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Resenha Auto de So Loureno, de Jos de Anchieta.

A prepotncia da Igreja Catlica e sua falsa impresso de superioridade so fatos


conhecidos h sculos. Dentro de vrios exemplos histricos e artsticos, o Auto de So
Loureno, representado no terreiro da Capela de So Loureno, em Niteri, a 10 de
agosto de 1583, mostra, de maneira clarssima, tal arrogncia.
Durante uma tentativa por parte de Guaixar, rei dos diabos, de corromper uma
aldeia indgena, fazendo com que estes pecassem e, assim, se juntassem a ele, acaba
confrontado por So Sebastio e So Loureno. Naturalmente, a fora do bem, apoiada
por Deus, triunfa sobre o mal, personificado pelo j citado Guaixar e seus criados,
Aimbir e Saravaia.
Sem espao determinado pelo escritor Jos de Anchieta, a pea traz o
maniquesmo habitual utilizado pelos catlicos para incutir sua verdade sobre o povo. O
contexto real a catequizao dos ndios reflete como estes eram vistos pelos padres:
criaturas primitivas e sem educao, que tendiam fortemente ao pecado. interessante
perceber que tal olhar e pensamento sobre os nativos cultivado tanto pelo diabo quanto
pelos santos.
Irnico ao mostrar Aimbir e Saravaia vestindo coroas aps matarem dois
imperadores (morte esta a pedido do anjo, representante da grande bondade catlica), o
Auto tende, por conseguinte, a perpetuar a Igreja como salvadora dos sem redeno.
Escrita bela e fluidamente por Anchieta, a pea perpetua-se como uma grande
representante da histria brasileira.

Rodrigo E. Mendes

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