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FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

PRINCÍPIOS DE
OCULTISMO
2 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 3

ÍNDICE
O Que é Ocultismo ? ........................................... 5
O Caminho à Fonte da Sabedoria ........................ 8
Os Três Mundos ou Princípios ............................22
Os Sete Princípios ..............................................26
Macrocosmo e Microcosmo .................................31
Sobre A Vibração ................................................37
O Magnetismo Fisiológico ...................................43
A Respiração ......................................................48
Os Pensamentos e a Saúde .................................53
Equanimidade e Ira ............................................56
A Força De Vontade ............................................60
A Força da Fé .....................................................66
A Tolerância .......................................................70
Alguns Conselhos Práticos ..................................75
O Poder da Palavra .............................................80
O Poder Da Atração ............................................85
A Prosperidade ...................................................89
Um Pouco de Astrologia ......................................93
As Influências do Sol em Áries ............................99
As Influências do Sol em Tauro e Gêmini .......... 102
As Influências do Sol em Câncer, Léo e Virgo .... 105
As Influências do Sol em Libra, Escorpião e
Sagitário .......................................................... 109
Sobre os Planetas Astrológicos .......................... 117
4 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Assinalamentos Astrais .................................... 120


Assinalamento da Lua ...................................... 123
Assinalamento de Mercúrio .............................. 126
Assinalamento de Vênus .................................. 128
Assinalamento de Marte ................................... 131
Assinalamento do Sol ....................................... 133
Assinalamento de Júpiter ................................. 136
Assinalamento de Saturno ................................ 139
Assinalamentos de Urano e de Netuno .............. 142
As Linhas da Mão ............................................. 144
Grafologia ........................................................ 149
Sono e Sonhos ................................................. 153
O Silêncio......................................................... 161
O Poder da Atenção .......................................... 164
Estatuvolência ................................................. 169
Psicometria ...................................................... 172
Sobre o Sangue ................................................ 174
Ao Despedir-nos ............................................... 179
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 5

CAPÍTULO PRIMEIRO

O QUE É OCULTISMO ?
Não pense o leitor que o Ocultismo queira
ocultar alguma verdade ou algum saber; pelo
contrário, como todos os estudos, também o
Ocultismo trata de expor à Luz da Razão as suas
doutrinas, tendendo a torná-las cada vez mais
conhecidas. Por que, pois, esse nome? Porque trata
dos conhecimentos que estão naturalmente
ocultos, isto é, ocultos para quem não se dá ao
trabalho de estudá-los por intermédio de um
método apropriado, porém que deixam de ser
ocultos para quem conseguir compreendê-los.
Assim como os mineiros procuram os minerais
ocultos na mina, para estes serem “descobertos” e
aproveitados na vida industrial, os ocultistas
extraem dos domínios “ocultos” da Natureza e da
alma os valiosos conhecimentos e poderes, que
podem ser utilizados na vida do corpo, no
desenvolvimento da alma e no progresso da
sociedade humana.
O Ocultismo, no verdadeiro significado da
palavra, é a ciência que estuda os mistérios da
Natureza e o desenvolvimento dos poderes
“psíquicos”, isto é, poderes latentes na alma
humana. Esta ciência ocupa-se das coisas que
estão fora da percepção dos sentidos físicos, e dos
fenômenos e fatos que as Ciências Oficiais ignoram
ou não podem explicar.
6 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Alguns conhecimentos que anteriormente


pertenciam ao domínio do Ocultismo, passaram,
nos últimos decênios, ao plano das Ciências
Oficiais, como, por exemplo, o hipnotismo.
Alguns autores do campo anti-ocultista
consideram as doutrinas ocultistas como
imaginárias, mas, longe disso ser verdade, essas
doutrinas são muito reais, e as respectivas forças
são perigosas nas mãos de quem não faz delas o
uso devido.
Convém distinguir três espécies de
Ocultismo: prático, filosófico e esotérico.
Ocultismo prático compreende o magnetismo,
o hipnotismo, a sugestão, a psicurgia (comunicação
com almas desencarnadas), a alquimia, a
astrologia, a cartomancia, a quiromancia (ou
quirosofia), a fisiognomonia, a grafologia e a magia.
O Ocultismo filosófico trata da moral, da
sociologia, da metafísica e da teologia.
O Ocultismo esotérico trata de penetrar no
mais íntimo de todas, as ciências, crenças e
pesquisas.
Nestas lições, trataremos do Ocultismo
Utilitário, isto é, daquelas partes ou doutrinas
ocultistas que podem ser facilmente aproveitadas
para fins úteis pelo estudante, ou por outras
pessoas, por intermédio dele.
O Ocultismo ensina o conhecimento das
forças e influências secretas das coisas da
Natureza, em qualquer dos seus Reinos,
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 7

dedicando-se ao estudo dos mundos supra-físicos,


isto é, dos mundos que estão acima do mundo
físico, que se serve apenas dos sentimentos do
corpo denso.
O Ocultismo revela ao estudante a Natureza
tal como ela é na realidade, e não tal como se
costuma julgá-la pelas aparências. Além de estudar
os fenômenos físicos, ele procura as suas causas,
desconhecidas ao simples estudo material, e,
enquanto a ciência materialista conhece só as
aparências e formas, o Ocultismo considera a Vida
que se manifesta por essas formas.
Leia, prezado leitor ou estimada leitora, com
toda atenção, e releia duas ou três vezes, repetindo
em seguida, mentalmente, também duas ou três
vezes, as seguintes palavras:
“Desejo sinceramente progredir no
Caminho da minha Evolução; desejo viver de
modo que a Luz da Verdade me ilumine, Seus
Raios me fortaleçam e Sua Palavra seja útil a
mim e ao meu próximo”.
8 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO II

O CAMINHO À FONTE DA SABEDORIA


Conto alegórico1
Uma vez foi visitar o célebre sábio persa,
Zoroastro, um dos seus amigos dos tempos de
juventude, de nome Mitra. Depois de se abraçarem
e saudarem, perguntou o sábio:
- Que é o que te conduz a mim, querido
amigo? Feriu-te, por acaso, o mundo e desejas
fortalecer-te ao lado do companheiro da tua
juventude? Ou vens trazido pela curiosidade de
veres pessoalmente o que há de verdade nas coisas
que o povo conta a meu respeito?
Respondeu Mitra:
- Tu mesmo te referes à causa da minha
vinda, não te ofenderá, portanto, a minha
sinceridade. Interesso-me por ti e pela tua sorte, e
decidi vir para saber quem tem razão: se aqueles
que afirmam que chegaste ao conhecimento dos
segredos da Natureza, tornando-te sábio, ou
aqueles que dizem que és charlatão, que abusas da
ignorância da multidão, a fim de seres considerado
homem célebre.

1
Segundo Kerning.
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- Alegra-me que fales sinceramente – disse


Zoroastro. – mas qual é a tua própria opinião a
meu respeito?
Confessou Mitra:
- Ainda não a formei. Se é verdade o que
poucos afirmam, que és iluminado pela Luz da
Sabedoria, quero pedir-te que comigo compartilhes
a tua Felicidade, se, porém, tem razão os que falam
mal de ti, desejo tentar desviar-te do mau caminho
e conseguir que voltes a ti mesmo e à senda da
virtude.
Comovido e entusiasmado, tomou Zoroastro
pela sua a mão do amigo e disse: Abençoada a hora
que te trouxe a mim, e sete vezes abençoada, se
tens a força e a coragem de aproximar-te da Luz,
de que unicamente emana a vida, a felicidade e a
sabedoria.
- Como? – exclamou o amigo – quererias
introduzir-me no teu templo, que com tanto
cuidado fechas a outros?
Redargüiu Zoroastro:
- O meu templo é a Natureza, e, nem que eu
quisesse, o que seria loucura, não poderia nunca
fechá-lo a pessoa alguma.
- Porém contam muitíssimos casos que
repeles àqueles que desejam aprender de ti alguma
coisa. Perdoa-me se te digo o que penso. Se
conseguiste conhecer a Sabedoria Superior –
suponho que ela existe– por que a ocultas? Por que
não a expões claramente ao povo, mas encobres a
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Verdade com véus de enigmas, alegorias e


símbolos, que raras vezes um de muitas centenas
de homens pode solver e compreender?
- Falas, Mitra, como todos aqueles que não
tem idéia exata do assunto. De que utilidade ser-
te-á, se te expuser o perfume de uma, flor?
Poderás, de tal exposição, sentir esse perfume e
conhecer a flor? De que te servirá se te descrever
um banquete? Servir-te-á a minha descrição para
matares a tua fome? Analogamente, como posso
fazer que alguém conheça a Sabedoria, se ele se
recusa a procurá-la? Há sabedoria morta e
sabedoria viva.
A sabedoria morta nos vem dos livros, das
narrações, dos cálculos, das medições e
considerações. Esta sabedoria pode nos ser dada e
pode nos ser tomada. Mas a Sabedoria Viva emana
da eterna Fonte da Vida, dessa fonte que, uma vez
aberta, nunca desaparece e sempre nos fornece
bases imperecíveis para as nossas construções no
domínio da Razão. Porém, é impossível explicar e
ensinar esta Sabedoria, é mister apropriarmo-nos
dela assim como nos apropriamos do perfume da
flor ou da comida, ou melhor dito, é mister que a
despertemos em nós, assim como, pelo perfume da
flor, se desperta em nós o sentido do olfato. Vês
como é difícil dar uma explicação, mesmo geral. E
quando se passa às particularidades, a dificuldade
cresce, pois a nossa linguagem é demasiado pobre
e o nosso ouvido é demasiado cru para essas coisas
tão delicadas. É necessário procurar e achar a
Sabedoria em si mesmo, pois que outro caminho
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 11

não conduz a ela. Mas espero que tudo isso se


torne mais claro se quiseres acompanhar-me na
minha ida à maravilhosa fonte que existe lá, nas
montanhas que daqui se podem avistar.
E dizendo isso, Zoroastro apontou além de
uma serra, ao Oriente, duas montanhas mais altas,
e continuou:
- Lá, entre aquelas duas montanhas elevadas
emana uma fonte que contém qualidades
maravilhosas. Purifica o coração, dissipa as
evaporações e névoas que se acumularam na
cabeça e na mente, e retira de nós a impureza das
grandes cidades e as fuligens que a fumaça do
mundo depositou em nosso interior. Depende de ti
querer acompanhar-me até lá. Daqui a algumas
semanas mostrarei o caminho que conduz a essa
fonte, a alguns que desejam conhecê-la e com a
sua água se refrigerar. Verás, então, como sou
liberal na distribuição da minha doutrina, como
também te convencerás de que pouquíssimos são
os que, verdadeiramente e com seriedade, almejam
atingir a verdadeira Sabedoria.
E Zoroastro foi preparando o seu novo
discípulo para a viagem.
Quando chegou o dia determinado, reuniram-
se setenta discípulos ao redor do Mestre, para
ouvirem ainda alguns conselhos relativos à viagem.
Dando-se fraternais ósculos, prometeram eterna
fidelidade à Sabedoria, e puseram-se a caminhar,
separadamente, cada um escolhendo o caminho
que mais lhe agradava: um a estrada larga, outro
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um caminho estreito. Um em companhia de algum


amigo, outro sozinho. Um preferia o campo, outro o
bosque. Não caminharam em grandes grupos, para
não provocarem a atenção do povo, porque a
Sabedoria não quer, se a procuramos, ser objeto de
conversações e críticas das multidões.
Quando os viajantes tinham caminhado
dessa maneira durante três dias, reuniram-se
todos numa grande e populosa cidade, onde
floresciam o comércio, as indústrias, as ciências e
as artes, e onde havia instituições de educação,
asilos e hospitais, como atestados do amor à
cultura e à humanidade dos seus cidadãos. De
todos os países ali se reuniam muitas pessoas,
para observarem e estudarem os sistemas políticos,
sociais, humanitários e educacionais dessa cidade,
considerados superiores aos demais já conhecidos.
O fato mais admirável, porém, era o de já haver ali
água da fonte da Sabedoria, embora apenas
imitada, pois os químicos haviam estudado a
composição natural da água genuína da dita fonte
e conseguiram compor uma imitação, que os
peritos consideravam tão boa, e talvez até melhor
do que a da fonte montesina.
Muitos dos discípulos de Zoroastro
encontraram ali seus conhecidos, outros formaram
novas amizades. Assim, aconteceu que, após três
dias, devendo continuar a viagem, sentindo-se
tristes por se despedirem dos amigos, alguns
decidiram ficar, pois haviam provado daquela água
e, apesar de ser apenas uma imitação da água
maravilhosa, verdadeira, acharam-na muito
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gostosa e não sentiram mais vontade de procurar a


fonte.
Depois de outros cinco dias de viagem,
durante os quais não encontraram lugares
importantes, mas sim alguns lugarejos que apenas
ofereciam divertimentos e gozos sensuais, os
discípulos de Zoroastro que ainda continuavam a
peregrinação, vieram a uma cidade que excedia a
anterior, tanto na grandeza, como no progresso. Ao
se reunirem os viajantes, perceberam que
novamente alguns companheiros haviam ficado
para trás, atraídos ou seduzidos pelos gozos e
divertimentos encontrados nos lugarejos acima
mencionados. Alguns tinham encarregado seus
condiscípulos de que os desculpassem, alegando
necessidade de descanso e prometendo seguir
viagem logo depois de renovarem as forças.
Ouvindo isso, Zoroastro chamou a atenção dos
presentes para os perigos que o discípulo encontra,
ao procurar a Sabedoria nas atrações das ilusões
sensuais, e admoestou os companheiros para que
não perdessem a coragem de combater tais ilusões.
A cidade onde agora se achavam era um
quase paraíso das ciências e das artes. Ali soavam
todos os nomes célebres. As riquezas locais,
lindíssimos jardins, edifícios majestosos, danças,
cantos, deportes, jogos, lutas e festas de amor,
divertiam os estrangeiros. Todos os talentos
estavam agindo e recebiam suas recompensas. E, o
que era mais admirável, vendia-se ali, por preço
elevado, a água da Sabedoria, haurida da própria
fonte da montanha. Mas não era pura, porque,
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para fazer dela um verdadeiro néctar, misturavam-


lhe partículas de sabedoria de todos os climas.
- Esta é a verdadeira água da Sabedoria –
clamava o vendedor – a sua composição é a maior e
mais sublime arte e o mais profundo segredo.
Zoroastro mesmo tem-se esforçado por descobrir
este segredo e não o conseguiu, pois aqui nada
pode conseguir a razão humana, só a tradição,
fielmente conservada pelos adeptos, conservou a
receita para o bem da humanidade.
Fácil é compreender que o vendedor dessa
água fazia ótimos negócios, e até alguns dos
companheiros de Zoroastro deixaram-se iludir, pois
compraram e tomaram essa água, e julgaram-se
desobrigados de continuar a viagem. Quando, no
sexto dia depois, os outros se reuniram num lugar
isolado, a fim de prosseguirem em sua
peregrinação, o número de discípulos havia
diminuído notavelmente.
Zoroastro exortou-os, com palavras sinceras,
paternais e sérias, a que persistissem, vencendo
obstáculos e ilusões, quaisquer que fossem suas
formas. Parecia como se temesse chegar sozinho à
fonte. Mas aqueles que ainda o acompanhavam
prometeram que continuariam até chegar ao alvo
de sua viagem, apesar de todos os obstáculos
possíveis.
Depois de novos sete dias de viagem,
entraram numa cidade vasta, porém diferente das
anteriormente vistas. Não havia ali nada que
lembrasse divertimentos, tudo respirava seriedade
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e reflexão. Havia ali uma universidade, onde


professores, uns sentados, outros parados de pé,
outros passeando, enchiam as cabeças de seus
discípulos com os conteúdos de todos os livros e
ensinamentos dos mestres eruditos de todo o
mundo e de todos os séculos.
Havia também um templo da Sabedoria, onde
era fornecida a verdadeira água da maravilhosa
fonte, e essa água era pura, genuína e sem mistura
alguma. Era trazida diretamente, carregada em
vasos especialmente fabricados para esse fim,
impermeáveis, para não se perder nem uma gota, e
esses vasos eram lacrados com um selo, que se
afirmava ter sido usado já por Enoque, para se
defender da morte corporal - assim o declarava o
expositor. Nesses vasos, debaixo desse selo, ficava
a água durante 7 semanas, 7 dias e 7 horas
guardada, para desenvolver as qualidades perfeitas
que não podia manifestar – assim se dizia – na
fonte, e no momento em que ali era haurida. Essa
água era vendida por pequeno preço, e aqueles que
a bebiam aguardavam, com paciência e esperança,
o prometido efeito, e quando este não se
manifestava, ninguém tinha a coragem de
confessar que havia sido iludido, porque não queria
causar inimizades e nem prejudicar a boa fama
dessa água.
Depois de passarem ali sete dias, os viajantes
continuaram a viagem. Faltavam ainda nove dias
para chegarem à almejada fonte.
16 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Depois de três dias, deviam novamente


reunir-se todos num certo lugar. Já estava pondo-
se o Sol naquele dia e só quatro estavam no lugar
designado.
Zoroastro veio, olhou o pequeno resto do
séquito, e disse apenas: - Vamos descansar.
No dia seguinte passaram por um riacho que
caia de um rochedo.
- Vêde! disse Zoroastro. – Aqui está aquela
água, cuja fonte procuramos. Daqui a tiram
aqueles que a vendem na cidade que ultimamente
visitamos. Vamos adiante!
De lá, o caminho subia íngreme. Em alguns
lugares apenas as fendas dos rochedos serviam
para se firmarem os pés. Finalmente, os
caminhantes chegaram ao lugar onde viram elevar-
se nos ares dois altos montes, um à sua direita e
outro à sua esquerda.
- Estes dois montes – explicou Zoroastro –
formam o vale onde encontraremos a nossa fonte.
O caminho até lá é perigoso, e cada um de nós tem
que passá-lo sozinho, para devidamente preparar-
se e provar que seriamente deseja beber água
dessa fonte da Verdade. Quem, durante a viagem
dos dias passados, se deixou seduzir, bebendo da
água imitada ou selada, fique atrás, porque não
suportaria o caminho.
E, apontando a cada um dos quatro o
caminho a seguir, afastou-se deles.
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Então, os quatro acharam crítica a situação.


Com surpresa olharam ao redor de si, e sentiram-
se com pouca coragem de prosseguir.
Finamente, um deles disse: - Irmãos, avante!
Não nos servirá a vacilação. Eu confio na proteção
da Sabedoria, em cuja proximidade estamos, e com
coragem irei adiante. Desejo-vos bom êxito.
Tornaremos a ver-nos junto à fonte.
E ausentou-se, na direção que Zoroastro lhe
havia apontado. O nome deste corajoso era Ali.
Mitra também continuou a viagem, tendo
adquirido mais energia com as palavras de Ali. Os
outros que tinham provado da água milagrosa na
cidade por onde ultimamente passaram, julgaram
inútil prosseguir, e trataram de voltar.
Assim, pois, só Ali e Mitra continuaram a
viagem à fonte. Ambos tinham-se abstido de
experimentar, nas ocasiões oferecidas, a água
imitada ou selada. Ambos estavam animados de
um vivo desejo de alcançar a fonte da verdadeira,
pura e livre água da Sabedoria.
E quem descreverá a alegria que sentiram nos
seus corações, quando, vindo um de um lado, e o
outro do outro lado, ambos se encontraram, no dia
seguinte, num ameno vale, diante de uma pirâmide
formada pela Natureza. No centro dessa pirâmide
emanava, de um triângulo de ouro, a mais pura e a
mais clara água.
E no mesmo instante, apareceu ao lado deles
Zoroastro, abraçando-os e dizendo:
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- Ao menos vós dois chegastes! Graças ao


Dirigente dos Destinos! Mas, ainda não bebais
desta água, tão pura. É preciso que vos prepareis
dignamente, para que os seus efeitos vos sejam
benéficos e duradouros.
E, umedecendo com a água da Sabedoria as
testas dos dois companheiros, e dando-lhe frutas
saborosas para que comessem, disse-lhes:
- Ainda por três dias terei que esperar-vos. A
cada um de vós será dada uma tenda, e ali deverá
cada um observar-se a si mesmo. Evocai os dias da
vossa infância, da vossa pura inocência.
Unindo esses dias com o presente, esquecei
todo o tempo que está entre essa infância e o
presente. Elevai em seguida, os vossos
pensamentos para o eterno futuro, para que o
passado da inocência, o presente e o longínquo
futuro se unam num só pensamento e vos tornem
dignos de receberdes a suprema consagração!
E, levando-os a suas tendas, recomendou-os
à proteção da eterna e onipresente Divindade. Três
dias depois estiveram novamente ao pé da
pirâmide. Zoroastro encheu um cálice de água para
cada um. Ergueu o seu e bebeu, brindando o
passado, o presente e o futuro. Os dois amigos
seguiram o seu exemplo.
Com sublime seriedade, levantou os braços e
pronunciou uma prece em nome d’Aquele que
sempre foi, é e será, e disse:
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- Está feito, caia o véu! Vós abandonastes a


multidão mutável e elevaste-vos às regiões do que é
imutável, onde não domina mais o acaso, mas onde
reina a Verdade, aonde a claridade da Luz Eterna
nos torna conhecidas as leis da Eternidade.
Abençoada seja esta hora! Duas almas foram
trazidas à Imortalidade! Abraçai-me, irmãos,
continuaremos sendo irmãos. O Mestre é Um só e
Ele vos conduzirá no futuro.
Os três passaram mais alguns dias naquele
lugar sagrado. Depois saíram dali juntos e, sem
dificuldade, alcançaram o lugar de sua partida e,
quando Zoroastro veio à sala das reuniões, eis que
ali estavam reunidos todos os setenta discípulos,
muito alegres, agradecendo ao Mestre pela
felicidade que encontraram na viagem. Zoroastro
falou com amistosa seriedade e explicou como é
fácil considerar como verdade uma ilusão.
Exortou-os a que evitassem toda ilusão e não
se cansassem de procurar a Verdade, até encontrá-
la. Depois de se despedirem, ficou com os dois
companheiros vitoriosos, Ali e Mitra, e levou-os à
sua casa e lhes disse:
- A vós nada mais tenho a ensinar.
Conhecestes a Verdade e a sua fonte. Ide cada um
pelo vosso próprio caminho, e, se encontrardes
ouvidos capazes de vos ouvir e compreender,
ensinai-lhes o modo de conhecer o Espírito. Porém,
que o vosso ensino seja calmo e dado em rodas de
amigos e irmãos. Nunca pregueis vossas doutrinas
nos lugares públicos, no movimento das massas,
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nas lutas dos partidos, nem onde se procure poder


político, honras ou riquezas. Na arte dissolvente
dos discursos públicos foge o espírito e, assim, o
orador apresenta-nos um alimento que podemos
perceber, mas não comer.
- E se não encontrarmos ouvintes -
perguntaram os amigos - o que deveremos fazer?
- Então tomai por vosso modelo a fonte do
deserto – respondeu Zoroastro - ela corre
incessantemente e, se em um século matou a sede
de um único viajante sedento, não ficou sem
utilidade, e não fluiu debalde.
Meditai, caro leitor sobre as verdades que
ensina este conto alegórico. De certo, facilmente
compreendereis a utilidade, e até a necessidade de
procurar cada um a Verdade por si mesmo, não se
contentando com as opiniões alheias, as quais
podem ser-nos úteis ou nocivas na nossa empresa.
Igualmente vos será claro que o verdadeiro Saber
Espiritual não se obtém em troca de gozos ou
divertimentos sensuais, úteis no período que a
Natureza lhes prescreveu, mas nocivos ao
progresso espiritual dos que entraram no Caminho
do Progresso Individual.
E compreendereis também, a razão e os
motivos que levaram e levam os mestres ocultistas
a dirigir-se, nos seus ensinamentos, a uma minoria
de discípulos evitando a propaganda profana.
Assim como uma criança não pode
compreender os mistérios da procriação, nem uma
pessoa, dada aos prazeres sensuais, apreciar a
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 21

renúncia que pratica um espiritualizado eremita,


há segredos naturais que não podem ser
compreendidos por aqueles que não estão
preparados para isso.
Daí a necessidade de preencher as condições
exigidas, não pelos mestres das Ciências Ocultas,
mas pela Natureza mesma, pois nunca pode
aparecer um fruto, sem que primeiro ocorra o
florescimento.
Outra lição que nos dá o conto acima é o
valor da persistência. Muitos são os que começam
os estudos, mas nem todos perseveram. E só a
persistência pode levar ao alvo. Para vos
acostumares a esta benfazeja qualidade, fazei os
seguintes exercícios :
1º - Determinai algum dia da semana para o
vosso jejum, ou abstenção de certas comidas,
principalmente algumas de que gostais, e, embora
isso vos possa ser desagradável cumpri essa vossa
determinação durante um mês, dois meses, três
meses ... para experimentardes a vossa força de
vontade e persistência.
2º - Acostumai-vos a vos deitar à hora certa,
esforçando-vos por vencer os obstáculos que
possam surgir.
3º - Fazei o propósito de não vos
incomodardes com certas coisas que costumam
aborrecer-vos, como gritos de crianças, o barulho
na estrada, as conversações “maçantes” de certas
pessoas, etc...
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CAPÍTULO III

OS TRÊS MUNDOS OU PRINCÍPIOS


O Ocultismo ensina que tudo o que existe
forma uma imensa Unidade, assim como todo o
organismo humano é um só, apesar de composto
de muitos órgãos. A Unidade Criadora manifesta-se
fora de si mesma em três planos de existência, ou
três mundos, os quais, porém, não estão separados
um do outro por alguma linha divisória, mas
entrelaçam-se um no outro, penetrando-se
reciprocamente. Estes três mundos ou planos de
existência se encontram em tudo, tanto em Deus,
que é uno e trino, como no Universo e no Homem.
Os três mundos são: um mundo superior, um
mediano e um inferior, e conforme a criatura que
observamos, recebem nomes diferentes. No Homem
(isto é, no ser humano, seja do sexo masculino ou
feminino), o mundo superior se chama Espírito ou
Ser imortal. O mundo mediano, a Vida, e o mundo
inferior, o corpo. Em vez de dizermos “Vida”,
podemos dizer “Alma”.
O Espírito manifesta-se no organismo
humano pelo cérebro e pelo sistema nervoso
consciente. A Vida, ou Alma, manifesta-se no
organismo por intermédio do sistema nervoso
simpático e pelos vasos sangüíneos, e o corpo tem,
como sua atividade própria, as funções digestivas.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 23

No corpo humano também se distinguem três


partes principais: a superior, que é a cabeça; a
mediana, o peito (e os braços); e a inferior, o ventre
(e as pernas). No Universo, os três planos são: o
mundo Divino, o mundo Moral e o mundo Material.

