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ESA

2024

AULA 03
Desenvolvimento I

Prof.ª Celina Gil


Prof.ª Celina Gil

Sumário
Apresentação 4

1 - Repertório de redação 5

Violência no Brasil 5

Black Lives Matter 8

Papel da internet 10

Cultura pop 13

2 - Desenvolvimento - Tópico Frasal 14

3- Prática de redação 35

Considerações Finais 44

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Siga minhas redes sociais!

Professora Celina Gil @professoracelinagil @professoracelinagil

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Apresentação
Olá!

Essa é uma das aulas mais importantes para a escrita de sua redação. Começaremos aqui nosso
estudo sobre o desenvolvimento a partir da ideia de tópico frasal. Essa é a parte à qual você deve se dedicar
com maior profundidade na sua redação. O importante é investir em uma argumentação aprofundada!

Na aula de hoje, veremos então:

- Prática e estudo de desenvolvimento dos argumentos a partir de tópico frasal;

- Exercícios de identificação de temática; desenvolvimento de argumentos e planejamento de redação; e

- Prática de redação

Nossas aulas de redação serão sempre compostas de 3 partes:

1 - Análise social
Apontamentos acerca de assuntos ligados ao contemporâneo.
Esses apontamentos têm o objetivo de fortalecer seu repertório e auxiliar na elaboração de
argumentos.

2 - Estudo de uma parte da dissertação

Estudo aprofundado de uma das partes que compõe o texto dissertativo.


Vamos passar por introdução, desenvolvimento, conclusão e coesão/coerência.

3- Produção textual

Análise de redações/trechos de redações e/ou exemplo de produção textual.


Propostas de redação inéditas para serem executadas pelo aluno.

Vamos lá?

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1 - Repertório de redação
Nosso repertório de redação de hoje fala sobre conflitos sociais e violência, a partir de diferentes
abordagens.

Tópicos da aula
Violência no Black Lives Papel da
Cultura Pop
Brasil Matter internet

Violência no Brasil
Um exemplo recente foi representativo de como a violência se mistura com os meios digitais no
Brasil e no mundo atualmente:

Crise de segurança no Ceará (2019)


Há uma guerra virtual dentro da guerra travada entre facções criminosas e o Governo estadual nas ruas do
Ceará. Os criminosos se multiplicam em mensagens no WhatsApp e Facebook e amplificam a onda de pavor
na qual Fortaleza e outras 50 cidades estão mergulhadas há duas semanas, quando atentados começaram
a acontecer. Em contrapartida, o Estado tenta lançar mão de uma artilharia digital pesada para tentar
rebater as ameaças. Passou inclusive a oferecer recompensa de até 30.000 reais por informações após uma
denúncia feita por aplicativo levar a Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) a um
depósito clandestino com mais de cinco toneladas de explosivos.
Em vídeos, áudios e textos, os bandidos mostram como agem e mandam recados audaciosos à população
e à alta cúpula da Polícia Militar cearense. “Agora a bagunça vai começar, é de com força”, debocha o
membro de uma das facções enquanto filma um ônibus em chamas. “Uns toca fogo na prefeitura, uns toca
fogo nos coisa lá dos policial, tá ligado?”, desafia outro, em reprodução das mensagens que mantém as
incorreções ortográficas originais.
A ousadia é tamanha que até um canal no YouTube os criminosos criaram. O Facções News tem vídeo com
quase 145 mil visualizações. “Logo que os ataques começaram [dia 2 de janeiro], a gente recebia
mensagem direto. Eu lembro que uma das primeiras que chegaram para mim era dizendo que um avião
tinha sido derrubado na BR. E muita gente acreditou porque o estrondo foi forte. O chão tremeu e tudo.
Depois foi que a gente soube que tinham explodido uma bomba pra derrubar um viaduto”, relata a dona
de casa Célia Souza, moradora do Metrópole, bairro de Caucaia, segunda maior cidade do Ceará, que fica
na Região Metropolitana de Fortaleza.
(...)
Para além da disseminação do terror nas redes, os ataques são filmados também como forma de os autores
comprovarem o ato às facções e receberem pagamento por isso. Por outro lado, o Governo promove
campanhas digitais pedindo que a população não dissemine notícias de procedência duvidosa. Prefeituras
e o Ministério Público do Estado do Ceará (MP/CE) endossam a mobilização, que enaltece ainda a
importância de denúncias serem feitas, mesmo que anonimamente, aos órgãos de segurança

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Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/01/16/politica/1547673104_237553.html

Segurança pública
Segundo Lilia Schwarcz, há alguns tipos de violência a serem considerados nos debates sobre
segurança pública. Ela divide, essencialmente, entre

Violência urbana Violência no campo


Assaltos e furtos; sequestros; crime Disputa de terras, mão de obra escrava;
organizado; tráfico de armas e drogas etc. conflitos com a população indígena etc.

A persistência do problema com a segurança pública no Brasil alimenta o debate sobre a autorização
ou não do porte e da posse de armas por civis no país.

Desde 2019, algumas regras acerca da posse de armas vêm sendo modificadas. Veja argumentos
contra e a favor das mudanças no Estatuto do Desarmamento e nas políticas de posse e porte de armas no
Brasil:

Contra mudanças A favor de mudanças

• Quanto menos armas em circulação, menores • O Estatuto do Desarmamento falhou em


os índices de mortes por armas de fogo e de cumprir seu papel de diminuir a
criminalidade. violência no Brasil. Enquanto os
cidadãos encontram mais dificuldades
• Segundo estudo recente, estima-se que a para possuir armas, os bandidos
aprovação do Estatuto do Desarmamento continuam a ter meios para obtê-las.
evitou, entre 2004 e 2015, mais de 160 mil
mortes no país. Para chegar a esse número, • Uma população armada tende a fazer a
pesquisadores consideraram que o ritmo de criminalidade cair, uma vez que
crescimento de mortes por arma de fogo criminosos pensam duas vezes antes de
diminuiu no país nesse período: entre 1980 e realizar assaltos ou invadir residências: o
2003, a taxa média era de aumento de 8,1% ao risco de perderem sua vida é maior.
ano, enquanto entre 2004 e 2014 a taxa média Enquanto no Brasil apenas 3,5% dos
de aumento foi de 2,2%. domicílios possuem armas de fogo, em
países com baixas taxas de criminalidade
• O porte de arma não garante que o cidadão há proporcionalmente mais domicílios
terá condições de se defender em caso de com armas, como Suíça, França e
assalto, por exemplo. Em geral, o assaltante se Canadá.
utiliza do elemento surpresa para se colocar
em vantagem em relação à vítima, não • As mortes por conta das armas de fogo
havendo margem para que o cidadão possa continuam a crescer no Brasil mesmo
usar sua arma efetivamente. Além disso, reagir após a aprovação do Estatuto. Foram
a um assalto aumenta em 180 vezes o risco de mais de 42 mil homicídios desse tipo
apenas no ano de 2012. Isso significa

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morrer, tornando ainda menos aconselhável o que a menor circulação de armas não
uso de uma arma nessa situação. coibiu a violência.

• O mercado legal de armas abastece o mercado • O cidadão deve ter direito à posse e ao
ilegal. Segundo o relatório da CPI do Tráfico de porte de arma, uma vez que se trata de
Armas, de 2006, 86% das armas apreendidas um instrumento de legítima defesa.
pela polícia haviam sido fabricadas e vendidas Restringir isso significa limitar a
no Brasil. liberdade do cidadão para garantir sua
própria segurança.
• O porte de armas também aumenta as
chances de mortes acidentais ou por motivos • Muitas vidas poderiam ter sido salvas
fúteis, como brigas de trânsito, discussões, nos últimos anos se a população
entre outras. pudesse se defender com uma arma.

