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Antonio Carlos

Gonçalves Fernandes
Antonio Carlos
Gonçalves Fernandes

1ª Edição
Mogi das Cruzes
Esquadro & Compasso
2014
A SIMBOLOGIA DAS VELAS

Copyright Antonio Carlos Gonçalves Fernandes


Todos os direitos reservados por
Oriom Editora

ISBN
978-85-88773-29-5

Editor
Manoel de Barros Cavalcante Filho

Projeto gráfico e diagramação


João Paulo Andrade Dias

Revisão
Josias Andrade
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Fernandes, Antonio Carlos Gonçalves


A Simbologia das Velas / Antonio Carlos Gonçalves
Fernandes, 1ª.Ed.-- Mogi das Cruzes, SP : Oriom Editora, 2014.
Bibliografia
1.Maçonaria 2. História 3. Simbolismo 4. Ritual

I. Título
10-05483 CDD-981.612

Índices para catálogo sistemático:
1. Maçonaria

www.editoraesquadroecompasso.com.br
email:cavalcante.manoel@gmail.com
Tel: 11 4723.3401 – Cel: 11 99501.6061
Há três coisas consideradas
importantes na vida, segundo o
poeta cubano, José Marti: ‘‘plantar
uma árvore, ter um filho e escrever
um livro.” Plantar uma árvore é a
garantia que o nosso meio ambiente
será preservado. Ter um filho é a
esperança de que a humanidade
continuará existindo. Escrever um
livro é a transmissão dos nossos
valores, cultura e educação para as
gerações seguintes.
PREFÁCIO
A citação utilizada pelo autor do livro A Simbologia das Velas: “A coisa
de maior extensão no mundo é o universo; a mais rápida, é o pensamento;
a mais sábia, é o tempo; a mais cara e agradável de realizar é a vontade de
Deus”, de Tales de Mileto, assim como as que transcrevo a seguir: “O amor
não pode entrar em extinção, visto ser processo criativo que equilibra todas
as formas de vida” e “todo trabalho é o autorretrato de quem o realizou”
, me transportaram para um passado não muito distante quando no meu
livro Terceirização, Paradoxos e contradições afirmei: Todo trabalho após
realizado, parece que foi fácil fazê-lo, porém só quem efetivamente o fez ou
quem teve a ousadia de idealizá-lo sabe quão difícil foi concluí-lo.
De fato, Antonio Carlos é a expressão máxima dessa minha afirmativa, quando
ousou escrever esta obra “A Simbologia das Velas” e todas as demais de sua autoria.
Foi ousado na escolha dos temas abordados e na profundidade de conteúdos.
Ele não deixa por menos e se não bastasse a profundidade dos assuntos
desenvolvidos, como Doutor em economia e como Professor, faz questão da
didática e impõe aos seus leitores o entendimento de suas ideias, dos relatos,
das narrativas, das teorias, e dos pensamentos desenvolvidos por meio de
notas explicativas maravilhosas.
Nesta obra, o leitor se depara com Alquimia, Hermetismo, Ocultismo, Magia,
Esoterismo, Maçonaria, História das Religiões, Filosofia e acontecimentos dos
tempos antigos, da idade média e até nossos dias. Conhece ainda Os filósofos
Gregos, Anjos, Santos e Profetas cujos legados formam a cultura do mundo.
Ao me debruçar na leitura da Simbologia das Velas, a emoção me dominou
o tempo todo, porque me veio a lembrança do meu irmão, amigo e incentivador,
o velho professor, filósofo, educador, escritor, poeta e maçom de quatro costado
Raimundo Rodrigues e que junto com outras expressões da cultura maçônica, foi
o fundador da Academia Brasileira Maçônica de Artes, Ciências e Letras. Hoje
está no céu fazendo sarau com os anjos, declamando suas poesias e contando
suas histórias. Ainda bem que Antonio Carlos Gonçalves Fernandes está por
aqui e vai continuar, por muito tempo, segurando o bastão dos grandes escritores.
Como Já disse, Antonio Carlos é doutor em economia e esta é a Ciência
que estuda a produção, a distribuição e o consumo das riquezas e, talvez, por
sua formação, economista, pesquisador, maçom e ocultista, além de outras, é
que produziu uma obra para ser distribuída e consumida, como uma riqueza.
Valeu a pena a emoção, as lágrimas, as lembranças e o conhecimento que esta
obra me proporcionou.
Obrigado Ir .: Antonio Carlos Gonçalves Fernandes.
FRANCISCO GOMES DA SILVA
Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de
São Paulo -(GLESP) - 2008-2013.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
...............................................................................................................11

CAPÍTULO I
– A vela na maçonaria..................................................................................... 17

CAPÍTULO II
– A origem do fogo.......................................................................................... 23

CAPÍTULO III
– A arte na confecção e manuseio das velas................................................... 37

CAPÍTULO IV
– A utilização das velas e suas diferentes interpretações.......................................47

CAPÍTULO V
– O fogo, como elemento de purificação.............................................91

CAPÍTULO VI
– Simbolismo da luz nas diferentes religiões e sociedades herméticas..............105

CAPÍTULO VII
– Rituais com o fogo...........................................................................223

CAPÍTULO VIII
– Conclusões finais.............................................................................229
INTRODUÇÃO

“A coisa de maior extensão no mundo é o Universo; a


mais rápida, é o pensamento; a mais sábia, o tempo; e a mais
cara e agradável a realizar, é a vontade de Deus”

Tales de Mileto

(Filósofo Grego)

Muitas vezes, ao adentrarmos em uma reunião de cunho


filosófico/esotérico, verificamos a magnificência e esplendor
do interior de um templo.
Como sempre, é o microcosmo refletindo o macrocosmo(01),
com toda a sua sapiência, equilíbrio e harmonia do Universo,
comunicando seus segredos veladamente, quer seja através dos
seus símbolos e alegorias que indelevelmente estão retratados
sutilmente no interior de cada detalhe de sua decoração, quer
seja no plano físico ou astral(02), em que nos encontramos.
Partindo desse enfoque, é que nos faz refletir e indagar,
no âmago de cada um de nós, a sua profunda interpretação
de cada detalhe, de cada símbolo e alegoria representada, que
conscientemente ou inconscientemente trabalhamos.
Se analisarmos que quando estamos no interior de um
Templo, na verdade estamos buscando a harmonização do nosso
Templo Interior, do nosso Sanctum Sanctorum, com a incessante

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A Simbologia das Velas

necessidade de vencer, com sinceridade e humildade, paixões


e emoções, num momento de recolhimento e reflexão no mais
íntimo do nosso ser, em busca do nosso Mestre Interno, ou do
nosso EU SOU!

Enfim, tentamos buscar e encontrar a lâmpada mística da


verdadeira LUZ para obtermos nosso crescimento interior.
Na verdade, a Luz que eternamente buscamos, tem como
objetivo a Vida e sua Evolução na construção do nosso Templo
Sagrado; lapidando nossa pedra bruta na mais perfeita pedra
polida, por intermédio da argamassa mística que no dia-a-dia
tentamos vencê-la através dos nossos pensamentos e ações.

Como já foi dito inúmeras vezes, a maior Universalidade,


é a Universidade da vida, pois somente aquele que vive e/
ou sabe a oportunidade que estamos tendo, acaba adquirindo
pelo conhecimento de suas experiências, a sabedoria que Ele
nos proporciona.
Porém, para refletirmos sobre o verdadeiro valor de nossas
vidas, precisamos primeiro fazer um reflexão sobre a ela!
A vida nos faz vários chamamentos para acordarmos
espiritualmente e nos despertar de muitas maneiras; seja através
da dor, da doença, da perda de um ente querido, e também da
felicidade; até por meio de um livro, da poesia, ou ainda, por
meio de nossa própria intuição.

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

O Grande Arquiteto do Universo, com a sua Suprema


Sabedoria, sabe muito bem os meios de alcançarmos a
finalidade da vida, ou seja, da nossa evolução!
Os caminhos para o crescimento são diversos.
Temos o livre-arbítrio de escolhermos as flores ou
os espinhos durante a nossa caminhada, e estes nos darão a
experiência e sobriedade ou, talvez, dores e sofrimentos para
seguirmos em frente com amor no coração, ou espinhos na carne.
Talvez por tudo isso, nem todos tornam-se belos e aptos
para caminhar sempre felizes.
Pois todo ser vivo vive de acordo com a sua espécie.
Assim, cada um de nós procura, como uma nota musical,
parodiando nosso Mestre Pitágoras, sua tecla no Universo Infinito
para compor sua harmonia na vida.
Entretanto, o homem insiste em viver fora da sua espécie e
a destrói.
A vida, a natureza, o Céu, a Terra e o Cosmos, são
círculos em eterna harmonia e unificação.
Tudo pertence ao Todo, tudo pertence ao Homem, mas
este não vê no Todo, partes dele.

A Criação de Adão de Michelangelo

Ele mata o próprio semelhante, como se a vida fosse


propriedade sua, e o que é pior, esquece que temos de estar
atentos a cada ser vivo, pois cada um é uma peça básica na
engrenagem do mundo, que Deus criou, e nós, infelizmente
não vemos!

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A Simbologia das Velas

O Amor não pode entrar em extinção, visto ser processo


criativo que equilibra todas as formas de vida.
Aqueles que não sabem amar, não contribuem para a
evolução do Planeta, e não são dignos de serem chamados de
filhos de Deus.
Alguém já disse: “Todo trabalho é o autorretrato de
alguém que o idealizou”.
Baseado nisso, vamos idealizar todo o bem de que
somos capazes.
Aí talvez, a voz silenciosa D’ Ele possa ser ouvida na
nossa oração, num pássaro, no homem, enfim, nessa poesia
infinita à qual denominamos vida!
Encontremos enfim, o caminho que nos reconduza à senda
mística que buscamos, obtendo todas as formas de “religar-se”
com o Plano Divino, mesmo que para isso utilizemos algumas
bengalas (velas, incensos, mantras, oração ...) que sirvam de
apoio para canalizar nossas atenções psíquicas/espirituais.
Desse modo, investiguemos com maior profundidade,
sobre os mistérios que envolvem uma das “bengalas” (Luz),
emanada simbolicamente, através dos candelabros místicos
que estão nos altares mais sagrados de cada Templo Místico e
Esotérico que frequentamos.

A essa “energia” que emana no interior dos nossos


Templos, é que tentarei tratar aqui, convidando o querido
leitor, a compartilhar da inteligência que Ele nos ofereceu;
para refletir e indagar sobre o seu conteúdo místico, filosófico
e esotérico, por onde se esconde a força do Grande Arquiteto
do Universo.

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Notas
(01) - Macrocosmo/Microcosmo, termo muito
empregado pelas escolas iniciáticas, desde a antiguidade.
Macrocosmo, segundo eles, representa o grande universo, ou
ainda, o Sistemas Solar, o contrário de microcosmo (ou seja, o
homem manifestado através de seu corpo físico).
Macrocosmo-microcosmo significa, também, a relação
entre o universo e o homem, considerado como medida de todas
as coisas.
O simbolismo do Homem Universal e as correspondências
zodiacais, planetárias e dos elementos, constituem a base dessa
relação.
(02) – Corpo Astral, essência espiritual composta de
matéria suficientemente fina para penetrar o corpo físico e, ao
mesmo tempo, permanecer separada dele.
O corpo astral contém as emoções, paixões e desejos.
Essas qualidades podem sair do corpo físico e retornar,
dependendo do lugar onde se encontra o corpo astral.
Durante o estado de sono, por exemplo, o indivíduo
pode receber impressões a grandes distâncias, por meio do seu
corpo astral errante, quando alguém sonha com um amigo que
o adverte de algum perigo iminente e, acordando, descobre
que o perigo era real, e que aquele amigo realmente procurava
alertá-lo sobre esse risco.
O conceito de corpo astral é importantíssimo na magia e
feitiçaria, pois aqueles que defendem a sua existência afirmam
que ele pode separar-se do corpo físico por meio do fenômeno
consciente da projeção astral, ou ainda no caso de traumatismo,
provocado por acidente.
Separado, o corpo astral pode viajar livremente (existem
técnicas específicas para efetuar tal viagem) tanto através do
mundo físico como no mundo astral.

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A Simbologia das Velas

Segundo afirmam alguns ocultistas, o corpo astral


abandona o cadáver de uma pessoa e passa a existir no chamado
plano astral de existência.
Sua alma eventualmente desloca-se para planos ainda mais
elevados, deixando o corpo astral (corpo de luz) no plano astral.
Neste caso, o corpo astral, destituído de alma, seria um
verdadeiro cadáver astral. Mas, segundo a teoria ocultista, o
cadáver astral reteria sempre uma débil centelha de vida.
Ele conserva o desejo de viver, e pode ser novamente atraído
para o mundo ordinário, onde pode prolongar indefinidamente
a sua existência através da absorção da energia vital, emanada
de criaturas vivas.
Luz Astral significa no ocultismo, um oceano de inconsciência
que interliga todas as coisas e todas as mentes, também conhecida
por: Azoth, Magnésia ou Grande Agente Mágico.
A luz astral, é feita de uma sutilíssima substância, que
torna possível fenômenos, tais como a telepatia, a clarividência
e profetismo.
Ela existe muito além de nossos sentidos.
É o meio plástico que o mago e iniciados, que pelo poder
de sua vontade, a manipulam.
Sua fluidez a torna tão suscetível a influências, que a luz
astral pode transmitir as mais tênues ideias.
Dirigindo o fluxo de sua vontade, no curso de rituais
apropriados, o iniciado é capaz de provocar mudanças na
luz astral.

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CAPÍTULO I
A VELA NA MAÇONARIA
Apesar de sabermos que na quase totalidade das Lojas
Maçônicas, o uso de velas em suas sessões, é praticamente
inexistente, dado a facilidade e praticidade em representá-
las através de lâmpadas incandescentes, inclusive muitas no
formato de velas, existem algumas Lojas, que graças ao G.’.
A.’. D.’. U.’., persistem em seguir as antigas tradições, face ao
profundo significado místico e esotérico que representa a vela
real (cera, pavio e chama natural), na prática litúrgica maçônica.
Para aqueles que já participaram e trabalharam nas duas
formas (velas naturais e velas artificiais) na liturgia maçônica,
pode constatar a sutil diferença entre elas, pois a energia
oriunda da chama de uma vela natural realmente se acentua de
forma significante.
Na Maçonaria as velas participam de um simbolismo
muito profundo quando da invocação do G.’.A.’.D.’.U.’. no
início das sessões ritualísticas. É importante o uso da força de
vontade e o desejo na tela mental de se obter algo, quando se
acende uma Vela.
As velas naturais são usadas desde a mais remota
antiguidade, desde o início dos tempos pelos pagãos e pelos
povos primitivos, com a finalidade de iluminação ou para fins
religiosos, místicos e iniciáticos.
Os adeptos das mais variadas filosofias, sabedores de sua
importância, utilizam as velas para realizar seus rituais, com
fins esotéricos.
Visam através destas práticas liberar o seu subconsciente.
Quantos de nós já não ficamos contemplando uma
fogueira acesa, imersos numa viagem pelo subconsciente,
navegando em pensamentos vislumbrando as chamas que

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A Simbologia das Velas

estalam oscilam e mudam de cor, parecendo que estão vivas e


cintilam ao seu redor!
Essa vivência diante do fogo e seu Ser Elemental
(Salamandra), de forma quase que arquetípica, faz a bem da
verdade, trazer do inconsciente coletivo, todas as manifestações
de épocas e culturas antropológicas que estão arraigadas no
nosso mais íntimo espaço-tempo, do nosso lugar sagrado, do
nosso Sanctum Santorum.
Dessa forma, o fogo passa a ter para nós, não apenas
um valor utilitário em termos de energia para suprir nossas
necessidades físicas e materiais. Sob o aspecto místico, o fogo
também representa o processo de purgação, de purificação e
regeneração, como a ave mitológica Fênix, que renasceu das
próprias cinzas da antiga mitologia.
A Voz de Deus, a Mente Cósmica, ou ainda, o Espírito
Santo nos revela os grandes princípios importantes da era
do conhecimento humano, que através do Fogo, reconduz
e direciona o Homem para uma nova forma de existência e
conduta mais elevada espiritual!
Todo esse trabalho para a construção do nosso Templo
Interior, objetivo esse da Maçonaria Azul (simbólica), a partir do
desbaste da Pedra Bruta, visa nada mais nada menos, que apenas
aparar as imperfeições de nossa conduta, dos pensamentos, dos
desejos, visando apenas à regeneração espiritual, moral, mental e
física em cada participante da Arte Real.
Por isso, para que possamos ser regenerados, devemos ser
purificados da ganga bruta, da animalidade primitiva que pesa
sobre nós, como verdadeiro “pecado original” mencionado na
Bíblia Sagrada!
Esse é o verdadeiro significado do Fogo para a purificação
dos nossos sete corpos (físico, astral, mental...).
Como nada acontece por acaso, é que a Maçonaria usa
o fogo, concentrado na chama das velas, nos altares e em

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

outros locais especiais, com “pompas e circunstâncias”, como


importante instrumento nas suas cerimônias, principalmente
quando nas suas provas de Iniciação, como principal objetivo,
a purificação do candidato maçom.
A luz simbolizada pela chama da vela também é
significativa, para representar a sabedoria (compreensão
esotérica) da iluminação pessoal. O conhecimento (semelhante
à Luz) dissipa as trevas da ignorância e da indiferença. Como
todo maçom, obreiros sociais, cabe-nos igualmente esse
trabalho, olhar e relembrar sempre na mente consciente e
inconsciente, que as velas acesas representam tal objetivo no
nosso caminhar na senda da espiritualidade.
A chama, que nada mais é que o eterno representar o
fogo da energia divina que deve perpetuamente habitar em
nossos corações, para que não sejamos frios no afeto, sem
sentimentos, e destituídos de compaixão.
A Luz não pode ser dissipada do Universo, pois ela
é parte constituinte da matéria, pois a menor partícula de
sua existência possui prótons e elétrons que orbitam em
seu núcleo, com seu respectivo peso atômicos e massa,
oscilando em sua órbita.
Quando acendemos uma vela, misticamente, isso
significa que certa intensidade de luz maior, que permeia
todo o Universo, concentrou-se naquele objeto, em forma de
chama, para um propósito específico, ou seja, nos ensinar algo,
no caso da sessão ritualística.
Terminada a cerimônia, ao apagarmos a vela, isso não
significa que a Luz foi extinta, pois o mesmo se dá quando
alguém morre. Sua alma não se extingue, mas é integrada ao
cósmico de onde veio!
A necessidade do silêncio em seus trabalhos exige
muita concentração, imaginação e visualização, pois a
vontade oriunda no Plano Mental requer que tais predicados

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A Simbologia das Velas

sejam observados para a finalidade que se deseja obter.