Na Divindade mesma, a Cabala distingue


uma Trindade: Kether (Coroa), que é o Poder
Supremo, o Ser incompreensível, o Pai; Chokmah
(a Sabedoria), o Ideal da Razão Suprema; e Binah
(a Inteligência), a Força motriz de todo movimento,
a causa de toda iniciativa.
Esta Trindade cabalística (formada pelas três
Sephiroth superiores) faz compreender que o
Movimento, que é a necessidade da Vida e a Vida
mesma, é ocasionado pela luta entre a Inteligência
ativa e a Inteligência resistente, equilibradas pela
Razão Suprema.
A Natureza oferece o reflexo incessante da
trindade, assim, o oxigênio se dirige ao pólo do
movimento, o hidrogênio ao pólo da resistência, e o
azoto ora para um ora para outro desses pólos,
conforme o papel que desempenha nas
combinações. A mesma lei encontramos agindo nos
outros corpos metalóides e metálicos. Por toda
parte se descobre o movimento edificante, o
repouso alcalinizante e o equilíbrio entre os dois,
representado pelo azoto e seus matizes.
A criação mesma tem três graus: o reino
mineral, o reino vegetal e o reino animal. A Família
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se compõe também de uma trindade: pai, mãe e


filho.
O espectro solar que é composto de sete
cores, quando visto à distância conserva só três: o
vermelho, o amarelo e o azul, isto é, as cores
fundamentais (porque as demais são formadas por
meio de combinações delas).
Dos três princípios que constituem o Homem,
o superior é o Espírito, que é o ser puramente
interno. Nele não se encontra mais a sensibilidade
passiva para a natureza exterior, a atividade
domina ali a receptividade. O Espírito (Átman do
sistema hindu, Neshamah da Cabala) vive sua
própria vida, e vive só para o geral ou para o
mundo espiritual. Tem, porém, relações com a
Divindade, e também com a Alma e o Corpo.
A Alma (Manás dos hindus, Ruach da
Cabala) anima todos os elementos que constituem
o homem encarnado, e é polarizada: a sua parte
superior – a Alma Espiritual – tende a unir-se com
o Espírito e assim tornar-se imortal. A parte
inferior – a alma animal, também denominada
corpo astral ou perispírito, tem muita adesão ao
corpo físico, (ou material).
A vida que se manifesta no corpo material é
dirigida pelo instinto, e produz a sensação como
resultado da mesma.
A vida da Alma manifesta a intuição com o
sentimento como meio de reação, e o amor ou o
ódio como resultado do sentimento.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 25

A vida do Espírito manifesta a idéia com a


inteligência, como meio de reação, e a verdade ou
o erro, como conseqüência.
Assim, a vida do corpo pertence ao mundo do
instinto, a da alma, ao mundo da paixão e a do
espírito, ao mundo intelectual. Tanto os instintos
como a paixão e a intelectualidade devem ser
dirigidos pela Razão e pela força de Vontade.
Tudo é bom quando no seu respectivo lugar e
tempo, e tudo pode tornar-se nocivo se ultrapassa
esses limites.
Assim, o discípulo ocultista deve sempre
dominar os instintos e as paixões, e saber também
dirigir o seu intelecto ao que convém para o
verdadeiro crescimento da alma.
Deve evitar o abuso de comidas e bebidas,
reprimir os impulsos de ira, medo, ódio e
sensualidade. Não se deixar dominar pela preguiça,
nem se entregar cegamente ao jogo.
Repita freqüentemente o seguinte mantra:
“Eu não sou o meu corpo físico, não sou o
meu corpo astral, não sou o instinto, nem a paixão.
Eu sou uma partícula eterna, indivisível,
consciente do Espírito Universal, e desejo
seriamente desenvolver as minhas capacidades de
modo a unir-me conscientemente com todas as
demais partículas eternas do mesmo Espírito
Universal. Amém!”
26 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO IV

OS SETE PRINCÍPIOS
Na lição precedente, tratamos da constituição
do ser humano em três princípios.
Como, porém, o corpo humano pode ser
considerado composto de três partes principais: a
cabeça, o peito com os braços e o ventre com as
pernas - ou de sete partes: cabeça, peito, braço
direito, braço esquerdo, ventre, perna direita e
perna esquerda, - pode-se distinguir no ser
humano sete princípios, a saber: Espírito Divino,
Espírito de Vida, Espírito Humano, a Mente, o
Corpo Astral, o Corpo Vital e Corpo Físico. (Em
termos hindus: Átman, Buddhi, Buddhi-Manas,
Manas, Kama, Linga-Sharira e Rupa).
Nesta divisão, o Espírito é tríplice, assim
como o corpo. A Mente é o foco, através do qual se
reflete o tríplice Espírito no tríplice Corpo, este se
transforma, pela ação do tríplice Espírito em
tríplice Alma, a saber: o Espírito Divino emanou de
si o Corpo Denso e extrai como fruto a Alma
Consciente. O Espírito de Vida emanou de si o
Corpo Vital e produz a Alma Intelectual. O Espírito
Humano emanou o Corpo Astral (ou o Corpo dos
Desejos) e produz a Alma Emocional.
Se juntarmos todas estas denominações,
obteremos dez princípios.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 27

No seu conjunto, o corpo humano é também


composto de sete aparelhos principais: o de
geração, o de globulização, o de circulação, o
nervoso, o de digestão, o urinário e o respiratório.
A Astrologia tradicional conhece sete
planetas: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte,
Júpiter e Saturno.
Segundo a doutrina ocultista, o Universo se
divide em sete Mundos ou Planos de Existência,
conforme os estados diferentes de matéria, a saber,
começando com o mais denso:
1º - O Mundo Físico, que é o nosso mundo
visível. Este se subdivide em duas regiões: a
Química e a Etérica;
2º - O Mundo Astral, ou o do Desejo, das
Emoções;
3º - O Mundo Mental ou do Pensamento, que
tem também duas subdivisões: a Região do
Pensamento Concreto e a do Pensamento Abstrato;
4º - O Mundo do Espírito de Vida;
5º - O Mundo do Espírito Divino;
6º - O Mundo dos Espíritos Virgens ou
Monádico;
7º - O Mundo de Deus.
Estes mundos não estão uns em cima dos
outros no espaço, mas interpenetram-se uns nos
outros, sendo a variedade devida à diferença da
densidade e das vibrações. No 7 º Mundo, a
densidade da substância é a mais sutil, a mais
28 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

fina, e as vibrações as mais poderosas. Quanto


mais sutil (ou menos densa) é a substância, mais
longe se estende o respectivo mundo. Por isso, o
mundo astral interpenetra o mundo físico, mas
estende-se além deste. O mental vai além do astral,
e assim por diante. O mundo de Deus,
interpenetrando todos os outros, ainda se projeta
além do Monádico.
A Teosofia hindu designa os sete mundos ou
planos de existência pelos seguintes nomes:
1º - Plano Físico (Sthúla-Lôka);
2º - Plano Astral (Káma-Lôka);
3º - Plano Mental (Dêva-Lôka); 4º
- Plano Intuicional ou Búdico;
5º - Plano Espiritual ou Átmico, também
chamado Nirvânico;
6º - Plano Monádico (Anupadaka);
7º - Plano Divino (Adi).
A divisão setenária dos princípios humanos
corresponde aos sete planos da existência
universal, da seguinte forma:
1º - O Corpo Físico (Rúpa ou Sthúla-Sharíra)
corresponde ao Plano Físico, em cuja região
superior ou etérica reside o Corpo Vital (Linga-
Sharíra);
2º - O Corpo Astral (Káma-Rúpa) corresponde
ao Plano Astral (Káma-Lôka);
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 29

3º - A Mente, na sua parte inferior, ou


Instintiva (Káma-Manas), corresponde ao Plano
Mental (Dêva-Lôka);
4º - A Mente Intelectual ou Espírito Humano
(Buddhi-Manas), corresponde ao Plano Intuicional
(Búdico);
5º - A Mente Espiritual, ou Espírito de Vida
(Buddhi), ao Plano Átmico (ou Nirvânico);
6º-2
7º - O Espírito Divino (Átman) ao Plano de
Deus (Adi).
O estudante descobrirá, neste conciso
esquema, que nem todas as divisões ou
subdivisões das Escolas Ocultistas do Ocidente são
idênticas às do Oriente, mas que estas diferenças
não tem importância prática. O que num sistema
tem um nome, pode ter denominação diversa em
um outro sistema e onde uns vêem uma só etapa,
outros distinguem duas ou mais.
O sistema setenário pode reduzir-se ao
ternário: Parte Física (Corpo Físico e Corpo Vital),
Parte Intermediária (Corpo Astral e Mente
Inferior) e Parte Imortal (Alma ou Mente Superior,
Espírito Humano e Espírito Divino).
O que é de suma importância para o
estudante é o Discernimento ou a capacidade de
fazer distinção entre o que é perecível e o que é

2
O item 6 º falta na Obra Original. (NE)
30 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

imperecível. Entre o que pertence ao Corpo


Material ou Físico e o que pertence à Alma Imortal.
Assim, saberá dar o verdadeiro e justo valor
aos respectivos atos, desejos, alimentos, gozos,
sofrimentos, apreciações, etc.
Medite, pois, sobre as seguintes sentenças
proferidas pelo Mestre Jesus:
“Antes de tudo, procurai o Reino de Deus e
a sua Justiça”.
“O Homem não vive só do pão, mas
também das Palavras de Deus”.
“Não se contamina o homem com o que
entra por sua boca, mas com aquilo que dela sai,
provindo de maus pensamentos”.
Se compreenderes bem estas sentenças,
estareis no Caminho do Bom e Reto Discernimento,
e, unindo a esse discernimento as respectivas
palavras e ações, sentireis, ou percebereis que o
Reino de Deus está no domínio Espiritual das
Almas.
Que a Mente deve ser nutrida pela Sabedoria
Divina, e o coração purificado de todas as
inclinações, pensamentos e desejos impuros.
A Paz da Justiça Divina seja convosco! Amém!
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 31

CAPÍTULO V

MACROCOSMO E MICROCOSMO
A palavra Cosmos, em grego, significa o
Universo, o conjunto de tudo o que existe, e é
derivada da mesma raiz do verbo cosmein, que
significa “embelezar”; pois como contrário ao
“Cosmos”, o “Universo Formoso”, os gregos
consideravam o “Khaos”(ou “Caos”), a Confusão
dos Elementos, o Abismo que precedeu à Criação.
Macrocosmo, literalmente, é o “Grande
Universo”, (macros, em grego, significa grande), ao
passo que Microcosmo significa o “Pequeno
Universo” (micros significa pequeno).
Macrocosmo é o Universo, o grande mundo,
que inclui todas as coisas, visíveis e invisíveis, e
Microcosmo é o homem, porque foi criado à
imagem do Grande Universo, contendo as
propriedades e funções da Matéria.
A sua parte astral, que é o princípio animador
do corpo, é feita das forças, a que chamamos
“Vida”, e a sua Alma Imortal é o puro raio do
Espírito Divino, proveniente da Essência Imortal,
cujo atributo principal é a Vontade ou Sabedoria.
A Alma, ou Espírito no homem, em sua
natureza e essência pura é como a sua fonte, o Sol
Central de toda Existência, e pura Luz Espiritual, é
o invisível e infinitamente sublimado Espírito de
32 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Fogo – não o grosseiro elemento visível, mas a


admirável Luz Interna que, enquanto revela e prova
todas as coisas em sua própria manifestação,
permanece em si mesma invisível, desconhecida e
incompreendida.
A Alma do homem, o princípio mais sublime
da constituição do Ser humano, sobrevive a todas
as mudanças, não se desintegrando nem decaindo.
Na sua concepção mais alta é a Centelha
Divina, o elo que une a criatura com o seu Criador.
O Corpo Astral circunda essa Divina Essência
da Alma e reveste-a como um corpo sutil e
refinado, que se manifesta pela força, e dá a vida
ao organismo. A sua influência, que penetra tudo
nos domínios do Espaço, recebe os nomes de
magnetismo e eletricidade.
Na ocasião da morte, o Corpo Astral (também
denominado “Perispírito”) une-se com a Alma,
acompanhando-a para a sua existência no Mundo
Astral ou no Além.
Em todo o Macrocosmo (Universo
Infinitamente Grande), como no Microcosmo (o
Homem), tanto no Mundo Espiritual, como no
Material, não há precipícios nas relações que
mutuamente se completam, mas apenas
transições.
Como o Sol do nosso sistema planetário
depende de um Sol Central, como os Planetas
dependem da Terra, e mutuamente se influenciam,
e pela soma das suas forças se conservam nas
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 33

órbitas que lhes foram prescritas, assim também a


existência de nossa Terra na incalculável coroa dos
mundos é indissoluvelmente unida e dependente
do movimento do gigantesco Relógio Mundial, que é
a Vida do Macrocosmo, e cuja fase atual é a
Evolução.
O homem (o ser humano, tanto do sexo
masculino, como do feminino) é a forma mais alta
de existência por nós conhecida, por isso deve
controlar todas as formas de existência, inferiores a
ele.
Pode também, subjugar à sua Vontade as
Forças Ocultas da Natureza e obrigá-las a lhe
servirem ou a fazerem o que ele quiser que façam.
Porém, no estado atual, a humanidade está
apenas na sua infância e, por isso, ignora, com
certas exceções, as forças que pode ter e usar, e
que estão, todavia latentes (ocultas) na sua
natureza. Para desenvolver as Forças Ocultas, não
basta ao homem procurá-las com o mero intelecto
e por meio de pesquisas materiais, que são boas e
úteis no plano físico, mas insuficientes nos planos
acima do físico.
É necessário desenvolver os sentidos
internos, astrais e mentais, para obter bom
resultado em tais pesquisas e investigações.
Na remota Antigüidade, quando a
Humanidade não conhecia a arte de acender o
fogo, tinha que se contentar com alimentos crus e
cobrir-se com peles de animais, para defender-se
do frio.
34 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

E, mesmo depois da descoberta da produção


do fogo, por muitos séculos ficou sendo
desconhecido o ferro, porque não se achava pronto
na natureza, mas sim, em companhia de outros
minerais, dos quais é necessário separá-lo e, em
seguida, fundi-lo em altos fornos. Por isso, aqueles
povos que não haviam descoberto tais processos,
com mais facilidade usavam cobre, prata e ouro. O
ferro estava oculto, até que a inteligência humana
o descobriu.
Se os indígenas americanos tivessem
conhecido a fabricação e o uso de armas de fogo,
não teriam sido subjugados pelos europeus que,
em número muito menor do que aqueles,
tornaram-se senhores da América.
Enquanto não era conhecida a bússola, os
navegantes não podiam afastar-se muito das
costas continentais. Só depois da respectiva
descoberta daquele instrumento, o homem tornou-
se senhor dos oceanos, e agora, depois da
descoberta das aeronaves, começa a dominar
também os ares.
Analogamente, quando a Humanidade
descobrir os necessários meios para se por em
contato com outros mundos físicos, como a Lua,
Marte ou Vênus, alargará notavelmente o domínio
das suas atividades e dos seus conhecimentos, e
muitíssimas forças, atualmente ocultas, servir-lhe-
ão para aumentar o seu progresso.3

3
Observe-se que estas páginas foram escritas em 1952.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 35

O que a Humanidade, em conjunto, ainda


não pôde alcançar, nos domínios do Mundo Astral,
torna-se possível – em grau menor ou maior – às
pessoas que chegaram a conhecer as respectivas
forças astrais e o seu manejo.
E é nosso desejo explicar o modo de
descobrirdes aquelas que possam ser-vos úteis e
por vós aproveitadas para fins altruístas.
Meditai sobre o seguinte:
“O que é que contém a semente de uma
árvore? Todas as partes da futura árvore: a raiz, o
tronco, os ramos, as folhas, a flor, a fruta e a
semente; porém, só “em possibilidade”, e não já
desenvolvidas.
O desenvolvimento depende de certas
condições: que a semente seja plantada numa terra
apropriada, que receba o alimento pela raiz e pelas
folhas, que não seja cortada antes de desenvolver-
se, etc. “
Lê-se no Livro Bagavad-Guita: (parte XIII, vs.
31 a 34):
“O Espírito da Alma Universal, ainda que
esteja em qualquer forma corporal da Natureza,
nunca age por si próprio e nunca é afetado por
nada, permanecendo sempre em sua pureza
imaculada. Pela sua natureza essencial, Ele está
acima e além da ação e, sendo sem princípio e sem
atributos, está além da tempestade, das ações e
mudanças. – O Éter Universal não é afetado pela
ação dos objetos que estão nele e nos quais está.
36 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Igualmente a Alma Universal, em que estão


todas as formas materiais e que está em todas elas,
permanece inafetada, intacta pelas ações e
mudanças dessas formas, porém as conhece todas,
como o Conhecedor conhece o Conhecido.
Como apenas um Sol ilumina o mundo
inteiro, assim o único Espírito ilumina toda a
Natureza.
E quem, mediante a Sabedoria Espiritual,
percebe essa diferença entre a Alma e a Matéria,
entre o Espírito e a Natureza, entre o Conhecedor e
o Conhecido, percebe também como a Alma se
liberta da matéria e da personalidade, e alcança a
Consciência Espiritual, em que tudo se vê como
Uma só Realidade, sem ilusão e erro. “
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 37

CAPÍTULO VI

SOBRE A VIBRAÇÃO
O elemento cósmico, chamado Força, tem
dois atributos principais: atração e repulsão. Um
deles, aquele que repele, é positivo, o outro, o que
atrai é negativo. Estes dois grandes opostos estão
agindo constantemente no espaço, produzindo a
vibração, e todas as coisas no Universo são o
resultado dessa vibração.
No começo, existia o Ser Eterno e Único,
contendo em Si as possibilidades de todos os seres.
Para criar, a Unidade apareceu como Dualidade,
isto é, como princípio positivo e negativo, idéia
masculina e feminina. E essas duas idéias ou esses
dois princípios opostos procuram-se um ao outro,
formando assim a Criação. Mas, ao aparecer a
Eterna Unidade como Dualidade, não deixou de
continuar como Unidade, pois o Eterno Criador
sempre se manifesta como Princípio Masculino e
Feminino, mas em Si mesmo, imanifesto, sempre é
Um só.
Cada átomo de matéria é polarizado, isto é,
tem dois pólos: um positivo e um negativo. O
positivo representa a sua potencial energia, e o
negativo a ausência da mesma. Na manifestação há
de haver dualidade, pois sem ela tudo seria inerte.
Tudo no Universo está em perpétuo movimento.
38 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Nada pode existir sem um oposto. Se há calor, tem


de haver também frio; se há luz, tem de haver
também escuridão; se há prazer, tem de haver
também morte; se há associação, tem de existir
também separação; se há parte anterior, tem de
haver também parte posterior.
A dualidade sempre envolve em si uma
separação, e a separação é o começo da limitação e
da força oposta à que se manifesta. Esta lei se
resolve na lei da polaridade. Onde se manifesta
uma força ou condição, há necessariamente seu
contrário.
O que se manifesta é positivo e cada positivo
atrai o negativo, e vice-versa.
Mas quando ambos se unem, novamente se
repelem. Repelem-se, porque ambos se tornaram
positivos ou negativos.
Todo o Espaço está cheio de uma substância
invisível, a qual é condensada em formas visíveis
pela Força, e esta age pelos seus dois atributos : a
atração e a repulsão. A forma natural do átomo em
sua condição primária é a de uma perfeita esfera.
Nessa condição, o átomo é positivo no centro e
negativo na superfície, ou negativo no centro e
positivo na superfície. Ele contém em si mesmo a
força do movimento, necessária para que ele seja
percebido pelos sentidos pessoais.
Se não houvesse essa força, permaneceria
imperceptível ao plano físico.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 39

Podemos perceber com os nossos sentidos


materiais somente aquelas coisas cujas condições
vibratórias estão no mesmo plano que nós.
Sabe-se que as cores são apenas diferentes
vibrações da luz, e podemos perceber apenas um
certo número delas, a saber: aquelas que vibram
com a rapidez que os nossos sentidos podem
acompanhar. Mas é certo que há, fora das cores
perceptíveis pelo olho humano, muitas outras
ainda cujas vibrações são mais lentas, ou mais
rápidas do que as vibrações por nós percebidas.
Também os sons são produzidos por
vibrações, sendo alguns perceptíveis pelo nosso
ouvido, e outros imperceptíveis, pelas mesmas
razões que isso se dá com as cores.
E também a saúde e a doença dependem das
vibrações dos átomos do corpo e da mente. Quando
essas vibrações são harmoniosas, produzem a
saúde, e, no caso contrário, isto é, quando as
vibrações são desarmônicas, resulta uma doença.
As pessoas cujas vibrações são concordantes
tem vibrações harmoniosas, ao passo que as
vibrações desarmônicas produzem discórdia. E se
duas ou mais pessoas não estão totalmente
concordantes, mas tem muitos pontos em que
concordam, podem tornar-se harmoniosas,
mudando convenientemente o modo de suas
vibrações, por meio de um reto pensamento.
Quando um exército passa por uma ponte,
tem de quebrar o tempo da marcha, porque se
continuasse na marcha uniforme, a ponte
40 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

começaria a vibrar e, se isso continuasse, ela se


romperia.
Quando os antigos Israelitas rodearam
durante sete dias a cidade de Jericó, e no sétimo
dia, nessa marcha de rodeio, os sacerdotes tocaram
as buzinas e o povo gritou em altas vozes, o muro
da cidade foi abaixo.
A lei da polaridade é a mesma do domínio
físico, como no psíquico, isto é, tanto na natureza
material, como na astral, atraem-se sempre os
opostos e repelem-se os semelhantes, como o pólo
positivo do imã atrai o pólo negativo, e o negativo
atrai o positivo.
Mas o positivo de um imã repele o positivo do
outro, e igualmente, o pólo negativo de um repele o
pólo negativo do outro.
Qualquer pessoa positiva pode influir sobre
outra, negativa. A presença de uma pessoa dotada
de força de vontade pode acalmar dores ou
inquietação de outra, ou de outras cuja vontade é
mais fraca.
A polaridade determina a luta da vida. Desde
a nascença, o ser humano luta entre o sorriso e o
gozo, e entre as lágrimas e a dor. A harmonia do
mundo, segundo a doutrina de Plutarco, é uma
combinação dos opostos (ou contrários), como a
corda de uma lira ou de um arco, que se estende e
contrai. E, como disse o poeta Eurípedes, nunca o
bem está separado do mal, mas convém reconhecer
uma mistura de ambos.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 41

As pessoas que nunca sofreram grandes


dores morais, não são capazes de avaliar os
grandes gozos espirituais daqueles que já
passaram por tais dores, assim como só reconhece
o grande valor da saúde quem provou o sabor da
doença.
Em qualquer condição que estejais, felizes ou
infelizes, recordai-vos que, neste mundo material,
tudo vibra e que, por meio das vibrações se produz
a polaridade, os opostos. Porém que, unindo-se o
pólo positivo com o negativo, se restabelece o
equilíbrio desejado.
Portanto, quando vos visitam provações,
dores, desilusões, não percais o ânimo nem a fé
num futuro melhor.
Meditai sobre as “Nove Beatitudes” do Sermão
da Montanha, onde Jesus Cristo diz :
“Bem-aventurados são os pobres de espírito
(isto é, os que são humildes), porque deles é o
Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que tem fome e sede de
justiça, porque serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão a misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração,
porque eles verão a Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição
por causa da Justiça, porque deles é o reino dos
Céus.
42 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Bem aventurados sois vós, quando vos


injuriarem e perseguirem e, mentindo, falarem todo
o mal contra vós, por Minha causa. Exultai e
alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos
Céus.”
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 43

CAPÍTULO VII

O MAGNETISMO FISIOLÓGICO
É geralmente conhecido o imã ou magneto,
barra de ferro que tem a propriedade de atrair
outro ferro ou aço. Também é conhecida a bússola
ou agulha magnética, que sempre (estando imóvel)
aponta o Norte. Chama-se magnetismo tudo o que
diz respeito às propriedades do magneto ou imã.
Assim, há magnetismo mineral, magnetismo
da eletricidade e magnetismo terrestre. No imã há
duas forças: a de atração, que se manifesta entre
os pólos de nomes opostos, positivo e negativo, e a
de repulsão, que se manifesta entre os pólos de
nomes iguais.
A essas forças damos o nome de força
magnética, e podemos observá-la também no reino
vegetal e animal. Nas flores unisexuais, isto é,
naquelas em que os pistilos (que são femininos) e
os estames (masculinos) estão sobre flores
diferentes, como no salgueiro, no melão, na
abóbora, no milho, vêem-se as flores de estames
inclinar-se para as flores de pistilos, a fim de
deporem nelas o fecundante pólen, e as flores de
pistilos inclinar-se para as de estames, a fim de
receberem esse pólen.
Esta reciprocidade de ação é constituída por
uma comunicação de movimento de uma flor de
44 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

um sexo e uma flor de outro sexo, e esta


comunicação é uma forma do “magnetismo
vegetal”.
A mesma força magnética se manifesta no
reino animal, e até em todo o Universo, pois os
astros que gravitam no Espaço são atraídos uns
para os outros, em razão direta da sua massa, e
inversa do quadrado das distâncias.
A influência magnética do Sol e da Lua faz
sentir-se sobre o movimento dos mares,
produzindo o fluxo e refluxo, que constituem a
maré.
O Sol, concentrando seus raios sobre a Terra,
magnetiza-a e tudo o que ela contém está
produzindo atração e repulsão, porque a Matéria,
sendo negativa, retém ainda esta qualidade, ao
passo que a Vida, ou Força Vital, sendo positiva
forma o pólo oposto.
Os raios do Sol são de natureza elétrica. Esta
eletricidade, concentrando-se principalmente no
equador, produz o eletro-magnetismo, que se
espalha e flui em direção aos pólos da Terra,
magnetizando-a onde por ela passa e gradualmente
transforma a eletricidade em magnetismo puro.
Atingindo os pólos da Terra, volta essa
corrente ao Sol, para ser revitalizada e novamente
enviada à Terra, e este processo continua
constantemente.
O Magnetismo está em relação à vibração,
como a vibração está ao movimento. O movimento
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 45

provindo dum centro produz a vibração, e a


vibração produz algo mais sutil, mais fino, que é o
magnetismo.
O Magnetismo é a vida sem movimento
aparente. E uma força que se manifesta como
calma, paz, vida, calor, saúde e tudo o que é
desejável.
A eletricidade é o elemento positivo,
masculino. Magnetismo, em relação à eletricidade,
é elemento negativo, feminino. A eletricidade não
cura, mas purifica e prepara o caminho para o
magnetismo restaurar, reconstruir, curar.
A eletricidade sempre é projetada para fora,
ao passo que o magnetismo é força atrativa.
A eletricidade é a cabeça, o cérebro, e o
magnetismo é o coração do mundo. Seu segredo é o
Amor. A eletricidade repele, o magnetismo atrai.
Ele há de ser produzido pelas condições
internas em cada um e é o veículo das idéias da
vontade.
As pessoas que tem bastante força magnética
em si podem transmiti-la, em certas condições, a
outra pessoa, que tem pouco dessa força. Para
fazê-lo, isto é, para magnetizar outrem, é
necessário que o magnetizador seja forte, robusto,
senhor de si e bem equilibrado física e moralmente.
As forças magnéticas terrestres entram no
corpo humano pelos pés. Por isso, os Yogis da
Índia andam descalços. Se quiseres viver de acordo
com as leis da Natureza, imitai-os, ao menos em
46 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

alguns momentos, principalmente nos dias que não


são frios, mas também não muito quentes.
Para o efeito ser melhor, andai, durante dez a
quinze minutos, sobre relva úmida. Quem tem
receio de resfriar-se com tal exercício, pode
previamente untar os pés com azeite de oliva ou
outro óleo vegetal.
A quem se torna impossível tal exercício,
devido às circunstâncias em que vive, ande,
durante alguns minutos por dia, descalço no
quarto de sua moradia, mas depois disso, antes de
por novamente o calçado, caminhe um pouco
dentro do quarto, antes de sair ou começar algum
trabalho sedentário. Se repetir várias vezes este
exercício, notará uma sensação agradável de força
no seu organismo.
Também à noite, antes de deitar-vos, podeis
aumentar vossa força magnética, banhando os pés
em água fria, mas depois de enxugá-los, devereis
protegê-los por meio de meias ou carpins.
Lembrai-vos que Jesus lavou os pés de seus
discípulos e disse a Pedro: “Se teus pés estiverem
limpos, todo o teu corpo também estará.” Com
estas palavras simbólicas queria dizer: “Se o teu
entendimento (simbolizado pelos pés) é puro, livre
das manchas dos defeitos, provenientes da
ignorância das verdades espirituais, também os
outros órgãos da tua Alma serão puros, livres de
qualquer força contrária à Luz Divina”.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 47