(Fonte: <https://www.politize.com.br/o-estatuto-do-desarmamento-deve-ser-revisto/> Acesso em 16 fev. 2021)

Ataques em escolas
A frequência com que os episódios de violência ocorrem faz que não nos surpreendamos mais com notícias
que antes nos causavam indignação. Esse processo de banalização gradativa desfaz a importância que se
dá ao acontecimento e, paralelamente, proporciona a sua intensificação e o aparecimento de formas mais
elaboradas e graves de bullying.
Quem não se lembra do triste episódio ocorrido em 1999 em Columbine, uma escola de Ensino Médio dos
Estados Unidos? Dois alunos entraram, atiraram em várias pessoas e mataram 12 estudantes e um
professor, feriram 23 colegas, alguns gravemente, e depois cometeram suicídio. Essa tragédia mobilizou
toda a imprensa americana e internacional. Pesquisas sobre a vida pregressa dos dois agressores
constataram que haviam sido vítimas de bullying por um tempo prolongado (Clabaugh & Clabaugh, 2005).
Outros acontecimentos semelhantes se sucederam a esse, como o de Virgínia Tech, outra escola também
dos Estados Unidos, ou o de Patogenes, na Argentina, sempre relacionados ao fato de que seus autores
haviam sofrido bullying.
(Ristum, Marilena, Bullyng Escolar. In.: ASSIS, SG., CONSTANTINO, P., and AVANCI, JQ., orgs. Impactos da
violência na escola: um diálogo com professores [online]. Rio de Janeiro: Ministério da Educação/ Editora
FIOCRUZ, 2010.p. 108 e 109. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/szv5t/pdf/assis-
9788575413302.pdf> Acesso em 28/10/2019)

Papel do Estado
A partir da análise de caso da crise de segurança do Rio de Janeiro, a Revista TrendR listou 5 motivos
que podem ajudar a compreender a dimensão do problema e como o Estado pode atuar nesse sentido:

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Liderança

• Há falta de projeto a longo prazo por parte das lideranças governamentais.

Recursos

• Não se direciona dinheiro suficiente para a área, principalmente para a


remuneração de agentes de segurança.

Planejamento

• O número de agentes nas ruas, com treinamento adequado e condições de


trabalho é pequeno ; e a organização das ações não é feita de maneira pensada.

Falta de visão holística

• Não se combate a violência em suas especificidades; trata-se a violência como se


fosse algo uno e com uma só solução.

Desautorização de forças de segurança

• Não se buscam estratégias para garantir que a população se coloque ao lado das
forças de segurança; há muita resistência à presença das forças de segurança –
em parte porque os projetos não têm se mostrado eficazes.

Black Lives Matter

Em 2020, uma onda de protestos varreu os Estados Unidos, depois se espalhando pelo mundo, em
decorrência do assassinato de George Floyd por um policial, em Mineápolis. O ataque ao homem foi
filmado por uma jovem que estava perto quando tudo ocorreu e as imagens ganharam o mundo.

O Black Lives Matter, às vezes citado nos cartazes como BLM, é uma organização que nasceu em 2013 por
três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança nacional de trabalhadoras domésticas; Patrisse
Cullors, da coalizão contra a violência policial em Los Angeles; e Opal Tometi, da aliança negra pela
imigração justa. Hoje, é uma fundação global cuja missão é "erradicar a supremacia branca e construir
poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras" pelo Estado e pela polícia.
A união destas três mulheres, e a convocação do movimento foi uma reação à absolvição do vigia George
Zimmermann, então acusado de assassinar o adolescente negro Trayvon Martin, que voltava para casa
após comprar doces e foi morto com um tiro no peito em Sanford, na Flórida.
Mas o ativismo delas só ganhou destaque no ano seguinte, após outros dois casos de negros mortos por
policiais nos Estados Unidos: Michael Brown, 18, baleado em Ferguson, e Eric Garner, de 43, estrangulado
em Nova York. Ambos estavam desarmados.
O que começou como luta contra a brutalidade policial norte-americana se transformou em um movimento
mundial pelos direitos da população preta. "Não é uma guerra entre brancos e negros, mas uma luta de

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todos contra o racismo. O Black Lives Matter deu visibilidade, mas a nossa luta é muito mais antiga, pela
existência como seres humanos, pelo direito de viver e sair na rua sem ser alvejado", afirma Silvana Inácio,
jornalista e criadora do Podcast Zumbido
Disponível em <https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/03/black-lives-matter-conheca-o-movimento-
fundado-por-tres-mulheres.htm> Acesso em 19 mar. 2021)

Fonte: Unsplash

No Brasil, esse assunto repercutiu principalmente por conta da persistência do preconceito racial
no país. Desde o início da colonização, no século XVI, a cor operou como um marcador social fundamental
no Brasil, estabelecendo hierarquias internas que conferiam maior ou menor exclusão. Principalmente no
século XIX, falou-se em Darwinismo social no Brasil. Essa teoria aponta que atributos externos e fenotípicos
definem a moral e a capacidade de desenvolvimento dos povos. Diferenças sociais são, portanto, dadas
como naturais. Aspectos históricos e culturais são ignorados.

Os índices de violência e morte no Brasil também impactam mais a população negra. Ainda assim,
a maioria das pessoas afirma não se enxergar como racista:

É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em


1988, em São Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98%
dos mesmos entrevistados disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim,
preconceito. Ao mesmo tempo, quando inquiridos sobre o grau de relação com aqueles
que consideravam racistas, os entrevistados apontavam com frequência parentes
próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir, portanto, como
uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados.

(Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.)

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Referências para se aprofundar quando o assunto for racismo em uma redação.

Momentos da história
- História Americana
- Apartheid na África do Sul
- História do Jazz.
- Brasil: leis relacionadas a escravidão.
- Desigualdade social no Brasil
- Políticas de cotas
Filmes e séries
- Infiltrado na Klan.
- Pantera Negra.
- Olhos que condenam.
- Atlanta.
- Corra!
- Selma
- 12 anos de escravidão
- Cara gente branca.
Livros
- Quarto de despejo.
- Olhos d’água.
- Americanah.
- A cor púrpura.
- O cortiço.
- Pai contra mãe.
- Racismo Estrutural
- Pequeno Manual Antirracista
- O ódio que você semeia.

Papel da internet
Fóruns e Deep Web

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Os autores do atentado que matou oito pessoas (entre elas, cinco adolescentes) em uma escola em Suzano,
na Grande São Paulo, estão sendo investigados por uma possível ligação com um grupo virtual no qual
mensagens de ódio são espalhadas e crimes violentos são prometidos constantemente. Os chamados
“chans”, fóruns virtuais muitas vezes situados na deep web – uma parte da internet só acessível com
ferramentas específicas que dão anonimidade aos usuários – entraram na mira da Polícia Federal e do
Ministério Público após os assassinatos.
Trata-se de uma faceta dos crimes de ódio pouco conhecida do público, mas já investigada pelas
autoridades há algum tempo, afirma Pablo Ortellado, doutor em filosofia, professor do curso de Gestão de
Políticas Públicas na USP e coordenador do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à
Informação, que monitora o fluxo de usuários na internet em relação a conteúdos políticos. Esses fóruns
virtuais, diz, não são sempre espaços de propagação de ódio, mas em muitos casos são criados com esse
fim, com uma “cultura de misoginia, racismo, discriminação que são movidas pela frustração”.
Fonte: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/03/chans-o-que-se-sabe-sobre-os-canais-que-espalham-
odio-pela-internet-e-comemoraram-o-atentado-em-suzano.html> Acesso em nov.2019

Acirramento do discurso político


Os gráficos abaixo mostram as páginas curtidas por brasileiros no Facebook nos anos de 2013 e
2016, respectivamente. Os pontos maiores representam páginas com mais seguidores e os links entre os
pontos representam páginas que uma mesma pessoa segue.

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Pablo Ortellado e Marcio Moretto Ribeiro, CC BY


Gráficos disponíveis em: <https://theconversation.com/mapping-
brazils-political-polarization-online-96434> Acesso em 18 abr.2019.

Papel da imprensa
Quando o assunto é violência nos veículos de comunicação, há duas acusações comuns: de que a
imprensa não noticia a violência o suficiente; ou de que a imprensa suaviza a violência quando fala dela, o
que tira o peso das ações. De todo modo, a violência é muitas vezes vista como banalizada pelos meios de
comunicação.

