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AFA - 2024

REDAÇÃO

AULA 03
Desenvolvimento I

Prof.ª Celina Gil

www.estrategiamilitares.com.br
Prof.ª Celina Gil

Sumário
Apresentação 3

1 - Repertório de redação 4

Violência no Brasil 4

Black Lives Matter 7

Papel da internet 10

Cultura pop 12

2 - Desenvolvimento - Tópico Frasal 14

3- Prática de redação 34

Considerações Finais 45

Siga minhas redes sociais!

Professora Celina Gil @professoracelinagil @professoracelinagil

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Apresentação
Olá!

Essa é uma das aulas mais importantes para a escrita de sua redação. Começaremos aqui nosso
estudo sobre o desenvolvimento a partir da ideia de tópico frasal. Essa é a parte à qual você deve se
dedicar com maior profundidade na sua redação. O importante é investir em uma argumentação
aprofundada!

Na aula de hoje, veremos então:

- Prática e estudo de desenvolvimento dos argumentos a partir de tópico frasal;

- Exercícios de identificação de temática; desenvolvimento de argumentos e planejamento de redação; e

- Prática de redação

Nossas aulas de redação serão sempre compostas de 3 partes:

1 - Análise social
Apontamentos acerca de assuntos ligados ao contemporâneo.
Esses apontamentos têm o objetivo de fortalecer seu repertório e auxiliar na
elaboração de argumentos.

2 - Estudo de uma parte da dissertação


Estudo aprofundado de uma das partes que compõe o texto dissertativo.
Vamos passar por introdução, desenvolvimento, conclusão e coesão/coerência.

3- Produção textual
Análise de redações/trechos de redações e/ou exemplo de produção textual.
Propostas de redação inéditas para serem executadas pelo aluno.

Vamos lá?

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1 - Repertório de redação
Nosso repertório de redação de hoje fala sobre conflitos sociais e violência, a partir de diferentes
abordagens.

Tópicos da aula

Violência no Black Lives Papel da


Cultura Pop
Brasil Matter internet

Violência no Brasil
Um exemplo recente foi representativo de como a violência se mistura com os meios digitais no
Brasil e no mundo atualmente:

Crise de segurança no Ceará (2019)


Há uma guerra virtual dentro da guerra travada entre facções criminosas e o Governo
estadual nas ruas do Ceará. Os criminosos se multiplicam em mensagens no WhatsApp e
Facebook e amplificam a onda de pavor na qual Fortaleza e outras 50 cidades estão
mergulhadas há duas semanas, quando atentados começaram a acontecer. Em
contrapartida, o Estado tenta lançar mão de uma artilharia digital pesada para tentar rebater
as ameaças. Passou inclusive a oferecer recompensa de até 30.000 reais por informações
após uma denúncia feita por aplicativo levar a Secretaria Estadual da Segurança Pública e
Defesa Social (SSPDS) a um depósito clandestino com mais de cinco toneladas de explosivos.
Em vídeos, áudios e textos, os bandidos mostram como agem e mandam recados audaciosos
à população e à alta cúpula da Polícia Militar cearense. “Agora a bagunça vai começar, é de
com força”, debocha o membro de uma das facções enquanto filma um ônibus em chamas.
“Uns toca fogo na prefeitura, uns toca fogo nos coisa lá dos policial, tá ligado?”, desafia
outro, em reprodução das mensagens que mantém as incorreções ortográficas originais.
A ousadia é tamanha que até um canal no YouTube os criminosos criaram. O Facções News
tem vídeo com quase 145 mil visualizações. “Logo que os ataques começaram [dia 2 de
janeiro], a gente recebia mensagem direto. Eu lembro que uma das primeiras que chegaram
para mim era dizendo que um avião tinha sido derrubado na BR. E muita gente acreditou
porque o estrondo foi forte. O chão tremeu e tudo. Depois foi que a gente soube que tinham
explodido uma bomba pra derrubar um viaduto”, relata a dona de casa Célia Souza,
moradora do Metrópole, bairro de Caucaia, segunda maior cidade do Ceará, que fica na
Região Metropolitana de Fortaleza.
(...)

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Para além da disseminação do terror nas redes, os ataques são filmados também como
forma de os autores comprovarem o ato às facções e receberem pagamento por isso. Por
outro lado, o Governo promove campanhas digitais pedindo que a população não dissemine
notícias de procedência duvidosa. Prefeituras e o Ministério Público do Estado do Ceará
(MP/CE) endossam a mobilização, que enaltece ainda a importância de denúncias serem
feitas, mesmo que anonimamente, aos órgãos de segurança
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/01/16/politica/1547673104_237553.html

Segurança pública
Segundo Lilia Schwarcz, há alguns tipos de violência a serem considerados nos debates sobre
segurança pública. Ela divide, essencialmente, entre

Violência urbana
Violência no campo
Assaltos e furtos; sequestros; crime
Disputa de terras, mão de obra escrava;
organizado; tráfico de armas e drogas
conflitos com a população indígena etc.
etc.

A persistência do problema com a segurança pública no Brasil alimenta o debate sobre a


autorização ou não do porte e da posse de armas por civis no país.

Desde 2019, algumas regras acerca da posse de armas vêm sendo modificadas. Veja argumentos
contra e a favor das mudanças no Estatuto do Desarmamento e nas políticas de posse e porte de armas
no Brasil:

Contra mudanças A favor de mudanças

• Quanto menos armas em circulação, menores • O Estatuto do Desarmamento falhou


os índices de mortes por armas de fogo e de em cumprir seu papel de diminuir a
criminalidade. violência no Brasil. Enquanto os
cidadãos encontram mais dificuldades
• Segundo estudo recente, estima-se que a para possuir armas, os bandidos
aprovação do Estatuto do Desarmamento continuam a ter meios para obtê-las.
evitou, entre 2004 e 2015, mais de 160 mil
mortes no país. Para chegar a esse número, • Uma população armada tende a fazer a
pesquisadores consideraram que o ritmo de criminalidade cair, uma vez que
crescimento de mortes por arma de fogo criminosos pensam duas vezes antes de
diminuiu no país nesse período: entre 1980 e realizar assaltos ou invadir residências:
2003, a taxa média era de aumento de 8,1% o risco de perderem sua vida é maior.
ao ano, enquanto entre 2004 e 2014 a taxa Enquanto no Brasil apenas 3,5% dos
média de aumento foi de 2,2%. domicílios possuem armas de fogo, em
países com baixas taxas de
• O porte de arma não garante que o cidadão criminalidade há proporcionalmente
terá condições de se defender em caso de

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assalto, por exemplo. Em geral, o assaltante mais domicílios com armas, como Suíça,
se utiliza do elemento surpresa para se França e Canadá.
colocar em vantagem em relação à vítima,
não havendo margem para que o cidadão • As mortes por conta das armas de fogo
possa usar sua arma efetivamente. Além continuam a crescer no Brasil mesmo
disso, reagir a um assalto aumenta em 180 após a aprovação do Estatuto. Foram
vezes o risco de morrer, tornando ainda mais de 42 mil homicídios desse tipo
menos aconselhável o uso de uma arma nessa apenas no ano de 2012. Isso significa
situação. que a menor circulação de armas não
coibiu a violência.
• O mercado legal de armas abastece o
mercado ilegal. Segundo o relatório da CPI do • O cidadão deve ter direito à posse e ao
Tráfico de Armas, de 2006, 86% das armas porte de arma, uma vez que se trata de
apreendidas pela polícia haviam sido um instrumento de legítima defesa.
fabricadas e vendidas no Brasil. Restringir isso significa limitar a
liberdade do cidadão para garantir sua
• O porte de armas também aumenta as própria segurança.
chances de mortes acidentais ou por motivos
fúteis, como brigas de trânsito, discussões, • Muitas vidas poderiam ter sido salvas
entre outras. nos últimos anos se a população
pudesse se defender com uma arma.

(Fonte: <https://www.politize.com.br/o-estatuto-do-desarmamento-deve-ser-revisto/> Acesso em 16 fev. 2021)

Ataques em escolas
A frequência com que os episódios de violência ocorrem faz que não nos surpreendamos
mais com notícias que antes nos causavam indignação. Esse processo de banalização
gradativa desfaz a importância que se dá ao acontecimento e, paralelamente, proporciona
a sua intensificação e o aparecimento de formas mais elaboradas e graves de bullying.
Quem não se lembra do triste episódio ocorrido em 1999 em Columbine, uma escola de
Ensino Médio dos Estados Unidos? Dois alunos entraram, atiraram em várias pessoas e
mataram 12 estudantes e um professor, feriram 23 colegas, alguns gravemente, e depois
cometeram suicídio. Essa tragédia mobilizou toda a imprensa americana e internacional.
Pesquisas sobre a vida pregressa dos dois agressores constataram que haviam sido vítimas
de bullying por um tempo prolongado (Clabaugh & Clabaugh, 2005).
Outros acontecimentos semelhantes se sucederam a esse, como o de Virgínia Tech, outra
escola também dos Estados Unidos, ou o de Patogenes, na Argentina, sempre relacionados
ao fato de que seus autores haviam sofrido bullying.
(Ristum, Marilena, Bullyng Escolar. In.: ASSIS, SG., CONSTANTINO, P., and AVANCI, JQ., orgs. Impactos da violência na
escola: um diálogo com professores [online]. Rio de Janeiro: Ministério da Educação/ Editora FIOCRUZ, 2010.p. 108 e
109. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/szv5t/pdf/assis-9788575413302.pdf> Acesso em 28/10/2019)

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Papel do Estado
A partir da análise de caso da crise de segurança do Rio de Janeiro, a Revista TrendR listou 5
motivos que podem ajudar a compreender a dimensão do problema e como o Estado pode atuar nesse
sentido:

Liderança

• Há falta de projeto a longo prazo por parte das lideranças governamentais.