Como os pés estão em contato com o solo,


assim o nosso entendimento deve estar em contato
com a Luz da Razão Divina.
Meditai sobre os seguintes versículos do
Salmo 91:
“No Altíssimo fizeste a tua habitação:
nenhum mal te sucederá, nem praga alguma
chegará à tua senda, porque o Eterno aos seus
anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem
em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão nas suas mãos, para que
não tropeces com o teu pé na pedra. Pisarás o leão
e a cobra e calcarás aos pés o filho do leão e o
dragão.”
Compreendei que, no sentido espiritual, os
pés significam o entendimento, a inteligência. A
pedra, as doutrinas sagradas ou esotéricas. O leão,
as forças materiais, a cobra, a tentação e o dragão,
os perigos astrais.
48 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO VIII

A RESPIRAÇÃO
Nem todos os homens são conhecedores da
grande importância que tem para a vida, para a
saúde e para a felicidade a correta respiração.
Geralmente os seres humanos respiram da mesma
forma como começaram a respirar quando
nasceram, sendo a sua respiração mecânica,
negativa, propensa a atrair matérias de natureza
elementar, que podem ser, no corpos, causa de
diversas doenças.
Por meio da respiração, o organismo atrai
tudo o que é assimilável ao corpo e à mente. É
natural que a vida inconsciente não possa atrair
elementos conscientes, e, mesmo se pudesse fazê-
lo, não os assimilaria, mas expeli-los-ia, assim com
a árvore não assimila os elementos nutritivos que
não são de sua natureza.
Se abandonarmos o mecanismo do corpo
sempre a ele mesmo, tornamo-nos demasiado
negativos, sem necessária resistência contra más
influências externas, ao passo que, se
regularizamos conscientemente a nossa respiração,
aumentamos a força da nossa Vontade e tornamo-
nos bastante positivos, para repelir do nosso
organismo e do nosso ambiente influências nocivas
e atrairmos elementos úteis.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 49

Quando, respirando profunda e lentamente,


colaboramos conscientemente nas funções dos
pulmões, influenciamos assim o nosso sistema
nervoso, e até as atividades cerebrais, tornando-
nos colaboradores e modificadores do nosso
Carma.
Na nossa época não depende o êxito tanto dos
músculos, como nos séculos passados, mas em
primeiro lugar, depende dos nervos e do cérebro.
Os músculos são a parte animal do homem,
os nervos e a mente (cujo principal órgão físico é o
cérebro) são os instrumentos da nossa evolução
humana, que consiste no domínio de si mesmo,
caráter, moralidade, capacidade de raciocinar,
consciência pura e amor altruísta, qualidades que
formam o Reino de Deus em nós.
Quem domina os nervos e o cérebro, não se
torna vítima da “luta pela existência”, e vence as
tentações. Pelo contrário, a força muscular não
garante a isenção de doenças, nem a vitória sobre o
peso da pobreza.
A respiração consciente é a chave da saúde,
da prosperidade e do êxito. Ela auxilia a
desenvolver os talentos que se ocultam na Alma.
Quanto mais rítmica e regular é a respiração,
tanto melhor e mais regularmente trabalham todos
os órgãos no corpo.
As pessoas cuja respiração é curta são
irritáveis, perturbáveis, mais propensas a
enfermidades, descontentes, ao passo que aqueles
50 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

que estão acostumados a respirar profunda e


lentamente têm ânimo, coragem, prudência, força
nervosa, equilíbrio e confiança.
Com a respiração curta e superficial, os
pensamentos não se concentram suficientemente.
O medo, a perplexidade, a fraqueza de raciocínio
não deixam amadurecer as boas intenções.
Quando a capacidade respiratória
acompanha a atividade cerebral, o sistema nervoso
obtém a possibilidade de desenvolver
constantemente o fluido elétrico, e da atividade dos
nervos e da produção do fluido elétrico depende a
saúde.
A capacidade respiratória não consiste na
extensão dos músculos do peito, mas na
capacidade de receber as substâncias contidas no
ar, o fluido vital, e aproveitá-lo para a boa
circulação do sangue regular a função do coração e
a conveniente energia nervosa.
A respiração profunda e lenta, além de
revigorar os pulmões, aumenta o domínio do
intelecto e incita as inteligências dos órgãos a um
melhor trabalho. O cérebro por si mesmo, por mais
volumoso que seja, não pode produzir claro
intelecto, enquanto a capacidade respiratória for
limitada.
Recomendamos aos leitores que se
acostumem a fazer duas ou três vezes em 24 horas,
o seguinte exercício respiratório:
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 51

Colocai-vos em pé, conservando o corpo bem


ereto, descansando o peso do corpo por igual sobre
ambos os pés. Nesta posição, inspirai
profundamente o ar, esforçando-vos para que
penetre nos pulmões, até as partes mais baixas, e
sem dilatar o peito.
Conservai o ar nos pulmões, durante tantos
segundos, quantos foram os da inspiração (aliás
aspiração), e, em seguida, expeli-o também
lentamente, durante o tempo igual à aspiração e à
retenção, de modo que, se, por exemplo, a
aspiração durou 5 segundos, a retenção do ar dure
também 5 segundos, e a expiração outros 5
segundos. Imediatamente recomeçai, com nova
aspiração, e fazei com que o exercício se prolongue
por 3 vezes 15 = 45 segundos, abrangendo 3
aspirações, 3 retenções e 3 expirações.
Depois descansai alguns segundos
(preferivelmente tantos quantos durou a aspiração,
neste caso, cinco), e recomeçai, nas mesmas
condições. Quando estiverdes acostumados com
esse exercício, fazei-o, dilatando também o peito, e
mais tarde, ide aumentando o tempo de cada uma
das três partes, de 5 segundos para 7, mais tarde
para 10, para 12 e, finalmente, para 15.
Quando estiverdes bem acostumados aos
exercícios indicados, dizei mentalmente:
“Estou em comunhão com as Forças
Universais (ou Cósmicas) de Saúde e Paz, e nesta
abençoada União, afirmo a Paz e a Saúde em mim,
52 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

desejando que sempre se manifeste em mim e no


meu ambiente. Amém! “
(Convém repetir algumas vezes e meditar
sobre essas palavras).
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 53

CAPÍTULO IX

OS PENSAMENTOS E A SAÚDE
Os pensamentos são importantíssimos fatores
na construção e destruição da felicidade humana.
São as forças mais poderosas, que podem ser
aproveitadas para o bem e para o mal. Os
pensamentos são coisas reais, e são capazes de
uma evolução, que é determinada pela força vital
que possuem.
Assim como a qualidade do ar tem grande
influência sobre o estado e o desenvolvimento do
corpo físico, a qualidade dos respectivos
pensamentos tem influência sobre o corpo astral, e,
como o corpo astral é a forma, segundo a qual é
formado o corpo físico, os pensamentos
influenciam também este.
As ações são efeitos dos pensamentos. De
pensamentos bons nascem boas ações, e de
pensamentos maus nascem ações más. E como a
matéria tem influência sobre outra matéria, assim
também um pensamento tem influência sobre
outro. E não basta termos bons pensamentos, é
necessário dar-lhes força vital suficiente para
vencerem os obstáculos que encontram em seu
desenvolvimento.
Como das sementes de uma planta, segundo
a diferença de solo, clima, tempo e liberdade, pode
54 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

crescer um insignificante arbusto pode também


nascer uma alta e robusta árvore. Assim, de
germes homogêneos de pensamento pode
desenvolver-se uma idéia gigantesca ou pode
nascer e vegetar uma idéia efêmera e fraca, e entre
estes dois extremos opostos pode haver
inumeráveis degraus de desenvolvimento,
ascendentes e descendentes.
Quando se trata do crescimento das plantas,
os principais fatores são: a qualidade da semente,
a qualidade do solo e as condições atmosféricas.
Para os pensamentos, o solo é a mente, onde lavra,
semeia e colhe o espírito. Quanto melhor é o
agricultor, melhor é o seu trabalho e quanto mais
elevado é o espírito humano, mais sublimes são os
seus pensamentos. O bom agricultor sabe melhorar
as condições do solo, para produzir melhor
qualidade do gênero plantado. Quanto mais
perfeito é o espírito, melhor é o solo da sua mente.
É fato provado que a saúde depende muito
dos pensamentos da pessoa. Os pensamentos que
nos comunicam outras pessoas, influenciam-nos
sempre, mais ou menos, para o nosso bem ou para
o nosso mal. Muitas pessoas se julgam doentes, e
gravemente doentes, depois de terem lido a
descrição de alguma enfermidade.
No começo, talvez não tenham tal doença,
mas se pensam nela continuamente, é possível
que, por fim, adoeçam verdadeiramente. Em vez de
pensarmos nas doenças devemos antes pensar na
saúde, sermos positivos e não negativos.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 55

Os pensamentos de que habitualmente nos


ocupamos, concorrem muito para nosso bem-estar
e nossa saúde. Os pensamentos do medo agravam
e prolongam muitos sofrimentos. Pensamentos de
malícia e de paixão perturbam a atividade normal
do coração e a circulação do sangue. Pensamentos
de ira e ódio concorrem para a intoxicação do
sangue e diminuem a força digestiva.
Não nos entreguemos, pois, a tais e outros
pensamentos nocivos, e quem contraiu semelhante
mau hábito, abandone-o e cultive só pensamentos
úteis, que devem se ocupar com objetos de bem
pessoal e alheio.
Fazei, diariamente, as seguinte afirmações:
“Sou um filho de Deus, que me ama e quer
sempre o meu bem. Por isso sei que o meu corpo e
a minha mente, enquanto os dirijo conforme as
Leis do Pai Eterno, conservam boa saúde.
Sei que Deus me deu e dá sempre as forças
necessárias para que eu possa manifestar a Sua
Sabedoria e Bondade, e confio nessa Sabedoria e
Bondade em todas as situações da minha vida.
Amém!”
56 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO X

EQUANIMIDADE E IRA
Afirma-se que os filósofos budistas são os
homens mais calmos. Conservam a sua
tranqüilidade e equanimidade mesmo em condições
que levariam outrem a irar-se, zangar-se, agir
impetuosamente ou desesperar. Perguntando-se,
uma vez, a um budista o segredo de sua
equanimidade, respondeu:
- Nunca me entrego ao desânimo, nem à
cólera, nem ao medo, porque para mim não existe
nada que valha a pena de me irar, desanimar ou
temer. A ira é filha da ignorância, o desânimo é
indício de fraqueza da fé, e o medo é a barreira que
o homem põe, por suas próprias mãos, no seu
caminho, impossibilitando-se assim, ele mesmo, de
prosseguir em sua viagem à Luz Divina.
Esse homem tinha educado a sua Vontade de
modo que conseguiu um perfeito domínio sobre
seus pensamentos e emoções, assim como um
hábil campeiro consegue domar um cavalo bravio.
O cavalo domado reconhece a mão forte que
o conduz e o obriga a obedecer. Assim podem ser
obrigados os nossos pensamentos, inclinações e
paixões a obedecer à nossa Vontade e, em vez de
prejudicar, tornam-se servidores da Alma.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 57

Deixados à sua própria vontade indomável,


são nocivos, mas quando domados e bem dirigidos,
tornam-se úteis, porque as suas forças são
transmutadas em elementos de progresso
espiritual.
A ira (ou cólera) é um monstro vingativo, que
faz o coração bater como um malho, e provoca no
cérebro um redemoinho que não deixa o homem
raciocinar.
A ira é a causa de inúmeros crimes e lutas, e
com razão pode-se dizer que ela é a causa da
metade de todo o mal que existe no mundo.
A pessoa irada não distingue a justiça da
injustiça, é semelhante a um cavalo, atrelado a um
carro, o qual, num acesso de loucura, escapa ao
cocheiro e corre a um precipício, onde acha a
destruição de si mesmo e do carro.
O homem irascível não está contente com a
sua situação, com a situação política, econômica
ou social, e queixa-se de tudo. Com tal conduta
rebela-se contra a Lei Divina que dirige tudo no
mundo, e que, sem tolher a liberdade da vontade
humana, sabe melhor do que nós o que convém e o
que não convém que aconteça.
Quem se entrega apaixonadamente à ira, cria,
mediante os seus coléricos pensamentos e
sentimentos, uma larva astral, que o acompanha,
obcecando-o, enquanto ele não a destrói, resistindo
à tentação de encolerizar-se. Quando tal larva
obceca o homem que a criou, este fica “fora de si”,
58 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

perde a noção do que é justo e do que é injusto, e,


em tal estado, pode fazer muitos males.
E quando passa a obsessão da cólera, o
homem sente-se enfraquecido, porque a paixão da
ira, como qualquer outra paixão, é um vampiro que
suga as forças da sua vítima.
A ira produz uma espécie de intoxicação do
sangue, e em certos casos, pode provocar a morte.
As inclinações para a ira podem ser vencidas
somente pela força espiritual do Bem, que cada
ente humano tem em si. Quem reza sinceramente:
“Não a minha, mas a Tua Vontade, ó Deus, seja
feita”, e: “Pai, Tua vontade seja feita, como no céu,
assim também na terra”, compreende que o Divino
Pai não está longe, sobre as nuvens do firmamento,
porém está sempre presente no íntimo de todas as
almas.
Quem assim reza e sacrifica a sua vontade
pessoal à Vontade Divina, vence toda inquietação,
excitação e inclinação irascível, e sentirá no centro
de sua alma uma Paz abençoada, Calma
Imperturbável, Iluminação Suprema, que faz fugir
do templo da alma todas as feras das paixões e,
portanto, também as da ira.
O homem que entregou a sua vontade pessoal
à impessoal Vontade Divina, não é mais capaz de
sentir ódio, vingança ou cólera, mas em tudo e
sempre, reconhece o governo da Divina Lei de
Causa e Efeito, a Lei do Carma, e cultiva as
virtudes da paciência, bondade, calma e amor
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 59

fraternal, para o seu próprio bem-estar e o bem-


estar de todo o seu próximo.
Quem apagou para sempre, em sua alma, o
fogo da irascibilidade, vive em profunda paz, não
há nele nada que se rebele.
A sua natureza animal está para sempre
domada pela natureza divina, e a Compaixão, de
mãos dadas com o verdadeiro Amor altruísta,
tornou-se-lhe um fiel guia na senda da Vida.
Segui, prezados irmãos, o conselho de André
Jackson Davis:
“Conservai, em todos os casos, a
equanimidade: caminhai com ela, e em tudo confiai
nela”.
60 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XI

A FORÇA DE VONTADE
A Vontade é a maior força mágica. O primeiro
preceito da Cabala é: “O que tu sempre quiseres
ser, um dia o serás, se não quiseres o impossível. “
Por Sua Vontade, Deus criou o mundo. E,
como Ele criou o Homem à Sua semelhança, assim
também o Homem é dotado dessa grande força.
O Homem domina tudo que está abaixo dele
na escala do intelecto, por meio da sua Vontade.
Por meio dela, pode dominar também as condições
da sua vida, como: a saúde, a harmonia e as
possibilidades do seu progresso material e moral.
Quem quer Ter uma Vontade forte, que possa
vencer a doença, a pobreza e outras coisas
desagradáveis, deve exercitá-la, evitando todo o
enfraquecimento dela, e impondo-se a si mesmo as
condições que possam manifestá-la.
Para melhor esclarecimento destas palavras,
sirva o seguinte conto:
“Um eremita, que morava numa ermida em
cima de uma alta montanha, certa manhã, quando
o Sol nascente dourava com os seus raios o cume
do monte, cheio de neve, saiu da sua cela e
observou como a luz descia das sublimes alturas
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 61

para a profundeza do vale. Lá embaixo, encoberta


ainda pela escuridão da noite mortal, estava a
aldeia onde nascera, e o ermitão disse a si mesmo:
- Santa é a minha vida nestas alturas, onde
estou livre de todo contato com seres e coisas que
poderiam manchar-me, mas lá embaixo, na aldeia,
vivem homens e mulheres, ainda imersos nas
paixões e ilusões da vida material, quase como
vivem os animais, cuidando só de encher o
estômago e satisfazer os instintos de conservação e
de reprodução. Também o meu irmão Valentino
passa lá a sua existência, ocupando-se com a baixa
profissão de sapateiro, sem conhecer os gozos
sublimes das alturas espirituais em que vivo.
Descerei para visitá-lo e, se possível for, convencê-
lo que deve abandonar essa região baixa e impura,
e vir morar comigo aqui, nestas alturas, tão
próximas do Céu.
Como o eremita não queria ir à casa do irmão
sem levar um presente digno e santo, apanhou um
punhado de pura neve (que é o símbolo da força
adquirida pela castidade) e, pondo-o num pano de
linho, foi descendo ao vale. Sempre mais ardente
brilhava o Sol, ao passo que o eremita descia, mas
a pureza da sua alma o circundava como uma
vestidura de gêlo, e a neve que trazia conservava-se
sólida.
Assim veio à casa do irmão e, pronunciando
as palavras de bênção à casa e a seu morador,
entrou. Ali dentro estava sentado seu irmão
Valentino, ocupado, como de costume, com o seu
62 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

trabalho profissional de confecção de calçados. Os


dois irmãos cumprimentaram-se cordialmente,
abraçando-se. O ermitão desatou o pano e mostrou
ao sapateiro a neve, cujos brancos cristais não
derretiam, apesar da atmosfera quente e seca da
casa, onde o sapateiro estava preparando seu
almoço numa panela colocada sobre brasas
ardentes, no meio da sala. Ufano, disse o ermitão:
- Colhi esta neve na pureza da altura da
montanha onde moro.
O sapateiro, sorrindo, queria responder;
quando apareceu à porta uma linda jovem. Rindo e
gracejando, aproximou-se do sapateiro e desnudou
seu pé para Valentino lhe tomar a medida para um
par de sapatos novos. O Sapateiro olhou-a com um
puro sorriso de criança, conversou com ela
amistosamente e tomou-lhe a medida. Quando a
jovem se ausentou, disse Valentino ao seu santo
irmão:
- A tua neve está derretendo-se.
E, realmente, assim foi. Então o eremita se
pôs a recitar preces, em cuja força confiava, com
íntima concentração, a fim de reconquistar o seu
domínio próprio. Mas grande foi a sua surpresa
quando Valentino tirou com sua mão, do fogo que
ardia fortemente, uma brasa viva e a pôs entre o
seu peito nu e a camisa, tapando esta com o
casaco, e recomeçou o seu trabalho, servindo os
fregueses que entravam.
Quando estes sairam, abriu a camisa e tirou
a brasa, que se havia apagado. O eremita pôde ver
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 63

que apesar de ter sido posta ainda ardente não


tinha queimado nem o peito nem a camisa do
sapateiro.
Compreendeu, então, que seu irmão, a quem
considerava moralmente muito mais baixo,
irradiava um tão forte frio de pureza espiritual, que
o fogo da tentação em sua proximidade
imediatamente esfriava e nenhum mal podia
produzir-se.
- Agradeço-te, irmão, que vieste para fazeres
alguma coisa útil a mim, porém Deus está em toda
parte e o Caminho que a Ele conduz não é igual
para todos. Eu cumpro o meu dever, trabalhando
aqui como simples sapateiro pobre pois este é o
meu caminho.
Tu deves, talvez, passar tua vida solitária,
nas alturas da montanha. Faze o que tu consideras
que convém a ti. A Paz seja contigo!
Então, o eremita inclinou-se profundamente
perante o irmão e disse:
- Grande e verdadeiro é o ensino que acabas
de dar-me, querido irmão. Altivo vim eu cá,
humilde me retiro.
É fácil conservar a pureza e o domínio de si
mesmo na solidão do cume de uma montanha e na
densidade de uma selva, mas difícil é a arte de
viver puro, sábio, fiel ao seu Ideal e cheio de Paz no
coração, no meio das agitações inquietas do
mundo, onde a todos os passos se topa com
tentações, obstáculos e adversidades.
64 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Desde já estou decidido a abandonar a minha


ermida no cume da montanha e estabelecer a
minha residência entre os homens.
Agora compreendo que para progredir
verdadeiramente, o amigo da Perfeição tem que
aprender no mundo e, contudo, não ser do
mundo, porque a “montanha sagrada”, em cujas
alturas o Discípulo da Sabedoria deve morar, não
está no exterior, mas deve ser procurada no interior
da Alma”.
Sirva este conto como exemplo para todos os
estudantes.
A força da Vontade não pode ser adquirida, se
fugirmos de todas as responsabilidades de
demonstrá-la e praticá-la.
Não nos ausentemos da vida na sociedade,
preferindo, talvez, viver em solidão contínua, não!
Tal solidão seria apenas mãe de muitas ilusões, e
não nos adiantaria no Caminho do progresso.
É necessário, sim, de vez em quando, nos
isolarmos dos turbilhões da vida da atual
sociedade, mas não para perpetuar essa solidão,
porque nela, em vez de crescer e desenvolver-se
regularmente, a nossa Alma perderia a força de
resistir às tentações quando, voltando ao labirinto
mundano, elas se apresentassem.
Meditai sobre as seguintes palavras que
Jesus pronunciou nas últimas instruções aos seus
discípulos:
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 65

“Se o mundo vos aborrece, sabei que,


primeiro do que a vós, me aborrece a mim. Se vós
fosseis do mundo, o mundo vos amaria, mas
porque não sois do mundo, vos escolhi, por isso o
mundo vos aborrece”.
E meditai também sobre as seguintes
palavras de Jesus, proferidas na oração que fazia
pelos discípulos:
“Pai santo, guarda em Teu nome aqueles que
me deste, para que sejam um, assim como Nós ...
Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo os aborreceu,
porque não são do mundo, assim como Eu não sou
do mundo. Não rogo que os tires do mundo, porém
que os livres do mal. “
Assim como Jesus Cristo viveu no mundo,
mas não era do mundo, porque a Sua Vontade era
fazer a Vontade do Pai, também Seus discípulos
deviam viver no mundo, mas não se entregar às
tentações desse mundo.
Imitemos os seus bons exemplos; assim se
fortalecerá o poder da nossa Vontade e, por meio
dela, nos tornaremos senhores do nosso Destino.
66 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XII

A FORÇA DA FÉ
A Fé é uma firme confiança em Deus, como a
fonte de todo Bem. É uma vista espiritual que
anuncia à Alma o que reconhece como verdade. É
uma convicção interna sobre fatos que
materialmente ainda possam ser desconhecidos.
A Bíblia diz: “O justo viverá de fé”; isto é:
Quem cumpre com a lei da justiça espiritual
convicto de que nenhuma mal o pode afligir, vive a
verdadeira vida, que é o conhecimento da Verdade
e a prática do Bem.
Se alguém julga ter fé, mas não pratica boas
obras, a sua fé é morta, e não merece o nome de fé.
Jesus Cristo curava os enfermos, quando
tinham fé, mas onde esta faltava, Ele, apesar de
poderosíssimo, nada podia fazer por aqueles que
sofriam, como os evangelhos nos contam. E,
muitas vezes, declarou: “A tua fé te curou”.
Sem a fé, nada se consegue, nem no mundo
material, nem no psíquico (que é do domínio da
alma e inclusive o do corpo astral).
Disse Jesus Cristo: “Se a vossa fé for da força
duma semente de mostarda, e disserdes a este
monte: “Move-te!”, ele se moverá”.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 67