Não falar o suficiente sobre a violência

No Brasil, os casos de Taiúva em São Paulo, e de Remanso, na Bahia, também foram protagonizados por
estudantes vítimas de bullying (Fante, 2005). Em ambos os casos, os adolescentes sofreram hostilidade,
humilhação e constrangimento durante vários anos. Edimar, de Taiúva, após concluir o Ensino Médio,
voltou à sua ex-escola e feriu uma professora, seis alunos e o zelador, matando-se em seguida. Em
Remanso, Denilton, após se deparar com a sua ex-escola e com sua escola atual fechadas (as aulas haviam
sido suspensas), dirigiu-se à casa de seu principal agressor, um garoto de 13 anos, e o assassinou com um
tiro na cabeça. A seguir, foi à escola de informática em que estudou e atirou contra funcionários e alunos,
atingindo fatalmente uma secretária e ferindo três pessoas. Apesar da gravidade, esses casos não foram
tão alardeados pela imprensa nem causaram tanta surpresa e comoção, evidenciando o processo de
banalização.
(Ristum, Marilena, Bullyng Escolar. In.: ASSIS, SG., CONSTANTINO, P., and AVANCI, JQ., orgs. Impactos da violência na escola:
um diálogo com professores [online]. Rio de Janeiro: Ministério da Educação/ Editora FIOCRUZ, 2010.p. 108 e 109. Disponível
em: <http://books.scielo.org/id/szv5t/pdf/assis-9788575413302.pdf> Acesso em 28/10/2019)

Suavizar a violência

Às vezes, estamos procurando um calmante, um Rivotril da vida, e acabamos tomando, sem querer, uma
dose do jornalismo diário brasileiro. Se o primeiro tranquiliza e dá sono, o segundo causa algo desastroso
para o cotidiano: confunde, desorienta. Principalmente quando não nomeia as coisas pelo que elas são.
Um exemplo: quando chama crime de “polêmica”. Ameniza, doura a pílula, deixa soft. Lembro-me de
quando a revista Placar lançou, em abril de 2014, uma capa com o ex-jogador Bruno na qual víamos seu

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rosto em quase pôster. Na foto, ele nos olhava diretamente, e a manchete dizia, em letras garrafais: “Me
deixem jogar.” O título era seguido pela chamada “Goleiro fala da vida no cárcere, da morte de Eliza
Samudio e do sonho de cumprir o contrato que assinou com um time mineiro.” Um desavisado poderia
facilmente pensar, a partir daquela construção, que se tratava de alguém que sofria uma injustiça, que
apenas queria voltar a exercer sua profissão. Que havia perdido um amor. Pobre Bruno.
Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/imprensa-precisa-fazer-autocritica/> Acesso em 21/11/2020

Cultura pop
Uma acusação comum à cultura pop é de que ela influencia na ideia de violência, incentivando-a a
partir de uma noção de glamourização:

“Como sociedade, assim como indivíduos, nós somos influenciados pela cultura que nos rodeia, aquela que
consumimos direta ou indiretamente. É por isso que é fácil ligar grandes eventos históricos à movimentos
artísticos de sua época. Se focarmos em cultura pop/nerd, a grande era dos super-heróis teve início entre
as duas primeiras guerras, e após a Segunda Guerra Mundial. Quando eu era criança, lá na década de 90,
eu sabia quem eram Super-Homem, Mulher-Maravilha e Batman, mas nunca tinha escutado falar do
Homem de Ferro. Hoje as crianças nascem sabendo quem é o Homem de Ferro. A influência da cultura pop
nas nossas vidas é algo indiscutível. E nós somos manipuláveis, toda a polêmica em torno das eleições
norte-americanas, fake news e facebook estão aí para provar isso.
A cultura pop pode ajudar a moldar uma sociedade mais igualitária e mais empática, a gente já vê uma
melhora na representação e no discurso de alguns grupos que antes eram contra representação e
diversidade. Mas nem toda a influência é positiva. A cultura pop vende produtos em grande quantidade, e
mesmo que nós não sejamos o alvo final, ainda assim nos tornamos consumidores ocasionais. E uma das
coisas que a cultura pop vende, e muito, é a violência como espetáculo. Glamourizada, divertida, esvaziada
de qualquer proposta de discussão, que serve apenas para ajudar o tempo a passar mais rápido e entreter
um público que vai estar envolvido com os personagens e as explosões.”
(Rebeca Puig, Vamos conversar sobre como consumimos violência na cultura pop?, Nebulla, 02/07/2018)

ZONA DE SPOILER!!

Filmes e séries que tematizam a violência

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Coringa (2019)
➢ Insurgências populares.

➢ Conflitos de classe.

➢ Espetacularização da violência.

➢ Consequências sociais das violências individuais.

Bacurau (2019)
➢ Violência como esporte.

➢ Conflitos de classe.

➢ Relações internacionais.

➢ Violência de Estado: como a classe política trata o povo?

O conto da aia (2017 - atual)


➢ Desigualdades de gênero

➢ Violência como estrutura oficial do governo

➢ Laicidade do Estado

➢ Possibilidade de organização popular contra a violência do Estado.

FIM DO SPOILER
2 - Desenvolvimento - Tópico Frasal
Você já deve estar cansado de ouvir seus professores dizendo a mesma frase: "O desenvolvimento
é o principal na sua redação". Pois é, ele é mesmo. É aqui que você irá sustentar sua tese, ou seja, esse é o
momento de comprovar que você é capaz de mostrar que sua opinião tem embasamento. Podemos pensar
na sua redação da seguinte maneira:

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Assim, perceba que há duas partes importantes na construção de seu desenvolvimento:


argumentos para comprovar sua tese e repertórios que sustentam seus argumentos. Argumento e
repertório são conceitos diferentes!

• Argumentos são afirmações que corroboram sua ideia. Partem de suas percepções de mundo e
compreensões da realidade. Por exemplo, você pode dizer que sua opinião é de que é importante
combater o bullying nas escolas. O motivo pelo qual você acha isso é que pessoas que sofrem
bullying têm seu rendimento escolar prejudicado. Logo, é seu argumento para sustentar sua
opinião.

• Repertório é um dado externo, que não depende da sua percepção de mundo. É algo que sugira
que seu argumento é válido, pois não parte apenas de uma ideia sua. Repertórios podem vir de
diferentes lugares: filósofos, sociólogos, referências históricas, dados de pesquisas, notícias, livros,
filmes etc. São comprovações do argumento.

Perceba a diferença:

Os argumentos comprovam sua Os repertórios sustentam seu


tese. argumento.

ATENÇÃO
Alguns argumentos podem se relacionar com diferentes casos. Quando pensamos, por exemplo,
no papel do Estado sobre os problemas, há grandes chances que sua visão de mundo não se altere muito.
Se você acredita que o Estado deve ter uma maior presença, isso aparecerá em diferentes circunstâncias;
se acredita numa menor presença, isso também pode se relacionar com diferentes temas. Estes
argumentos podem frequentemente ser sustentados pelos mesmos repertórios, fazendo as adaptações
necessárias para o tema em questão.

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Por que isso é importante? Para que você não se preocupe em tentar decorar um milhão de
repertórios. Não é preciso que você saiba tudo sobre tudo. Basta que você tenha em mente bons
repertórios que sustentem suas ideias em diferentes situações. Veremos mais profundamente essa relação
e possibilidades argumentativas nas próximas aulas.

Vamos entender, então, um pouco melhor o que seria o “argumentar” em defesa de uma tese. Veja
a imagem a seguir:

Essa imagem faz parte de uma campanha publicitária da organização La Cimade, fundada em 1939,
que mantém ações sociais de apoio aos imigrantes, refugiados, exilados etc. Podemos, a princípio, não
entendê-la como um texto argumentativo, porém se observarmos melhor iremos perceber uma série de
elementos que indicam que há uma tese e argumentações aqui.

Para começar, vejamos que a tradução do texto nos diz que: “Em 2024, atletas nadarão para vencer,
mas todos os dias refugiados nadam para sobreviver”. A partir da compreensão da parte verbal da imagem,
já começamos a entender que temos elementos argumentativos definidos e que elementos estão
relacionados a uma tese.

