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto, a pularem de
assunto em assunto. O whatsApp é de graça, proclamam. Talvez um argumento que pode ser
robusto, como se diz hoje, a favor da utilização desse instrumento moderno.
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra: nos whatsApps se trocam mensagens por
escrito. Eu sei. Entretanto, língua escrita é outra modalidade, outro modo de ativar a linguagem, a
começar pela não copresença física dos interlocutores. No telefone, não há essa copresença física,
mas esse meio de comunicação não é impeditivo de falante e ouvinte, a cada passo, trocarem de
papéis e até mesmo de falarem ao mesmo tempo, configurando, pois, características próprias da
modalidade oral. Contudo, não se respira o mesmo ar, ainda que já se possa ver o outro. As pessoas
passaram a valer-se menos do telefone, e as conversas também vão, por isso, tornado-se menos
frequentes.
Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência com poucos companheiros, sem pauta, sem temas
censurados, sem se ter de esmerar na linguagem. Conversa sem compromisso, a não ser o de evitar
a chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões e momentos de solidariedade. Conversa
que é vida, que retrata a vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de tudo: o louco, o filósofo, o
depressivo, o conquistador de garganta, o saudosista ...Nem sempre, é verdade, estou motivado
para participar desses grupos. Porém, passado um tempo, a saudade me bate.
Aqueles bate-papos intimistas com um amigo de tantas afinidades, merecedores que nos
tornamos da confiança um do outro, esses não têm nada igual. A apreensão abrangente do amigo,
AULA 10 – Sintaxe II 97
Prof. Celina Gil
de seu psiquismo, dos seus sentimentos, das dificuldades mais íntimas por que passa, faz-nos sentir,
fortemente, a nossa natureza humana, a maior valia da vida.
Esses momentos vão se tornando, assim me parece, uma cena menos habitual nestes tempos
digitais. A pressa, os problemas a se multiplicarem, as tarefas a se diversificarem, como encontrar
uma brecha para aquela conversa, que é entrega, confiança, despojamento? Conversa que exige
respeito: um local calminho, sem gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim, umas tulipas
estourando de geladas e uns tira-gostos de nosso paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder
esses encontros. Afinal, a vida está passando tão depressa...
Adaptado de: UCHOA, Carlos Eduardo. Disponível em: http://carloseduardouchoa.com.br/blog/
Em "Quando falo em conversa, refiro-me àquelas que se esticam[...]." (4°§), o acento indicador de
crase foi corretamente empregado. Em que opção isso também ocorre?
A) Suas ideias sobre o uso do whatsApp são semelhantes às de meus amigos.
Em “Gosto de perceber o tamanho de um livro à primeira vista.", o acento indicativo d e crase foi
utilizado corretamente. Assinale a opção em que isso também ocorre.
D) O curso é de 2 à 8 de maio.
E) Por favor, entregue o caderno àquela professora.
Não sei se é a próxima chegada da Amazon ao Brasil ou a profecia maia do fim do mundo, mas o
fato é que nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro. São estudantes que me escrevem
AULA 10 – Sintaxe II 98
Prof. Celina Gil
motivados por pesquisas escolares, organizadores de eventos literários que me pedem palestras,
leitores que manifestam sua apreensão. Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de prazer
apocalíptico, mas logo desaponto quem quer ver o mar pegando fogo para comer camarão cozido:
é que absolutamente não acredito que o livro vai acabar.
“[...] mas o fato é que nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro.” (1°§)
A) Pronome relativo.
B) Partícula de realce.
C) Pronome indefinido.
D) Conjunção integrante.
E) Preposição acidental.
Você me dirá que uma das coisas que mais preza é sua opinião. Prezá-la é considerado virtude.
Fulano? É uma pessoa de opinião”. É preciso força e decisão para “ter opinião". Não é fácil.
Você me dirá, ainda, do que é capaz de fazer para defender a própria opinião. Ter opinião é tão
importante que há até um direito dos mais sagrados, o direito à opinião, ultimamente, aliás,
bastante afetado, pois vivemos tempos de ampliação do delito de opinião. Ter opinião, em vez de
ser considerado um estágio preliminar da convicção, passa a ser ameaçador.
Mas sem contrariar a força com que você defende as próprias opiniões e, sobretudo, defendendo
o seu inalienável direito de tê-las, eu lhe proporei pensar sobre se a opinião é uma instância
realmente profunda ou se é, tão-somente, uma das primeiras reações que se tem diante dos
acontecimentos.
Será a opinião uma reação profunda ou superficial? Ouso afirmar que, quase sempre, é das mais
superficiais.
AULA 10 – Sintaxe II 99
Prof. Celina Gil
é reveiadora do sentimento com que julgamos a vida, o mundo, as pessoas. Quase sempre a opinião
surge nessa etapa inicial, patamar superficial do nosso ser. Somos um repositório de primeiras
impressões!
Pode-se, efetivamente, garantir que nossas opiniões são fruto de meditação? Ou de conhecimento
sedimentado? Positivamente, não. Quem responder sinceramente, vai concluir que tem muito mais
opiniões do que coisas que sabe ou conhece. Qualquer conhecimento profundo não leva à opinião;
leva à análise, à convicção, à dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro instâncias tem a ver
com a opinião.
Quem (se) reparar com cuidado, verificará o quanto é levado a opinar, vale dizer, reagir, sentir,
julgar, diante dos variados temas. Somos um aluvião de opiniões. Defendemo-nos de analisar, tendo
opinião; preservamonos do perigoso e trabalhoso mister de pensar, tendo logo uma opinião.
É mais fácil ter opinião do que dúvida. Opinião traz adeptos e dividendos pessoais de prestígio,
respeitabilidade, aura de coragem ou heroísmo.
As opiniões são uma espécie de fabricação em série de ideias sempre iguais, saídas do modelo
pelo qual vemos o mundo, e nos faz enfocar a realidade segundo um eterno subjetivismo. Por isso
a opinião quase nunca é o reflexo das variadas componentes do real. É eco a repetir a experiência
anterior, diante de cada caso novo. A opinião nos defende da complexidade do real, logo, é maneira
de impedir a criatividade do homem.
Na origem latina, opinar tem um sentido ambíguo. É muito mais conjecturar do que afirmar. A
palavra chega a ter, nos seus vários sentidos, o de disfarçar. A origem do termo é mais fiel ao seu
significado do que a tradução que hoje se lhe dá.
Opinar não significa saber nem conhecer. Opinar significa ter uma opinião a respeito de algo, isto
é, uma impressão sujeita a retificações, a correções, a mudanças permanentes. O sentido essencial
de opinar é conjecturar, ou seja, supor uma realidade para poder discuti-la e, assim, melhor
conhecê-la.
No entanto, nos ofendemos se contrariam a nossa opinião; vivemos em busca do respeito à “nossa
opinião". E, mais grave e frequente, vivemos a sofrer por causa da opinião ou de opiniões dos outros
sem saber que a opinião de alguém é o resultado das manifestações (reações) mais superficiais e
fáceis do seu espírito.
Qual de nós está disposto a aceitar que a própria opinião, embora válida e respeitável, é uma
forma superficial de manifestação? Quem está disposto a se dar ao trabalho de atribuir à opinião
sua verdadeira função, que é nobilíssima: a de ser trânsito, passagem, via, para a Convicção, para a
Análise, para Dúvida e para a Evidência - os quatro elementos que compõem a verdade?
TÁVOLA, Artur da. Alguém que já não fui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
“[...] eu lhe proporei pensar sobre se a opinião é uma instância realmente profunda ou se é, tão
somente, uma das primeiras reações que se tem diante dos acontecimentos.” (3°§)
Em que opção a palavra destacada desempenha a mesma função morfossintática que as palavras
sublinhadas no trecho acima?
Assinale a opção correta quanto ao valor semântico estabelecido pelos conectores destacados.
A) “Ter opinião é tão importante que há até um direito dos mais sagrados, o direito à opinião,[...]"
(2°) (comparação)
B) “[...] ultimamente, aliás, bastante afetado, pois vivemos tempos de ampliação do delito de
opinião." (2°) (finalidade)
C) “Ao reagir, o sentimento realiza uma síntese do que e como somos.” (5°) (tempo)
D) “[...]; leva à análise, à convicção, à dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro instâncias
tem a ver com a opinião."(6°) (explicação)
E) "A opinião nos defende da complexidade do real, logo, é maneira de impedir a criatividade do
homem." (9°) (consequência)
Leia o trecho:
“Ele disse que certa vez chegou em casa no fim do dia, já havia anoitecido, quando um garoto
humilde de 16 anos o esperava sentado no muro. O garoto estava com um dos braços para trás, o
que perturbou o escritor, que imaginou que pudesse ser assaltado.” (1°§)
Marque a opção em que as funções da palavra que estão corretamente indicadas, na ordem em que
aparecem no trecho.
(ESA - 2016)
Assinale a alternativa que preenche, de acordo com a norma padrão, as lacunas da seguinte frase:
“O professor se referia _______ alunas dispostas ________ vencer qualquer obstáculo do dia ______
dia.”
A) às – a – a
B) às – a – à
C) às – à – a
D) as – à – à
E) as – a – à
(ESA - 2015)
Assinale a alternativa em que o sinal indicativo de crase foi empregado de acordo com a norma
culta.
(ESA - 2013)
Analise a frase e classifique o termo destacado: ”Era necessário que pedíssemos ajuda”.
A) pronome relativo
B) partícula expletiva
C) conjunção integrante
(EEAR – 2020/2)
inadequada.
(EEAR – 2017/2)
Assinale a alternativa com a sequência correta quanto à classificação das conjunções e da locução
conjuntiva em destaque no texto abaixo.
“À medida que os anos passam, a minha ansiedade diminui. Embora eu perceba a agilidade do
tempo, não serei arrastada pela vida como uma folha ao vento.”
a) causal, comparativa, temporal
(EEAR – 2016/2)
a) Realizou uma saída à francesa, após pedir um bife à cavalo. Ele já sabia não ter nenhum centavo
quando decidiu ir à cantina.
b) A francesa que havia conhecido na última viagem quando fui à Paris tornou-se minha amiga a
distância.
5.2 - Gabarito
A C D
D A A
C D C
C E A
A A C
A A B
C B C
A D C
B C B
D E A
D E B
C D E
D E B
C D E
C A E
D B A
C A D
A/E C C
D A C
C B A
E A C
A A E
D C E
A A D
D C E
D D B
A A D
C D C
D A C
E C B
B C C
A B A
E A
D E
Assinale a opção em que a função sintática do termo em destaque é diferente daquela exercida
pelos demais.
a) “Eu sempre escolhia o poema mais curto da lista que a escola sugeria.”
b) “Além disso, durante três meses ela carregou um diário que informatizava sua emoção.”
c) “Pode ser aquela espinha que apareceu no nariz no dia daquele encontro especial.”
d) “É o quase que me incomoda.”
e) “Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos.”.
Comentários: Para realizar essa questão, é preciso encontrar o termo a que o “que” se refere e
classificá-lo sintaticamente.
Alternativa A: “Eu sempre escolhia o poema mais curto da lista que a escola sugeria.”
Oração principal: “Eu sempre escolhia o poema mais curto da lista”
Oração subordinada: “que a escola sugeria.”
“que” se refere ao termo “lista” da oração anterior. Se fosse reescrita, essa oração ficaria:
“A escola sugeria lista”. “lista”, nesse caso, é objeto direto.
Portanto, aqui, “que” assume função de objeto direto.
Alternativa B: “Além disso, durante três meses ela carregou um diário que informatizava sua
emoção.”
Oração principal: “durante três meses ela carregou um diário”
Oração subordinada: “que informatizava sua emoção.”
“que” se refere ao termo “um diário” da oração anterior. Se fosse reescrita, essa oração
ficaria: “Um diário informatizava sua emoção”. “um diário”, nesse caso, é sujeito.
Portanto, aqui, “que” assume função de sujeito.
Alternativa C: “Pode ser aquela espinha que apareceu no nariz no dia daquele encontro especial.”
Oração principal: “Pode ser aquela espinha”
Oração subordinada: “que apareceu no nariz no dia daquele encontro especial.”
“que” se refere ao termo “aquela espinha” da oração anterior. Se fosse reescrita, essa
oração ficaria: “Aquela espinha apareceu no nariz no dia daquele encontro especial.”.
“Aquela espinha”, esse caso, é sujeito.
Portanto, aqui, “que” assume função de sujeito.
Leia o excerto do “Sermão de Santo Antônio aos peixes” de Antônio Vieira (1608-1697).
A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande
escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão
que os grandes comem os pequenos. [...] Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer
a fealdade deste escândalo mostrou-lho nos peixes; e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão
feio e abominável é, quero que o vejais nos homens. Olhai, peixes, lá do mar para a terra. Não, não:
não é isso o que vos digo. Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a
cidade é que haveis de olhar. Cuidais que só os tapuias se comem uns aos outros, muito maior
açougue é o de cá, muito mais se comem os brancos. Vedes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele
andar, vedes aquele concorrer às praças e cruzar as ruas: vedes aquele subir e descer as calçadas,
vedes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os
homens como hão de comer, e como se hão de comer.
[...]
Diz Deus que comem os homens não só o seu povo, senão declaradamente a sua plebe: Plebem
meam, porque a plebe e os plebeus, que são os mais pequenos, os que menos podem, e os que
menos avultam na república, estes são os comidos. E não só diz que os comem de qualquer modo,
senão que os engolem e os devoram: Qui devorant. Porque os grandes que têm o mando das cidades
e das províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, poucos a poucos,
senão que devoram e engolem os povos inteiros: Qui devorant plebem meam. E de que modo se
devoram e comem? Ut cibum panis: não como os outros comeres, senão como pão. A diferença que
há entre o pão e os outros comeres é que, para a carne, há dias de carne, e para o peixe, dias de
peixe, e para as frutas, diferentes meses no ano; porém o pão é comer de todos os dias, que sempre
e continuadamente se come: e isto é o que padecem os pequenos. São o pão cotidiano dos grandes:
e assim como pão se come com tudo, assim com tudo, e em tudo são comidos os miseráveis
pequenos, não tendo, nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em
que os não defraudem, em que os não comam, traguem e devorem: Qui devorant plebem meam,
ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes?
“Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer a fealdade deste escândalo mostrou -lho
nos peixes; e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o vejais
nos homens.” (1° parágrafo) Nas duas ocorrências, o termo “para” estabelece relação de
a) consequência.
b) conformidade.
c) proporção.
d) finalidade.
e) causa.
Comentários: O conectivo “para” pode ser facilmente substituído por um “a fim de”: “Santo
Agostinho, a fim de encarecer a fealdade (...)”. Portanto, a relação estabelecida a partir de “para”
é de finalidade. A alternativa correta é alternativa D.
A alternativa A está incorreta, pois não há relação de consequência. É possível confirmar isso
adicionando um conectivo de consequência: “Santo Agostinho, de modo a encarecer a fealdade
(...).
A alternativa B está incorreta, pois não há relação de conformidade. É possível confirmar isso
adicionando um conectivo de conformidade: “Santo Agostinho, conforme encarece a fealdade
(...).
A alternativa C está incorreta, pois não há relação de proporção. É possível confirmar isso
adicionando um conectivo de proporção: “Santo Agostinho, à medida que encarece a fealdade
(...).
A alternativa E está incorreta, pois não há relação de causa. É possível confirmar isso adicionando
um conectivo de causa: “Santo Agostinho, por que encarece a fealdade (...).
Gabarito: D
(UNESP - 2016)
Leia o trecho extraído do livro A dança do universo do físico brasileiro Marcelo Gleiser.
Durante o século VI a.C., o comércio entre os vários Estados gregos cresceu em importância, e
a riqueza gerada levou a uma melhoria das cidades e das condições de vida. O centro das atividades
era em Mileto, uma cidade-Estado situada na parte sul da Jônia, hoje a costa mediterrânea da
Turquia. Foi em Mileto que a primeira escola de filosofia pré-socrática floresceu. Sua origem marca
o início da grande aventura intelectual que levaria, 2 mil anos depois, ao nascimento da ciência
moderna. De acordo com Aristóteles, Tales de Mileto foi o fundador da filosofia ocidental.
A reputação de Tales era legendária. Usando seu conhecimento astronômico e meteorológico
(provavelmente herdado dos babilônios), ele previu uma excelente colheita de azeitonas com um
ano de antecedência. Sendo um homem prático, conseguiu dinheiro para alugar todas as prensas
de azeite de oliva da região e, quando chegou o verão, os produtores de azeite de oliva tiveram que
pagar a Tales pelo uso das prensas, que acabou fazendo uma fortuna.
Supostamente, Tales também previu um eclipse solar que ocorreu no dia 28 de maio de 585
a.C., que efetivamente causou o fim da guerra entre os lídios e os persas. Quando lhe perguntaram
o que era difícil, Tales respondeu: “Conhecer a si próprio”. Quando lhe perguntaram o que era fácil,
respondeu: “Dar conselhos”. Não é à toa que era considerado um dos Sete Homens Sábios da Grécia
Antiga. No entanto, nem sempre ele era prático. Um dia, perdido em especulações abstratas, Tales
caiu dentro de um poço. Esse acidente aparentemente feriu os sentimentos de uma jovem escrava
que estava em frente ao poço, a qual comentou, de modo sarcástico, que Tales estava tão
preocupado com os céus que nem conseguia ver as coisas que estavam a seus pés.
Em “Tales também previu um eclipse solar que ocorreu no dia 28 de maio de 585 a.C.” (3º
parágrafo), o termo destacado exerce função de
a) adjunto adnominal.
b) adjunto adverbial.
c) sujeito.
d) objeto indireto.
e) objeto direto.
Comentários: Analisando-se o período acima, teremos:
Oração principal: “Tales também previu um eclipse solar”
Oração subordinada: “que ocorreu no dia 28 de maio de 585 a.C.”
Analisando-se isoladamente os termos que compõe a oração subordinada:
“que” = conjunção integrante que substitui o termo “um eclipse solar”. Portanto, “que” é sujeito
da oração subordinada.
“ocorreu no dia 28 de maio de 585 a.C.” = predicado verbal, já que é formado por um verbo de
ação (ocorreu) + adjunto adverbial de tempo (no dia 28 de maio) + adjunto adnominal (de 585
a.C.).
Comprovando, é possível reescrever a oração substituindo o “que” pelo termo a que se refere:
Um eclipse solar ocorreu no dia 28 de maio de 585 a.C.
Sujeito: um eclipse solar
Verbo: ocorreu
Adjunto adverbial: no dia 28 de maio (referente a ocorreu)
Adjunto adnominal: de 585 a.C. (referente a maio)
A oração não possui objeto, nem direto nem indireto.
Gabarito: C
(INSPER - 2012)
A tirinha de Jean Galvão faz referência a um assunto muito recorrente nas aulas de Português. A
respeito da identificação e classificação do sujeito, conforme prescreve a norma gramatical, é
INCORRETO afirmar que
a) no 1.º quadrinho, o “se” empregado nos três períodos escritos na lousa (“Precisa -se de
empregados”, “Assiste-se a bons filmes” e “Vende-se casas”) exemplifica a ocorrência de índice de
indeterminação do sujeito nos dois primeiros e partícula apassivadora no último.
b) o período “Vende-se casas”, no 1.º quadrinho, está riscado porque contém um erro de
concordância verbal: o verbo transitivo direto “vender” deveria ser flexionado no plural para
concordar com o sujeito paciente “casas”.
c) nas três ocorrências, presentes nos períodos escritos na lousa, o “se” exerce a função sintática
de índice de indeterminação do sujeito, e, para estabelecerem a concordância verbal de acordo com
a norma culta, os verbos devem permanecer no singular.
d) no contexto da tira, o adjetivo “indeterminado” pode ser associado a um sentido genérico, não
ao critério gramatical, porque apenas qualifica como se sente a personagem (o sujeito), após um dia
exaustivo na escola.
e) se, no último quadrinho, o garoto analisasse sintaticamente a frase proferida pela mãe,
conforme a norma gramatical, ele responderia assim: "sujeito simples, quem".
Comentários: A alternativa que apresenta erro é alternativa C. A melhor maneira de checar se
uma oração está na voz passiva ou possui sujeito indeterminado é observar os três pontos que
comentamos na aula:
Voz Passiva: Sujeito indeterminado:
- Concorda com o sujeito; - Sempre no singular;
- Verbos transitivos diretos ou transitivos - Verbos intransitivos ou transitivos
direto e indiretos; e indiretos; e
- Pode virar voz passiva analítica. - Não pode virar voz passiva analítica.
Por isso, “vende-se casas” não é uma oração com sujeito indeterminado. É uma oração na voz
passiva que, para que estivesse gramaticalmente correta, deveria ter sido grafada “vendem-se
casas”. Perceba que orações com sujeito indeterminado, por ocorrerem com verbos
intransitivos, têm complementos preposicionados.
A alternativa A está correta. “Precisa-se de empregados” e “Assiste-se a bons filmes”, portanto,
são orações de sujeito indeterminado e “vende-se casas” está na voz passiva (ainda que haja erro
gramatical nessa redação).
A alternativa B está correta. Para que a terceira frase estivesse grafada corretamente seria
necessário que a grafia fosse “Vendem-se casas”.