Normalmente costuma-se antes de suas sessões, queimar
incenso para despertar a psiquê, como “bengala” ou apoio
para os objetivos propostos.
O uso das velas em Loja seria a continuação de um
costume muito antigo religioso ou não. A tradição maçônica
está ligada a todas as filosofias e a quase todas as religiões,
em especial em muitos símbolos e alegorias desde os
primórdios da Idade Média. Elas representam a Sabedoria,
a Iluminação, o Conhecimento e a Realização Espiritual e
ainda a Alma Imortal.
O acendimento das velas obedece alguns princípios
que seguem as antigas tradições. Sempre, o fogo sagrado
deverá vir do Oriente, pois toda sabedoria vem do Oriente.
As velas não podem ser acesas através de isqueiros, fósforos
enxofrados, ou qualquer outro meio que produza fumaça ou
cheiro desagradável. Igualmente, ao apagá-la, não poderá ser
com o “hálito”, que é considerado impuro, ou com a mão. Esta
tradição a Maçonaria foi buscar na antiga Pérsia (atual Irã),
na qual o culto ao Fogo para eles era tão sagrado que jamais
empregavam o “hálito”, ou sopro para apagar uma chama.
Tal cerimônia nos lembra os três aspectos do
G.’.A.’.D.’.U.’., os quais são simbolizados de seu estado
incondicionado para o condicionado, na ordem de Sabedoria,
Força e Beleza, durante a preparação da abertura da Loja para
o início dos trabalhos da construção do Templo de Salomão da
era moderna (seu “Templo Intrerior”).
O ato de acender uma vela com intento religioso equivale
a uma oração, e dependendo do fervor, crença e devoção
daquele que o faz, sempre atrai do Alto um fluxo de energia.
Temos consciência que o G.’.A.’.D.’.U.’. emite continu-
amente sua energia, e nós, maçons conscientes dessa Egrégo-
ra energética proveniente D’Ele, compete-nos simplesmente,
“abrir” esse canal.

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Seu símbolo no mundo físico é o Sol, que incessantemente


derrama luz e calor sem que ninguém lhe peça que brilhe. Partindo
desse enfoque, e consciente de nossa responsabilidade, pois temos
o “conhecimento” dessa Energia, nos transmutamos de simples
expectadores, para participantes ativos de todo esse cerimonial,
pois nos tornamos, portanto, canais para o Seu serviço.
Para todo esse processo da transmutação alquímica de
nossa argamassa mística, para a construção do nosso templo
Interior, é importante a atitude mental de cada irmão, pois há
de se pensar no Amor Divino com redobrada intensidade.
Ao Venerável Mestre, sabedor de sua importante missão,
cabe dirigir tais trabalhos como o Maestro dirige a sua Orquestra,
cabendo a cada oficial desempenhar satisfatoriamente as suas
funções, para o feliz êxito do Plano em construção, dependendo
obviamente, da concentração e altruísmo de cada Ir.’. presente,
pois sem esses pré-requisitos, a Grande Obra em andamento
(aperfeiçoamento do ser humano em se tornar o Homem
Adâmico) não poderá ter vida e resplendor!

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Capítulo II
A Origem do Fogo

“Disse Deus: Haja Luz, e houve luz.


– E viu Deus que a luz era boa,
e fez separação entre a luz e as trevas.
– Chamou Deus à luz Dia,
e às trevas, Noite ...”
Gênesis 1§, 4,5

Triste deveria ser em tempos


remotos, a vida do homem sem o fogo!
Apavorado, fugia ele em busca
de sua caverna, quando horrível
tempestade se desencadeava, e o
raio, por entre as nuvens, vinha
abater as corpulentas árvores dos
bosques onde ele vivia.
Aquela tempestade, pensava ele, era a vingança de um
deus poderoso!
Raiou, porém, o dia em
que Prometeu(01), segundo a
mitologia, desceu dos céus, onde
roubou o “Fogo Sagrado” para
entregar e auxiliar a humanidade,
ensinando como deveria acender
o fogo, segundo o processo de
atrito de dois pedaços de madeira,

23
A Simbologia das Velas

usado aliás, até hoje, por algumas tribos selvagens, como


reminiscência daqueles remotíssimos tempos da vida humana.
Relata-nos a própria história que
da haste do nártex, ou pramantha,
o qual, pelo atrito de um disco de
vidoeiro, o arâni fazia chispar a
chama, com que o pastor do platô
asiático fazia o fogo de seu lar; desse
modo saiu o mito do Pramantha,
ou do “ser
exterioramente agitante, que extrai
o desconhecido do conhecido, o puro
viciado, no luminoso das trevas”.
Quando os homens, no primeiro
esforço da razão, saindo da barbárie,
começaram a pôr o disco do Sol em
relação aos fenômenos da luz e do calor, que eles sentiam
intimamente ligados à sua segurança e a seu bem-estar,
encaravam o Astro-Rei como um protetor, um amigo, dotado
de um poder sobre-humano e misterioso.
Nada lhes garantia que esse benfeitor, ao desaparecer
todas as tardes, ou ao se afastar em cada outono, não os
abandonasse para sempre.
Daí um misto de temores e de esperanças que deu lugar
às práticas do culto solar; uns procuravam obrigar o astro, por
processos mágicos, a conservar seu curso ordinário; outros
pretendiam mantê-lo em seu lugar, voluntariamente, por meio
de preces, sacrifícios e protestos de amizade; outros ainda,
procuravam dominá-lo em sua luta contra os poderes hostis
das trevas e das nuvens.
Pouco a pouco, é que se compreendeu que o Sol, a Lua e

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

todos os demais astros seguem no céu uma rota fixa; que eles
devem obedecer a um impulso cuja
força vem de fora deles, e assim, a veneração se transporta
do Sol sobre o Senhor do Sol, ou, simplesmente de Deus.
Ao mesmo tempo, esta regularidade dos movimentos
celestes fez conceber a ideia de uma ordem cósmica,
compreendendo todos os fenômenos cuja permanência
ou periodicidade pareciam necessárias à vida regular da
natureza.
Por exemplo, assimilou-se a esta ordem cósmica a
ordem moral, conjunto dos atos que o homem deve cumprir
para completar seu destino de ser sociável e progressista.
A manutenção da ordem física e da ordem moral,
foi considerada como sinônimo do Poder que preside a
evolução do Universo.
Continuando a investigar sobre a natureza desse
Poder, acreditou-se encontrar na Luz que reúne o atributo
comum de todos os corpos celestes o pano onde são tecidos
todos os detalhes da natureza, a fonte última do movimento,
da vida e do pensamento, na superfície da Terra.
Enfim, atrás da luz visível, percebe-se a luz incriada,
da qual a mais alta manifestação é o Sol, no nosso mundo
espiritual.
Assim assimiladas, a luz e a razão vieram simbolizar
uma e outra, e ambas, o Ser Indefinido e Incognoscível de
que provêm todas as coisas.
O Ser Supremo, proclama o livro sagrado dos magos,
o Avesta, é semelhante, de corpo à Luz, e de espírito à
Verdade.

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A Simbologia das Velas

Assim com o passar do tempo, no lugar da fogueira,


usou-se a gordura animal para produzir uma tocha que
afastaria os demônios (trevas) da noite e assim,

A VELA FORA INVENTADA!


Simbolicamente, a luz sempre representou o poder
do bem para a humanidade.
Em contraste, a escuridão significava ignorância,
estupidez, maldade e o apego no materialismo.
De fato, acreditava-se que toda a pessoa
continha, dentro de si, uma centelha de luz divina,
que poderia, por meio de uma conduta correta
na esfera moral, ser insuflada até tornar-se uma
chama de grande espiritualidade.
Desse modo, a alma imortal era associada à
chama de uma vela, tremulando nas trevas de um
mundo cercado pela obscuridade profana.
Uma brisa suave, no entanto, poderia abafar esta humilde
luzinha, mas que na quietude e tranquilidade, essa chama se
erguia desafiante e forte.
Como na vida cotidiana, em meio às tribulações,
tormentos e provações, o espírito humano desafiava o assalto
dos poderes ameaçadores das trevas.
De crenças sublimes como esta, surgiu a prática de
acender velas como arte da magia(02) de tranquilizar o espírito-
mente, a passar pelas vicissitudes, provações e desafios
constantes de nossa vida cotidiana.
E esse efeito mágico, na realidade, simboliza que, quando
uma vela é acesa, ela faz parte de um ritual onde deve existir
uma forte concentração mental, pois haverá, nesse momento,
um processo de intervenção especial atendendo a um desejo,

26
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

uma promessa, uma oferta, ou invocação, com fins religiosos,


ou ainda, com intuitos mágicos.

UMA ARTE MÁGICA SIMPLES

Acender velas é a mais simples das artes mágicas, por


empregar pouco ritual, poucos artefatos cerimoniais, e um
linguajar facilmente compreensível a todos.
Na magia das velas, o praticante não precisa saber
dominar línguas antigas como o hebraico ou o sânscrito ou,
ainda, desenterrar mandrágoras sobre a Lua cheia.
Mesmo nos velhos tempos, quando a magia era quase
exclusivamente província do velho erudito que sabia ler e
escrever, a magia das velas continuava a arte oculta natural,
praticada pela gente simples, enfim, comum.
Acender velas, por razões mágicas, não é difícil, mas
pode-se dizer, sem muito temor de contradição, que é tão
poderoso em sua ação quanto as palavras de invocação,
círculos triplos e pentagramas do mago que pratica as mais
elevadas artes mágicas.

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A Simbologia das Velas

Uma lição que sempre devemos ter em mente, é que


o ocultismo, basicamente, é um assunto simples; tornado
complicado muitas vezes, por pura ignorância e insensatez
daqueles que o praticam!

A “INICIAÇÃO” DO FOGO,
NA INFÂNCIA
A maioria de nós já fez um
primeiro ritual com velas, nos
primeiros anos de nossas vidas!
Basta lembrarmos dos nossos
aniversários!
Soprávamos as velas colocadas
no bolo, e nossos pais pediam para
nós fazermos um pedido.
Muitas vezes fazemos sem
saber o porquê, mas, é claro, se o
fizéssemos com mais consciência,
o ritual do aniversariante teria mais
efeito e poder.
Um dos dias mais especiais é, sem sombra de dúvida, o
dia do nosso aniversário, pois representa o dia em que a nossa
alma se materializou no plano físico.
Os mestres nos ensinam que é o dia em que a alma está
mais perto da natureza; portanto mais perto de Deus, onde
deveríamos dedicar esse “espaço de tempo” (e digo deveríamos
pois normalmente não o fazemos), para encontrarmos com
o nosso próprio Deus Interior, fazer uma retrospectiva dos
melhores e piores acontecimentos dos últimos 365 dias
passados, e reavaliar com reflexão, o que de bom poderemos

28
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

fazer, nesse novo ano (de aniversário) que se inicia, frente a


experiência que vivenciamos até então!
É como que se pudéssemos comungar com Ele, para
aproveitar a chance que temos na nossa missão terrena para
tentar cumprir com galhardia, a missão de nossa alma aqui
na Terra.
O dia do nosso aniversário não é um dia qualquer que
mereça passar despercebido; mais do que isso, é preciso estar
em “sintonia” com a deidade-fonte; e isso vale tudo para estar
em harmonia consigo mesmo, vale até o simbolismo do apagar
as velas de seu aniversário!
As velas representam, nesse momento, aquela alma que
encarnou e o assoprar significa o cumprimento do dharma
desta alma ou a realização de tudo aquilo que veio fazer nesta
encarnação, ou seja, a nossa missão.
Também pode representar a realização de seus sonhos e
desejos; por isso, antes de assoprá-la, concentre-se em todo o
seu ser nos ideais acima citados.
Pois bem, este costume de infância baseia-se em dois
princípios mágicos muito importantes: a concentração do
pedido e o uso de um símbolo, para a focalização.
Isso quer dizer que se você deseja que algo lhe aconteça
precisa, primeiro, se concentrar (desejar, fazer o seu pedido),
então, após essa concentração, associar esse desejo mágico,
ao ato simbólico de soprar as velas (visualizar o desejo sendo
realizado, através da sua “tela mental”).

A força de sua vontade fará o


sonho realizar-se!

Técnicas análogas são usadas na


magia e no ritual das velas.
Diversamente de muitas formas

29
A Simbologia das Velas

da mais alta magia, não é preciso qualquer crença religiosa


especial para efetuar o ritual das velas.
Pode-se ser um cristão, budista, muçulmano, hindu, judeu,
ou nenhum dos anteriores, porque para o ritual das velas, é
necessário usar a força da própria vontade, o desejo e o
poder da própria mente para obter os resultados esperados
(visualização), ou aqueles que Deus assim achar que possa
merecer!
Mas de tudo o que foi comentado, não terá nenhum êxito,
se não houver uma forte crença em um Ser Supremo, de uma
Mente Cósmica, enfim, de um Grande Arquiteto do Universo!
Sem essa fé, nenhum enfoque do ocultismo e assuntos psíquicos
poderá ser válido.
Vale a pena ressaltar que isto não significa que não se
possa categoricamente empregar ritual ou orações de qualquer
religião na magia das velas.
Como já foi dito anteriormente, a chave para o ritual é a
concentração e, em última instância, é a mente do praticante,
ou ainda, daqueles que participam desse cerimonial, que faz
com que se realize todo o trabalho, de acordo com a finalidade
escolhida (invocação, agradecimento ou, ainda, de meditação).
Qualquer um que queime uma vela, por razões mágicas,
procura liberar e usar a mente subconsciente.
E uma das pedras fundamentais do ocultismo, é que
a mente esteja dividida em três níveis distintos a saber: o
consciente; o subconsciente e o supraconsciente(03).

30
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Quando se pratica a magia, o principal objetivo do mago


(iniciado), é desviar-se da mente consciente (pois ela
está condicionada pelos padrões convencionais da personalidade),
para poder penetrar o subconsciente, pois esta não reage às
palavras tornando-se, assim, um poderoso agente que, quando
libertado do cativeiro mental e controlado, poderá causar
alterações nos padrões ambientais.
É o nível do “sentimento” psíquico, e da própria
telepatia(04), que uma vez liberado, acaba interagindo para as
coisas que se deseja.
Há, porém, alguns ocultistas que deixam totalmente o
lado subconsciente, e procuram estabelecer contato com seu
“EU SUPERIOR”, ou também chamado por alguns de “anjo
da guarda”.
O verdadeiro iniciado, que deseja sinceramente praticar
o ritual das velas, pode ver concretizado os seus desejos e
anseios, ao perceber a manifestação do progresso, rumo à
perfeição da senda psicoespiritual.
Convém ressaltar porém que a magia, como todos os
instrumentos das forças ocultas, é uma espada de dois gumes,
se usada para o fim errado os resultados poderão voltar-se para
si mesmo.
Como dizem os grandes ocultistas, seu efeito será
multiplicado em relação ao ímpeto original.
Isto é reconhecido num antigo provérbio que diz que “as pragas
voltam três vezes mais forte a quem as enviou”.
As pessoas que brincam com o oculto ou mágico,
costumam queimar os dedos antes de aprender a levar o
assunto a sério; principalmente para aqueles que participam
de cerimônias sem a devida preparação e/ou seriedade para os
trabalhos realizados em um templo sagrado!