E em outra ocasião: “Se tiverdes a fé, podereis


fazer as obras que faço e até maiores”.
Poderia ser explicada com maior clareza a
força da fé? Por que, pois há tanta gente, no
mundo, que vive doente, pobre, miserável, ao passo
que outras tem abastança, saúde, cultura?
Quem vê estas coisas pelo prisma espiritual,
reconhece que este estado de coisas é devido a
duas causas:
O Carma, que é a Lei da Causa e Efeito, e
regulariza as ações de uma ou mais encarnações, e
a falta de verdadeira Fé na possibilidade de um
melhoramento da situação.
É preciso termos a Fé nessa possibilidade,
pois, por meio da Fé, pomos em atividade as mais
sublimes forças da alma.
“Vivemos demasiadamente no mundo
material, e a nossa alma fica presa pela ilusão de
que os limites da matéria sejam também os limites
dela mesma. A alma identifica-se tanto com o
corpo, que imagina que as limitações do corpo
também sejam limitações dela. Não conhecendo a
sua própria e verdadeira natureza espiritual, nem
as qualidades e forças da mesma, não tem fé em si
mesma e em seu poder.
Porém, no estado sonambúlico ou extático, ou
sob a influência de certas emoções, pode, por
algum tempo, esquecer essa ilusão de que é fraca e
que a sua atividade é limitada. Sob a influência de
uma nova fé, opera, então, prodígios: o corpo pode
68 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

perder o seu peso e elevar-se, nos ares, desafiando


as leis da gravitação. Pode aparecer a alguma
distância. Pode ver e ouvir e até agir a uma
distância notável. Milhares de pessoas foram
testemunhas de tais fenômenos”. – (Dr. P. Braun:
Die Macht des Willens).
O autor, cujas palavras citamos, continua
dizendo:
- “Em tais estados podem ser curadas
enfermidades que anteriormente não conseguiram
cura pelos melhores sistemas ou métodos
conhecidos. Pode-se entrar em cavernas de animais
ferozes, sem que a pessoa que entra seja atacada
ou ferida. O corpo resiste à influência do fogo e do
calor e pessoas se deitam no chão para fazer
passar por cima delas um carro pesado, e nada
sofrem”.
E tudo isso depende da fé. A pessoa
hipnotizada tem fé que pode fazer o que se lhe
ordena e, por isso, não encontra obstáculos ou
impossibilidades, a não ser aqueles que dependem
do seu caráter. Assim, por exemplo, não se atreve a
assassinar alguém, por mais forte que seja a ordem
do hipnotizador, se no seu íntimo nunca tenha
concebido a idéia de fazê-lo.
Quem duvida do êxito de sua obra, não
alcançará sucesso. Quem se sugere a si mesmo
que não pode conseguir a cura de sua enfermidade,
já por isso se condena a sofrê-la. Porém, quem,
cheio de fé, esforça-se por combatê-la, seja por
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 69

meio de remédios, seja por meio de outros


sistemas, há de curar-se.
Não penseis, como muitos pensam, que é
Deus quem nos manda as enfermidades e outros
males: oh, não! Ele é sumamente bom, e, por isso,
é impossível que algum mal provenha da Sua
Vontade.
Todos os males são produzidos por nossa
ignorância espiritual, e, devido à lei da Causa e
Efeito (Carma), cada um colhe o que semeou.
Semeai grãos de boas obras e colhereis (em uma ou
outra encarnação) os respectivos bons resultados.
Sabei, queridos irmãos, que podereis
modificar as circunstâncias da vossa vida, se
banirdes da vossa mente todos os pensamentos de
medo, desgosto e aflição, como também todos os
pensamentos de ódio, ciúme e inimizade, e se
tiverdes Fé em Deus sempre, mesmo que
dificuldades materiais vos imponham cuidados.
Qualquer que seja a circunstância em que
vos acheis, lembrai-vos de que podeis remover os
obstáculos, cumprindo fielmente os vossos deveres,
trabalhando com Fé e realizando na vossa mente
os ideais de saúde, força, harmonia, amor, paz,
bondade e honestidade.
Não duvideis da Justiça e da Bondade da
Providência Divina, e vereis, mais cedo ou mais
tarde, realizados os vossos nobres ideais.
A Paz seja convosco!
70 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XIII

A TOLERÂNCIA
Tolerância é a indulgência por aquilo que não
se pode ou não se quer impedir, e, no sentido
filosófico, a condescendência, em virtude da qual
se deixa a cada um a liberdade de professar as
idéias filosóficas ou a crença religiosa que preferir.
Por causa da falta de tolerância, aconteceram
perseguições religiosas e políticas, de tristes
conseqüências.
O ocultista deve ser tolerante para com todas
as crenças, porque cada crença e religião é ou pode
ser útil a quem a professa, se não se torna fanático
ou intolerante para com outras crenças.
Se um católico romano reza à Virgem Maria,
um protestante a Jesus, um hindu a Vishnu e um
fetichista a um ídolo, Deus os ouve a todos e,
conforme a fé de cada um, concede-lhes ou nega o
que lhe pedem.
Não é possível obrigar alguém a abraçar uma
crença, contra a qual se rebela a sua alma ou o seu
intelecto. Há pessoas que precisam crer num Deus
em forma humana, porque de outro modo não
satisfariam as necessidades emotivas de sua fé, ao
passo que outras há que consideram o
antropomoformismo religioso uma aberração da
imaginação.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 71

O ocultista deve esforçar-se por unir os


postulados da sua razão com os impulsos do
coração e consegue-o por meio da compreensão da
sublime Doutrina que nos ensina que Deus está
em tudo, onipresente, como o ar está em todos os
seres vivos.
Mas assim como um ser qualquer, embora
contenha em si ar, não é o ar, também nenhuma
criatura, apesar de estar nela Deus, pode dizer:
“Eu sou o único Deus”; mas pode dizer: “Eu sou
uma manifestação de Deus ou uma partícula de
Deus”.
Muitas vezes se diz, nas obras ocultistas, que
a Alma é para Deus o que uma gota é para o mar;
mas compreenda-se bem: a gota que está no mar,
não forma, por si, só, esse mar, mas comunga com
as propriedades que tem cada outra gota e, neste
sentido, é da mesma natureza do mar.
Devemos ser tolerantes para com as crenças e
opiniões alheias, mas esta tolerância não nos
obriga e aceitá-las, se não correspondem aos
anelos da nossa alma. E temos o direito de expor,
sem fanatismo e sem malquerença, as nossas
razões e opiniões a quem queira ouvi-las.
A uma coisa não devemos ser tolerantes, a
saber : aos nossos próprios erros, às nossa
próprias fraquezas morais, porque, se as
tolerarmos, não poderemos progredir na Senda do
Progresso.
Cada má inclinação, cada mau desejo que
nutrimos, é uma forma da nossa Vontade, que
72 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

assumiu aspecto determinado e rebelou-se contra o


nosso verdadeiro “Eu”, criando uma espécie de
Estado no próprio Estado. A Vontade é uma força,
e pelo nosso esforço de vencermos essa forma de
vontade, dispersa-se a força que deu a forma ao
referido desejo, volve à sua origem, isto é, torna-se
novamente nossa força. Para cada ato de domínio
próprio, fortalece-se a nossa Vontade, e pelo
contrário, enfraquece se cedemos às inclinações
más ou baixas.
O ocultista não rejeita uma doutrina, sem
estudá-la e experimentar as suas afirmações, mas
também não acredita cegamente, só porque uma
coisa foi proclamada como verdade por alguém, por
mais sábio que seja, nem porque algum espírito
desencarnado, anjo ou arcanjo assim afirmou,
mas, em todos os casos, aceita como verdade o
que, depois de madura reflexão, estudo e prova,
tem que reconhecer como fato e realidade.
Muitas vezes discordam os homens sobre algo
que, sem o saberem, é o que todos, no íntimo da
alma, reconhecem como verdade, mas que cada um
designa com outro nome. Para elucidação, sirva o
seguinte conto:
“Quatro homens de diferentes nacionalidades:
um árabe, um turco, um persa e um grego, que
não compreendiam suficientemente bem a
linguagem dos outros, estando num hotel,
resolveram cear juntos, mas não conseguiam
determinar unanimemente a espécie do alimento.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 73

O árabe propunha enab, o turco, yzym, o persa,


anghur, o grego slafylion.
Estavam ainda disputando, quando
avistaram um jardineiro que vinha acompanhando
um burro e, parando, retirava do dorso do animal
canastras cheias de cachos de uvas.
Então exclamou o árabe:
- Vêde, ai temos o
enab! Disse o turco:
- Mas isso é yzym!
O persa explicou:
- É o anghur!
E o grego exclamou:
É o meu slafylion!
E escolhendo a quantidade conveniente
dessas uvas, que todos tanto desejavam comer,
pegaram-nas e puseram-se a saboreá-las,
novamente como bons amigos.
A disputa tinha surgido somente por causa
dos diferentes nomes de uma mesma coisa”.
Meditai sobre os seguinte tópicos do
“Bagavad-Guitá”:
“Disse o Divino Verbo a Arjuna: A Mim
unicamente adora e em Mim procura o refúgio,
quem comigo está unido pelo laço de amor. A esse
darei a Ventura imperecível. Entretanto, não te
esqueças, ó caríssimo, de que mesmo aquele que
74 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

adora outros deuses, porque não Me conhece, a


Mim adora, sem o saber. Se ele assim faz com fé e
amor, aceito a sua adoração e o recompenso, como
merece. Pois, Eu sou o Senhor de todos os
sacrifícios, e os recebo todos. Mas aqueles que não
Me conhecem em verdade, não podem chegar a
Mim e, por isso, hão de caminhar de renascimento
em renascimento.
Cada um chega ao objeto de sua devoção. Os
que adoram deuses pessoais e os que adoram os
antepassados, com eles morarão. Os que adoram
os espíritos inferiores, à sua esfera irão. E aqueles
que adoram a Mim, em minha Essência, comigo se
unirão.
Sabe também, ó Arjuna, que aceito toda
oferenda que se me oferece com amor, seja uma
folha, uma flor, uma fruta ou apenas uma gota de
água. Eu não olho o valor da oferenda, mas olho no
coração de quem faz a oferta. Eu olho a todos os
meus filhos no mundo, a todos os viventes, com
igual amor e sem parcialidade.
Todos Me são igualmente caros, não repilo a
ninguém, e a ninguém prefiro. Aqueles, porém, que
Me adoram e a Mim se dedicam, estão em Mim, e
Eu neles”.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 75

CAPÍTULO XIV

ALGUNS CONSELHOS PRÁTICOS


Quem, verdadeiramente, deseja tornar-se
bom ocultista, deverá dirigir-se pelos seguintes
conselhos:
Ser humilde e modesto. Ouvir e pensar mais
do que falar. Quando falar, ser sincero. Evitar tudo
que possa ferir o sentimento de outrem.
Acostumar-se a ouvir opiniões alheias, sem as
contrariar. Dar sua opinião, quando for pedida,
mas não a impor nem por eloqüência, nem por
desejo de mostrar que sabe mais ou que é mais
adiantado do que o outro.
Viver de modo que não se deixe iludir pela
ambição, pelo desejo de êxito, ou pelo amor de
glória ou distinção, na sua atividade pessoal ou
social, mas preferir sempre antes servir do que
brilhar.
Não deve dar grande importância aos bens
materiais, mas deve usá-los com prudência, para
os fins de utilidade sua e alheia, de conformidade
com a sua posição social. Deve dominar-se a si
mesmo e ser tolerante com os erros dos outros.
Deve conservar sempre a equanimidade,
aconteça o que acontecer. Viver no presente, e não
se queixar do passado.
76 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Esforçar-se sempre por ouvir, e cada vez mais


clara, a voz da sua consciência, que lhe fala no
silêncio. Nunca esquecer que Deus se manifesta
aos que são amigos da paz, harmonia, verdade e
justiça.
Um verdadeiro ocultista está sempre alegre e
esperançoso, e, com a sua alegria, vence as
tristezas que encontra, tanto em si próprio, como
em outros. Se cultivardes o dom da constante
alegria no vosso coração, facilmente afastareis
qualquer acesso de dor, melancolia ou
perturbação, e a vossa presença, vossa palavra e
vossa ação poderão acalmar as dores alheias.
Nunca se deve dizer a um doente algo que
diminua a sua coragem e esperança de sarar. Pelo
contrário, aconselhai-lhe que não se aflija, que não
se perturbe, mas que tenha confiança em sua cura.
Dirigi-lhe pensamentos sadios, generosos e
esperançosos. Se não for possível revestir tais
pensamentos com palavras, dirigi-vos ao doente
mentalmente, nos momentos oportunos e
principalmente quando estiver dormindo.
Se vós mesmos sentirdes alguma enfermidade
ou irregularidade das funções do vosso organismo,
concentrai-vos sobre o lugar afetado, respirai
profundamente e ordenai, mentalmente, ao
respectivo órgão que trabalhe normalmente. Falai
com os vossos órgãos – mentalmente - como se
falásseis com um empregado vosso, esforçando-vos
para lhe expor a necessidade de funcionar bem,
para a coletividade, de que é a vossa personalidade.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 77

Expressai vosso desejo de que o sangue


circule livremente, que os tecidos gastos sejam
expelidos e substituídos por novos, que a harmonia
geral seja restabelecida, etc. Depois de repetirdes
algumas vezes tais “colóquios”, afirmai (sempre
mentalmente) que a saúde começa a restabelecer-
se, que as dores estão diminuindo e
desaparecendo, que o respectivo órgão recupera a
sua força normal e que, em breve, o corpo estará
perfeitamente são.
Onde for possível, fazei, ao mesmo tempo,
passes magnéticos, na respectiva região do
organismo.
Semelhante tratamento pode ser aplicado
também para outras pessoas.
Como diz A. Victor Segno, na sua obra “A Lei
do Mentalismo”:
“Nunca se deve permitir que permaneça no
quarto a pessoa que não tenha pensamentos
favoráveis para o restabelecimento do paciente. Se
o paciente tiver Vontade forte e confiante em si,
não será tão afetado pelos comentários e
pensamentos adversos, como a pessoa que tiver
Vontade fraca. Se o paciente tiver Vontade forte,
apressará seu próprio cérebro. Na verdade,
qualquer pessoa que tenha Vontade forte, viverá,
embora passe por todos os acidentes ou moléstias
que matariam a outra, de Vontade fraca.
Em casos de dor, como sejam cãibras,
nevralgias, reumatismos, dor de cabeça, de dentes,
78 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

ou de ouvidos, etc., o Mentalismo será muito


efetivo.
Todas essas dores resultam de uma
congestão que produziu inflamação dos tecidos e
nervos. A circulação do sangue deve ser estimulada
nas partes congestionadas para que a obstrução
seja logo removida.
A mente do paciente deve ser dirigida para as
partes afetadas, com o fim de governá-las.
Para que isso seja mais efetivo, deve colocar a
mão sobre a parte doente, fixando nela o
pensamento a fim de que a circulação aumente,
dissolvendo a congestão e desfazendo a dor.
Deve ter a mente firme na parte afetada,
porém, logo desviar o pensamento para outra coisa,
dizendo-lhe: A dor já passou, e logo ficará bom.
Deve dizê-lo com confiança, para que o
pensamento se grave na mente dele. Tendo
conseguido isso, o paciente concordará que a dor
passou e ficará bom”.
O ocultista deve cuidar sempre de ter boa
saúde. Para este fim, podeis, em momento
conveniente, fazer o seguinte tratamento
preventivo:
Tomando uma posição cômoda, respirai
profunda e lentamente, e repeti algumas vezes o
seguinte Mantra:
“Eu absorvo do Universal Reservatório da
Energia, uma provisão suficiente de Força Vital,
para animar e fortalecer o meu corpo, dando-lhe
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 79

mais saúde, mais vigor, mais atividade, mais


energia e mais resistência. Amém!”
Em seguida, concentrai a idéia sobre a
grande provisão de Energia Vital (ou Prânica) no
Universo, que está cheio dela.
Elevai os pensamentos às regiões mentais
mais altas, esforçando-vos por imaginar-vos dentro
de um lago, onde, em lugar de água, esteja um ar
puríssimo e onde incessantemente desçam raios de
Força Vital, banhando-vos e produzindo em vós
uma sensação de agradável corrente magnética,
que vos enche de alegria, vigor e energia.
Permanecei alguns momentos nesse estado e,
em seguida, levantando-vos, agradecei a Deus, com
as seguintes palavras:
“Graças Te dou, meu Pai, que me forneces,
agora e sempre, as forças necessárias à
conservação e restauração da minha saúde.
Unido com as Tuas Forças, sempre serei
sadio, a fim de trabalhar para o Bem da
Humanidade. Amém!”
80 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XV

O PODER DA PALAVRA
Toda palavra tem um poder. Não existe
palavra que não manifeste uma força, porque em
cada uma há um princípio ativo e causativo, uma
espécie de arma de dois gumes podendo ter um
efeito benéfico ou maléfico, segundo a intenção e o
manejo.
E o efeito da palavra pode recair sobre quem
a emite ou sobre outra pessoa.
A palavra produz um efeito na nossa mente
pensante, no nosso caráter e na nossa vida eterna,
ou no mundo exterior, nas circunstâncias em que
nos encontramos e na formação de acontecimentos
futuros.
Pronunciar uma palavra é evocar um
pensamento e torná-lo presente.
“As palavras – diz um notável ocultista – que
brotam do nosso coração e se expressam
exteriormente, como até as que, sem serem
expressas e comunicadas, são acariciadas e
mantidas no nosso ser íntimo onde tomam, por
assim dizer, raiz, e se manifestam inevitavelmente,
tanto em nossa maneira de agir, como em nosso
comportamento e nossas ações.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 81

Todas estas palavras são instrumentos e


materiais construtivos, influências favoráveis ou
desfavoráveis, que agem constantemente em nossa
existência física, moral e social, contribuindo para
estabelecer e manifestar o que afirmamos, e
destruir e afastar de nós aquilo que, com as
mesmas, negamos.
Nosso corpo e nossa vida atual são, muito
mais do que possamos crer e pensar, o resultado
de nossas palavras, expressas ou somente
pensadas, porém todas igual e fielmente recolhidas
pelo nosso “eu subconsciente”, que trabalha
ininterruptamente em produzir efeitos e condições
em harmonia com as mesmas. Por conseguinte,
todas as nossas palavras atuais são as que
preparam, amoldam, modificam e atraem as
condições, circunstâncias e acontecimentos que
nos esperam no futuro: o que se chama sorte ou
fado. Compreenda-se que a palavra fado, em latim
fatum, etimologicamente significa: “o dito” (pois,
em latim, fari significa: “dizer”).
O que se chama fado, é pois em última
análise, aquilo que nós mesmos dissemos, seja por
meio de palavras pronunciadas, ou somente
pensadas, que sairam do nosso coração”.
As coisas são, para cada um de nós, aquilo
que a palavra as faz ao mencioná-las.
As palavras de um homem podem ser
benéficas ou maléficas, segundo as influências
ocultas dos seus elementos.
82 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

O uso consciente e inteligente do poder da


palavra consiste em sabermos escolhê-las e
discerni-las, de modo a serem sempre conformes
ao que realmente queremos e desejamos que se
faça e aconteça, isto é, devem ser as nossas
palavras positivas e construtivas, afirmando
sempre o que seja o melhor nas circunstâncias
dadas.
Visto que em cada palavra reside um
princípio latente de força criadora, convém que nos
acostumemos a falar com reflexão, evitando tudo
que seja contrário ao bem, harmonia, verdade,
amor ou justiça.
Pensemos e falemos de modo que nossas
palavras estejam de acordo com a Eterna Verdade,
que constitui a Realidade Suprema de tudo que
existe, pois desta maneira, essas mesmas palavras
serão como asas que nos elevarão a uma sempre
mais perfeita e clara compreensão do que
expressam e tornar-se-ão para nós fonte de inefável
felicidade.
Fujamos sempre da tendência de murmurar
contra a Providência ou criticar atos alheios por
mera ambição ou hostilidade e, sobretudo, não
caluniemos, nem menosprezemos a ninguém.
Sejamos sempre otimistas mesmo quando as
circunstâncias nos sejam desfavoráveis.
O otimismo, que é a alegria íntima, serena e
inalterável, é uma expressão natural da Divina Luz
que nos ilumina as almas. Lembremo-nos de que
nenhuma coisa tem verdadeiro valor em si mesma,
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 83

porém que o valor dela depende da nossa maneira


de considerá-la e usá-la, e que não há coisa mais
valorosa para nós, isto é, para a nossa alma, do
que a paz do espírito, porque quando a nossa
mente está tranqüila, reflete em si tudo que nos é
necessário saber e possuir. E, com pensamentos
concentrados nas Forças Divinas, pronunciemos as
palavras de pedido ou agradecimento e seremos
ouvidos por Deus.
Ponhamos sempre a nossa confiança no
Eterno Dador de tudo que é bom, e esperemos
obter d’Ele o que precisamos.
Naturalmente, isto não quer dizer que não
nos esforcemos para obtê-lo, esperando inativos,
pelo contrário, façamos, por nossa parte, o que
devemos fazer, mas façamo-lo convencidos de que
a Grande Atividade Causativa aceitará os nossos
justos esforços e nos auxiliará a conseguirmos o
que anelamos.
Não falemos mais do que é necessário,
evitemos toda indiscrição sobre as coisas íntimas
da nossa própria vida ou da vida alheia.
Não nos esqueçamos que é “no Silêncio” que
se deve falar com as Potências Invisíveis.
Meditai sobre as seguintes palavras de Jesus
Cristo:
“Quando orares entra no teu aposento e,
fechando a tua porta, ora a teu Pai, que está
oculto, e teu Pai, que vê secretamente, te
recompensará”.
84 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

“Não andeis inquietos, dizendo: Que


comeremos? Ou, que beberemos? Ou, com que nos
vestiremos? Pois vosso Pai Celestial bem sabe que
necessitais de todas essas coisas.
Mas buscai, em primeiro lugar, o Reino de
Deus e Sua Justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas”.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 85

CAPÍTULO XVI

O PODER DA ATRAÇÃO
Quem não saberá o que é atração? A física a
define como força, em virtude da qual os corpos e
as moléculas se atraem reciprocamente.
A atração molecular, ou força de coesão, é a
que se exerce entre todas as partes de um mesmo
corpo, pelo contato imediato.
Atração elétrica é aquela pela qual os corpos
elétricos atraem os corpos leves. Atração magnética
é aquela pela qual o imã atrai o ferro. E atração
psíquica é a força pela qual a alma atrai os
elementos sutis da Natureza.
A atração é, pois, uma força universal, assim
como a força oposta, que é a repulsão.
Cada aspecto do mundo físico, desde o
minúsculo átomo até o mais enorme sistema solar,
emite suas mensagens de atração. O mundo está
em atividade incessante.
Não só cada organismo, mas até os átomos
que o compõe estão em perpétuo movimento,
produzido por atrações e repulsões.
E, como o Universo sempre está cheio, não
havendo um vácuo absoluto, é uma das leis
naturais que, onde se forma um relativo vácuo,
imediatamente ele é preenchido pelo afluxo de
86 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

substância, que vem de outra parte, e o lugar que


ela deixou, por sua vez, é preenchido por outro
influxo, tornando-se, assim, perpétuo o movimento
de reajustamento.
O homem, sendo o potencial senhor da
Natureza, conquistou o domínio sobre muitas
forças naturais, quando conseguiu conhecê-las e
utilizá-las para seus fins, pois a Natureza se torna
obediente serva de quem observa as suas leis.
O homem pode então obter os resultados que
deseja, com a condição de saber como agir.
Há uma única Inteligência que governa o
Universo, animando toda a vida. O mental governa
o físico, e o espiritual domina o mental. A
inteligência que emana do conhecimento espiritual
pôde controlar aquilo que irradia da consciência
mental.
O homem, para obter o que deseja no plano
físico, há de criá-lo espiritualmente e o atrair
mentalmente. Em qualquer plano de atividade que
seja, obtém o desejado por meio da harmoniosa
relação com o princípio da atração.
Quando o homem põe em movimento as
forças do desejo, a natureza se esforça para realizá-
lo, por meio da atração. O éter universal vibra com
as mensagens que lhe foram comunicadas. Um
maravilhoso sistema de telegrafia sem fio opera no
mundo, desde os mais remotos tempos.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 87

Neste sistema, incessantemente são emitidas


e recebidas mensagens das mentes humanas e
sobre-humanas.
Essas mensagens ou vibrações etéricas
podem ser utilizadas por nós, para obtermos o que
precisamos. Deus, que é o Supremo Diretor do
imenso armazém cósmico, sempre atende aos
nossos pedidos, se estes são justos e realmente
úteis para o nosso desenvolvimento espiritual.
Por isso, tende fé na Divina Providência e
pedi-lhe o que vos falta, sejam meios materiais ou
luzes espirituais. Só quem não sabe pedir bem, isto
é, pedir em harmonia com as leis divinas e
naturais, não recebe.
Uma das condições necessárias para
recebermos, é a seguinte: que realmente nos seja
útil, no sentido espiritual, o que desejamos obter, e
a segunda condição é que o mereçamos, não só
pela fé mas também por nossas obras.
Quem, recebendo benefícios da Divina
Providência, retém tudo para si, não é merecedor
de novos benefícios, porque age contra a lei
universal de amor ao próximo. Assim como Deus
perdoa só a quem também perdoa a outros,
analogamente merece receber do infinito Tesouro
Divino só quem também sabe dar, e realmente dá,
de sua parte, uma parte a outros. “Com que
medida medis, com tal vos será medido”, diz a
Escritura.
Quando pedis a Deus ou à Natureza alguma
coisa, que realmente vos é necessária e não
88 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

prejudica nem a vós nem a outros, concentrai os


vossos pensamentos no vosso pedido, afugentai da
mente todo e qualquer outro pensamento, elevai a
vossa consciência interna às alturas sublimes das
esferas de Harmonia, Amor, Verdade e Justiça,
respirai ritmicamente e afirmai claramente a vossa
fé na Justiça e Bondade Divina.
Não vos canseis de repetir o pedido dia por
dia até que recebais o que pedis. A perseverança,
também no pedido, alcança bons resultados.
Para vossas concentrações, preces e pedidos
segui os conselhos dos Yogis, a saber:
Assentai-vos num lugar limpo, comodamente,
dominai a vossa mente, não desejando que vagueie,
mas dirigindo-a firmemente ao ponto desejado.
Retende, ao mesmo tempo, as impressões dos
sentidos, conservando a calma e a persistência. E
assim permanecei por alguns minutos. Tendo feito
o pedido mental, repeti-o algumas vezes e, por fim,
declarai:
“Tenho plena fé que o meu pedido, será
satisfeito. Graças Te dou, ó Pai Eterno, por Tua
Bondade. Amém. “
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 89