Podemos entender como Tese para esse texto a ideia de que a sobrevivência é o “esporte” desses
refugiados, como indica a hashtag apresentada, que pode ser entendida que viver é uma vitória. Assim,
começamos a entender que temos uma defesa dessa ideia, construída principalmente pela comparação
entre as Olimpíadas - evento que conta com a natação como uma de suas modalidades - e a imagem de
pessoas desesperadas para se salvarem, nadando para sobreviver.

A foto apresenta pessoas comuns nadando desesperadamente em alto mar. O texto escrito nos faz
lembrar que indivíduos, nessas condições, em 2024, serão identificadas como atletas. Os amantes de
natação fazem do esporte uma realização pessoal, nas Olimpíadas, serão admirados por todo o mundo. As
pessoas da imagem, porém, evidentemente não nadam por esporte.

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Depois de aludir a esse fato por meio dos vocábulos “2024” e “atletas”, a autor do cartaz descreve
o que realmente ocorre na foto. Não são atletas. São refugiados que se veem obrigados a se aventurar no
mar, ou seja, não é uma opção e não tem a ver com realização pessoal e, o que é pior, não são nem
admirados nem acolhidos apesar da situação extrema em que vivem. Por que esse jogo de linguagem pode
ser considerado “argumento”?

Argumentar não é simplesmente defender uma ideia de forma mecânica, vai além disso. No caso
de nossa vida, argumentamos necessariamente para deixar os nossos interlocutores a favor daquilo que
pensamos e apresentamos. Vivemos colocando nossas opiniões e querendo que as pessoas ao nosso redor
também pensem como nós. Aqui, a comparação é um modo de argumentar acerca de uma ideia: a
importância de se olhar para a questão dos refugiados de maneira mais profunda, entendendo-a como um
problema de vida ou morte para muitas pessoas, que fogem de seus países de qualquer maneira possível.

Porém, lembre-se:

Via de regra, nosso argumento é literalmente uma linha de nosso parágrafo de desenvolvimento.
Nesse momento, você deve estar pensando que temos um problema, certo? Por que, então, preciso
escrever um parágrafo inteiro para apresentar argumentação em meu texto? Por um motivo simples: você
deverá deixar claro que o seu argumento é válido, por meio do que chamamos de informatividade ou
repertório. E a melhor estrutura para deixar sua argumentação clara é o tópico frasal.

2.1 Tópico frasal


Você se recorda da estrutura que apresentamos do texto dissertativo nas nossas primeiras aulas?

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O tópico frasal é um modo de organizar seu parágrafo de desenvolvimento. Ele ajuda a deixar o
texto mais organizado para o corretor. Não é de uso obrigatório, mas pode ser uma boa estratégia para
escrever seu texto. Um parágrafo construído a partir do tópico frasal se divide em apresentar uma ideia
(tese) e aprofundá-la (desenvolvimento). Segundo Othon M. Garcia (1975, p. 192):

Em geral, o parágrafo-padrão, aquele de estrutura mais comum e mais eficaz – o que justifica seja ensinado
ao principiantes -, consta, sobretudo na dissertação e na descrição, de duas e, ocasionalmente, três partes:
a introdução, representada na maioria dos casos por um ou dois períodos curtos iniciais, em que se
expressa de maneira sumária e sucinta a ideia-núcleo (é o que passaremos a chamar daqui por diante de
tópico frasal); o desenvolvimento, isto é, a explanação mesma dessa ideia-núcleo; e a conclusão, mais rara,
normalmente nos parágrafos pouco extensos ou naqueles em que a ideia central não apresenta maior
complexidade.

Vamos pensar como isso ocorreria na prática? Observe esse exemplo extraído de uma redação cujo
tema era “Fronteiras”:

Observe que o autor do parágrafo começa com uma frase que será o fio condutor desse fragmento.
A tese é de que atravessar uma fronteira não é fácil e ele escolheu como argumento o vestibular. A seguir,
ele vai descrevendo o Vestibular, como já fizemos em outros exercícios e, assim, ele configura um
argumento. Isso é o desenvolvimento do tópico frasal.

É interessante notar que nesse exemplo o tópico frasal fica muito claro, mas não precisa aparecer
solto dessa forma. Sempre é interessante começar os parágrafos de desenvolvimento de vocês por meio
de uma conjunção ou um conectivo que mostre a relação entre as ideias em seu texto, desde o início. Já

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anote aí na cabeça: preferencialmente, devemos começar todos os nossos parágrafos por meio de
conectivos, à exceção da introdução, claro!

2.2 Desenvolvimento com tópico frasal


Você deve pensar no seu tópico frasal a partir de três partes. Elas irão compor seu parágrafo de
desenvolvimento.

Assim, ganha muita importância o tipo de repertório que você utilizará para sustentar o seu
argumento. A seguir, apresento alguns exemplos de parágrafos com tópico e com repertórios variados.
Como tema, veremos uma ideia extremamente atual: insegurança alimentar.

Exemplo 1
Em primeira análise, a insegurança alimentar coloca em risco o bom andamento da sociedade como
um todo. Essa ideia se fundamenta, em especial, no pensamento do contratualista John Locke, que indica
uma troca entre a sociedade e o Estado, tendo como princípio a ideia de que a primeira se submete ao
segundo em troca de zelo dos seus direitos primordiais, dentre eles, a alimentação. Assim, quando não há
garantia de alimentação que possa garantir a sobrevivência, a sociedade se coloca em risco existencial.

No exemplo acima, percebe-se, em destaque, o argumento a ser utilizado nesse parágrafo. Note
que é uma afirmação direta, sem rodeios, e apresenta aquilo que será desenvolvido em seguida. No caso,
o desenvolvimento dessa ideia se prende a um repertório de autoridade, fundamentado no pensador
contratualista John Locke. Por fim, percebe-se um fecho para a ideia, indicando a relação entre o
argumento e o repertório.

Exemplo 2
Dessa forma, os problemas causados pela insegurança alimentar podem afetar as relações sociais mais
básicas. Segundo levantamento da FAO, agência da ONU para assuntos alimentares, cerca de 59% dos
domicílios do mundo estão em situação de insegurança alimentar, fato que aumenta a possibilidade do uso
de violência para garantir alimentação. Ao aumentar-se a violência, um problema que poderia ser encarado
como individual, por aqueles que não estão nessa situação, torna-se um problema social mais sério,
acirrando as disputas sociais e colocando em risco o bom andamento da sociedade.

Nesse segundo exemplo, destacamos mais uma vez o tópico frasal, para que vocês percebam que
temos uma nova afirmação direta. Dessa vez, para sustentar a ideia de que a segurança alimentar ameaça

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o bom andamento da sociedade, utilizamos dados estatísticos de fonte confiável. Ao validarmos os dados
com uma agência como a FAO, damos uma fundamentação excelente ao nosso parágrafo. No caso,
percebe-se que encerramos o parágrafo mais uma vez com uma conclusão pequena e objetiva das ideias
apresentadas.

Exemplo 3
Tendo em vista o contexto de pandemia em que se encontra o mundo, o crescimento da
insegurança alimentar coloca em perigo a camada menos privilegiada da sociedade. Historicamente,
entende-se que contextos de pandemia e de guerra, comparáveis quanto à destruição social e humana,
aumentam a quantidade de pobres acometidos por problemas de saúde. É o que indica pesquisa da
Universidade de Brasília, em que se compara o momento atual à peste negra da Idade Média, com relação
à insegurança. Entende-se, assim, que a insegurança alimentar aumenta, ainda mais, a distância entre os
afetados pela Covid-19 no mundo, divididos entre ricos e pobres.

Nesse terceiro exemplo, encontramos a utilização de comparação histórica como comprovação do


argumento apresentado. A estrutura é a mesma: apresenta-se uma afirmação direta e objetiva; em
seguida, sustenta-se a ideia apresentada; e, por fim, conclui-se a ideia apresentada. Não tem segredo, Bolas
de fogo. Seguindo essa estrutura, conseguimos deixar claros os nossos argumentos e nosso repertório.