31
A Simbologia das Velas

Notas
(01) - Prometeu – foi o herói de um dos mais importantes
mitos de todos os tempos. Pro (antes) e Manthanéin (saber),
ou seja, o poder de predizer, tal qual um oráculo.
Segundo conta a lenda, Prometeu, o titã rebelde, era
filho do titã Jápeto e de Clímene, de acordo com Hesíodo.
Cronos, pai de Zeus, era irmão de Jápeto, sendo portanto,
Zeus considerado como primo. Zeus, por ser primogênito,
ficou com o comando do mundo celestial. Era o mais venerado
e poderoso deus da Grécia. Prometeu resolveu presentear
Zeus e os homens, que receberiam a metade de um boi,
sendo que uma parte ele colocou apenas ossos sob a banha
do animal, e na outra, as víceras, mais valiosas, cobertas
pela pele. Zeus escolheu o monte de banha, e foi enganado.
Com muita fúria, Zeus aceitou a opção, mas como castigo,
tomou o fogo dos homens. O fogo simbolicamente representa
a sabedoria, ou seja, o conhecimento. Isso fica claro quando
se analisa um culto muito famoso naquela época. A deusa
da sabedoria, da inteligência, do ofício e da guerra justa era
Atena Nike, uma virgem cuja veneração perdurou por mais de
500 anos. Prometeu, não se conformou com a perda do fogo,
pela humanidade. Aproveitando um momento de distração
dos deuses, roubou esse elemento e entregou novamente
aos homens. A partir daí, a habilidade de construir casas de
madeira e tijolos, e o domínio da escrita, da astronomia e
da matemática passavam a ser acessíveis aos mortais, assim
com a possibilidade de dominar os animais domésticos, de
cultivar plantações e de criar objetos de arte. Em represália,
Zeus armou uma terrível vingança. Mandou Hefesto, o
habilidoso deus ferreiro, construir uma mulher maravilhosa,
com todos os atributos que os deuses poderia oferecer. Foi

32
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

chamada de Pandora, ou aquela que tem todos os atributos,


Pan, significa “todos” e dora, significa “dons”. Afrodite, a
presenteou com as armas da sedução. Hermes, com os poderes
do convencimento. Atena, ensinou-a como tecelar, e muitos
outros imortais colaboraram na finalização desse artefato
fascinante. Depois, ela foi presenteada a Epitolomeu, que
imediatamente ficou apaixonado, e propôs casamento à jovem.
Uma pequena caixa foi presenteada por Zeus a Pandora em
homenagem ao casamento.Era um baú. O irmão do noivo,
Prometeu, com sua visão profética, veio desesperadamente
avisá-lo para tomar cuidade e não se casar, pois tudo aquilo era
objeto de vingança. Mas não adiantou. Na noite de núpcias, o
presente de Zeus se abriu e tudo que estava dentro escapou. A
chamada caixa de Pandora continha as mazelas, as desgraças,
as aflições e todas as formas de maldade e azar que podem
acometer a humanidade, agora tais entes estavam livres para
atacar as almas das pessoas em geral. A vingança de Zeus
havia triunfado. Pandora fechou rapidamente a caixa, mas não
evitou que todas as perversidades saíssem. Este gesto impediu
que um último elemento escapasse: a esperança. Em relação
a Prometeu, Zeus foi mais impiedoso. Ordenou que Hefesto
o acorrrentasse no monte Tártaro, perto dos portais de Hades.
Ali, perante o céu infinito, ele sofreria o ataque diário de uma
águia gigante, que vinha e devorava seu fígado. À noite, esse
órgão se regenerava, para ser novamente destruído pela ave no
dia seguinte. Isto deveria perdurar por toda a eternidade, mas
depois de muito tempo Heracles, também conhecido como
Hércules, matou a águia e libertou Prometeu de suas algemas.
O significado esotérico desse mito helênico está relacionado
com a incessante e perene angústia do homem em busca do
conhecimento e da consciência superior ou divina.
Prometeu roubara o Fogo Divino para que os homens
pudessem atuar conscientemente, no caminho de sua evolução

33
A Simbologia das Velas

espiritual, transformando assim, um simples animal terrestre


num deus potencial e livre.

(02) - Magia, seu termo deriva da raiz “magi” que


simplesmente significa “sábios”, e se refere a uma casta de
sacerdotes da Pérsia.
Um mago é simplesmente um homem sábio, versado
nas Artes Ocultas da Natureza, que não são conhecidas, ou
reconhecidas pela maioria das pessoas.
As culturas antigas não faziam distinção entre magia e
outras formas de entender e dominar o universo; seja ciência,
religião, filosofia, poesia, arte, etc...
A alta magia, especialmente, era um mundo independente
e se baseava na crença de que o homem é um microcosmo que
reflete o macrocosmo.
Dessa forma, todos os elementos do mundo, pedras,
plantas, planetas, metais e estrelas, estão intimamente ligados
aos medos, desejos, à saúde e ao físico humano.
A distinção entre a magia branca e negra, não era muito
conhecida no ocultismo primitivo, que tentava conhecer,
sintetizar e mesmo controlar o universo.
O cristianismo medieval, por seu lado, acreditava que a
magia, por envolver espíritos desconhecidos, poderia desafiar
Deus e tentar controlar o universo, sendo considerada sempre
perigosa e má.
A magia teve em sua base, o conhecimento astrológico
e numerológico dos babilônios, as especulações filosóficas de
Pitágoras e dos primeiros pensadores gregos e as tradições persas.
Mais tarde, a isso, se juntou as tradições judaico-cristãs.

(03) - Mente Consciente, sob circunstâncias normais, está


ativa nas horas de vigília e controla as funções do corpo e as
ações do indivíduo.

34
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Durante o sono, a mente subconsciente assume o


comando; com o relaxamento do corpo, a mente consciente
se refresca.
Este período de atividade mental, é usualmente
caracterizado por sonhos, visões e, por vezes, pesadelos.
Tudo isso emerge no subterrâneo do subconsciente, onde
se escondem todas as numerosas imagens atávicas de nossa
natureza animal.
Em todas as ocasiões, despertos ou adormecidos,
o supraconsciente está ativo, mantendo os dois outros
aspectos da mente integrados e sincronizados.
Muito embora tenhamos consciência dos aspectos
conscientes e subconscientes, raramente a pessoa se
encontra face a face com a mente supraconsciente, ou o
aspecto superior da própria identidade.

(04) - Telepatia, é definida como sendo a transmissão de


palavras, ideias ou mensagens, sem o intermédio de órgãos
sensoriais.
Ela começou a ser estudada a partir de 1825, quando da
realização das primeiras experiências magnéticas.
Esse termo, proveniente do grego, (TELE + PHATOS +
IA), que em sua tradução literal significa “sofrer a distância”,
pois antigamente costumava-se estudar apenas e tão somente
fenômenos considerados tristes.

35
Capítulo III
A Arte na Confecção e Manuseio das Velas

Manejar o silêncio, é mais difícil


do que manejar as palavras.
George lemenceu

Qual o tipo de velas mais indicado para utilizar nos


rituais mágicos?
Segundo os místicos, o tamanho e o formato não são
preponderantes, para o sucesso do ritual.
A maioria dos praticantes tenta reduzir todas as suas
velas a um só tamanho e forma, se possível, pois facilita a
execução desse cerimonial.
Na magia das velas, é importante ter em mente que
as velas a serem utilizadas devem ser novas, não sendo
aconselhável a utilização de outras velas que já tenham sido
usadas em outros rituais.

37
A Simbologia das Velas

Há uma razão esotérica muito forte para esta insistência,


pois as vibrações captadas nas outras reuniões, carregadas pela
egrégora(01) de forma-pensamento, estão impregnadas nas
velas que estarão sendo reutilizadas.
Isto significa dizer que os objetivos da reunião a ser
realizada, poderão ser atrapalhados e/ou misturados com as
emanações vibratórias captadas na reunião anterior!

O RITUAL DA CONFECÇÃO E PREPARAÇÃO

Alguns ocultistas fazem as suas próprias velas, e este


exercício é muito útil, pois não só impregna a vela com suas
vibrações pessoais, como também, o ato de confeccioná-las,
faz com que a pessoa possa impregná-la com os seus próprios
pensamentos vibratórios(02), para a finalidade que deseja
praticar a magia.

Nesse momento, é importante utilizar-se das forças


psíquicas-espirituais do pensamento, para a confecção das velas.
A liturgia católica prescreve que as velas devem ser
feitas, ao menos, com mais da metade de cera de abelha.
Na realidade, o ideal é confeccioná-la com 100% de
cera pura.
Como o preço dessa vela seria muito alto, a Igreja
permitiu que se misturasse à cera, a estearina (éster esteriático
da glicerina).

38
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

A matéria de que é feita a vela, deve ser tão pura e tão


natural quanto possível, e só a cera de abelha corresponde a
essas qualidades.
Vale a pena ressaltar também, que o simbolismo da
própria abelha (muito utilizado nos USA como referência
maçônica), contribui com o seu sentido de Trabalho, Justiça,
Atividade e Esperança.
A confecção de velas não é tão difícil, pois muitas lojas do
ramo vendem a cera e os moldes necessários a essa atividade.
A cera quente (derrete a 82º C) é vertida num molde
apropriado, no meio do qual se coloca o pavio, e então deixa-
se esfriar, para que ela se solidifique.
Interessante notar, que para ter um efeito mágico/
esotérico/espiritual mais compensador, importante seria,
ao inserir a cera derretida no molde, utilizar com técnicas
respiratórias e a força do pensamento, bem como as palmas das
mãos voltadas para o molde da vela (a energia concentrada), o
desejo e o intuito (finalidade) do motivo da cerimônia que será
utilizada a vela.
Perfumes ou corantes podem ser acrescentados à
cera durante o processo de aquecimento, e, quando a mesma
já estiver fria, o molde é removido, deixando uma vela
completamente formada.
Esse processo acima mencionado, parece um pouco
trabalhoso, mas o seu efeito mágico será recompensador.
Para que possamos participar do ritual, necessitamos
estar em harmonia no plano físico/espiritual (exterior/interior)
para obtermos a concentração necessária.
Isso significa dizer que não só aquele que estiver
acendendo a vela deve concentrar seu pensamento com
vibrações de formas-pensamentos adequadas para o ato que
irá realizar, como também todos os demais que irão participar
do cerimonial.

39
A Simbologia das Velas

O incenso(09) também é indicado durante a queima das


velas, pois ele possibilita criar uma atmosfera propícia, além
de ser um agente estimulante dos nossos sentimentos mentais
e psíquicos.
Uma das etapas mais importantes da queima das velas,
é a “oleada”.
Essa prática, cultivada há séculos por muitos países
da Europa, tem como finalidade criar um elo psíquico
entre ela e o praticante da magia, através da importante
experiência sensorial do tato.
Só pelo tato que o bebê, em seu desenvolvimento,
aprende logo a se relacionar e a “entender” o mundo.
Oleando fisicamente a vela, você estará passando para
ela, através de suas mãos, as suas próprias vibrações, ou a
energia vital(03), e, portanto, tornando a vela uma extensão dos
poderes da sua mente.
O propósito de olear a vela é visto como um magneto
psíquico entre ela e o iniciado sendo, um lado, o pólo norte e,
o outro, o pólo sul.
Ao untar a vela (correto seria derramar nas mãos, um
pouco de azeite), o praticante deve esfregar o líquido a partir
do topo, ou pólo norte, dirigindo-se para baixo.
Todo tempo o óleo deve ser esfregado para baixo, pois esse
processo depois é revertido, ou seja, começando no pólo sul e
dirigindo-se para cima (pólo norte).
Enquanto o mago estiver oleando a vela, deve focalizar a sua
mente no propósito que tem em vista para o acendimento da
vela mágica.
A concentração é muito importante para que o
resultado possa ser obtido e/ou esperado.
Deve-se concentrar nas razões para olear a vela,
tentando “visualizar” a concretização do “seu” desejo.

40
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Fazendo isso você estará, subconscientemente,


projetando seus pensamentos pelo éter, construindo uma
“imagem astral” do que quer, para que a sua mentalização se
torne realidade.

A IMPORTÂNCIA NA PROJEÇÃO DA
FORMA-PENSAMENTO

A casa do sonho de qualquer arquiteto, o livro de sucesso


de qualquer escritor, ou a obra-prima de qualquer pintor, foi
primeiro concebida na imaginação, e na mente do artista.
Assim, todo o ato cumprido, todo resultado perfeito do
trabalho mágico, é primeiro praticado e depois finalizado na
mente do mago.
Os atos e/ou rituais que foram expostos, são destinados
a agir como agentes solidificadores para concretizar uma
forma de pensamento projetada e enviada pela mente de
quem acende a vela.
Em essência, o ritual age como o impulso que
traz o pensamento, desde a imaginação completada, até a
manifestação física no plano material.
A rigor, segundo alguns ocultistas, a pessoa que encetar
a prática das velas precisa privar o corpo do essencial à vida.

41
A Simbologia das Velas

Porém, pode-se descobrir que a abstinência de


comida pesada e condimentada algumas horas antes de
um ritual, pode ser benéfico para se atingir os resultados
esperados, caso seja necessário trabalhar-se isoladamente
para a realização de um pedido!
Recomenda-se, também, a abstinência sexual 24 horas
antes do ritual, pois ajuda a carregar as baterias psíquicas, que
podem ser esgotadas pelo ato sexual.
Usualmente, o mago deve tomar banho antes de
começar, para lavar simbolicamente os pensamentos negativos,
bem como a impureza de seu corpo. Em outro nível, está
limpando a sua própria aura.

COMO ACENDER A CHAMA (FOGO)

Recomenda-se não acender as velas com isqueiros,


pois estes usam essências minerais malcheirosas e fuliginosas.

A princípio, deve-se utilizar fósforos que não


contenham enxofre; acender uma vela intermediária e, com a
ajuda desta, transmitir o “fogo” para as demais velas que serão
utilizadas no ritual.
Tanto a chama como a vela, devem ser “puras” para a
perfeita transmissão das vibrações e desejos “projetados pela
tela mental“ durante o cerimonial.

42
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

COMO APAGAR A CHAMA (FOGO)

Recomenda-se apagar a vela sempre com o “apaga-


luzes” sem jamais soprá-la, para que não seja contaminado o
“fogo sagrado” com o seu hálito impuro.
Parece ser estranho essas prescrições, mas elas são
largamente utilizadas desde a antiga tradição ligada ao culto
do Fogo.
Os Persas (atual Irã) guardam o fogo com muito
cuidado, pois segundo eles, não existe nada que represente tão
bem a divindade quanto a beleza do “fogo”.
É esse o motivo pelo qual eles nunca assopraram uma vela,
nem uma lâmpada, e nunca tomaram a iniciativa de apagar o fogo
com água, mesmo quando a casa corre o risco de ser consumida;
ao contrário, eles procuram abafá-lo com terra.
Um outro culto do fogo, de uma antiga civilização do
extremo oriente, consiste em conservá-lo com uma matéria que
não produza fumaça, nem mau cheiro, em não lançar ao fogo
nada que seja sujo, nem qualquer espécie de imundície; em não
deixá-lo se extinguir, em não acendê-lo com a boca, de medo de
impedir com que o fogo sinta algo de mau que possa infectá-lo; de
tal forma que se por acaso ele se apagar, será preciso ir buscá-lo
num vizinho, ou reacendê-lo com uma ventarola.
Esse culto consiste ainda em não tocar num fogo que
tenha sido alimentado e mantido com ossos, excrementos ou
qualquer outra imundície.

43
A Simbologia das Velas

Notas
(01) - Egrégora, são entidades (energias astrais) ocultas,
resultado de uma forma-pensamento coletiva.
Essas emanações sempre trazem consequências positivas ou
patológicas.
Os pensamentos, os sentimentos e as ações liberam energias
que, de forma consciente ou inconsciente, vão impregnando os
diversos ambientes. Nesse processo, o halo energético que nos
envolve modifica-se e adquire aspecto compatível. Dessa forma,
podemos dizer que a nossa aura representa a nossa egrégora, ou
seja, o que temos de mais íntimo.
Quanto mais elementos energéticos forem liberados,
mais consistentes serão as egrégoras, podendo essas ser
classificadas em individuais ou coletivas.
As egrégoras individuais, por exemplo, seriam
constituídas por uma pessoa que mora sozinha.
Já as egrégoras coletivas são mais consistentes, devido
aos percentuais de energias liberadas. (Mais detalhes, ver livro
Egrégoras, Influências Energéticas na Aura Humana, Roberto
Epifânio da Silva – Ed. Universalista – 1995.)
Segundo alguns ocultistas, as egrégoras são imagens
formadas na tela mental (plano mental), geradas por uma
coletividade agrupadas em um mesmo local, emitindo vibrações
fortes e idênticas, ou seja, pensamentos da mesma natureza, um
ser verdadeiro ganhará vida e ficará animado de uma força boa ou
má (dependendo da forma-pensamento emitida).
Segundo J. Boucher, a palavra egrégora vem do grego
egrêgorein, significando velar, e designa no Livro de Enoch,
os anjos que juraram velar sobre o Monte Hermon, por isso se
traduz egrégoras por vigilantes, e diz:

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Chama-se egrégora uma entidade, um ser coletivo


originado por uma Assembleia.
Cada Loja possui a sua egrégora; cada Obediência
tem a sua e a reunião de todas essas egrégoras forma a
Grande Egrégora Maçônica, almejada e desejada por todos
os Maçons.
(02) - Pensamento, todo o pensamento possui um campo
energético, que faz com que a força vibratória se manifeste,
quer ela seja voluntária ou não; interferindo no objetivo em
que se está direcionando.
Nesse momento, é bastante oportuno relembrar da Lei
da Causa-Efeito, ou ainda, da Lei da Ação e Reação onde
tudo o que semeares, será colhido no Amanhã.
A isso, os grandes ocultistas chamam-no de forma-pensamento,
que possui uma definição bastante interessante.
Segundo Madame Blavatsky (Doutrina Secreta) diz,
resumidamente:
1. São “imagens ou formas” geradas pela energia dos
nossos pensamentos no “Plano Mental”, de forma individual
ou ainda, coletiva que podem interferir no nosso “Plano
Físico”, dependendo da intensidade e vontade (consciente/
inconsciente) daqueles que assim o fizerem.
2. Essas formas-pensamento carregam, em si,
sentimentos e pensamentos (pessoais ou coletivos) que podem
atuar de maneira:
3. BENÉFICA (Amor, Paz, Carinho, Fraternidade,
Tranquilidade, Lealdade, Amizade,...).
MALÉFICA (ocasionada de forma não intencional pela
própria humanidade {grandes catástrofes} e pelo próprio
homem {ódio, ciúmes, raiva, ...}).
Mais detalhes, ver as belas obras (Doutrina Secreta –
Blavatsky e O Lado Oculto das Coisas – C.W. Leadbeater).