A alternativa D está correta. O humor da tirinha está no duplo sentido do uso da expressão
“sujeito indeterminado”: tanto para a matéria que foi aprendida quanto para o sentimento do
menino.
A alternativa E está correta. Na oração “Quem chegou?”, o sujeito é o pronome “quem” e, nesse
caso, é sujeito simples.
Gabarito: C
(UNESP - 2011)
… para quem quer tornar-se orador consumado não é indispensável conhecer o que de fato é justo,
mas sim o que parece justo para a maioria dos ouvintes, que são os que decidem; nem precisa saber
tampouco o que é bom ou belo, mas apenas o que parece tal …
(Fedro, Aristóteles)
Neste trecho da tradução da segunda fala de Fedro, observa-se uma frase com estruturas oracionais
recorrentes, e por isso plena de termos repetidos, sendo notável, a este respeito, a retomada do
demonstrativo o e do pronome relativo que em “o que de fato é justo”, “o que parece justo”, “os
que decidem”, “o que é bom ou belo”, “o que parece tal”. Em todos esses contextos, o relativo que
exerce a mesma função sintática nas orações de que faz parte. Indique-a.
a) Sujeito.
b) Predicativo do sujeito.
c) Adjunto adnominal.
d) Objeto direto.
e) Objeto indireto.
Comentários: Vamos analisar uma por uma as orações para entender qual a função sintática do
“que”:
“o que de fato é justo”
Sujeito: “o que”
Sendo: “que” – núcleo do sujeito; e “o” adjunto adnominal.
Verbo: “é” (verbo de ligação)
Predicativo do Sujeito: “justo”
Adjunto adverbial: “de fato”
Não há complementos verbais nessa oração.
Eu lia o meu livrinho quando a sucessão de gritos – “ahhh”… “ehhh”… – picotou a noite de
domingo. A impressão que tive foi de alguém sendo esfolado no andar de cima. Não fui o único a
saltar da poltrona, assustado, tentando descobrir de onde vinha aquela esganiçada voz feminina:
no meu prédio e no que fica ao lado, meia dúzia de pescoços se insinuaram na moldura das janelas
enquanto o alarido – “ihhh”… “ohhh”… – prosseguia.
Observando o emprego do pronome relativo que, nas duas ocorrências grifadas no fragmento, é
possível afirmar:
e) em ambos os casos, a palavra não exerce função sintática, mas de simples realce.
A alternativa B está incorreta, pois “que” não é utilizado na construção de frases coordenativas.
A alternativa C está incorreta, pois essas não são as classificações corretas para os termos, como
ficou provado na análise acima.
A alternativa D está incorreta, pois essas não são as classificações corretas para os termos, como
ficou provado na análise acima.
A alternativa E está incorreta, pois há função sintática em ambos os casos.
Gabarito: A
(ITA - 2017)
http://2.bp.blogspot.com/_wBWh8NQAZ78/TBWEMQ8147I/
AAAAAAAAACE/zmfW9c8uAKk/s1600/Tirinha_Sensacionalismo.jpg.
(Acesso em 12/05/2016)
Os dois primeiros quadros da tirinha criam no leitor uma expectativa de desfecho que não se
concretiza, gerando daí o efeito de humor. Nesse contexto, a conjunção e estabelece a relação de
a) conclusão.
b) explicação.
c) oposição.
d) consequência.
e) alternância.
Comentários: Neste caso, o “e” tem o mesmo valor que um “mas”, pois o período significa que
Calvin fala mal do programa, mas gosta dele, o que cria uma relação de oposição. Portanto, a
correta é a alternativa C
A alternativa A está incorreta, pois não há conclusão de nenhum dado, apenas oposição de
sentido (é ruim / eu gosto).
A alternativa B está incorreta, pois não explica nada, pelo contrário, opõe;
A alternativa D está incorreta, pois não há relação de consequência (não é porque é ruim que ele
gosta).
A alternativa E está incorreta, pois não há menção de alternância (ora gosto, ora não gosto / ora
é bom, ora é ruim)
Gabarito: C
(ITA -2016 adaptada)
O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava
diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que
tinham mãos rudes e sujas.
Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de
pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos,
advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos tinham suas pedras.
No trecho “Até os bispos tinham suas pedras.”, a palavra sublinhada expressa ideia de
a) inclusão.
b) tempo.
c) modo.
d) quantidade.
e) qualidade.
Comentários: A alternativa A está correta, pois a ideia expressa aqui é que não só as profissões
diplomadas por uma universidade possuíam anéis: os padres, que também possuíam posição
respeitada na sociedade, eram dignos de usar essas joias. “Até” pode ser substituído por outro
advérbio de inclusão mais comum, como “também”, por exemplo (Os bispos também tinham suas
pedras).
A alternativa B está incorreta, pois apesar de “até” poder ser considerado preposição de tempo,
nesse caso não é este seu valor.
A alternativa C está incorreta, pois não há valor de modo implícito (não é como os padres
possuíam as pedras, mas sim que eles também possuíam).
A alternativa D está incorreta, pois não há valor de quantidade implícito (não é quantas pessoas
possuíam pedras).
A alternativa E está incorreta, pois não há valor de qualidade implícito (não há descrição de como
eram as pedras).
Gabarito: A
(ITA – 2015)
Leia os dois excertos de entrevistas com dois africanos de Guiné-Bissau, que foram universitários no
Brasil nos anos 1980.
Excerto 1: Para muitas pessoas, mesmo professores universitários, a África era um país. “Ah, você
veio de onde? Da África?” “Sim, da Guiné-Bissau.” “Ah, Guiné-Bissau, região da África.” Quer dizer,
Guiné-Bissau pra eles é como Brasil, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro.
Excerto 2: Porque a novela passa tudo de bom, o pobre vive bem, né? Mesmo dentro da favela, você
vê aquela casa bonitinha, tal. Então tinha uma ideia, eu, pelo menos, tinha uma ideia de um Brasil...
quer dizer, fantástico!
a) descrição.
b) explicação.
c) repetição.
d) enumeração.
e) delimitação.
Comentários: A expressão “quer dizer” tem valor explicativo. Pode ser substituída facilmente por
“isto é”, “ou seja” e outros conectivos do mesmo valor. Logo, a correta é alternativa B.
Este é um bom jeito para descobrir o valor de um conectivo: trocar por outros que você tenha
mais segurança do significado.
A está incorreta, pois não está falando características dos países.
C está incorreta, pois está trazendo um dado novo a partir da análise do que foi dito, não apenas
repetindo.
D está incorreta, pois não realiza uma listagem de informações.
E está incorreta, pois não está ocorrendo restrição de nenhuma informação ou dado.
Gabarito: B
(ITA – 2013)
Nove em cada dez usuários de Internet recebem spams em seus e-mails corporativos, segundo
estudo realizado pela empresa alemã Antispameurope, especializada em lixo eletrônico virtual.
Cada trabalhador perde, em média, sete minutos por dia limpando a caixa de mensagens, e essa
quebra na produtividade custa € 828 – pouco mais de R$ 2,3 mil – anuais às empresas.
Tomando-se como base os números apontados pela pesquisa, uma corporação de médio porte,
com mil funcionários, perde, portanto, € 828 mil por ano – ou R$ 2,3 milhões –com esta prática que
é considerada, apesar de simplória, uma verdadeira praga da modernidade.
Um relatório da Symantec, empresa de segurança virtual, mostra que o Brasil é o segundo maior
emissor de spam do mundo, com geração de 10% de todo o fluxo de mensagens indesejadas na rede
mundial de computadores. Os campeões são os norte-americanos, com 26%. [...]
(Rodrigo Capelo. http://www.vocecommaistempo.com.br.
b) no entanto fácil.
e) todavia rápida.
Comentário: A alternativa correta é D. “Apesar de” é uma conjunção concessiva. Pode ser
substituída por outras de igual valor como “embora”, ainda que”, “mesmo que”, “não obstante”,
entre outras.
“Simplória” é um adjetivo que significa ”tola”, “tonta”, “incauta” ou, neste caso, “pouco
complexa”.
A alternativa A está incorreta, pois “efêmera” significa “passageira”, “breve”.
A alternativa B está incorreta, pois “fácil” significa “simples”, “descomplicado”.
A alternativa C está incorreta, pois “comum” significa “banal”, “trivial”.
A alternativa E está incorreta, pois “rápida” significa “veloz”, “ágil”.
Nesta questão, os possíveis significados de “simplória” eram a chave para a resposta, mais do que
o valor da conjunção.
Gabarito: D
(ITA – 2011)
Véspera de um dos muitos feriados em 2009 e a insana tarefa de mover-se de um bairro a outro
em São Paulo para uma reunião de trabalho. Claro que a cidade já tinha travado no meio da tarde.
De táxi, pagaria uma fortuna para ficar parada e chegar atrasada, pois até as vias alternativas que
os taxistas conhecem estavam entupidas. De ônibus, nem o corredor funcionaria, tomado pela fila
dos mastodônticos veículos. Uma dádiva: eu não estava de carro. Com as pernas livres dos pedais
do automóvel e um sapato baixo, nada como viver a liberdade de andar a pé. Carro já foi sinônimo
de liberdade, mas não contava com o congestionamento.
Liberdade de verdade é trafegar entre os carros, e mesmo sem apostar corrida, observar que o
automóvel na rua anda à mesma velocidade média que você na calçada. É quase como flanar. Sei,
como motorista, que o mais irritante do trânsito é quando o pedestre naturalmente te ultrapa ssa.
Enquanto você, no carro, gasta dinheiro para encher o ar de poluentes, esquentar o planeta e chegar
atrasado às reuniões. E ainda há quem pegue congestionamento para andar de esteira na academia
de ginástica.
Do Itaim ao Jardim Paulista, meia horinha de caminhada. Deu para ver que a Avenida Nove de
Julho está cheia de mudas crescidas de pau-brasil. E mais uma porção de cenas que só andando a
pé se pode observar. Até chegar ao compromisso pontualmente.
Claro que há pedras no meio do caminho dos pedestres, e muitas. Já foram inclusive objeto de
teses acadêmicas. Uma delas, Andar a pé: um modo de transporte para a cidade de São Paulo, de
Maria Ermelina Brosch Malatesta, sustenta que, apesar de ser a saída mais utilizada pela população
nas atuais condições de esgotamento dos sistemas de mobilidade, o modo de transporte a pé é
tratado de forma inadequada pelos responsáveis por administrar e planejar o município.
As maiores reclamações de quem usa o mais simples e barato meio de locomoção são os
"obstáculos" que aparecem pelo caminho: bancas de camelôs, bancas de jornal, lixeira, postes.
Além das calçadas estreitas, com buracos, degraus, desníveis. E o estacionamento de veículos nas
calçadas, mais a entrada e a saída em guias rebaixadas, aponta o estudo.
Sem falar nas estatísticas: atropelamentos correspondem a 14% dos acidentes de trânsito. Se o
acidente envolve vítimas fatais, o percentual sobe para nada menos que 50% – o que atesta a falta
de investimento público no transporte a pé.
Na Região Metropolitana de São Paulo, as viagens a pé, com extensão mínima de 500 metros,
correspondem a 34% do total de viagens. Percentual parecido com o de Londres, de 33%. Somadas
aos 32% das viagens realizadas por transporte coletivo,que são iniciadas e concluídas por uma
viagem a pé, perfazem o total de 66% das viagens! Um número bem desproporcional ao espaço
destinado aos pedestres e ao investimento público destinado a eles, especialmente em uma cidade
como São Paulo, onde o transporte individual motorizado tem a primazia.
A locomoção a pé acontece tanto nos locais de maior densidade –caso da área central, com
registro de dois milhões de viagens a pé por dia –, como nas regiões mais distantes, onde são
maiores as deficiências de transporte motorizado e o perfil de renda é menor. A maior parte das
pessoas que andam a pé tem poder aquisitivo mais baixo. Elas buscam alternativas para enfrentar
a condução cara, desconfortável ou lotada, o ponto de ônibus ou estação distantes, a demora para
a condução passar e a viagem demorada.
Já em bairros nobres, como Moema, Itaim e Jardins, por exemplo, é fácil ver carrões que saem
das garagens para ir de uma esquina a outra e disputar improváveis vagas de estacionamento. A
ideia é manter-se fechado em shoppings, boutiques, clubes, academias de ginástica, escolas,
escritórios, porque o ambiente lá fora – o nosso meio ambiente urbano – dizem que é muito
perigoso.
Assinale a opção em que o termo grifado NÃO indica a circunstância mencionada entre parênteses.
a) [...] pois até as vias alternativas que os taxistas conhecem estavam entupidas. (Causa)
c) [...] apesar de ser a saída mais utilizada pela população [...]. (Concessão)
d) Já em bairros nobres, como Moema, Itaim e Jardins, por exemplo, [...]. (Tempo)
e) [...] porque o ambiente lá fora – o nosso meio ambiente urbano – dizem que é muito perigoso.
(Causa)
Comentários: Na alternativa D há um valor de oposição (algo ocorre algo nos bairros nobres, mas
nos bairros periféricos não).
A alternativa A apresenta o valor mais comum de “pois”: causal.
Na alternativa B, “Já” pode ter valor e tempo quando denotar momento de ação transcorrida
Na alternativa C, se apresenta o valor mais comum de “apesar de”: concessão.
A alternativa E apresenta o uso mais comum desse conectivo: Causal, assim como o pois.
Gabarito: D
(ITA - 2008)
I. Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol, que envolve 22 jogadores se movendo
num campo de amplas dimensões. (linhas 09 e 10)
II. Se é verdade que eles jogam conforme esquemas de marcação e ataque, seguindo a orientação
do técnico, deve-se no entanto levar em conta que cada jogador tem sua percepção da jogada e
decide deslocar-se nesta ou naquela direção, ou manter-se parado, certo de que a bola chegará a
seus pés. (linhas 10 a 13)
III. De fato, se o jogador não estiver psicologicamente preparado para vencer, não dará o melhor
de si. (linhas 50 e 51)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
Comentários: Uma relação de implicação significa que uma afirmação está condicionada a outra,
ou seja, a oração I implica a existência da oração II.
No Item I. o “se” expressa relação de comparação (o futebol está tão sujeito ao acaso quanto o
poema).
No Item II. o “se” expressa relação de concessão (ainda que seja verdade que [...], ainda assim
deve-se levar em conta [...]).
No Item III. o “se” expressa relação de condição e, portanto, de implicação (o jogador só dará o
melhor de si se estiver preparado psicologicamente).
Gabarito: C
(ITA - 2008)
1Com um pouco de exagero, costumo dizer que todo jogo é de azar. Falo assim referindo -me ao
futebol que, ao contrário da roleta ou da loteria, implica tática e estratégia, sem falar no principal,
que é o talento e a habilidade dos jogadores. Apesar disso, não consegue eliminar o azar, isto é, o
acaso.
5E já que falamos em acaso, vale lembrar que, em francês, “acaso” escreve-se “hasard”, como no
célebre verso de Mallarmé, que diz: “um lance de dados jamais eliminará o acaso”. Ele está, no
fundo, referindo-se ao fazer do poema que, em que pese a mestria e lucidez do poeta, está ainda
assim sujeito ao azar, ou seja, ao acaso.
Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol, que envolve 22 jogadores se 10movendo
num campo de amplas dimensões. Se é verdade que eles jogam conforme esquemas de marcação e
ataque, seguindo a orientação do técnico, deve-se no entanto levar em conta que cada jogador tem
sua percepção da jogada e decide deslocar-se nesta ou naquela direção, ou manter-se parado, certo
de que a bola chegará a seus pés. Nada disso se pode prever, daí resultando um alto índice de
probabilidades, ou seja, de ocorrências 15imprevisíveis e que, portanto, escapam ao controle.
Tomemos, como exemplo, um lance que quase sempre implica perigo de gol: o tiro de canto. Não é
à toa que, quando se cria essa situação, os jogadores da defesa se afligem em anular as
possibilidades que têm os adversários de fazerem o gol. Sentem-se ao sabor do acaso, da
imprevisibilidade. O time adversário desloca para a área do que sofre 20o tiro de canto seus
jogadores mais altos e, por isso mesmo, treinados para cabecear para dentro do gol. Isto reduz o
grau de imprevisibilidade por aumentar as possibilidades do time atacante de aproveitar em seu
favor o tiro de canto e fazer o gol. Nessa mesma medida, crescem, para a defesa, as dificuldades de
evitar o pior. Mas nada disso consegue eliminar o acaso, uma vez que o batedor do escanteio, por
mais exímio que 25seja, não pode com precisão absoluta lançar a bola na cabeça de determinado
jogador. Além do mais, a inquietação ali na área é grande, todos os jogadores se movimentam, uns
tentando escapar à marcação, outros procurando marcá-los. Essa movimentação, multiplicada pelo
número de jogadores que se movem, aumenta fantasticamente o grau de imprevisibilidade do que
ocorrerá quando a bola for lançada. A que altura chegará 30ali? Qual jogador estará, naquele
instante, em posição propícia para cabeceá-la, seja para dentro do gol, seja para longe dele? Não
existe treinamento tático, posição privilegiada, nada que torne previsível o desfecho do tiro de
canto. A bola pode cair ao alcance deste ou daquele jogador e, dependendo da sorte, será gol ou
não.
Não quero dizer com isso que o resultado das partidas de futebol seja apenas fruto 35do acaso, mas
a verdade é que, sem um pouco de sorte, neste campo, como em outros, não se vai muito longe;
jogadores, técnicos e torcedores sabem disso, tanto que todos querem se livrar do chamado “pé
frio”. Como não pretendo passar por supersticioso, evito aderir abertamente a essa tese, mas
quando vejo, durante uma partida, meu time perder “gols feitos”, nasce-me o desagradável temor
de que aquele não é um bom dia 40para nós e de que a derrota é certa.
Que eu, mero torcedor, pense assim, é compreensível, mas que dizer de técnicos de futebol que
vivem de terço na mão e medalhas de santos sob a camisa e que, em face de cada lance decisivo, as
puxam para fora, as beijam e murmuram orações? Isso para não falar nos que consultam pais-de-
santo e pagam promessas a Iemanjá. É como se dissessem: 45treino os jogadores, traço o esquema
de jogo, armo jogadas, mas, independentemente disso, existem forças imponderáveis que só
obedecem aos santos e pais-de-santo; são as forças do acaso.
Mas não se pode descartar o fator psicológico que, como se sabe, atua sobre os jogadores de
qualquer esporte; tanto isso é certo que, hoje, entre os preparadores 50das equipes há sempre um
psicólogo. De fato, se o jogador não estiver psicologicamente preparado para vencer, não dará o
melhor de si.
Exemplifico essa crença na psicologia com a história de um técnico inglês que, num jogo decisivo da
Copa da Europa, teve um de seus jogadores machucado. Não era um craque, mas sua perda
desfalcaria o time. O médico da equipe, depois de atender o 55jogador, disse ao técnico: “Ele já
voltou a si do desmaio, mas não sabe quem é”. E o técnico: “Ótimo! Diga que ele é o Pelé e que volte
para o campo imediatamente”.
OBS: os números elevados ao longo do texto representam a numeração de linhas original da prova.
No penúltimo parágrafo, a conjunção mas (linha 48) estabelece com os demais argumentos do texto
uma relação de
a) restrição.
b) adversidade.
c) atenuação.
d) adição.
e) retificação.
Comentários: A conjunção “mas” aparece mais comumente no valor adversativo. Neste caso,
porém, ela não está opondo nenhuma ideia, mas sim adicionando um novo dado. Ela faz um
adendo, trazendo um novo argumento. Por isso, a alternativa correta é a D. Isso prova que não
adianta decorar regras para a prova do ITA! Esta prova cobre o entendimento do contexto e do
significado, muito mais do que as regras.
A alternativa A está incorreta, pois não há valor restritivo (não se pode, por exemplo, substituir o
“mas” por “apenas” sem prejuízo de valor).
A alternativa B está incorreta, pois não há valor de oposição (embora seja o valor mais comum do
“mas”). Não há oposição entre o conteúdo anterior e o posterior à conjunção.
A alternativa C está incorreta, pois não há atenuação (não se pode, por exemplo, substituir o
“mas” por “embora” sem prejuízo de valor).
A alternativa E está incorreta, pois não há retificação, ou seja, a informação posterior não
“corrige” a anterior.
Gabarito: D
(ITA - 2002)
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é
capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma
coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando.".
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio
da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão
atentos ____ espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como
simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter
tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido
para ____ compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo,
praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o
aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de
que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas,
em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo,
enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no
estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem
menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase:
"Até tu, Brutus?".
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto
não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma
criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por
bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem -
aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que
saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais ____ pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo,
com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em
Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar o
excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz
o bobo.
Marque a opção que completa corretamente os claros encontrados no texto, abaixo destacados:
Os espertos estão sempre tão atentos ____ espertezas alheias (linhas 6 e 7);
Há lugares que facilitam mais ____ pessoas serem bobas (linha 29).
a) às – Há – a – às
b) as – A – à – as
c) às – Há – a – as
d) às – A – a – às
e) as – A – à – às
Comentários: As lacunas devem ser preenchidas, respectivamente, por:
- Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias(...) – a palavra “atento” exige
preposição “a” nesse caso, que, aliado à palavra “espertezas”, forma crase.
