Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Perguntas:
Nosso roteiro:
5.1 DADOS
5.1.1. No PB:
Perfectivo João foi alto João fumou João caiu no João pintou o João apedrejou
no ano no ano ano passado quadro no ano Madalena em
passado passado passado 29 d.C.
Imperfectivo João era alto João fumava João caía no João pintava o João
no ano no ano ano passado quadro no ano apedrejava
passado passado passado Madalena em
29 d.C.
Sem advérbios
Perfectivo Luísa soube Luísa Luísa quebrou Pedro andou 5km Luísa saltitou
Matemática empurrou o o copo de alegria
carrinho
Imperfectivo Luísa sabia Luísa Luísa Pedro andava 5km Luísa saltitava
Matemática empurrava quebrava o de alegria
o carrinho copo
O paradoxo do perfectivo
No inglês, não é possível cancelar o perfectivo e asseverar que a sentença continua (Smith,
2012[2007], p. 2587).
(2) a. # Mary opened the door, but she didn’t get it open.
b. # Donald fixed the clock, and she is still fixing it.
Dados do hindu (4) e japonês (5) (SINGH, 1998) também aceitam o paradoxo
(4) mãẽ ne aaj apnaa kek kahaayaa aur baakii kal khaauugaa
Eu ERG hoje minha torta comer- e ficar amanhã comer-
PERF FUT
O imperfectivo com verbo durativo foca um intervalo interno do evento. As línguas diferem na
gramática (Smith, 2012[2007], p. 2588).
Sufixos ou flexão?
“Nonstative verbs in Rendille (dialeto do Quênia, https://www.ethnologue.com/map/KE)
distinguish two basic forms, one which normally ends in -a and one which normally ends in –e.”
(The World Atlas of Language Structures online, https://wals.info/feature/65A#2/25.5/148.2 )
(12) a. khadaabbe chiirta
letter.PL write.IMPF
‘He writes/is writing/wrote/was writing/will write letters.’
b. khadaabbe chiirte
letter.PL write.PFV
‘He wrote letters.’
“The following example is from Rama (Chibchan; Nicaragua), where the suffix –atkul- (derived
from a verb meaning ‘finish’) indicates a “strong perfective.” (WALS)
(13) yaing kwiik alauk-atkul-u
3.POSS hand burn-STRONG.PFV-PST
‘He burned his hand completely.’
“Antipassives, which are particularly frequent in ergative languages, often influence the
aspectual character of the sentence, with ranges of meaning similar to those of progressives and
imperfectives. The following example is from Bandjalang (Pama-Nyungan; New South Wales,
Australia).” (WALS)
b. T. Quê? AL (2;1.28)
AL. Compei!
T. Que que ce comprou?
AL. Monnni..mmca
Os verbos intransitivos inacusativos no passado perfectivo são mais produtivos nas idades iniciais
(PALMIÈRE, 2003)
Mas... Dados de Eloá, Bianca e Augusto (Projeto de 2017). Entre 1;00.07 e 2;00.24, com 1h50min
de gravação e 76 verbos lexicalizados e flexionados. Ecolalias (repetição da fala do outro) e
perseverações (repetição da própria fala) não foram contadas.
Mas o Búlgaro (e demais eslavas) desdizem o padrão raro do (NO) [+ telic; - perfective]:
(16)
stáneSe sútrin, obleCéSe se, i izCisteSe tézi dva
botúSa
5
He got up- in the put on- his and cleaned- those two
IPF/bd morning, IPF/bd clothes, IMP/bd boots
“in habitual contexts… where each subevent can be viewed as telic” (p. 205)
5.1.4. O aspecto iterativo
Os pares de iterativos derivados de imperfectivos no tcheco pelo infixo –va- (KUČERA, 1981, p.
178).
(17) a. imperfective iterative
b. psát psávat ‘to write’
c. hrát hrávat ‘to play’
d. přát přávat ‘to wish’
e. mít mívat ‘to have’
f. telefonovat telefonovávat ‘to telephone’
No PB?
(18) a. apedrejar Arremessar pedras
b. pestanejo Movimentar os cílios
c. saltitar Dar vários saltos pequenos
d. sacolejo Agitar(-se) muitas vezes
e. pingante ?
f. visitante
5.2 HISTÓRIA
5.2.1. A terminologia
Um comentário (ou conselho...) quanto à terminologia: A área do aspecto verbal tem a
nomenclatura mais heterogênea e até mesmo “chaotic” da Linguística (DAHL, 1981, p. 80,
adaptado).
