O documento descreve uma situação em que uma pessoa encontra alguém que afirma conhecê-la, mas ela não se lembra de quem é. Ela tenta dissimular ou adivinhar a identidade da pessoa, mas acaba confessando que não se lembra.
O documento descreve uma situação em que uma pessoa encontra alguém que afirma conhecê-la, mas ela não se lembra de quem é. Ela tenta dissimular ou adivinhar a identidade da pessoa, mas acaba confessando que não se lembra.
O documento descreve uma situação em que uma pessoa encontra alguém que afirma conhecê-la, mas ela não se lembra de quem é. Ela tenta dissimular ou adivinhar a identidade da pessoa, mas acaba confessando que não se lembra.
recuar. Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser. Você ainda arremata: — Há quanto tempo! Já deve ter acontecido com você. Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o — Não está se lembrando de mim? desafiará. Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em — Então me diga quem sou. todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome Neste caso você não tem outra saída senão simular um ataque correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo cardíaco e esperar, e falsamente desacordado, que a ambulância venha desativado. Ele está ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados, salvá-lo. Mas ele pode ser misericordioso e dizer apenas: antecipando sua resposta. Lembra ou não lembra? — Pois é. Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir. Ou: Um, curto, grosso e sincero. — Bota tempo nisso. — Não. Você ganhou tempo para pesquisar melhor a memória. Quem será Você não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. esse cara meu Deus? Enquanto resgata caixotes com fichas antigas no meio O “Não” seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma da poeira e das teias de aranha do fundo do cérebro, o mantém à distância pergunta assim, potencialmente embaraçosa, a ninguém, meu caro. Pelo com frases neutras como jabs verbais. menos entre pessoas educadas. Você deveria ter vergonha. Passe bem. Não — Como cê tem passado? me lembro de você e mesmo que lembrasse não diria. Passe bem. — Bem, bem. Outro caminho, menos honesto mas igualmente razoável, é o da — Parece mentira. dissimulação. — Puxa. — Não me diga. Você é o… o… (Um colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é “Não me diga”, no caso, quer dizer “Me diga, me diga”. Você conta esse cara, meu Deus?) com a piedade dele e sabe que cedo ou tarde ele se identificará, para acabar Ele está falando: com sua agonia. Ou você pode dizer algo como: — Pensei que você não fosse me reconhecer… — Desculpe, deve ser a velhice, mas… — O que é isso?! Este também é um apelo à piedade. Significa “não tortura um pobre — Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas. desmemoriado, diga logo quem você é!”. É uma maneira simpática de você — E eu ia esquecer de você? Logo você? dizer que não tem a menor ideia de quem ele é, mas que isso não se deve a — As pessoas mudam. Sei lá. insignificância dele e sim a uma deficiência de neurônios sua. — Que ideia! E há um terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que (É o Ademar! Não, o Ademar já morreu. Você foi ao enterro dele. O… leva à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe. o… como era o nome dele? Tinha uma perna mecânica. Rezende! Mas como — Claro que estou me lembrando de você! saber se ele tem uma perna mecânica? Você pode chutá-lo amigavelmente. Você não quer magoá-lo, é isso! Há provas estatísticas de que o E se chutar a perna boa? Chuta as duas. “Que bom encontrar você!” e paf, desejo de não magoar os outros está na origem da maioria dos desastres chuta uma perna. “Que saudade!” e paf, chuta a outra. Quem é esse cara?) sociais, mas você não quer que ele pense que passou pela sua vida sem — É incrível como a gente perde contato. — É mesmo. — Pois casaram. Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se É a sua chance. É a saída. Você passou ao ataque. ser audacioso. — E não avisou nada? — Cê tem visto alguém da velha turma? — Bem… — Só o Pontes. — Não. Espera um pouquinho. Todas essas acontecendo, a Ritinha — Velho Pontes! casando com o Bituca, O Croarê dando tiro, e ninguém me avisa nada?! (Pontes. Você conhece algum Pontes? Pelo menos agora tem um — É que a gente perdeu contato e… nome com o qual trabalhar. Uma segunda ficha para localizar no sótão. — Mas meu nome tá na lista, meu querido. Era só dar um Pontes, Pontes…) telefonema. Mandar um convite. — Lembra do Croarê? — É… — Claro! — E você acha que eu ainda não vou reconhecer você. Vocês é que — Esse eu também encontro, às vezes, no tiro ao alvo. se esqueceram de mim. — Velho Croarê. — Desculpe, Edgar. É que… (Croarê. Tiro ao alvo. Você não conhece nenhum Croarê e nunca fez — Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam. tiro ao alvo. É inútil. As pistas não estão ajudando. Você decide esquecer (Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele toda cautela e partir para um lance decisivo. Um lance de desespero. O confundiu você com outro. Ele também não tem a mínima ideia de quem último, antes de apelar para o enfarte.) você é. O melhor é acabar logo com isso. Aproveitar que ele está na — Rezende… defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de “Já?!”.) — Quem? — Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu? Não é ele. Pelo menos isto está esclarecido. — Certo, Edgar. E desculpe, hein? — Não tinha um Rezende na turma? — O que é isso? Precisamos nos ver mais seguido. — Não me lembro. — Isso. — Devo está confundindo. — Reunir a velha turma. Silêncio. Você sente que está prestes a ser desmascarado. — Certo. Ele fala: — E olha, quando falar com a Ritinha e o Manuca… — Sabe que a Ritinha casou? — Bituca. — Não! — E o Bituca, diz que eu mandei um beijo. Tchau, hein? — Casou. — Tchau, Edgar! — Com quem? Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer “Grande Edgar”. — Acho que você não conheceu. O Bituca. Mas jura que é a última vez que fará isso. Na próxima vez que alguém lhe Você abandonou todos os escrúpulos. Ao diabo com a cautela. Já que perguntar “Você está me reconhecendo?” não dirá nem não. Sairá o vexame é inevitável, que ele seja total, arrasador. Você está tomado por correndo. uma espécie de euforia terminal. De delírio do abismo. Como que não conhece o Bituca? As mentiras que os homens contam — Claro que conheci! Velho Bituca… Luiz Fernando Veríssimo
Assistentes Virtuais Inteligentes e Chatbots: Um guia prático e teórico sobre como criar experiências e recordações encantadoras para os clientes da sua empresa