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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO

CURSO DE PROJETO DE INTEGRATIVA 1

MANUEL MESSIAS SILVA FARIAS FILHO

FORTALEZA - CE

2023
PALAVRAS-CHAVE: Armas de fogo, violência, comunidade

1.INTRODUÇÃO

Diante do intenso e dicotômico debate em torno da legalização das armas de fogo na sociedade
brasileira, e das alterações trazidas pelo decreto de Nº 11.615/2023 que alterou o Estatuto do
Desarmamento, além das crescentes situações de violência realizadas mediante o uso de armas de fogo por
criminosos na periferia de Fortaleza, é que se faz necessário o debate sobre a opinião pública e comunitária
sobre o impacto da legalização das armas e a sensação de insegurança na comunidade da Barra do Ceará.

1.1PERGUNTA DE PESQUISA

Diante da realidade em que vivem os moradores da comunidade, qual é a visão destes acerca da relação
entre violência e da legalização do porte de armas de fogo para a população?

1.2OBJETIVO GERAL

Analisar como a legalização das armas afetaria a sensação de insegurança/segurança na comunidade da


Barra do Ceará.

1.3OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A)Revisão literária sobre o processo de legalização do uso de armas pela comunidade civil;

B)Analisar a opinião dos moradores da comunidade em questão

C)Discutir sobre a posse de armas de fogo e a situação de violência de uma comunidade periférica
em Fortaleza.
2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 – O processo de Legalização das armas no Brasil

Primeiramente, é vital que se estabeleça a diferença quando se trata dos termos posse e porte
de armas, pois ainda são mencionados e entendidos de maneira incorreta e confusa pela
população. Diante disso,tendo em vista os artigos que compõem a lei do Estatuto do
Desarmamento de 2003 , o significado de posse consiste em possuir uma arma de fogo em sua
própria residência ou estabelecimento comercial em que o indivíduo seja o proprietário legal. A
posse é dirigida àqueles que estão aptos e que passaram por certos testes capacitivos definidos
pelo Estatuto.

Por outro lado, o porte de armas consiste em transportar, levar consigo o instrumento para
lugares públicos que não sejam sua moradia ou estabelecimento comercial. Desta forma, o porte é
destinado para profissionais como os da Polícia Federal, pois existem necessidades profissionais
frente suas exposições às ondas de violência que cercam diariamente a sociedade brasileira, por
isso que em casos de constantes ameaças à integridade física, esses profissionais também
conseguem obter o porte de armas de fogo, atendendo às demandas do artigo 10 da lei Nº
11.615/2023, o qual de acordo com o Tribunal Regional Federal, , impõe que o indivíduo
demonstre devida necessidade frente os ricos de sua atuação profissional, atenda as exigências
exigências do artigo 4 desta lei e apresente os documentos de propriedade de arma de fogo e seu
devido

Visto tais informações, vale dizer que a relação entre armas de fogo e o número de
homicídios vêm se tornando uma importante pauta quando se trata das alarmantes taxas de
mortalidades ligadas, especialmente a esta relação. Várias são as teorias que tornam ambígua tal
relação, como por exemplo os modelos teóricos de Dezhbakhsh e Rubin (1999) ou Moody e
Marvell (2002) analisados por Cerqueira e Mello (2012).

“Em termos gerais, duas forças se contrapõem. Por um lado, a difusão de armas na
população: i) aumenta o poder de letalidade do meio utilizado pelos indivíduos para a
resolução de conflitos violentos; ii) aumenta o poder de coação do portador de armas,
encorajando respostas violentas à solução de conflitos; e iii) facilita o acesso e diminui o
custo de aquisição da arma pelo criminoso, seja pelo aumento da oferta no mercado
secundário, seja pelo aumento do volume de armas roubadas. Por outro lado, o aumento
da demanda de armas pela população pode gerar um efeito externo no sentido da
diminuição de crimes, uma vez que a percepção do criminoso de uma maior probabilidade
de se deparar com uma vítima armada aumentaria o custo esperado do crime, gerando um
efeito dissuasão. Desse modo, a relação de causalidade entre armas e crimes só pode ser
evidenciada empiricamente” (CERQUEIRA E MELLO, 2012, p.10).
No entanto, autores como John R. Lott Jr, retratam que uma sociedade armada é encarada
como ameaça aos criminosos e diminui suas ações, já que a insatisfação em relação à segurança
pública é crescente em vários países, inclusive no Brasil. Em contrapartida, Lott Jr fortalece suas
teses com dados e números exatos referentes apenas a países anglo-saxônicos e europeus, que não
se enquadram no cenário político e social da realidade brasileira.