Recursos

• Não se direciona dinheiro suficiente para a área, principalmente para a


remuneração de agentes de segurança.

Planejamento

• O número de agentes nas ruas, com treinamento adequado e condições de


trabalho é pequeno ; e a organização das ações não é feita de maneira
pensada.

Falta de visão holística

• Não se combate a violência em suas especificidades; trata-se a violência


como se fosse algo uno e com uma só solução.

Desautorização de forças de segurança

• Não se buscam estratégias para garantir que a população se coloque ao lado


das forças de segurança; há muita resistência à presença das forças de
segurança – em parte porque os projetos não têm se mostrado eficazes.

Black Lives Matter

Em 2020, uma onda de protestos varreu os Estados Unidos, depois se espalhando pelo mundo, em
decorrência do assassinato de George Floyd por um policial, em Mineápolis. O ataque ao homem foi
filmado por uma jovem que estava perto quando tudo ocorreu e as imagens ganharam o mundo.

O Black Lives Matter, às vezes citado nos cartazes como BLM, é uma organização que
nasceu em 2013 por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança nacional de
trabalhadoras domésticas; Patrisse Cullors, da coalizão contra a violência policial em Los
Angeles; e Opal Tometi, da aliança negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global
cuja missão é "erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na
violência infligida às comunidades negras" pelo Estado e pela polícia.
A união destas três mulheres, e a convocação do movimento foi uma reação à absolvição
do vigia George Zimmermann, então acusado de assassinar o adolescente negro Trayvon

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Martin, que voltava para casa após comprar doces e foi morto com um tiro no peito em
Sanford, na Flórida.
Mas o ativismo delas só ganhou destaque no ano seguinte, após outros dois casos de
negros mortos por policiais nos Estados Unidos: Michael Brown, 18, baleado em Ferguson,
e Eric Garner, de 43, estrangulado em Nova York. Ambos estavam desarmados.
O que começou como luta contra a brutalidade policial norte-americana se transformou
em um movimento mundial pelos direitos da população preta. "Não é uma guerra entre
brancos e negros, mas uma luta de todos contra o racismo. O Black Lives Matter deu
visibilidade, mas a nossa luta é muito mais antiga, pela existência como seres humanos, pelo
direito de viver e sair na rua sem ser alvejado", afirma Silvana Inácio, jornalista e criadora do
Podcast Zumbido
Disponível em <https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/03/black-lives-matter-conheca-o-
movimento-fundado-por-tres-mulheres.htm> Acesso em 19 mar. 2021)

Fonte: Unsplash

No Brasil, esse assunto repercutiu principalmente por conta da persistência do preconceito racial
no país. Desde o início da colonização, no século XVI, a cor operou como um marcador social fundamental
no Brasil, estabelecendo hierarquias internas que conferiam maior ou menor exclusão. Principalmente no
século XIX, falou-se em Darwinismo social no Brasil. Essa teoria aponta que atributos externos e
fenotípicos definem a moral e a capacidade de desenvolvimento dos povos. Diferenças sociais são,
portanto, dadas como naturais. Aspectos históricos e culturais são ignorados.

Os índices de violência e morte no Brasil também impactam mais a população negra. Ainda assim,
a maioria das pessoas afirma não se enxergar como racista:

É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em


1988, em São Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98%
dos mesmos entrevistados disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim,
preconceito. Ao mesmo tempo, quando inquiridos sobre o grau de relação com aqueles

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que consideravam racistas, os entrevistados apontavam com frequência parentes


próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir, portanto, como
uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados.

(Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012.
Adaptado.)
INDO MAIS

FUNDO!

Referências para se aprofundar quando o assunto for racismo em uma redação.

Momentos da história
- História Americana
- Apartheid na África do Sul
- História do Jazz.
- Brasil: leis relacionadas a escravidão.
- Desigualdade social no Brasil
- Políticas de cotas
Filmes e séries
- Infiltrado na Klan.
- Pantera Negra.
- Olhos que condenam.
- Atlanta.
- Corra!
- Selma
- 12 anos de escravidão
- Cara gente branca.
Livros
- Quarto de despejo.
- Olhos d’água.
- Americanah.
- A cor púrpura.
- O cortiço.
- Pai contra mãe.
- Racismo Estrutural

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- Pequeno Manual Antirracista


- O ódio que você semeia.

Papel da internet

Fóruns e Deep Web


Os autores do atentado que matou oito pessoas (entre elas, cinco adolescentes) em uma
escola em Suzano, na Grande São Paulo, estão sendo investigados por uma possível ligação
com um grupo virtual no qual mensagens de ódio são espalhadas e crimes violentos são
prometidos constantemente. Os chamados “chans”, fóruns virtuais muitas vezes situados
na deep web – uma parte da internet só acessível com ferramentas específicas que dão
anonimidade aos usuários – entraram na mira da Polícia Federal e do Ministério Público após
os assassinatos.
Trata-se de uma faceta dos crimes de ódio pouco conhecida do público, mas já investigada
pelas autoridades há algum tempo, afirma Pablo Ortellado, doutor em filosofia, professor
do curso de Gestão de Políticas Públicas na USP e coordenador do Grupo de Pesquisa em
Políticas Públicas para o Acesso à Informação, que monitora o fluxo de usuários na internet
em relação a conteúdos políticos. Esses fóruns virtuais, diz, não são sempre espaços de
propagação de ódio, mas em muitos casos são criados com esse fim, com uma “cultura de
misoginia, racismo, discriminação que são movidas pela frustração”.
Fonte: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/03/chans-o-que-se-sabe-sobre-os-canais-que-
espalham-odio-pela-internet-e-comemoraram-o-atentado-em-suzano.html> Acesso em nov.2019

Acirramento do discurso político


Os gráficos abaixo mostram as páginas curtidas por brasileiros no Facebook nos anos de 2013 e
2016, respectivamente. Os pontos maiores representam páginas com mais seguidores e os links entre os
pontos representam páginas que uma mesma pessoa segue.

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Pablo Ortellado e Marcio Moretto Ribeiro, CC BY


Gráficos disponíveis em: <https://theconversation.com/mapping-brazils-political-
polarization-online-96434> Acesso em 18 abr.2019.

Papel da imprensa
Quando o assunto é violência nos veículos de comunicação, há duas acusações comuns: de que a
imprensa não noticia a violência o suficiente; ou de que a imprensa suaviza a violência quando fala dela,
o que tira o peso das ações. De todo modo, a violência é muitas vezes vista como banalizada pelos meios
de comunicação.

Não falar o suficiente sobre a violência

No Brasil, os casos de Taiúva em São Paulo, e de Remanso, na Bahia, também foram


protagonizados por estudantes vítimas de bullying (Fante, 2005). Em ambos os casos, os
adolescentes sofreram hostilidade, humilhação e constrangimento durante vários anos.
Edimar, de Taiúva, após concluir o Ensino Médio, voltou à sua ex-escola e feriu uma
professora, seis alunos e o zelador, matando-se em seguida. Em Remanso, Denilton, após se
deparar com a sua ex-escola e com sua escola atual fechadas (as aulas haviam sido
suspensas), dirigiu-se à casa de seu principal agressor, um garoto de 13 anos, e o assassinou
com um tiro na cabeça. A seguir, foi à escola de informática em que estudou e atirou contra
funcionários e alunos, atingindo fatalmente uma secretária e ferindo três pessoas. Apesar
da gravidade, esses casos não foram tão alardeados pela imprensa nem causaram tanta
surpresa e comoção, evidenciando o processo de banalização.
(Ristum, Marilena, Bullyng Escolar. In.: ASSIS, SG., CONSTANTINO, P., and AVANCI, JQ., orgs. Impactos da violência na
escola: um diálogo com professores [online]. Rio de Janeiro: Ministério da Educação/ Editora FIOCRUZ, 2010.p. 108 e
109. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/szv5t/pdf/assis-9788575413302.pdf> Acesso em 28/10/2019)

Suavizar a violência

Às vezes, estamos procurando um calmante, um Rivotril da vida, e acabamos tomando, sem


querer, uma dose do jornalismo diário brasileiro. Se o primeiro tranquiliza e dá sono, o
segundo causa algo desastroso para o cotidiano: confunde, desorienta. Principalmente