5.2.2. Os clássicos
A distinção entre perfectivo e imperfectivo (e entre aspecto e tempo) é antiga! Se Aristóteles (384-
322 a.C.) fazia-se questões ontológicas, centrando-se no significado dos verbos, os estoicistas ( 300
a.C) motivaram-se na rica morfologia do grego antigo e fizeram-se questões gramaticais, derivando
o aspecto gramatical do sistema temporal (ROBINS, 1983, p. 23):
“As formas do futuro (méllōn) e do aoristo (aoristos) ficam de fora desse sistema simétrico, e por
essa razão se consideravam como indeterminadas”.
“A possible conclusion is that the perfect is ‘present perfective’, the aorist is ‘indefinite perfective’
[aoristos means ‘indefinite’] and the plu-perfect is ‘past perfective’, while suntelikos by itself
includes all forms of the aorist system; but it is not known what the nonindicative forms of the
perfect system were called by the Stoics.” (HOUSEHOLDER, 1995, p. 98)
(i) Construções resultativas que envolvem particípio passado em posição predicativa com ou
sem cópula (também nomeada como perfeito ‘esse’ ou ‘be-perfect’). Finlandês:
Juna on saapunut.
train is arrive.SUPINE
‘The train has arrived.’
(ii) Construções possessivas, I have two letters written (também nomeadas como HABEO ou ‘have’-
perfects), como no perfeito do inglês.
5. 3. TEORIA
Os tratamentos para o aspecto na Lingüística podem ser divididos da seguinte maneira: 1) teorias
formais baseadas em lógicas temporais, modais e de eventos; 2) as teorias que estendem o aspecto
lexical para mecanismos de shifting; 3) e as teorias que unificam o tratamento do aspecto na
estrutura derivacional por traços, descartando da representação o aspecto lexical.
* Panorama genérico das lógicas temporais: baseadas em pontos discretos (Prior) e as baseadas em
períodos contínuos de tempo (Whitehead). Van Benthem não quer opor as duas, mas derivara
segunda da outra.
* A teoria de intervalos está baseada em três elementos: indivíduos (os próprios períodos,
alocados por precedência, simultaneidade ou posterioridade, sendo as duas primeiras as
primitivas), relações (inclusão, sobreposição, disjunção, vizinhança, co-começo, co-final, etc., e
operações, que derivam período de período (emprestadas das teorias de conjuntos – intersecção,
união, complementariedade, etc.).
* A teoria de períodos está associada à lógica modal, em que se interpretam as sentenças com
índices associados a mundos e tempos possíveis <w,t>. Ou seja, as sentenças são tratadas como
estados primitivos de mundo ordenados por precedência ou simultaneidade possíveis.
* Extensão e aplicação das lógicas temporais à lingüística: os auxiliares (have, will), os conectivos
(since, until, before), a quantificação (always, sometimes, often, never), advérbios, aktionsarten e
aspecto. Assim, o autor confirma a intuição de que Ivan polished every boot é temporalmente
quantificado.
Nas teorias linguísticas baseadas em lógicas temporais (Bennett & Partee (1972), Bennett (1977),
Bennett (1981), Dowty (1979)):
Jones has left is true at intervalo f time I if and only IF I is a moment of time, and there exists an
interval of time I’ (possible a moment) such that I’ is a closed interval, I’ < I, and Jones is in the
extension of leave at I’.
Jones is leaving is true at interval of time I if and only if I is a moment of time, and there exists
an interval of time I’ such that I’ is an open interval, I is included in I’, and Jones is in the extension
of leave at I’. (BENNETT, 1981, p. 14, 15)
Nas teorias de eventos, o tempo e aspecto derivam do evento, entidade primária (PARSONS,
1990).
Em descrição:
Mary arrived = for some event e: e is an arrival and e's subject is Mary
and e culminates before now.
Mary was arriving = for some event e: e is an arrival and e's subject is
Mary, and e's in-progress state holds before now.
No formal:
x hammered the metal flat
( e) [Cul(e) Agent(e,x) Hammering (e) Theme(e, metal) ( e’) [ Cul(e’) Theme(e’, metal)
CAUSE(e,e’) ( s)[Being-flat(s) Theme(s, metal) Hold(s) BECOME(e’,s)]]]
9
Em Swart (1998), tomando a estrutura canônica [Tense [Aspect* [eventuality description]]], em que
o asterisco representa a possibilidade de múltiplas operações, as sentenças abaixo têm seus valores
aspectuais mudados:
Há aqui a(s) teoria(s) que unifica(m) aspecto lexical e gramatical, especialmente em Verkuyl, 1972,
1993, 1999, 2005.