Exemplo 4
Diante disso, a substituição de alimentos ricos em nutrientes por outros menos nutritivos é um perigo para
a saúde da maior parte da sociedade. Viver em uma situação de insegurança alimentar é, como acontece
em Vidas secas, de Graciliano Ramos, uma luta constante pela sobrevivência. Troca-se uma possibilidade
de vida saudável por uma eterna busca pela sobrevivência, de forma cíclica, como na obra de Ramos. Assim,
a população menos valida torna-se ainda mais dependente de ações de auxílio, vivendo, em muitos casos,
em estado de miséria constante.

Nesse último exemplo, percebe-se o uso da literatura. Esse é um conhecimento pouco explorado
nas redações, mas é um dado interessante para se abordar, principalmente levando-se em consideração
que literatura é uma disciplina que vocês têm na escola. No caso do nosso exemplo, há tópico frasal
definido e fundamentado na obra de Graciliano. Nesse exemplo, utilizamos um dos conceitos do que é a
insegurança alimentar para construir meu argumento.

Assim como a literatura, outros elementos da cultura e das artes podem ser explorados para a
criação de tópico frasal. Convém apenas lembrar sempre que nem toda produção cultural pode ser usada
como repertório na redação. Busque sempre obras que sejam consideradas clássicas ou mais eruditas. As
bancas das escolas militares costumam ser mais conservadoras do que a do ENEM, por exemplo.

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2.3 - Exercícios: tópico frasal


Vamos fazer alguns exercícios para treinar a argumentação a partir do tópico frasal. Em todos eles,
há espaço para a redação dos quatro tipos de desenvolvimento. Pratique e compreenda qual você tem
mais facilidade.

Vamos lá?

I.

Texto 1.
Já é uma cena comum: Antes mesmo de entrar em um museu ou um centro de artes, as
pessoas estão preparando seus celulares e câmeras. Nada contra esses objetos, inclusive os
amo. Mas às vezes coisas boas não são bem aproveitadas. No último mês, tive o privilégio de
visitar vários museus e lugares bonitos. Foi ótimo, porém, em alguns momentos, me batia um
incômodo: Por que, afinal, qual é o sentido de milhares de pessoas pagarem um ingresso
(geralmente bem caro) para tirarem fotos praticamente iguais que serão compartilhadas nas
mesmas redes sociais?
(...)
A fotografia é uma das linguagens que usamos para nos comunicar, criar e habitar esse
mundo de um modo humano. Quando tiramos uma foto podemos olhar as coisas a partir de
outro ângulo e assim redescobrir nossa própria realidade. Esse é um dos modos de
experienciar as coisas. Mas quando entramos já preparados para registrar uma experiência
estamos de fato sentindo ou enxergando algo? Nessas horas, acho que estamos tão
preocupados em não perder as memórias que esquecemos de criá-las.
Fonte: Taís Bravo, Comportamento em Museus: tirando fotos, Revista Capitolina, 31/12/2015. Disponível em:
<http://www.revistacapitolina.com.br/comportamento-em-museus-tirando-fotos/> Acesso em 18 Mar. 2019.

Texto 2.

Disponível em: < https://pixabay.com/pt/photos/paris-louvre-arte-monalisa-turismo-1325512/> Acesso em ago.


2019.

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TEMA: A virtualização da memória

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Repertório de autoridade:

Dados estatísticos:

História:

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Produções artísticas/culturais:

Antes de ler o comentário, lembre-se:

Não há uma resposta completamente certa quando o assunto é o texto dissertativo.

Defender um ponto de vista tem mais a ver com a capacidade de conseguir embasar sua opinião
com argumentos consistentes do que com estar “certo”.

Aqui, apontamos caminhos possíveis.

Nos dedicamos sempre a um tema específico nos comentários, o que não significa que seja o único
tema possível.

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Comentário:
Tema 1.
Uma opção de tema que contemplaria uma boa variedade de assuntos é “A obsessão pelo
registro no contemporâneo”. O museu parece ser, aqui, um exemplo dentre outros possíveis de
impulso em registrar, criar um arquivo, que nem sempre parece ter um propósito definido.

A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:


➢ O registro fotográfico se banalizou no contemporâneo.
➢ A experiência física da obra de arte não é mais tão importante quanto o fato de provar que
esteve em frente à obra.
➢ A popularização da fotografia digital mudou o modo como nos relacionamos com a arte.
➢ Há uma necessidade contemporânea crescente de compartilhar todas as suas experiências.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
➢ Os museus e as obras de arte se tornaram item de turismo obrigatório, ou seja, nem sempre
a fruição da obra de arte é o objetivo principal da ida ao museu.
➢ A popularização das redes sociais cria alguns comportamentos esperados na internet. Se
estabelece um padrão: não é possível viver algo sem compartilhar com seus seguidores.
➢ A rapidez da fotografia digital modifica a relação que estabelecemos com o aparelho
fotográfico, as imagens e os registros, a partir da chave do imediatismo.
➢ Temos uma necessidade de registar o cotidiano, ainda que o único propósito seja criar um
arquivo – nem sempre acessado com frequência.
➢ Ao planejar nossos passos pensando nas fotografias que podem vir deles, não estamos
vivendo experiências realmente, mas as encenando.

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II.

Texto 1.

Disponível em: < encurtador.com.br/adi37> Acesso em ago. 2019.

Texto 2.
Veja lá o que escreve
“Aquilo que antigamente as pessoas escreviam numa parede de banheiro hoje pode ser visto
por milhões”.
A constatação é da advogada americana Sandra Baron. Está numa matéria do Wall Street
Journal sobre os processos cada vez mais frequentes contra blogueiros nos Estados Unidos por
vários tipos de ilícitos, de difamação a invasão de privacidade, passando por desrespeito a
direitos autorais.
Segundo a reportagem de M.P.McQueen, transcrita no Valor desta quinta-feira, 21, sob
o título “Cuidado com o que você escreve na web”, o número dessas ações judiciais cresceu
quase nove vezes entre 2003 e 2007. Pensando bem, uma gota de água perto da explosão da
blogosfera no período.
A previsão é de que o número de processos acompanhe o contingente de internautas que
publicam comentários online – uma parcela dos quais lembra mesmo os rabiscos nas paredes de
banheiros de que fala a advogada Sandra Baron.
Trecho retirado de Luiz Weis, para Observatório da Imprensa, 21/05/2009. Disponível em:
<http://observatoriodaimprensa.com.br/codigo-aberto/veja-la-o-que-escreve/> Acesso em ago.2019

TEMA: Superexposição nas redes sociais no contemporâneo

RECORTE TEMÁTICO:

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TESE:

Argumentação:

Repertório de autoridade:

Dados estatísticos:

História:

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Produções artísticas/culturais:

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Comentário:
Tema 2.
O texto 1 aponta para uma das faces do problema: a quantidade de informações que
compartilhamos – conscientemente ou não – na internet. Muitas vezes, toda a nossa vida já se
encontra disponibilizada online. Muitas vezes não nos damos conta da quantidade de informações
sobre nós mesmos que compartilhamos. Já o texto 2 mostra um outro lado do problema: usamos
a internet de maneira despreocupada, sem pensar nas possíveis consequências do que falamos.
Porém, tendo em vista que a privacidade na internet nem sempre é garantida, esse
comportamento pode acarretar uma série de consequências, inclusive legais.
A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:
➢ Os perigos da ausência de privacidade na internet.
➢ A produção de conteúdo online num contexto de pouca privacidade.
➢ A ilusão de anonimidade na internet.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
➢ Nós desconhecemos os processos por trás da troca de informação na internet. Assim, se
não tomarmos providências para nos precavermos contra essa situação, corremos muitos
riscos, como por exemplo, ter nossas informações roubadas.
➢ Quando compartilhamos nossas informações na internet, muitas vezes, confiamos
cegamente no sistema. Houve porém uma série de denúncias envolvendo a venda e
manipulação de dados dos usuários na internet, comprovando que não se deve ser
descuidado com suas informações online.
➢ A questão dos direitos autorais na internet se altera, pois a velocidade do compartilhamento
de informação é muito alta. Assim, fica muito difícil se manter vigilante e garantir os direitos
autorais. Por outro lado, talvez a internet demande um novo olhar sobre o modo como
resguardamos a propriedade intelectual.
➢ Somos levados a crer que na internet gozamos de anonimidade completa, podendo assim
dizer o que quisermos sem sofrer as consequências desses atos. Diversos casos têm
mostrado, porém, que é sim possível rastrear a identidade das pessoas que produzem
qualquer tipo de conteúdo online.
➢ Ao mesmo tempo em que acreditamos nessa anonimidade, percebemos uma ausência
completa de privacidade, como por exemplo, na oferta de propagandas a partir dos nossos
mecanismos de busca.