45
A Simbologia das Velas

(03) - Energia vital, ou mesmerismo, é um termo que foi


descoberto por Franz Mesmer (daí o seu nome) em 1779, para
a energia magnética que o ser humano possui, tendo estudado
com especial atenção os surpreendentes efeitos que esse
magnetismo se manifesta.
Esse princípio é exposto em De Planetarium Influxu:
Corpos celestes e terrestres influenciam-se uns com os
outros e essa mútua influência depende de um fluido contínuo,
sutil e universal.
Leis desconhecidas governam essas influências e
efeitos alternativos são produzidos (fluxo e refluxo); o corpo
humano tem essas propriedades magnéticas, e esse magnetismo
é suscetível a várias influências.
É interessante notar que, desde à época dos essênios,
eles já conheciam os seus efeitos benéficos, através da
imposição das mãos para diversas finalidades de cura.
A Igreja também conhecia há muito tempo esse artifício,
utilizando-a até os nossos dias, nas cerimônias litúrgicas
(inclusive nos casamentos, onde os padrinhos abençoam os
noivos durante o juramento, com a imposição das mãos).

46
Capítulo IV
A Utilização das Velas e suas Diferentes Interpretações

A coisa mais bonita que podemos


experimentar, é o misterioso.
A. Einstein

Este capítulo resume as principais utilizações, bem


como as suas interpretações nas diferentes culturas e classes
sociais do mundo ocidental e oriental.

VELAS, SUAS CORES E SIGILOS ASTROLÓGICOS

Uma vez preparadas as velas, tanto no “plano físico”


como no “plano mental”, precisamos estar cônscios do
propósito que deveremos “trabalhar”.
O ritual de velas pode ser executado por numerosos
motivos, desde superar maus hábitos, limpar atmosferas
perturbadas, proteção contra forças negativas, reconquistar
a saúde perdida, bem como desenvolver poderes psíquicos.

COR

Um dos mais importantes requisitos


ao acender uma vela, é a sua cor.
A cor é um auxiliar poderoso, pois
todas as cores estão associadas às emoções
e desejos humanos.
Utiliza-se para isolar e descrever certas
reações psicológicas de felicidade, alegria e
bom humor ou, ainda, miséria, ira e depressão.

47
A Simbologia das Velas

As cores são luzes vibrando com energias diferentes.


Por exemplo, o vermelho e o negro vibram mais devagar que
o branco ou o azul, assim são registradas em nossos nervos
ópticos como tons mais escuros, e por isso causam diferentes
reações no observador.
Testes realizados em hospitais, provam que os pacientes
recuperam-se mais depressa em enfermarias pintadas de verde
ou azul, do que em cores monótonas, como cinza e castanho.
Ficamos mais alegres em dias ensolarados, quando a
escala de tons predominantes é azul e verde, do que em dias
nebulosos, quando se evidenciam o cinza, o preto e o marrom.
Por causa dos diferentes efeitos da cor no psiquismo
humano e no ambiente, é que velas de diferentes cores são
usadas para variar os propósitos mágicos.
Para sua orientação segue, abaixo, a lista das principais
cores do espectro e uma interpretação para elas:

Branco – A pureza, a espiritualidade, e as aquisições mais


elevadas da vida, que podem ser atingidas pelo homem
aperfeiçoado;
Vermelho – Saúde, energia, força, potência sexual e coragem;
Rosa – Amor, afeto, e todas as melhores virtudes românticas;
Amarelo – Intelecto, imaginação, poder mental, espiritualidade,
sabedoria, verdade, criatividade artística, encanto e confiança;
Verde – Abundância, fertilidade, sorte e generosidade;
Azul – Inspiração, verdade, poder oculto e proteção mágica. É
a cor da compreensão e da boa saúde;
Púrpura – Sucesso nas finanças e ações. Capacidade psíquica
superior, força, idealismo e dignidade;
Dourado – Atrai influências superiores;
Prateado – Remove as forças negativas e abre as portas do
plano astral.

48
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Como cada cor relaciona-se


a uma “nota” psíquica, ela também
relaciona-se aos signos do zodíaco,
pois a astrologia pode ser um fator
importante no ritual das velas, por suas
associações aos anjos planetários.
Convém notar que o poder
mágico terá uma melhor performance,
se descobrir qual o signo da pessoa
(caso o ato mágico seja para uma pessoa), bem como a vela da
cor zodiacal para representar a pessoa beneficiada.
Caso haja interesse sobre o assunto, recomendo a
leitura do livro Cromoterapia Aplicada, de René Nunes,
o qual explica com maior profundidade as suas relações e
influências nos corpos físico, astral e mental.

ELEMENTOS BÁSICOS DA MAGIA DAS VELAS

Neste trabalho podem ser identificados os seguintes


elementos básicos:
Primeiro, o uso de velas de diferentes cores para
representar o assunto a ser solicitado, e as pessoas envolvidas.
Segundo, o uso do dia associado ao assunto, e a
invocação do anjo, ou divindade que governa esse pedido.
Exemplo: Sexta-Feira = Anjo Anael.
Terceiro, a oração pela intenção, a concentração e
visualização bem como o ato simbólico de unir (pedido X
queima da vela).

Por fim, a execução da cerimônia com a Lua crescente,


pois segundo alguns ocultistas, em todos os tipos de magia as
fases da Lua são importantes pois quando ela está crescente,

49
A Simbologia das Velas

atraímos boas condições, quando está minguante, afastamos


más influências.
É verdade que a Lua apenas
reflete os raios do Sol, mas o faz de
maneira a causar certos graus de
polarização mágica.
O poder psíquico tem
marés altas e baixas com a Lua, e
uma pessoa conhecedora da magia,
segue estas marés.

VELAS PARA A DOENÇA E A MORTE

Uma grande quantidade de tempo é passada pelos


ocultistas a curar os doentes, pois é dever tácito do estudioso da
ciência esotérica usar seu conhecimento em benefício do próximo.
O ritual de velas normalmente faz o seu papel nessa
atividade essencial, porque há o encantamento de cura que
pode restaurar a saúde e o vigor dos fracos e doentes.
Estes trabalhos normalmente podem ser feitos pelo
iniciado para dar conforto a outrem, ou para restaurar sua
própria saúde, num momento de necessidade.
As questões de saúde são tra-
tadas pelo Arcanjo Rafael, mensagei-
ro dos deuses, conhecido pelos gregos
antigos como Hermes; pelos romanos
como Mercúrio; pelos egípcios como
Tehuti (Thoth) ou, ainda, pelos celtas,
como Merlim.
É tido como inventor da escrita,
por alguns ocultistas, da astronomia, e
das figuras do Tarô.

50
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Numa visão astral, veste-se como um peregrino, com


uma túnica amarela e um chapéu de abas largas, sandálias
aladas, e um bordão com duas serpentes enroladas, símbolo
arcaico da medicina.
Como já vimos na nossa lista de cores, o vermelho se
associa à boa saúde.
É a cor do fogo, que representa a força da vida, e quando
as pessoas estão saudáveis, é considerada sinal de vigor.
Assim para a cura, acendem-se velas vermelhas, mas
como a saúde também vem sob Rafael, podem ser combinadas
com velas amarelas.

GUIAS DE CORES PARA CURA

Ao curar, certas cores são tradicionalmente associadas


a diversas doenças, e às suas respectivas curas.

Conforme alguns ocultistas, pode-se associar velas de


diferentes cores, para diferentes doenças.
Segue abaixo, uma escala espectral, bem como as suas
qualidades curativas:
Vermelho – Debilidade física, problemas sanguíneos,
resfriados e deficiências vitamínicas;
Laranja – Asma, febres, bronquites, tosse, deficiências
digestivas e artrite;
Amarelo – Problemas estomacais, doenças de pele e
doenças nervosas;
Verde – Problemas cardíacos, alta pressão arterial, úlceras
e cânceres;
Azul – Todas as afecções de garganta, dor de dente, dor de
cabeça, enxaquecas e insônia;
Branco – Usado na cura de qualquer doença grave.

51
A Simbologia das Velas

ESPÍRITOS PRESOS À TERRA

Nas cerimônias de exorcismo,


queimam-se velas brancas.
Se o ocultista sabe, através
dos resultados de sua observação
psíquica, que um determinado espírito
humano preso à Terra, é o responsável
pelas assombrações, ele pode rezar
para o anjo Azrael encaminhar a alma
errante e guiá-la ao outro mundo.
Esta é uma das tarefas deste
anjo, que no antigo Egito era conhecido como Anúbis o deus-
chacal e “Abridor dos Caminhos” para os mortos.

CERIMÔNIAS FÚNEBRES

Para ajudar a passar o espírito moribundo para o outro lado


da vida, o mago faz um ritual (assim como a missa de réquiem),
facilitando a transição da existência física à espiritual.
Devem ser queimadas velas brancas ou prateadas, e pode-
se recorrer a velas longas, como as usadas nos altares das igrejas.
Dá-se preferência a velas de cera pura de abelha, onde
podem ser compradas em casas de artigos religiosos.
Conforme nos instruem os magos, antes de acender as
velas pense no falecido, tal como o viu pela última vez, em
momentos de felicidade e de alegria.
Acenda as velas e faça uma oração, ficando sentado
esperando que a vela se acabe, pois o Ser Elemental do
Fogo (Salamandra) magnetiza o ambiente com as formas-
pensamento produzida pelo magista.

52
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

VELAS PARA PROTEÇÃO

Um assunto popular para os estudiosos no ocultismo,


é o estado psíquico, bem como a “defesa pessoal psíquica”,
termo esse escrito por Dion Fortune, em 1935, o qual fala
sobre os males causados pelo abuso do poder da magia.
Como sabemos, as velas têm uma grande vantagem
sobre as forças negativas: são um símbolo da luz (física e
metafórica), ou seja, luz do conhecimento, que é a maior arma
do mago em sua luta contra os poderes adversos.
Nos antigos Mistérios, o pedido do neófito ao iniciador
era: “Das trevas guia-me à luz; do irreal guia-me ao real”.
O mago faz a melhor proteção possível, cercando-se
de um círculo de velas acesas, pois sabedor que os atentados
mágicos vêm em ondas (e não de maneira continuada),
dificulta o atacante que não tem tempo e nem energia para
um assalto prolongado.
Esse recurso uti-
lizado pelos magos, é
um poderoso dispositi-
vo, pois no simbolismo
esotérico o círculo repre-
senta a eternidade, que
não tem começo nem fim
não podendo ser rompi-
do nem destruído.
Desse modo, o mago estará rodeado de um símbolo
composto pela força mais importante que a humanidade co-
nhece: o Fogo.
Dentro do tal círculo nada deve temer, pois a luz
afasta as sombras, desvelando a verdadeira face do medo.

53
A Simbologia das Velas

ARCANJO PROTETORES

No mundo esotérico, quando se trabalha com fogo, o


círculo mágico das velas deve-se acender uma outra vela perto
de você, imaginando nos quatro pontos cardeais do círculo,
quatro figuras angelicais.
São os arcanjos protetores (Miguel, Rafael, Gabriel e
(01)
Auriel) .
Deve-se imaginá-los com os rostos para fora, as mãos
descansando à frente do corpo, sobre a empunhadura de
espadas longas.
Miguel é o guardião das portas do mundo inferior, na
antiga mitologia, e é a ele que se deve dirigir as orações por
ajuda e proteção.
Após a realização de uma oração, realiza-se o sinal da
cruz imaginando a mais pura luz dourada.

O sinal da cruz é utilizado pelos


magos para fechar o corpo e a aura,
para evitar que vibrações negativas
possam penetrar em seu corpo.
Normalmente, utilizam-se velas
na cor azul, prateada ou dourada,
para atrair as boas influências e afastar
as forças negativas.
Um outro aviso importante
que os magos recomendam, é que não
basta apenas pensar que o cerimonial
de preparar as velas, oleá-las e acendê-las seja suficiente,
deixando para um segundo plano, as orações.
Elas são igualmente importantes, pois a mímica
simbólica está funcionando nos níveis astrais, planos estes por
onde se dá a eficácia da magia.

54
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

A magia pode ser feita e realizada no plano físico,


mas a principal operação se dá no plano astral.
Vale a pena ressaltar que as velas são agentes
focalizadores da mente, e auxiliares da concentração.
Descuidar-se do papel especial das velas durante os
trabalhos mágicos, é privá-las da força que poderá ajudá-lo em
seus desejos.
O ritual das velas é uma arte antiga que perdurou ao
longo de muitas eras, é por isso que funciona, pois senão teria
se perdido na poeira do tempo.

ABRINDO A PSIQUÊ

Após a aplicabilidade das velas em várias funções,


vamos analisar a prática e percepção extra-sensorial e a
mediunidade.
Há muito que se faz a falsa suposição de que uns poucos
“escolhidos” têm poderes psíquicos, e que são concedidos a
esta elite por cortesia especial de Deus.
Tal como em muitas crenças populares, no oculto, ela
é totalmente incorreta, pois todos nós contemos os mesmos
potenciais psíquicos de mediunidade.
Os poderes psíquicos são nossa herança comum em
todos os seres humanos.
Se analisarmos até mesmo os psicólogos, estão
começando, apesar de relutantes, a admitir que a humanidade
só usa um terço de sua capacidade mental total, sendo que
a exploração do restante (dois terços) é que os ocultistas se
utilizam à busca da verdade.
Eles acreditam que em uma época anterior da evolu-
ção humana, os poderes psíquicos funcionavam plenamente,
mas ao longo de milhares de anos, estas capacidades espe-
ciais involuíram.

55
A Simbologia das Velas

Hoje, permanecem ocultas naqueles dois terços que


ignoramos e, por causa da falta de uso, é difícil despertar
esses poderes.

Em alguns casos, existem pessoas que já nascem com


seus dons ativados.
Alguns retêm a percepção extra-sensorial durante a
infância e a perdem com a maturidade, mas outros a conservam
por toda a vida. Outros, possuem um potencial psíquico bem
próximo à superfície, e com um pouco de treinamento, logo
vem à tona.
Todos nós temos lampejos da supraconsciência ao longo
de nossas vidas normalmente em períodos de tensão, perigo ou
outros motivos emocionais, mas infelizmente essas energias não
são treinadas (não a controlamos), e elas vão e vêm.
Somente com o treinamento constante, vigilante e
atento é que nos possibilitará obter um alicerce moral e
ético, para usarmos como medida quando nos defrontarmos
com o dilema do que, e quando usar em benefício alheio.
Com a magia das velas, a principal aplicação daquele
que a praticar, é a meditação, ou seja, (medita + ação),
entenda-se por “pensamento planejado”, ou contemplação.
A técnica para ficar
no estado de contemplação,
consiste na escolha de um
certo tema, símbolo abstrato
ou ideia, visualizando-o men-
talmente, e tentando desco-
brir unicamente pela arte de
pensar tudo sobre ele, obser-
vando-o sob todos os seus ân-
gulos, obtendo a sua compre-
ensão total.

56
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Essa técnica também é conhecida como ABSTRAÇÃO,


ou seja, sinta seu corpo flutuar, e “veja” o tema por você
selecionado em um círculo mágico, sendo realizado, sendo
concretizado. Pronto; está feita contemplação.
Alguns livros comentam que a meditação e/ou
contemplação, consiste em sentar-se quieto, esvaziar a mente,
e não pensar em nada, em especial (esse é um dos conceitos de
J. Krishinamurti, o qual possui inúmeros livros que explica
detalhadamente, tais técnicas aqui mencionadas) no estado
contemplativo.
Isso é uma outra corrente no qual também está correta,
mas na meditação, o que se quer dizer é que as ideias e a
inspiração vêm em nossas mentes mais facilmente quando nós
estamos ativos, aí nesse momento, nós estamos fazendo uma
meditação ativa.

CLARIVIDÊNCIA E MAGIA DAS VELAS.

Os ocultistas dizem que o desenvolvimento da


clarividência, por meio das velas, deve ser efetuado em uma
noite de Lua crescente.
Diz-se que as marés afetam a intensidade da
clarividência criando, desse modo, efeitos psíquicos mais
poderosos quando praticada por um mago.
Normalmente, recorre-se à seguinte técnica:
Utiliza-se nove velas acesas, que deverão estar queimando
numa mesa à sua frente.
Atrás delas, coloca-se um espelho para refletir a sua luz.
Sente-se olhando para a chama, inspirando em três
tempos, e expirando em cinco tempos.
Acalme a sua mente, esquecendo de todo o tipo de
preocupações, pensando apenas no que está fazendo nesse momento.

57
A Simbologia das Velas

Pegue a vela à sua frente e a mova por um lado, e passe


a fitar o espelho.
Depois de alguns momentos, o espelho pode embaçar-
se, ou luzes coloridas poderão ser vistas a flutuar nele.
Em alguns casos, clarões fortes ou formas
turbilhonantes, poderão aparecer numa espécie de fogo.
Tudo isso é sinal que a sua clarividência está aparecendo
gradualmente.
Símbolos então passarão a ser vistos no espelho:
rostos humanos e não-humanos; lugares e paisagens iluminadas
por cores astrais; cordilheiras exóticas iluminadas por céus de
cores estranhas, e outras paisagens e símbolos estranhos.
O plano astral desdobrará seus segredos para
o praticante.
Recomenda-se nunca ficar olhando por muito tempo,
devendo-se lutar contra o desejo de “perder-se” no mundo
astral que vê.
Lewis Carroll quando escre-
veu Alice no País das Maravilhas
conhecia esse segredo, pois sabia do
Fio de Ariadne(02) oculto para mui-
tos, mas conhecido por poucos!
Muitos ocultistas investi-
gam o astral, e descobrem mais
interessantes que o plano da Ter-
ra, tornando-se “prisioneiros”
do mundo das “fadas”, e chegan-
do à loucura.
As cores das velas recomendadas são as de cor púrpura,
pois atraem influências psíquicas.
O espelho uma vez utilizado com frequência, o vidente
será capaz de discernir agouros futuros pelos símbolos e
imagens que nele aparecerão.