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quando não nomeia as coisas pelo que elas são. Um exemplo: quando chama crime de
“polêmica”. Ameniza, doura a pílula, deixa soft. Lembro-me de quando a revista Placar
lançou, em abril de 2014, uma capa com o ex-jogador Bruno na qual víamos seu rosto em
quase pôster. Na foto, ele nos olhava diretamente, e a manchete dizia, em letras garrafais:
“Me deixem jogar.” O título era seguido pela chamada “Goleiro fala da vida no cárcere, da
morte de Eliza Samudio e do sonho de cumprir o contrato que assinou com um time
mineiro.” Um desavisado poderia facilmente pensar, a partir daquela construção, que se
tratava de alguém que sofria uma injustiça, que apenas queria voltar a exercer sua profissão.
Que havia perdido um amor. Pobre Bruno.
Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/imprensa-precisa-fazer-autocritica/> Acesso em 21/11/2020

Cultura pop
Uma acusação comum à cultura pop é de que ela influencia na ideia de violência, incentivando-a
a partir de uma noção de glamourização:

“Como sociedade, assim como indivíduos, nós somos influenciados pela cultura que nos
rodeia, aquela que consumimos direta ou indiretamente. É por isso que é fácil ligar grandes
eventos históricos à movimentos artísticos de sua época. Se focarmos em cultura pop/nerd,
a grande era dos super-heróis teve início entre as duas primeiras guerras, e após a Segunda
Guerra Mundial. Quando eu era criança, lá na década de 90, eu sabia quem eram Super-
Homem, Mulher-Maravilha e Batman, mas nunca tinha escutado falar do Homem de Ferro.
Hoje as crianças nascem sabendo quem é o Homem de Ferro. A influência da cultura pop
nas nossas vidas é algo indiscutível. E nós somos manipuláveis, toda a polêmica em torno
das eleições norte-americanas, fake news e facebook estão aí para provar isso.
A cultura pop pode ajudar a moldar uma sociedade mais igualitária e mais empática, a gente
já vê uma melhora na representação e no discurso de alguns grupos que antes eram contra
representação e diversidade. Mas nem toda a influência é positiva. A cultura pop vende
produtos em grande quantidade, e mesmo que nós não sejamos o alvo final, ainda assim
nos tornamos consumidores ocasionais. E uma das coisas que a cultura pop vende, e muito,
é a violência como espetáculo. Glamourizada, divertida, esvaziada de qualquer proposta
de discussão, que serve apenas para ajudar o tempo a passar mais rápido e entreter um
público que vai estar envolvido com os personagens e as explosões.”
(Rebeca Puig, Vamos conversar sobre como consumimos violência na cultura pop?, Nebulla, 02/07/2018)

ZONA DE SPOILER!!

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TOME

NOTA!

Filmes e séries que tematizam a violência

Coringa (2019)
Ø Insurgências populares.

Ø Conflitos de classe.

Ø Espetacularização da violência.

Ø Consequências sociais das violências individuais.

Bacurau (2019)
Ø Violência como esporte.

Ø Conflitos de classe.

Ø Relações internacionais.

Ø Violência de Estado: como a classe política trata o povo?

O conto da aia (2017 - atual)


Ø Desigualdades de gênero

Ø Violência como estrutura oficial do governo

Ø Laicidade do Estado

Ø Possibilidade de organização popular contra a violência do Estado.

FIM DO SPOILER
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2 - Desenvolvimento - Tópico Frasal


Você já deve estar cansado de ouvir seus professores dizendo a mesma frase: "O desenvolvimento
é o principal na sua redação". Pois é, ele é mesmo. É aqui que você irá sustentar sua tese, ou seja, esse é
o momento de comprovar que você é capaz de mostrar que sua opinião tem embasamento. Podemos
pensar na sua redação da seguinte maneira:

Assim, perceba que há duas partes importantes na construção de seu desenvolvimento:


argumentos para comprovar sua tese e repertórios que sustentam seus argumentos. Argumento e
repertório são conceitos diferentes!

• Argumentos são afirmações que corroboram sua ideia. Partem de suas percepções de mundo e
compreensões da realidade. Por exemplo, você pode dizer que sua opinião é de que é importante
combater o bullying nas escolas. O motivo pelo qual você acha isso é que pessoas que sofrem
bullying têm seu rendimento escolar prejudicado. Logo, é seu argumento para sustentar sua
opinião.

• Repertório é um dado externo, que não depende da sua percepção de mundo. É algo que sugira
que seu argumento é válido, pois não parte apenas de uma ideia sua. Repertórios podem vir de
diferentes lugares: filósofos, sociólogos, referências históricas, dados de pesquisas, notícias, livros,
filmes etc. São comprovações do argumento.

Perceba a diferença:

Os argumentos comprovam Os repertórios sustentam


sua tese. seu argumento.

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ATENÇÃO
Alguns argumentos podem se relacionar com diferentes casos. Quando pensamos, por exemplo,
no papel do Estado sobre os problemas, há grandes chances que sua visão de mundo não se altere muito.
Se você acredita que o Estado deve ter uma maior presença, isso aparecerá em diferentes circunstâncias;
se acredita numa menor presença, isso também pode se relacionar com diferentes temas. Estes
argumentos podem frequentemente ser sustentados pelos mesmos repertórios, fazendo as adaptações
necessárias para o tema em questão.
Por que isso é importante? Para que você não se preocupe em tentar decorar um milhão de
repertórios. Não é preciso que você saiba tudo sobre tudo. Basta que você tenha em mente bons
repertórios que sustentem suas ideias em diferentes situações. Veremos mais profundamente essa
relação e possibilidades argumentativas nas próximas aulas.

Vamos entender, então, um pouco melhor o que seria o “argumentar” em defesa de uma tese.
Veja a imagem a seguir:

Essa imagem faz parte de uma campanha publicitária da organização La Cimade, fundada em 1939,
que mantém ações sociais de apoio aos imigrantes, refugiados, exilados etc. Podemos, a princípio, não
entendê-la como um texto argumentativo, porém se observarmos melhor iremos perceber uma série de
elementos que indicam que há uma tese e argumentações aqui.

Para começar, vejamos que a tradução do texto nos diz que: “Em 2024, atletas nadarão para
vencer, mas todos os dias refugiados nadam para sobreviver”. A partir da compreensão da parte verbal
da imagem, já começamos a entender que temos elementos argumentativos definidos e que elementos
estão relacionados a uma tese.

Podemos entender como Tese para esse texto a ideia de que a sobrevivência é o “esporte” desses
refugiados, como indica a hashtag apresentada, que pode ser entendida que viver é uma vitória. Assim,

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começamos a entender que temos uma defesa dessa ideia, construída principalmente pela comparação
entre as Olimpíadas - evento que conta com a natação como uma de suas modalidades - e a imagem de
pessoas desesperadas para se salvarem, nadando para sobreviver.

A foto apresenta pessoas comuns nadando desesperadamente em alto mar. O texto escrito nos
faz lembrar que indivíduos, nessas condições, em 2024, serão identificadas como atletas. Os amantes de
natação fazem do esporte uma realização pessoal, nas Olimpíadas, serão admirados por todo o mundo.
As pessoas da imagem, porém, evidentemente não nadam por esporte.

Depois de aludir a esse fato por meio dos vocábulos “2024” e “atletas”, a autor do cartaz descreve
o que realmente ocorre na foto. Não são atletas. São refugiados que se veem obrigados a se aventurar no
mar, ou seja, não é uma opção e não tem a ver com realização pessoal e, o que é pior, não são nem
admirados nem acolhidos apesar da situação extrema em que vivem. Por que esse jogo de linguagem
pode ser considerado “argumento”?

Argumentar não é simplesmente defender uma ideia de forma mecânica, vai além disso. No caso
de nossa vida, argumentamos necessariamente para deixar os nossos interlocutores a favor daquilo que
pensamos e apresentamos. Vivemos colocando nossas opiniões e querendo que as pessoas ao nosso
redor também pensem como nós. Aqui, a comparação é um modo de argumentar acerca de uma ideia: a
importância de se olhar para a questão dos refugiados de maneira mais profunda, entendendo-a como
um problema de vida ou morte para muitas pessoas, que fogem de seus países de qualquer maneira
possível.

Porém, lembre-se:

Via de regra, nosso argumento é literalmente uma linha de nosso parágrafo de desenvolvimento.
Nesse momento, você deve estar pensando que temos um problema, certo? Por que, então, preciso
escrever um parágrafo inteiro para apresentar argumentação em meu texto? Por um motivo simples: você
deverá deixar claro que o seu argumento é válido, por meio do que chamamos de informatividade ou
repertório. E a melhor estrutura para deixar sua argumentação clara é o tópico frasal.

2.1 Tópico frasal


Você se recorda da estrutura que apresentamos do texto dissertativo nas nossas primeiras aulas?