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III.

Texto 1.

Disponível em: < http://direitonamidia.blogspot.com/2016/03/humor.html> Acesso em ago.2019.

Texto 2.
Redes sociais não são a nova ágora, mas a nova cracolândia
O questionamento sobre a qualidade do debate público nas redes sociais já havia sido
esboçado na década passada; no entanto, a euforia com o potencial da democratização da
informação e da chamada inteligência coletiva — além da propaganda ostensiva das empresas, que
obviamente superdimensiona os aspectos positivos e oculta os negativos — acabou soterrando a
crítica em uma montanha de cacofonia.
Andrew Keen, em um livro chamado: O culto do amador: como blogs, MySpace, YouTube e
a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultura e valores já havia formulado uma crítica
importante sobre o que a Internet havia se tornado a partir da supremacia de um conjunto de
empresas que se especializaram em obter lucros em escala, explorando a vaidade dos usuários.
Celebrados na teoria como uma revolução democrática que teria fortalecido a esfera pública a
níveis inéditos, os blogs e as redes sociais, na prática, têm nos desviado do debate cívico ao
estimular a exposição narcísica de nossas vidas privadas, de nossa vida social, de nossa vida sexual
ou simplesmente de nossa falta de vida. Mesmo aqueles comentários indignados que, à primeira
vista, poderiam ser confundidos com uma iniciativa de discussão pública de questões
fundamentais, frequentemente não passam de um exibicionismo desajeitado de uma alma
insegura que, no fundo, está mais preocupada com a autoafirmação e a aceitação de seus iguais
do que com o debate cívico propriamente dito.

Por André Azevedo da Fonseca, 30/10/2018, Observatório da Imprensa. Disponível em:


<http://observatoriodaimprensa.com.br/dilemas-contemporaneos/redes-sociais-nao-sao-a-nova-agora-mas-a-nova-
cracolandia/> Acesso em ago.2019.

AULA 03 – REDAÇÃO 29
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TEMA: Discurso de ódio e liberdade de expressão na internet hoje.

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Repertório de autoridade:

Dados estatísticos:

História:

AULA 03 – REDAÇÃO 30
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Produções artísticas/culturais:

AULA 03 – REDAÇÃO 31
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Comentários:
Tema 3.
A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:
➢ A internet mina o diálogo entre pontos de vista diferentes.
➢ A distância aparente promovida pela internet torna fácil julgarmos o outro.
➢ Ao mesmo tempo que a internet promove maior troca de conhecimento, também abre
margem para o não diálogo.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
➢ Nos sentimos legitimados para expor nossa opinião na internet e para julgar outras pessoas
por seus posicionamentos, possivelmente em virtude de uma noção de anonimidade.
➢ Nem sempre é possível conciliar o eu e o outro, pois pensamentos diferentes por vezes se
negam. Assim, nos debates online muitas vezes nos cercamos apenas de vozes consonantes,
não dissonantes.
➢ Ainda que na internet não seja possível eliminar as diferenças, é possível escolher as pessoas
com que queremos conviver ou incluir nos nossos círculos de amigos.
➢ O indivíduo encontra legitimidade para suas ações quando está em grupo, pois há pessoas
iguais a ele endossando suas ações e pensamentos. Assim, cercados por grupos que
concordam conosco na internet, acabamos nos sentindo mais livres para nos expressarmos.

IV. Tema 4.

AULA 03 – REDAÇÃO 32
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O que é a verdadeira matemática? Ora, assim como a música e a pintura, é uma atividade
artística.
Para nos convencermos disso, nem precisamos nos lembrar das conexões histórias entre a
matemática e as outras artes. Não que elas faltem. Poderíamos mencionar a relação próxima
entre o uso da perspectiva na pintura e o desenvolvimento da geometria projetiva. Ou a
importância da proporção na escultura e na arquitetura. Ou o impacto que a ideia da quarta
dimensão teve sobre o cubismo. Ou poderíamos ainda olhar para os desenhos de Escher, que
contêm faixas de Möbius, tesselagens periódicas e geometrias não-euclidianas [2]. Mas basta
prestar atenção à própria matemática e àqueles que a fazem. (...)
Se apresentarmos aos alunos temas interessantes, eles terão suas próprias ideias
naturalmente. Vão aprender fazendo. Espera-se que saibam dar respostas, mas é muito mais
importante saber fazer perguntas. Os números primos, a quadratura do círculo, os paradoxos de
Zenão, os sólidos platônicos, a raiz quadrada, a noção de infinito, a simetria dos mosaicos árabes,
o teorema das quatro cores, são tantos assuntos fascinantes. Nenhum aumento de carga horária,
nenhuma reforma curricular, vai fazer diferença se não permitirmos que os estudantes possam se
relacionar com ideias matemáticas de forma pessoal e passional, como se relacionam com outras
manifestações artísticas como músicas, fotografias e poemas.

Fonte: Estado da Arte, 07/03/2019. Disponível em <https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-


arte/contemplando-o-jardim-secreto-a-beleza-da-matematica/> Acesso em 19 Mar. 2019

TEMA: A relação entre a matemática e as artes

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Repertório de autoridade:

Dados estatísticos:

AULA 03 – REDAÇÃO 33
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História:

Produções artísticas/culturais:

Comentário:

AULA 03 – REDAÇÃO 34
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O tema aqui é “a relação da matemática com as artes”. O fragmento do texto revela


preocupação tanto com a questão do planejamento matemático nas artes quanto das
possibilidades criativas em potência na matemática.
Alguns dos desenvolvimentos possíveis desse tema são:
➢ A matemática deve ser encarada de maneira mais criativa.
➢ O modo como a matemática é ensinada dificulta sua apreensão.
➢ As artes se beneficiam da matemática em diversas circunstâncias.

Alguns pontos a levar em consideração na produção desse texto são:


➢ O pensamento matemático surge da prática, portanto, tem ligação com elementos do
cotidiano.
➢ É possível falar em verdadeira matemática?
➢ As artes utilizam a matemática de maneira consciente ou inconsciente?
➢ O uso prático da matemática é um modo de facilitar seu ensino, já que sai da abstração para o
material.
➢ Há frequente dificuldade entre os estudantes para estudar matemática e, possivelmente, isso
se liga mais ao modo como ela ensinada do que a uma dificuldade em si.
➢ O descolamento entre ideias e prática é um dificultador no aprendizado.

3- Prática de redação
(ESA - 2014)
Elabore um texto dissertativo, com no mínimo 20 (vinte) e no máximo 30 (trinta) linhas, sobre o
tema do parágrafo abaixo abordando as causas, consequências e possíveis soluções para combater o
problema. Dê um título para a sua redação.

“ Até a segunda metade do século 20, a desnutrição foi o nosso principal problema de saúde pública; hoje,
é a obesidade. Cerca de 10% dos brasileiros adultos são obesos, e outros 30% estão acima do peso saudável.
Portanto cerca de 50 milhões de pessoas deveriam perder peso para evitar doenças como ataques
cardíacos, derrames cerebrais, diabetes, reumatismos e alguns tipos de câncer.”

(Drauzio Varela– Folha de São Paulo, 29/05/2004)

(Estratégia Militares – 2021)


Texto I

Ciências humanas para quê?