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

ORIENTAÇÃO ANGELICAL

Se analisarmos a Bíblia,
encontraremos muitas referências
a respeito de anjos que apareceram
à humanidade e a guiou com sabe-
doria e conhecimento.
Dentre eles, o mais co-
nhecido é o Arcanjo Gabriel que
anunciou a Maria que conceberia
um menino que viria a ser conhe-
cido como “Jesus”.
Em outros casos, é a
história dos “filhos de Deus” que casaram com as “filhas dos
homens”, e são mencionados no livro de Gêneses, capítulo VI,
versículos de 1 a 4.
Outras referências são feitas no Livro de Enoch,
apócrifo, onde são descritos como “anjos caídos”, que
ensinaram às mulheres as artes da magia, civilização e ciências.
Acredita-se que dentre os dons concedidos à
humanidade por tais anjos caídos estava o fogo, sendo que a
magia das velas é a utilização mágica do fogo.
Na tradição hebraica, a arte mágica das velas é colocada
sob o domínio de um anjo cujo nome é “Portador da Luz”,
mas com os atributos do Arcanjo Miguel.
Segundo alguns, os anjos são compostos de energia
pura, muito embora escritores e sensitivos representam-nos
sob forma humana, essa é apenas a forma que adotam ao tratar
com a humanidade.
Os anjos foram os criados em primeiro lugar pelo
Senhos dos Mundos e Criador do Universo, e devem-Lhe uma
pesada responsabilidade, enquanto Instrutores.
Os estudiosos em angeologia, afirmam que há anjos

59
A Simbologia das Velas

menores, onde na magia das velas se direciona com os arcanjos


que governam os planetas do sistema solar: Mercúrio, Vênus,
Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão, onde
para propósitos ocultos, as duas “luminárias” Sol e a Lua, são
consideradas “planetas”, muito embora sejam consideradas
estrela e satélite, respectivamente.

FRAGMENTO SOBREVIVENTE

Estes anjos têm analogias e correspondências com


os deuses das antigas religiões “pagãs” e, examinando essas
relações, logo percebemos que não estamos tratando de
várias religiões, mas com os símbolos de uma só, tão velha
como a humanidade.
Esta religião foi dada à humanidade por “deuses” e
“anjos” há milhares (ou mesmo milhões) de anos, e a ciência
que é velada sob o nome de “ocultismo” é o que sobreviveu
daquele ensinamento universal de origem divina.
A arte e o ritual das velas, é uma pequena parte da
antiga religião.
De fato, toda a religião particular da humanidade, é
meramente vinho velho em odres novos, e é a vinha mística
que criou o vinho a que a humanidade agora deve retornar.

MAGIA NEGRA

Não podemos ignorar


os aspectos tenebrosos da
magia das velas, e os místicos
fazem a distinção entre “magia
branca”, altruísta, e a “magia
negra”(03) egoísta.

60
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

A energia espiritual mobilizada pela magia é uma força


neutra, que pode ser usada para construir ou destruir.
A responsabilidade final pelo uso da energia, dependerá
dos motivos morais do mago.
Quanto às velas negras, juntamente com as vermelhas,
podem ser usadas em rituais de magia negra, mas tudo vai
depender do contexto, do ritual, das orações e intenção das cores.
As velas negras podem também ser usadas em rituais
fúnebres e junto com as azuis, tendo a conotação cabalística
de espiritualidade.

A NOVENA MÍSTICA

Dizem que a arte imita a vida, o que limita em muito a


expressão artística; fazendo tal analogia, poderíamos também
dizer que a religião imita a magia.
De fato, a magia é a mais velha das duas, e na
antiguidade, os principais praticantes da religião eram
reconhecidos como sendo não meramente os celebrantes do
dogma, mas verdadeiros “magos-sacerdotes”.
Portanto, nós não devemos nos surpreender que um
dos mais poderosos rituais mágicos disponíveis para a magia
das velas é também uma devoção da igreja católica.
Ela é chamada de “novena”, que o dicionário descreve
como “orações ou cerimônias
especiais oficializadas por nove
dias seguidos”.
Sendo uma cerimônia com-
partilhada por magos em geral, uti-
lizando como figura ao lado (Selo
de Salomão) e pelos católicos, é um
exemplo da unidade em meio à di-
versidade, característica do espírito.

61
A Simbologia das Velas

A chave do sucesso no trabalho mágico, é o esforço


concentrado e acumulado das energias envolvidas com ou
sem as velas ou, ainda, outros instrumentos simbólicos.
A novena ilustra isso, pois nos mostra a necessidade
do magista projetar no período da concentração, suas orações,
ou ordens mágicas, de maneira que forças superiores sejam
sintonizadas por esta constante repetição de um desejo.

Sessões de oração, mantras(04), vigílias e pedidos são


características regulares das religiões tradicionais.
Nas igrejas, as velas são acesas para os santos, e
o fiel ajoelha-se durante horas, para que suas devoções
sejam recompensadas.
No Oriente, nos templos bu-
distas era usado um instrumento
religioso de desenho peculiar, para
fazer os pedidos.
Era conhecido como “roda de
orações”, ou “moinho de orações”, e
consistia de um tambor oco que girava
em torno de um eixo de madeira.
Ligada ao tambor, uma bola de
madeira na ponta de uma corrente, e uma vez colocada em
movimento rotativo, a bola mantém o tambor girando com
um pequeno impulso da mão.
Dentro do tambor, um pedaço de pergaminho dobrado,
com centenas de orações.
Armado com essa engenhosa “máquina automática de
orações”, o lama tibetano podia fazer a sua oração ao infinito
com pouco esforço, físico ou mental.
Já no Ocidente, vemos que os magos, além dos santos,
recorrem à hierarquia angelical cabalística e ao panteão pagão.
São todos símbolos de uma mesma realidade espiritual, vestida

62
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

de formas diferentes.
Na realidade, santos são homens divinizados, mas os
anjos ou deuses nunca foram humanos, nem nunca o serão.
No catolicismo, segundo os magos apregoam, os
católicos geralmente dirigem-se aos santos, deixando de fora os
anjos, fazem uma omissão que enfraquece o poder tradicional
da novena.

Segundo os místicos, a cada hora do dia e da noite,


estamos sob o domínio de um anjo, o que significa que um
determinado anjo governa as atividades de cada hora, sendo
então sua força mais forte, bem como a influência astral de
seu planeta.
Muitos podem se perguntar que isso não faz muito
sentido, do ponto de vista racionalista, nem do cientificista,
mas tudo o que é da magia ou do ocultismo, lida com as leis
naturais além do espectro da ciência de uma natureza que a
física ainda está por descobrir.

GOVERNOS DAS HORAS

Se passarmos por cima das crenças individuais, e


aceitarmos o conceito dos anjos das horas que os místicos/
esotéricos apregoam, teremos então os seguintes governos
individuais dos diferentes membros da hierarquia angelical,
conforme descrição abaixo:

00:00---01:00 h ...Saquiel 12:00---13:00 h ...Miguel


01:00---02:00 h ...Anael 13:00---14:00 h ...Gabriel
02:00---03:00 h ...Auriel 14:00---15:00 h ...Samael
03:00---04:00 h ...Cassiel 15:00---16:00 h ...Rafael
04:00---05:00 h ...Miguel 16:00---17:00 h ...Saquiel

63
A Simbologia das Velas

05:00---06:00 h ...Gabriel 17:00---18:00 h ...Anael


06:00---07:00 h ...Samael 18:00---19:00 h ...Auriel
07:00---08:00 h ...Rafael 19:00---20:00 h ...Cassiel
08:00---09:00 h ...Saquiel 20:00---21:00 h ...Miguel
09:00---10:00 h ...Anael 21:00---22:00 h ...Gabriel
10:00---11:00 h ...Auriel 22:00---23:00 h ...Samael
11:00---12:00 h ...Cassiel 23:00---24:00 h ...Rafael
Os místicos dizem que
rezar a novena pela primeira vez,
é como estar na “roda de orações”,
ou ainda, como “A Roda “, ou
seja, a décima carta do Tarô,
que transporta o veículo de seus
desejos.
É a Roda do Carro (a sétima
carta do Tarô) que, segundo os que
possuem o conhecimento do jogo,
significa a representação da vontade
como o carro-chefe, usado pela mente para atingir seus objetivos.
Cada dia é o primeiro dia que
lhe resta da vida, mas o dia que se
acende a primeira vela da novena, é
muito especial, pois estará colocando
em movimento a barca que trará de
volta seus desejos e, ao rezar a nove-
na, não estará invocando apenas um
anjo, como nos outros encantamentos
de velas, mas poderá invocar vários
dos principais anjos.
Segundo esses místicos, é a sua
força combinada que desencadeia os
poderes menores que lhe serão envia-
dos na forma de acontecimentos, que

64
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

lhe facilitarão o caminho para o sucesso do pedido.


É recomendado que para o início de uma novena, seja
utilizado um bom estoque de velas as quais deverão estar
sempre acesas ao longo de todo o ritual.
Velas de sete dias, ou de tamanho grande podem ser
usadas, bem como lamparinas de óleo; seus recipientes podem
ser de vidro espesso, nas diferentes cores que representem os
planetas governados pelos anjos.

ANJO GOVERNANTE

Os místicos definem o anjo governante como sendo o


anjo que governa o signo zodiacal, sob o qual a pessoa que
participará do cerimonial nasceu.
Geralmente, após a descoberta do anjo, se realiza uma
novena no dia desse anjo, ou na sua hora.
A novena deverá terminar em seu dia ou sua hora, no
último minuto.
Convém ressaltar que a cada novena, deve pedir-se
uma só coisa, pois esta cerimônia não se destina a tratar de
uma multidão de coisas, nem de coisas insignificantes.
Tem que se estar consciente que os resultados não são
de imediatos, pois como em toda a magia, leva-se tempo para
que as forças se sintonizem e as marés fluam e refluam para
produzir seus resultados.
Recomenda-se que, durante o ritual, as velas devam
ficar queimando o tempo todo; o número de velas, nesse caso,
não é muito importante.
Uma vez acesas, as velas devem ser regularmente
cuidadas, e se não dispuser de velas de grande tamanho que
durem todos os nove dias, pode-se usar velas pequenas, em
rotação, acendendo um conjunto de velas nas anteriores, mas
nunca deixando que nenhuma se apague.

65
A Simbologia das Velas

É fato bem conhecido que as chamas das velas emitem


uma sutil energia elétrica, e é este campo de força, ou também
conhecido como shekinah, que o adepto está tentando canalizar.

A HIERARQUIA ANGELICAL

Como já foi visto, cada aspecto da vida humana é do-


minado por um diferente anjo planetário, ou Elohim.
Com base nesses fatos, segue abaixo os anjos e os
planetas correspondentes que governam, bem como as suas
esferas de influências.
MIGUEL – Arcanjo do Sol. Governa todas as questões de
ambição, carreira e finanças pessoais.
Dia: Domingo
RAFAEL – Arcanjo de Mercúrio. Governa os escritos, a
inteligência e a medicina.
Dia: Quarta-feira
ANAEL – Arcanjo de Vênus. Governa
o amor, o casamento, e tudo que
concerne à arte, beleza e à música.
Dia: Sexta-feira
GABRIEL – Arcanjo da Lua. Go-
verna todas as questões concernen-
tes às mulheres, concepção e clari-
vidência natural.
Dia: Segunda-feira
SAMUEL – Arcanjo de Marte.
Governa tudo o que se relaciona com máquinas, dá coragem e
protege dos perigos do fogo ou da violência.
SAQUIEL – Arcanjo de Júpiter. Governa os ganhos de
dinheiro, prestígio ou eminência social. Também os jogos,
esportes e jogos de azar.
Dia: Quinta-feira

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

CASSIEL – Arcanjo de Saturno. Governa a propriedade, bem


como tudo o que se relaciona com imóveis. Afeta os anciãos,
assuntos cármicos e os destinos da humanidade.
Dia: Sábado
URIEL – Arcanjo de Urano. Governa as forças mágicas, as
mudanças súbitas, a astrologia e a inspiração.
ASARIEL – Arcanjo de Netuno. Governa a clarividência,
assuntos do mar e o lado oculto da vida.
AZRAEL – Arcanjo de Plutão. Governa a morte, a vida após
a morte e tesouros ocultos ou gemas e mineração.

CORES ZODIACAIS

Cada signo do Zodíaco tem suas próprias cores, muito


embora possa haver pequenas diferenças entre várias escolas
de pensamentos, as versões mais aceitas são:
ÁRIES – (21 de Março a 20 de Abril) – Planeta gover-
nante: Marte.
Todos os tons do vermelho, usualmente o escarlate ou
carmesim.
TOURO – (21 de Abril a 21 de Maio) – Planeta gover-
nante: Vênus.
Verde, do mais pálido ao oliva-escuro das forças telúricas.
GÊMEOS – (22 de Maio a 21 de Junho) – Planeta
governante: Mercúrio.
O amarelo é a cor desse signo.
CÂNCER – (22 de Junho a 22 de Julho) – Astro gover-
nante: Lua.
Cor azul pálido e prateado.
LEÃO – ( 23 de Julho a 23 de Agosto) – Astro governante: Sol.
Dourado, laranja, e, por vezes, vermelho.
VIRGEM – (24 de Agosto a 23 de Setembro) – Planeta
governante: Mercúrio.

67
A Simbologia das Velas

Tons marrom da terra arada, e os tons das folhas


de Outono.
LIBRA – (24 de Setembro a 23 de Outubro) – Planeta
governante: Vênus.
Azul real e cor-de-rosa.
ESCORPIÃO – (24 de Outubro a 22 de Novembro) – Planeta
governante: Plutão.
Preto, cinza prateado e vermelho escuro.
SAGITÁRIO – (23 de Novembro a 21 de Dezembro) – Planeta
governante: Júpiter.
Púrpura e azul marinho.
CAPRICÓRNIO – (22 de Dezembro a 20 de Janeiro) –
Planeta governante: Saturno.
Marrom escuro, cinza e preto.
AQUÁRIO – (21 de Janeiro a 19 de Fevereiro) – Planeta
governante: Urano.
Todas as cores; irisado.
PEIXES – (20 de Fevereiro a 20 de Março) – Planeta
governante: Netuno.
Verde mar e malva.
As relações entre as cores zodiacais e os anjos com
seus domínios planetários, tornam um poderoso sistema de
correspondências para a aplicação prática do ritual de velas,
obviamente para aqueles que assim desejarem.

CONTATO COM O ANJO DA GUARDA

Muitos aspectos do ritual de velas são, de fato,


extremamente antigos, e datam de um período da história há
milhares de anos, quando a humanidade estava em contato
direto com os arcanjos e deuses.
Esse período mágico é lembrado pelos humanos, em
seu subconsciente coletivo, por exemplo, como a Idade de

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Ouro, ou como o Jardim do Éden (05) da Bíblia Sagrada.


O jardim divino, ou o paraíso
terrestre, é um estado de perfeição
ideal que existiu no início da histó-
ria, quando os primeiros humanos,
chamados coletivamente de Adão e
Eva, foram criados à imagem e se-
melhança de Deus.
Durante essa Idade de Ouro,
a humanidade possuía todo o “co-
nhecimento”, onde comunicava-se
por telepatia uns com os outros,
com o reino animal e com outros
reinos do universo.
Isso é ilustrado alegoricamente nos livros Gêneses e
Enoch, assim como o contato entre os anjos e as filhas dos
homens e o fato de que Deus, ou Jeová (IHVH), andava por
entre as árvores do Éden e conversava com Adão.

A QUEDA DA GRAÇA

De acordo com as antigas tradições, a humanidade fez


mau uso do conhecimento mágico
que lhe havia sido concedido, e cai
num caminho maligno.
Foi tentada pela Serpente do Co-
nhecimento Proibido (o egoísmo e
separação da união com Deus), tendo
caído de um estado de perfeição, para
o pecado (separatividade).
Esta é a Queda descrita no Gêne-
ses, quando Adão e Eva tornaram-se
conscientes de sua nudez (ausência

69
A Simbologia das Velas

de energia) e esconderam-se com


folhas de figueira, para ocultar
seus recém-adquiridos órgãos ma-
teriais, sendo desse modo expul-
sos do Jardim pelo anjo Samuel,
com a sua Espada Flamejante.
A mesma história está
repetida no mito da rebelião no Céu.
Nessa, o arcanjo Lúcifer,
primogênito de Deus, rebela-se
contra o Plano Divino da Criação.
É derrotado numa batalha
pelo arcanjo Miguel e é banido, para assumir o título de REX
MUNDI, ou Rei do Mundo, posição essa que muitos adeptos
do ocultismo crêem que ele ainda mantém.
Depois dessa batalha no Céu, e depois da humanidade
ser expulsa do Paraíso, é que a humanidade, tal como hoje
a conhecemos, veio a se encarnar em corpos físicos com as
características masculinas e femininas.