- Há desvantagem, obviamente (...) – o verbo “haver” tem aqui sentido de “existir”.
- confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão
(...) – já há uma preposição ligando os termos (“para”). Como não se pode, nesse caso, encadear
as duas preposições, o “a” é apenas artigo que acompanha “compra”.
- Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (...). – o verbo “facilitar” é transitivo direto,
ou seja, não admite preposição. Além disso, “as pessoas” é o sujeito dessa oração, portanto, não
é passível de ser preposicionado.
Assinale a alternativa em que a análise da relação de sentido expressa pelo elo coesivo destacado
em negrito está EQUIVOCADA.
a) “O resultado será o mesmo em qualquer mensuração, desde que se use um relógio preciso”.
Relação de condição: apresenta uma condição relativamente ao que se afirma na oração anterior.
Relação de oposição: apresenta uma argumentação contrária ao que foi dito antes.
c) “Ainda que nossas noções, aparentemente comuns, funcionem a contento quando lidamos com
maçãs ou planetas, que se deslocam comparativamente mais devagar, não funcionam
absolutamente para objetos que se movam à velocidade da luz, ou em velocidade próxima a ela”.
Relação de concessão: introduz uma ideia de quebra de uma expectativa em relação ao que se
espera.
d) “Ele mostrou que o conceito de éter era desnecessário, uma vez que se estava querendo
abandonar o de tempo absoluto”.
Ligação de alternância: introduz uma oração cujo conteúdo exclui o conteúdo da outra.
e) “Como não há força atuando sobre o corpo, a sua velocidade não aumenta, nem diminui, nem
muda de direção. Portanto o único movimento possível do corpo na ausência de qualquer força
atuando sobre ele é o movimento retilíneo uniforme”.
– Sua gorda! disse Alice de repente, branca de raiva. Você não pode me deixar em paz?!
Almira engasgou-se com a comida, quis falar, começou a gaguejar. Dos lábios macios de Alice haviam
saído palavras que não conseguiam descer com a comida pela garganta de Almira G. de Almeida.
– Você é uma chata e uma intrometida, rebentou de novo Alice. Quer saber o que houve, não é? Pois
vou lhe contar, sua chata: é que Zequinha foi embora para Porto Alegre e não vai mais voltar! Agora
está contente, sua gorda?
Na verdade Almira parecia ter engordado mais nos últimos momentos, e com comida ainda parada na
boca.
Foi então que Almira começou a despertar. E, como se fosse uma magra, pegou o garfo e enfiou -o no
pescoço de Alice. O restaurante, ao que se disse no jornal, levantou-se como uma só pessoa. Mas a
gorda, mesmo depois de ter feito o gesto, continuou sentada olhando para o chão, sem ao menos olhar
o sangue da outra.
Alice foi ao pronto-socorro, de onde saiu com curativos e os olhos ainda regalados de espanto. Almira
foi presa em flagrante.
Na prisão, Almira comportou-se com delicadeza e alegria, talvez melancólica, mas alegria mesmo. Fazia
graças para as companheiras. Finalmente tinha companheiras. Ficou encarregada da roupa suja, e dava-
se muito bem com as guardiãs, que vez por outra lhe arranjavam uma barra de chocolate.
Assinale a alternativa em que a preposição “de” forma uma expressão indicativa de causa.
Indique o item que esclarece a intenção de cada trecho destacado nas frases I, II, III e IV,
respectivamente.
a) Contrariedade; simultaneidade; explicação; explicação.
b) Tempo; concessão; consequência; condição.
c) Explicação; tempo; tempo; explicação.
d) Contrariedade; concomitância; restrição; finalidade.
e) Contraste; comparação; explicação; finalidade.
Comentários: Esta questão apresentou um problema de elaboração. Duas alternativas poderiam
responder à pergunta e, como os gabaritos de segunda fase do IME não estão disponíveis para
essa data, não é possível saber qual foi a decisão do gabarito oficial ou se houve anulação da
questão. O que se pode presumir analisando os itens é:
Em I. há valor de oposição/contrariedade e contraste em “apesar disso”.
Em II. há valor de tempo em “enquanto”, assumindo a ideia de simultaneidade. Porém, não se
pode excluir um valor de comparação entre os termos: “enquanto alguém fez X, outro alguém fez
Y”.
Em III. há valor indiscutível de explicação, pois dá uma característica para como era a cidade na
época.
Em IV. há duas possibilidades:
- Explicação: se assumirmos que a explicação para a criação da lei é o potencial medo do príncipe,
então o porque tem valor de explicação.
- Finalidade: se assumirmos que a finalidade da determinação era que o príncipe não se
assustasse, então o porquê tem valor de finalidade.
De toda maneira, ainda que possa haver essa dúvida, a alternativa A parece a que melhor se
relaciona com o pedido. Como a questão dava margem a essa dúvida, optamos por deixar
demarcado as duas respostas. Caso se consiga a informação de qual foi o gabarito oficial, este
exercício será atualizado.
Gabarito: A/E
(IME - 2008)
Apelo de Dona Flor em aula e em devaneio
Me deixem em paz com meu luto e minha solidão. Não me falem dessas coisas, respeitem meu estado
de viúva. Vamos ao fogão: prato de capricho e esmero é o vatapá de peixe (ou de galinha), o mais
famoso de toda a culinária da Bahia. Não me digam que sou jovem, sou viúva: morta estou para essas
coisas. Vatapá para servir a dez pessoas (e para sobrar como é devido).
Tragam duas cabeças de garoupa fresca. Pode ser de outro peixe, mas não é tão bom. Tomem do sal,
do coentro, do alho e da cebola, alguns tomates e o suco de um limão.
Quatro colheres das de sopa, cheias com o melhor azeite doce, tanto serve português como espanhol;
ouvi dizer que o grego inda é melhor, não sei.
Jamais usei por não encontrá-lo à venda. Se encontrar um noivo, que farei? Alguém que retome meu
desejo morto, enterrado no carrego do defunto? Que sabem vocês, meninas, da intimidade das viúvas?
Desejo de viúva é desejo de deboche e de pecado, viúva séria não fala nessas coisas, não pensa nessas
coisas, não conversa sobre isso. Me deixem em paz, no meu fogão.
Refoguem o peixe nesses temperos todos e o ponha a cozinhar num bocadinho d’água, um bocadinho
só, um quase nada.
Depois é só coar o molho, deixá-lo à parte, e vamos adiante.
....................................................................................................................................................
A seguir agreguem leite de coco, o grosso e puro, e finalmente o azeite-de-dendê, duas xícaras bem
medidas: flor de dendê, da cor de ouro velho, a cor do vatapá. Deixem cozinhar por longo tempo em
fogo baixo; com a colher de pau não parem de mexer, sempre para o mesmo lado: não parem de mexer
senão embola o vatapá. Mexam, remexam, vamos, sem parar; até chegar ao ponto justo e exatamente.
Em fogo lento meus sonhos me consomem, não me cabe culpa, sou apenas uma viúva dividida ao meio,
de um lado viúva honesta e recatada, de outro viúva debochada, quase histérica, desfeita em chilique
e calundu. Esse mando de recato me asfixia, de noite corro as ruas em busca de marido . De marido a
quem servir o vatapá doirado e meu cobreado corpo de gengibre e mel.
Chegou o vatapá ao ponto, vejam que beleza! Para servi-lo falta apenas derramar um pouco de azeite-
de-dendê por cima, azeite cru. Acompanhado de acaçá o sirvam, e noivos e maridos lamberão os beiços.
AMADO, Jorge. Dona Flor e seus dois maridos.
Rio de Janeiro: Record, 1997. p. 231-233.
Observe as orações a seguir e independente de seu contexto original, marque a opção em que a
expressão destacada foi substituída corretamente pelo pronome oblíquo átono.
a) Mancha continua. / Só não desmancha prazer. (Texto II, linhas 17 e 18)
Mancha continua, / Só não a desmancha.
b) (...) foi descoberto que se poderia obter economia (...) (Texto I, linhas 2 e 3)
(...) foi descoberto que se poder-lhe-ia obter.
c) (...) é a que mais produz óleo por área plantada. (Texto I, linhas 13 e 14)
Assinale a alternativa que apresenta os conjuntos relacionados em que o a deveria, de acordo com a
norma culta, receber acento grave.
a) I, IV e V.
b) I e IV.
c) I e V.
d) I, II e VI.
Comentários:
O item I exige crase, pois “ajustar” demanda preposição “a” neste caso.
O item II não exige crase, pois não se usa artigo antes de verbo.
O item III não exige crase, pois “anunciava” não demanda proposição “a” neste caso.
O item IV não exige crase, pois “pesquisas” está no plural. Só se utilizaria crase caso a grafia fosse
“referia-se às pesquisas (...).”
O item V exige crase, pois “comunicar” demanda preposição “a” neste caso.
O item VI não exige crase, pois “partir” é verbo e, portanto, não é precedido de artigo.
Gabarito: C
(UFRGS – 2018)
- Temos sorte de viver no Brasil - dizia meu pai, depois da guerra. - Na Europa mataram milhões de
judeus.
Contava as experiências que os médicos nazistas faziam com os prisioneiros. Decepavam -lhes as
cabeças, faziam-nas encolher - à maneira, li depois, dos índios Jivaros. Amputavam pernas e braços.
Realizavam estranhos transplantes: uniam a metade superior de um homem _____ metade inferior de
uma mulher, ou aos quartos traseiros de um bode. Felizmente morriam essas atrozes quimeras;
expiravam como seres humanos, não eram obrigadas a viver como aberrações. (____ essa altura eu
tinha os olhos cheios de lágrimas. Meu pai pensava que a descrição das maldades nazistas me deixava
comovido.)
Em 1948 foi proclamado o Estado de Israel. Meu pai abriu uma garrafa de vinho - o melhor vinho do
armazém -, brindamos ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio, acompanhando _____
notícias da guerra no Oriente Médio. Meu pai estava entusiasmado com o novo Estado: em Israel,
explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da Europa, judeus pretos da África, judeus
da Índia, isto sem falar nos beduínos com seus camelos: tipos muito esquisitos, Guedali.
Tipos esquisitos - aquilo me dava ideias. Por que não ir para Israel? Num país de gente tão estranha - e,
ainda por cima, em guerra - eu certamente não chamaria a atenção. Ainda menos como combatente,
entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando
um revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo, varado de balas. Aquela, sim, era a
morte que eu almejava, morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável, de monstro
encurralado. E, caso não morresse, poderia viver depois num kibutz. Eu, que conhec ia tão bem a vida
numa fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os membros do kibutz terminariam por
me aceitar; numa nova sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo.
Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2001. UFRGS - CV 2018 - LP
09.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 6, 8 e 11, nessa ordem. a) à - À
- às
b) a - A - às
c) à - A - às
d) a - À - as
e) à - A – as
Comentários:
Na primeira lacuna, deve-se completar com “à”, pois o verbo “unir” é transitivo direto e indireto.
Portanto, a construção correta é “(...) uniam a metade superior de um homem à metade inferior
de uma mulher”
Na segunda lacuna, deve-se completar com a preposição “a”, sem acento grave, pois o termo
consequente (essa) não permite artigo. Portanto, a construção correta é “A essa altura eu tinha
os olhos cheios de lágrimas.”
NA terceira lacuna, deve-se completar com o artigo “as”, sem acento grave, pois o verbo
“acompanhar”, nesse caso, é transitivo direto. Portanto, a construção correta é “(...)
acompanhando as notícias da guerra no Oriente Médio”.
Gabarito: E
(UFJF MG/2017)
Além disso, parte dos participantes teve sua atividade cerebral medida através de ressonância
magnética funcional.
Assim, foi observado que a resposta da amídala, uma região do cérebro na qual se processam as reações
emocionais, era mais intensa na primeira vez que os participantes enganavam seus companheiros.
(FGV - 2017)
1 As famílias mais pobres do mundo estão mais propensas a terem telefones 2 celulares do que
banheiros ou água limpa.
3 Segundo relatório do Banco Mundial, intitulado ”Dividendos Digitais”, o número 4 de usuários de
internet mais que triplicou em uma década, para 3,2 bilhões no final 5 do ano passado, representando
mais de 40 por cento da população mundial.
6 Embora a expansão da internet e de outras tecnologias digitais tenha facilitado 7 a comunicação e
promovido um senso de comunidade global, ela não ofereceu o 8 enorme aumento de produtividade
que muitos esperavam, disse o Banco. Ela também 9 não melhorou as oportunidades para as pessoas
mais pobres do mundo, nem ajudou 10 a propagar a “governança responsável”.
11 “Os benefícios totais da transformação da informação e comunicação somente se 12 tornarão
realidade se os países continuarem a melhorar seu clima de negócios, 13 investirem na educação e saúde
de sua população e proverem a boa governança. Nos 14 países em que esses fundamentos são fracos,
as tecnologias digitais não impulsionam 15 a produtividade nem reduzem a desigualdade”, afirmou o
relatório.
16 A visão do Banco Mundial contrasta com o otimismo dos empreendedores da 17 tecnologia, como
Mark Zuckerberg e Bill Gates, que têm argumentado que o acesso 18 universal à internet é essencial
para eliminar a pobreza extrema.
19 “Quando as pessoas têm acesso às ferramentas e ao conhecimento da internet, 20 elas têm acesso a
oportunidades que tornam a vida melhor para todos nós”, diz uma 21 declaração do ano passado
assinada, entre outros, por Zuckerberg e Gates.
22 Segundo o Banco Mundial, conectar o mundo “é essencial, mas está longe de ser 23 suficiente” para
eliminar a pobreza.
No trecho “é essencial, mas está longe de ser suficiente” (Refs. 22-23), a palavra sublinhada poderia ser
corretamente substituída por
a) porquanto.
b) posto que.
c) conquanto.
d) não obstante.
e) por conseguinte.
Comentários: Neste contexto, “mas” é uma conjunção que denota oposição. Portanto, deve ser
substituída por outra de igual valor. A alternativa D, não obstante, apresenta a melhor opção.
A alternativa A está incorreta, pois “porquanto” tem valor de consequência.
A alternativa B está incorreta, pois “posto que” tem valor de consequência.
A alternativa C está incorreta, pois “conquanto” tem valor de concessão.
A alternativa E está incorreta, pois “por conseguinte” tem valor de consequência.
Gabarito: D
(IBMEC - 2016)
Nada além
e tudo é festa.
O amor bate a porta
e nada resta.
Em relação ao jogo de ideias presente no par “bate à porta” e “bate a porta” nos versos acima, é correto
afirmar que o emprego do acento grave está associado a
A alternativa D está incorreta, pelo mesmo motivo que B: o “a” craseado e a preposição tem o
mesmo som, logo, não é uma questão de sonoridade.
A alternativa E está incorreta, pois não há recursos de argumentação, mas sim uma brincadeira
com o termo “bater a porta” utilizado de duas maneiras diferentes.
Gabarito: A
(IBMEC - 2015)
Segundo a Wikipedia, o direito autoral do autorretrato, o "selfie" para usar o termo da moda, que uma
macaca fez com o equipamento que furtara de um fotógrafo pertence ao animal. A discussão surgiu
porque David Slater, o dono da máquina, pedira aos editores da enciclopédia que retirassem a imagem
por violação de direitos autorais. Como piada, a argumentação da Wikipedia funciona bem. Receio,
porém, que essa linha de raciocínio deixe uma fronteira jurídica desguarnecida. Se os direitos
pertencem à macaca, por que instrumento legal ela os cedeu à enciclopédia?
Não são, entretanto, questiúnculas jurídicas que eu gostaria de discutir aqui, mas sim a noção de
autoria. Obviamente ela transcende à propriedade do equipamento. Se a foto não tivesse sido tirada
por uma macaca, mas por um outro fotógrafo com a máquina de Slater, ninguém hesitaria em creditar
a imagem a esse outro profissional. Só que não é tão simples. Imaginemos agora que Slater está
andando pela trilha e, sem querer, deixa seu aparelho cair no chão, de modo que o disparador é
acionado. Como que por milagre, a máquina registra uma imagem maravilhosa, que ganha inúmeros
prêmios. Neste caso, atribuir a foto a Slater não viola nossa intuição de autoria, ainda que o episódio
possa ser descrito como uma obra do acaso e não o resultado de uma ação voluntária.
A questão prática aqui é saber se o "selfie" da macaca está mais para o caso do fotógrafo que usa a
máquina de outro profissional ou para o golpe de sorte. E é aqui que as coisas vão ficando complicadas.
Fazê-lo implica não só decidir quanta consciência devemos atribuir à símia mas também até que ponto
estamos dispostos a admitir que nossas vidas são determinadas pelo aleatório. E humanos, por razões
evolutivas, temos verdadeira alergia ao fortuito. Não foi por outro motivo que inventamos tantos
panteões de deuses.
a) inadequado, pois o termo regido é um substantivo que rejeita a presença de um artigo definido.
b) obrigatório, pois contém a junção da preposição “a” com o artigo “a” antecedendo um adjetivo
feminino.
d) facultativo, pois o verbo “transcender” pode ser regido ou não de preposição, sem que haja
alterações semânticas.
e) necessário, pois tem a função de sinalizar uma pronúncia alongada que ressalta a fusão da
preposição com o artigo.
Comentários: O uso da crase neste caso é facultativo, pois o verbo “transcender” pode tanto ser
construído de maneira transitiva direta quanto indireta. Portanto, a alternativa correta é a
alternativa D.
A alternativa A está incorreta, pois “propriedade” é palavra feminina, não apresentando
impedimento para o uso de crase.
A alternativa B está incorreta, pois o termo que antecede é um substantivo, não adjetivo. Lembre-
se que apenas substantivos ou palavras substantivadas admitem artigo.
A alternativa C está incorreta, pois “transcender” admite ambas as formas.
A alternativa E está incorreta, pois não há necessariamente uma pronúncia alongada na crase.
Gabarito: D
(UNESP - 2015)
Os alunos do Colégio Carolina Patrício, em São Conrado, Zona Sul do Rio, deram uma lição de
solidariedade. Ao descobrir que a professora de português Norma Ribeiro lutava contra um câncer e se
submeteria ___ quimioterapia, cerca de 20 jovens rasparam o cabelo em homenagem à docente. Vários
dos meninos foram às aulas carecas, e as meninas cortaram o cabelo bem curto para doar ___
instituições que cuidam de pacientes do setor de oncologia. De acordo com a diretora da escola, a
decisão partiu dos próprios alunos e surpreendeu ___ todos.
a) à…à…a
b) a…a…à
c) a…à…à
d) à…a…a
A primeira lacuna deve ser preenchida com “à”, pois nesse caso, “submeter” precisa de um
acompanhamento para expressar a que se submeterá. Como “quimioterapia” é palavra feminina,
usa-se crase.
A segunda lacuna deve ser preenchida com “a”, pois “instituições” está no plural. Para que
houvesse crase, seria necessário que a grafia fosse “às instituições”.
A terceira lacuna deve ser preenchida com “a”, pois “todos” é palavra masculina e, portanto, não
admite crase.
Gabarito: D
(FGV - 2015)
Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vinha numa burra velha, de chapéu de palha muito alvo, com
a fita verde- -amarela na lapela do paletó. O mestre José Amaro estava sentado na tenda, sem trabalhar.
E quando viu o compadre alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem. Desde aquele dia em
que vira o compadre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo com tão boa vontade, que Vitorino
não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo, o sem -vergonha, o vagabundo que tanto lhe
desagradava. Vitorino apeou-se para falar do ataque ao Pilar. Não era amigo de Quinca Napoleão,
achava que aquele bicho vivia de roubar o povo, mas não aprovava o que o capitão fizera com a D. Inês.
– Eu não estava lá. Mas me disseram que botou o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se D.
Inês lhe dava a chave do cofre. Ela não deu. José Medeiros, que é homem, borrou -se todo quando lhe
entrou um cangaceiro no estabelecimento. Me disseram que o safado chorava como bezerro
desmamado. Este cachorro anda agora com o fogo da força da polícia fazendo o diabo com o povo.
Capitão Vitorino apareceu na casa do mestre José Amaro para falar-lhe do ataque ____ cidade do Pilar.
Disse ao compadre que D. Inês ficou cara ____ cara com Quinca Napoleão, que que ria saquear-lhe o
cofre, mas ela não deu a chave ____ ele. O homem era uma ameaça ____ população.
Considere os enunciados.
• O acesso ao celular no Brasil é uma fotografia idêntica _____da renda. Quanto menor a remuneração
numa região, mais baixa é a penetração do telefone móvel.
• As trajetórias de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil sem dúvida merecem consideração.
Gosto _____ parte, o valor artístico de suas obras – assim como as de Djavan, Erasmo Carlos e Milton
Nascimento – também é patente.
• No mês passado, atracou no porto de Roterdã, na Holanda, o primeiro navio cargueiro chinês
_____navegar até ____ Europa pelo Ártico.
Assinale a alternativa em que os termos completam correta e respectivamente as lacunas das frases,
extraídas do jornal Folha de S.Paulo, de 08.10.2013.