27/08/2020
Léo Miranda

AULA 03 – REDAÇÃO 35
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Tales de Mileto e Pitágoras são considerados os responsáveis por organizar e sistematizar o


conhecimento matemático na Grécia Antiga. O mais interessante é que esses dois grandes pensadores
eram na verdade, filósofos. Tales, foi considerado pelo próprio Aristóteles o primeiro filósofo grego, cujo
conhecimento adquirido por meio das trocas comerciais com os povos da mesopotâmia foi fundamental
no desenvolvimento da geometria. Por sua vez, Pitágoras com base em seu entendimento abstrato e ao
mesmo tempo filosófico desenvolveu o seu famoso teorema, que afirma que a soma dos quadrados dos
catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

Ainda na Grécia Antiga, Heródoto começou a registrar sistematicamente a história da sua própria
época. Ele assim inaugurava de forma organizada um dos principais ramos das ciências humanas, a História.
A palavra provém do grego e significa pesquisa, investigação. O historiador é, portanto, um investigador
das relações humanas e sociais através do tempo e dos eventos por elas produzido. No contexto atual,
muito se indaga sobre a “utilidade” desse conhecimento para a nossa vida, mas sempre com a perspectiva
de fornecimento de soluções imediatas perante as mudanças cada vez mais efêmeras produzidas pelo uso
da tecnologia, quando na verdade o que esse campo do conhecimento humano faz é fornecer as
ferramentas necessárias para uma análise crítica do mundo, das civilizações, etc.

Ao final do século XVIII, o alemão Alexander Von Humboldt ajudou a desenvolver as bases para que
hoje conhecemos como Geografia. Suas expedições pela América Central, do Sul e Ásia central resultaram
em estudos sobre a geologia e a climatologia dos lugares por onde passou. Sem saber Humboldt contribuía
para hoje tivéssemos um conhecimento tão vasto sobre o comportamento dos elementos geográficos e
principalmente da maneira como eles se relacionam e impactam as nossas vidas. Para além de Humboldt,
o conhecimento geográfico nos permite compreender como o mundo está organizado nas suas mais
diversas dimensões, política, econômica, ambiental e social, bem como atuam os atores que produzem o
espaço geográfico e de como esses interagem entre si.

Não faz muito tempo que um ataque generalizado e sem embasamento foi iniciado em relação ao
ensino de ciências humanas na educação básica brasileira. A despeito de uma pretensa necessidade de
valorizar mais as “ciências exatas”, tão importante aos rankings mundiais e do combate a “ideologização”
manipuladora. O que na verdade está em jogo nessa abordagem é uma interpretação equivocada da
construção do conhecimento, calcada em impressões superficiais e sem embasamento científico. Ao
mesmo tempo há o desconhecimento da construção do pensamento nas ciências humanas, que entre
outros métodos vale-se da dialética ou confrontação de perspectivas teóricas do mundo em seu processo
de desenvolvimento. Diante dos constantes ataques e da desvalorização das ciências humanas, cabe a
pergunta: o que seriamos sem elas?

(Disponível em <https://www.hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/educa%C3%A7%C3%A3o-
1.333457/ci%C3%AAncias-humanas-para-qu%C3%AA-1.801428> Acesso em 16 fev. 2021)

Texto II

Do nosso sangue

Andamos nos caminhos vendo flores morenas


Os olhares dos milênios no sangue da América
Somos o desenho riscado ao luar da esperança
Atravessamos as brisas, os dias de sol…
Batemos sempre forte por livres amanhãs
Não perdoamos os que deixaram abatidos nossos

AULA 03 – REDAÇÃO 36
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antigos irmãos que diziam que a terra não havia de


ser vendida
Que não se renderam e deixaram a vida
Deixaram a luta para que outras mãos empunhassem a lança
A lança da revolta e da justiça
Do dia trevoso e sem deuses
Porque eles não vieram?
Se gostavam de sangue porque não vieram?
Seguimos com o nosso, nossa força
Estamos aqui!
Temos outros que são pequenos
Estes acariciamos e damos vida, para que
perpetue a paz nos passos que damos
E não seremos silêncio
Bravos seguimos.
(Odilon Machado de Lourenço. Disponível em https://poetadagarrafa.wordpress.com/1-poemas-sobre-historia/
Acesso em 16 fev. 2021)

Texto III

(Disponível em <https://www.facebook.com/tirasarmandinho/posts/3234704826574801/> Acesso em 16 fev. 2021)

Texto IV

A falta de interesse pela preservação da memória no Brasil, explícita no incêndio que atingiu o
Museu Nacional na noite do domingo 2, é uma característica histórica e cultural da sociedade brasileira.

A analise é da historiadora, pesquisadora e professora Mary del Priore, que lista, entre tanto
motivos, a falta de investimentos das autoridades públicas na manutenção e valorização do patrimônio, os
maus professores de histórias que não transmitem a paixão sobre o passado para seus alunos, os pais que
preferem levar seus filhos ao shopping e não a um museu.

A responsabilidade, diz a professora, é de toda a sociedade, que agora se sensibiliza ao ver um


patrimônio depredado. “Todos nós temos que jogar as cinzas do Museu na nossa cabeça. Foi culpa nossa”,
disse a CartaCapital nesta segunda-feira 3.

“Nunca foi valorizado no Brasil o nosso passado, a nossa memória, a disciplina histórica. As
faculdades de história, por exemplo, só começam no País no século XX. A falta de prestígio da história é
histórica”, afirma.

AULA 03 – REDAÇÃO 37
Prof.ª Celina Gil

O edifício que abriga o Museu Nacional e mais de 20 milhões de itens, agora carbonizados, foi palco
de momentos cruciais na história do País. Para citar apenas dois, nele foi assinada a declaração da
Independência do Brasil e, mais tarde, abrigou a reunião dos republicanos que definiram a primeira
Constituição, de 1891. O lugar também guardam as histórias do dia-a-dia de dom João VI, Pedro I e Pedro
II.

(Disponível em <https://www.cartacapital.com.br/cultura/a-falta-de-prestigio-da-historia-e-historica-no-brasil/>
Acesso em 16 fev. 2020)

Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo,
escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte tema:

A valorização da história para o bom desenvolvimento da sociedade

Orientações

• Considere os textos da prova de Língua Portuguesa como motivadores e fonte de dados. Não os copie,
sob pena de ter a redação zerada.

• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.

• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa
alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.

• Utilize caneta de tinta preta ou azul.

• Dê um título a sua redação.

(Estratégia Militares - 2020)


Leia os textos abaixo.

TEXTO I

Há um vácuo jurídico acerca do tema segurança pública, avalia Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente
do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"Nossa Constituição não diz o que é segurança pública, nenhuma lei diz que segurança pública é proteger
a população ou investigar criminoso, só diz por quem a segurança vai ser exercida", disse ele à BBC Brasil.

"Então segurança é um conceito que ganha significado no dia a dia da prática policial. Se olharmos para a
história das instituições policiais hoje, muitas estão reguladas por outro conceito de segurança, que é a
manutenção de um modelo de ordem pública, de uma situação em que o Brasil tem um inimigo interno. A
lógica é que o tráfico é o inimigo a ser combatido e deixamos de lado uma série de problemas ligados à
preservação da vida", explica.

AULA 03 – REDAÇÃO 38
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Para Lima, um bom conceito de segurança pública seria prevenção, investigação e punição de responsáveis
por atos de violência e criminalidade e administração de conflitos para garantir direitos básicos da
população para que ela possa exercer outros direitos da cidadania, como sair de casa, ir ao médico e
trabalhar.

(Adaptado de 5 razões por trás da crise de segurança pública no Brasil. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/brasil38909715> Acessado em 23 mar. 2020)

TEXTO II

Além da preocupação diretamente relacionada ao crime, há outras evidências importantes de


transformações sociais relacionadas com a expansão da segurança privada, como a ampliação dos espaços
chamados de semipúblicos e dos condomínios residenciais, que criam demanda por provedores dos
serviços particulares de proteção. Da mesma forma, nas décadas recentes verifica-se uma intensa
especialização dos recursos e tecnologias de segurança utilizados nos centros industriais e comerciais,
reformulando as tendências da segurança empresarial. Como decorrência desses processos sociais e
urbanos, a segurança privada vem atender a demandas sociais existentes e cada vez mais comuns no
mundo contemporâneo, assumindo em muitas localidades funções complementares com a segurança
pública.