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O tópico frasal é um modo de organizar seu parágrafo de desenvolvimento. Ele ajuda a deixar o
texto mais organizado para o corretor. Não é de uso obrigatório, mas pode ser uma boa estratégia para
escrever seu texto. Um parágrafo construído a partir do tópico frasal se divide em apresentar uma ideia
(tese) e aprofundá-la (desenvolvimento). Segundo Othon M. Garcia (1975, p. 192):

Em geral, o parágrafo-padrão, aquele de estrutura mais comum e mais eficaz – o que


justifica seja ensinado ao principiantes -, consta, sobretudo na dissertação e na
descrição, de duas e, ocasionalmente, três partes: a introdução, representada na
maioria dos casos por um ou dois períodos curtos iniciais, em que se expressa de
maneira sumária e sucinta a ideia-núcleo (é o que passaremos a chamar daqui por
diante de tópico frasal); o desenvolvimento, isto é, a explanação mesma dessa ideia-
núcleo; e a conclusão, mais rara, normalmente nos parágrafos pouco extensos ou
naqueles em que a ideia central não apresenta maior complexidade.

Vamos pensar como isso ocorreria na prática? Observe esse exemplo extraído de uma redação
cujo tema era “Fronteiras”:

Observe que o autor do parágrafo começa com uma frase que será o fio condutor desse fragmento.
A tese é de que atravessar uma fronteira não é fácil e ele escolheu como argumento o vestibular. A seguir,
ele vai descrevendo o Vestibular, como já fizemos em outros exercícios e, assim, ele configura um
argumento. Isso é o desenvolvimento do tópico frasal.

É interessante notar que nesse exemplo o tópico frasal fica muito claro, mas não precisa aparecer
solto dessa forma. Sempre é interessante começar os parágrafos de desenvolvimento de vocês por meio

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de uma conjunção ou um conectivo que mostre a relação entre as ideias em seu texto, desde o início. Já
anote aí na cabeça: preferencialmente, devemos começar todos os nossos parágrafos por meio de
conectivos, à exceção da introdução, claro!

2.2 Desenvolvimento com tópico frasal


Você deve pensar no seu tópico frasal a partir de três partes. Elas irão compor seu parágrafo de
desenvolvimento.

Assim, ganha muita importância o tipo de repertório que você utilizará para sustentar o seu
argumento. A seguir, apresento alguns exemplos de parágrafos com tópico e com repertórios variados.
Como tema, veremos uma ideia extremamente atual: insegurança alimentar.

Exemplo 1
Em primeira análise, a insegurança alimentar coloca em risco o bom andamento da sociedade
como um todo. Essa ideia se fundamenta, em especial, no pensamento do contratualista John Locke, que
indica uma troca entre a sociedade e o Estado, tendo como princípio a ideia de que a primeira se submete
ao segundo em troca de zelo dos seus direitos primordiais, dentre eles, a alimentação. Assim, quando não
há garantia de alimentação que possa garantir a sobrevivência, a sociedade se coloca em risco existencial.

No exemplo acima, percebe-se, em destaque, o argumento a ser utilizado nesse parágrafo. Note
que é uma afirmação direta, sem rodeios, e apresenta aquilo que será desenvolvido em seguida. No caso,
o desenvolvimento dessa ideia se prende a um repertório de autoridade, fundamentado no pensador
contratualista John Locke. Por fim, percebe-se um fecho para a ideia, indicando a relação entre o
argumento e o repertório.

Exemplo 2
Dessa forma, os problemas causados pela insegurança alimentar podem afetar as relações sociais mais
básicas. Segundo levantamento da FAO, agência da ONU para assuntos alimentares, cerca de 59% dos
domicílios do mundo estão em situação de insegurança alimentar, fato que aumenta a possibilidade do
uso de violência para garantir alimentação. Ao aumentar-se a violência, um problema que poderia ser
encarado como individual, por aqueles que não estão nessa situação, torna-se um problema social mais
sério, acirrando as disputas sociais e colocando em risco o bom andamento da sociedade.

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Nesse segundo exemplo, destacamos mais uma vez o tópico frasal, para que vocês percebam que
temos uma nova afirmação direta. Dessa vez, para sustentar a ideia de que a segurança alimentar ameaça
o bom andamento da sociedade, utilizamos dados estatísticos de fonte confiável. Ao validarmos os dados
com uma agência como a FAO, damos uma fundamentação excelente ao nosso parágrafo. No caso,
percebe-se que encerramos o parágrafo mais uma vez com uma conclusão pequena e objetiva das ideias
apresentadas.

Exemplo 3
Tendo em vista o contexto de pandemia em que se encontra o mundo, o crescimento da
insegurança alimentar coloca em perigo a camada menos privilegiada da sociedade. Historicamente,
entende-se que contextos de pandemia e de guerra, comparáveis quanto à destruição social e humana,
aumentam a quantidade de pobres acometidos por problemas de saúde. É o que indica pesquisa da
Universidade de Brasília, em que se compara o momento atual à peste negra da Idade Média, com relação
à insegurança. Entende-se, assim, que a insegurança alimentar aumenta, ainda mais, a distância entre os
afetados pela Covid-19 no mundo, divididos entre ricos e pobres.

Nesse terceiro exemplo, encontramos a utilização de comparação histórica como comprovação


do argumento apresentado. A estrutura é a mesma: apresenta-se uma afirmação direta e objetiva; em
seguida, sustenta-se a ideia apresentada; e, por fim, conclui-se a ideia apresentada. Não tem segredo,
Bolas de fogo. Seguindo essa estrutura, conseguimos deixar claros os nossos argumentos e nosso
repertório.

Exemplo 4
Diante disso, a substituição de alimentos ricos em nutrientes por outros menos nutritivos é um perigo
para a saúde da maior parte da sociedade. Viver em uma situação de insegurança alimentar é, como
acontece em Vidas secas, de Graciliano Ramos, uma luta constante pela sobrevivência. Troca-se uma
possibilidade de vida saudável por uma eterna busca pela sobrevivência, de forma cíclica, como na obra
de Ramos. Assim, a população menos valida torna-se ainda mais dependente de ações de auxílio, vivendo,
em muitos casos, em estado de miséria constante.

Nesse último exemplo, percebe-se o uso da literatura. Esse é um conhecimento pouco explorado
nas redações, mas é um dado interessante para se abordar, principalmente levando-se em consideração
que literatura é uma disciplina que vocês têm na escola. No caso do nosso exemplo, há tópico frasal
definido e fundamentado na obra de Graciliano. Nesse exemplo, utilizamos um dos conceitos do que é a
insegurança alimentar para construir meu argumento.

Assim como a literatura, outros elementos da cultura e das artes podem ser explorados para a
criação de tópico frasal. Convém apenas lembrar sempre que nem toda produção cultural pode ser usada
como repertório na redação. Busque sempre obras que sejam consideradas clássicas ou mais eruditas. As
bancas das escolas militares costumam ser mais conservadoras do que a do ENEM, por exemplo.

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2.3 - Exercícios: tópico frasal


Vamos fazer alguns exercícios para treinar a argumentação a partir do tópico frasal. Em todos eles,
há espaço para a redação dos quatro tipos de desenvolvimento. Pratique e compreenda qual você tem
mais facilidade.

Vamos lá?

I.

Texto 1.
Já é uma cena comum: Antes mesmo de entrar em um museu ou um centro de artes, as
pessoas estão preparando seus celulares e câmeras. Nada contra esses objetos, inclusive os
amo. Mas às vezes coisas boas não são bem aproveitadas. No último mês, tive o privilégio
de visitar vários museus e lugares bonitos. Foi ótimo, porém, em alguns momentos, me batia
um incômodo: Por que, afinal, qual é o sentido de milhares de pessoas pagarem um ingresso
(geralmente bem caro) para tirarem fotos praticamente iguais que serão compartilhadas
nas mesmas redes sociais?
(...)
A fotografia é uma das linguagens que usamos para nos comunicar, criar e habitar esse
mundo de um modo humano. Quando tiramos uma foto podemos olhar as coisas a partir
de outro ângulo e assim redescobrir nossa própria realidade. Esse é um dos modos de
experienciar as coisas. Mas quando entramos já preparados para registrar uma experiência
estamos de fato sentindo ou enxergando algo? Nessas horas, acho que estamos tão
preocupados em não perder as memórias que esquecemos de criá-las.
Fonte: Taís Bravo, Comportamento em Museus: tirando fotos, Revista Capitolina, 31/12/2015. Disponível em:
<http://www.revistacapitolina.com.br/comportamento-em-museus-tirando-fotos/> Acesso em 18 Mar. 2019.

Texto 2.

Disponível em: < https://pixabay.com/pt/photos/paris-louvre-arte-monalisa-turismo-1325512/> Acesso em ago. 2019.

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TEMA: A virtualização da memória

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Repertório de autoridade:

Dados estatísticos:

História:

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Produções artísticas/culturais:

Antes de ler o comentário, lembre-se:

Não há uma resposta completamente certa quando o assunto é o texto dissertativo.