* O aspecto é calculado composicionalmente, entre os traços do verbo [ ADDTO] e o traço dos
nomes em posições argumentais [ SQA]
* Vendler é filósofo, e não lingüista. As vias têm direções opostas.
* O valor, portanto, se unifica em [ TERMINATIVO]
* O princípio do Mais: se um constituinte for negativo, então a sentença resulta [-
TERMINATIVO]:
V [-ADDTO] [+ADDTO]
aspectualidade externa
S[+Ts]
aspectualidade
interna
NP[+SQA] VP[+Tvp]
s V[+ADDTO] NP[+SQA]
Do ponto de vista cognitivo (Talmy, 2001), o aspecto lexical está para o sistema cognitivo da
distribuição de atenção e conseqüente construção e arranjo da cadeia causal, ASSIM COMO o aspecto
gramatical está para a operação de perspectiva (Langacker, 1993), em que o falante escolhe o olhar
mental a partir do qual se enxerga a situação ou o evento.
“What moves is not the location of one’s perspective point, but the direction of one’s viewing.”
(TALMY, 2001, v.1, p. 73)
Para a sentença After I shopped at the store (A), I went home (B), uma ilustração:
PP (perspective point)
Event A Event B
11
5.4 UNIVERSAIS
Uma lista de categorias ‘expressivas’ derivadas da raiz ŋùk [to nod (concordar)] no Kammu
ŋùk kńŋùk ‘one person keeps nodding’
cŋùk ‘many people keep nodding
ŋùk ŋùk ‘nod once’
cŋùk cŋùk ‘nod a few times at some interval’
cќŋùk ‘have one’s head bent down’
cǨŋùk ‘many people have their heads bent down’
5.4.2. Firestone (1965), apud Nordlinger & Sadler (2004), p. 795, e o aspecto PERFECTIVO e
IMPERFECTIVO nos nominais do Sirinó (Tupi-Guarani, Bolívia):
Áe osó-ke-rv ií-rv
he go-PAST-PERF water-PERF
‘He went to the water’
Pergunta:
Referências
AIKHENVALD, Alexandra. 2003. A Grammar of Tariana. Cambridge, England: Cambridge University Press.
BASSO, Renato Miguel. Telicidade e detelicização. In: Revista Letras, Curitiba: Ed. UFPR, 2007, p. 215-232.
BENNETT,Michael; PARTEE,Barbara Wall. Towards the logic of tense and aspect in English. Bloomington: Indiana
University Linguistics Club, 1978.
BERGMAN, Brita; DAHL, Östen. Ideophones in sign language? The place of reduplication in tense-aspect system of
Swedish sign language. In: Bache, Carl; Basbøll, Hans; Lindberg, Carl-Erik (Eds.), Tense, aspect and action:
Empirical and theoretical contributions to language typology, Berlin: Mouton de Gruyter, 1994, p. 397–422.
BERTINETTO, P. M. On a frequent misunderstanding in the temporal-aspectual domain: the ‘perfective-telic confusion.
In: CECHETTO, C. et alii. Semantic Interfaces: reference, anaphora and aspect. Stanford: CSLI Publications, 2001.
12
BERTINETTO, Pier Marco; NOCCETTI, Sabrina. Prolegomena to ATAM acquisition – theoretical premises and corpus
labeling. (mimeo)
CASTILHO, Ataliba T. de. O aspecto verbal no português falado. In: Gramática do Português Falado. Campinas: Ed. da
Unicamp, v. 7, 2002.
. Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
COMRIE, B. (1976). Aspect. Cambridge: Cambridge University Press.
DELFITTO, Denis & BERTINETTO, Pier Marco.Word order and quantification over times. In Higginbotham, J.; Pianesi,
F.; Varzi, Achille (eds.). Speaking of events. New York, Oxford: Oxford University Press, 2000, p.245-287.
DOWTY, Donald. Word Meaning and Montague Grammar. Dordrecht: Kluwer, 1979.
FILIP, Hana. The Quantization Puzzle. In: Tenny, C.; Pustejovsky, J. (Eds.) Events as grammatical objects, from the
combined perspectives of lexical semantics, logical semantics and syntax. Stanford: CSLI Press., 2000, p.39-91.
HOUSEHOLDER, Fred H. Aristotle and the Stoics on Language. In: Koerner, E.F.K.; Ascher, R.E. (Eds.). Concise history
of the language sciences: from the Sumerians to the cognitivists. 1995, p. 93-99.