Ou seja, numa etapa inicial da história, a raça humana é


una com o Deus e, na seguinte, desviamo-nos do Plano Divino
da Harmonia Cósmica, pois caímos do Plano Espiritual no
materialismo grosseiro e na ignorância dos assuntos mundanos
que tanto muitas Escolas Esotéricas/Iniciáticas luta e combate
até os dias de hoje!
Esse pequeno histórico do passado de nossa
humanidade, nos faz ver a importância da “arte de queimar
as velas”, pois segundo os estudiosos dedicados podem
restabelecer comunicação com o mundo espiritual, e entrar em
contato com os domínios dos anjos.

70
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

O ANJO DA GUARDA

Os ocultistas afirmam que o anjo da guarda é único,


sendo também identificado por alguns, como sendo o seu
próprio Super Ego.
No folclore e na lenda, uma
entidade dessa natureza diz-se asso-
ciar ao bebê quando nasce, e age como
espírito protetor por toda a sua vida.
Essa figura também aparece
nas lendas infantis como a “Fada Ma-
drinha”, que vibra uma varinha mági-
ca sobre o recém-nascido e concede-
lhe a proteção de todo o mal.
Este espírito guardião
pode ser um anjo, ou espírito de
um ancestral, que volta a estas
regiões inferiores, para cuidar de seus descendentes e
afastá-los do mal.
É evidente o paralelismo com os guias espirituais
referidos pelos médiuns espíritas.
Mas a crença no anjo da guarda é muito antiga,
senão vejamos:
Os romanos, por exemplo, acreditavam numa entidade
chamada genius, que não só guardava o cônjuge, mas também
o inspirava com os sagrados dons das Musas.
Na Grécia Clássica, o genius era chamado de daimon
(que não deve ser confundido com o conceito atual de
“demônio”), e dizia-se que influenciavam escritores, poetas,
bem como artistas, ajudando-os em seus trabalhos criativos.
Já o cristianismo primitivo, naturalmente herdou o
conceito de espíritos guardiões dos filósofos gregos e romanos,
dizendo que cada pessoa era acompanhada por um espírito de

71
A Simbologia das Velas

retidão, que inspirava suas nobres ações, e um anjo das trevas,


que o levava à tentação e ao pecado.
Nas crenças islâmicas, todos são protegidos por dois
anjos durante o dia e outros dois durante a noite.
Não só esses anjos protegem os seus custodiados,
mas também anotam o seu comportamento, a ser apresentado
no Dia do Julgamento, quando as almas dos mortos forem
chamadas para prestarem as contas.

O ocaso e a aurora, eram as horas especiais em que


os anjos trocavam a guarda e, de acordo com a tradição
islâmica, eram os períodos dos grandes perigos, pois os
poderes tenebrosos poderiam se introduzir e reclamar uma
alma desprotegida.

AS VELAS E O CÍRCULO MÁGICO

Todos os iniciados que queiram conhecer e praticar


a magia devem, necessariamente, estudar e conhecer os dois
lados da moeda, pois só assim saberão entender e aplicar os
antídotos necessários que porventura algum iniciado em magia
negra possa lhe enviar.
Para obter esse conhecimento, o iniciado deve estudar
a magia medieval, a fim de aprender a importância do círculo
mágico(06) nas operações práticas do caminho mágico.
Infelizmente, a Idade
Média tinha verdadeiro fas-
cínio pelo horror, e alguns
dos grimórios, ou “gramá-
ticas” da feitiçaria medieval
forneciam vívidos exem-
plos desse gênero.

72
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Um dos piores, é o círculo descrito pelo estudioso


francês do ocultismo, no século XIX, Eliphas Lévi, como
sendo “o círculo poético das evocações e pactos negros”
que, por si só, já é uma expressão assustadora.
Nesse caso, a descrição melodramática era, de
muitos modos, justificada.
No centro do círculo, pintava-se uma cruz invertida,
encimada por um círculo triplo representando os três
princípios do trabalho mágico: imaginação, concentração e
visualização.
Em torno do círculo, o mago precisava dispor quatro
objetos terríveis: a caveira de um criminoso enforcado, a
cabeça cortada de um gato preto, os chifres de um bode que
tivesse sido alimentado com carne humana, e um morcego
mumificado que tivesse bebido sangue humano.
Na magia branca, os círculos usados são realizados
com um propósito duplo: é uma área que armazena a energia
psíquica criada durante o rito e também é uma barreira
muito útil, que evita a invasão do espaço de trabalho por
influências negativas, que só existem para perturbar a
normalidade do plano da Terra.
Segundo alguns hermetistas, o círculo não só cerca
o mago bidimensionalmente (isto é, enquanto uma linha
traçada no chão), mas também existe tridimensionalmente,
cercando o mago numa esfera de proteção abaixo e acima
dele (seguindo a máxima de Hermes Trismegisto “o que
está em cima, é como o que está embaixo, ...”).
Nesse momento, o mago tem cobertura por todos
os lados e ângulos, e um acumulador de energia que será
gerada no lugar do trabalho durante os rituais.

73
A Simbologia das Velas

A FORÇA DA LUZ

Muitos podem se perguntar:


Qual seria o papel das velas dentro do círculo mágico?
Como já vimos em capítulo anterior, o homem primitivo
usava o fogo como arma física para manter afastados os
animais selvagens, e como instrumento psíquico para protegê-
lo dos demônios da noite.
Desse modo, o uso das velas,
lâmpadas ou tochas no círculo
mágico é uma lembrança atávica,
sofisticada e modernizada para
servir ao espírito aperfeiçoado
do mago.
Na antiguidade, o xamã ou
feiticeiro, cavava uma vala
circular em torno de seu lugar
de trabalho mágico, enchia de
lenha e punha fogo.
Isso, simbolicamente, criava uma barreira entre o xamã e
qualquer um que procurasse perturbá-lo em seus rituais, ajudando
a transformar o pedaço de terra que pisava, em algo diferente,
ou numa relação sagrada com a área circunjacente, e, por fim,
protegendo-o das bordas de maus espíritos que procurariam atacá-
lo enquanto estivesse engajado em seus encantamentos.
Essa prática vive hoje no círculo de proteção, como
autodefesa contra a possibilidade de um ataque mágico,
similarmente, como fazem algumas Sociedades Iniciáticas,
durante os seus Rituais da Cadeia de União, que poucos
conhecem a sua finalidade mas, ao fazê-la, estamos na
realidade efetuando o círculo mágico de imaginação,
concentração e visualização, para a remessa concentrada
de nossas energias psíquicas para aquele a quem remetemos,
bem como servirá como um escudo protetor para quem
possa nos atacar!

74
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

OS ARCANJOS E OS ELEMENTOS

Segundo os especialistas na magia das velas, para todo


o trabalho mágico, exceto autoproteção, só quatro velas em
torno do círculo são tidas como suficientes, a menos que algum
trabalho maior, como novena, esteja em decurso, para proteger
a pessoa que ficar dentro.
Essas velas re-
presentam, por sua Luz,
a presença dos quatros
arcanjos dos elementos,
nos quadrantes do cír-
culo mágico. São eles:
– Miguel (Fogo),
associado ao Sul;
– Rafael (Ar), associado
ao Leste;
– Gabriel (Água), guardando o Oeste, e
– Uriel, ou Auriel (Terra), vigiando o quadrante Norte.

OS SERES ELEMENTAIS

Cada arcanjo que domina sobre um elemento (07),


é acompanhado por seu magistellus pessoal ou, ainda,
servo elemental na forma de um dos poderosos djinns
(reis elementais).
Têm os nomes de Djinn, as Salamandras (Fogo);
Paralda, rei dos Elfos (Ar);
Ghob, rei dos Gnomos (Terra) e
Niksa, rei dos Tritões e das Ondinas (Água).
Na magia egípcia, estes reis eram simbolizados pelos filhos do
deus-falcão, Hórus.

75
A Simbologia das Velas

São: Tumathf, um chacal, guardião do Fogo; Amechet,


um jovem que governa o Ar; Ahefi, um babuíno que governa a
Terra, e Quebexnuf um falcão, que é o senhor das águas.
No Tarô, há outra representação, no Arcano XXI, O
Mundo, e nos reis dos naipes: Espadas, Ouros, Copas e Paus.
A descrição abaixo, segundo Geoffrey Hodson (O
Reino dos Deuses), são os espíritos angélicos e elementais
que aparecem ao clarividente, através de projeções astrais que
os homens os revestiram:
Djinn – rei do fogo, é um guerreiro antigo, vestido em uma
armadura de ouro.
Aparece com o saiote de chapa metálica, a mão direita
sobre a empunhadura de uma grande espada, a esquerda
escondida atrás de um escudo redondo.
Os cabelos escorrem para trás de sua cabeça como ouro
líquido e olhos de âmbar, penetrantes e faiscantes, sendo que o
seu Senhor é o Arcanjo Miguel.
Paralda – rei dos elfos, é uma figura delgada, que se contorce,
parecendo feito de neblina azul.
Sua forma é tênue e indefinida. Sempre se movendo, e mudando
de forma, flutua em torno de seu senhor, o anjo Rafael.
Ghob – rei da terra, mostra-se solidamente.
É atarracado, pesado e denso, aparecendo na imagem tradicional
do gnomo, ou “goblim”, transparecendo idade avançada, força
animal e uma grande sensação de “peso” intrínseco.
Habitam o subsolo, cujo corpo é constituído da própria energia
magnética emanada pelas partes sólidas do planeta.
Paracelso designava como gnomos as criaturas com capacidade
de locomover-se dentro da terra tão facilmente como os peixes
movem-se dentro da água.
Niksa – rei da água, é fluido, e como o rei do ar, sempre está
mudando de forma. Sua aura azul-esverdeada flui para todos os
lados, com reflexos prateados e tentáculos de energia cinzenta.

76
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Notas
(01) - A descrição de Miguel, resumidamente, é um guerreiro
antigo, envolto numa armadura de ouro, com o saiote de chapa
metálica, a mão direita sobre a empunhadura de uma grande
espada, a esquerda escondida atrás de um escudo redondo.
Rafael também conhecido pelos gregos antigos como Hermes;
pelos romanos como Mercúrio; pelos egípcios como Tehuti
(Thoth), bem como pelos celtas, de Merlin.
É tido como inventor da escrita, por alguns ocultistas,
da astronomia e das figuras de Tarô.
Na visão astral veste-se como um viajante, com uma túnica
amarela e um chapéu de abas largas, sandálias aladas, e um bordão
com duas serpentes enroladas, símbolo arcaico da medicina.
Auriel é o anjo da Terra, de rosto moreno, e do pla-
neta Urano.
Usualmente aparece como um homem maduro, de
rosto severo, longos cabelos prateados e olhos violeta.
Usa túnica irisada, como a túnica multicolorida de
José, na Bíblia Sagrada.
Gabriel, anjo da Lua, aparece como um jovem com um
rosto que evoca a sabedoria e brilha com uma luz interior.
Tem sobre a testa os cornos da Lua crescente, voltados para
cima, cobrindo o sexto chacra, ou terceiro olho, vestido de
uma túnica com reflexos de madrepérola, ou cristal.
(02) - Fio de Ariadne, termo utilizado na mitologia grega, onde
o labirinto era um grande palácio construído na ilha de Creta,
por Dédalo a mando do rei Minos, para abrigar o Minotauro
(criatura monstruosa, com corpo de homem e cabeça de touro).
De tempos em tempos, os atenienses deviam pagar um
tributo ao rei de Creta, o qual consistia num certo número de
rapazes e moças virgens.

77
A Simbologia das Velas

Esses jovens eram levados a Creta e, após um período


de preparação, colocados no interior do labirinto, de onde
não conseguiam sair, e acabavam nas mãos do Minotauro,
que os sacrificava.
É justamente um herói ateniense, Teseu, quem consegue
matar o monstro em combate e escapar do labirinto.
Foi para isso ajudado por Ariadne, princesa filha do rei
Minos, que lhe presenteia com um novelo de linha na entrada
do labirinto.
Ao caminhar pelos corredores emaranhados desse
palácio, ele vai desenrolando o novelo, de maneira que, após o
combate, consegue achar a saída seguindo de volta o fio.
O mito Teseu e o Minotauro já tem, em si, um notável
conteúdo simbólico.
Teseu é emblema do herói que busca a si mesmo.
O Minotauro simboliza as forças obscuras de seu
inconsciente, que devem ser combatidas e vencidas.
Os corredores do labirinto tortuoso, são interpretados
como representações dos vícios, paixões e emoções negativas,
que devem ser constantemente combatidas e vencidas no nosso
dia-a-dia.
E Ariadne, por fim, simboliza a força e a inteligência do
instinto e da intuição; atributos sem os quais será impossível
vencer o grande desafio.
Por outro lado, os labirintos, que são estruturas
desenhadas ou de arquitetura, aparecem em quase todas as
épocas e civilizações, desde os tempos pré-históricos.
(03) - Magia Negra, praticada desde os tempos medievais, a
magia negra usa um conhecimento sobrenatural para chegar a
fins maléficos.
É a invocação de poderes infernais obedientes à vontade
do homem, a perversão da ciência mística do iniciado. Em muitos
sentidos, a magia negra é a perpetuação de rituais pagãos.

78
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Na Idade Média, antigos deuses foram transformados em


demônios e seus adoradores considerados seguidores do mal.
Nessa época, um simples mal-estar ou doença mais
séria, era considerada e tratada pelo poder da magia negra, na
forma de conjurações.
Eram tentadas curas com encantamentos, exorcismos,
talismãs, amuletos, filtros e medicamentos os mais estranhos.
A hierarquia da fraternidade da magia negra envolvia
vários graus, desde interessados, charlatães e adivinhos,
entre os homens do povo, até sociedades secretas e ordens
de iniciados.
Era realizada, inclusive, a missa negra, que foi uma
criação de escritores góticos do século passado.
Para outros, há evidências de que essa estranha missa
já era realizada na corte de Luís XIV e ainda antes; prova disso
seria o julgamento de participantes de missas desse gênero, na
Bréscia e na Lombardia, no século XV.
Algumas tradições ocultas afirmam que os mistérios
da bruxaria são fortemente dependentes dos cultos pré-pagãos,
cultos esses que sobreviveram à margem do cristianismo e
apesar de todo o ataque dos bispos.
A missa negra seria como que uma perversão da
missa cristã.
Seus rituais, fórmulas lascivas e pronunciamentos
exaltam o Diabo.
O altar é dominado pela figura obscena de Cristo ou de
um bode.
As velas devem ser negras e o cálice contém sangue ou
gordura humana.
Muitas vezes uma mulher nua é usada como um altar,
sendo que a missa é celebrada sobre suas nádegas ou estômago.
Um sacerdote também nu preside a cerimônia.

79
A Simbologia das Velas

Todos os celebrantes ficam nus, exceto por uma batina


adornada com símbolos satânicos.
Muitos quadros, esculturas e gravuras retratam a
natureza animal e orgias desse ritual.
Na Enciclopédia do Ocultismo, K. Nixey escreveu
sobre esses tempos:
– A divindade que era clamada, cujos poderes eram
invocados na prática da magia negra, era a origem e o criador
do mal. Satanás, Belial, o Diabo, o descendente direto de Set
egípcio, do persa Ahriman, do Píton grego, da Serpente judia, do
Baphomet dos Templários, do deus Bode de Sabat das bruxas.
Ele tinha cabeça e pés de bode e os seios de uma mulher.
Entre seus seguidores, era conhecido por vários
nomes, entre os quais havia vários baseados em divindades
hoje esquecidas.
(04) - Mantra (MAN = mente; TRA = elevação), são fórmulas
ou chaves que acionam diversas potencialidades ocultas no
subconsciente do homem, o que sugere uma boa meditação
sobre a força inerente à sua classe de sons.
Recomenda-se que a repetição de um mantra deve ser
feito pelo menos 108 vezes, número equivalente às qualidades
que toda e qualquer pessoa precisa ter nesta vida.
Rosários ou japa-malas auxiliam o praticante na
pronúncia do som mágico, justamente com a respiração e a
postura (coluna reta) adequadas.
Os sons mântricos têm o seu poder por muitos séculos
de existência de suas vibrações, registradas nos arquivos
akáshicos (Memória Universal) ou, ainda, Éter Cósmico desde
os primórdios da vida do planeta.
Acredita-se que muitos deles tenham sido recolhidos
dessa central etérica por mestres iluminados.
Entretanto, o mantra não se restringe à pronúncia sonora
(murmurando ou cantando), ele também pode ser repetido

80
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

mentalmente, impulsionado pela energia do pensamento.


O célebre mantra OM ou AUM um som semente (bija-
mantra) associado ao chacra frontal, é o mais popular dessas
palavras sagradas, servindo em síntese para exaltar a nossa
consciência superior (Pai, Filho e Espírito Santo).
Qualquer pessoa por mais descrente que seja, com
um número mínimo de concentração, enchendo os pulmões
e expirando longamente o som “Oooommm”, sentirá de
imediato alguns de seus efeitos, a começar pela pacificação da
mente e um bem-estar em geral.
Seu uso frequente descortina ao praticante muitas
experiências sensoriais, e mesmo concretas a sua volta.
Tente pesquisá-lo com paciência, inclusive
mentalizando-o de olhos fechados nas situações em que não se
está à vontade para vibrá-lo em alto som.
(05) - Éden, ou Jardim do Éden, o Paraíso Terrestre descrito na
Bíblia, seria o lugar onde o Deus Criador, colocara as espécies
animais e vegetais, dispostas de tal forma que constituíam as
delícias do homem: Adão.
Depois do pecado original e da expulsão de Adão e
Eva, o Jardim do Éden passou a ser guardado por Anjos, o que
induz crermos que o Paraíso Terrestre não foi construído e que
ainda subsiste, pois o que Deus criou, supõe-se permanente e
perfeito; não destruiria Ele, a Sua Obra.
É aceitável a tese de que Éden subsiste porque constituía
um plano espiritual e que o homem, a qualquer momento,
poderá ingressar nele.
A Bíblia nos informa, quando do fim da jornada dos
Hebreus, fugidos do Egito, da existência da Canaã, onde havia
abundância de alimento, confirmando a ideia paradisíaca.
No simbólico sexto dia da Criação, Deus coloca no
Globo Terrestre, num jardim-horto, a Sua Obra, obviamente,
no entender do próprio homem: Adão.