CAPÍTULO XVII

A PROSPERIDADE
Se desejardes ter prosperidade, esforçai-vos
por tê-la. Esperai só de Deus a abundância. Tende
fé que Ele suprirá todas as vossas necessidades.
Não hesiteis em gastar hoje o que é necessário
gastar, pois Deus vos dará o que necessitardes
amanhã.
Mas com estas palavras não quero dizer que
tenhais extravagâncias ou que compreis jóias
preciosas, caríssimo vestuário, objetos de luxo ou
que gasteis dinheiro em gozos e prazeres
mundanos.
Nós viemos todos a este mundo para aqui
trabalharmos, para desenvolvermos a nossa
inteligência e os divinos atributos criativos da
nossa alma, e Deus nos dará tudo o que
precisamos para esse desenvolvimento. E se
cremos e confiamos em Sua palavra e cumprimos
os nossos deveres, fazendo bem o nosso trabalho,
podemos estar certos que não nos deixará
sucumbir na pobreza e miséria.
A prosperidade é uma boa coisa, pois, se não
o fosse, o desejo de possuí-la não seria tão
universal como é.
E para que desejamos a prosperidade?
Geralmente para nos livrarmos do contínuo vexame
90 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

da falta de coisas necessárias, que nos estorvam no


crescimento intelectual ou espiritual e nos cansam
com os intermináveis cuidados materiais.
Não confundais a prosperidade com a
riqueza, são duas coisas diferentes. Riqueza é
acumulação de coisas materiais, prosperidade é
progresso nas empresas, ganho ou êxito.
Quanto alguém sofre fome, frio e falta de boa
roupa, é natural que não pense em progresso
espiritual ou intelectual, mas, muitas vezes,
comparando a sua triste situação com a riqueza
dos outros, até perde a crença em Deus.
A lei da prosperidade é a seguinte: “Dai e ser-
vos-á dado, dai boa medida, e boa medida vos será
dada”. E o que é que devemos dar?
Certamente não se referem estas palavras só
ao dinheiro, pois há muitos que não têm o
suficiente para dar boa parte dele, mas todos nós
recebemos algumas dádivas do Pai Celeste, e
podemos partilhá-las também com outros.
Dirá alguém: “Eu não tenho nada para dar”,
mas ouçam, e compreenderão que cada um tem
algo que pode dar a quem disso necessita. Não se
restringe a lei das dádivas ao dinheiro ou aos
objetos materiais. Adiante vos ficará claro que
existem ainda outras dádivas, úteis ao próximo.
Há pessoas que têm dinheiro, mas não têm
saúde ou não vivem em condições que satisfaçam
seus corações. A alguns, Deus dá boa saúde e
vitalidade, e eles podem dar destas forças também
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 91

a outros mais fracos do que eles, fazendo-lhes


passes magnéticos.
Outros receberam de Deus uma bela e rica
natureza amorosa, que podem irradiar a outras
pessoas, porque há muitos que precisam de um
contato de simpatia e amor, mais do que de outras
coisas. Quanto bem podem produzir em pessoas
tristes, sofredoras e abatidas por alguma desgraça,
palavras encorajadoras, afáveis, bons conselhos,
claras explicações e nobre compaixão!
Quem recebeu de Deus a faculdade de gozar
alegria pura, encontra facilmente ocasiões de
comunicá-la aos que dela tem falta.
Quem recebeu o dom da arte ou da música
pode inspirar o mundo, depurando as emoções e
estimulando muitos para maior esforço criativo.
A quem foi dado ser mãe ou pai, pode e deve
dar à alma que se encarnou como seu filho ou
filha, muito amor, cuidados, educação e auxílio.
A quem foi dada riqueza, deve lembrar-se
sempre que, se não a aplica para o bem da
humanidade, pode tornar-se-lhe obstáculo para o
progresso espiritual.
Há muitas dádivas Divinas que são mais
preciosas do que o ouro. Entre elas notem-se: o
dom da coragem, perseverança, ambição nobre,
honestidade, amor puro, esperança e saúde.
Meditai, estimados confrades, sobre o que
acabamos de ler neste artigo e reconhecei em vós
mesmos a presença da verdadeira prosperidade ou
92 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

- se não podeis ainda vê-la manifestada em grau


suficiente - esforçai-vos por descobrir a semente
que, uma vez plantada na alma e regada pela fé,
combinada com as obras, desenvolvê-la-á,
semelhante à semente de uma linda flor ou de uma
árvore.
Procurai em vosso interior essa semente e
limpai o terreno onde ela germina, para que as
ervas más da preguiça, timidez, dúvida e
pessimismo não a danifiquem ou destruam.
Afirmai constantemente: “Deus me dá e
sempre dará o que convém para a minha
verdadeira Prosperidade, se eu O amar sobre tudo,
e ao meu próximo como a mim mesmo. Eu Te amo,
ó Criador de tudo que é bom, verdadeiro e belo. Eu
Te amo nas Tuas manifestações humanas e
extrahumanas.
Amo a todas as Tuas criaturas, almejando a
todos os seres todo Bem. Sinto-Te em mim e fora
de mim. És o meu refúgio contra as trevas da
minha ignorância pessoal, és o manancial de que
eu posso sempre haurir as forças para o progresso.
Agradeço-Te, ó Pai, por tudo que já recebi da
Tua bondosa Mão, embora entre esses Teus dons
alguns me tenham produzido sofrimento, pois sei
que, se o sofrimento vem, é porque o mereci por
minhas faltas e meus erros, praticados no passado,
e que a dor indica a desordem no organismo. Glória
ao Onipresente, Onipotente e Justíssimo Senhor do
Universo”.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 93

CAPÍTULO XVIII

UM POUCO DE ASTROLOGIA
A Astrologia é a ciência que estuda as
influências dos astros e dos signos zodiacais.
Dentre os astros, são especialmente o Sol, a
Lua e os planetas estudados pela Astrologia, nas
suas influências sobre a vida humana.
E essa influência é demonstrada pela
observação e pelo raciocínio. São geralmente
conhecidos os efeitos do Sol e da Lua sobre as
marés, o tempo, o crescimento e o desenvolvimento
das plantas.
Pelas observações feitas durante muitos
séculos, ficaram sendo conhecidas as influências
dos astros e do Zodíaco sobre o caráter, inclinações
e possibilidades de certos acontecimentos na vida
dos seres humanos.
A situação dos astros, num lugar e num
momento dados, como o do nascimento de um ser
humano, indica certo temperamento físico e moral,
mas não se tem tal caráter, porque se nasceu sob
tal posição dos astros, mas nasce-se sob tal
posição de astros porque tal posição corresponde
ao respectivo caráter, trazido das existências (ou
encarnações) anteriores.
94 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

O Zodíaco é a zona celeste que corta o


equador terrestre sobre dois pontos, denominados
equinociais.
A órbita aparente do Sol está no meio e a
igual distância das duas extremidades desta zona.
O Zodíaco se divide em 12 partes iguais,
chamadas signos. Eis os nomes dos 12 signos:
Áries (ou Carneiro), Tauro (ou Touro), Gêmini (ou
Gêmeos), Câncer (ou Caranguejo), Léo (ou Leão),
Virgo (ou Virgem), Libra (ou Balança), Escorpião,
Sagitário, Capricórnio, Aquário e Pisces (ou Peixes).
Cada signo ocupa 30 graus do Zodíaco, e
cada 10 graus formam um decano ou decanato. Há
portanto, três decanatos em cada signo: o primeiro
vai desde o 1 º grau até o 10 º; o segundo, do 11 º
grau até o 20 º e o terceiro, do 21 º grau até o 30 º.
Os signos de numeração ímpar ( 1 º, 3 º, 5 º,
7 º, 9 º e 11 º) chamam-se positivos ou
masculinos, e são os seguintes: Áries, Gêmini, Léo,
Libra, Sagitário e Aquário.
Os signos de numeração par ( 2 º, 4 º, 6 º, 8 º,
10 º e 12 º ) chamam-se negativos ou femininos, e
são os seguintes: Tauro, Câncer, Virgo, Escorpião,
Capricórnio e Pisces.
Além disso, dividem-se os signos em 4
trígonos a saber:
Signos de fogo (ou ígneos): Áries, Léo e
Sagitário.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 95

Signos de terra (ou térreos): Tauro, Virgo e


Capricórnio.
Signos de ar (ou aéreos): Gêmini, Libra e
Aquário.
Signos de água (ou aquáticos): Câncer,
Escorpião e Pisces.
Os signos de fogo dão um temperamento
quente e seco (bilioso) e correspondem à
substância espiritual. Aumentam a energia física e
desenvolvem a ambição, a iniciativa, a eloqüência e
os desejos de honras.
Os signos de terra dão um temperamento frio
e seco (nervoso) e correspondem à substância
física.
Desenvolvem a religiosidade, a prudência, o
método, a ordem, os gostos campestres e a
obstinação ou perseverança.
Os signos de ar dão um temperamento
quente e úmido (sangüíneo) e correspondem à
substância mental.
Desenvolvem e fortificam as faculdades
mentais, a inteligência, a amizade, a concórdia e a
eqüidade.
Os signos de água dão um temperamento frio
e úmido (fleugmático) e correspondem à substância
astral.
Conferem uma disposição impressionável,
imaginação brilhante, sensações vivas,
inconstância e dissimulação.
96 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Quando maleficiados por algum aspecto


desfavorável dos planetas, podem os signos indicar
as seguintes moléstias:
Os signos de fogo: Inflamações, febres e
queimaduras;
Os signos de terra: Tumores, cirros e
fibromas;
Os signos de ar: Quedas, sufocações, asfixia;
Os signos de água: Inchações, edemas,
hidropisia.
Quanto à mobilidade, os signos se dividem
em:
1) Móveis ou Cardinais: Áries, Câncer, Libra
e Capricórnio;
2) Fixos: Tauro, Léo, Escorpião e Aquário;
3) Comuns: Gêmini, Virgo, Sagitário e Pisces.
Os signos móveis indicam mudança, amor à
independência, inquietações e inconstância.
Os signos fixos: força de vontade, bens
duráveis, caráter constante, firme e perseverante.
Os signos comuns produzem efeitos mistos,
variados ou temperados, passividade e indecisão.
Quanto à fecundidade, são fecundos: Tauro,
Câncer, Escorpião, Sagitário e Pisces; estéreis:
Áries, Gêmini, Léo e Virgo; neutros (meio-
fecundos): Libra, Capricórnio e Aquário.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 97

Quanto à vitalidade, são signos de


constituição forte: Gêmini, Léo, Virgo, Libra,
Escorpião, Sagitário e Aquário, e de constituição
fraca: Câncer, Capricórnio e Pisces; médios: Áries
e Tauro.
Chamam-se signos científicos: Gêmini,
Virgo, Libra, Escorpião e Aquário, porque dão
aptidão aos estudos, às ciências e à literatura.
Cada signo domina astrológicamente certa
parte do corpo humano e certas forças mentais,
exercendo sobre os respectivos órgãos a sua
influência.
Áries governa a cabeça, a face e a
consciência;
Tauro: o pescoço, a garganta, a faringe, as
amídalas e o movimento;
Gêmini: os ombros, os braços, as mãos e a
substância;
Câncer: o peito, o estômago, o fígado e a
respiração;
Léo: o dorso, o coração e a vitalidade;
Virgo: o ventre, os intestinos, o plexo solar,
as entranhas (o útero) e a forma;
Libra: a região lombar, os rins e o sexo;
Escorpião: as partes genitais, o ânus e o
desejo;
Sagitário: as nádegas, as coxas, as artérias e
o pensamento;
98 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Capricórnio: os joelhos, a pele e a


individualidade;
Aquário: as pernas, os tornozelos e a
intuição;
Pisces: os pés e a vontade.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 99

CAPÍTULO XIX

AS INFLUÊNCIAS DO SOL EM ÁRIES


Não é possível tratarmos, nestas lições, todas
as influências planetárias, porque para isso seria
necessário escrever um grosso volume. Quem se
interessar pelo estudo aprofundado de Astrologia,
adquira a excelente obra “Tratado de Astrologia”,
ou “A Sorte Revelada pelo Horóscopo Cabalístico”,
ambas publicadas pela Empresa Editora “O
Pensamento” Ltda., de São Paulo.
Como, porém, é útil que os estudantes destas
lições obtenham conhecimentos elementares de
Astrologia, sem entrar em difíceis cálculos,
trataremos das influências que tem o Sol quando
se acha no signo de Áries, o que acontece cada
ano, de 22 de Março até 20 de abril.
E, em seguida, nas lições posteriores,
descreveremos as influências do Sol nos outros
signos.
Com estes elementos poderá o estudante
verificar as exatidões astrológicas, comparando-as
com seu próprio caráter e sorte, e com o que sabe
de outras pessoas, cuja data natalícia conhece.
Naturalmente, estas indicações formam
apenas uma parte do horóscopo, e podem ser
modificadas pelas influências da Lua e dos
planetas, pelos aspectos interplanetários e pelas
100 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

casas horoscópicas. Não obstante, formam uma


parte importante para qualquer horóscopo.
Indicações gerais (para todos os três
decanatos): Os indivíduos nascidos debaixo do Sol
em Áries, distinguem-se por sua audácia, ambição,
coragem, impulsividade e energia.
Gostam (e geralmente o merecem) de estar à
frente de empresas ou ocupar lugares
independentes.
Desejam progredir; são inteligentes, amigos
de mudanças e reformas e facilmente agem sem
refletir e podem tornar-se violentos. São bons
oradores e empreendedores, sensitivos, às vezes
aventureiros.
Amam muito a justiça e a liberdade e não
desanimam perante os obstáculos.
Em suas maneiras, manifestam franqueza e
generosidade. Quando não são espiritualizados,
podem ser agressivos e destruidores. Quando
evoluídos, podem ser bons diplomatas, estratégicos
ou políticos.
O primeiro decanato ( 22 de Março até 31
do mesmo mês) produz espírito guerreiro,
combativo, impulsivo. Caráter firme, altivo e gosto
pelos trabalhos públicos ou políticos. Predispõe a
sofrer feridas na cabeça e no rosto, ou inflamações,
febres e queimaduras. Atrai êxito em trabalhos
originais ou pouco comuns e também no serviço
militar.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 101

Este decanato torna a vida muito móvel,


inquieta, cheia de mudanças de várias espécies. A
primeira metade deste decanato costuma ser mais
feliz do que a segunda.
O segundo decanato (os primeiros dez dias
de abril) confere uma natureza elevada e digna,
com altas aspirações de mando e domínio, muito
gosto por todas as artes práticas e espírito um
tanto extravagante, original, generoso, impulsivo,
muito independente, sincero e fiel.
O êxito é possível em cargos governamentais
ou na vida militar, ou em empresas arriscadas.
Principalmente a segunda metade deste decanato é
muito favorável.
O terceiro decanato (de 11 até 20 de Abril)
dá impetuosidade, muitas vezes falta de base,
afetuosidade impulsiva e disposição generosa e
franca, que atrai muitos amigos.
102 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XX

AS INFLUÊNCIAS DO SOL EM TAURO E GÊMINI


Indicações gerais, relativas ao Sol em Tauro.
O Sol está em Tauro de 21 de Abril a 20 de
Maio. Os que nasceram neste período costumam
ser laboriosos e muito pacientes, sabendo esperar
as oportunidades, possuem caráter firme, sólido, e
são práticos, obstinados, confiantes em si, dignos
de confiança, cuidadosos, honestos, prudentes.
Têm memória muito boa. As energias da vontade e
dos desejos conservam-se, geralmente latentes, até
que uma ocasião ou uma grande incitação as
manifeste.
São apaixonados, ciumentos, amorosos,
amantes de prazeres. Sua disposição é plácida,
bondosa e lenta a incomodar-se, porém, sendo
irritados, tornam-se inexoráveis e teimosos.
O primeiro decanato (21 a 30 de abril) dá
mentalidade de elevadas faculdades, imaginação
poética e criadora, disposição amistosa, afeições
duradouras e constantes, faculdades intuitivas,
gosto pelo que é belo e artístico. Amor sensual á
vida, desejos de comodidades e luxo, capacidade de
esforços perseverantes de natureza mental.
O segundo decanato (os primeiros dez dias
de Maio) confere nobreza de espírito, coração
bondoso, eloqüência, disposição romântica e
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 103

mutável, rica imaginação, sentimentos profundos,


amor aos prazeres, desejo de boa vida material e
natureza muito receptiva. Os que nasceram neste
decanato podem economizar tanto que cheguem a
ser abastados.
O terceiro decanato (de 11 até 20 de Maio)
dá natureza sensível e lânguida, geralmente
vontade fraca e incapaz de vencer os obstáculos,
mas se o indivíduo se entrega ao trabalho paciente,
obtém bom êxito.
O Sol está em Gêmini de 21de Maio a 20
de Junho. Este signo (quando ocupado pelo Sol) dá
uma natureza decididamente dual, de modo que os
que nasceram sob estas influências costumam
balancear entre a crença e a descrença, entre o
raciocínio e os sentimentos. Raras vezes acabam
uma coisa sem haverem já principiado uma outra.
Amam muito o lar e os filhos e facilmente se
deixam influenciar pela delicadeza, às vezes em
detrimento próprio.
Gostam de viajar e mudar-se-ão, algumas
vezes de residência. Possuem mente ativa e podem
apoiar-se nela nas ocasiões necessárias. São
ambiciosos, aspirantes, curiosos,
experimentadores, investigadores, sensitivos e
intuitivos. Às vezes nervosos, inquietos e irritáveis.
Tem boas qualidades para o comércio e os estudos.
O primeiro decanato de Gêmini (21 a 30 de
Maio) confere disposições muito generosas,
poderosa inteligência, eloqüência e poderes
104 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

persuasivos e oratórios, às vezes indecisão,


irritabilidade e inquietações.
Os que nasceram durante este decanato,
raras vezes são afortunados; muitas vezes se
esquecem de tratar dos seus negócios quando há
boa ocasião e dissipam as forças e o tempo em
discursos inúteis. Correm perigo de morte violenta,
se não acalmarem seu gênio.
O segundo decanato de Gêmini (31 de Maio
a 9 de Junho) torna o nativo impulsivo, valente,
aventureiro, bastante equilibrado, firme e
constante. O perigo que traz este decanato está na
possibilidade de não cuidar de seus interesses e de
meter-se em questões ou processos. Boa
característica é o gênio ativo e dotado de muitas
habilidades práticas.
O terceiro decanato de Gêmini (de 10 a 20
de Junho) confere êxito nos estudos, inteligência
notável, muita propensão aos assuntos públicos ou
políticos e pouco cuidado dos bens materiais. A
vida dos nascidos durante este decanato apresenta
agitações e sofrimentos na juventude.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 105

CAPÍTULO XXI

AS INFLUÊNCIAS DO SOL EM CÂNCER, LÉO E VIRGO


1) O Sol está em Câncer de 21 de Junho a
21 de Julho. As pessoas que nasceram em tal
tempo costumam ter disposição quieta, tenacidade,
perseverança, fértil imaginação e boa memória. São
econômicas, sensitivas e reservadas. Este signo
dota de energia, a qual, porém, facilmente se gasta.
Dá humor mutável, caprichoso, de modo que os
que nasceram sob a influência do Sol em Câncer,
costumam ser indecisos, vacilantes, facilmente
sugestionáveis pelo ambiente, ora podem ser
corajosos, ora tímidos.
A sua vida apresenta várias subidas e quedas
e mudanças de posição ou de ocupação. Amam a
natureza, as aventuras e as experiências
estranhas. Gostam de recordações do passado e
tem interesse pela antigüidade. Em geral, são
agradáveis e simpáticos, afáveis e pensadores.
O primeiro decanato de Câncer (de 21 de
Junho a 1 º de Julho) confere grande
sensibilidade, persistência, ambição, espírito vivaz,
sociável, muitos amigos e protetores, boa situação
social, êxito nas empresas.
O segundo decanato (de 2 a 11 de Julho)
dá disposição um tanto repentina, irritável,
apaixonada, boa inteligência, rica imaginação,
106 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

amor às viagens, tenacidade nas empresas e


possibilidade de enriquecer.
O terceiro decanato (de 12 a 21 de Julho)
costuma dar popularidade e reconhecimento
público, várias mudanças na vida, viagens por
água. Pouca sorte na juventude, mas
possibilidades de abastança na idade madura.
2) O Sol está em Léo de 22 de Julho a 22 de
Agosto. Os nascidos sob esta posição do Sol são
firmes, enérgicos, industriosos, perseverantes,
leais, liberais, filosóficos, generosos, corajosos,
fiéis, senhores de si, altruístas, geralmente
idealistas e honestos. Bons oradores, são dotados
de gosto artístico e sentem muita atração pelo sexo
oposto.
Anelam honras e posições distintas. Os
homens tem inclinação para a carreira militar, a
medicina e a administração, as mulheres são
apaixonadas e gostam de governar, mas são
generosas e, sendo mães, muito carinhosas.
O primeiro decanato de Léo (22 de Julho a
2 de Agosto) indica estabilidade e vigor, firmeza e
audácia, paixões ardentes, perturbações na vida,
especulações perigosas. Possibilidade de chegar à
celebridade em alguma arte.
O segundo decanato (de 3 a 12 de Agosto)
dota de confiança em si mesmo, ambição,
afabilidade, gostos artísticos, e costuma conferir
felicidade e abastança.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 107

O terceiro decanato (de 13 a 22 de Agosto)


indica natureza extraordinariamente enérgica,
capaz de mandar e ocupar altos postos, caráter
franco, generoso, ardente em afeição e amável em
palavras e ações, geralmente inclinado para as
coisas estranhas e arriscadas.
Este decanato inclina a viagens e é favorável
à aquisição de propriedades na idade madura.
3) O Sol está em Virgo de 23 de Agosto a
22 de Setembro. Os que nasceram durante tal
período distinguem-se pelo raciocínio e o juízo, são
práticos, metódicos, inteligentes, modestos,
pensativos, sérios e industriosos. Tem vontade
firme, mas deixam-se persuadir.
Aprendem com facilidade, podem ser bons
estudantes e bons comerciantes.
São muito pacientes e estão satisfeitos, ainda
que rodeados de dificuldades, porém, o seu notável
sentido crítico lhes dá certa tendência para a
melancolia. Tem facilidade para escrever e ensinar.
O primeiro decanato de Virgo (de 23 de
Agosto a 2 de Setembro) dá uma natureza muito
paciente e disposta a sofrer contrariedades e
privações, confere vida longa, aptidões para os
estudos científicos, mecânicos, teóricos e práticos.
O segundo decanato (de 3 a 11 de
Setembro) costuma dar muita prudência e amor á
ordem e economia, sobriedade, previdência e
afabilidade.
108 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

O terceiro decanato (de 12 a 22 de


Setembro) dá natureza afável, intelectual, aptidão
especial para os estudos, inclinação para a
literatura, muito amor aos prazeres e paixão pelo
jogo.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 109

CAPÍTULO XXII

AS INFLUÊNCIAS DO SOL EM LIBRA, ESCORPIÃO E


SAGITÁRIO
1) O Sol está em Libra de 23 de Setembro a
22 de Outubro. A característica principal deste
signo é uma fortíssima afeição conjugal e amor à
própria família.
Os nascidos sob as influências do Sol neste
signo são bem equilibrados, amáveis, corteses,
alegres, tranqüilos, generosos e amam a justiça, a
paz, os prazeres e as artes. São dotados de
sensibilidade, percepção aguda, intuição e
eloqüência.
A sua constituição é bastante boa, mas
devem evitar excessos nos gozos e atividades.
O primeiro decanato de Libra (23 de
Setembro a 2 de Outubro) dá uma natureza
discreta, sábia, justa, séria, prudente, aptidões
comerciais e disposição serviçal.
O segundo decanato (de 3 a 12 de Outubro)
confere talento em questões comerciais, um são e
reto juízo, indica alguns sofrimentos e
perturbações, mas também êxito na idade madura.
Muitas vezes dá faculdades para o estudo de
ocultismo.
110 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

O terceiro decanato (13 a 22 de Outubro)


diminui a idealidade e aumenta a disposição
positiva, inclinando ao materialismo, aos gozos e
prazeres.
2) O Sol está em Escorpião no período de 23
de Outubro a 12 de Novembro. Este signo produz
duas classes de indivíduos, de tipo diametralmente
oposto: espiritualistas e materialistas.
Em geral, o Sol em Escorpião dá natureza
viva, crítica, desconfiada, reservada, firme, tenaz,
calculista, empreendedora, econômica, amante do
luxo, das viagens e da natureza.
Nos indivíduos materialistas, gera paixões
profundas, amor próprio, gestos agressivos,
orgulho, astúcia, ciúmes e irascibilidade.
Nos idealistas e espiritualistas, grande força
magnética, aspirações elevadas, clarividência e
intuição. Em ambos os casos, a vontade é forte e
inflexível.
O primeiro decanato (de 23 de Outubro a 1
º de Novembro) produz uma natureza fortíssima e
muito enérgica, capaz de realizar atos admiráveis.
Os indivíduos nascidos sob estas influências
são implacáveis na luta. Sua ambição é elevada, a
sua vontade, exaltada, e às vezes passam por
desenganos, porque não refletem antes de agir.
O segundo decanato de Escorpião (de 2 a
11 de Novembro) dá um pouco menos de firmeza e
audácia do que o primeiro, mas confere muito forte
consciência, desprezo de qualquer ato vil e
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 111

estimula nas investigações científicas e nos


estudos artísticos e literários.
O terceiro decanato (de 12 a 21 de
Novembro) é um tanto desfavorável à vida
matrimonial, por causa das paixões exasperadas,
mas confere tenacidade, vontade firme e enérgica.
Quem está sob estas influências carece de
domínio próprio, tendo tendências a cometer
excessos e várias loucuras.
3) O Sol em Sagitário, isto é, no período de
22 de Novembro a 21 de Dezembro, também dá
origem a dois tipos distintos de indivíduos : uns
são muito amigos dos desportos e jogos de azar, os
outros tem aspirações elevadas de moralidade,
justiça e religiosidade.
Em geral, este signo confere uma natureza
cheia de esperanças, alegre, generosa, ativa,
confiante em si, empreendedora, honesta,
ambiciosa, perseverante. Vontade firme, disposição
sincera, amor à liberdade e o instinto de profecia
ou de previsão.
O primeiro decanato de Sagitário (de 22 de
Novembro a 1 º de Dezembro) dá grande amor à
independência, boas qualidades mentais, esforços
para difundir os conhecimentos e a disposição a
sacrificar-se para o bem dos outros.
O segundo decanato (de 2 a 11 de
Dezembro) dá uma grande resistência,
temperamento muito ativo, amante de viagens e
112 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

aventuras, às vezes propensão a provocar


inimizades extintas e a prejudicar-se.
O terceiro decanato de Sagitário (de 12 a
21 de Dezembro) confere muita tenacidade,
determinação e ambição, paixões ardentes, vontade
firme, qualidades psíquicas sutis, capacidade de
dominar as massas.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 113

CAPÍTULO XXIII
AS INFLUÊNCIAS DO SOL EM CAPRICÓRNIO,
AQUÁRIO E PISCES
1) O Sol está em Capricórnio no período de
22 de Dezembro a 20 de Janeiro. Os nascidos
neste período são geralmente bons pensadores e,
às vezes, bons oradores. A sua característica
principal é o seu grande desejo de conhecimento
intelectual. Têm uma capacidade maior do que dão
os outros signos, para levar adiante as empresas,
porque são muito práticos e dignos de confiança,
possuem muita paciência e perseverança, não se
deixando abater pelas contrariedades.
São muito magnéticos e habilitados para
serem bons mestres ou professores, sendo o seu
estado geral de ânimo tranqüilo. Gostam muito
pouco de demonstrações sentimentais, mas os seus
afetos são sinceros e leais. São econômicos,
laboriosos e, às vezes, propensos à melancolia.
O primeiro decanato de Capricórnio (de 22
até 31 de Dezembro) denota indivíduos sérios, um
tanto melancólicos, com uma previdência aguda do
futuro e tendências a fazer o melhor possível para o
bem de seus semelhantes.
São pessoas capazes de se submeter às
maiores austeridades, para ficarem fiéis aos seus
ideais. São confiantes na Providência. Encontram
114 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

dificuldades no seu progresso e raras vezes


felicidade no amor.
O segundo decanato (do dia 1 º ao dia 10
de Janeiro) denota pessoas que amam a
independência, o trabalho e a tranqüilidade.
Embora lentas, costumam alcançar o seu alvo.
Os nascidos no terceiro decanato (de 11 a
20 de janeiro) costumam ser mais ou menos
tímidos e não tem tanta confiança em si nem nos
outros, como costumam ter as pessoas dos outros
dois decanatos, mas são bons pensadores,
perseverantes, afáveis e se esforçam para
progredir.
2) O Sol está em Aquário no período de 21 de
Janeiro a 19 de Fevereiro. Os que nasceram
debaixo deste signo são geralmente afáveis, leais
amigos, inteligentes, prudentes, concentrados,
estudiosos, pacíficos, intuitivos, pacientes,
filosóficos, humanitários, deliberados, resistentes
ao sofrimento.
Amam a natureza, a música, a literatura, as
artes, as investigações ocultas, a liberdade e
embora muito sensitivos e de coração carinhoso,
geralmente não manifestam esses sentimentos.
O primeiro decanato de Aquário (de 21 a
30 de Janeiro) dá natureza progressista, desejosa
de investigar os princípios básicos da vida,
disposição amável, cortês, prudente, um tanto
astuta, com grande perigo de cair em sutis
tentações.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 115