Defender um ponto de vista tem mais a ver com a capacidade de conseguir embasar sua opinião
com argumentos consistentes do que com estar “certo”.

Aqui, apontamos caminhos possíveis.

Nos dedicamos sempre a um tema específico nos comentários, o que não significa que seja o único
tema possível.

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Comentário:
Tema 1.
Uma opção de tema que contemplaria uma boa variedade de assuntos é “A obsessão pelo
registro no contemporâneo”. O museu parece ser, aqui, um exemplo dentre outros possíveis de
impulso em registrar, criar um arquivo, que nem sempre parece ter um propósito definido.

A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:


Ø O registro fotográfico se banalizou no contemporâneo.
Ø A experiência física da obra de arte não é mais tão importante quanto o fato de provar que
esteve em frente à obra.
Ø A popularização da fotografia digital mudou o modo como nos relacionamos com a arte.
Ø Há uma necessidade contemporânea crescente de compartilhar todas as suas experiências.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
Ø Os museus e as obras de arte se tornaram item de turismo obrigatório, ou seja, nem
sempre a fruição da obra de arte é o objetivo principal da ida ao museu.
Ø A popularização das redes sociais cria alguns comportamentos esperados na internet. Se
estabelece um padrão: não é possível viver algo sem compartilhar com seus seguidores.
Ø A rapidez da fotografia digital modifica a relação que estabelecemos com o aparelho
fotográfico, as imagens e os registros, a partir da chave do imediatismo.
Ø Temos uma necessidade de registar o cotidiano, ainda que o único propósito seja criar um
arquivo – nem sempre acessado com frequência.
Ø Ao planejar nossos passos pensando nas fotografias que podem vir deles, não estamos
vivendo experiências realmente, mas as encenando.

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II.

Texto 1.

Disponível em: < encurtador.com.br/adi37> Acesso em ago. 2019.

Texto 2.
Veja lá o que escreve
“Aquilo que antigamente as pessoas escreviam numa parede de banheiro hoje pode ser visto
por milhões”.
A constatação é da advogada americana Sandra Baron. Está numa matéria do Wall Street
Journal sobre os processos cada vez mais frequentes contra blogueiros nos Estados Unidos por
vários tipos de ilícitos, de difamação a invasão de privacidade, passando por desrespeito a
direitos autorais.
Segundo a reportagem de M.P.McQueen, transcrita no Valor desta quinta-feira, 21, sob
o título “Cuidado com o que você escreve na web”, o número dessas ações judiciais cresceu
quase nove vezes entre 2003 e 2007. Pensando bem, uma gota de água perto da explosão da
blogosfera no período.
A previsão é de que o número de processos acompanhe o contingente de internautas
que publicam comentários online – uma parcela dos quais lembra mesmo os rabiscos nas
paredes de banheiros de que fala a advogada Sandra Baron.
Trecho retirado de Luiz Weis, para Observatório da Imprensa, 21/05/2009. Disponível em:
<http://observatoriodaimprensa.com.br/codigo-aberto/veja-la-o-que-escreve/> Acesso em ago.2019

TEMA: Superexposição nas redes sociais no contemporâneo

RECORTE TEMÁTICO:

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TESE:

Argumentação:

Repertório de autoridade:

Dados estatísticos:

História:

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Produções artísticas/culturais:

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Comentário:
Tema 2.
O texto 1 aponta para uma das faces do problema: a quantidade de informações que
compartilhamos – conscientemente ou não – na internet. Muitas vezes, toda a nossa vida já se
encontra disponibilizada online. Muitas vezes não nos damos conta da quantidade de
informações sobre nós mesmos que compartilhamos. Já o texto 2 mostra um outro lado do
problema: usamos a internet de maneira despreocupada, sem pensar nas possíveis
consequências do que falamos. Porém, tendo em vista que a privacidade na internet nem sempre
é garantida, esse comportamento pode acarretar uma série de consequências, inclusive legais.
A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:
Ø Os perigos da ausência de privacidade na internet.
Ø A produção de conteúdo online num contexto de pouca privacidade.
Ø A ilusão de anonimidade na internet.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
Ø Nós desconhecemos os processos por trás da troca de informação na internet. Assim, se
não tomarmos providências para nos precavermos contra essa situação, corremos muitos
riscos, como por exemplo, ter nossas informações roubadas.
Ø Quando compartilhamos nossas informações na internet, muitas vezes, confiamos
cegamente no sistema. Houve porém uma série de denúncias envolvendo a venda e
manipulação de dados dos usuários na internet, comprovando que não se deve ser
descuidado com suas informações online.
Ø A questão dos direitos autorais na internet se altera, pois a velocidade do
compartilhamento de informação é muito alta. Assim, fica muito difícil se manter vigilante
e garantir os direitos autorais. Por outro lado, talvez a internet demande um novo olhar
sobre o modo como resguardamos a propriedade intelectual.
Ø Somos levados a crer que na internet gozamos de anonimidade completa, podendo assim
dizer o que quisermos sem sofrer as consequências desses atos. Diversos casos têm
mostrado, porém, que é sim possível rastrear a identidade das pessoas que produzem
qualquer tipo de conteúdo online.
Ø Ao mesmo tempo em que acreditamos nessa anonimidade, percebemos uma ausência
completa de privacidade, como por exemplo, na oferta de propagandas a partir dos nossos
mecanismos de busca.

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III.

Texto 1.

Disponível em: < http://direitonamidia.blogspot.com/2016/03/humor.html> Acesso em ago.2019.

Texto 2.
Redes sociais não são a nova ágora, mas a nova cracolândia
O questionamento sobre a qualidade do debate público nas redes sociais já havia sido
esboçado na década passada; no entanto, a euforia com o potencial da democratização da
informação e da chamada inteligência coletiva — além da propaganda ostensiva das empresas,
que obviamente superdimensiona os aspectos positivos e oculta os negativos — acabou
soterrando a crítica em uma montanha de cacofonia.
Andrew Keen, em um livro chamado: O culto do amador: como blogs, MySpace, YouTube
e a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultura e valores já havia formulado uma
crítica importante sobre o que a Internet havia se tornado a partir da supremacia de um conjunto
de empresas que se especializaram em obter lucros em escala, explorando a vaidade dos usuários.
Celebrados na teoria como uma revolução democrática que teria fortalecido a esfera pública a
níveis inéditos, os blogs e as redes sociais, na prática, têm nos desviado do debate cívico ao
estimular a exposição narcísica de nossas vidas privadas, de nossa vida social, de nossa vida sexual
ou simplesmente de nossa falta de vida. Mesmo aqueles comentários indignados que, à primeira
vista, poderiam ser confundidos com uma iniciativa de discussão pública de questões
fundamentais, frequentemente não passam de um exibicionismo desajeitado de uma alma
insegura que, no fundo, está mais preocupada com a autoafirmação e a aceitação de seus iguais
do que com o debate cívico propriamente dito.

Por André Azevedo da Fonseca, 30/10/2018, Observatório da Imprensa. Disponível em:


<http://observatoriodaimprensa.com.br/dilemas-contemporaneos/redes-sociais-nao-sao-a-nova-agora-mas-a-nova-
cracolandia/> Acesso em ago.2019.

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TEMA: Discurso de ódio e liberdade de expressão na internet hoje.

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Repertório de autoridade:

Dados estatísticos:

História:

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Produções artísticas/culturais:

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Comentários:
Tema 3.
A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:
Ø A internet mina o diálogo entre pontos de vista diferentes.
Ø A distância aparente promovida pela internet torna fácil julgarmos o outro.
Ø Ao mesmo tempo que a internet promove maior troca de conhecimento, também abre
margem para o não diálogo.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
Ø Nos sentimos legitimados para expor nossa opinião na internet e para julgar outras pessoas
por seus posicionamentos, possivelmente em virtude de uma noção de anonimidade.
Ø Nem sempre é possível conciliar o eu e o outro, pois pensamentos diferentes por vezes se
negam. Assim, nos debates online muitas vezes nos cercamos apenas de vozes
consonantes, não dissonantes.
Ø Ainda que na internet não seja possível eliminar as diferenças, é possível escolher as
pessoas com que queremos conviver ou incluir nos nossos círculos de amigos.
Ø O indivíduo encontra legitimidade para suas ações quando está em grupo, pois há pessoas
iguais a ele endossando suas ações e pensamentos. Assim, cercados por grupos que
concordam conosco na internet, acabamos nos sentindo mais livres para nos
expressarmos.

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IV. Tema 4.