A segunda lacuna deve ser preenchida com “à”, pois “à parte” é uma expressão que sempre faz
uso de crase.
A terceira lacuna deve ser preenchida com “a”, pois “navegar” é um verbo e, portanto, não faz
uso de crase.
A quarta lacuna deve ser preenchida com “a”, pois “navegar” não exige preposição “a” neste caso.
Gabarito: C
(UNESP- 2013)
Considere a passagem da crônica O pai, hoje e amanhã, de Carlos Drummond de Andrade (1902 -
1987).
A civilização industrial, entidade abstrata, nem por isso menos poderosa, encomendou à ciência
aplicada a execução de um projeto extremamente concreto: a fabricação do ser humano sem pais.
A ciência aplicada faz o possível para aviar a encomenda a médio prazo. Já venceu a primeira etapa,
com a inseminação artificial, que, de um lado, acelera a produtividade dos rebanhos (resultado
econômico) e, de outro, anestesia o sentimento filial (resultado moral).
O ser humano concebido por esse processo tanto pode considerar- se filho de dois pais como de
nenhum. Em fase mais evoluída, o chamado bebê de proveta dispensará a incubação em ventre
materno, desenvolvendo-se sob condições artificiais plenamente satisfatórias. Nenhum vínculo de
memória, gratidão, amor, interesse, costume – direi mesmo: de ressentimento ou ódio – o ligará a
qualquer pessoa responsável por seu aparecimento. O sêmen, anônimo, obtido por masturbação
profissional e recolhido ao banco especializado, por sua vez cederá lugar ao gerador sintético,
extraído de recursos da natureza vegetal e mineral. Estará abolida, assim, qualquer participação
consciente do homem e da mulher no preparo e formação de uma unidade humana. Esta será
produzida sob critérios políticos e econômicos tecnicamente estabelecidos, que excluem a inútil e
mesmo perturbadora intromissão do casal. Pai? Mito do passado.
Aparentemente, tal projeto parece coincidir com a tendência, acentuada nos últimos anos, de se
contestar a figura tradicional do pai. Eliminando-se a presença incômoda, ter-se-ia realizado o ideal
de inúmeros jovens que se revoltam contra ela – o pai de família e o pai social, o governo, a lei – e
aspiram à vida isenta de compromissos com valores do passado.
Julgo ilusória esta interpretação. O projeto tecnológico de eliminação do pai vai longe demais n o
caminho da quebra de padrões. A meu ver, a insubmissão dos filhos aos pais é fenômeno que
envolve novo conceito de relações, e não ruptura de relações.
(De notícias e não notícias faz-se a crônica, 1975.)
a) o “a” deve ser pronunciado com alongamento, já que se trata de dois vocábulos, um pronome
átono e uma preposição, representados por uma só letra.
b) o “a”, por ser pronome átono, deve ser sempre colocado após o verbo, em ênclise, e
pronunciado como um monossílabo tônico.
c) o verbo “aspirar”, na regência em que é empregado, solicita a preposição “a”, que se funde com
o artigo feminino “a”, caracterizando uma ocorrência de crase.
d) o “a”, como artigo definido, é um monossílabo átono, e o acento grave tem a finalidade de
sinalizar ao leitor essa atonicidade.
e) o termo “de compromissos com valores do passado” exerce a função de adjunto adverbial de
“isenta”.
Comentários: A alternativa correta é alternativa C, pois ela apresenta a descrição gramatical
perfeita da crase.
A alternativa A está incorreta, pois não há necessidade de prolongamento do som na crase.
A alternativa B está incorreta, pois “à” não é um pronome átono.
A alternativa D está incorreta, pois o que forma a crase é a união da preposição “a” e do artigo
“a”.
A alternativa E está incorreta, pois a configuração exposta não interferiria em nada na formação
da crase.
Gabarito: C
INÉDITA – Celina Gil
Eu tratava-o por doutor: não poderia tratá-lo com familiaridade. Julgava-me superior a ele, embora
possuindo menos ciência e menos manha. Até certo ponto parecia-me que as habilidades dele
mereciam desprezo. Mas eram úteis e havia entre nós muita consideração.
- Acompanhamos o nosso Padilha, disse Nogueira. Viemos andando. Como o passeio era agradável,
com a fresca da tarde, cheguei cá, para consultá-lo.
Comentários: A única alternativa que apresenta incorreção é a alternativa D, pois verbos (chorar) não
admitem artigo, portanto, o “a” antes de “chorar” é apenas preposição. A frase correta seria “Pôs -se a
chorar sem parar”.
A alternativa A não apresenta incorreções, pois o verbo “dirigir” exige preposição “a”, nesse caso.
A alternativa B não apresenta incorreções, pois o verbo “recorrer” exige preposição “a”, nesse caso.
A alternativa C não apresenta incorreções, pois “escrever” não demanda preposição nesse caso, portanto
esse “as” é apenas artigo de “histórias”.
A alternativa E não apresenta incorreções, pois “cerca”, no sentido de “aproximadamente”, não aceita
artigo, portanto, “a” é apenas preposição.
Gabarito: D
INÉDITA – Celina Gil
Assinale a alternativa em que a colocação pronominal está de acordo com a norma culta.
Comentários: Em frases que expressam desejo ou exortação, é indicado o uso de próclise. Portanto, a
alternativa correta é Alternativa E.
A alternativa A está incorreta, pois a palavra negativa atrai o pronome. Portanto, a frase correta seria “O
presidente não nos recebeu”.
A alternativa B está incorreta, pois quando há pronome relativo “quem”, deve-se utilizar a próclise.
Portanto, a frase correta seria “Foi ele quem nos convidou para o evento”.
A alternativa C está incorreta, pois não se pode iniciar frases com pronome átono. Portanto, a frase correta
seria “Ligaram-me hoje de manhã”.
A alternativa D está incorreta, pois em frases imperativas afirmativas, deve-se usar a ênclise. Portanto, a
frase correta seria “Mariana, sente-se agora!”.
Gabarito: E
INÉDITA – Celina Gil
Era hora do almoço. As duas senhoras puseram-se ___ mesa. Aurélia _________ pela sobriedade,
que era nela a consequência de temperamento e educação. Não quer isto dizer que fosse dessa
espécie de moças papilionáceas que se alimentam do pólen das flores, e para quem o comer é um
ato desgracioso e prosaico.
Bem ao contrário, ela sabia que a nutrição dá ___ seiva de beleza, sem a qual as cores desmaiam
nas faces e os sorrisos nos lábios, como as efêmeras e pálidas florações de uma roseira ética.
Assim não tinha vergonha ___ comer; e sem vaidade acreditava que o esmalte de seus dentes não
era menos gracioso quando eles se triscavam como a crepitação de um colar de pérolas, nem o matiz
de seus lábios menos saboroso quando chupavam uma fruta, ou se entreabriam para receber o
alimento.
j) à; distinguia-se; à; de.
Comentários:
A primeira lacuna deve ser completada com “à”, pois o verbo “por” nesse caso (significando colocar-se
em algum lugar) exige preposição “a”. A oração, assim, fica “As duas senhoras puseram-se à mesa (...)”.
A segunda lacuna deve ser completada com “distinguia-se”, pois o conectivo “pela” atrai o pronome átono
para perto de si. A oração, assim, fica “Aurélia distinguia-se pela sobriedade”.
A terceira lacuna deve ser completada com “a”, pois, nesse caso, “dar” comporta-se como transitivo
direto, ou seja, não exige preposição. Esse “a” é apenas artigo de “seiva”. A oração, assim, fica “(...) ela
sabia que a nutrição dá a seiva de beleza”.
A quarta lacuna deve ser completada com “de”, pois a expressão “sentir vergonha” exige preposição “de”.
A oração, assim, fica “Assim não tinha vergonha de comer”.
Gabarito: A
(AFA – 2020)
Mulheres de Atenas
A) as formas verbais “mirem” (v. 1), “vivem” (v. 3), “sofrem” (v. 14) e “têm” (v. 16) estão conjugadas
no mesmo modo e tempo, além de possuírem o mesmo sujeito.
C) em “vivem pros seus maridos” (v. 3), o termo sublinhado é classificado pela gramática normativa
como adjunto adverbial.
Comentários:
Alternativa A está incorreta, pois o verbo “mirem” refere-se ao interlocutor imaginário do texto, a pessoa
com quem o eu lírico conversa. “vivem”, “sofrem” e “têm” se ligam à “mulheres de atenas”.
Alternativa B está correta, pois no contexto apresentado pode-se fazer essa substituição se modificação
de sentido: “Quando castigadas não choram / Se ajoelham, pedem, imploram / Mais duras penas”
Alternativa C está correta, pois “pros seus maridos” funciona como adjunto adverbial de modo para o
verbo “vivem”.
Gabarito: A
(AFA – 2013)
Art. 4 – Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência,
crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou por omissão, será punid o na
forma da lei.
(www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm)
B) O termo “todas as oportunidades e facilidades” (l.04 e 05) classifica-se como sujeito passivo do
verbo “assegurar”.
D) Nos trechos “de que trata esta Lei” (l.03) e “preservação de sua saúde” (l.05), a preposição “de”
é obrigatória, devido à regência verbal.
Comentários:
Alternativa A está incorreta, pois esse “lhe” representa um termo no singular, “o idoso”. Poderia ser
substituído por “a ele”.
Alternativa B está correta, pois o contexto a que o termo se refere é “assegurando-se-lhe, por lei ou por
outros meios, todas as oportunidades e facilidades”. Temos aqui uma construção em voz passiva sintética,
com o “se”. Se transformada em uma voz passiva analítica, teremos “Todas as oportunidades e facilidades
são asseguradas a eles”. Assim, fica claro que “todas as oportunidades e facilidades” é sujeito paciente.
Alternativa C está incorreta, pois essa conjunção dá ideia de alternativa, listando opções, não de exclusão.
Alternativa D está incorreta, pois “preservação” não é um verbo. Logo, não se pode dizer que há uma
questão de regência verbal.
Gabarito: B
(EsPCEx - 2021)
Assinale a opção que corresponde à função do “que” na frase a seguir. “Não vão a uma festa que
não voltem cansados.”
(D) Tem tanta coisa nova no mercado que fica impossível acompanhar.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque o elemento destacado é uma conjunção integrante, que introduz
uma oração subordinada substantiva. No caso, como explicado a seguir, a conjunção em destaque é uma
conjunção subordinativa que introduz uma consequência.
A alternativa B está incorreta, porque, segundo o gramático Domingos Cegalla, o elemento destacado é
uma conjunção subordinativa que indica consequência. Contudo, nossa ideia, seguindo a lógica linguística,
seria colocar essa a resposta como correta, dado que o termo em destaque na oração que gera a questão
é um pronome relativo utilizado de forma errônea, mas um pronome relativo. Percebe-se isso pela leitura
lógica da ideia de que as pessoas retornam cansados de todas as festas. Reforçamos que a resposta D está
correta apenas na gramática de Cegalla.
A alternativa C está incorreta, porque o elemento destacado é uma partícula de realce e não uma
conjunção consecutiva, como apontado no comentário a seguir.
A alternativa D está correta, porque, segundo a Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos
Cegalla, nesse contexto de uso, o termo em destaque no enunciado da questão toma uma significação de
conjunção consecutiva, apesar da inexistência de lógica para essa resposta.
A alternativa E está incorreta, porque essa é uma conjunção integrante, a qual introduz uma oração
subordinada substantiva e não uma adverbial causal.
Gabarito: D
(EsPCEx – 2018)
Em “ A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à água potável (...)”, a palavra
“QUE” encontra emprego correspondente em
A) “(...) os serviços de saneamento são prestados em caráter de monopólio, o que significa (...)”
B) “Esses planos são obrigatórios para que possam ser estabelecidos (...)”
C) “(...) o que significa que os usuários estão submetidos às atividades de um único prestador.”
E) “(...) e do Conselho Nacional das Cidades, que deram à política urbana (...)”
Comentários:
No enunciado, “que” é conjunção integrante, introduzindo oração subordinada com função sintática de
objeto direto.
A alternativa B está incorreta, pois “que” é parte da construção do conectivo de finalidade “para que”.
A alternativa C está correta, pois “que” é conjunção integrante, introduzindo oração subordinada com
função sintática de objeto direto.
Gabarito: C
(EsPCEx - 2017)
Assinale a alternativa que pode substituir corretamente o trecho sublinhado sem alterar-lhe o
sentido:
"... O que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum
tipo de crime, mas nada oferece, para que essa situação realmente aconteça."
Comentários:
No enunciado, a oração em destaque tem valor concessivo. É um uso possível do “mas”. A oraçã o pode
ser reescrita com um “embora”, por exemplo:
"... O que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum tipo de
crime, embora nada ofereça, para que essa situação realmente aconteça."
A alternativa A está incorreta, pois aqui há um uso incorreto de “Onde”, já que não indica lugar físico. Não
há esse valor na oração original.
Gabarito: E
(EsPCEx – 2015)
A) As abelhas não apenas produzem mel e cera, mas ainda polinizam as flores.
B) Os livros ensinam e divertem.
Comentários:
A oração em destaque no enunciado tem valor adversativo: “O professor não proíbe, do contrário
estimula as perguntas em aula."
A alternativa A está incorreta, pois aqui há uma noção de adição, indicada pelo termo “não apenas... mas
ainda”.
A alternativa B está incorreta, pois aqui há uma noção aditiva indicada pelo “e”.
A alternativa C está incorreta, pois aqui há uma noção concessiva indicada pelo “embora”.
A alternativa D está incorreta, pois aqui há uma noção aditiva indicada pelo “nem”.
A alternativa E está correta, pois assim como na oração do enunciado aqui há uma noção adversativa:
“Quis dizer mais alguma coisa, no entanto não pôde”.
Gabarito: E
(EsPCEx – 2015)
Leia o conjunto de frases a seguir e responda, na sequência, quais funções são assumidas pela
palavra “que".
Comentários:
“que” é uma conjunção concessiva. Essa construção é muito comum comum com “que”, em que ele pode
ser substituído por um “embora”: “Embora fossem cinco contos, era um arranjo menor”.
“que” aqui é um advérbio”. Ele está ligado ao adjetivo “bom”, trazendo noção de intensidade (Quão bom
seria viver aqui”.
“que” é conjunção coordenativa, com valor aditivo. Podemos reescrever a oração com um “e” no lugar:
“A nós e não a eles, compete fazê-lo”
“que” é conjunção subordinativa consecutiva, já que está acompanhado de um intensificador (ex.: tão,
tal, tanto, tamanho).
Gabarito: D
(EsPCEx – 2013)
Em “Não sei, sequer, se me viste...” a alternativa que classifica corretamente a palavra em destaque
é
Comentários:
“se” é conjunção integrante, pois introduz uma oração subordinada que exerce função sintática de objeto
direto (“Não sei isso”).
Gabarito: E
(EsPCEx – 2012)
“Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de ‘você’,
se dirigiu ao autor chamando-o ‘o senhor’ ”.
A análise morfossintática das palavras grifadas, na sequência em que aparecem, está correta na
alternativa:
Comentários:
- Em: “estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de ‘você’”
“que” é pronome relativo substituindo “roda” – essa é a análise morfológica. Sintaticamente é classificado
como adjunto adverbial de lugar, por indicar onde se passa a ação descrita pelo verbo.
Gabarito: D
(EsPCEx – 2012)
Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação da partícula “se”, na sequência em que
aparece no período abaixo.
O maquinista se perguntava se a próxima parada seria tão tumultuada quanto a primeira, com
aquelas pessoas todas se debatendo, os bilhetes avolumando nas mãos do cobrador, os reclamos
que se ouviam dos mais exaltados.
Comentários:
“se” é objeto indireto. O verbo “perguntava” aqui está acompanhado de um “se” reflexivo. Se
entendemos que a construção é “O maquinista perguntava a si mesmo”, fica evidente que o uso de
preposição antes de “si mesmo” classifica o termo correspondente como objeto indireto.
- Em: “O maquinista se perguntava se a próxima parada seria tão tumultuada quanto a primeira”
“se” é conectivo integrante, pois introduz uma oração subordinada que exerce função sintática de objeto
direto (“O maquinista se perguntava isso”).
“se” é parte integrante do verbo. O verbo “debater-se” é pronominal, portanto, exige o uso de uma
partícula sempre junto a ele.
“se” é partícula apassivadora. Essa oração pode ser reescrita na voz passiva analítica: “os reclamos dos
mais exaltados eram ouvidos”.
Gabarito: A
(EsPCEx - 2011)
Identifique a alternativa correta quanto à classificação das palavras em negrito e sublinhadas, na
ordem em que aparecem, presentes no trecho de O Apólogo, de Machado de Assis:
“Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si,
para não andar atrás dela.” [...]
A) conjunção integrante, conjunção integrante, conjunção final.
Comentários:
“Se” é conjunção integrante, pois introduz uma oração que assume função sintática de objeto direto do
verbo “sei” (“Não sei isso”).
“que” é conjunção integrante, pois introduz uma oração que assume função sintática de objeto direto do
verbo “disse” (“disse isso”).
- Em: “que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela”
“que” é pronome relativo, pois substitui o termo “baronesa” que aparece anteriormente no período: “a
baronesa tinha a modista ao pé de si”.
Gabarito: B
(EsPCEx - 2013)
Assinale a alternativa em que o trecho sublinhado pode ser substituído por “lhe”, sem modificar o
sentido original.
A) A governanta batia no menino constantemente.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois “no menino” é objeto direto de “batia”, logo, pode ser substituído pelo
“lhe”.
A alternativa B está incorreta, pois “o suave perfume” é objeto direto, então não pode ser substituído por
“lhe”.
A alternativa C está incorreta, pois “o fiscal de campo” é objeto direto, então não pode ser substituído
por “lhe”.
A alternativa D está incorreta, pois “o atendente” é objeto direto, então não pode ser substituído por
“lhe”.
A alternativa E está incorreta, pois “o homem” é objeto direto, então não pode ser substituído por “lhe”.
Gabarito: A
Texto para as próximas questões:
Um caso de burro
Machado de Assis
Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo
de começar por ela esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no
leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve
a importância; os gostos não são iguais.
Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo passadiço, ao
pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso de burros,
donde concluí que não estaria deitado, mas caído. Instantes depois, vimos (eu ia coin run amigo),
vimos o burro levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam -lhe a pele, os olhos meio mortos
fechavam-se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar
próximo do fim.
Diante do animal havia algum capím espalhado e uma lata com água. Logo, não foi abandonado
inteiramente; alguma piedade houve no dono ou quern quer que seja que o deixou na praça, com
essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se o autor dela é homem que leia crônicas, e
acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem bebeu da água;
estava já para outros capins e outras águas, em campos mais largos e eternos, Meia dúzia de
curiosos tinha parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se
não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer
meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas justamente do lado da anca. Dígase a
verdade; não o fez - ao menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos, Esses poucos
minutos, porém, valeram por uma hora ou duas. Se há justiça na Terra valerão por um século, tal
foi a descoberta que me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos.
O que me pareceu, é que o burro fazia exame de consciência. Indiferente aos curiosos, como ao
capim e à água, tinha 110 olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho interior e profundo.
Este remoque popular por pensar morreu um burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos
que a princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte é que o torna necessário.
Quanto à matéria do pensamento, não há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o
exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso tempo que ali gastei. Sou
outro Champollion, porventura maior; não decifrei palavras escritas,mas ideias íntimas de criatura
que não podia exprimi-las verbalmente.
E diria o burro consigo:
"Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça remorso. Não furtei, não
menti, não matei, não caluniei, não ofendi nenhuma pessoa. Em toda a minha vida, se dei três
coices, foi o mais, isso mesmo antes haver aprendido maneiras de cidade e de saber o destino do
verdadeiro burro, que é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem. Ultimamente
é que percebi que me não entendiam, e continuei a zurrar por ser costume velho, não com ideia de
agravar ninguém. Nunca dei com homem no chão. Quando passei do tílburi ao bon de, houve
algumas vezes homem morto ou pisado na rua, mas a prova de que a culpa não era minha, é que
nunca segui o cocheiro na fuga; deixava-me estar aguardando autoridade."
"Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver
pensado sequer na perturbação da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a
própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução declarado os direitos do burro, tais
direitos não existem. Nenhum golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os obrigou.
Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de governo, teve em conta os interesses da
minha espécie. Qualquer que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um pouco
temperada pela teima que é, ein resumo, o meu único defeito. Quando não teimava, mordia o freio
dando assim um bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei por sóis nem
chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito do bonde, para sair logo. Até aqui os males
que não fiz; vejamos os bens que pratiquei."
''A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando depressa o tílburi e o namorado à casa
da namorada - ou simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia ao bonde podia mirar a
moça que estava na janela. Não poucos devedores terei conduzido para longe de um credor
importuno. Ensinei filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do porte e na
quietação dos sentidos. Quando algum homem, desses que chamam patuscas, queria fazer rir os
amigos, fui sempre em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara. Em fim...
Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado que pesaroso. Contente da descoberta,
não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A consideração,
porém, de que todos os burros devem ter os mesmos dotes principais, fez-me ver que os que
ficavam não seriam menos exemplares do que esse. Por que se não investigará mais profundamente
o moral do burro? Da abelha já se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também,
coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas são superiores às nossas, mais
racionais. Por que não sucederá o mesmo ao burro, que é maior?
Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver, espetáculo repugnante; mas a infância, corno
a ciência, é curiosa sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim passam os trabalhos
deste inundo. Sem exagerar. o mérito do finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora,
também não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século. Requiescat in pace.
(EFOMM - 2021)
B) "Se o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão."
D) "Agora, qual foi o exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso
tempo que ali gastei."
E) "[...] mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o cocheiro na fuga; deixava -
me estar aguardando autoridade."
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a fórmula “é que” participa da construção do processo de
subordinação, tendo a primeira oração como sujeito e a introduzida pelo “que” como predicativo.
A alternativa B está incorreta, pois o “que” é um pronome relativo que substitui a palavra
“homem”, construindo uma oração subordinada adjetiva.
A alternativa C está correta, pois a fórmula “é que” apresenta valor meramente expletivo, dando
ênfase à informação que a precede. Como teste, perceba que a retirada do trecho “é que” não
altera o significado da oração.
A alternativa D está incorreta, pois o “que” é um pronome relativo que substitui o demonstrativo
“o” e introduz uma adjetiva restritiva.
Assinale a opção em que o acento grave indicativo de crase NÃO é colocado por uma situação de
regência.
A) "Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei
logo de começar por ela esta crônica."
B) "Indiferente aos curiosos, como ao capim e à água, tinha no olhar a expressão dos meditativos."
D) "[... ] não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer."
E) "Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver
pensado sequer na perturbação da paz pública."
Comentários:
A alternativa A está correta, pois em “quinta-feira à tarde” temos uma locução adverbial. A crase
não é colocada por questões de regência, portanto.
A alternativa B está incorreta, pois a crase aqui ocorre por conta da regência de “indiferente”.
A alternativa C está incorreta, pois a crase aqui ocorre por conta da regência de “levar”.
A alternativa D está incorreta, pois a crase aqui ocorre por conta da regência de “furtar-se”.
A alternativa E está incorreta, pois a crase aqui ocorre por conta da regência de “passar”.
Gabarito: A
(EFOMM - 2021)
Fazendo uso de um conectivo para ligar as orações acima, qual destes explicitaria CORRETAMENTE
a relação de sentido que se estabelece entre as orações?
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a conjunção “conquanto” apresenta leitura de concessão,
oposição, sendo a relação do trecho a de explicação.
A alternativa B está correta, pois a conjunção “porquanto” é considerada uma conjunção
explicativa/causal (relações muito próximas). Nesse caso, há ligação correta entre as duas
informações.
A alternativa C está incorreta, pois a construção “contanto que” apresenta uma relação semântica
de condição para se realize uma ação.
A alternativa D está incorreta, pois “enquanto” é uma construção de tempo ou, em alguns casos,
de condição ou proporção. Nesse caso, há um erro não só de significação, como também de
construção, pois o “enquanto” rejeita o que após a conjunção.
A alternativa E está incorreta, pois a construção “tanto que” apresenta uma leitura de
consequência, impensável para o trecho em questão.
Gabarito: B
(EFOMM - 2021)
Assinale a opção em que o termo sublinhado é um elemento de coesão, sem cumprir função
sintática.
A) "Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei
logo de começar por ela esta crônica."
B) "Se o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão."
C) "Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça remorso."
D) "Agora, qual foi o exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso
tempo que ali gastei."
E) "[...] ou simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia no bonde podia mirar a moça
que estava na janela."
Comentários:
A alternativa A está correta, pois nesse caso, o “que” pertence à construção “tão... que”, uma
conjunção subordinativa que, como todas as conjunções, não desempenha função sintática.
A alternativa B está incorreta, pois o “que” em questão é um pronome relativo que introduz uma
adjetiva e substitui “homem”. Todos os pronomes, em língua portuguesa, desempenham função
sintática. O PR é sujeito da oração adjetiva “que leia crônicas”.
A alternativa C está incorreta, pois o “que” em questão é um pronome relativo que introduz uma
adjetiva e substitui “pecado”. O PR é sujeito da oração adjetiva “que mereça remorso”.
A alternativa D está incorreta, pois o “que” em questão é um pronome relativo que introduz uma
adjetiva e substitui “tempo”. O PR é objeto direto da oração adjetiva “que ali gastei”.
A alternativa E está incorreta, pois o “que” em questão é um pronome relativo que introduz uma
adjetiva e substitui “moço”. O PR é sujeito da oração adjetiva “que ia no bonde”.
Gabarito: A
(EFOMM - 2019)
A) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e descer escorregando no capim até
a beira do açude.
B) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do bambual; ali pescarei piaus.
C) Ou nadar mar afora até não poder mais e depois virar e ficar olhando as nuvens brancas.
D) (...) olhos daquele menino feio do segundo ano primário que quase não tinha coragem de olhar
a menina um pouco mais alta da ponta direita do banco.
E) O menino da roça que pela primeira vez vê as algas do mar se balançando sob a onda clara, junto
da pedra.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois depois da palavra “até” a crase é facultativa.
A alternativa B está incorreta, pois aqui não se pode usar crase nem em “a levarei”, que é apenas
uma preposição, e “para a beira” já conta com a preposição “para”.
A alternativa C está incorreta, pois “olhando as nuvens” não demanda uso de preposição.
A alternativa D está incorreta, pois “olhar a menina” conta apenas com um artigo, não uma
preposição.
A alternativa E está incorreta, pois “vê as algas” e “sob a onda” contam apenas com artigos.
Gabarito: A
(AFA - 2019)
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie
pura e simples" para alcançar uma almejada "civilização", calcada sobre 1relações livres, iguais e
fraternas, típicas do homem culto. 2Um olhar sobre a história, no entanto, põe em xeque esta visão
utópica. 3Organizado pelos historiadores Regina Bustamante e José Francisco de Moura, 4o livro
Violência na História, publicado pela Mauad Editora com apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios
que mostram, ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência, propondo uma reflexão mais
demorada sobre o tema. 5Nos ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como, desde a
antiguidade e ao longo da história humana, 6a violência se insere, sob diversos vieses, nas relações
de poder, 7seja entre Estado e cidadãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres, ou entre
diferentes religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos como a violência se manifesta na
religiosidade, durante o movimento das Cruzadas. 8Ou, hoje, no caso dos movimentos sociais, como
ela acontece em relação aos excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade social, por
exemplo, é um tipo de violência; a expropriação do patrimônio cultural, que significa não permitir
que a memória cultural de determinado grupo se manifeste, também", prossegue a organizadora.
(...) A própria palavra "violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com significado de
força, virilidade, pode ser positiva em termos de transformação social, no sentido de uma violência
revolucionária, usada como forma de se tentar transformar uma sociedade em determinado
momento. (...) Essas variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
9(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido
de sua humanidade, o réu era declarado 10homo sacer. 11Ou seja, sua vida passava a ser consagrada
aos deuses. 12Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme propósito de fazer da morte
dos condenados 13um espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido religioso e de
dominação, cuja função era o reforço, manutenção e ratificação das relações de poder." (...) 14O
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos que traz a discussão para o presente,
analisando as transformações políticas do último século. 15 "Desde Voltaire até Kant e Hegel,
16acreditava-se no contínuo aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha inexorável
em direção à razão. (...) O Holocausto, perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à
época, 17deixou claro que a luta pela dignidade humana é um esforço contínuo e, pior de tudo, lento.
(...) 18E, sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a 19ocorrência de outros genocídios
– Ruanda, Iugoslávia, Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os homens nesse
começo do século XXI." O historiador prossegue: " 20De forma paradoxal, a globalização, conforme
se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, 21é fortemente acompanhada pelo localismo
e o particularismo religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e incompreensões crescentes.
22Na Bósnia ou em Kosovo, na Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de entendimento
23chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros
pode representar a morte." 24 Como nem tudo se limita às questões políticas e às guerras, o livro
ainda analisa as formas que a violência assume nas relações de gênero, na religião, na cultura e
aborda também a questão dos direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes sistemas
culturais.
A conjunção ou liga duas palavras ou orações estabelecendo diferentes relações semânticas, como
exclusão, alternância ou, até mesmo, inclusão. Assinale a alternativa em que a relação de sentido
estabelecida é DIFERENTE das demais.
c) “...chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária ou não, entre
bairros...” (ref. 23)
d) “...seja entre Estado e cidadãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres, ou entre
diferentes religiões.” (ref. 7) .
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o sentido estabelecido é de inclusão, sendo utilizado numa
enumeração. Assim, a alternativa não se diferencia do sentido predominante.
A alternativa B está incorreta, pois o sentido estabelecido é de inclusão, sendo utilizado numa
enumeração. Assim, a alternativa não se diferencia do sentido predominante.
A alternativa C está correta, pois o sentido estabelecido pelo termo ou, diferente das demais
alternativas, é de exclusão, uma vez que exclui o item anterior (pode ser imaginária OU pode não
ser imaginária – exclui a possibilidade de ser uma linha imaginária).
A alternativa D está incorreta, pois o sentido estabelecido é de inclusão, sendo utilizado numa
enumeração. Assim, a alternativa não se diferencia do sentido predominante.
Gabarito: C
(AFA – 2016)
Quarto de Despejo
2 de MAIO de 1958. Eu não sou indolente. Há tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu
pensava que não tinha valor e achei que era perder tempo.
...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheço com mais atenção. Quero
enviar sorriso amavel as crianças e aos operarios.
...Recebi intimação para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando
papel. A noite os meus pés doiam tanto que eu não podia andar.
Começou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o José Carlos. A in timação era para ele. O José Carlos
tem 9 anos.
3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura.
Mas ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que
comer.
6 de MAIO. De manhã não fui buscar agua. Mandei o João carregar. Eu estava contente. Recebi outra
intimação. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas
quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12ª Delegacia.
...o que eu aviso aos pretendentes a política, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a
fome para saber descrevê-la.
9 de MAIO. Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que estou sonhando.
10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele
era tão amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimação.
(...) O Tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente
propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao
país. Pensei: se ele sabe disso, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio
Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira.
Não posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que
já passou fome. A fome tambem é professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e
nas crianças.
11 de MAIO. Dia das mães. O céu está azul e branco. Parece que até a natureza quer homenagear
as mães que atualmente se sentem infeliz por não realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai
galgando. Hoje não vai chover. Hoje é o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me
15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar
pão amanhã, porque eu só tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabeça de um porco
no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus
filhos estão sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles não são exigentes no paladar.
(...) Surgiu a noite. As estrelas estão ocultas. O barraco está cheio de pernilongos. Eu vou acender
uma folha de jornal e passar pelas paredes. É assim que os favelados matam mosquitos.
13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que
comemoramos a libertação dos escravos. Nas prisões os negros eram os bodes expiatorios. Mas os
brancos agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo.
Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho só
feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo
até passar a chuva para mim ir lá no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou
comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho dó dos meus filho s.
Quando eles vê as coisas de comer eles brada: Viva a mamãe!. A manifestação agrada -me. Mas eu
já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir
um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim:
“Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os
meninos. Hoje choveu e não pude catar papel. Agradeço. Carolina”
(...) Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou a pedir
comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar
um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me
a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.
Quanto ao uso dos pronomes, assinale a opção que traz uma INFRAÇÃO à norma padrão da língua.
a) “Estou escrevendo até passar a chuva para mim ir lá no Senhor Manuel vender os ferros.”
b) “Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz.”
c) “...as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país.”
Comentários:
A alternativa A está correta, pois ocorre uma INFRAÇÃO à norma padrão da língua ao se usar o
pronome oblíquo mim exercendo função de sujeito do verbo ir. A norma prevê, nesse caso, o uso
do pronome pessoal do caso reto, ou seja, “para eu ir lá…”.
A alternativa B está incorreta, pois todos os pronomes estão usados de forma adequado segundo
a norma. No caso de “Ela deu-me”, ocorre uma ênclise pouco usual, mas não há desvio da norma.
A alternativa C está incorreta, pois todos os pronomes estão usados de forma adequado segundo
a norma.
A alternativa D está incorreta, pois todos os pronomes estão usados de forma adequado segundo
a norma.
Gabarito: A
(AFA - 2013)
A MAÇÃ DE OURO
BARRUCHO, Luís Guilherme & TSUBOI, Larissa. A maçã de ouro. In: Revista Veja, 02 de jun. 2010,
p.187. Adaptado.
Assinale a alternativa em que o termo retomado pelo mecanismo coesivo em destaque foi
corretamente indicado entre parênteses:
a) “Isso começou a mudar quando Steve Jobs...” (ref. 4) – (fazia produtos inovadores)
d) “A marca, para além da disputa pessoal entre os maiores gênios da economia, coroa a estratégia
definida por Jobs.” (ref. 7) – (Steve Jobs, Bill Gates, Michael Dell)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois, a partir de trecho extraído do texto “Fazia produtos
inovadores, mas que vendiam pouco. Isso começou a mudar quando Steve Jobs, um de seus
fundadores”, observa-se que o pronome demonstrativo retoma a expressão Fazia produtos
inovadores, mas que vendiam pouco, ou seja, uma expressão maior do que a indicada pela
alternativa..
A alternativa B está incorreta, pois, a partir de trecho extraído do texto “Quando ele retornou à
Apple, tamanha era a descrença no futuro da empresa que Michael Dell, fundador da Dell, afirmou
que o melhor a fazer era fechar as portas e devolver o dinheiro a seus acionistas”, observa-se que
o pronome possessivo retoma Apple, a empresa que detém os acionistas.
A alternativa C está correta, pois o pronome relativo tem valor restritivo, e se refere, de fato, a
Steve Jobs, que foi o fundador afastado da empresa.
A alternativa D está incorreta, pois, a partir de trecho extraído do texto “Na sexta-feira, a empresa
de Jobs tinha valor de mercado de 233 bilhões de dólares, contra 226 bilhões de dólares da
companhia de Bill Gates./ A Marca, para além da disputa pessoal entre os maiores gênios da nova
economia, coroa a estratégia definida por Jobs”, nota-se que a expressão se refere a Steve Jobs e
Bill Gates, que travaram disputa pessoal e comercial.
Gabarito: C
Texto I
O silêncio incomoda
1Como trabalho em casa, assisto a um grande número de jogos e programas esportivos, alguns
porque gosto e outros para me manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais, filmes,
programas culturais (são pouquíssimos) e também, por curiosidade, muitas coisas ruins. Estou
viciado em televisão.
Não suporto mais ver 25tantas tragédias, crimes, violências, falcatruas e tantas politicagens para a
realização da Copa de 2014.
Estou sem paciência 20para assistir a tantas partidas tumultuadas no Brasil, consequência do estilo
de jogar, da tolerância com a violência e do ambiente bélico em 14que 9se transformou o futebol,
dentro e fora do campo.
Na transmissão das partidas, 30 fala-se e grita-se demais. Não há um único instante de silêncio,
nenhuma pausa. O barulho é cada dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e em
quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas.
É óbvio 15que informações e estatísticas são importantíssimas. Mas exageram. 2Fala-se 26muito,
mesmo com a bola rolando. Impressiona-me 18como 10se formam conceitos, dão opiniões, baseados
em estatísticas 13que têm pouca ou nenhuma importância.
Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV Globo deu a 6“grande notícia”, 21que Neymar
foi o primeiro jogador brasileiro a marcar dois gols contra a Escócia em uma mesma partida.
22Parece haver uma disputa para saber 19quem dá mais informações e estatísticas, e outra, entre os
narradores, 3para saber quem grita gol mais 23alto e 24prolongado. 11Se dizem 16que a imagem vale
mais que mil palavras, por que se fala e se grita tanto?
21Outra discussão 27chata, durante e após as partidas, é 8se um jogador teve a intenção de colocar a
mão na bola e de fazer pênalti, e se outro teve a intenção de atingir o adversário. Com raríssimas
exceções, 4ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para querer quebrar o outro jogador.
7O que ocorre, com frequência, é 5o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do
outro. O impulso está à frente da consciência. Não sou também tão ingênuo para achar 17que todas
as faltas violentas são involuntárias.
Não dá para o árbitro saber 12se a falta foi intencional ou não. Ele precisa julgar o fato, e não a
intenção. Eles precisam ter também bom senso, o que é raro no ser humano, para saber a gravidade
das faltas. 29Muitas parecem 28iguais, mas não são. Ter critério não é unificar as diferenças.
Texto II
O ídolo
Em um belo dia, a deusa dos ventos beija o pé do homem, o maltratado, desprezado pé, e, desse
beijo, nasce o ídolo do futebol. 7Nasce em berço de palha e barraco de lata e vem ao mundo
abraçado a uma bola.
1Desde que aprende a andar, sabe jogar. Quando criança, alegra os descampados e os baldios, joga
e joga e joga nos ermos dos subúrbios até que a noite cai e ninguém mais consegue ver a bola, e,
quando jovem, voa e faz voar nos estádios. Suas artes de malabarista convocam multidões, domingo
após domingo, de vitória em vitória, de ovação em ovação.
4A bola 13o procura, 14o reconhece, precisa dele. No peito de 18seu pé, ela descansa e se embala. 6Ele
19lhe dá brilho e 20a faz falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam. 11 Os Zé
Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém, podem sentir-se alguém por um momento,
por obra e graça desses passes devolvidos num toque, 16essas fintas que desenham os zês na grama,
17esses golaços de calcanhar ou de bicicleta: quando ele joga o time tem doze jogadores.
22Mas o ídolo é ídolo apenas por um momento, humana eternidade, coisa de nada; e quando chega
a hora do azar para o pé de ouro, a estrela conclui sua viagem do resplendor à escuridão. 3Esse corpo
está com mais remendos que roupa de palhaço, o acrobata virou paralítico, o artista é uma besta:
— Múmia!
Às vezes, o ídolo não cai inteiro. 5E, às vezes, 2quando 9se quebra, a multidão 21o devora aos pedaços.
(Eduardo Galeano. Futebol, ao sol e à sombra.)
(AFA - 2012)
“Os Zé Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém, podem sentir-se alguém por um
momento, por obra e graça desses passes devolvidos num toque, essas fintas que desenham os zês
na grama...” (ref. 11, texto II)
De acordo com a análise morfossintática dos termos sublinhados abaixo, pode-se concluir que está
INCORRETA a afirmativa:
a) em Zé Ninguém, há uma derivação imprópria, já que foi utilizado um pronome indefinido como
substantivo próprio.
b) em “A fonte da felicidade pública se transforma no para-raios do rancor público”, (ref. 12, texto
II), a expressão grifada é predicativo do sujeito.
c) o substantivo destacado em “... esses golaços de calcanhar ou de bicicleta...” foi formado a partir
de sufixação.
d) caso antes da locução “... podem sentir-se alguém...”, houvesse uma palavra negativa, o pronome
se teria que, obrigatoriamente, vir antes do verbo poder.
Comentários:
A alternativa C está incorreta, pois o substantivo golaços é formado pela sufixação do palavra gol
com o sufixo -aços. Logo, a afirmação está CORRETA.
A alternativa D está correta, pois, caso o verbo podem fosse antecedido por palavra negativa,
seriam possíveis duas situações para o pronome oblíquo: próclise em relação a podem – não se
podem sentir alguém…; ênclise em relação a sentir – não podem sentir-se alguém… . Logo, a
afirmação está INCORRETA.
Gabarito: D
(AFA - 2012)
Assinale a alternativa na qual a palavra QUE tem a mesma classificação morfológica que a destacada
em:
“...baseados em estatísticas que têm pouca ou nenhuma importância.” (ref. 13, texto I)
c) “Se dizem que a imagem vale mais que mil palavras...” (ref. 16, texto I)
d) “... para achar que todas as faltas violentas são involuntárias.” (ref. 17, texto I)
Comentários:
A alternativa A está correta, pois o termo que na oração do enunciado exerce função morfológica
de pronome relativo, retomando a expressão estatísticas, assim como ocorre com o termo que
da alternativa, que retoma a expressão ambiente bélico. Assim, o termo recebe mesma
classificação em ambas situações.
A alternativa B está incorreta, pois o termo que desempenha função morfológica de conjunção
subordinada integrante, podendo ser substituído por isso (para verificação), com devidas
adaptações.
A alternativa C está incorreta, pois o termo que desempenha função morfológica de conjunção
subordinada integrante, podendo ser substituído por isso (para verificação), com devidas
adaptações.
A alternativa D está incorreta, pois o termo que desempenha função morfológica de conjunção
subordinada integrante, podendo ser substituído por isso (para verificação), com devidas
adaptações.
Gabarito: A
(AFA - 2012)
Assinale a única alternativa em que a palavra SE recebe a mesma classificação morfossintática que
a destacada em:
“Outra discussão chata, durante e após as partidas, é se um jogador teve a intenção...” (ref. 8, texto
I)
a) “...ambiente bélico em que se transformou o futebol, dentro e fora de campo.” (ref. 9, texto I)
d) “Não dá para o árbitro saber se a falta foi intencional ou não.” (ref. 12, texto I)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois há uma construção sintática na voz passiva, de modo que se é
partícula apassivadora.