Este decanato promete bom sucesso nos


trabalhos dirigidos com prudência.
O segundo decanato (de 31 de Janeiro a 9
de Fevereiro) confere um caráter manso, amor à
independência, gosto pelos estudos científicos,
muita paciência, ricas faculdades inventivas, que
podem ser aplicadas na medicina e higiene.
Vocação para a astronomia e o ocultismo.
Alguns dos que nasceram sob este decanato
são um tanto acanhados, desconfiados e
hesitantes, mas outros tem bastante confiança em
si e costumam alcançar bons resultados, embora
lentamente.
Os que nasceram durante o terceiro
decanato de Aquário (de 10 a 19 de Fevereiro)
são menos acanhados, francos, ciumentos, bons
oradores e em sua meninice são sujeitos a várias
enfermidades.
3) O Sol está em Pisces no período de 20 de
Fevereiro a 21 de Março.
Os que nasceram sob este signo são pacíficos,
afáveis, inofensivos, variáveis, apaixonados,
receptivos, mediúnicos e impressionáveis. Falta-
lhes firmeza nas determinações, mas costumam ser
industriosos e persistentes nos trabalhos, e
amantes da ordem.
Quando a coragem os abandona, tornam-se
inquietos e melancólicos. Quando, porém,
desaparece o pesar, são amáveis e simpáticos.
116 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

O primeiro decanato de Pisces (de 20 de


Fevereiro a 1º de Março) denota indivíduos
simpáticos, silenciosamente ambiciosos, que
gostam de ser reconhecidos e apreciados, podendo
obter bons êxitos nas empresas.
Este decanato dá entusiasmo nas crenças,
úteis amizades e favores de pessoas de alta
posição.
O segundo decanato (de 2 a 11 de Março)
costuma indicar obstáculos e dificuldades na vida,
tendências mediúnicas, disposição inconstante,
bons e úteis amigos.
O terceiro decanato (de 12 a 21 de Março)
indica indivíduos inquietos, inconstantes,
apaixonados, amáveis, generosos, ora tímidos, ora
audazes. A sua felicidade depende da força de
vontade com que possam vencer as paixões e do
auxílio de bons amigos.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 117

CAPÍTULO XXIV

SOBRE OS PLANETAS ASTROLÓGICOS


A Astrologia denomina “planetas”: o Sol, a
Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno,
Urano, Netuno (e, modernamente, também Plutão,
descoberto há pouco tempo). Falando
científicamente (sob o ponto de vista astronômico),
o Sol e a Lua não são planetas, pois o Sol é um
astro fixo, e a Lua um satélite, ao passo que a
Terra é um planeta. Porém, como na Astrologia se
toma a Terra como centro de ação das influências
astrais, é natural contar-se o Sol e a Lua entre
essas fontes das respectivas influências. Eis os
símbolos com que se indicam os 9 planetas:

( ) Sol, ( ) Lua, ( ) Mercúrio, ( )


Vênus, ( ) Marte, ( ) Júpiter, ( ) Saturno, (
) Urano e ( ) Netuno.
Cada signo zodiacal tem seu planeta
governante e diz-se também que esse signo é o
domicílio do respectivo planeta.

O Sol governa o signo de Léo ( ), a Lua,o signo de
  
Câncer( ), Mercúrio, os signos Gêmini ( ) e Virgo ( ),
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Vênus, os signos de Tauro ( ) e Libra ( ), Marte, os signos de
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Áries ( ) e Escorpião ( ), Júpiter, o signo de Sagitário ( ),
118 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ
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Saturno, Capricórnio ( ), Urano, Aquário ( ) e Netuno,

Pisces ( ).
O Sol ( ) é fator importantíssimo de
vitalidade. Confere honras, poder, celebridade,
elevação, proteção de pessoas de alta posição,
empregos públicos, saúde, corpo elevado e forte,
caráter nobre.

A Lua ( ) é o planeta de movimento rápido,


produzindo, portanto, mudanças, viagens,
excursões. É o principal elemento da geração,
passividade, imaginação, inconstância, amor
materno, altruísmo e intuição.
Mercúrio ( ) é o principal indicador da
inteligência e do raciocínio. Atrai relações na
família ou no comércio, viagens, indústrias,
correspondências, mensagens, toda atividade
mental, amor ao estudo, às ciências e às artes.
Vênus ( ) é o símbolo da atração recíproca
dos seres e das aproximações sexuais. Rege os
amores, prazeres, alegrias, fortunas, artes, beleza,
poesia, música, etc.
Marte ( ) é o símbolo da energia e atividade.
Atrai inimizades, lutas, ferimentos por ferro e
queimaduras, traições, calúnias, roubos, mortes
repentinas. Confere glória na guerra; predispõe
também ao entusiasmo excessivo e à loucura, às
febres altas e doenças perigosas.
Júpiter ( ) é o indicador de boas qualidades
mentais e morais. Confere fortuna, felicidade, êxito,
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 119

honras, amigos, proteção, supremacia,


produtividade. Torna o indivíduo jovial, generoso,
prudente, cortês, ambicioso e simpático. Multiplica
todo o bem, dá tendência ao idealismo, à justiça, à
bondade e à sinceridade.
Saturno ( ) indica circunspeção,
concentração, reflexão, perseverança. Produz
demoras, impedimentos, defeitos, desgraças,
melancolia, enfermidades crônicas. Dá amor à
independência, precaução, capacidades
organizadoras, habilidade executiva, paciência.
Urano ( ) dá faculdades construtivas e
muita habilidade nas artes mecânicas, produz
mudanças súbitas e inesperadas, explosões,
cataclismos, ganhos inesperados, inimizades de
origem misteriosa.
Netuno ( ) tem influência mais psíquica do
que material. Representa elevada inspiração e rege
as empresas elevadas e tudo o que é de natureza
oculta.
Geralmente são Benéficos os planetas
Júpiter, Sol, e Vênus. Maléficos: Saturno, Marte e
Urano. Neutros: Mercúrio, Lua e Netuno.
120 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XXV

ASSINALAMENTOS ASTRAIS
Chamam-se assinalamentos os sinais
impressos pelas influências planetárias nos seres e
nas coisas, por meio dos quais o ocultista
reconhece a influência planetária predominante
nos respectivos seres ou coisas.
Há nove categorias bem distintas, em que se
pode dividir a humanidade terrestre. Em cada um
desses tipos se nota a forte influência de um dos
nove planetas. Os nove tipos de categorias são:
lunares, mercurianos, venusianos, solares,
marcianos, jupiterianos, saturninos, uranianos e
netunianos.
Nos lunares, as influências preponderantes
são as da Lua, nos mercurianos, as de Mercúrio,
aos venusianos, as de Vênus, e assim por diante.
Porém, indivíduos de um tipo puro são muito
raros, pois, além das influências do planeta
principal, há em cada indivíduo ainda influências
de outros planetas, embora em graus menores. Por
isso, existem muitos tipos secundários.
O grande fluido elétrico, que é a luz astral,
compõe-se de diferentes fluidos, emanados dos
astros, a que chamamos astrologicamente
“planetas”, assim como a luz se compõe de nove
raios que tem um só ponto de concentração.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 121

E da mesma forma que um objeto, revestindo


de preferência uma cor principal, não reflete as
outras, porém também não as aniquila pois certas
circunstâncias, como o prova a química, podem
fazê-las aparecer.
Assim os seres humanos atraem, mais
especialmente, seja por sua formação hereditária,
seja pela hora do seu nascimento, a influência do
planeta dominante no céu. Recebem o
assinalamento do respectivo planeta, como os
objetos adotam as cores.
Adiante falaremos destes assinalamentos.
Mas é necessário observar que, como um ácido
pode mudar uma cor e substitui-la por outra, seja
primitiva ou mista, também a vontade, quando
bastante forte, pode modificar ou até totalmente
mudar o caráter natal. A cor, em tal caso, é
absorvida por uma nova combinação, como o
caráter é dominado por uma poderosa vontade.
Mas tanto a cor, como o caráter primitivo, terão
tendências a reaparecer.
Os astros, nos seus incessantes movimentos,
misturando, nas mais variadas quantidades, seus
fluidos, formam os diversos matizes da luz, que
vemos nas nuvens, no azul claro do céu ou nas
tempestades.
A luz solar é absolutamente necessária para a
existência dos vegetais, mas essa influência é
modificada pela influência de outros astros. E o
Ocultismo estuda e distingue as plantas
dominadas pela Lua, por Saturno, por Marte, etc..
122 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

O grande Paracelso diz:


“Vêde que cada erva cresce na forma que lhe
convêm. O homem também se distingue por uma
forma especial, perfeitamente adaptada à sua
individualidade. E como pela forma da erva se
reconhece a sua espécie, reconhece-se o caráter do
homem por sua configuração.
O estudo dos assinalamentos divinos ensina
a dar a cada coisa o seu verdadeiro nome, por
exemplo, a não darmos a um lobo o nome de
ovelha, nem a um pombo o nome de raposa,
porque o nome verdadeiro está escrito na própria
forma.
A Natureza estabeleceu caracteres especiais
que formam o assinalamento de cada nome, e com
o auxílio desses assinalamentos ela revela os mais
íntimos segredos de toda organização humana e
principalmente do homem. Nada do que existe é
sem um assinalamento particular; convém, pois,
conhecê-lo.”
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 123

CAPÍTULO XXVI

ASSINALAMENTO DA LUA
Os que nasceram sob a influência da Lua têm
a cabeça redonda, larga acima das frontes, onde se
acha o órgão da imaginação. A parte superior da
sua testa, onde se acham frenológicamente
situadas as relações e a comparação, é pouco
aparente, mas a parte do crânio que rodeia os
olhos e dá as qualidades perceptíveis é muito
saliente.
A sua tez é branca baça, pálida, às vezes
levemente tinta de cores fracas, a sua pele tem
manchas, as carnes dos músculos são moles.
Geralmente são de estatura alta, aparentemente
musculosos, porém seus músculos são quase
esponjosos.
O seu corpo não é muito peludo, os cabelos
são finos, brandos, pouco espessos, geralmente
louros. O nariz é curto e arredondado, a boca
pequena, com lábios fortes, proeminentes, moles.
Os dentes são largos, grandes, as gengivas altas e
pálidas, os olhos redondos, grossos, claros,
salientes, com a pupila azul parda. As pálpebras
são largas e espessas, as sobrancelhas juntas,
pouco aparentes, louras. As orelhas apegadas à
cabeça, o queixo gordo e espesso.
124 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

O pescoço dos lunares é bastante comprido,


branco, carnudo, às vezes com pregas circulares,
semelhantes a filamentos. Os ombros largos,
carnudos. Os quadris são muito desenvolvidos, os
músculos do peito nos homens, e os seios nas
mulheres, são moles e enrugados.
Tanto os homens, como as mulheres deste
assinalamento têm os quadris cheios e grandes, o
ventre muito forte, as pernas pesadas, maciças,
cheias aos tornozelos, os pés geralmente grandes e
espessos.
Os lunares são mutáveis e caprichosos, muito
presos aos interesses pessoais, frios, lânguidos,
inclinados à preguiça e à melancolia. Amantes de
viagens, fleugmáticos, mais místicos do que
religiosos. A sua imaginação é ativa, costumam ter
intuições magnéticas, às vezes sonhos proféticos.
Amam as artes, principalmente as pinturas
fantásticas e a literatura romântica.
Entre os lunares há muitos marinheiros e
gente que se ocupa de negócios marítimos, ou
gosta das vizinhanças do mar. Gostam de criar
animais aquáticos, como patos, gansos, cisnes e
peixes. Costumam ter êxito nos trabalhos
hidráulicos e preferem morar às margens dos rios.
São geralmente inquietos, inconstantes,
pouco capazes de levar ao fim os trabalhos ou
negócios que exigem perseverança.
Caminham lentamente, cansam depressa.
Suas mãos são rechonchudas e moles, a primeira
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 125

falange do dedo polegar é curta, os dedos da mão


são lisos, curtos e geralmente pontudos.
O “monte da Lua”, isto é, a parte inferior da
palma, no lado do dedo anular (mas separada dele),
está muito desenvolvido, em relação aos outros
“montes” (elevações na palma da mão).
Quando a Lua tem notáveis aspectos maus
no respectivo horóscopo, a sua influência produz
más qualidades, tornando as respectivas pessoas
loquazes, imprudentes, caluniadoras, mentirosas,
supersticiosas, pérfidas, egoístas, imprudentes,
insolentes e sujeitas a moléstias da pele, pulmões,
fígado e intestinos.
Tornamos a observar que os assinalamentos
puros de um planeta são muito raros. Geralmente
os assinalamentos são modificações por influências
de outros planetas e, portanto, algumas
características aparecem menos fortes e outras
mais distintas.
Em todos os casos, porém, pode-se notar
uma grande maioria das qualidades próprias ao
assinalamento em questão.
126 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XXVII

ASSINALAMENTO DE MERCÚRIO
Os mercurianos costumam ser de estatura
comum, boa figura, tez pálida, que, porém, anima-
se a qualquer impressão. Por muito tempo
conservam os traços infantis. Seus cabelos são
castanhos, na maioria dos casos, e anelados nas
extremidades. Os movimentos da cabeça são
rápidos e a expressão da fisionomia é de grande
mobilidade. A testa é alta e descoberta, as
sobrancelhas são compridas, delgadas, arqueadas
e juntando-se na raiz do nariz.
Os olhos são profundos, inquietos, móveis e
penetrantes, o branco dos olhos é um pouco
amarelado, as pálpebras finas. O nariz é reto e
comprido, os lábios pequenos, o queixo comprido e
pontudo, o pescoço forte, os ombros desenvolvidos.
O peito largo e carnudo, os lombos curvados
e flexíveis, de forma que dão aptidões para a
ginástica e outros exercícios corporais. A voz dos
mercurianos é geralmente fraca e aguda.
Os indivíduos com má influência
mercuriana tem a pele escura e manchada, a voz
fraca, a pupila avermelhada e sempre móvel, os
cabelos louros. São magros, nervosos,
melancólicos.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 127

Alguns são maliciosos, mentirosos,


inconstantes, propensos a explorar a credulidade
das pessoas simples.
Mercúrio domina o dedo mínimo, cuja
primeira falange (a da unha) indica algum talento,
inspiração, sugestão e exteriorização. A segunda
falange se refere à indústria, aos trabalhos
manuais, a terceira falange, à adaptação, à
organização social, inclusive à família.
O monte de Mercúrio, isto é, a elevação da
parte da palma, imediatamente na raiz do dedo
mínimo, dá indícios relativos às transações,
negócios, comércio.
A quiromancia julga pelo comprimento das
falanges sobre a intensidade da respectiva
tendência ou faculdade, ao passo que a largura ou
grossura significa a extensão, a quantidade.
A ausência do monte de Mercúrio indica a
falta de aptidão para as ciências e o comércio.
Se o monte de Mercúrio for excessivamente
desenvolvido, é sinal de astúcia, perfídia, mentira,
roubo e ignorância presunçosa.
O dedo mínimo comprido indica perspicácia,
sagacidade, diplomacia, saber, eloquência.
Comprido demais: astúcia, mentira, roubo.
Curto: intuição, penetração de espírito, juízo
rápido e agilidade.
128 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XXVIII

ASSINALAMENTO DE VÊNUS
Vênus era considerada, na antigüidade pagã,
como deusa da beleza. Também na astrologia
atribui-se-lhe essa qualidade, além de outras. Os
indivíduos nascidos sob a influência de Vênus
costumam ter a tez branca e rosada, fina,
transparente, estatura acima da média, rosto
redondo e os ossos das faces não se percebem. Há
na face uma covinha que se acentua quando a
pessoa ri. A testa é bela, sulcada levemente de
veias azuladas, as sobrancelhas são espessas, bem
traçadas em arco e pretas. Os cabelos são
compridos, espessos, ondulantes, macios,
geralmente pretos.
O nariz elegante, redondo, carnudo na
extremidade. Os olhos grandes, risonhos e úmidos,
a pupila grande, as pálpebras redondas, espessas e
atravessadas de veias capilares. A boca pequena,
os lábios espessos, porém sem exagero, e
vermelhos. Os dentes brancos, as gengivas
rosadas, o queixo redondo, carnudo, com uma
covinha. As orelhas pequenas, vermelhas. O
pescoço branco, forte, redondo, os ombros
estreitos, o peito estreito e carnudo.
Os seios das mulheres são de uma alvura que
deixa transparecer as veias.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 129

Os braços do tipo venusiano são belos, os


quadris altos, as mãos gordas, os pés pequenos e
brancos.
Este assinalamento astral dá gostos
elegantes, ternura, bondade, afabilidade,
ingenuidade, amor aos prazeres, à música e ao
canto. Muito cuidado da própria pessoa, bom
humor, grande inclinação às belas artes,
principalmente das que tratem da forma (como
desenho, pintura, escultura). Amor à paz e à
concórdia.
Quando Vênus exagera a sua influência,
tornando excessivas as inclinações aos prazeres e
exageradas as paixões, as sobrancelhas são muito
grandes, as narinas demasiado dilatadas e as faces
invadidas de pêlos que parecem formar debaixo dos
olhos outro par de sobrancelhas.
Vênus domina o dedo polegar, o qual
representa em miniatura, a personalidade inteira.
Quando este dedo é comprido, estendendo-se até a
segunda falange do índex, denota força de vontade,
espírito de iniciativa, obstinação, mando, orgulho.
Se é curto, indica ingenuidade, confiança,
temperamento serviçal, instintivo e impressionável,
falta de vontade, e de iniciativa, irresolução, pouco
senso prático. E se é curto demais, indica
desânimo, fraqueza, abatimento.
Os quirógrafos dizem: “O polegar comprido
ataca, o largo sabe defender-se”.
Quando o polegar é largo e curto, indica
melancolia. Largo e comprido, teimosia.
130 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Um polegar virado para fora denota


generosidade, prodigalidade, dissipação.
A primeira falange do polegar representa a
vontade, iniciativa, consciência de sua
personalidade, egoísmo e erudição. Quanto mais
comprida a falange, mais se acentuam as
respectivas qualidades, ao passo que a falange
curta indica diminuição das mesmas.
O polegar não tem uma terceira falange, como
os outros dedos, porém em compensação, o mundo
material é nele representado pela elevação sobre a
sua raiz, e a essa elevação dá-se o nome de “monte
de Vênus”.
Este “monte” designa a energia das paixões, a
vitalidade, o temperamento amoroso. Quando é
forte, cheio e avança até o meio da mão, indica
amor sensual, potência geradora, fecundidade,
ternura, bondade, amor à música, á dança, e boa
saúde. Quando o monte de Vênus é pequeno ou
chato indica um grau muito diminuído dessas
qualidades ou até a falta delas.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 131

CAPÍTULO XXIX

ASSINALAMENTO DE MARTE
Os marcianos tem estatura acima da média,
uma constituição forte, andar rápido e passos
grandes. A cabeça é curta, pequena e espessa, a
testa alta e descoberta, o cerebelo muito
desenvolvido, o rosto comprido, os olhos grandes,
cintilantes, animosos, as pupilas são de cor
castanha, ou parda avermelhada, fixando-se
quando a pessoa fala, o que torna o olhar firme e
duro.
Os cabelos são espessos e encrespados nas
extremidades, geralmente de cor parda ou parda-
cinzenta.
A boca dos marcianos é antes grande do que
pequena, os lábios são pequenos e cerrados, os
dentes largos, curtos e agudos, amarelados, as
gengivas são coradas. O nariz geralmente aquilino,
as narinas dilatadas.
As sobrancelhas, direitas e espessas, franzem
facilmente e com freqüência. O queixo é saliente, a
barba curta e dura, as faces ossudas e as maçãs do
rosto salientes. As orelhas afastadas da cabeça.
O pescoço é forte e curto, o peito largo, os
ombros fortes, o dorso arqueado. A voz é forte e
altiva, os movimentos são repentinos e rápidos.
132 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

A influência de Marte dá propensão à


prodigalidade, coragem, generosidade, desprezo do
perigo, gosto de cores claras, principalmente a
vermelha, gosto de movimento, do barulho, das
armas, energia, decisão, sangue-frio, atividade.
Em geral pode-se dizer que é boa, quando as
respectivas qualidades são usadas para bons fins e
com reflexão, e má, se são empregadas para fins
injustos e desumanos, ou abusadas sob o domínio
de paixões veementes.
Nenhum dedo é dominado por Marte, nem
pela Lua. A quiromancia reconhece que a
humanidade seria infeliz se as lutas, que são o
elemento marcial, e os caprichos amorosos, regidos
pela Lua, ocupassem, na vida, uma parte igual às
outras atividades. Esses dois planetas dominam,
na mão, apenas os seus respectivos montes: ambos
na parte da palma da mão que está entre o monte
de Mercúrio (abaixo do dedo mínimo) e o pulso.
Já falamos sobre o monte da Lua, agora
explicaremos a significação do monte de Marte.
Este monte está situado em baixo do monte de
Mercúrio e acima do monte da Lua.
A sua forma regular indica coragem, sangue-
frio, resignação, domínio de si próprio, altivez
nobre, resolução, resistência. O excesso deste
monte denota caráter insolente, violento, tirânico e
provocador.
A sua ausência indica covardia, timidez e
puerilidade.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 133

CAPÍTULO XXX

ASSINALAMENTO DO SOL
Os indivíduos nascidos sob a influência do
Sol são de estatura média ou um pouco mais
elevada, de cor vermelha ou sangüínea. Os seus
cabelos são macios, louros ou ruivos, com
tendência à calvície, a barba cheia, a testa
proeminente, sem exageração, antes baixa do que
alta.
Os olhos, na maioria pardos, são grandes,
brilhantes, úmidos, de forma elegante e com uma
expressão ao mesmo tempo suave e severa. As
pestanas são compridas, as sobrancelhas
compridas e arqueadas, as faces carnudas e firmes.
O nariz fino e reto, a boca de comprimento médio,
os lábios levemente adiantados, os dentes normais.