Ao mesmo tempo em que temos essa grande evolução na criminalidade, o contexto metropolitano passou
por grandes transformações nas últimas décadas. Além do crescimento acelerado das periferias urbanas
em meio a uma grande precariedade estrutural decorrente do processo de rápida urbanização, que se deu
à margem de um desenvolvimento econômico capaz de sustentar esta crescente demanda populacional,
desenvolveram-se nos grandes centros novos padrões de comércio, moradia, trabalho e lazer, verificados,
como já observado, no surgimento em larga escala dos espaços privados abertos para o público. Além
desses espaços, nesse período há uma grande disseminação dos condomínios residenciais e centros
comerciais, que requerem grande investimento privado em segurança.

(Disponível em: <https://www.anpocs.com/index.php/papers-30-encontro/st-6/st01-5/3527-azanetic-a-


disseminacao/file> Acessado em 23 mar. 2020)

TEXTO III

Um dos direitos básicos dos cidadãos de uma determinada região, a segurança pública é um serviço que
visa proteger as pessoas e os seus bens, evitar a ocorrência de delitos e crimes, e possibilitar a vida em
harmonia nos espaços públicos. A segurança privada, por sua vez, tem o objetivo de preservar patrimônios
privados e as pessoas que neles passeiam, residem ou atuam profissionalmente.

Infelizmente, nas grandes cidades brasileiras, e até mesmo nos municípios interioranos, a criminalidade e
a falta de segurança suficiente têm imperado. Por isso, existe grande demanda por profissionais que
desejam atuar na área, tanto oferecendo segurança para as pessoas, bens e instituições, quanto criando e
gerenciando políticas e projetos que visem melhorar a situação e diminuir a insegurança.

(Disponível em: <https://www.educamaisbrasil.com.br/cursos-e-faculdades/seguranca-publica-e-privada> Acessado


em 23 mar. 2020)

AULA 03 – REDAÇÃO 39
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TEXTO IV

Em 2016, o relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para execuções sumárias, arbitrárias
e extrajudiciais, Christof Heynz, recomendou um maior controle, por parte dos governos, dos serviços de
segurança particular. Ele disse, então, que o “uso desregulado ou inadequado da força por provedores
privados de segurança pode comprometer gravemente a proteção do direito à vida”.

O alerta surge em um momento em que a ONU reconhece que os serviços de vigilância privativos se
tornaram um grande mercado ao redor do mundo. “Os Estados são os principais responsáveis pelo
cumprimento dos direitos humanos.

O crescente movimento em direção à privatização da segurança levanta questões sobre os papéis,


responsabilidades e, finalmente, acerca da prestação de contas em relação às violações dos direitos
humanos e a abusos”, pontuou o relator especial.

Em muitos países, há mais agentes privados de segurança do que públicos. Segundo a ONU, isso ocorre em
locais como a Guatemala (onde existem seis seguranças particulares para cada policial), Índia (cinco para
um), África do Sul (dois e meio para um) e Estados Unidos (mais de dois para um).

“A ampliação do setor de segurança privada levanta a questão se seus provedores devem atender aos
mesmos padrões da segurança pública no que tange ao uso da força, e se o mesmo nível de
responsabilização toma lugar em casos de abuso de poder”, sustenta o relatório.

(Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/03/06/Quais-s%C3%A3o-as-


atribui%C3%A7%C3%B5es-daseguran%C3%A7a-privada-no-Brasil> Acessado em 23 mar. 2020)

TEMA DE REDAÇÃO:

O papel da segurança pública e da segurança privada: onde começa a responsabilidade de uma e termina
a de outra?

Instruções:
• Considere os textos desta prova como motivadores e fontes de dados. Não os copie, sob pena de ter a
redação zerada.
• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.
• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa
alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.
• Utilize caneta de tinta preta ou azul.
• Dê um título à redação.
• Não assine a folha da redação.

AULA 03 – REDAÇÃO 40
Prof.ª Celina Gil

(Estratégia Militares - 2021)


Texto I

(Disponível em <https://piaui.folha.uol.com.br/o-brasil-se-arma/> Acesso em 16 fev. 2021)

Texto II

Nos EUA, a maioridade só é atingida aos 21 anos e essa é a idade para se poder comprar álcool
legalmente. No entanto, na maioria dos estados norte-americanos, é possível comprar um fuzil de estilo
militar AR-15 a partir dos 18 anos.

As leis dos EUA têm requisitos de idade mais rigorosos para a compra de armas de mão do que para
os fuzis de estilo militar que se têm tornado a arma de escolha para tiroteios em massa, como o que
aconteceu esta quarta-feira numa escola da Florida.

O limite de idade é menor para armas longas, uma categoria que inclui fuzis de caça tradicionais,
espingardas e armas de estilo militar que encaixam na categoria, segundo a lei, de "armas de assalto".
Depois de uma proibição federal que incidia sobre armas de assalto ter caducado em 2004, apenas sete
estados e o Distrito de Colúmbia - ao qual pertence Washington - continuam a proibir esse tipo de armas
de fogo.

(Disponível em <https://www.dn.pt/mundo/menores-podem-comprar-armas-mas-alcool-nao-9123421.html>
Acesso em 16 fev. 2020)

Texto III

É infértil combater, de forma genérica, a violência, enquanto não refletirmos sobre suas múltiplas
manifestações e desnaturalizarmos suas representações, percebendo em nossas ações a violência com a

AULA 03 – REDAÇÃO 41
Prof.ª Celina Gil

qual, teoricamente, nos opomos. Quando eu me manifesto de forma violenta? Como evitar tal
manifestação?

Para diminuir a violência é necessário se atentar sobre como a percebemos e o que caracterizamos
de atos violentos.

(...)

Contudo, dificilmente, as mesmas pessoas que acreditam combater a violência civil com violência
militar consentida, entenderão como ampliação da violência, o aumento de compartilhamento de vídeos
de extermínio ou de brigas, o aumento de gritos histéricos no trânsito, de humilhação a subordinados, de
postagens cheias de fúria contra determinados grupos, de agressões às esposas e aos filhos.

(Disponível em <https://andredoamaral.art/2015/07/20/a-glamourizacao-da-violencia/> Acesso em 16 fev. 2021)

Texto IV

Vamos falar sobre armas? Esse é um daqueles assuntos que só de ser mencionado já põe as pessoas
na defensiva. Colocamos os óculos liberais ou conservadores, de esquerda ou de direita, e partimos para a
briga.

Mas será que não é possível conversar de verdade sobre o tema? E se a gente ouvisse os
argumentos de cada lado tentando compreendê-los, em vez de tentar contra argumentar antes do fim da
frase? Talvez ninguém mudasse de posição, mas quem sabe conseguimos ao menos avançar o debate.

Em primeiro lugar é preciso separar os argumentos baseados em posturas dos baseados em fatos.
A pessoa pode ser a favor do armamento da população por defender as liberdades individuais, por exemplo.
É uma opinião tão válida quanto a de quem é contra por dizer que o uso da força física é prerrogativa do
Estado. Não se trata de fatos, mas de posturas; elas devem mostrar a sua força num debate embasando-
se apenas em seus princípios e ideologias, independentemente dos dados. Argumentar baseado em fatos
é diferente. É preciso recolher dados da realidade e deles extrair informações comprovando que sua
postura é a mais benéfica para a sociedade.

Hoje, para (tentar) manter o nível do debate, vou buscar me ater a informações sólidas, verificadas, fugindo
do bate-boca “é verdade! x é mentira!”. Porque ambos os lados na questão das armas têm dados reais para
apresentar a seu favor.

(Disponível em <https://emais.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/escolha-as-armas/> Acesso em 16


fev. 2020)

TEMA DE REDAÇÃO:

“A posse e o porte de armas no Brasil hoje”

Instruções:
• Considere os textos desta prova como motivadores e fontes de dados. Não os copie, sob pena de ter a
redação zerada.

AULA 03 – REDAÇÃO 42
Prof.ª Celina Gil

• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.
• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa
alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.
• Utilize caneta de tinta preta ou azul.
• Dê um título à redação.
• Não assine a folha da redação.

AULA 03 – REDAÇÃO 43
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Considerações Finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não
acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir.

Na próxima aula, vamos nos aprofundar ainda mais no estudo do desenvolvimento, pensando
principalmente nos tipos de repertório possíveis para sua argumentação.
Qualquer dúvida estamos à disposição no fórum ou nas redes sociais.

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AULA 03 – REDAÇÃO 44

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