A alternativa B está incorreta, pois há uma construção sintática na voz passiva, de modo que se é
partícula apassivadora.
A alternativa C está incorreta, pois, a partir do trecho extraído Se dizem que a imagem vale mais
que mil palavras, por que se fala e se grita tanto?, percebe-se que a oração da alternativa tem
sentido de causa. Logo, se é uma conjunção subordinativa causal.
(AFA - 2012)
As palavras abaixo destacadas foram utilizadas para introduzir orações subordinadas substantivas.
Porém, em somente uma opção, essa relação sintática foi estabelecida por uma conjunção
integrante própria. Assinale-a.
a) “Impressiona-me como se formam conceitos, dão opiniões, baseados em estatísticas...” (ref. 18,
texto I)
b) “Parece haver uma disputa para saber quem dá mais informações e estatísticas...” (ref. 19, texto
I)
c) “Estou sem paciência para assistir a tantas partidas tumultuadas no Brasil.” (ref. 20, texto I)
d) “Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV Globo deu a “grande notícia”, que
Neymar...” (ref. 21, texto I)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois como é um advérbio, o qual introduz uma oração classificada
como subordinada integrante justaposta. Assim, a oração não apresenta uma conjunção
integrante própria.
A alternativa B está incorreta, pois quem é um pronome, o qual introduz uma oração classificada
como subordinada integrante justaposta. Assim, a oração não apresenta uma conjunção
integrante própria.
A alternativa C está incorreta, pois para é uma preposição que complementa o sentido do
substantivo paciência, introduzindo uma oração classificada como subordinada substantiva
completiva reduzida do infinitivo (devido ao verbo assistir). Assim, a oração não apresenta uma
conjunção integrante própria.
A alternativa D está correta, pois o termo que é uma conjunção subordinativa integrante própria
(em geral, os termos que e se desempenham função de conjunção integrante própria), que
introduz uma oração subordinada integrante. A verificação se faz substituindo a conjunção pelo
termo isso, com as devidas adequações interpretativas.
Gabarito: D
Daniella Cornachione
1Quando o jornalista Otto Lara Resende, diante das câmeras de TV, pediu ao dramaturgo Nelson
Rodrigues que desse um conselho aos jovens telespectadores, a resposta foi contundente:
“Envelheçam!”. A recomendação foi dada no programa de entrevistas Painel, exibido pela Rede
Globo em 1977. Pelo menos no quesito trabalho, os brasileiros perto dos 20 anos de idade parecem
dispensar o conselho. 9Apesar de começarem a procurar emprego num momento de otimismo
econômico, quase eufórico, os jovens brasileiros têm expectativas de carreira bem menos idealistas
que os americanos e europeus — e olha que por lá eles estão enfrentando uma crise brava. É o que
revela uma pesquisa da consultoria americana Universum, feita em 25 países. (...). No estudo,
chamado Empregador ideal, universitários expressam seus desejos em relação às empresas, em
diversos quesitos. O Brasil é o primeiro país sul-americano a participar -- foram entrevistados mais
de 11 mil universitários no país de fevereiro a abril.
11De acordo com o estudo, 4dois em cada três universitários brasileiros acham que o empregador
ideal oferece, em primeiro lugar, treinamento e desenvolvimento — quer dizer, a possibilidade de
virar um profissional melhor. A mesma característica é valorizada só por 38% dos americanos, que
colocam no topo das prioridades, neste momento, a estabilidade no emprego. 3Os brasileiros
apontaram como segundo maior objetivo a possibilidade de empreender, criar ou inovar, numa
disposição para o risco que parece estar diminuindo nos Estados Unidos.
trabalha há um ano e meio em uma empresa de administração de patrimônio, mas acha improvável
construir a carreira numa mesma companhia, assim como metade dos estudantes brasileiros
entrevistados pela Universum. 2Entre as boas qualidades de um empregador, os universitários
incluem seu sucesso econômico e a valorização que ele confere ao currículo. “A gente sabe que não
vai ficar 40 anos em um mesmo lugar, por isso já se prepara para coisas novas”, diz Mosaner.
7Apesar de mais pragmáticos, os universitários brasileiros, assim como os americanos e europeus,
8consideram como objetivo máximo equilibrar trabalho e vida pessoal. 6Quem pensa em americanos
como viciados em trabalho e em europeus como cultivadores dos prazeres da vida talvez precise
reavaliar as crenças diante da geração que está saindo da faculdade: o bom balanço entre trabalho
e vida pessoal é a meta número um de 49% dos brasileiros, 52% dos europeus e... 65% dos
americanos.
(AFA - 2011)
a) “Uma pesquisa inédita mostra como pensam os jovens que estão entrando no mercado de
trabalho.” (ref.5)
b) “Quem pensa em americanos como viciados em trabalho...” (ref.6)
d) “... consideram como objetivo máximo equilibrar trabalho e vida pessoal.” (ref.8)
Comentários:
A alternativa A está correta, pois o termo como introduz uma oração subordinada substantiva
objetiva direta (como pensam os jovens), de modo que é classificado como conjunção
subordinativa integrante. Para verificação, basta trocar a oração por isso, percebendo que o
sentido é preservado.
A alternativa B está incorreta, pois o termo como desempenha função de preposição (pois
introduz um complemento do verbo pensa dentro da oração), e como sua classe gramatical
original é advérbio, é classificado como preposição acidental.
A alternativa C está incorreta, pois como estabelece uma comparação, sendo uma locução
conjuntiva de comparação.
A alternativa D está incorreta, pois o termo como desempenha função de preposição (pois
complementa o verbo consideram com objetivo máximo, que é predicativo do objeto trabalho e
vida pessoal), e assim como na alternativa A, é classificado como preposição acidental.
Gabarito: A
(AFA - 2011)
b) A resposta de Nelson Rodrigues – quando o jornalista Otto Lara Resende, diante das câmeras de
TV, pediu-lhe que desse um conselho aos jovens telespectadores – foi incisiva: Envelheçam! (ref.1)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a reescrita manteve o sentido original, sem cometer desvios
gramaticais. Tem-se o trecho original para comparação:
A alternativa B está incorreta, pois a reescrita manteve o sentido original, sem cometer desvios
gramaticais. Tem-se o trecho original para comparação:
Quando o jornalista Otto Lara Resende, diante das câmeras de TV, pediu ao dramaturgo Nelson
Rodrigues que desse um conselho aos jovens telespectadores, a resposta foi contundente:
“Envelheçam!”
A alternativa C está correta, pois a substituição da preposição acidental como (ver frase original
ao final) pelo advérbio conforme causou mudança de sentido, de modo que a reescrita não pode
ser compreendida devido a essa mudança. Tem-se a oração original, com o termo modificado
grifado, para comparação:
A alternativa D está incorreta, pois a reescrita manteve o sentido original, sem cometer desvios
gramaticais. Tem-se o trecho original para comparação:
(AFA - 2011)
Comentários:
A alternativa A está correta, pois trabalho desempenha papel de sujeito, uma vez que o verbo se
vincula a ele, e como a locução verbal precisa ser é de ligação, desafiador é predicativo do sujeito,
caracterizando o sujeito.
A alternativa B está incorreta, pois, embora ocorra dígrafo nos encontros en e ss, não ocorre em
pr, que é um encontro consonantal.
A alternativa C está incorreta, pois embora ocorra ditongo nos encontros ão (ditongo nasal
decrescente) e ei (ditongo decrescente), não ocorre em ia, que é um hiato (di-a).
A alternativa D está incorreta, pois introduz ideia de conformidade, podendo ser substituído por
conforme.
Gabarito: A
(AFA - 2011)
Daniella Cornachione
A busca desse equilíbrio é considerada uma característica básica dos trabalhadores mais jovens,
com idades entre 18 e 29 anos — faixa apelidada de Geração Y. 2Dividir os profissionais por grupos
etários é útil para as consultorias de recursos humanos 3como uma forma de perceber mudanças no
comportamento e nos interesses das pessoas e ajudar as empresas a atrair e 7manter os
trabalhadores que elas considerem mais valiosos. Por exemplo, os profissionais nascidos nos anos
70 e 80 4formam a Geração X, assim chamada porque parecia ser uma incógnita em termos de
comportamento. “A Geração X chegou à adolescência quando as revoluções já estavam feitas, e as
grandes causas mundiais mais ou menos resolvidas”, afirma Carlos Honorato, pesquisador do grupo
especializado em tendências Profuturo, da Fundação Instituto de Administração (FIA). 5Apesar
disso, os Xs brasileiros cresceram ouvindo falar em inflação, dívida externa e planos econômicos
fracassados. 6Por isso, têm mais apego ao sonho do emprego estável e da maior segurança
financeira possível para a família e os filhos. Isso explica muito sobre a Geração Y.
Os Ys cresceram em ambiente bem diferente, com estabilidade econômica, inflação sob controle,
globalização e oportunidades abertas. Convivem com a internet desde a infância e se acostumaram
às decisões coletivas, ao debate sempre aberto, à interação permanente. Nas empresas, eles vêm
sendo considerados, numa interpretação favorável, como questionadores; numa interpretação não
tão favorável, como insolentes. “É uma geração mais aberta a novas possibilidades, que tem muito
compromisso consigo mesma. 1Se o jovem não estiver satisfeito com o trabalho ou quiser outras
oportunidades, não fica na empresa”, afirma Sara Behmer, presidente da consultoria de recursos
humanos Voyer e professora da Brazilian Business School.
a) “Por isso, têm mais apego ao sonho do emprego estável...” (ref.6). A função do termo destacado
é conectar períodos que apresentam uma relação de adição entre as ideias.
b) “Apesar disso, os Xs brasileiros cresceram ouvindo...” (ref.5). A expressão destacada tem por
função apresentar uma ideia de alternância para a afirmação feita no período anterior.
c) “... manter os trabalhadores que elas considerem mais valiosos.” (ref.7). O termo destacado
remete-se a trabalhadores e desempenha a função sintática de objeto direto na oração em que se
encontra.
d) “...e querem ter funções cujo objetivo seria o bem maior da sociedade.” (ref.8). O termo
destacado pode ser substituído por em que o sem que a norma padrão seja desacatada.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o conectivo estabelece um sentido de conclusão entre as ideias
dos períodos.
A alternativa C está correta, pois que é um pronome relativo, que retoma o substantivo
trabalhadores e pode ser substituído por os quais. Além disso, o pronome exerce função sintática
de objeto direto para o verbo consideram (de sujeito elas).
A alternativa D está incorreta, pois o pronome relativo cujo estabelece um sentido de posse entre
funções e objetivo, tendo função sintática de adjunto adnominal. A substituição do pronome por
em que o levaria a mudança de sentido, dado que a estrutura exerce função adverbial.
Gabarito: C
Comentários
Alternativa A: incorreta. Nesse caso, temos uma alternativa em que o uso diante de palavra masculina é
liberado, visto que o pronome inicia-se por vogal “a”. Como temos um objeto indireto nesse caso, a crase
se mostra obrigatória para unir preposição e vogal igual.
Alternativa B: correta. Nessa alternativa, há erro no uso da crase diante de palavra masculina. Além disso,
não há correlação entre singular e plural, indicando que não existe o artigo no trecho.
Alternativa C: incorreta. Nesse caso, a aluna é específica e, por isso, pede o uso do artigo. Como o verbo
“referir-se” é um verbo transitivo indireto que rege a preposição “a”, temos a crase sendo usada
corretamente.
Alternativa D: incorreta. Nesse caso, a crase apresenta-se como obrigatória, dado que a primeira “hora”
é determinada pelo artigo “as”, que se une à preposição “de”. É um caso de paralelismo sintático.
Gabarito: B
(Estratégia Militares 2020 – Inédita)
Comentários
Alternativa A: incorreta. Nesse caso, temos o “que” funcionando como uma conjunção integrante, que
introduz uma oração subordinada substantiva.
Alternativa B: incorreta. Nesse caso, temos uma subordinação adverbial e o “que” se une ao “tanto” para
indicar uma consequência. Cuidado com essas relações.
Alternativa C: correta. O vocábulo “em que”, por introduzir uma oração subordinada adjetiva, deve ser
classificada como um pronome relativo. Perceba que há uma relação bastante clara de determinação do
nome escola.
Alternativa D: incorreta. Nesse caso, o elemento “que”, o qual pode confundir a classificação com o
pronome relativo, tem valor coordenativo de explicação, ocorrendo em lugar do “porque”. Isso é muito
comum na fala. Fique sempre atento.
Gabarito: C
a) Eles enviaram suas notas àqueles alunos que fizeram recurso de revisão.
b) Nós sempre comemos o mesmo filé à Chateaubriand que nossos pais comiam.
c) Nossa discussão é com relação à senhora, dona Judite. Vamos resolver tudo, não se preocupe.
e) Às vezes, queremos aprender muitas coisas ao mesmo tempo e isso nos atrapalha.
Comentários
Alternativa A: incorreta. O uso dessa crase é obrigatório, dado que o verbo enviar, para a construção de
seu objeto indireto, rege a preposição “a”. Como a expressão começa com “aqueles”, que se inicia com
“a”, temos a obrigatoriedade desse uso.
Alternativa B: incorreta. Como temos a palavra “moda” implícita antes do nome (ainda que masculino), é
necessário e obrigatório que tenhamos a crase.
Alternativa C: correta. Essa alternativa é a resposta, porque, antes de pronomes de tratamento femininos,
o uso do artigo definido “a” é facultativo, fazendo com que o sinal indicativo de crase também seja
facultativo. Destacamos que é o artigo que fica facultativo e não a preposição, essa sempre obrigatória.
Alternativa D: incorreta. Nesse caso, a palavra “acesso” seleciona complemento nominal introduzido pela
preposição “a”. E, como a palavra que o inicia é também com “a”, a crase se torna obrigatória.
Alternativa E: incorreta. Na expressão “às vezes”, o uso da crase é obrigatório sempre. Inclusive, vale
destacar que essa expressão deve ser sempre isolada do restante da frase, seja por uma vírgula, como no
caso, seja por duas delas.
Gabarito: C
(Estratégia Militares 2020 – Inédita)
No trecho “Um dos problemas que enfrentamos em relação à arte hoje é que precisamos entendê-
la, mas isso só pode acontecer de um jeito diferente de como a entendíamos em outras épocas”
(1º§), os termos destacados devem ser classificados, respectivamente, como
Comentários
Alternativa A: incorreta. Há uma inversão entre a classificação do primeiro e do segundo termos, que são,
respectivamente, pronome relativo e conjunção integrante (ligado à natureza da oração que introduzem).
A última classificação também apresenta-se errada, dado que o termo é um pronome oblíquo.
Alternativa B: correta. O primeiro elemento destacado introduz uma oração subordinada adjetiva e, por
isso, deve ser classificado como um pronome relativo (que sempre desempenha funções sintáticas e
introduz esse tipo de oração. O segundo, por sua vez, introduz uma oração subordinada substantiva, com
classificação predicativa, sendo, então, uma conjunção integrante. Por fim, o “a” destacado é um
pronome que retoma “arte” e, por isso, não deve ser confundido com um artigo definido feminino.
Alternativa D: incorreta. O primeiro elemento destacado introduz uma oração subordinada adjetiva e, por
isso, deve ser classificado como um pronome relativo (que sempre desempenha funções sintáticas e
introduz esse tipo de oração. O segundo, por sua vez, introduz uma oração subordinada substantiva, com
classificação predicativa, sendo, então, uma conjunção integrante. Por fim, o “a” destacado é um
pronome que retoma “arte”.
Alternativa E: incorreta. O primeiro elemento destacado introduz uma oração subordinada adjetiva e, por
isso, deve ser classificado como um pronome relativo (que sempre desempenha funções sintáticas e
introduz esse tipo de oração. O segundo, por sua vez, introduz uma oração subordinada substantiva, com
classificação predicativa, sendo, então, uma conjunção integrante. Por fim, o “a” destacado é um
pronome que retoma “arte” e, por isso, não deve ser confundido com um artigo definido feminino.
Gabarito: B
(Estratégia Militares 2020 – Inédita)
As conjunções destacadas em “A loucura da arte sempre foi a mais perigosa, porque ela podia mudar
a sensibilidade das pessoas e assim ensinar um outro jeito de ver o mundo” não podem ser
substituídas por
a) portanto e contudo.
Comentários
Alternativa A: correta. As conjunções apresentadas não podem substituir as destacadas no texto, porque
a primeira apresenta leitura de explicação, enquanto “portanto” é uma leitura de conclusão. A segunda,
por sua vez, é uma leitura de conclusão, enquanto “contudo” apresenta leitura de adversidade.
Alternativa C: incorreta. As duas conjunções apresentam leitura correta, quando colocadas em relação
àquelas apresentadas no trecho em destaque. Atente-se para o fato de que o “logo”, usualmente aparece
entre vírgulas.
Alternativa D: incorreta. As duas conjunções conseguem manter a relação estabelecida no trecho original.
É importante destacar que, caso se utilize a conjunção “e” antes do “por isso”, esse deverá vir isolado por
vírgulas.
Alternativa E: incorreta. As duas conjunções apresentam a mesma leitura semântica daquela encontrada
no trecho destacado. Contudo, vale destacar, ainda, que a conjunção explicativa “já que” é considerada,
por muitos, como uma marca de oralidade.
Gabarito: A
(Estratégia Militares 2020 – Inédita)
Em “Ela ocorre num panorama no qual a maioria dos objetos ainda são os mesmos que conhecemos”
os elementos destacados são, respectivamente,
a) um pronome relativo, com valor de objeto indireto; e uma conjunção integrante, sem valor
sintático.
b) um pronome relativo, com valor de adjunto adverbial; e um pronome relativo, com valor sintático
de sujeito.
d) uma conjunção integrante, sem função sintática; e um pronome relativo, com valor sintático de
sujeito da oração.
e) uma conjunção coordenativa explicativa, sem valor sintático; e uma conjunção integrante, sem
valor sintático também.
Comentário
Alternativa A: incorreta. Os dois elementos são pronomes relativos, logo, desempenham funções
sintáticas dentro das orações que introduzem, sempre adjetivas. Apesar da incorreção na classificação do
segundo termo, as conjunções integrantes realmente não desempenham função sintática.
Alternativa C: incorreta. Como visto, ambos os elementos são pronomes relativos, o primeiro um adjunto
adverbial de lugar e o segundo um sujeito da oração que introduz.
Alternativa D: incorreta. Como visto, ambos os elementos são pronomes relativos, o primeiro um adjunto
adverbial de lugar e o segundo um sujeito da oração que introduz. Mais uma vez, vale o destaque para o
fato de que, como pronomes, sempre desempenharem função sintática e, caso fossem conjunções, essas
funções desapareceriam.
Alternativa E: incorreta. Como visto, os dois elementos são pronomes relativos (e introduzem sempre
orações adjetivas), o primeiro um adjunto adverbial de lugar e o segundo um sujeito da oração que
introduz. Mais uma vez, vale o destaque para o fato de que, como pronomes, sempre desempenharem
função sintática e, caso fossem conjunções, essas funções desapareceriam.
Gabarito: B
(Fuzileiro Naval - 2018)
Nas frases: ” Por que as listras da pasta de dente não se misturam dentro do tubo?“ - título do texto
4 - e ” (…) encontramos o gel colorido que dá forma às listras.“- linhas 7 e 8- qual a função sintática
da partícula que, respectivamente?
Comentários:
Em “Por que as listras da pasta de dente não se misturam dentro do tubo?” temos:
“que” pronome relativo, substituindo “gel colorido”. Se substituído pelo termo correspondente, temos:
“O gel colorido dá forma às listras”.
Gabarito: E
(Fuzileiro Naval- 2018)
O violão e o vilão
a viola e o violão.
e da Olívia o violão.
O violão duvidava
vela a vida
Violeta violada
(Cecília Meireles)
Na seguinte frase retirada do texto : “O violão da Olívia dava vida à vila, à vila dela.”- linhas 6 e 7 –
os acentos indicativos de crase são utilizados para unir a preposição “a” do verbo “dava” com o
artigo feminino “a” da palavra “vila”.
Irei __ Rússia para assistir __ final da Copa do Mundo. __ partida irá ocorrer __ 18 horas do horário
da Rússia.
A) a, a, a, as.
B) à, à, a, às.
C) à, à, a, as.
D) a, a, a, às.
E) a, à, a, as.
Comentários:
A primeira lacuna deve ser preenchida com “à”. Ir aqui demanda preposição “a” e Rússia é uma palavra
feminina singular, logo, demanda artigo feminino definido.
A segunda lacuna deve ser preenchida com “à”. Assistir demanda preposição “a” e final é uma palavra
feminina singular, logo, demanda artigo feminino definido.
A terceira lacuna deve ser preenchida com “A”. Aqui apenas há a necessidade de um artigo definido “a”
para anteceder “partida”.
A quarta lacuna deve ser preenchida com “às”. A determinação de horas exige o uso do “às”.
Gabarito: B
FUGA
Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um
barulho infernal.
Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: Não estava
fazendo barulho, estava só empurrando uma cadeira.
A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente, o pai olhou ao redor e
não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
- Viu um menino saindo desta casa? - gritou para o operário que descansava diante da obra do outro
lado da rua, sentado no meio-fio.
Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro. A
trouxa, arrastada no chão, ia deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço
de biscoito e – saíra de casa desprevenido – uma moeda de 1 cruzeiro. Chamou-o, mas ele apertou
o passinho, abriu a correr em direção à avenida, como disposto a atirar-se diante do lotação que
surgia a distância.
- Que susto você me passou, meu filho – e apertava-o contra o peito fora de si.
- Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai. - Me larga. Eu quero ir embora.
Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala – tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua
e retirar a chave, como ele fizera com a da despensa.
E o barulho recomeçou.
(Fernando Sabino)
Nas frases “ (…) gritou para o operário que descansava diante da obra do outro lado da rua (…)” -
linhas 27 e 28 - e na frase “- Que susto você me passou, meu filho –“ - linha 48 - qual a função
sintática da partícula que, respectivamente?
Comentários:
Em “gritou para o operário que descansava diante da obra do outro lado da rua”, “que” tem valor de
pronome relativo, substituindo a palavra “operário”.
Em “Que susto você me passou, meu filho”, “que” é advérbio de intensidade, aprofundando o sentido de
“susto”, indicando que foi muito grande.
Gabarito: E
(Fuzileiro Naval - 2017)
Embora construções como esta sejam comuns na linguagem coloquial, a posição do pronome
oblíquo átono “me” na frase: “- Me larga.” - linha 56 - não está correta, segundo a norma culta da
língua. Dessa forma, assinale abaixo a frase que também está INCORRETA quanto a colocação
pronominal.
B) Amar-te-ei eternamente.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o “que” atrai o pronome, logo está correta.
A alternativa B está incorreta, pois o futuro demanda o uso da mesóclise, logo, está correta.
A alternativa C está incorreta, pois como “magoar” está no infinitivo impessoal está correto o uso da
ênclise.
A alternativa D está incorreta, pois o adjunto adverbial “hoje” atrai o pronome, logo, está correta.
A alternativa E está correta, pois em frases que exprimem desejo a próclise é obrigatória.
Gabarito: E
“Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras (...)” – linhas 12 e 13.
Observe que o acento indicativo de crase foi utilizado corretamente. Para que as frases abaixo
fiquem igualmente corretas, preencha as lacunas utilizando o mesmo acento, quando necessário, e
assinale a alternativa correta.
“Comunico __ V.Sa. que encaminhamos __ petição anexa __ Divisão de Pagamento que está apta
__ prestar __ informações solicitadas.”
A) a, a, à, a, as
B) à, a, à, a, às
C) a, à, a, à, as
D) à, à, a, à, às
E) à, a, à, à, as
Comentários:
A primeira lacuna deve ser preenchida com “a”. Não se usa crase antes de pronomes de tratamento.
A segunda lacuna deve ser preenchida com “a”. Aqui é preciso apenas o uso do artigo antes de “petição”.
A terceira lacuna deve ser preenchida com “à”. “encaminhamos” é um verbo transitivo direto e indireto.
“petição” é objeto direto e “à Divisão de Pagamentos” ocupa posição de objeto indireto.
A quarta lacuna deve ser preenchida com “a”. Aqui é preciso apenas o uso da preposição, já que não há
artigo antes de verbo.
A quinta lacuna deve ser preenchida com “as”. “prestar” é u verbo transitivo direto, logo, não demanda
uso de preposição.
Gabarito: A
Considere a frase:
Assinale a opção que, obrigatoriamente, também deve receber esse sinal gráfico.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o uso de crase antes de nomes de cidades só é obrigatório quando há
um elemento especificador.
A alternativa B está correta, pois o verbo “estudar” não exige uso de preposição.
A alternativa C está incorreta, pois não se usa crase antes de pronomes de tratamento.
A alternativa D está correta, pois o verbo “visar” no sentido de “almejar” demanda uso de preposição.
Logo, a grafia correta seria “Visando à vitória”.
A alternativa E está incorreta, pois “levar” nesse contexto não demanda uso de preposição.
Gabarito: D
(Fuzileiro Naval)
- Falar português não é difícil – me diz um francês residente no Brasil -, o diabo é que, mal consigo
aprender, a língua portuguesa já ficou diferente. Está sempre mudando.
E como! No Brasil as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Ainda bem a gente não
conseguiu aprender uma nova expressão, já vem o pessoal com outra.
Não é somente pela gíria que a gente é apanhado. (Aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto
do singular como do plural: tudo é 'a gente'.) A própria linguagem corrente vai-se renovando, e a
cada dia uma parte do léxico cai em desuso. É preciso ficar atento, para não continuar usando
palavras que já morreram, vocabulário de velho que só velho entende.
Os que falariam ainda em cinematógrafo, auto-ônibus, aeroplano, estes também já morreram e não
sabem. Mas uma amiga minha, que vive preocupada com este assunto, me chama a atenção para
os que falam assim:
- Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.
Os que acharem natural esta frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com um ator
que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestidos de roupa de banho em vez
de calção ou biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez
de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de
passear na calçada e percorrer um quarteirão em vez de uma quadra. Viajarão de trem de ferro
acompanhados de sua esposa ou sua senhora em vez de sua mulher.
A lista poderia ser enorme, mas vou ficando por aqui, pois entre escrever e publicar há tempo
suficiente para que tudo que eu disser caia em desuso – é dito e feito.
Considere a frase abaixo retirada do texto: “A própria linguagem corrente vai-se renovando (...)” -
linhas 14 e 15. O termo em destaque pode ser classificado como
B) substantivo.
C) pronome reflexivo.
D) partícula expletiva.
E) conjunção subordinativa integrante.
Comentários:
ATENÇÃO: A banca deu como correto o gabarito B. Essa opção, porém, é inviável, uma vez que a única
classe morfológica do “se” que pode ligar-se a verbo é o pronome – em situações muito específicas a
partícula expletiva. Logo, essa questão caberia recurso.
A alternativa A está incorreta, pois uma conjunção não pode se ligar a um verbo.
A alternativa B está incorreta, pois para que o “se” tivesse valor substantivo ele deveria ser precedido de
artigo.
A alternativa C está correta, pois aqui o “se” dá uma noção de reflexividade: a linguagem renova a si
mesma.
A alternativa D está incorreta, pois o “se” aqui não tem a função de reforçar uma ideia, as de denotar
reflexividade.
A alternativa E está incorreta, pois uma conjunção não pode se ligar a um verbo.
Gabarito: C
(EAM - 2019)
A) A desatenção à esse crivo da reflexão acarreta, por sua vez, a repetição de ideias prontas.
C) A relação com o absoluto que se dá por meio de substâncias é semelhante à que foi apresentada
sobre Deus.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o termo “esse” é masculino, além de ser pronome demonstrativo
iniciado com a letra “e”, logo, não admite uso de crase.
A alternativa B está incorreta, pois o termo “pessoas” está no plural, logo, não adite uso de crase.
A alternativa C está correta, pois aqui o termo craseado é formado por “semelhante a” e “a [relação] que
foi apresentada”, logo, demanda o uso do acento grave.
A alternativa E está incorreta, pois “dois” é um numeral cardinal, logo, não admite o uso de crase.
Gabarito: C
(EAM - 2018)
Pelo mar fomos descobertos e a partir do mar e dos rios consolidamos nossa independência e
fixamos as fronteiras ao norte, sul e a oeste; o que garantiu a integridade do nosso território, com
dimensões continentais. Também pelo mar e rios, ao longo de nossa história, nos defendemos das
mais graves agressões à soberania nacional.
Assim, entender a importância dos mares e rios exige a absorção de conhecimentos e percepções
que, normalmente, deixam de estar à disposição de significativa parte do Povo Brasileiro; porém,
cada vez mais, constatamos que é pela via marítima e hidrovias que trafegamos os produtos e
serviços essenciais à pátria.
O nosso Brasil, continental, guarda relação inseparável com os espaços oceânicos e ribeirinhos,
tanto devido à sua origem como por dispor de imensas riquezas que, seguramente, serão cada vez
mais importantes para o desenvolvimento de nosso País.
Em datas importantes, como o Dia Nacional da Amazônia Azul, sempre devemos atentar para os
conselhos de Rui Barbosa: “...mas não basta admirar: é preciso aprender e prosperar. O mar é o
grande avisador. Pô-lo Deus a bramir junto ao nosso sono, para nos pregar que não durmamos. Por
ora a sua proteção nos sorri, antes de se trocar em severidade...”
Em decorrência da relevância dos fatos históricos que nos associam ao mar e aos rios e da
magnitude das riquezas da Amazônia Azul, o Congresso Nacional, por meio da Lei n°13.187, de 2015,
instituiu o dia 16 de novembro como “O Dia Nacional da Amazônia Azul”.
[...]
Tendo em vista as diretrizes da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM)
e os estudos geopolíticos voltados para os oceanos, a “Oceano-política”, a Marinha do Brasil vem
consolidando o conceito político-estratégico “Amazônia Azul”, que insere em posição decisiva os
espaços oceânicos e ribeirinhos, sobre os destinos do Povo Brasileiro e na dinâmica das Relações
Internacionais.[...]
A relevância em proteger esse legado tem direcionado a Marinha do Brasil na consecução dos
seus programas estratégicos, entre outros: Programa Nuclear da Marinha, Programa de
Desenvolvimento de Submarinos, Programa de Construção das Corvetas Classe Tamandaré e
Obtenção da Capacidade Operacional Plena. Na atualidade, quando os desafios alcançam crescente
dinâmica e as ameaças ocorrem a partir de cenários sempre complexos e multifacetados, estarmos
preparados para defender a Amazônia Azul caracteriza condição imprescindível para que o País
preserve e amplie a sua prosperidade e exerça a sua soberania, quando for necessário. Vale destacar
que os programas estratégicos da Marinha do Brasil possuem forte sinergia com os setores
acadêmicos, industriais e empresariais.
[...]
Na ocasião em que comemoramos esta importante data, plena de envolvimentos com o noss o
passado e basilar para um presente e futuro, devemos exaltar tão valioso patrimônio; entretanto,
cônscios das dimensões que envolvem a Amazônia Azul: soberania nacional, diplomática,
econômica, ambiental, científica, tecnológica e de inovação, relembramos, mais uma vez, as
palavras de Rui Barbosa: “...O mar é um curso de força e uma escola de previdência. Todos os seus
espetáculos são lições: não os contemplemos frivolamente...”
BARBOSA JUNIOR, llques. ALTE ESQ. Dia Nacional da Amazônia Azul. Disponível em:
<https://www.marinha.mil.br/content/dia-nacional-da-amazonia-azul> - Acesso em 20 nov. 2017 -
Com adaptações.
A) “[...] tanto devido à sua origem como por dispor [...].” (3°§)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o pronome possessivo “sua” não demanda o uso obrigatório de crase,
mas não proíbe também. O uso é facultativo.
A alternativa D está incorreta, pois a expressão “estar à disposição” demanda o uso de crase.
Gabarito: A
(EAM - 2017)
No fragmento "Convivo com pessoas que amam o que fazem e se engrandecem cada vez que
percebem como são eficientes na missão de dar sentido à profissão.", o uso do acento indicador de
crase é obrigatório. Assinale a opção na qual isso também ocorre.
A) Muitas pessoas começam à trabalhar desde cedo, fazendo disso uma atividade prazerosa.
B) Sempre que vierem à terra, os marinheiros poderão passear, fazer compras e descansar.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois não se pode usar crase antes de verbo.
A alternativa B está incorreta, pois a palavra “terra” no sentido de terra firme não recebe artigo, logo, não
pode ter crase.
A alternativa C está correta, pois aqui há uma ordem indireta na oração. Se estivesse na ordem direta, a
oração seria “As atividades intelectuais devem se associar às atividades laborativas”. A expressão “devem
se associar a” demanda uso de preposição. O artigo “as” em atividades laborativas autoriza o uso da crase.
A alternativa D está incorreta, pois a palavra “mim” não autoriza o uso de crase.
A alternativa E está incorreta, pois a palavra “múltiplos” é masculina plural, logo, não autoriza uso de
crase.
Gabarito: C
(EAM - 2017)
Em “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida.", o
operador argumentativo destacado tem valor semântico de
A) causa.
B) adição.
C) concessão.
D) comparação.
E) consequência.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois não há aqui noção de causa. Não se pode, por exemplo, reescrever
esse trecho como “Escolha um trabalho que você ame porque não terá que trabalhar um único dia em
sua vida”.
A alternativa B está incorreta, pois ainda que o “e” seja um conectivo frequentemente usado para adição,
as duas ações não trazem noção de soma de ações, mas consequência: uma ação depende da outra para
acontecer.
A alternativa C está incorreta, pois não há aqui noção de concessão. Não se pode, por exemplo, reescrever
esse trecho como “Escolha um trabalho que você ame embora não terá que trabalhar um único dia em
sua vida”.
A alternativa D está incorreta, pois não há aqui noção de comparação. Não se pode, por exemplo,
reescrever esse trecho como “Escolha um trabalho que você ame como não terá que trabalhar um único
dia em sua vida”.
A alternativa E está correta, pois a ideia aqui é que a consequência de escolher um trabalho que se ama é
que o trabalho não parecerá ruim. O período pode ser escrito “Escolha um trabalho que você ame
consequentemente não terá que trabalhar um único dia em sua vida".
Gabarito: E
(EAM - 2016)
“A rede social digital mais utilizada, atualmente, começa a apresentar desgaste devido ao uso de
"correntes", pensamentos de autores que nem sempre são verídicos, comentários pagos por
partidos políticos e excesso de propagandas de empresas na comercialização de seus produtos e
serviços. Essas informações descaracterizam o que inicialmente seria utilizado para que as pessoas
se comunicassem.”
Em "Essas informações descaracterizam o que inicialmente seria utilizado para que as pessoas se
comunicassem." (5°§), o elemento coesivo destacado expressa a ideia de
A) condição.
B) concessão.
C) consequência.
D) proporcionalidade.
E) finalidade.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a comunicação não é a condição para o que ocorre na oração principal.
A alternativa B está incorreta, pois não há uma relação de concessão entre as orações.
A alternativa C está incorreta, pois não é a comunicação entre pessoas não é uma consequência, mas a
própria finalidade da oração principal.
A alternativa D está incorreta, pois não há uma relação de proporcionalidade entre as orações.
A alternativa E está correta, pois o conectivo aqui dá a ideia de finalidade; a finalidade de descaracterizar
o que inicialmente seria utilizado é garantir a comunicação entre as pessoas.
Gabarito: E
(EAM - 2015)
Assinale a opção em que a palavra sublinhada deve receber acento indicativo de crase.
A) Entregaram os documentos a você.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois pronomes de tratamento não autorizam o uso de crase.
A alternativa C está incorreta, pois “pé” é uma palavra masculina, logo, não autoriza uso de crase.
A alternativa D está correta, pois o verbo “chegar” demanda o uso de preposição e “Amazônia” é uma
palavra feminina singular, logo, é possível uso de crase.
A alternativa E está incorreta, pois expressões com palavras repetidas não autorizam uso de crase.
Gabarito: D
(EAM - 2015)
O nome Amazônia Azul, cunhado pela Marinha, designa a imensa região marítima contígua à
costa brasileira, cujos potenciais estratégico e econômico assemelham-se ao da Amazônia verde.
Pela Amazônia Azul circulam 95% do nosso comércio exterior e de lá são extraídos
aproximadamente 90% da produção brasileira de petróleo; também nesse espaço há uma intensa
atividade pesqueira.
A Marinha do Brasil detalhou como foi o funcionamento da Operação "Amazônia Azul", que se
estendeu por todo o território nacional.
A operação foi um exercício de grande escala que visou ao aprimoramento da fiscalização das
águas territoriais brasileiras e ao preparo da Força Naval durante a Copa do Mundo FIFA 2014. A
iniciativa envolveu 30 mil militares, 60 navios, 15 aeronaves e diversas embarcações das Capitanias
dos Portos, distribuídos por uma área de 3,5 milhões de Km2 ao longo da costa do País.
A operação encerrou-se no dia 22 de fevereiro e contou com a participação da Força Aérea
Brasileira (FAB), além de instituições como o Departamento de Policia Federal, a Secretaria de
Receita Federal, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), a Petrobrás e a Transpetro.
Qual opção apresenta um período cujas orações estabelecem entre si uma relação de causa e
consequência, evidenciada pelo uso do conectivo?
A) A Marinha detalhou a operação Amazônia Azul e explicou sua atuação na Copa do Mundo FIFA
2014.
C) A operação esteve a cargo não só da Marinha, mas também de outras instituições brasileiras.
D) Embora a Amazônia Azul tenha tanto potencial quanto a Amazônia verde, ainda é pouco
conhecida pelos brasileiros.
E) Uma vez que a operação Amazônia Azul visava à fiscalização de diversas regiões, contou com o
auxílio das demais forças
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois aqui há uma noção de adição entre as ações, que se somam para criar
a mensagem.
A alternativa B está incorreta, pois aqui há um relato de uma fala de alguém, mas não uma relação de
causa e consequência.
A alternativa C está incorreta, pois aqui há uma noção de somatória de informações, não de causa e
consequência.
A alternativa D está incorreta, pois aqui há uma noção de concessão, não de causa e consequência.
A alternativa E está correta, pois o conectivo “uma vez que” indica a ideia de causa e consequência.
Gabarito: E
Recebi, por e-mail, um convite para um evento literário. Aceitei, e logo a moça que me convidou
pediu meu número de Whatsapp para agilizar algumas informações. No dia seguinte, nossa
formalidade havia evoluído para emojis de coraçãozinho. No terceiro dia, eia iniciou a mensagem
com um "bom dia, amiga". Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-la pra festa.
Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário
deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra
mim, mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas
e das distâncias suprimidas: nunca fomos tão íntimos de todos.
Pena que esse mundo fofo é de faz de conta, intimidade, pra valer, exige paciência e convivência,
tudo o que, infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória:
as pessoas amam você, mesmo sem conhecê-la de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel
Dantas em entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que
eu sou".
Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha
um amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. Ele
não está nem aí para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é:
basta que você o adote.
A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos
uns aos outros, ofertamos um like e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de
profundo sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este
está realmente por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se
íntimo a seu modo. Já alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham
a pertencer à vida um do outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não exis te de modo
nenhum.
No trecho "Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha
um amigo na hora." (6°§), o pronome oblíquo só NÃO exerce a mesma função sintática que o
destacado em:
A) "Como não chamá-la para a próxima ceia de Natal aqui em casa?" (2°§)
B) "Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam
grávidas." (3°§)
C) "O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer." (6°§)
D) "Ele não está nem aí para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você
realmente é: baste que você o adote" (6°§)
E) "Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas amam você, mesmo sem conhecê-la de verdade."
(5°§)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois aqui há um verbo transitivo direto, ou seja, faz uso de objeto direto.
A alternativa B está correta, pois é a única alternativa que não apresenta objeto direto. “me” exerce
função de objeto indireto: Fotos de recém-nascidos são enviadas a mim por mulheres (...)”.
A alternativa C está incorreta, pois “achar” é um verbo transitivo direto, ou seja, faz uso de objeto direto.
A alternativa D está incorreta, pois “adotar” um verbo transitivo direto, ou seja, faz uso de objet o direto.
A alternativa E está incorreta, pois “conhecer” um verbo transitivo direto, ou seja, faz uso de objeto direto.
Gabarito: B
(Col. Naval - 2019)
Em "Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; [...]" (4°§), os vocábulos
em destaque apresentam, respectivamente, os seguintes valores semânticos:
A) adição / alternância.
B) causa / concessão.
C) adição / causa.
D) oposição/adição.
E) alternância / adição.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois não há aqui nem a noção de adição na primeira oração, nem de
alternância na segunda oração.
A alternativa B está incorreta, pois não há aqui nem a noção de causa na primeira oração, nem de
concessão na segunda oração.
A alternativa C está incorreta, pois não há aqui nem a noção de adição na primeira oração, nem de causa
na segunda oração.
A alternativa D está correta, pois o conectivo “mas” nesse caso indica oposição; e o “nem” equivale a “e
não”, ou seja, indica ideia de adição.
A alternativa E está incorreta, pois não há aqui a noção de alternância na primeira oração.
Gabarito: D
(Col. Naval - 2019)
Assinale a opção na qual o acento indicativo de crase foi utilizado de acordo com a modalidade
padrão.
A) O texto se refere somente à pessoas distantes geográfica e emocionalmente, mas que se julgam
próximas.
B) Algumas pessoas dizem coisas nas mídias digitais como se estivessem cara à cara com estranhos.
D) A autora apresenta à cada leitor várias situações para que ele mesmo reflita e aja de modo
diferente.
E) Existem pessoas que não conhecem pessoalmente a autora, mas lhe enviam mensagens à esmo.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois aqui há um uso incorreto da crase, já que “pessoas” está no plural.
A alternativa B está incorreta, pois expressões com palavras repetidas não autorizam uso de crase.
A alternativa C está correta, pois “dizer” nesse contexto demanda uso de preposição; e “pessoas” está no
plural, precedido de artigo feminino plural. Assim, é possível usar “às” nesse contexto.
A alternativa D está incorreta, pois o termo “cada leitor” é masculino e não autoriza uso de crase.