O queixo redondo e um pouco saliente, as


orelhas de dimensão média, o pescoço musculoso e
comprido, o peito largo e arqueado, bem liso.
Os músculos e ossos são bem desenvolvidos,
os ombros quebrados, os quadris arqueados, o
andar reto e elegante.
Os solares são de um caráter irascível, porém
apaziguam-se logo, embora nunca esqueçam as
ofensas sofridas.
134 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Apesar de serem amáveis e simpáticos, raras


vezes conseguem adquirir amigos fiéis. Se tem
inimigos, triunfam sobre eles.
Este assinalamento astral confere a bondade
da alma, humor igual e alegria calma, amor às
viagens a pé e à leitura, sobriedade, talento
imitador e aperfeiçoador, espírito penetrante, juízo
reto.
Costumam os solares ser eminentemente
religiosos, porém o seu culto consiste mais na
adoração e contemplação interna, do que em
práticas externas.
Amam as artes e podem ser artistas ou
poetas. Também têm aptidões para as ciências
ocultas. A tudo aquilo que se dedicam, esforçam-se
por fazê-lo com perfeição.
Os indivíduos com má influência solar são
de pequena estatura, de tez amarelada escura,
vista fraca, extravagantes, excêntricos, e julgam
possuir talentos que, na realidade, não têm.
Os solares, em geral, costumam ter os dedos
lisos, quadrados ou mistos, e o polegar de
comprimento médio.
O Sol domina o dedo anular, que é o dedo das
artes e do ideal concretizado. O anular comprido
indica o gosto pelas artes, literatura, música, amor
ao luxo e ao vestuário, desejo de brilhar e
prognostica celebridades, fama, proteção de
pessoas poderosas. Se o anular é demasiado
comprido, indica amor ao jogo e às aventuras, e
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 135

infelicidade nas afeições. Quando o anular é curto,


as aptidões artísticas, a força moral e o senso
prático são fracos.
A primeira falange do anular simboliza o
gosto pelo belo, o idealismo, a arte. A segunda
falange, a força moral, o sentido prático dos meios
que possam levar ao progresso e ao êxito. A terceira
falange a vontade de brilhar, realizações práticas
de desejos artísticos.
O monte do Sol, situado embaixo do dedo
anular, representa a harmonia dos elementos
construtivos do ser, equilíbrio, amor às artes,
calma de espírito, tolerância, glória ou fama,
riqueza ou abastança.
136 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XXXI

ASSINALAMENTO DE JÚPITER
Os indivíduos nascidos sob a influência de
Júpiter são de estatura alta ou, ao menos, média,
sua pele é clara e corada, a tez fresca.
Não são nem magros, nem gordos em
demasia.
Sua voz é clara, os olhos grandes, úmidos,
sorridentes, as pestanas compridas, as
sobrancelhas vastas e dispostas em arco.
Os cabelos castanhos, anelados, espessos,
com tendência à calvície nas têmporas, a barba
vasta. O nariz médio e reto, a boca bastante
grande, os lábios fortes, os dentes grandes, as
faces carnudas e firmes, o queixo um pouco
prolongado.
As orelhas aderem à cabeça, o pescoço é
elegante e bem proporcionado, os ombros são
largos e carnudos, o dorso espesso e gordo, os pés
e as mãos normais, as pernas peludas.
Os jupiterianos engordam com a idade. O seu
andar é moderado.
Este assinalamento dá paixão pelas viagens,
desportos, natação e exercícios físicos, inclinação à
religião ou filosofia, nobreza de coração,
magnanimidade, caráter suave, plácido, amor aos
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 137

prazeres, festas e reuniões. Ambição, aptidão aos


negócios e cargos públicos.
Os jupiterianos costumam ser justos,
sinceros e pacíficos. Quando se irritam, podem
encolerizar-se, porém não guardam rancor.
Amam muito a família e cuidam bastante do
futuro dos filhos.
Os que nasceram sob a má influência de
Júpiter tem a pele pálida, sem frescor, o nariz
curto, os dentes de cor escura.
São muito orgulhosos, vingativos,
dissipadores, destruidores, impudicos, depravados
e incapazes de amor sincero.
Júpiter domina o dedo índex, o qual fornece,
na quiromancia, indicações relativas à posição que
a pessoa ocupa.
A primeira falange simboliza a religiosidade, o
amor á natureza e a diplomacia. A segunda
falange, a influência pessoal, a afeição e a justiça e
a terceira falange, a sensualidade.
Um índex comprido é indício do amor ao
mando, orgulho, dominação e ambição,
prognosticando também o bem material, as honras,
dignidades, funções elevadas e bom êxito.
Um índex curto indica a diminuição destes
prognósticos, e, se é curto demais, denota miséria e
desgraça.
O monte de Júpiter que se acha embaixo do
índex denota o espírito de dominação, ambição
138 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

nobre, religiosidade, honestidade, alegria, honras,


dignidades, casamento feliz, generosidade e
proteção.
Sendo demasiado desenvolvido, indica
orgulho, desejo de ostentação e superstição.
Quando falta, é indício de egoísmo, preguiça e
crueldade.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 139

CAPÍTULO XXXII

ASSINALAMENTO DE SATURNO
Os indivíduos nascidos sob a influência de
Saturno são de estatura média geralmente magros,
pálidos, a sua pele é morena, seca, seus cabelos
são, ao começo, espessos, pretos ou escuros, mas
cedo caem, sem chegar, porém, à calvície.
A testa é comprida, as faces cavas, a
mandíbula larga, as maçãs do rosto salientes.
Os olhos pretos, tristes, tornando-se
penetrantes quando a pessoa se encoleriza ou
suspeita, o branco do olho é amarelado, as
sobrancelhas são pretas, próximas uma da outra.
As orelhas são grandes, o nariz é comprido,
estreito e pontiagudo, as narinas pouco abertas. A
boca é grande e os lábios pequenos, os dentes se
gastam cedo, as gengivas são pálidas.
A barba é preta, escassa, o queixo
proeminente, o pescoço grande, magro, com
músculos patentes e veias aparentes. O nó da
garganta é muito distinguível.
Os saturninos têm o corpo geralmente ossudo
e os movimentos pesados. O peito é estreito e
peludo, os ombros altos, os braços ossudos, as
mãos nodosas e magras, o dedo médio geralmente
espatulado.
140 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

As veias dos pés são muito aparentes,


sujeitas a varizes e as pernas enfraquecem na
velhice. De todos os tipos, o saturnino é o mais
perseguido pela surdez e pelo reumatismo.
Os saturninos são ambiciosos, persistentes,
tranqüilos, reservados, porém determinados, tem
habilidades para organizar e dirigir, firmeza,
domínio próprio e sangue-frio, disposição fria, às
vezes desanimada, grade fertilidade e
engenhosidade mental. Curiosidade, propensão às
investigações, dúvida, amor à liberdade e à
independência, aptidão às ciências sérias,
matemática, agricultura e exploração de minas.
Os saturninos são laboriosos, pacientes,
perseverantes, pouco voluptuosos, menos sensíveis
ao amor sexual, alguns são descrentes, outros
supersticiosos ou fanáticos. Alguns são avarentos,
mas, em geral, os saturninos são econômicos. Os
que nasceram sob a má influência de Saturno têm
a pele escura e são avarentos, preguiçosos, ineptos,
porém astutos.
Saturno rege o dedo médio, o qual
representa, como Saturno, a fatalidade que pesa
sobre o indivíduo. Se o médio se eleva muito acima
dos demais dedos, indica fatalidade forte, reveses,
tristezas, decepções, quedas, perdas, idéias tristes
e sombrias.
A primeira falange do dedo médio indica
critério, reflexão, prudência, filosofia, dúvida,
persistência, paciência, aptidão para as pesquisas
e ciências ocultas. A segunda falange,
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 141

compreensão, concentração, orgulho. A terceira,


gosto de solidão, agricultura, instinto de
conservação.
Como já explicamos, recordamos que quanto
mais desenvolvida é uma falange (de qualquer dos
cinco dedos), mais acentuados são os indícios e,
pelo contrário, quanto menor a falange, tanto mais
diminuem os respectivos indícios.
O monte de Saturno, que está debaixo do
dedo médio, é indício de independência, prudência,
sabedoria, amor à solidão e concentração.
Quando é muito desenvolvido, indica tristeza,
idéias sombrias, que podem levar ao ascetismo ou
até à propensão ao suicídio.
Quando falta, denota vida infeliz. Quando
está bem formado, prognostica bom êxito nas
empresas, dirigidas com raciocínio e persistência.
142 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XXXIII

ASSINALAMENTOS DE URANO E DE NETUNO


Os nascidos sob a influência de Urano têm
uma estatura média, corpo forte e bem feito, de
forma quadrada, fronte elevada, cabelos escuros,
olhos penetrantes, tendência para engordar; cor
sangüínea, rosto comprido e cheio, expressão
reservada, independente e determinada.
Boas qualidades intelectuais e práticas, boa
disposição, paciência, tranqüilidade, perseverança,
domínio de si próprio, juízo profundo, amor ao
saber e ao ocultismo, talento inventivo.
São de opiniões fixas, dificilmente
modificáveis, costumam ser repentinos e violentos,
quando irritados. Os que se dominam, são de
índole branda, afáveis e bondosos.
Os que nasceram sob as influências de
Netuno têm uma estatura média ou baixa, alguma
corpulência, rosto atraente, cor pálida, tendência a
um queixo duplo, pescoço curto e grosso, fronte
desenvolvida, olhos vivos, nariz proeminente, braço
e pernas pequenas e curtas, cabelos abundantes e
escuros.
São muito sensitivos, intuitivos, mediúnicos,
engenhosos e práticos, bondosos, caridosos e
afetuosos, porém, às vezes, inclinados à crítica,
desconfiados e indolentes.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 143

Urano e Netuno não tem relações com


referência às mãos.
Como já foi observado, os tipos humanos que
possuem assinalamento astral puro, isto é, que são
governados somente por um planeta, são muito
raros, geralmente encontram-se assinalamentos
mistos, em que as influências planetárias são
combinadas. Por exemplo, as de Marte e Vênus, ou
as de Júpiter e Saturno, ou as de Mercúrio e
Saturno, etc.
Para conhecermos suficientemente o caráter e
as qualidades de uma pessoa é necessário
estudarmos as influências de todos os planetas, o
que se consegue pelo horóscopo astrológico ou pela
quiromancia.
Desta já explicamos os elementos relativos à
forma dos dedos e suas falanges e montes.
Para o estudante aprofundar mais seus
conhecimentos quirosóficos, trataremos, nas lições
que seguem, ainda das linhas da palma da mão,
cuja inspeção, além de fornecer as indicações do
caráter dá a possibilidade de conhecer-se os
principais acontecimentos, relativos ao passado e
futuro da pessoa, cuja mão se estuda.
Os ocultistas chegaram, pelo estudo
comparativo da Astrologia e da Quiromancia, à
convicção de que estas duas ciências esotéricas
fornecem mutuamente as provas da realidade das
suas afirmações, pois uma delas confirma os
resultados obtidos por meio da outra.
144 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XXXIV

AS LINHAS DA MÃO
Assim como há sete montes na palma da mão
humana correspondendo, cada um, a um dos sete
planetas, há também sete linhas principais, a
saber:
1) A linha da vida, governada por Vênus,
nasce entre o polegar e o índex e vai até o meio da
articulação que separa a mão do braço. Esta linha
rodeia a parte interna do monte de Vênus, e indica
vitalidade, energia, saúde e afeições amorosas.
Quando a linha da vida é comprida, estreita,
bem assinalada, denota uma vida longa e feliz, e se
é comprida e fina, indica saúde fraca. Sendo curta,
pressagia vida curta.
Quando a linha da vida se inclina contra o
monte de Vênus, denota perigo de vida. Se se
alarga contra o pulso, indica processos e
inimizades.
A linha da vida, sendo dupla, é sinal de boa
saúde, sendo interrompida é, pelo contrário, indício
de enfermidade grave.
2) A linha mental, também chamada linha da
cabeça ou de Marte, começa entre o polegar e o
índex, perto do monte de Júpiter e prolonga-se
transversalmente na palma da mão, separando,
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 145

geralmente, o monte de Marte do monte da Lua.


Indica a mentalidade, o pensamento e a ação.
Sendo direita, comprida, bem distinta e de
cor natural, demonstra boa saúde, pensamento
ativo, boa memória, bom juízo e vontade forte.
Quando é curta, é sinal de timidez,
obstinação, avareza. Sinuosa ou tortuosa, denota
astúcia. Encurvada para o dedo mínimo, prediz
velhice pobre.
3) A linha do coração, governada por
Júpiter, começa debaixo do monte de Júpiter e
dirige-se para o monte de Mercúrio. É a linha das
afeições, do amor, da generosidade. Sendo bem
formada e de boa cor, revela bom coração, espírito
generoso, modéstia, constância e moderação.
Quanto mais se aproxima do monte de
Júpiter, tanto mais puras são as afeições. Sendo
interrompida ou cortada por pequenas linhas
transversais, indica inconstância e duplicidade.
Quando a linha do coração se divide em dois
ramos, dos quais um se eleva para o monte de
Saturno, é sinal de enganos fatais. Se se une, entre
o polegar e o índex, com as linhas mental e da vida,
pressagia perigo de morte violenta.
Se se bifurca no seu começo, elevando-se
uma das pontas para o monte de Júpiter, prediz
felicidade. Se falta totalmente, é indício de
inconstância, irritabilidade e propensão para o mal.
4) A linha do destino, ou da fatalidade, é
governada por Saturno. Parte do monte de Saturno
146 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

e estende-se até ao meio da parte inferior da


palma, dividindo a mão em duas partes: direita e
esquerda. A linha do destino é cortada
horizontalmente pela linha do coração e pela linha
da cabeça.
Se é comprida e bem conformada, pressagia
boa sorte. Quando começa perto da linha da vida,
indica êxito, devido ao próprio mérito.
Se começa no monte da Lua, significa
dependência ou proteção.
Uma linha do destino tortuosa indica
enfermidades, cortada no começo por alguma
linha, denota ferida ou golpe.
Se a linha do destino se dirige para o monte
de Mercúrio, pressagia êxito no comércio ou na
ciência. Se se dirige para o monte do Sol, há êxito
nas artes ou riqueza. Se se dirige para o monte de
Júpiter, significa ambição realizada ou felicidade
devida a uma proteção.
5) A linha ideal ou das artes, governada pelo
Sol, começa no monte do Sol e prolonga-se na
palma, obliquamente à linha do destino. Refere-se
às tendências artísticas, invenções, honras e
celebridade.
Se esta linha é bem distinta e bastante
comprida, indica um artista. Sendo mal traçada,
um diletante. Quando é reta e bem feita, denota
amor à arte, celebridade, mérito, bom êxito, riqueza
ou abastança. As interrupções e tortuosidades
indicam obstáculos.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 147

6) A linha da intuição, também chamada


hepática, é governada por Mercúrio. Começa no
monte de Mercúrio e prolonga-se, quase
paralelamente à linha ideal, chegando, às vezes, a
unir-se com a linha do destino.
Sendo comprida e bem visível, denota
intuição, pressentimento e previdência, faculdades
mediúnicas. Tortuosa e delgada, indica moléstias
biliosas.
Cortada ou quebrada, sofrimento estomacal.
Sendo muito vermelha, pode significar palpitações
do coração ou orgulho.
A linha mercuriana, separada da linha da
vida, promete vida longa. Quando ambas estão
reunidas, indicam anemia.
7) A linha lasciva ou Lunar, no monte da
Lua, é muito rara. Indica propensões para a
sensualidade exagerada. Onde falta, é natural que
tais tendências não caracterizem a respectiva
pessoa.
Observação :
Quanto mais nítidas e profundas são as
linhas da mão, tanto mais pronunciadas as
tendências ou faculdades que elas indicam, e
quanto menos nítidas, menos compridas e menos
profundas as respectivas indicações diminuem o
grau de sua relatividade.
Além das 7 linhas, convém observar ainda o
anel de Vênus, o triângulo e o quadrângulo.
148 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Com o nome de anel de Vênus designa-se


uma linha semi-circular que une o monte de
Saturno com o monte de Mercúrio. Simboliza o
amor, ternura, bondade, se há outros indícios
favoráveis, e, no caso contrário, excessiva paixão
amorosa.
O triângulo é formado pela reunião da linha
da vida com a linha mental e a da intuição. A parte
da mão que está dentro deste triângulo chama-se
“planície de Marte”.
Sendo o triângulo bem formado e colorido,
indica saúde, vida longa e feliz, quando é pequeno,
designa tenacidade ou avareza. Pelo contrário, se é
espaçoso, refere-se à magnanimidade, audácia e
liberalidade.
Uma cruz no meio do triângulo significa
grande dificuldade ou luta com a sorte.
Quadrângulo é o espaço da palma entre a
linha da cabeça e a linha do coração. Sendo largo,
designa temperamento equilibrado, a sua estreiteza
no meio prognostica expatriação. A estreiteza
completa denota palpitações do coração, asma ou
má circulação do sangue.
Abaixo do monte de Mercúrio e acima da
parte superior da extremidade do quadrângulo
aparecem, às vezes, uma ou mais linhas curtas,
que se referem ao casamento.
Uma linha ali denota um casamento, duas
linhas, dois casamentos. Uma linha fraca, união
ilegal.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 149

CAPÍTULO XXXV

GRAFOLOGIA
Chama-se grafologia à ciência que analisa as
letras escritas e, dessa análise, tira conclusões
sobre o caráter, a índole, as tendências e os gostos
da pessoa que escreveu as respectivas letras.
Antes de examinarmos a escrita própria,
notemos se o escrevente deixou ou não margens. A
ausência de margens denota economia, que pode ir
até à avareza.
As margens largas, pelo contrário, significam
generosidade ou propensão a gastar e as margens
proporcionais e iguais revelam um caráter
equilibrado, bom gosto e harmonia.
Em seguida, observemos as linhas. Se elas
são espaçadas por intervalos claros, o escrevente
tem clareza de concepção, bom critério e firmeza
nos assuntos.
Se os intervalos são largos, denotam
liberalidade. Linhas com intervalos muito
pequenos, economia, avareza.
As linhas retas e paralelas são sinal de
vontade firme, perseverança e retidão, as linhas
tortas fazem supor habilidade em negócios, astúcia
ou pouca firmeza.
150 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Linhas que vão subindo denotam ânimo,


audácia, ambição, as que vão descendo, fazem
supor abatimento, dúvida, desânimo.
A letra grande é, geralmente, indício de
alegria e generosidade, mas se é demasiadamente
grande, denota inclinação a desperdiçar muito,
sem necessidade.
A letra pequena é própria de pessoas
econômicas, e, sendo demasiadamente pequena,
faz supor avareza.
Letra simples, porém uniforme, denota
pessoa modesta, prudente e sábia.
Letras grossas e carregadas revelam uma
natureza material e sensual, pelo contrário, letras
finas indicam natureza delicada, idealista.
Quando o escrevente enfeita e ornamenta
todas as letras, demonstra inclinação para a
vaidade e o luxo.
Quem tem tendências para a arte, costuma
escrever as maiúsculas de modo que se pareçam
com as impressas.
As letras verticais denotam calma, sangue
frio, impassividade, as inclinadas para a direita,
afetividade e sensibilidade, as inclinadas para a
esquerda, dissimulação, hipocrisia, reserva ou
desconfiança.
Quando as letras são ligadas entre si,
denotam raciocínio, lógica, senso prático, quando
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 151

são separadas, podem indicar distração,


nervosismo ou intuição.
As letras angulosas exprimem geralmente
falta de amabilidade ou denotam tenacidade, pelo
contrário, as letras arredondadas são sinais de
afabilidade, benevolência e simpatia.
Todavia se as curvas são exageradas, podem
indicar falta de energia e atividade.
Quem costuma escrever o n e o m redondos
em baixo, da mesma forma que se escreve o u,
revela bom coração e afabilidade.
Quem deixa de escrever o ponto no i, denota
esquecimento ou falta de atenção. Estando o ponto
em posição muito alta, indica que o escrevente
gosta de construir castelos no ar.
Se o ponto do i está posto em cima da letra
seguinte, indica pensamento rápido, estando
porém, na letra anterior, revela que o escrevente
pensa muito vagarosamente.
O que dissemos sobre a colocação do ponto
no i, vale também para os acentos e traços do t. Se
o t ou o f não é cortado, denota falta de energia.
Os t cortados muito em cima, indicam gosto
de mando. Cortando o t por meio de um laço na
base da letra, ou o f por meio de um laço no meio,
faz-se supor perseverança e tenacidade.
Quem gosta muito da vida alegre e
movimentada, costuma escrever as partes
inferiores das letras f, g, j, p e q muito grandes.
152 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Há pessoas que, para certas maiúsculas, tem


à disposição vários sinais diferentes, isto indica um
caráter muito liberal e um espírito vivo e inventivo.
As pessoas fleumáticas e conservativas, pelo
contrário, usam sempre o mesmo sinal para a
mesma maiúscula.
As maiúsculas demasiado grandes denotam
pessoa corajosa, se as letras foram escritas com
forte pressão, se, porém, pelo contrário, estão sem
pressão, supomos que o escrevente é corajoso só
em palavras, mas não em atos.
As maiúsculas que começam por um grande
arco denotam pessoa que gosta de gracejar.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 153

CAPÍTULO XXXVI

SONO E SONHOS
Com a palavra sono designa-se o repouso,
causado pelo adormecimento dos sentidos físicos, e
sonho significa conjunto de idéias e imagens que
se apresentam à alma durante o sono.
O sono tem sido muitas vezes comparado
com a morte. Ambos são problemas elétricos.
O sono começa quando a força elétrica
expansiva nas células se afrouxa, porque, devido
ao cansaço, torna-se necessária a renovação
química das células. Por isso, é de grande
importância e de absoluta necessidade dar ao
corpo um descanso, mais ou menos de oito horas
por dia.
O cansaço sadio resulta da diminuição da
excitabilidade nervosa, produzida pela falta de
matéria que sustenta as operações vitais. Esse
estado normal pode ser alterado por doenças e
também pela insônia, nociva à saúde. A idade, a
profissão, o clima, as estações do ano, etc., trazem
variações no cansaço e, portanto, no sono.
O sono pode ser prejudicado por mau ar,
calor e frio, cobertura inconveniente, demasiado
esforço, comidas pesadas, bebidas excitantes (por
exemplo, café).
154 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Quem, depois de se deitar, sem grande


demora adormece, goza geralmente melhor saúde
do que aquele que, para adormecer, precisa
algumas horas. Em geral, não é recomendável
dormir de dia, com exceção de uma pequena sesta
depois do meio-dia, permitida aos velhos e fracos.
Durante o sono, o corpo respira mais
profundamente e mais devagar do que durante a
vigília. E convém fazer exercícios respiratórios
antes de adormecer e ao acordar. O quarto de
dormir deve ser fresco e arejado, e não deve conter
flores.
Para combater a insônia, deve-se fazer
passeios antes de se deitar, tomar banho frio de
manhã e banho morno à noite, abster-se do café e
tomar chás de anís, erva-doce, funcho ou folhas de
laranjeira, ou tomar os seguintes remédios
homeopáticos: de manhã, Camomila, à tarde, Nux
vomica e à noite, Coffea.
Como vivemos durante o sono?
A esta pergunta, responde Prentice Mulford
(no seu tratado “Nossa Vida Durante o Sono”) da
seguinte forma:
“Existem sentidos que são próprios do nosso
corpo, como há outros que são próprios do nosso
espírito. O nosso espírito é uma organização
diferente da que constitui o nosso corpo. O espírito
tem olhos e ouvidos, como possui também o tato, o
gosto e o olfato. Os seus olhos podem ver dez mil
vezes mais longe do que os olhos do corpo e seus
restantes sentidos são infinitamente superiores, de
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 155

modo que, no plano corporal, estamos fazendo uso


de uma série de sentidos de ordem muito inferior.
Os olhos corporais, comparados com os do
espírito, são relativamente grosseiros e foram, por
conseguinte, dispostos para serem empregados
num plano de vida um tanto tosco. O nosso corpo,
com seus sentidos grosseiros, está apropriado para
trabalhar por assim dizer, em minas de carvão,
conquanto destinado a esferas mais elevadas.
Existe, entretanto, a possibilidade para o
corpo de modificar o seu estado e com o próprio
espírito, transladar-se às mais elevadas e sutís
ordens de existência, pois o nosso corpo possui
verdadeiramente olhos clarividentes e ouvidos
finíssimos, mas eles não podem alcançar, em nosso
meio, todo o desenvolvimento, como, em alguns
animais, notamos que tem fechados estes sentidos
na primeira infância. Em algumas pessoas, em
compensação, estes sentidos se abrem muito
prontamente e mesmo antes que os outros sentidos
de ordem espiritual, o que constitui como que uma
razão prematura.
O olho clarividente é o olho espiritual e está
colocado como que no pináculo de todo o
pensamento. Dirigi vosso pensamento à cidade de
Londres e, se tiveres desenvolvido o olho espiritual
com o vosso pensamento ele chegará àquela
metrópole também. E o mesmo sucede com o
ouvido espiritual e os demais sentidos da mesma
ordem, os quais não constituem nem constituirão
nunca um dom especial para algumas pessoas,
156 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

pois são próprios de todos nós e em todos nós se


acham em germe.
Os nossos sentidos espirituais têm estado
inutilizados em nós, desde o nascimento, por uma
contínua falta de exercício e, desta maneira, têm
chegado a perder as suas naturais condições de
ação.
Quando abandonamos o nosso corpo ao sono,
caímos num estado semelhante ao de uma pessoa
que, por qualquer motivo, fica ofuscada ou
aturdida. Vemos sem olhar e ouvimos sem escutar.
Nesse estado, os nossos olhos espirituais poderão
ver, mas não guardarão memória mui distinta e
clara do que viram. Num estado parecido, podemos
reter a imagem, mais ou menos confusa, de uma
multidão de rostos que vemos a nosso lado, e nada
mais.
Em condições inteiramente semelhantes a
essa, pode o nosso espírito sair do corpo e vagar
em torno dele ou desligar-se para muito longe. Faz
o nosso espírito, então, o mesmo que uma criança
a quem não se permite sair fora da porta de sua
casa: logo que acha ocasião, escapa, dando gosto
ao seu capricho ou à sua fantasia.
Assim temos deixado, no corpo, nada mais do
que os sentidos físicos ou materiais da vista, do
ouvido e do tato, convertendo-os em assento dos
sentidos inteiramente ocultos e pelos quais, porém,
nos temos de guiar, pois sempre nos ensinaram a
negar a real existência dos sentidos verdadeiros.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 157

O ensinar a uma criança, no primeiro


despertar de sua consciência, a que não se fie
naquilo que vê ou ouve, produziria nela uma
alteração visual ou auditiva?
A criança só gradualmente aprende a servir-
se dos sentidos corporais com correção. Em tenra
idade, ela não tem idéia exata da distância. Quer
apanhar coisas que estão muito longe dela,
imaginando que as tem ao alcance da mão.
Atirar-se-ia aos precipícios, se a deixassem
entregue ao seu próprio impulso, e, à custa de
crudelíssimas experiências, aprende que não pode
tocar impunemente uma brasa viva ou o ferro
cadente, levando muitos anos para a educação dos
seus sentidos corporais, de maneira que possa
fazer um uso adequado deles.
O nosso espírito possui os seus sentidos
próprios, que não podem ter exteriorização normal
neste plano de existência, e, durante anos e anos,
deixamo-los sem exercício ou cultura.
No estado a que chamamos “sonho”, não
vemos nunca com os olhos do corpo, nem ouvimos
com os ouvidos corporais, senão que vemos e
ouvimos com os sentidos espirituais.
Achamo-nos literalmente perdidos quando, ao
adormecermos, penetramos na vida espiritual, e
andamos às apalpadelas como uma criança com os
seus sentidos físicos inexperientes.
À noite, deixando o corpo, passamos
realmente para o plano espiritual de vida, aliás não
158 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

percebemos isso, porque fazemos o mesmo uso dos


sentidos espirituais que dos corporais,
assemelhando-nos, assim, ao indivíduo que se
serve de uma muleta, quando tem duas pernas
robustas, que só pedem para serem exercitadas a
fim de torná-lo um bom andarilho.
Muitas pessoas que estão completamente
separadas de seu corpo, acham-se precisamente
nestas mesmas condições, e é quando
principalmente podem mesclar-se com os nossos
espíritos, ao ficarem estes separados do nosso
corpo, podendo ser facilmente atraídos para eles
em virtude de haver o nosso espírito permanecido
tão longo tempo sem cultura, adquirido já o
costume de andar às cegas...
A mais viva fantasia não conseguirá jamais
chegar a descrever o que cada um de nós faz ou
escuta durante a noite, só ou junto com outros
espíritos. Esses milhares e milhares de cegos que,
temporariamente, abandonam o seu corpo, vagam
errantes a tatearem por todas as partes, pelas suas
casas, pelas ruas e pelos campos, às vezes perto,
outras vezes longe, nunca estão, porém,
adormecidos, achando-se num sonho que não é,
em realidade sonho.
Sucede, algumas vezes, que o espírito abre os
olhos e vê gente conhecida ou estranha, cenas que
lhe são muito familiares ou que nunca viu. Mas
este reconhecimento nem sempre é satisfatório,
porque nos ensinaram inconscientemente a não
prestarmos fé naquilo que vemos em tal estado. “
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 159

Todos os ocultistas adiantados sabem que o


sono é muito importante para o desenvolvimento
espiritual. Por isso, deveis, antes de adormecer,
ocupar a vossa inteligência com pensamentos
nobres.
O último pensamento que tendes antes de
adormecer, ficará provavelmente convosco quando
deixardes o corpo. Fixai, portanto, no vosso espírito
a idéia da realidade do vosso verdadeiro ser,
afirmando:
“Eu não sou o meu corpo, mas sou a alma,
sou o espírito e, durante o sono do meu corpo,
poderei encontrar-me com outros espíritos. De
tudo o que me acontecer durante o sono, quero
lembrar-me depois de acordado”.
Quem se exercita nestes esforços, poderá
viajar no Astral conscientemente. Há, porém,
muitos perigos no Astral para os principiantes,
porque nas regiões próximas da terra pode
encontrar espíritos baixos e maus.
Convém, portanto, que nas suas excursões
seja protegido por algum espírito bom, adiantado.
Para tal fim, não deve ceder à simples curiosidade,
mas o seu intuito deve ser o conhecimento da
Verdade e a prática de boas ações, úteis ao
progresso da Humanidade.
Os espíritos mais puros não podem viver nas
correntes espirituais inferiores sem serem por ela
afetados desfavoravelmente e têm que
continuamente dispensar suas forças para se
defenderem dessa corrente.
160 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Por isso, devemos esforçar-nos por nos


elevarmos acima dessas regiões baixas, não nos
entregando a desejos inferiores, evitando todas as
visões de paixões, lutas egoístas e especulações
vãs, e nutrindo, pelo contrário, ideais nobres,
altruístas e impessoais.
Não se devem provocar visões ou sonhos por
meio de ópio, haxixe ou outras drogas narcóticas,
pois o seu uso faz muitos danos ao organismo,
tanto psíquico, como físico.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 161