O que é a verdadeira matemática? Ora, assim como a música e a pintura, é uma atividade
artística.
Para nos convencermos disso, nem precisamos nos lembrar das conexões histórias entre a
matemática e as outras artes. Não que elas faltem. Poderíamos mencionar a relação próxima
entre o uso da perspectiva na pintura e o desenvolvimento da geometria projetiva. Ou a
importância da proporção na escultura e na arquitetura. Ou o impacto que a ideia da quarta
dimensão teve sobre o cubismo. Ou poderíamos ainda olhar para os desenhos de Escher, que
contêm faixas de Möbius, tesselagens periódicas e geometrias não-euclidianas [2]. Mas basta
prestar atenção à própria matemática e àqueles que a fazem. (...)
Se apresentarmos aos alunos temas interessantes, eles terão suas próprias ideias
naturalmente. Vão aprender fazendo. Espera-se que saibam dar respostas, mas é muito mais
importante saber fazer perguntas. Os números primos, a quadratura do círculo, os paradoxos de
Zenão, os sólidos platônicos, a raiz quadrada, a noção de infinito, a simetria dos mosaicos árabes,
o teorema das quatro cores, são tantos assuntos fascinantes. Nenhum aumento de carga horária,
nenhuma reforma curricular, vai fazer diferença se não permitirmos que os estudantes possam se
relacionar com ideias matemáticas de forma pessoal e passional, como se relacionam com outras
manifestações artísticas como músicas, fotografias e poemas.

Fonte: Estado da Arte, 07/03/2019. Disponível em <https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-


arte/contemplando-o-jardim-secreto-a-beleza-da-matematica/> Acesso em 19 Mar. 2019

TEMA: A relação entre a matemática e as artes

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Repertório de autoridade:

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Dados estatísticos:

História:

Produções artísticas/culturais:

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Comentário:
O tema aqui é “a relação da matemática com as artes”. O fragmento do texto revela
preocupação tanto com a questão do planejamento matemático nas artes quanto das
possibilidades criativas em potência na matemática.
Alguns dos desenvolvimentos possíveis desse tema são:
Ø A matemática deve ser encarada de maneira mais criativa.
Ø O modo como a matemática é ensinada dificulta sua apreensão.
Ø As artes se beneficiam da matemática em diversas circunstâncias.

Alguns pontos a levar em consideração na produção desse texto são:


Ø O pensamento matemático surge da prática, portanto, tem ligação com elementos do
cotidiano.
Ø É possível falar em verdadeira matemática?
Ø As artes utilizam a matemática de maneira consciente ou inconsciente?
Ø O uso prático da matemática é um modo de facilitar seu ensino, já que sai da abstração para
o material.
Ø Há frequente dificuldade entre os estudantes para estudar matemática e, possivelmente, isso
se liga mais ao modo como ela ensinada do que a uma dificuldade em si.
Ø O descolamento entre ideias e prática é um dificultador no aprendizado.

3- Prática de redação
(AFA – 2014)
TEXTO I
A MOÇA E A CALÇA
Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em exibição é ruim: “O menino mágico”. Se mágico adulto
geralmente é chato, imaginem menino. Mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito
da redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava sobejamente clara. A mocinha chegou,
comprou a entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou pra ela e disse que ela não podia
entrar:
_ Não posso por quê?
_ A senhora está de “Saint-Tropez”.
_ E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas dela, sorriu e foi um bocado sincero: _ Por mim a
senhora entrava. (Provavelmente completou baixinho... e entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem
de que não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como é... ele tinha que obedecer, de maneira que
sentia muito, mas com aquela calça não.
_ O senhor não vai querer que eu tire a calça.
Nós, que estávamos perto, quase respondemos por ele: _ Como não, dona! _ Mas ela não queria
resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas
calças eram tão compridas como outras quaisquer. O cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse
detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato, era comprida como as outras, mas embaixo. Em

AULA 03 – REDAÇÃO 34
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cima era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado, parecendo até o representante de Cuba em
conferências panamericanas.
_ Quer dizer que com minhas calças eu não entro? _ Quis ela saber ainda mais uma vez. E vendo o
porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a perguntar: _ E de saia?
De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha
(devia ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por cima do pomo da discórdia. No caso, a
calça “SaintTropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou que a dita escorresse saia abaixo.
Apanhou, guardou na bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro comentou:
_ Faço votos que ela tenha outra por baixo.
Outra calça, naturalmente.
(Stanislaw Ponte Preta)

TEXTO II
A FAVOR DA DIFERENÇA, CONTRA TODA DESIGUALDADE *
A maioria das pessoas acredita que está isenta de preconceitos. No entanto até sua linguagem
contradiz esta crença. De modo especial, o corpo, que deveria ser um elemento de agregação e de
comunicação, se torna elemento de discriminação.
Coube-me fazer uma pesquisa com dez adolescentes sobre a presença da violência na escola
através da palavra. Todos afirmaram que já agrediram e foram agredidos com palavras. Surpreende que
os adolescentes veem no corpo um elemento de discriminação. A obesidade, a altura, pequenos defeitos
físicos são motivos de preconceito.
Acontece que nossa sociedade seleciona um determinado corpo como modelo e quem não
obedece a este padrão está fora de cogitação. Num país de pobres que não conseguem ter uma
alimentação equilibrada e nem os cuidados mínimos com a saúde, a consequência é a marginalização.
As pessoas com necessidades especiais também são consideradas anormais. É muito comum
agredir verbalmente as pessoas chamando-as de retardadas. Até os pobres entram na dança da agressão.
Um xingamento comum é o de vileiro ou favelado. E o que dizer dos adolescentes homossexuais?

Diferença x desigualdade
Existe a visão de que a diferença se identifica com a desigualdade. Há um padrão de ser humano
estandardizado e único que deve servir de metro para o julgamento das pessoas. O grande desafio para a
educação é descobrir este currículo oculto verdadeiro e forte para enfrentá-lo adequadamente.
Há pessoas que dizem que só a educação é capaz de salvar e desenvolver um país. Até aqui todos
estão de acordo. Contudo é importante se perguntar qual é o tipo de educação necessária para um país
como o Brasil, que tem uma das maiores concentrações de renda do mundo. Há pessoas que tiveram
acesso a todos os estudos possíveis e, no entanto, continuam defendendo uma sociedade livre sem ser
justa, o que, convenhamos é uma grande possibilidade.
Pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do MEC,
demonstrou que quanto mais preconceito e práticas discriminatórias existem numa escola, pior é o
desempenho de seus estudantes. Foram entrevistadas 18.500 pessoas entre alunos, pais, diretores,
professores e funcionários de 501 escolas de todo o Brasil. Do total de estudantes entrevistados, 70% têm
menos de 20 anos.
Esta pesquisa revela que praticamente todos os entrevistados (99,3%) têm preconceito em algum
nível. Sobre contra quem eles admitem ter preconceito, revelaram: homossexual, deficiente mental,
cigano, deficiente físico.

AULA 03 – REDAÇÃO 35
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Enquanto a educação não enfrentar essas questões, o que está acontecendo em nossas escolas é
apenas uma transmissão de conteúdos, um verniz colorido que não penetra o profundo, a consciência e
o coração das pessoas. (...)
SANDRINI, Marcos. Mundo jovem. Realidade brasileira Fevereiro de 2013.
*O texto foi reproduzido na íntegra, respeitando-se todas as construções sintáticas da forma como nele apareceram.

TEXTO III
SOMOS SÓ PARTE DA IMENSA DIVERSIDADE
Protagonista do filme “Colegas”, que estreou sexta, fala da vida com a síndrome de Down e de como se
sente igual a todos.
Protagonista do filme “Colegas”, do diretor Marcelo Galvão, o ator Ariel Goldenberg, 32, se define
como um “guerreiro”. E ele é. Guerreiro down, diga-se. Down de síndrome de Down mesmo.(...)
O sonho do guerreiro, agora é se firmar na carreira de ator (pensa em atuar em uma novela) e
estudar para se tornar diretor também. Abaixo, entrevista de Goldenberg, em que revela o segredo de
seu sucesso e dá dicas sobre como os pais de crianças com Down podem ajudar seus filhos.
Como você avalia o seu desempenho no filme?
Eu dei a minha alma para que o Stallone expressasse a realidade de um down que luta para materializar
seus sonhos. Stallone sou eu. Tenho orgulho de dizer que fizemos o filme todo em um take só. Gravamos
direto, não houve a necessidade de refazer cenas porque os atores se esqueceram do texto, ou porque
não colocaram verdade nos personagens.
Você alguma vez se sentiu discriminado por ser down?
Uma vez. E foi, por coincidência, em um cinema. Eu e a Rita estamos acostumados a ir ao cinema toda
sexta-feira. Sempre fomos tratados com respeito, mas, naquele dia, o gerente se recusou a aceitar que
pagássemos meia-entrada, que é um direito assegurado aos downs. Ficou claro que ele não nos queria lá.
Me subiu o sangue na hora.
Como você conheceu a Rita?
Entrei no site “Grandes encontros”, que é uma sala de bate-papo para pessoas com deficiência, e a
encontrei. O que ela tem de mais? Nada. Apenas uma alma pura e os olhos azuis bonitos. Casamos nos
rituais judaico, religião da minha família, e no católico, da família da Rita.
Você se sente um cara diferente das pessoas comuns?
Não. Eu me sinto igual a todo mundo. Nós downs perante a sociedade somos downs, mas, perante Deus,
somos normais. É claro que eu sei que temos uma cópia a mais do cromossomo 21. Mas todo dia nasce
um bebê torto, ou loiro, ou moreno, ou mais inteligente ou menos. Nós somos apenas parte da imensa
diversidade dos seres humanos. Por isso, somos normais.
E ter filhos, você e a Rita não planejam?
Não. Porque dá muito trabalho formar um filho com a síndrome. E há a probabilidade muito grande de
termos um filho com a síndrome. Eu não quero arriscar.
CAPRIGLIONE, Laura. Folha de São Paulo. 04 de março de 2013.