A alternativa E está incorreta, pois a palavra “esmo” é masculina, logo, não autoriza uso de crase.
Gabarito: C
Assinale a opção na qual a colocação do pronome em destaque NÃO obedece à modalidade padrão.
A) “O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer". (6°§)
B) Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp (...)".(1°§)
C) “[...], se você der atenção e o levar pra casa, ganha um amigo na hora.” (6°§)
D) “Como não chamá-la para a próxima ceia de Natal aqui em casa? ” (2° §)
E) " Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-la pra festa.” (1°§)
Comentários:
A alternativa C está incorreta, pois aqui há uma conjunção subordinativa (se) elíptica na oração: “e [se] o
levar pra casa”, demandando o uso de próclise.
A alternativa D está correta, pois a palavra negativa atrai pronome, logo, deveria ser utilizada a próclise.
Gabarito: D
Em que opção a palavra destacada tem classificação morfológica diferente das demais?
A) “Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou”. (5°§)
B) "Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp [...]”. (1°§)
C) “O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer.’’ (6°§)
D) "[...] me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. (3°§)
E) “[...] um drama parecido com o do filme, algo tão pessoal que ela só quis contar [...]” (2°§)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o “que” aqui é pronome relativo substituindo “pessoa”.
A alternativa B está incorreta, pois o “que” aqui é pronome relativo substituindo “moça”.
A alternativa C está incorreta, pois o “que” aqui é pronome relativo substituindo “coisa”.
A alternativa D está incorreta, pois o “que” aqui é pronome relativo substituindo “mulheres”.
A alternativa E está correta, pois diferente das demais, o “que” aqui é uma conjunção subordinativa
consecutiva, acompanhada de “tão” (tão... que).
Gabarito: E
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois não se pode iniciar oração com pronome. Após vírgulas se demanda o
uso de ênclise.
A alternativa C está incorreta, pois em construções com pronome interrogativo deve-se usar próclise.
Gabarito: B
(Col. Naval - 2016)
Encontros e desencontros
Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui perto de casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena
que já me tinham descrito. Um casal de meia idade se senta à mesa vizinha da minha. Feitos os
pedidos ao garçom, o homem, bem depressinha, tira o celular do bolso, e não mais o deixa, a
merecer sua atenção exclusiva. A mulher, certamente de saber feito, não se faz de rogada e apanha
um livro que trazia junto à bolsa. Começa a lê-lo a partir da página assinalada por um marcador.
Espichando o meu pescoço inconveniente (nem tanto, afinal as mesas eram coladinhas) deu para
ver que era uma obra da Martha Medeiros.
Desse modo, os dois iam usufruindo suas gulodices, sem comentários, com algumas reações
dele, rindo com ele mesmo com postagens que certamente ocorriam em seu celular. Até dois
estranhos, postos nessa situação, talvez acabassem por falar alguma coisa. Pensei: devem estar
juntos há algum tempo, sem ter mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada a
acrescentar, nada de novo ou surpreendente. E assim caminhava, decerto, a vida daquele casal.
O que me choca, mesmo observando esta situação, como outras que o dia a dia me oferece, é a
ausência de conversa. Sem conversa eu não vivo, sem sua força agregadora para trocar ideias, para
convencer ou ser convencido pelo outro, para manifestar humor, para desabafar sobre o que
angustia a alma, em suma, para falar e para ouvir. A conversa não é a base da terapia? Sei não, mas,
atualmente, contar com um amigo para jogar conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe
está roubando o sossego talvez não seja fácil. O tempo também, nesta vida corre-corre, tem lá
outras prioridades. Mia Couto é contundente: “Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta
comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. " Até se fala muito, mas ouvir o outro? Falo
de conversas entre pessoas no mundo real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele, até
que se conversa muito; porém, é tão diferente, mesmo quando um está vendo o outro. O
compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que nos proporciona a abrangência do outro, a
captação do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu humor...
Desse diálogo é que tanta gente está sentindo falta. Até por telefone as pessoas conversam,
atualmente, bem menos. Pelo whatsApp fica mais fácil, alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a
conversa? Conversa-se, sim, replicam. Será? Ou se trocam algumas palavras? Quando falo em
conversa, refiro-me àquelas que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto, a pularem de
assunto em assunto. O whatsApp é de graça, proclamam. Talvez um argumento que pode ser
robusto, como se diz hoje, a favor da utilização desse instrumento moderno.
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra: nos whatsApps se trocam mensagens por
escrito. Eu sei. Entretanto, língua escrita é outra modalidade, outro modo de ativar a linguagem, a
começar pela não copresença física dos interlocutores. No telefone, não há essa copresença física,
mas esse meio de comunicação não é impeditivo de falante e ouvinte, a cada passo, trocarem de
papéis e até mesmo de falarem ao mesmo tempo, configurando, pois, características próprias da
modalidade oral. Contudo, não se respira o mesmo ar, ainda que já se possa ver o outro. As pessoas
passaram a valer-se menos do telefone, e as conversas também vão, por isso, tornado-se menos
frequentes.
Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência com poucos companheiros, sem pauta, sem temas
censurados, sem se ter de esmerar na linguagem. Conversa sem compromisso, a não ser o de evitar
a chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões e momentos de solidariedade. Conversa
que é vida, que retrata a vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de tudo: o louco, o filósofo, o
depressivo, o conquistador de garganta, o saudosista ...Nem sempre, é verdade, estou motivado
para participar desses grupos. Porém, passado um tempo, a saudade me bate.
Aqueles bate-papos intimistas com um amigo de tantas afinidades, merecedores que nos
tornamos da confiança um do outro, esses não têm nada igual. A apreensão abrangente do amigo,
de seu psiquismo, dos seus sentimentos, das dificuldades mais íntimas por que passa, faz-nos sentir,
fortemente, a nossa natureza humana, a maior valia da vida.
Esses momentos vão se tornando, assim me parece, uma cena menos habitual nestes tempos
digitais. A pressa, os problemas a se multiplicarem, as tarefas a se diversificarem, como encontrar
uma brecha para aquela conversa, que é entrega, confiança, despojamento? Conversa que exige
respeito: um local calminho, sem gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim, umas tulipas
estourando de geladas e uns tira-gostos de nosso paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder
esses encontros. Afinal, a vida está passando tão depressa...
Em "Quando falo em conversa, refiro-me àquelas que se esticam[...]." (4°§), o acento indicador de
crase foi corretamente empregado. Em que opção isso também ocorre?
Comentários:
A alternativa A está correta, pois aqui “semelhantes” demanda o uso de preposição e a palavra “ideias”
elíptica na oração justifica o artigo “as”: !são semelhantes às [ideias] de meus amigos”.
A alternativa B está incorreta, pois “estas” é palavra no plural, logo, não pode fazer uso de crase.
A alternativa C está incorreta, pois o “a” aqui é apenas preposição, não preposição + artigo.
A alternativa D está incorreta, pois o “a” aqui é apenas preposição, não preposição + artigo.
A alternativa E está incorreta, pois aqui não á adequado o uso da expressão “às vezes”, mas o apenas
artigo.
Gabarito: A
(Esc. Naval - 2019)
Em “Gosto de perceber o tamanho de um livro à primeira vista.", o acento indicativo de crase foi
utilizado corretamente. Assinale a opção em que isso também ocorre.
D) O curso é de 2 à 8 de maio.
E) Por favor, entregue o caderno àquela professora.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a palavra “provações” é plural, logo, não permite o uso de crase.
A alternativa B está incorreta, pois “óleo” é uma palavra masculina singular, logo, não permite o uso de
crase.
A alternativa C está incorreta, pois “prazo” é uma palavra masculina singular, logo, não permite o uso de
crase.
A alternativa E está incorreta, pois “entregar” demanda o uso de preposição; e “aquela”, por começar
com a letra “a” permite o uso de preposição: “àquela”.
Gabarito: E
(Esc. Naval - 2019)
Não sei se é a próxima chegada da Amazon ao Brasil ou a profecia maia do fim do mundo, mas o
fato é que nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro. São estudantes que me escrevem
motivados por pesquisas escolares, organizadores de eventos literários que me pedem palestras,
leitores que manifestam sua apreensão. Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de prazer
apocalíptico, mas logo desaponto quem quer ver o mar pegando fogo para comer camarão cozido:
é que absolutamente não acredito que o livro vai acabar.
“[...] mas o fato é que nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro.” (1°§)
A) Pronome relativo.
B) Partícula de realce.
C) Pronome indefinido.
D) Conjunção integrante.
E) Preposição acidental.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o “que” não substitui nenhum termo nominal.
A alternativa B está incorreta, pois o “que” aqui não poderia ser retirado da frase sem modificar o sentido
do período.
A alternativa D está correta, pois o termo em destaque introduz uma oração subordinada substantiva,
logo, é uma conjunção integrante.
Gabarito: D
Texto para as próximas questões
Você me dirá que uma das coisas que mais preza é sua opinião. Prezá-la é considerado virtude.
Fulano? É uma pessoa de opinião”. É preciso força e decisão para “ter opinião". Não é fácil.
Você me dirá, ainda, do que é capaz de fazer para defender a própria opinião. Ter opinião é tão
importante que há até um direito dos mais sagrados, o direito à opinião, ultimamente, aliás,
bastante afetado, pois vivemos tempos de ampliação do delito de opinião. Ter opinião, em vez de
ser considerado um estágio preliminar da convicção, passa a ser ameaçador.
Mas sem contrariar a força com que você defende as próprias opiniões e, sobretudo, defendendo
o seu inalienável direito de tê-las, eu lhe proporei pensar sobre se a opinião é uma instância
realmente profunda ou se é, tão-somente, uma das primeiras reações que se tem diante dos
acontecimentos.
Será a opinião uma reação profunda ou superficial? Ouso afirmar que, quase sempre, é das mais
superficiais.
Pode-se, efetivamente, garantir que nossas opiniões são fruto de meditação? Ou de conhecimento
sedimentado? Positivamente, não. Quem responder sinceramente, vai concluir que tem muito mais
opiniões do que coisas que sabe ou conhece. Qualquer conhecimento profundo não leva à opinião;
leva à análise, à convicção, à dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro instâncias tem a ver
com a opinião.
Quem (se) reparar com cuidado, verificará o quanto é levado a opinar, vale dizer, reagir, sentir,
julgar, diante dos variados temas. Somos um aluvião de opiniões. Defendemo-nos de analisar, tendo
opinião; preservamonos do perigoso e trabalhoso mister de pensar, tendo logo uma opinião.
É mais fácil ter opinião do que dúvida. Opinião traz adeptos e dividendos pessoais de prestígio,
respeitabilidade, aura de coragem ou heroísmo.
As opiniões são uma espécie de fabricação em série de ideias sempre iguais, saídas do modelo
pelo qual vemos o mundo, e nos faz enfocar a realidade segundo um eterno subjetivismo. Por isso
a opinião quase nunca é o reflexo das variadas componentes do real. É eco a repetir a experiência
anterior, diante de cada caso novo. A opinião nos defende da complexidade do real, logo, é maneira
de impedir a criatividade do homem.
Na origem latina, opinar tem um sentido ambíguo. É muito mais conjecturar do que afirmar. A
palavra chega a ter, nos seus vários sentidos, o de disfarçar. A origem do termo é mais fiel ao seu
significado do que a tradução que hoje se lhe dá.
Opinar não significa saber nem conhecer. Opinar significa ter uma opinião a respeito de algo, isto
é, uma impressão sujeita a retificações, a correções, a mudanças permanentes. O sentido essencial
de opinar é conjecturar, ou seja, supor uma realidade para poder discuti-la e, assim, melhor
conhecê-la.
No entanto, nos ofendemos se contrariam a nossa opinião; vivemos em busca do respeito à “nossa
opinião". E, mais grave e frequente, vivemos a sofrer por causa da opinião ou de opiniões dos outros
sem saber que a opinião de alguém é o resultado das manifestações (reações) mais superficiais e
fáceis do seu espírito.
Qual de nós está disposto a aceitar que a própria opinião, embora válida e respeitável, é uma
forma superficial de manifestação? Quem está disposto a se dar ao trabalho de atribuir à opinião
sua verdadeira função, que é nobilíssima: a de ser trânsito, passagem, via, para a Convicção, para a
Análise, para Dúvida e para a Evidência - os quatro elementos que compõem a verdade?
TÁVOLA, Artur da. Alguém que já não fui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
“[...] eu lhe proporei pensar sobre se a opinião é uma instância realmente profunda ou se é, tão
somente, uma das primeiras reações que se tem diante dos acontecimentos.” (3°§)
Em que opção a palavra destacada desempenha a mesma função morfossintática que as palavras
sublinhadas no trecho acima?
Comentários:
A alternativa A está correta, pois assim como nos termos em destaque no enunciado aqui há uma
conjunção integrante, introduzindo uma oração subordinada substantiva. É possível substituir a oração
por um “isso”: Minha prima perguntou isso.
No enunciado, o mesmo movimento é possível: eu lhe proporei pensar sobre isso ou isso.
Gabarito: A
(Esc. Naval - 2018)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois “direito” demanda o uso de preposição nesse contexto.
A alternativa B está incorreta, pois “levar” demanda o uso de preposição nesse contexto.
A alternativa C está correta, pois antes de pronome possessivo o uso de crase é facultativo, desde que em
frente de palavras masculinas.
A alternativa D está incorreta, pois “importância” demanda o uso de preposição nesse contexto.
A alternativa E está incorreta, pois “atribuir” demanda o uso de preposição nesse contexto.
Gabarito: C
Assinale a opção correta quanto ao valor semântico estabelecido pelos conectores destacados.
A) “Ter opinião é tão importante que há até um direito dos mais sagrados, o direito à opinião,[...]"
(2°) (comparação)
B) “[...] ultimamente, aliás, bastante afetado, pois vivemos tempos de ampliação do delito de
opinião." (2°) (finalidade)
C) “Ao reagir, o sentimento realiza uma síntese do que e como somos.” (5°) (tempo)
D) “[...]; leva à análise, à convicção, à dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro instâncias
tem a ver com a opinião."(6°) (explicação)
E) "A opinião nos defende da complexidade do real, logo, é maneira de impedir a criatividade do
homem." (9°) (consequência)
Comentários:
A alternativa C está correta, pois o “ao” aqui poderia ser substituída por um “quando”, por exemplo:
“Quando reage, o sentimento realiza uma síntese do que e como somos”.
A alternativa D está incorreta, pois o “e” aqui tem noção adversativa, podendo ser substituída por um
“mas”, não explicativo.
Gabarito: C
(Esc. Naval - 2017)
Leia o trecho:
“Ele disse que certa vez chegou em casa no fim do dia, já havia anoitecido, quando um garoto
humilde de 16 anos o esperava sentado no muro. O garoto estava com um dos braços para trás, o
que perturbou o escritor, que imaginou que pudesse ser assaltado.” (1°§)
Marque a opção em que as funções da palavra que estão corretamente indicadas, na ordem em que
aparecem no trecho.
Comentários:
Em “Ele disse que certa vez chegou em casa no fim do dia” o “que” é uma conjunção integrante,
introduzindo uma oração subordinada substantiva.
Em “O garoto estava com um dos braços para trás, o que perturbou o escritor” o “que” é pronome
relativo, substituindo “um dos braços para trás”.
Em “imaginou que pudesse ser assaltado” o “que” é uma conjunção integrante, introduzindo uma oração
subordinada substantiva.
Gabarito: B
(ESA - 2016)
Assinale a alternativa que preenche, de acordo com a norma padrão, as lacunas da seguinte frase:
“O professor se referia _______ alunas dispostas ________ vencer qualquer obstáculo do dia ______
dia.”
A) às – a – a
B) às – a – à
C) às – à – a
D) as – à – à
E) as – a – à
Comentários:
A primeira lacuna deve ser preenchida com “às”, pois “referir-se” demanda o uso de preposição “a” e
“alunas” é palavra feminina plural.
A segunda lacuna deve ser preenchida com “a”, pois a construção verbal determina uso apenas da
preposição.
A terceira lacuna deve ser preenchida com “a”, pois expressões com palavras repetidas não demandam
uso de crase.
Gabarito: A
(ESA - 2015)
Assinale a alternativa em que o sinal indicativo de crase foi empregado de acordo com a norma
culta.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois não se pode usar crase antes de verbos.
A alternativa B está incorreta, pois “várias” está no plural, logo, não autoriza uso de crase.
A alternativa C está incorreta, pois já há o uso do “após”, logo, não se pode utilizar a preposição “a”,
apenas o artigo “as”.
A alternativa D está incorreta, pois “essa” não exige o uso de crase nesse contexto.
A alternativa E está incorreta, pois nesse caso o verbo “referir-se” exige preposição “a” e o pronome
relativo “a qual” já contém partícula que autoriza o uso da crase.
Gabarito: E
(ESA - 2013)
Analise a frase e classifique o termo destacado: ”Era necessário que pedíssemos ajuda”.
A) pronome relativo
B) partícula expletiva
C) conjunção integrante
E) pronome indefinido
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o “que” aqui não pode ser substituído por nenhuma palavra nominal.
A alternativa B está incorreta, pois “que” aqui não é uma partícula de realce.
A alternativa C está correta, pois o “que” aqui introduz oração subordinada substantiva.
Gabarito: C
(EEAR – 2020/2)
inadequada.
Comentários:
Alternativa A está correta, pois a mesóclise foi usada corretamente nessa frase, junto a um verbo no
futuro do presente.
Alternativa B está incorreta, pois nessa frase devia ser próclise, não ênclise, devido ao pronome indefinido
“ninguém”.
Alternativa C está correta, pois a ênclise está usada corretamente nessa frase, já que não há palavra
exigindo próclise ou mesóclise.
Alternativa D está correta, pois a próclise está usada corretamente nessa frase.
Gabarito: B
(EEAR – 2017/2)
Assinale a alternativa com a sequência correta quanto à classificação das conjunções e da locução
conjuntiva em destaque no texto abaixo.
“À medida que os anos passam, a minha ansiedade diminui. Embora eu perceba a agilidade do
tempo, não serei arrastada pela vida como uma folha ao vento.”
Comentários:
A alternativa B está incorreta, pois erra na classificação das primeira e segunda expressões.
A alternativa C está correta, pois classifica adequadamente todos as expressões: À medida que indica uma
ideia de proporcionalidade, ao estabelecer uma escala de proporção entre os anos (evidencia-se que não
há uma relação temporal, posto que a locução adverbial se refere a ansiedade diminui, qualificando o
verbo); Embora estabelece uma relação concessiva entre a oração da qual faz parte e a oração seguinte;
como faz uma comparação entre o modo como a narradora será arrastada e o movimento de folhas ao
vento.
Gabarito: C
(EEAR – 2016/2)
a) Realizou uma saída à francesa, após pedir um bife à cavalo. Ele já sabia não ter nenhum centavo
quando decidiu ir à cantina.
b) A francesa que havia conhecido na última viagem quando fui à Paris tornou-se minha amiga a
distância.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois nem todos os usos de crase estão em conformidade com a norma padrão:
na primeira ocorrência, o uso está correto pois há supressão do termo moda, de maneira que a expressão
completa seria escrita à moda francesa ou à moda da França; na segunda ocorrência tem-se um caso
semelhante à primeira, de modo que suprimiu-se o termo maneira (esse uso de crase é previsto ao se
referir a preparos culinários, como em filé à moda de Osvaldo Aranha); na terceira ocorrência, o uso de
crase está correto pois cantina é substantivo feminino e o verbo ir rege preposição a.
A alternativa B está incorreta, pois não há artigo definido antes de Paris (cidade que não consta como
exceção à regra de uso de crase), então não é possível ocorrer crase, e deve haver crase em à distância,
uma vez que distância é substantivo feminino e há regência de preposição a.
A alternativa C está incorreta, pois cidade é substantivo feminino e o verbo Vou rege preposição a, de
modo que a escrita deve ser vou à cidade; o uso em às compra está correto, uma vez que compras é
substantivo flexionado no feminino, de modo que a expressão às compras tem o sentido de vou para as
compras, vou comprar; o uso de crase em às vontades está incorreto, dado que o verbo satisfazer não
rege preposição a.
A alternativa D está incorreta, pois o uso de crase em Daqui à umas é indevido, uma vez que não há uso
do pronome definido as; o uso de crase antes do pronome possessivo sua é opcional, e se ocorre pela
presença de artigo definido feminino referente ao substantivo feminino procura e pela regência do verbo
sairei.
Comentário adicional: a questão gerou confusão por recair em um conflito gramatical sobre o uso de crase
na expressão “bife a cavalo”, uma vez que há gramáticas que defendem o uso (justificativa pautada na
expressão moda de subentendida), enquanto outras gramáticas são contra (entendem que a expressão
moda de não pode ser subentendida). A banca realizadora manteve o gabarito original, concordando com
o uso de crase. Como não há outra alternativa que possa ser considerada correta, e ainda não há
concordância sobre o uso da crase nesse caso, manteve-se o posicionamento da banca.
Gabarito: A
6 - Considerações Finais
Qualquer dúvida estou à disposição no fórum ou nas redes sociais.
Prof.ª Celina Gil