CAPÍTULO XXXVII

O SILÊNCIO
O estudante ocultista deve saber concentrar-
se, meditar, orar e entrar no Silêncio.
A verdadeira concentração é o processo
mental, pelo qual toda a atenção é dirigida sobre
um objeto escolhido ou uma certa idéia. Ela é o
primeiro passo para atingir um alvo dado, seja no
mundo físico ou no mundo mental ou em algum
mundo superior.
Meditar quer dizer: ocupar-se mentalmente
com um pensamento ou uma idéia, de modo que
seja bem compreendida de todos os pontos de vista
possíveis, em todas as suas fase e relações.
Oração ou prece é uma aspiração da alma ao
Divino, pode ser também um pedido.
O verdadeiro ocultista não pede, em sua
oração, conforto material ou coisas físicas que
aumentem suas posses ou lhe dêem riquezas, mas
pede alimento espiritual, harmonia, amor, verdade,
justiça, luz e coragem. A prece cria uma linha
magnética de força que une o pedinte com o
infinito armazém dos eternos dons que Deus e a
Natureza oferecem aos homens de boa vontade.
Aqui convém lembrar as palavras que Jesus
dirigiu aos Seus discípulos, dizendo-lhes: “Tu,
162 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

quando orares, entra no teu aposento e, fechando a


tua porta, ora a teu Pai que está oculto, e teu Pai,
que vê secretamente, te recompensará. E orando,
não useis palavras vãs, como os gentios, que
pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não
vos assemelheis, pois a eles, porque vosso Pai sabe
o que vos é necessário, antes de lho pedirdes”.
(Evangelho S. Mateus, cap. 6, vs. 6, 7 e 8).
A entrada no Silêncio é um estado extático
em que a consciência humana é transcendida e
unida com a Consciência Cósmica. Enquanto dura
este estado, desaparece tudo o que pertence aos
sentidos pessoais.
Deveis exercitar-vos diariamente em
concentração e meditação, para poderdes,
cumpridas as condições, entrar no Silêncio. É a
meditação que abre o vosso coração à influência do
Divino, assim como as pétalas da rosa se abrem à
influência magnética do Sol.
No começo é necessário fazerdes um esforço
para poderdes entrar no Silêncio, porém, mais
tarde, este estado será por vós atingido pelo
simples impulso da Vontade, quando fechardes a
porta da vossa mente a todos os afazeres
mundanos. Então achareis o necessário descanso,
a paz interna e a comunhão com o Divino em vós,
mesmo no meio do barulho do ambiente externo.
Não vos esqueçais que a concentração, a
meditação, os exercícios respiratórios e outros
exercícios de ocultismo, por si só, não indicam
ainda o crescimento espiritual, mas são apenas
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 163

meios úteis para que atinjais tal crescimento. Este


virá por meio da união da vossa consciência
pessoal, com a Consciência Divina ou Cósmica,
dentro de vós, e pela manifestação da Força
Crística nos cotidianos afazeres da vida.
Quando tiverdes adquirido, pela meditação, a
capacidade de entrar no Silêncio, devereis, antes de
efetivar esse estado, fazer respirações profundas e
rítmicas, conforme já deveis ter aprendido. ( Ver o
oitavo capítulo).
E, enquanto fazeis a inalação (inspiração,
aspiração), imaginai mentalmente que estais
inalando as forças de amor, saúde, coragem,
pureza (ou outras virtudes que desejais possuir).
Durante a retenção do hálito, imaginai que essas
forças estão acumulando-se em vós e ao exalar (ou
expirar), dizei (mentalmente) que estais enviando
auxílio, saúde, prosperidade e harmonia a toda a
humanidade.
Pensai sobre o que desejais, imaginando que
está fluindo do imenso manancial divino a vós,
assim fareis uma linha reta entre esse manancial e
vós mesmo. E, ao expirar, desejai que dos bens
que, por vosso intermédio, a Abundância Divina
envia a quem quer que os precise e mereça receber,
os que os receberem, deles façam bom uso.
164 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XXXVIII

O PODER DA ATENÇÃO
O estudante ocultista deve cultivar a Atenção,
se quiser fazer progresso. O vocábulo “atenção”
deriva do latino atténdere e tem a mesma raiz que
os verbos “tender, estender-se”; pois, no ato de
atenção, estende-se a mente, dirigindo-se para o
objeto de que se trata, ou, por outras palavras
aplica-se, inclina-se a ele.
A atenção é uma espécie de concentração da
mente. É a consciência voluntariamente aplicada a
um objeto determinado, é a consciência
concentrada.
A atenção não é uma expansão da
consciência, mas é antes uma contração, uma
condensação da consciência.
Como ensina William Walker Atkinson, o ato
da atenção consiste de três fases:
1) A acurada fixação da percepção sobre um
objeto;
2) O persistente império da percepção sobre
aquele objeto; e
3) A exclusão da percepção de outros objetos
que tentam ser percebidos.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 165

O grau de concentração ou atenção é tanto


maior, quanto menor é o campo sobre o qual se
dirige.
Quanto menor for o número de objetos a que
prestamos atenção ao mesmo tempo, tanto maior
será o grau de atenção que esses objetos recebem,
e, pelo contrário, esse grau de atenção será tanto
menor, quanto maior for o número dos respectivos
objetos.
O maior grau de atenção, pois, consegue-se
se concentrarmos toda nossa atenção, num tempo
dado, num único objeto. Se esse objeto é simples,
facilmente perceberemos as suas qualidades, se for
complexo, teremos que dividir a nossa observação
em várias partes, para obtermos percepção
distinta, intensa, nítida e clara.
“A atenção é para a consciência (diz
Hamilton) o que a contração da pupila é para a
vista, e, para o olho da mente, assim como o
microscópio ou telescópio igualmente são para os
olhos do corpo.
Mas seja qual for sua relação com as
faculdades especiais, a atenção duplica toda a
eficácia dessas faculdades e lhes comunica um
poder de que, sem ela, ficam destituídas”.
A atenção, prestada exclusivamente a um
objeto particular, faz-nos ignorar outros objetos,
que no mesmo instante se apresentam à nossa
vista.
166 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Assim, por exemplo, se uma pessoa fica


observando um quadro que a interessa ou ouve
uma música que atrai toda a sua atenção, não
percebe o que está acontecendo em seu derredor.
Pode-se dizer que tal atenção lhe fecha o mundo.
Para a atenção nos ser útil, há de ser dirigida
pelo raciocínio e não pelos instintos.
Assim, é utilíssima a atenção que cultivam os
estudantes e dirigentes de empresas.
Quando a atenção é alimentada pelo
interesse, é quase involuntária e acompanhada de
nenhum ou muito pouco esforço. Quando devemos,
pelo contrário, dirigir a atenção a algum objeto ou
tema que não nos interessa, ela requer maior
esforço e é acompanhada por uma sensação de
trabalho e fadiga.
Porém, o estudante ocultista não deve
esquecer que, sem esforço, nada se consegue e,
portanto, deve habituar-se a prestar atenção
também a objetos ou temas que não o interessam
no sentido de divertimento ou utilidade material.
Começai a prestar atenção a tais objetos ou
temas, vencendo a vossa aversão, vereis que, pouco
a pouco, encontrareis neles algum interesse, e esse
interesse atrairá mais atenção, a atenção
aumentada produzirá interesse maior, e assim por
diante.
Quando a vossa atenção, em tais casos,
estiver exausta, descansai passando a ocupar-vos
com outro trabalho ou divertimento, ou escolhei
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 167

outro assunto para ocupar com ele a vossa


atenção.
Quando se centraliza demasiadamente a
atenção sobre uma sensação invariável ou sobre
algum objeto imutável, pode acontecer que se
produza o estado hipnótico, ou uma condição
comatosa, o que se deve evitar, porque tais estados
são anormais e, muitas vezes perigosos.
Todos os dias deveis prestar boa atenção à
vossa conduta e, à noite, antes de adormecer,
examinai, mentalmente, os acontecimentos do dia,
e quando descobrirdes que tendes procedido mal
em vossas relações familiares, sociais, morais ou
psíquicas, reconhecei o erro cometido e fazei firme
decisão de não recair nele.
Pedi a Deus, que está na parte celestial de
vossa Alma, as forças necessárias para vencerdes
qualquer mau hábito, qualquer tentação ou
inclinação que vos ataque e se torne obstáculo ao
vosso progresso espiritual.
Não vos ocupeis, porém, demasiado com a
recordação dos erros feitos, mas aproveitai a
ocasião para reconhecerdes que se errastes, foi
permitido pela Providência, a fim de vos servirem
os vossos próprios erros de lição prática da
fragilidade da vontade pessoal e para saberdes
perdoar as faltas alheias.
E, imediatamente, dirigi a vossa concentração
a quadros de harmonia e amor, que talvez tenhais
presenciado no mesmo dia, e, na falta de tais
168 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

acontecimentos, meditai sobre elevados temas


espirituais.
A Paz seja convosco!
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 169

CAPÍTULO XXXIX

ESTATUVOLÊNCIA
O espírito é o verdadeiro dono, amo e
dirigente do corpo, e deve dominá-lo por meio da
Vontade. A condição em que o Espírito, ou a Alma
humana se acha quando domina e dirige o corpo,
chama-se estatuvolência, isto é, o “estado
determinado pela Vontade”.
No estado assim determinado, o corpo fica
sendo passivo e a Alma ativa, ou positiva. A Alma
humana possui forças invencíveis, de que não faz
geralmente uso, devido à ignorância.
A Alma deve aprender a conhecer seus
poderes e forças por meio dos quais pode fazer
muitas coisas, sem uso de instrumentos materiais,
com ou sem o corpo físico.
Ela deve convencer-se que é uma entidade
pessoal, um ser real e distinto, capaz de agir
independentemente do corpo físico, que lhe deve
servir apenas como um instrumento para exprimir
a vontade dela (da Alma).
Eis um bom método para produzir
estatuvolência:
Sentai-vos comodamente num lugar quieto,
com o corpo descansado, pondo os pés sobre o
170 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

assoalho, separados, o colocai cada mão sobre


cada joelho.
Fechai os olhos e pensai num distante objeto
ou lugar terrestre, ou pensai na lua, ou em algum
planeta, e continuai pensando sobre esse objeto ou
lugar, em vossa imaginação, de forma que não vos
venha nenhum outro pensamento e vos esqueçais
totalmente do vosso corpo.
Com várias repetições de tais exercícios,
podereis conseguir que o vosso pensamento vença
qualquer dor física, ou que o vosso corpo astral se
transporte à distância, ou que se vos torne claro
qualquer problema.
Não vos esqueçais, porém, de que é
necessário conservardes concentrado o vosso
pensamento sobre o objeto, pessoa ou lugar de que
se trata. E antes de começardes os exercícios,
deveis sempre elevar a vossa consciência às esferas
altas e pedir a proteção de Deus e dos bons
Espíritos. Também deveis agradecer por qualquer
resultado que obtiverdes.
O mesmo exercício pode ser aproveitado para
vos curar de alguma doença e vencerdes maus
hábitos (por exemplo: o vício de fumar ou acessos
de ira, etc.).
Nestes casos, o objeto de vossa meditação
deverá ser o estado em que desejais viver. Assim,
devereis imaginar-vos resistentes às tentações,
sadio, bem disposto, calmo, embora no meio de
circunstâncias que vos possam roubar a calma,
etc., etc.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 171

Quando já tiverdes feito alguns exercícios


estatuvolenciários, bastará apelardes, num caso
dado, à vossa Vontade, sem as preparações
meditativas, para vencerdes qualquer indisposição
ou tentação.
A fim de progredirdes bastante nestas lutas
entre a tentação e a Vontade, decidi, por exemplo,
em algumas ocasiões, que não tomareis água,
apesar de sentirdes sede ou que não comereis,
apesar de sentirdes apetite. Ou ouvi conversações
que vos desagradam, sem as contrariardes. Ou,
num lugar que vos repugne, devido à falta de
asseio ou comodidade, experimentai produzir em
vossa imaginação quadros de asseio e beleza.
Lembrai-vos dos mártires que, enquanto
sofriam dores pungentes, torturas e golpes mortais,
tornavam-se insensíveis a tudo isso, concentrando
os seus pensamentos no sublime Ideal pelo qual
morriam, e assim viam claramente abrirem-se-lhes
os céus e aparecer-lhes o Cristo.
172 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XL

PSICOMETRIA
Pela palavra “psicometria” designa-se a
admirável faculdade da Alma humana de sentir e o
estado do objeto com o qual a pessoa se acha em
contato. Esta palavra é formada dos termos gregos
“psyke”(alma) e “metron” (medida).
É, pois, a psicometria o processo de
percepção das vibrações psíquicas deixadas num
objeto por aquilo que esteve um contato com ele. A
clarividência tem por base a visão, a psicometria
liga a visão com a sensação.
Eis um bom método para desenvolverdes as
faculdades psicométricas:
Se desejais conhecer o caráter, as condições
sociais e a doença de uma pessoa presente (ou se a
referida pessoa deseja que lho digais), tomai a sua
mão direita (que é positiva) na vossa mão esquerda
(que é negativa), e ambos respirai ritmicamente por
alguns instantes.
Em breve sentireis mentalmente as condições
de seu caráter, sua posição e seu estado de saúde
ou doença. Não formeis idéia própria sobre isso,
mas dizei apenas o que sentís, isto é, o que o
contato vos fez sentir.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 173

Alguma prática aperfeiçoará assim as


faculdades psicométricas de quem tem algum
talento nesta direção, principalmente se já tem
desenvolvidas a percepção, a intuição e a
estatuvolência.
Se a pessoa que vos deve servir de objeto
psicométrico não está presente, deveis ter um
objeto que pertença ou pertenceu a essa pessoa e
não foi apalpado por outros, por exemplo, um
lenço, um anel, brincos, cabelos, etc. Colocai o
respectivo objeto na vossa mão esquerda,
concentrai-vos e dizei ou escrevei (com a direita) o
que sentirdes.
Quando várias pessoas se exercitarem, pode
uma colocar, sem ser vista pôr vós, em papéis ou
envelopes fechados, vários objetos, como sal, cinza,
açucar, pimenta, terra, etc., de modo que não se
possa perceber pelo tato a espécie dessas coisas.
Sentai-vos comodamente, fechando os olhos,
respirai ritmicamente e segurai o objeto com a mão
esquerda. Se possuirdes alguma faculdade
psicométrica, sentireis o gosto do objeto, e assim
direis: É sal, é açucar, etc.
Quem perseverar nestes exercícios, apesar de
alguns insucessos sofridos no princípio, poderá
tornar-se bom psicómetra, e, então, um pedaço de
pedra ou tijolo revelar-lhe-á algo do passado da
casa ou do edifício donde esse pedaço foi tirado.
Uma carta, sem que a leia, falar-lhe-á, por contato,
do conteúdo que traz, etc., etc.
174 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

CAPÍTULO XLI

SOBRE O SANGUE
Todos sabem que o sangue é um líquido
vermelho, que circula nas artérias e veias. É o
líquido nutritivo do organismo físico. Sai do
coração e é levado a todas as partes do corpo pelas
artérias, e depois de ter distribuído as forças
nutritivas aos órgãos, volta, pelas veias, ao
coração, o qual o envia aos pulmões, onde o
sangue se oxigena e dali volta ao coração, para
recomeçar o seu giro.
O sangue se compõe de um líquido (soro) de
glóbulos vermelhos e de um número, relativamente
pequeno, de glóbulos brancos, que protegem contra
os micróbios nocivos à saúde.
Desde a infância até aos quatorze anos, o
osso medular não forma todos os corpúsculos
sangüíneos, pois a maioria deles é fornecida pelo
“timo”, uma glândula da parte inferior do pescoço.
Esta glândula é grande no feto, e
gradualmente vai diminuindo, à medida que se vai
desenvolvendo a faculdade individual de produzir o
sangue, ao crescer a criança. Essa glândula
contém certa quantidade de corpúsculos,
proporcionados pelos pais, e desaparece quando os
ossos ficam devidamente formados.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 175

Como o sangue, durante toda a infância,


provém do sangue dos pais, as tendências às
enfermidades se herdam também dos pais. Notai
bem, as tendências e não as enfermidades
mesmas.
Depois dos 14 anos de idade, quando o Ego
interno já começou a formar seu próprio sangue,
depende muito do indivíduo mesmo se essas
tendências se manifestam ou não.
O sangue é, pois, indício da individualidade,
e, como não há duas pessoas que tenham a
impressão digital totalmente igual, também não há
duas pessoas que tenham sangue bem igual. Se se
inocula o sangue de um animal superior no sangue
de um animal de espécie inferior, este animal
inferior morre, porque o sangue do superior lhe
destrói o seu próprio sangue.
Também o sangue humano, injetado nas
veias de qualquer animal lhe produz a morte,
porém pode fazer-se a transfusão de sangue entre
duas pessoas, embora em alguns casos, produzam-
se efeitos prejudiciais.
Para que o sangue possa sustentar todos os
órgãos do corpo e distribuir-lhe a substância
nutritiva, é animado dum movimento contínuo, que
o leva a todas as partes do organismo e o conduz
aos pulmões, onde se regenera sob a ação do ar.
A este contínuo giro do sangue dá-se o nome
de circulação. É por meio da respiração que o
sangue se conserva em relação com o ar
atmosférico, para o fim de introduzir o oxigênio nos
176 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

pulmões e, por meio dele, revigorar o sangue


impuro e fraco das veias, mudando-o em sangue
arterial.
O sangue arterial, isto é, o que sai dos
pulmões e corre pelas artérias, é vermelho
rutilante, coagula-se muito facilmente e contém
muito oxigênio.
O sangue que volta dos órgãos aos pulmões
chama-se venoso, porque flui pelas veias. É de um
vermelho escuro, não coagula tão facilmente e
contém muito gás carbônico.
É no sangue que reside o Ego, ou Espírito
Individual, e para que o Ego possa pensar e agir
convenientemente, é necessário que o sangue não
seja nem demasiado frio, nem demasiado quente,
porém que conserve a temperatura normal.
Quando há excessivo frio ou excessivo calor,
sobrevém a sonolência e, se passam de certos
limites, afugentam o Ego do corpo, que então fica
adormecido e inconsciente.
Quando uma febre, uma forte paixão, um
acesso de ira ou a ânsia se apodera de uma pessoa,
aquece-lhe demasiado o sangue e ela perde o
domínio de si, porque o Ego é lançado fora dos
seus veículos, e tal estado é muito perigoso, porque
antes que o Ego penetre novamente dentro do seu
corpo, pode alguma entidade desencarnada tomar
posse dele, produzindo uma obsessão.
Quando alguém se ruboriza em conseqüência
de um sentimento de vergonha, o sangue lhe sobe
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 177

à cabeça, esquentando o cérebro, e às vezes,


acontece que até lhe paralisa o pensamento.
Quando alguém sente medo, o Ego atrai o
sangue ao centro e, por conseqüência, a pessoa
empalidece, porque o sangue, abandonando a
periferia do corpo, perdeu calor, o que também
paralisa o pensamento.
Depois de uma alimentação pesada ou
demasiada, não se pode trabalhar mentalmente,
porque o Ego centraliza a sua atividade nos órgãos
digestivos.
Como já dissemos, a criança recebe dos pais
o seu primeiro sangue, e deles também herda as
tendências à enfermidade.
Essa tendência pode ser combatida e vencida
quando o Ego começar a formar o seu próprio
sangue, isto é, depois dos quatorze anos de idade.
O vapor do sangue, humano ou animal, serve
de alimento às larvas astrais, criadas por
pensamentos de paixão, medo, ódio e malícia.
Por isso, os “deuses” do paganismo
conservaram a sua existência, enquanto lhes eram
sacrificados animais ou até entes humanos, pois
nutriam-se das exalações desses sacrifícios.
Quando, com a propagação do cristianismo,
cessaram os sacrifícios sangrentos, morreram
aqueles “deuses”, que eram produtos de
pensamentos coletivos.
178 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Existem larvas astrais, formadas pelas


paixões e principalmente se produzem ao redor das
pessoas de hábitos imorais, criminosas ou idiotas.
Tais larvas atraem a si o calor vital das
pessoas de boa vontade que, porém, são de pouca
força de resistência e esgotam rapidamente os
fracos, sugando-lhes as forças vitais que
encontram no sangue das respectivas pessoas.
Esses fantasmas desaparecem na presença
de uma pessoa equilibrada que possui vontade
forte e quer o bem de todos os seres.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 179

CAPÍTULO XLII

AO DESPEDIR-NOS
Ao despedir-nos dos prezados estudantes,
tornamos a chamar a sua atenção para os
conselhos que já lhes demos, e acrescentamos
ainda a advertência de que nunca se deve praticar
qualquer exercício ou ato com o fim de fazer mal a
quem quer que seja, pois isso seria magia negra, e
o mal feito a outrem recairia na pessoa que o
tivesse feito.
Não deve o esoterista ou ocultista esquecer
nunca o grande mandamento Divino: - Ama a
Deus sobre todas as coisas e a teu próximo
como a ti mesmo. - Quem segue este preceito, não
se vinga, mas perdoa, assim como deseja que Deus
lhe perdoe os seus pecados, as suas dívidas
cármicas.
Sabeis que a lei do Carma é inexorável e
justa. Cada ação boa tem, como sua recompensa,
um bom efeito, e cada ação má tem sua punição
em algum sofrimento.
Estes efeitos não se limitam a uma só vida,
mas muitas vezes se apresentam em outra
encarnação.
Assim, cada ser racional colhe, mais cedo ou
mais tarde, o que semeou.
180 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Há um único meio de apagar as dívidas


cármicas, e este meio é praticar a verdadeira
Caridade, fazendo o bem e evitando todo o mal,
tanto nos pensamentos, como nas palavras e nos
atos.
Cumpramos bem os nossos deveres, sejam
pessoais, familiares ou sociais. Unamo-nos, no
íntimo da alma, com o Cristo eterno, que está
sempre na nossa Alma, como um elo de
consciência que une e unifica todos os seres
humanos entre si e com o Pai Celeste, que é a
Suprema Consciência Cósmica.
Cuidemos bem dos nossos pensamentos,
porque todo ocultista sabe que cada homem é tal
qual a sua mente. Se alguém pensa em fazer mal,
dificilmente evitará fazê-lo, e, pelo contrário, se
pensa em fazer algum bem, encontrará a
possibilidade de realizar esse desejo. Além disso,
sabemos que quem pensa ou imagina coisas
perniciosas, torna-se criminoso moral, porque o
seu mau pensamento é absorvido pelos seres
humanos de moralidade fraca, e os seduz à prática
de ações abomináveis.
Assim também, se uma pessoa pensa
continuamente na enfermidade, lança fora de si os
elementos de toda espécie de doença, e, pelo
contrário, se pensa na saúde, na força, na alegria,
no bom êxito de boas obras, lança no espaço
elementos de idéias dessas boas coisas, que
produzem bons efeitos na respectiva pessoa e nos
outros.
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 181

O estudante ocultista sabe que o nosso


espírito pode sair do nosso corpo durante o sono,
para se dirigir a lugares distantes, conservando a
sua união com o corpo por meio de um sutilíssimo
“fio”. O estudante ocultista sabe que existem além
dos sentidos corporais ou físicos, também sentidos
psíquicos (ou astrais), dos quais se serve a alma,
quando se põe em relação com o mundo espiritual,
assim como nos casos de clarividência,
clariaudiência, telepatia, etc.
No estado a que se chama “sonho”, não
vemos com os olhos do corpo, nem ouvimos com os
ouvidos físicos, mas vemos e ouvimos com os
sentidos espirituais (ou psíquicos).
E, notai bem: antes de adormecer, convém
que fixeis na vossa mente, o mais profundamente
possível, a idéia de que vós mesmos não sois o
corpo que vai dormir, mas que sois a alma, que
continua sempre vigilante. O último pensamento
que temos ao adormecer, nos acompanha quando
entra no domínio dos sonhos. O ocultista adiantado
sabe aproveitar este fato para conservar-se
consciente mesmo naquela região.
Nunca vos esqueçais de que o conhecimento
de si mesmo foi, desde a mais remota antigüidade,
considerado como a melhor base filosófica e
científica de todas as virtudes, e que leva ao bom
êxito nas empresas, quando se lhe ajunta o
conhecimento dos outros, daqueles com os quais
estamos em contato.
182 FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ

Um bom conhecimento do vosso caráter, das


vossas inclinações e faculdades vos dirá o que
podeis. Se se trata de vos orientar numa profissão
para a vossa vida, o conhecimento de vossas
qualidades e de vossos defeitos vos fará escolher o
emprego, a carreira ou a profissão em que podereis
melhor aplicar vossas qualidades e onde vossos
defeitos vos poderão prejudicar o menos possível.
Não vos esqueçais também de que o grande
fator de todos os atos humanos é o interesse. Tudo
que deveis fazer, fazei-o sempre com amor e
dedicação à obra. A falta de eficiência e de amor
em vosso trabalho produziria atritos e desarmonias
para vós, porque vos colocaria em desacordo com o
movimento da vida cósmica.
Executando com amor e dedicação a vossa
obra, vos harmonizareis com as vibrações
universais, ao passo que, em condições contrárias,
seríeis como um instrumento mal afinado, cujos
sons prejudicariam a harmonia do conjunto pela
discordância dos sons.
Cuidai, pois, de conseguir perfeita harmonia
entre o corpo, a mente e o espírito. Quando há
harmonia no ente completo, o trabalho se faz sem
cansaço, com gosto e alegria.
Não vos descuideis de pedir ao Pai Celeste
aquilo que vos falta para vosso progresso
espiritual, pois o Cristo disse: “Pedi e recebereis”.
Mas não vos esqueçais de que Ele também advertiu
que devemos, em primeiro lugar, procurar o Reino
de Deus e Sua Justiça, isto é, o estado de alma, no
PRINCÍPIOS DE OCULTISMO 183

qual ela se sente una com Deus e com todas as


outras almas, esse estado de Paz e Felicidade, no
qual tudo é claro e reconhecido como verdadeira
Vida permanente.
Oxála todos os que leram e estudaram estas
lições encontrem o Caminho para esse Reino de
Deus!
E a Paz Divina seja sempre com todos os
seres.

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