TEXTO IV
SER DIFERENTE É NORMAL
Todo mundo tem seu jeito singular
de ser feliz, de viver e de enxergar
se os olhos são maiores ou são orientais
e daí, que diferença faz?

Todo mundo tem que ser especial


em oportunidades, em direitos, coisa e tal
seja branco, preto, verde, azul ou lilás

AULA 03 – REDAÇÃO 36
Prof.ª Celina Gil

e daí, que diferença faz?

Já pensou, tudo sempre igual?


Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
Já pensou, sempre tão igual?
Tá na hora de ir em frente:
ser diferente é normal!

Todo mundo tem seu jeito singular


de crescer, aparecer e se manifestar
se o peso na balança é de uns quilinhos a mais
e daí, que diferença faz?

Todo mundo tem que ser especial


em seu sorriso, sua fé e no seu visual
se curte tatuagens ou pinturas naturais
e daí, que diferença faz?

Já pensou, tudo sempre igual?


Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
já pensou, sempre tão igual?
Tá na hora de ir em frente:
Ser diferente é normal!
(Adilson Xavier/ Vinícius Castro)

A partir da leitura dos textos desta prova e de seus conhecimentos prévios, redija um texto
dissertativo-argumentativo, em norma padrão escrita da língua portuguesa, posicionando-se criticamente
em relação ao tema:

O combate aos preconceitos na atualidade.

Dê um título a sua Redação.

EPCAR (2021)
TEXTO I

Agressividade is the new black

RUTH MANUS

Para que dialogar se nós podemos jogar pedras?

The new black. Expressão inglesa que designa uma nova tendência, algo que está tão na moda que
poderia até mesmo funcionar como um pretinho básico. Adoraria que este fosse um texto sobre jaqueta
jeans, mas não é.

“Se prepare, Ruth, a agressividade nas redes sociais é algo que você não pode imaginar.”

AULA 03 – REDAÇÃO 37
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Foi o que me disseram pouco antes da estreia do blog. Eu, fingindo não estar com medo, balancei
a cabeça positivamente como quem diz “tô sabendo, tô sabendo”. Mas como diria Compadre Washington,
“sabe de nada, inocente”.

No meu segundo texto, quase desisti de tudo. Eu realmente não tinha dimensão do nível sem
cabimento que as pessoas poderiam atingir para atacar algo que na maioria das vezes nem mesmo as
provocou.

Há muito tempo venho tentando digerir, mas não consigo. Achava que a agressividade vinha só de
alguns leitores meio pancadas. Engano meu. Ela vem de todo lado: de quem lê, de quem não lê, de quem
lê só o título e até de quem escreve.

E eu pensava que isso acontecia porque o computador torna as pessoas intocáveis, assim como os
carros e que por isso elas canalizavam toda sua agressividade nas redes sociais ou no trânsito.

Engano meu. Tá generalizado, como uma peste que se espalha pelo país e ninguém faz nada para
conter. Mesa de bar, fila da farmácia, ponto do ônibus. Discursos de ódio e ignorância estão por toda
parte.

Acho que existe um erro de conceito. As pessoas passaram a utilizar a agressividade como um
artifício para aumentar a própria autoestima.

Como as pessoas se sentem politizadas? Sendo agressivas.

Como as pessoas se sentem informadas? Sendo agressivas.

Como as pessoas se sentem engraçadas? Sendo agressivas.

Como as pessoas se sentem menos ignorantes? Sendo agressivas.

Entendam: pessoas inteligentes não jogam pedras. E pessoas equilibradas não berram, nem
mesmo via caps lock.

Sempre me vem à mente aquela passagem de Sagarana, em que Augusto Matraga diz que vai para
o céu “nem que seja a porrete”. As pessoas tentam reduzir a violência com agressividade. Tentam
melhorar o país com agressividade. Tentam educar seus filhos com agressividade. Tentam fazer justiça
amarrando pessoas em postes.

“Pra pedir silêncio eu berro, pra fazer barulho eu mesma faço”. Será que um dia essa gente vai
entender que o antônimo de agressividade não é passividade? Mas é assim que tá sendo.

Porque argumentar dá muito trabalho. Pesquisar então, nem se fala. Articular um discurso está
fora de questão. Tentar persuadir é bobagem. E tolerar_ Tolerar é um verbo morto. Agressividade is the
new black.

(Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/ agressividade-is-the-new-black/ - Acesso em


28/08/2020)

AULA 03 – REDAÇÃO 38
Prof.ª Celina Gil

TEXTO II

O QUE É INTOLERÂNCIA

A palavra “intolerância” vem do latim intolerantia, que significa impaciência, incapacidade de


suportar, falta de condescendência e de compreensão. Também compreende o sentido de inflexível,
rígido e que não admite opinião ou posição divergente. No sentido oposto, “tolerância” foi definida pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como “o respeito, a
aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de
expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos”.

(...)

Um interessante entendimento das razões da intolerância é o da antropóloga francesa Françoise


Héritier (1933-2017). Segundo ela, a intolerância está associada à dificuldade de reconhecer a expressão
da condição humana no que nos é absolutamente diverso. Ser intolerante seria "restringir a definição de
humano aos membros do grupo; os outros, sendo não humanos, podem ser tratados como tais". Está aí
uma das chaves para a compreensão das causas do aumento da intolerância nos últimos tempos.

(...)

(Disponível em: http://conhecimentocerebral1.blogspot.com/2018/06/ atualidades-vestibular-e-enem-dossie.html - Acesso


em 28/08/2020)

TEXTO IV

Os estatutos do homem (Ato Institucional Permanente)

A Carlos Heitor Cony

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
Agora vale a vida,

AULA 03 – REDAÇÃO 39
Prof.ª Celina Gil

E de mãos dadas,
Marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
Inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
Têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
/.../

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
Sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
/.../

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
Amar sem amor.
(MELLO, Thiago de. Os estatutos do homem. São Paulo: Vergara & Riba, 2001.)

TEXTO V

Cajueirinho pequenino,
Carregadinho de flor,
Como queres que te ame,
Se não és o meu amor.

(Cantiga de domínio popular)

Considere os textos da prova de Língua Portuguesa, seu conhecimento de mundo e o texto


apresentado a seguir como motivações para redigir um texto dissertativo-argumentativo, em prosa,
conforme o tema apresentado.

Tempo de delicadeza

Sei que as pessoas estão pulando na jugular umas das outras.

Sei que viver está cada vez mais dificultoso. Mas talvez por isto mesmo ou talvez devido a esse maio
azulzinho, a esse outono fora e dentro de mim, o fato é que o tema da delicadeza começou a se infiltrar,
digamos, delicadamente nessa crônica, varando os tiroteios, os sequestros, as palavras ásperas e os gestos
grosseiros que ocorrem nas esquinas da televisão com a vida.

Talvez devesse lançar um manifesto pela delicadeza. /.../

Meus amigos, meus irmãos, sejamos delicados, urgentemente delicados.


(SANT´ANNA, Affonso Romano de. Tempo de delicadeza. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 7.)

AULA 03 – REDAÇÃO 40
Prof.ª Celina Gil

TEMA DA REDAÇÃO:

Como colocar em prática o desafio proposto por Affonso Romano para sermos, no cotidiano,
“urgentemente delicados”?

Instruções:

• Considere os textos desta prova como motivadores e fontes de dados. Não os copie, sob pena de ter a
redação zerada.

• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.

• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma
(caixa alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.

• Utilize caneta de tinta preta ou azul.

• Dê um título à redação.

• Não assine a folha da redação.

(Estratégia Militares - 2020)


Leia os textos abaixo.

TEXTO I

Há um vácuo jurídico acerca do tema segurança pública, avalia Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente
do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"Nossa Constituição não diz o que é segurança pública, nenhuma lei diz que segurança pública é proteger
a população ou investigar criminoso, só diz por quem a segurança vai ser exercida", disse ele à BBC Brasil.

"Então segurança é um conceito que ganha significado no dia a dia da prática policial. Se olharmos para a
história das instituições policiais hoje, muitas estão reguladas por outro conceito de segurança, que é a
manutenção de um modelo de ordem pública, de uma situação em que o Brasil tem um inimigo interno.
A lógica é que o tráfico é o inimigo a ser combatido e deixamos de lado uma série de problemas ligados à
preservação da vida", explica.

Para Lima, um bom conceito de segurança pública seria prevenção, investigação e punição de
responsáveis por atos de violência e criminalidade e administração de conflitos para garantir direitos
básicos da população para que ela possa exercer outros direitos da cidadania, como sair de casa, ir ao
médico e trabalhar.