Além disso, estudos sobre o tema como os de Cerqueira e Mello (2012) pesquisadores do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) constataram por meio de registros policiais e
visitas domiciliares que residências com indivíduos armados para manter sua proteção, acabam,
pelo contrário, se tornando um fator de risco tanto de homicídios quanto de suicídios, indicando
que a legalização de armas no Brasil deve ser pautada em uma legislação que leve em conta as
especificidades do nosso país.

2.2 O armamento como direito civil e/ou política de segurança

A sociedade está passando por um verdadeiro caos urbano e social devido a grande violência
diária. A criminalidade cresce cada vez mais e vem se espalhando de forma espantosa em todo
país, isso fica explícito nos jornais, folhetins e meios de comunicação.

Dentro desse embate entra a questão do armamento civil, não como uma política de
segurança, mas sim como um direito do cidadão de se defender. O Estado tem falhado cada vez
mais com os cidadãos, e suas tentativas frustradas de resgatar a ordem social com políticas
eficientes levam a opinião pública a questionar o monopólio do seu poder de polícia.

A política do desarmamento, e a proibição das armas, também não evita o acesso de armas
pesadas a traficantes e assaltantes, ela acabou monopolizando o armamento ao crime organizado e
aos órgãos do poder público, tirando do povo o direito de autodefesa. Thomas Sowell fala sobre o
estudo empírico da Professora universitária Joyce Lee Malcolm que diz: “À medida que o número
de armas de fogo legalizadas caiu, a quantidade de crimes praticados com armas aumentou” é o
resumo que ela faz da história da Inglaterra. “Por outro lado, nos Estados Unidos, o número de
armas de fogo em lares americano mais do que dobrou entre 1973 e 1992, enquanto que a taxa de
homicídios desabou” (SNOWELL). Neste sentido, as palavras de Thomas Snowell mostram a
incoerência na legislação do desarmamento, revelando quem são os verdadeiros reféns dessa
medida: Será que existe alguém que realmente acredita que indivíduos que estão preparados para
desobedecer às leis e praticar homicídio, roubos a mão armada e outros crimes, irão obedecer às
leis de desarmamento?
A proposta do desarmamento mostra mais uma dessas medidas que falharam com a
sociedade, uma tentativa frustrada de diminuir a criminalidade do país. Isso porque o cidadão tem
direito a defesa pessoal e a vida, o artigo 5º da constituição diz que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

As evidências encontradas aqui sugerem que, no período analisado, houve efetivamente uma
diminuição na prevalência de armas de fogo em São Paulo; e que o desarmamento gerou efeitos
importantes para fazer diminuir os crimes letais, mas não impactou significativamente os crimes
contra o patrimônio, o que, indiretamente, implica a irrelevância do suposto efeito dissuasão ao
crime pela vítima potencialmente armada. Ou seja, ao que tudo indica: “Menos armas, menos
crimes" (CERQUEIRA, 2012).

Hoje na sociedade existe uma série de pensamentos, várias opiniões e posições que
constroem opondo-se, ou apoiando-se uns nos outros, bem como os interesses, os valores e
pensamentos que se convergem ou divergem na sociedade.

Resta, então, à esfera política a resolução desses impasses de pensamentos sociais. Esta
envolve coerção, principalmente como possibilidade, mas que não se limita a ela. Cabe indagar,
então, o que é a política. Uma definição bastante simples é oferecida por Schmitter quando diz que
política é a resolução pacífica de conflitos. Entretanto, este conceito é demasiado amplo, restringe
pouco. É possível delimitar um pouco mais e estabelecer que a política consista no conjunto de
procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que se destinam à resolução
pacífica dos conflitos quanto a bens públicos (RUA, 1997).

As políticas de segurança falam sobre as regras que são criadas e elaboradas com o intuito de
ser seguidas pelos indivíduos de uma sociedade. O conjunto de regras e boas práticas têm como
objetivo desenvolver uma política e cultura de segurança que é essencial para a vida em sociedade.

Relacionando tais informações para, por exemplo, uma comunidade periférica de Fortaleza
considerada uma das mais violentas e populosas da região, a qual em 2012 a Secretaria de
Segurança Pública e Defesa social (SSPDS) registrou 1625 ocorrências de assassinatos, 1.190
desses ocorreram nos bairros da capital cearense (Fortaleza). O bairro que registrou maior
incidência foi a Barra do Ceará com 70 assassinatos, refletindo assim, um fracasso das políticas
públicas no combate ao crime na comunidade e o aumento progressivo da sensação de insegurança
por parte dos moradores

3. MÉTODOLOGIA
O presente artigo tem como objetivo geral relacionar a violência com a legalização das armas
de fogo, assim como analisar a opinião dos habitantes do bairro em questão, em virtude dos
elevados índices de violência que cercam a localidade. Portanto, para efetuar tal relação, foram
utilizadas ferramentas de pesquisas científicas, no intuito de obter análises e interpretações.