81
A Simbologia das Velas

Homem criado à imagem e semelhança de si próprio, de


Deus, ninguém mais em plena era tecnológica, poderá pensar
que esta imagem e semelhança, sejam corpóreas, porque nem
Deus tem forma humana e nem o homem, forma divina.
Portanto, o homem, Adão, contém em si, as potências
que o fazem um ser superior a toda a Criação.
Esta obra-prima deve ter uma molduração condigna;
o Éden um complexo paradisíaco, onde há alimento vegetal
em abundância, frutos deliciosos, flores que exalam perfumes
e animais que não só alegram, mas completam o quadro; para
esses animais, também, alimento apropriado.
Riachos com águas límpidas, clima ameno, enfim, um
lugar apropriado a uma vida de tranquilidade e paz.
Todo o contrário da poluição e destruição de nossos dias, quando
o homem já encontra o solo esgotado, o ar e os rios poluídos.
Ecologicamente, o homem destruiu o Éden; este local
misticamente guardado por Querubins, obviamente inexistente
na Terra, porque o homem o destruiu; tenta agora, reconstruí-lo
e talvez, caso consiga dominar suas ambições e poder, deixá-lo
como o encontrou.
Porém, no meio de tanta fartura e felicidade havia uma
ordem: afastar-se daquela misteriosa árvore!
Como seria lógico imaginar, a tentação de Adão foi
irresistível, ele, o Homem, resiste... No entanto, as ameaças, a
curiosidade e a tentação o vence e desobedece.
O Éden teria sido, verdadeiramente um jardim? Ou
se trata de um local simbólico, figurativo que representava
a Vida Natural, sem preocupações, sem pensamento, sem
problemas, sem lutas, digna de um Homem recém-nascido
das mãos de Deus?
Se analisarmos o relato, verificamos que o fato foi
narrado de uma forma poética, apresentando o Éden, como
a Vida de uma Humanidade primitiva, inocente e cândida, a

82
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

Vida infantil e ingênua; a pureza do Homem!


Não será difícil imaginar o Éden criado para abrigar
o Homem, antes da criação da Mulher; árvores frondosas
e floridas; frutos substanciosos e deliciosos; primavera
permanente, no centro a Árvore da Vida do conhecimento do
Bem e do Mal, embora o mal, ainda em estado embrionário.
O Éden representava a imortalidade contrastando com a
Vida atual da Humanidade, breve e complexa, adulta e nojenta
se a compararmos com a vida infantil, de inconsciência quanto
ao mal.
A proibição fora dada a Adão, antes do surgimento de
Eva; ambos circulavam despidos, sem malícia; porém, após a
transgressão, envergonharam-se de se encontrarem nus.
Tendo sido Adão criado à imagem e semelhança de
Deus, indubitavelmente, o discernimento fazia parte de seu
ser; a forma física existia; os órgãos de reprodução e o exemplo
colhido do comportamento dos animais que o cercavam,
certamente, deviam ter despertado a libido; sem a inteligência,
o discernimento, não teria havido razão para a inicial proibição.
A inteligência discerne o falso do verdadeiro, e não
o moral; estes são frutos do estético que podem alterar-se a
todo momento.
Seria um tanto pueril concordarmos que fora a ingestão
de um fruto proibido o fator de despertamento do discernimento
da mente.
Deus dissera para consigo mesmo: “Não é bom que o
homem viva só, e lhe deu uma companheira.
Para quê?
Justamente para que Adão usasse os órgãos que possuía!
Porventura Deus criara o Homem para que vivesse de
forma animalesca, infantil, inocente e sem discernimento?
Logo que Adão adquirira a maturidade e desenvolvera o
que seria semelhança e imagem de Deus, receberia de castigo: a
expulsão do Éden!

83
A Simbologia das Velas

Os animais cometem toda a sorte de atos, porém,


porque não possuem o discernimento, não pecam; se matam seu
semelhante. o fazem por competição ou para se alimentarem.
Adão teria sido criado dentro do mesmo plano
animalesco, ou para compreender as Leis do Universo?
A tentação teria sido, então, apenas um ato de
precipitação do que, fatalmente aconteceria, mas no devido
tempo, porque o primeiro homem se encontrava, ainda,
despreparado para enfrentar o pleno conhecimento?
A Árvore proibida não seria a projeção exterior
simbólica de uma propriedade latente e interior do espírito
humano que se revelava pelo desenvolvimento intelectual?
Adão já fora concebido e criado para discernir entre o bem e o
mal, portanto, não poderia deixar de desobedecer à proibição.
Portanto, a lenda paradisíaca não passa do símbolo do
descontentamento humano.
Este descontentamento, vem sendo mantido até nossos dias!
O bem e o mal, os vícios e os pecados e a virtude, são
inerentes ao homem, surgem e permanecem dentro do homem.
A saída destes estados de consciência do interior do
homem, não constituem culpa.
O homem não pecou por sua culpa, mas porque tinha,
dentro de si, como parte de sua composição, o pecado!
A árvore simboliza o que existe dentro do homem.
Ainda hoje, constitui um teste em psicologia, o desenho
de uma árvore, feito pelo homem que se deixa analisar.
A Serpente nada mais é do que a esperteza que o homem
possui dentro de si mesmo; o diálogo que Adão mantém com a
consciência.
O despertar da consciência é doloroso e provoca o
descontentamento, porque o conhecimento é atração irresistível.
O menino inocente cresce e não se submete mais aos

84
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

cuidados de um Pai; quer independência, como sabemos, com a


famosa parábola do Filho Pródigo.
Em última análise, o Homem desejou ser igual ao
Deus, não somente em imagem e semelhança, mas também,
em conhecimento; pois possuía em si, os atributos para isso!
Deus expulsou Adão, mas não o desprotegeu, tanto que, com
ele, concertou mais quatro Alianças!
A felicidade paradisíaca era efêmera; o homem
desejou, como deseja, ser patrão e jamais servo; são atributos
da imagem e semelhança do Criador!
O Homem procura dentro de si, nostalgicamente, o
Éden, mas não busca um determinado local e sim a Palavra
Perdida derivada da Lenda de Hiram Habi.
Toda vez que o homem comete um ato de amor, de
fraternidade e de carinho, situa-se no Éden; toda vez que
reage à competição e à agressividade de seus semelhantes,
comete atos de soberania e de desejos de comer dos frutos
da Árvore proibida.
O retorno ao Éden talvez o atraia, mas numa volta como
adulto e realizado; jamais, como menino dócil e obediente.
E qual seria o papel que Eva representou no drama
da Criação?
A mulher colhe o fruto e o oferece a Adão; por um
princípio de submissão (que duraria dezenas de séculos) não o
prova em primeiro lugar.
O ato foi sugerido pela Serpente (o Logos Divino
manifestado) para cumprir com Adão o ritual de regeneração
(vide Gr\ 3), que sancionará a semelhança com o Deus Criador;
o Homem, também, por sua vez, poderia criar um novo ser.
O produto da árvore fazia com que, a primeira dupla
humana, depois de ter sido iniciada nos mistérios da procriação,
com o saborear da maçã, por obra do Logos Divino, fosse
acusada de ter criado ao mesmo tempo, o pecado.

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A Simbologia das Velas

A Serpente passou a ser o símbolo do Mal e do Demônio!


Quão infantil andou a igreja em mantendo esta tradição
destituída de base!
A Serpente era apenas o Dragão da Sabedoria; a
Árvore representava a força generativa; a Serpente exprimia a
virtude animal da generação e o dom do conhecimento.
Árvore e Serpente unem-se em um só símbolo, a base
de todos os sistemas religiosos: divindade e vida.
A Serpente enroscada à Árvore é a doadora da Vida e
não o diabo tentador e maligno!
Adão teria sido a criação do Homem privilegiado,
destinado a habitar o Éden, como seu lar, Jardim que foi transferido
aos Céus onde aguarda o retorno de Adão, através da promessa
Messiânica; o Adão em espírito, referido pelo Nazareno!
(06) - Círculo Mágico, é toda a operação mágica (segundo
Papus – “magia é o estudo e prática da manipulação de
forças secretas da natureza, a aplicação da vontade humana
em relação às forças vivas da natureza) executada no interior
de um círculo, símbolo da força e da vontade do operador e
proteção contra influências externas.
O círculo é composto, na verdade, por três círculos;
devendo ser desenhado com a ponta de uma espada mágica.
O círculo externo deve ter 28 cm de diâmetro. No seu
interior, em intervalos iguais que devem ser medidos pela
palma, desenham-se dois outros círculos.
No círculo do meio registram-se as informações
astrológicas; no externo, os nomes dos anjos do ar que regulam
o dia escolhido para a operação, enquanto o interno deve conter
quatro nomes de Deus, separados por cruzes.
Em cada um dos pontos cardeais, na parte externa do
círculo, é necessário desenhar um pentagrama.
No interior, na parte leste, a letra grega alfa, e na parte
oeste, a letra ômega.

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

(07) - Seres Elementais, no ocultismo existem quatro classes


principais de seres ou elementos da natureza: as ondinas, que
habitam a água; os gnomos que habitam a terra; os silfos, que
moram no ar e as salamandras, entidades do elemento fogo.
Segundo o ocultismo, os elementais constituem uma
hierarquia de seres não-humanos, os quais possuem um corpo
constituído pela própria energia magnética do elemento em
que existem.
Eliphas Leví, em seu livro Dogmas e Ritual de Alta
Magia, dá a seguinte definição sobre os Espíritos dos Elementos:
Criaturas desenvolvidas nos quatro reinos ou elementos:
terra, ar, fogo e água. São denominados pelos cabalistas, de
Gnomos (os da terra), Silfos (os do ar), Salamandras (os do
fogo) e Ondinas (os da água).
Os espíritos elementais são como crianças: atormentam
mais os que se ocupam deles, a não ser que sejam dominados
por uma elevada razão e uma grande severidade.
Esses espíritos são também designados pelo nome
de elementos ocultos. Reproduzem indiferentemente o bem
e o mal, porque não têm livre arbítrio e, por conseguinte,
não têm responsabilidades.
Podemos usar e abusar deles como os animais e das
crianças, por isso, o magista que emprega o seu concurso
assume, sobre si, uma responsabilidade terrível, porque deverá
expiar todo o mal que lhes fizer praticar, e a grandeza dos seus
tormentos será proporcional à extensão do poder que tiver
exercido por meio deles.
Segundo a lenda, para dominar os espíritos elementais
e tornar-se, assim, rei dos elementos ocultos, é preciso ter
primeiramente sofrido as quatro provas das antigas iniciações
e, como estas iniciações não existem mais, é necessário
substituí-las por ações análogas, tais como:
Expor-se sem temor, num incêndio; atravessar um

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A Simbologia das Velas

abismo sobre um tronco de árvore ou sobre uma tábua; subir


ao cimo de uma montanha durante uma tempestade; passar a
nado uma cascata ou redemoinho perigoso.
O homem que tem medo da água nunca reinará sobre
as ondinas; aquele que teme o fogo nada pode ordenar às
salamandras; enquanto podemos sentir vertigens, é preciso
deixarmos em paz os silfos e não irritarmos os gnomos,
porque os espíritos inferiores só obedecem a um poder que
lhes provamos, mostrando-nos seus senhores até no seu
próprio elemento.
Quando tivermos adquirido, pela ousadia e o exercício,
este poder incontestável, é preciso impormos aos elementos o
verbo da nossa vontade, por consagrações especiais do ar, do
fogo, da água e da terra, e é este o começo indispensável de
todas as operações mágicas.
É preciso observar que o reino especial dos gnomos é
ao norte, o das salamandras ao sul, o dos silfos ao oriente e o
das ondinas ao ocidente.
Eles influem sobre os quatro temperamentos do
homem, isto é, os gnomos sobre os melancólicos, as
salamandras sobre os sanguíneos, as ondinas sobre os
fleumáticos e os silfos sobre os biliosos.
Os seus signos são: os hieróglifos do touro para os
gnomos, e os governamos com a espada; do leão para as
salamandras, e os dirigimos com o tridente mágico; da águia
para os silfos, e os mandamos com os santos pentáculos;
enfim do aquário para as ondinas, e as evocamos com o
copo de libações.
Segundo a lenda, quando um espírito elemental vem
atormentar ou ao menos inquietar os habitantes deste mundo,
é preciso conjurá-lo pelo ar, pela água, pelo fogo e pela terra,
soprando, aspergindo, queimando perfumes, e traçando no
chão, a Estrela de Salomão e o Pentagrama Sagrado. Estas

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

figuras devem ser perfeitamente regulares e feitas com carvão


do fogo consagrado.

Segundo alguns, para dominar e submeter os espíritos


elementais, é preciso nunca abandonar-se aos defeitos que os
caracterizam. Assim, nunca o espírito leviano e caprichoso
governará os silfos.
Nunca uma natureza débil, fria e inconstante serás
senhora das ondinas; a cólera irrita os salamandras e a grosseira
cúpida faz dos que os domina, joguetes dos gnomos.
Porém, é preciso ser pronto e ativo como os silfos,
flexível e atento às imagens como as ondinas, enérgico e forte
como os salamandras, laborioso e paciente como os gnomos; ou
seja, é preciso vencê-los nas suas forças, sem nunca se deixar
subjugar pelas suas fraquezas. Quando estiver bem firme nesta
disposição, o mundo inteiro estará a serviço do sábio operador.
Os metais correspondentes às quatro formas elementais
são: o ouro e a prata para o ar, o mercúrio para a água, o
ferro e o cobre para o fogo e o chumbo para a terra.
Compõem-se com eles talismãs relativos às forças que
representam e aos efeitos que nos propusermos obter delas.
Existe um interessante livro, para aqueles que queiram
se aprofundar no assunto, chamado O Reino dos Deuses, de
Geoffrey Hodson – Editora Pensamento, que explora muito
bem as particularidades dos seres elementais, como também
descreve como são as suas figuras.

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Capítulo V

O Fogo, como Elemento de Purificação

Nos olhos do jovem, arde a chama.


Nos olhos do velho, brilha a Luz
(Victor Hugo)

Diferentemente do conceito materialista, a purificação


vista do ponto religioso é a limpeza espiritual, enquanto que
a purificação esotérica/teosófica abrange três campos bem
diferentes, ou seja: o material, o mental e o astral.
Dela são conhecidas diversas denominações e formas:
batismo, libertação, mandamento (exorcismo), benzimento,
retorno, etc...
Em diversos e di-
ferentes Rituais, em geral,
aprendemos que os antigos
conheciam como elementos
de prova e de purificação, o
Fogo, a Água, o Ar e a Terra.
Na realidade, além
daqueles, já usavam outros re-
cursos, tais como: a utilização
de gestos, sal, óleos, cinzas,
perfumes, ervas, vinhos (este
posteriormente), e outros usuais.
As purificações, apesar das suas utilizações religiosas e
filosóficas, são anteriores e independentes delas.
Talvez por isso é que várias Escolas Filosóficas, as utiliza
e prega, como princípio, a liberdade de definir o culto que melhor
lhe prouver.

91
A Simbologia das Velas

São ainda, na sua prática, oriundas de diversas partes


da Terra, guardando extraordinárias semelhanças.
Na Europa, na Palestina, na Índia, no Egito, na
África em geral, nas Américas e na Ásia, surgiram quando
as comunicações eram impossíveis e as terras desconhecidas
umas das outras.
No entanto, as práticas purificadoras são extremamente
parecidas, quando não iguais, despertando uma “coincidência”
de difícil explicação.
A purificação do Fogo, por ser o elemento mais
ativo das purificações, ainda é o mais usado, mesmo quando
utilizado com outros componentes (pelas velas, pelas mãos,
pelo turíbulo, pelas piras, pelos vasos, etc...).
As purificações dos outros elementos Ar, Água e
(01)
Terra possuem um mesmo significado e objetivo, apenas
utilizando-se de outras formas e maneiras de realizá-las.

A PURIFICAÇÃO DE HIRAM PELO FOGO

A Lenda de Hiram Abi, segundo Max Heindel, difere


no início da contada nas Grandes Fraternidades Brancas e
outras Sociedades Herméticas.