(Adaptado de 5 razões por trás da crise de segurança pública no Brasil. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/brasil38909715> Acessado em 23 mar. 2020)

TEXTO II

AULA 03 – REDAÇÃO 41
Prof.ª Celina Gil

Além da preocupação diretamente relacionada ao crime, há outras evidências importantes de


transformações sociais relacionadas com a expansão da segurança privada, como a ampliação dos espaços
chamados de semipúblicos e dos condomínios residenciais, que criam demanda por provedores dos
serviços particulares de proteção. Da mesma forma, nas décadas recentes verifica-se uma intensa
especialização dos recursos e tecnologias de segurança utilizados nos centros industriais e comerciais,
reformulando as tendências da segurança empresarial. Como decorrência desses processos sociais e
urbanos, a segurança privada vem atender a demandas sociais existentes e cada vez mais comuns no
mundo contemporâneo, assumindo em muitas localidades funções complementares com a segurança
pública.

Ao mesmo tempo em que temos essa grande evolução na criminalidade, o contexto metropolitano passou
por grandes transformações nas últimas décadas. Além do crescimento acelerado das periferias urbanas
em meio a uma grande precariedade estrutural decorrente do processo de rápida urbanização, que se
deu à margem de um desenvolvimento econômico capaz de sustentar esta crescente demanda
populacional, desenvolveram-se nos grandes centros novos padrões de comércio, moradia, trabalho e
lazer, verificados, como já observado, no surgimento em larga escala dos espaços privados abertos para
o público. Além desses espaços, nesse período há uma grande disseminação dos condomínios residenciais
e centros comerciais, que requerem grande investimento privado em segurança.

(Disponível em: <https://www.anpocs.com/index.php/papers-30-encontro/st-6/st01-5/3527-azanetic-a-disseminacao/file>


Acessado em 23 mar. 2020)

TEXTO III

Um dos direitos básicos dos cidadãos de uma determinada região, a segurança pública é um serviço que
visa proteger as pessoas e os seus bens, evitar a ocorrência de delitos e crimes, e possibilitar a vida em
harmonia nos espaços públicos. A segurança privada, por sua vez, tem o objetivo de preservar patrimônios
privados e as pessoas que neles passeiam, residem ou atuam profissionalmente.

Infelizmente, nas grandes cidades brasileiras, e até mesmo nos municípios interioranos, a criminalidade e
a falta de segurança suficiente têm imperado. Por isso, existe grande demanda por profissionais que
desejam atuar na área, tanto oferecendo segurança para as pessoas, bens e instituições, quanto criando
e gerenciando políticas e projetos que visem melhorar a situação e diminuir a insegurança.

(Disponível em: <https://www.educamaisbrasil.com.br/cursos-e-faculdades/seguranca-publica-e-privada> Acessado em 23


mar. 2020)

TEXTO IV

Em 2016, o relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para execuções sumárias, arbitrárias
e extrajudiciais, Christof Heynz, recomendou um maior controle, por parte dos governos, dos serviços de
segurança particular. Ele disse, então, que o “uso desregulado ou inadequado da força por provedores
privados de segurança pode comprometer gravemente a proteção do direito à vida”.

O alerta surge em um momento em que a ONU reconhece que os serviços de vigilância privativos se
tornaram um grande mercado ao redor do mundo. “Os Estados são os principais responsáveis pelo
cumprimento dos direitos humanos.

AULA 03 – REDAÇÃO 42
Prof.ª Celina Gil

O crescente movimento em direção à privatização da segurança levanta questões sobre os papéis,


responsabilidades e, finalmente, acerca da prestação de contas em relação às violações dos direitos
humanos e a abusos”, pontuou o relator especial.

Em muitos países, há mais agentes privados de segurança do que públicos. Segundo a ONU, isso ocorre
em locais como a Guatemala (onde existem seis seguranças particulares para cada policial), Índia (cinco
para um), África do Sul (dois e meio para um) e Estados Unidos (mais de dois para um).

“A ampliação do setor de segurança privada levanta a questão se seus provedores devem atender aos
mesmos padrões da segurança pública no que tange ao uso da força, e se o mesmo nível de
responsabilização toma lugar em casos de abuso de poder”, sustenta o relatório.

(Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/03/06/Quais-s%C3%A3o-as-atribui%C3%A7%C3%B5es-


daseguran%C3%A7a-privada-no-Brasil> Acessado em 23 mar. 2020)

Com base nos textos de apoio e em seus conhecimentos gerais, construa um texto dissertativo-
argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobreo tema:

O papel da segurança pública e da segurança privada: onde começa a responsabilidade de uma e


termina a de outra?

(Estratégia Militares - 2021)


Texto I

(Disponível em <https://piaui.folha.uol.com.br/o-brasil-se-arma/> Acesso em 16 fev. 2021)

AULA 03 – REDAÇÃO 43
Prof.ª Celina Gil

Texto II

Nos EUA, a maioridade só é atingida aos 21 anos e essa é a idade para se poder comprar álcool
legalmente. No entanto, na maioria dos estados norte-americanos, é possível comprar um fuzil de estilo
militar AR-15 a partir dos 18 anos.

As leis dos EUA têm requisitos de idade mais rigorosos para a compra de armas de mão do que
para os fuzis de estilo militar que se têm tornado a arma de escolha para tiroteios em massa, como o que
aconteceu esta quarta-feira numa escola da Florida.

O limite de idade é menor para armas longas, uma categoria que inclui fuzis de caça tradicionais,
espingardas e armas de estilo militar que encaixam na categoria, segundo a lei, de "armas de assalto".
Depois de uma proibição federal que incidia sobre armas de assalto ter caducado em 2004, apenas sete
estados e o Distrito de Colúmbia - ao qual pertence Washington - continuam a proibir esse tipo de armas
de fogo.
(Disponível em <https://www.dn.pt/mundo/menores-podem-comprar-armas-mas-alcool-nao-9123421.html> Acesso em 16 fev. 2020)

Texto III

É infértil combater, de forma genérica, a violência, enquanto não refletirmos sobre suas múltiplas
manifestações e desnaturalizarmos suas representações, percebendo em nossas ações a violência com a
qual, teoricamente, nos opomos. Quando eu me manifesto de forma violenta? Como evitar tal
manifestação?

Para diminuir a violência é necessário se atentar sobre como a percebemos e o que caracterizamos
de atos violentos.

(...)

Contudo, dificilmente, as mesmas pessoas que acreditam combater a violência civil com violência
militar consentida, entenderão como ampliação da violência, o aumento de compartilhamento de vídeos
de extermínio ou de brigas, o aumento de gritos histéricos no trânsito, de humilhação a subordinados, de
postagens cheias de fúria contra determinados grupos, de agressões às esposas e aos filhos.

(Disponível em <https://andredoamaral.art/2015/07/20/a-glamourizacao-da-violencia/> Acesso em 16 fev. 2021)

Texto IV

Vamos falar sobre armas? Esse é um daqueles assuntos que só de ser mencionado já põe as
pessoas na defensiva. Colocamos os óculos liberais ou conservadores, de esquerda ou de direita, e
partimos para a briga.

Mas será que não é possível conversar de verdade sobre o tema? E se a gente ouvisse os
argumentos de cada lado tentando compreendê-los, em vez de tentar contra argumentar antes do fim
da frase? Talvez ninguém mudasse de posição, mas quem sabe conseguimos ao menos avançar o debate.

AULA 03 – REDAÇÃO 44
Prof.ª Celina Gil

Em primeiro lugar é preciso separar os argumentos baseados em posturas dos baseados em fatos.
A pessoa pode ser a favor do armamento da população por defender as liberdades individuais, por
exemplo. É uma opinião tão válida quanto a de quem é contra por dizer que o uso da força física é
prerrogativa do Estado. Não se trata de fatos, mas de posturas; elas devem mostrar a sua força num
debate embasando-se apenas em seus princípios e ideologias, independentemente dos dados.
Argumentar baseado em fatos é diferente. É preciso recolher dados da realidade e deles extrair
informações comprovando que sua postura é a mais benéfica para a sociedade.

Hoje, para (tentar) manter o nível do debate, vou buscar me ater a informações sólidas, verificadas,
fugindo do bate-boca “é verdade! x é mentira!”. Porque ambos os lados na questão das armas têm dados
reais para apresentar a seu favor.

(Disponível em <https://emais.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/escolha-as-armas/> Acesso em 16 fev. 2020)

Com base nos textos de apoio, nos texto da prova e em seus conhecimentos gerais, construa um texto
dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema:

“A posse e o porte de armas no Brasil hoje”

Considerações Finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não
acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir.

Na próxima aula, vamos nos aprofundar ainda mais no estudo do desenvolvimento, pensando
principalmente nos tipos de repertório possíveis para sua argumentação.
Qualquer dúvida estamos à disposição no fórum ou nas redes sociais.

Prof.ª Celina Gil

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AULA 03 – REDAÇÃO 45

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