Para os procedimentos técnicos, adotou-se o método de pesquisa bibliográfica, uma vez que a
pesquisa bibliográfica é o meio em que se obtêm informações a partir de fontes confiáveis como:
livros, jornais, artigos científicos e entre outros. A biografia é uma das mais importantes
metodologias, pois todas as pesquisas necessitam de um referencial teórico para o seu bom
desempenho e funcionamento. (SILVA, 2004)

Logo após as pesquisas bibliográficas foram iniciadas as pesquisas em campo, começando


assim as pesquisas empíricas. O investigador observa e explora, coletando de forma direta as
informações no local onde surge a problemática (BARROS E LEHFELD, 2001, p.34).

Por tanto, houve a aplicação de um questionário composto por questões fechadas e com intuito
de coleta e interpretação de dados acerca do objetivo da pesquisa, por meio de uma pesquisa
quantitativa, a qual “faz a tradução de números em opiniões e informações para classificá-las e
analisá-las” (PRONDANOV E FREITAS, p.69) e utilizando o procedimento descritivo, que “visa
descrever características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis” (PRONDANOV E FREITAS, p.52).

O questionário foi aplicado aos moradores na comunidade da Barra do Ceará, o qual houve cerca
de 30 participantes respondendo perguntas relacionadas à legalização de armas no Brasil e como
pode afetar a sua realidade e segurança no bairro em que residem. Ou seja, frequentar a
comunidade tornou-se nossa principal ferramenta de investigação, a partir do instante em que
analisamos o contexto que cerca aquela população frente à temática focada na pesquisa e como os
indivíduos se comportam e mantêm suas relações a partir dela.

4. ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

Na análise feita acerca da opinião dos habitantes da comunidade da Barra do Ceará, a partir
do questionário objetivo aplicado, fazendo assim a relação entre a legalização de portes de armas
de fogo e a situação de violência que cercam a localidade. Desta forma, constatou-se que, em
concordância com os dados de homicídios retratados anteriormente, quando indagados sobre a
violência onde residem, 83,3% consideraram sim seu bairro violento, ressaltando que 66,6% dos
entrevistados já conheceram alguém vítima de homicídio por arma de fogo.
Além disso, houveram sérias divergências acerca da existência e eficiência do Estatuto do
Desarmamento, pois apesar deste impor condições legais para possuir uma arma de fogo
registrada em sua residência ou estabelecimento comercial, e impor requisitos para casos que
provem sua necessidade de portar arma de fogo, frente uma demanda profissional que coloque em
risco a integridade física do indivíduo, 56,6% dos entrevistados afirmaram ser comum avistar
moradores da comunidade portanto armas de fogo ilegalmente, pois, não são profissionais que
necessitam do porte, tendo em vista os requisitos legais do Estatuto citado.
Este fato pode ser ligado com a visão positiva dos entrevistados em relação a burocratização
que compete o Estatuto, apesar de haver a deficiência quando se trata da fiscalização, 80%,
especificadamente, a partir do momento em que os habitantes estabelecem a relação entre uma
maior quantidade de armas circulando (legalização) e o progresso da violência em sua localidade,
portanto, 70% consideraram que a legalização das armas de fogo trariam impactos negativos.
Além disso, em confirmação a análise de Cerqueira e Mello em relação a residências com
indivíduos armados causaram um maior número de homicídios e suicídios como já citado, 56,6%
dos participantes não concordaram com o armamento como um direito civil, ou seja, a posse de
armas de fogo. Além disso, 80% destes participantes não concordaram com o armamento como
uma política de segurança, pois 73,3% afirmaram que não se sentiriam com maior sensação de
segurança mesmo possuindo uma armas de fogo, utilizando-se do argumento que as ondas de
violência só iriam progredir aceleradamente.
Relacionando à tais informações, observou-se que para moradores da Barra do Ceará,
legalizar as armas no Brasil não é favorável à sua realidade tanto financeira, pois 80% dos
participantes alegaram não ter condições de comprar uma arma, quanto social, levando em
consideração o aumento da sensação de insegurança frente a temática abordada.

5. CONCLUSÃO

Verificou-se a partir da revisão bibliográfica sobre o tema do armamento civil que


diversas são as opiniões e teorias sobre o assunto. Dessa forma, nota se que no Brasil as teorias
apontam para maior sensação de segurança quando o assunto é o armamento civil, opinião que
pode ser verificada no número de respostas negativas dadas pelos moradores da comunidade da
barra do ceará ao questionário aplicado.

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