Segundo ele, Hiram, ao pretender construir o Mar de


Bronze, desejava dar satisfação de vitória a Salomão sobre a
Rainha de Sabá, que humilhara o seu Rei.
Assim teria contentado Salomão, e também a sua
própria vaidade, pois na visita da Rainha ao templo, Hiram
Abi tinha sido preterido em favor de Adoniram, que fora
apresentado à Rainha como Mestre Perfeito.
Hiram, com seu martelo, reduziu a pó os metais e os
arremessou ao fogo para fundi-los, porém os traidores sabendo
que o Mestre não era versado na manipulação da água, colocaram

92
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

aquele elemento na forma do Mar de Bronze e, ao ser lançado o


metal incandescente, houve uma pavorosa destruição.
Tubalcaim, o Mestre das artes dos metais, fez-se
ouvir, ordenando a Hiram que se projetasse nos destroços
do Mar de Bronze.
Após esse batismo de fogo (purificação), Hiram ainda
foi lustrado pela água e o espírito.
Conta aquela lenda que Hiram Abi foi conduzido,
então, ao Centro da Terra.
Ali, Caim, ancestral de Tubalcaim e de sua linhagem,
deu-lhe novo martelo e um disco onde estava a Palavra,
reconduzindo-o à superfície da Terra no Templo e ali os
traidores o mataram, como já é conhecido nos anais da história.
Antes, porém, Hiram ainda teve tempo para esconder
o martelo e a Palavra, que até hoje os Maçons a procuram.
Convém aqui salientar sobre a interpretação dos fogos
do inferno: não seriam eles um elemento de purificação?
Se isso for levado em consideração, os que foram
lançados ao inferno terão a chance de voltar e não ficarão
eternamente naquele lugar.
Sem entrar nas particularidades de cada religião, esse
raciocínio comprova que Deus concede, na Sua Onipotência, a
oportunidade de retorno purificado do pecador.
Em diversas Sociedades Secretas, utilizam em seus
Rituais, as provas dos quatro elementos Terra, Ar, Água e Fogo.
Na realidade, essas provas são as purificações do Iniciado, ao
tempo que fortalecem-no acima de cada um daqueles elementos.
As modificações introduzidas com o passar do tempo
alteraram as formas de purificações.
Baseado no exposto, faz sentido de que a parte material
estaria mais ligada à astral, se fossem observadas algumas práticas
em Templos, tais como:
– Existência de um local reservado, com piso de terra batida, ou

93
A Simbologia das Velas

com uma caixa com terra onde o Iniciando descansaria os pés;


– A preparação da água lustral para o Mar de Bronze (02)
– A chama do Fogo Sagrado provinda da queima de madeira;
– O incensamento feito três vezes, eliminando suas larvas
astrais, através da formação de um triângulo sagrado/sinal da
Cruz do Pai, Filho e Espírito Santo (03);

– As brasas do turíbulo serem de origem vegetal;


– Ter o Iniciando o pé completamente descalço e/ou sandálias
com sola de couro;
– Os Altares, por onde o Iniciado deverá percorrer, inclusive o
do Juramento, terem velas no lugar das lâmpadas;
– A preparação, na Sala dos Passos Perdidos, de todos os
presentes observando:
• lavar as mãos por imersão, se possível em água lustral;
• purificação das mãos pelo fogo de origem vegetal;
• Obtenção da energia serpentina (Kundalini) pisando na terra;
• Concentração mental individual, ligando-se ao “Plano Astral”;
• Desligamentos dos problemas profanos;
• Harmonização conjunta mental, através de uma prece
conhecida ou,
• preferencialmente, uma frase símbolo.

COMO TRAÇAR O CÍRCULO MÁGICO

A arte de traçar o círculo mágico tradicionalmente


começa e termina pelo Leste, onde nasce o Sol.
O Leste, portanto, simboliza a fonte da vida e da
energia; o Sol é o poder criador do universo.
Por esse simbolismo, o círculo é sempre traçado no
sentido horário e, assim, o mago segue o Sol, e não o contrário.
A forma do círculo pode ser traçada com o dedo, uma
varinha mágica consagrada, ou com uma simples mentaliza-

94
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

ção, desde que se esteja num


bom estado de meditação e
concentração.
O que quer que o Inicia-
do queira realizar no plano físi-
co, também deve-se visualizar
no plano mental e astral.
Imagine um anel de
chamas erguendo-se onde sua
mão ou instrumento mágico
apontar, até ficar completamente rodeado de uma barreira
de luz azul.
Para acrescentar energia e proteção, os ocultistas
sugerem invocar os arcanjos dos elementos e seus reis
elementais, para guardar o círculo.
Invoque um de cada vez, começando com Rafael no
Leste, e movendo-se em círculo no sentido horário, com a seguinte
oração em quadrante:
À medida que invoca-se cada arcanjo, imagine-o sob a
imagem mágica acima citada.
Isso é importante porque estabelece uma ressonância entre
você e a imagem angelical, faceta de um dos infinitos aspectos do
único princípio Criador.
Da mesma forma como se inicia a tela mental do
círculo, deve-se terminá-lo também encerrando-o do mesmo
modo, ou seja, começando pelo Leste, andando ao longo do
círculo no sentido horário.
Nesse momento especial, deve-se apagar as velas também
no sentido horário, e as imagens mágicas dos quatro arcanjos e
seus servidores, desvanecidas.
Outra linha de ocultistas insiste em encerrar a cerimônia
caminhando no sentido anti-horário, mas o iniciante poderia ver
as velas apagando-se por um vento invisível, se fizer isso...
Por fim, esse é o círculo mágico que, como toda a forma de magia
branca, é simples, sem complicações e despachos...

95
A Simbologia das Velas

VIAGEM ASTRAL

Existe uma variante do


desejo do subconsciente, que tam-
bém pode ser usada para realizar a
viagem astral.
Na tradição esotérica, nos-
so corpo tem a ele superposto um
corpo astral, ou contraparte sutil
que pode deixar sua morada car-
nal e viajar, com a velocidade da
mente para explorar este e outros
mundos, até os domínios da mais alta espiritualidade.
De novo, acenda sua vela, como no encantamento
acima, mas desta vez dirija sua invocação ao arcanjo Asariel,
governador do misterioso, e do planeta Netuno, que domina os
mundos psíquicos e o “plano astral”.

Notas
(01) - Purificação pelo Ar, era basicamente utilizado o
elemento agregado a perfumes.
Já na antiguidade, uma forma de purificação era feita
pelo sopro e, o que é singular, o sopro era e é conhecido em
muitos lugares da Terra sem que houvesse qualquer ligação
geográfica ou de comunicação estabelecidas. Ainda hoje,
povos ditos selvagens e ditos cultos, ainda utilizam-no.
Se analisarmos a espiritualidade (sem confundir com
a religião Espírita), há a transmissão de fluidos purificadores
ou energéticos, que através do sopro, em que quem ministra a
purificação enche os pulmões de ar perfumado de fumaça de

96
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

tabaco, de mastigação de ervas, e outras formas diversas.


Purificação pela Terra – é feita pelo contato direto do paciente
com o elemento.
Assim, existe uma forma de captação de vibrações
através do processo de radiação (Kundalini).
Na nossa Ordem, o neófito tem um dos pp\ des\.
Tolera-se o uso de calçados não isolante. Isolante neste
caso é todo o material que não seja animal. Assim, por exemplo,
uma sandália ou um chinelo de borracha, de cordoalha, de
madeira ou de plástico, não devem ser usados nas Iniciações.
Só as de sola de couro (animal) podem transmitir, ainda que
precariamente, as necessárias vibrações de purificação,
sabendo-se que o ideal seriam os pés descalços em contato
direto com a terra.
Em algumas escolas iniciáticas, a terra é utilizada
em pacientes próprios, onde antes e após as cerimônias ela
é pisada.
Na realidade, a purificação pela terra é a transmissão de
energias na forma mais antiga da Natureza, onde aqueles que
sabem o valor dessas energias provenientes do centro da Terra
(chamadas de forças telúricas), servem para harmonizar
nosso corpo físico, através da descarga de nossas energias de
vibrações negativas (raiva, ódio, angústia, etc...) por energias
de vibrações positivas (harmonia, paz, tranquilidade, etc...).
Purificação pela Água – a água é o elemento mais
assimilável, mais conhecido e tão antigo como a terra, para
a purificação.
A água pura tem o poder de atrair forças astrais, sem o
auxílio do homem.
Como por exemplo, em todas as filosofias e fora delas,
há a sugestão de se colocar água em um copo, um recipiente
qualquer, nas proximidades da cama, de preferência na
cabeceira, ao se deitar, e tomá-la ao se levantar.

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A Simbologia das Velas

Essa prática não envolve processo religioso nenhum.


Mesmo para aqueles que se dizem ateus, é comum ver tal
procedimento, invocando cada um, uma razão para tal prática.
(02) – Água Lustral sendo uma água preparada, apareceu
também em muitos lugares, sem que houvesse ligação alguma
entre os povos.
Na Índia, por exemplo, além da imersão completa, já
era conhecida a água de limpeza (lustral) que era feita jogando-
se, em água pura, uma archote em brasa.
Esse mesmo procedimento, encontrou-se também no
Egito, Palestina, Europa Oriental, África e nas Américas.
Entre os judeus e cristãos, o processo ainda é feito, com
pequenas diferenças.
No culto católico, por exemplo, a água lustral é
acrescida de sal para a feitura da água benta, que purifica os
pecados veniais.
Nesse culto, existem ainda duas outras águas: a batismal e a
gregoriana.
A água batismal é composta de água lustral, de
óleo dos catecúmenos e o santo crisma, outra espécie de
óleo preparado. Serve para o renascimento, isto é; para a
exclusão do pecado original.
A água gregoriana, mais recente, dispensa os óleos e
contém sal, cinza e vinho.
O sal é o princípio de fecundidade.
Aliás, os judeus jamais imolavam os animais sem
salgá-los.
A cinza, símbolo da humildade, também era usada
pelos judeus na cabeça e nos olhos, quando do enterro.
Já os católicos, a recebem na quarta-feira de cinzas.
O vinho, por sua vez, simboliza a vida, abundância
espiritual e alegria.
Na Índia e entre os judeus, bem como nas Américas, a

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

purificação (batismo) era feita em água corrente, partindo daí o


conceito que a água só purifica uma vez, isto é, a mesma água
não purifica duas vezes o iniciado.
(03) – A VERDADEIRA SIGNIFICAÇÃO DA CRUZ
Charles Leadbeater, em seu livro intitulado O Credo Cristão
– Ed. Pensamento (pág. 92/95), diz o que se segue:
Se analisarmos o que Mme. Blavatsky descreveu em
seu livro Doutrina Secreta, ao dizer dos sinais impressos nas
sucessivas folhas de certo manuscrito arcaico, lembremo-
nos de que aparece primeiro um simples círculo branco, que
simboliza o Absoluto.
Surge um ponto central, signo de que o Primeiro Logos
entrou num ciclo de atividade.
O ponto se estende em uma linha, a qual divide o
círculo em duas partes, para simbolizar o aspecto dual do
Segundo Logos, ou seja, masculino-feminino, Deus-homem,
espírito-matéria.
Em seguida, esta linha divisória é cruzada por outra,
indicadora da etapa imediata, e temos o hieróglifo do Terceiro
Logos, Deus, o Espírito Santo, o Senhor, e Dispensador da Vida.
Note-se, porém, que todos estes símbolos se acham
ainda dentro do círculo e são apenas emblemas de diferentes
etapas do desenvolvimento do Tríplice Logos e não ainda de
Sua manifestação.
Quando, na plenitude do tempo, Ele se prepara para
essa descida posterior, o símbolo muda, assumindo uma ou
outra de duas formas.
Algumas vezes o círculo desaparece de todo e temos
então a cruz grega, ou ainda chamada de cruz filosófica,
de braços iguais, as duas linhas traçadas em direções opostas,
a horizontal e a perpendicular (análogas ao nível e ao prumo),
forma o quaternário tanto mágico como científico quando está
inscrita dentro do quadrado perfeito e é a base do ocultista.

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A Simbologia das Velas

Simboliza nossa existência humana, pois o círculo da


vida circunscreve os quatro pontos da cruz que representam
em sucessão: o nascimento, a vida, a morte e a imortalidade.
Simboliza ainda, os quatro elementos vitais, que são a água, a
terra, o fogo e o ar.
A segunda cruz, é a Cruz Decussada, ou a chamada
Cruz Hermética, indicando os quatro pontos cardeais, e
ela era bem compreendida pelas mentes místicas dos hindus,
brâmanes e budistas, séculos antes de se ouvir falar delas em
toda a Europa.
A terceira cruz, conhecida como a Cruz Suástica,
Gamada ou, ainda, Jaína, possui um simbolismo negativo
muito forte, em virtude da tirania provocada pelo regime
nazista alemão que, diga-se de passagem, utilizou-a com as
hastes invertidas.
A suástica, que é o símbolo mais sagrado e místico
da Índia, é a imagem da obra da criação ou da evolução.
É o martelo do operário no Livro dos Números (Caldeu)
que arranca as chispas do pedernal (espaço), as quais se
transformam em mudos.
É o martelo de Thor, a arma mágica forjada pelos
anões contra os gigantes (forças titânicas pré cósmicas da
natureza).
As duas linhas que se cruzam, indicam o espírito e a matéria
enlaçados na obra da evolução, sempre em movimento, onde
seus braços representam o Céu e a Terra.
É um símbolo alquímico, cosmogônico, antropológico
e mágico; isto é, aplicado ao microcosmo, o homem mostra-o
como um elo entre o céu e a terra, sendo a mão direita levantada
ao extremo de um braço na horizontal e a esquerda assinalando
a terra.
A Suástica era conhecida pelo nome de “Wan” , pelos
budistas mongóis, segundo os brâmanes, desde que Fohat

100
Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

cruzou o círculo como duas linhas de chama, horizontal e


verticalmente, as hostes dos Benditos nunca mais deixaram
de enviar seus representantes aos planetas pelos quais têm de
velar desde o princípio.
Por esse motivo, a Suástica é colocada no peito dos
místicos defuntos; é encontrada nos corações e imagens de
Buda no Tibete, é o selo que se põe no coração dos Iniciados
vivos, alguns a têm gravada a fogo na carne.
Outra cruz muito conhecida, é a Cruz Tau, ou Fenícia,
a cruz astronômica do Egito, que se vêm claramente em
algumas escavações das ruínas de Palenque.
Ezequiel marcou a fronte dos filhos de Judá com uma
Tau, sendo também no Apocalipse, o Alfa e o Ômega (Espírito e
Matéria), estampa o nome de seu “Pai” nas frontes dos eleitos.
Moisés mandou marcar as portas dos Hebreus com uma
cruz de sangue, para que fosse reconhecido o povo de Deus. Estas
cruzes são vistas nas estátuas da Ilha de Páscoa, no antigo Egito,
na Ásia Central, gravadas nas rochas como a Tau e a Suástica e
na Escandinávia pré-Cristã e em todas as partes.
Não se pode achar a sua origem em nenhuma nação ou
homem particular.
O Adepto Iniciado que passa por todas as provas, no
Egito, era “amarrado” em um leito em forma de “T” (Tau),
e no da Suástica (sem as dobras da Índia) e mergulhado num
sono profundo (Sono de Siloam), onde permanecia três dias
e três noites, quando descia ao Hades, Patala ou Amenti
para fazer as obras de caridade às almas dos homens e dos
espíritos elementais.
Outra cruz também conhecida, é a Cruz de Malta,
cujos braços, que se vão alargando, à medida que se afastam
do centro simbolizam, mais uma vez, a energia divina,
espargindo-se em todas as direções do espaço.
Por vezes, em lugar de se desprender completamente

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A Simbologia das Velas

do círculo, a cruz se estende apenas para fora dele.


Temos então a cruz de braços iguais, com um pequeno
círculo no centro, o qual na etapa seguinte, desabrocha em rosa,
outro emblema de vida bem conhecido.
Temos então o símbolo familiar, que deu nome aos
Rosa-Cruzes.
Depois, a cruz não só ostenta no centro a rosa mística,
como assume também a cor rosada mostrando, assim, que é
fogo do Amor Divino, que nasce nela e dela se irradia.
Naturalmente, a grande regra oculta:
“Como em cima, assim é embaixo” se aplica aqui também.
E, com mui ligeiras variações, estes símbolos podem
ser e são algumas vezes empregados para indicar etapas
inferiores da evolução.
Daí o referir-se, a Sra. Blavatsky, às várias raças
humanas, em sua explicação dos símbolos.
Percebe-se facilmente como, da má compreensão
desta interpretação inferior e de sua associação à etapa da
separação dos sexos, se puderam originar as grosseiras ideias
do falicismo.
Com efeito, a verdadeira significação da cruz grega
parece haver sido esquecida muito cedo pelo povo.
Sua relação com o Terceiro Aspecto do Logos, de há muito
que só é conhecida dos ocultistas, pois os estudantes superficiais
sempre a confundiram com a Cruz Latina da Segunda Pessoa,
cuja derivação é, na realidade, muitíssimo diferente.
Partindo da simbologia da cruz, para a execução do sinal
da cruz, efetuado pelo catolicismo, vamos verificar a enorme
influência cabalística, pois ela representa, verdadeiramente, as
oposições e o equilíbrio quaternário dos elementos, ou seja:
Sinal da Cruz.
Pelo versículo oculto do Pai, que assinalamos no nosso
Dogma que, primitivamente, havia duas maneiras de o fazer

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Antonio Carlos Gonçalves Fernandes

ou, ao menos, duas fórmulas bem e profanos diferentes para


caracterizar; uma reservada aos padres e iniciados; a outra
oferecida aos neófitos e profanos.
Assim, o iniciado, levando a mão à sua testa, dizia:

(1) A Ti; depois acrescentava: Pertence; e continuava, levando


a mão ao peito (2) O Reino; depois ao ombro esquerdo (3) A
Justiça; ao ombro direito: (4) A Graça.
Depois ajuntava as duas mãos, acrescentando: nos
ciclos geradores.

Tibi sunt Malchut et Geburah et Chesed persaeonas.

Sinal da cruz absoluta e magnificamente cabalístico,


que as profanações do gnosticismo fizeram a Igreja militante e
oficial perder completamente.

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