KRIFKA, Manfred. Thematic relations as links between nominal reference and temporal constitution. In SAG, I. A.;
SZABOLCSI, A. (Ed.). Lexical matters. Stanford: CSLI lecture notes, n. 24, 1992, p. 29-53.
. The origins of telicity. In: Susan Rothstein (Ed.), Events and Grammar. Dordrecht: Kluwer, 1998, p. 197-235.
JOHNSON, Marion R. 1981). A unified temporal theory of tense and aspect. In: TEDESCHI, P. J.; ZAENEN, A . (Ed.). Syntax
and Semantics. New York: Academic Press, Inc, 1981. v. 14. p. 145-175.
KUČERA, Henry. Aspect, markedness, and t0 . In: TEDESCHI, P. J.; ZAENEN, A . (Ed.). Syntax and Semantics. New York:
Academic Press, Inc, 1981. v. 14. p. 177-189.
LANGACKER, Ronald W. Universals of construal. In: The annual Proceedings of the Berkeley Linguistic Society:
General session and parasession on semantic typology and semantic universals, 1993, p. 447-463.
LEISS, Elisabeth. Aspects on aspect and definiteness. Handout do curso na Semana de Eventos – CCE/UFSC.
Florianópolis-SC, 2005.
. Artigo e aspecto – moldes gramaticais de definitude. Trad. Ina Emmel. Florianópolis: LLE/CCE/UFSC, 2016.
LENCI, Alessandro & BERTINETTO, Pier Marco. Aspect, adverbs and events – habituality vs. Perfectivity. In
Higginbotham, J.; Pianesi, F.; Varzi, Achille (Eds.). Speaking of events. New York, Oxford: Oxford University Press,
2000, p.245-287.
MAZOCCO, Denise; WACHOWICZ, Teresa Cristina. Estrutura de eventos e aquisição de tempo e aspecto no português
brasileiro (PB), Caderno de Estudos Linguísticos, jan/2018.
MOENS, Marc; STEEDMAN, Mark. Temporal ontology and temporal reference. Computational Linguistics, n. 14, p. 15-
28, 1988.
NADALIN, Eduardo. Aktionsart e aspecto verbal: uma análise dessa distinção no polonês. Dissertação de mestrado.
Estudos Linguísticos. PPGLetras/UFPR, 2005.
NORDINGER, Rachel; SADLER, Louisa. Nominal tense in crosslinguistic perspective. In: Language, 80, 2004, p. 776-806.
PORTNER, Paul. Perfect and progressive. In: MAIENBORN, Claudia; Von HEUSINGER, Klaus; PORTNER, Paul (Eds.).
Semantics. De Gruyter, 2012, p. 1217-1262.
SINGH, Mona. On the semantics of the perfective aspect. In: Natural language semantics, v. 6, n. 2, 1998, p. 171-199.
SMITH, C. The Parameter of Aspect. Dordrecht: Kluwer, 1997.
. Tense and aspect: time across languages. In: MAIENBORN, Claudia; Von HEUSINGER, Klaus; PORTNER, Paul
(Eds.). Semantics. De Gruyter, 2012, p. 2581-2608.
SWART, Henriëtte de. Aspect shift and coercion. Natural language and linguistic theory, v. 16, n.. 2, p. 347-385, 1998.
TALMY, Leonard. Toward a Cognitive Semantics. Vol. I e II. Cambridge, Mass: The MIT Press, 2001.
TENNY, Carol L. 1994. Aspectual Roles and the Syntax-Semantics Interface. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.
TONHAUSER, Judith. The temporal semantics of noun phrases: evidence from Guarani. Paraquay. PhD dissertation.
Stanford University.
VAN BENTHEM, Johan. The logic of time. 2a. ed., Dordrecht, Boston, London: Kluwer Academic Publishers, 1991[1983].
VENDLER, Z. Linguistics in Philosophy. Ithaca, NY: Cornell, 1997.
VERKUYL, H.J. On the compositional nature of the aspects. Foundations of Language. Supplementary Series. Vol 15. D Reidel
Publishing Co., Dordrecht, Holland, 1972.
. Aspectual classes and aspectual composition. In: Linguistics and Philosophy, n. 12, 1989, p. 39-94.
. A theory of aspectuality – the interpretation between temporal and atemporal structure. Cambridge: Cambridge
University Press, 1993.
. Aspectual issues - studies on time and quantity. Stanford: CSLI Publications, 1999.
. How (in-)sensitive is tense to aspectual information? In: Hollebrandse, B et alii. Crosslinguistic Views on Tense.
Aspect and Modality - Cahiers Chronos 13. Amsterdam, New York: Rodopi B.V., 2005, p. 145-169.