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Frater Parzival: Você [Frater O.L.

] me disse ao telefone: nós vamos


criar um Templo - um Templo não é a mesma coisa que uma Loja,
depois eu falo a respeito - e só vamos escolher gente da Lei de Thelema,
não vamos escolher gente de AMORC, gente disso, nem nada. Bom, na
O.T.O., no primeiro grau, entra qualquer pessoa. Quem quiser entrar,
entra. A única condição é aceitar Liber OZ; pode ser católico, pode se
padre romano, pode ser budista, pode ser mago branco [risos], pode ser
mago preto também e mago negro - não é a mesma coisa; pode ser
qualquer tipo de pessoa, inclusive agentes políticos, qualquer pessoa!

Frater Zaratustra: Policial.

Frater Parzival: Pode, até comunista pode se quiser. Disse "até


comunista" pois o país está contra os comunistas… porque em Liber
OZ: você tem direito de pensar o que quiser, de falar o que quiser, de
viver como quer, então não temos o direito… pelo contrário, nós
queremos que as pessoas tenham esses direitos fundamentais.

Então, no primeiro grau, vocês podem aceitar qualquer pessoa. Aliás,


nos três primeiros graus quaisquer pessoas. Agora, do quarto grau para
cima… bom… não é que sejamos contra as religiões passadas,
absolutamente, mas elas vão até um certo ponto e não passam. E quando
elas chegam naquele ponto, passam a restringir os indivíduos que
pertencem a elas. Do quarto grau para cima o indivíduo…tem que sentir
que…ele tem que subir acima daquilo que ele aprendeu antes. Mas tem
que subir por conta própria, está compreendendo? Então acima do quarto
grau já assumimos que o indivíduo não pode por exemplo… não pode
ser… não pode aceitar coisas que contradigam Liber OZ. Ele não pode
viver num regime de vida ou aceitar um regime social que contradiga
Liber OZ, ele tem que lutar contra aquilo, tem que combater aquilo, tem
que defender os direitos fundamentais do homem. Então, se vocês por
exemplo forem chefes de Loja, os membros do terceiro grau tem direito
de ir na Igreja Católica Romana aos domingos se quiserem, mas para
eles chegarem a chefe de Loja… eles já tem que deixando de ir por
conta própria. Está compreendendo o que estou dizendo? Porque
sendo… não… não que haja algo de errado na fórmula mágica da Igreja
Católica Romana, é o dogma que está errado, a ideia da punição eterna,
do pecado original, isso que está errado.
Frater O.L.: O culto do deus sacrificado.

Frater Parzival: Não há nada… um membros dos três primeiros graus


pode cultuar o deus sacrificado, mas o membro do quarto grau já tem
que perceber que esta fórmula está superada, mas tem que perceber por
conta própria.

Então, há duas teorias do círculo mágico e… a gente espera você voltar


[fita rebobinando]. Então, tem duas teorias do círculo mágico: a primeira
onde o círculo mágico serve para proteger você de influências hostis que
estão fora do círculo e mante-lo puro e nada de fora pode entrar. Bom,
esta fórmula é a que chamamos do Irmão Negro. Nada de fora entra, ele
fica integral.

Frater O.L.: Ele se restringe.

Frater Parzival: Ele não muda! Ele fica naquilo que chegou a ser e não
muda. Porque para você mudar, você tem que incluir na sua existência,
na sua consciência, coisas que estão fora do seu círculo. Bom essa é uma
teoria do círculo magico que serve para proteger você. Outra teoria é que
o círculo mágico serve para atrair atenção das forças que estão fora dele,
para aquela autoridade, ou para aquele nível vibratório, aquele foco de
força que você representa, está compreendendo? E a nossa teoria, é que
o nosso círculo mágico é isso, a finalidade do círculo é atrair as forças
para que elas sejam disciplinadas, controladas e incluídas em nosso
trabalho de evolução e uma Loja funciona da mesma maneira, quer
dizer, a Loja tem que deixar qualquer indivíduo que queira entrar, que
diga que quer viver de acordo com Liber OZ. Não se espera que um
indivíduo comum perceba na Lei de Thelema nada mais do que aquilo
que está em Liber OZ. O Livro da Lei é complicado. O Livro da Lei
tem versos que contradizem o significado… real contradiz o significado
aparente. E isso foi feito de propósito, então não se espera.

Frater Zaratustra: Você ia falar da diferença entre Loja e Templo.

Frater Parzival: Ah sim, bom: a Loja não precisa estar orientada para
Boleskine; a Loja pode ser qualquer edifício, pode ser improvisado
como uma Loja.
Frater O.L.: Bom, agora eu pergunto: comprando um sítio, um pedaço
de terra…

Frater Parzival: Aí já é diferente, se vocês vão construir especialmente,


aí já é diferente. Pode orientar em direção a Boleskine. Mas não precisa.
Agora, o Templo é exclusivamente para a missa gnóstica. O livro 15, a
Missa da O.T.O.. E para rezar a missa gnóstica, tem que conhecer o
segredo central da O.T.O.. Vocês já conhecem?

Frater O.L.: Eu por exemplo não conheço.

Frater Parzival: Você já conhece? [perguntando ao Zaratustra] Não é


conhecer, vocês tem que adivinhar. O segredo não é dito, você tem que
adivinhar por conta própria. Tem uma porção de "indiciozinhos", uma
porção de sinais e vocês tem que chegar a conclusão de qual é o segredo
central.

Frater O.L.: Eu conheci a fórmula de consagração do pão e do vinho do


aeon antigo.

Frater Parzival: Essa não mudou, isso não mudou, a fórmula continua a
mesma. Mas o simbolismo da missa, o que está escondido atrás dele é o
segredo central do grau nono da O.T.O., certo? Se vocês construírem um
Templo eu vou ter vir do Rio todo domingo para oficializar a missa de
vocês até vocês criarem base iniciática por conta própria. Incluindo
vocês mesmos.

Frater Zaratustra: As reuniões de Loja…

Frater Parzival: Eu creio que seria melhor - desculpe interromper -


vocês começarem modestamente fazendo apenas a Loja e deixar que os
próprios membros da Loja construam um Templo se eles quiserem. Faz
o negócio difícil, não dê as coisas de presente para as pessoas porque eu
garanto para você que você se estrepa. Eles têm que conquistar essas
coisas pelos esforços próprios, vocês façam a Loja e se eles quiserem um
Templo, se quiserem missa aos domingos, eles mesmo se põe para
construir um. O pessoal só dá valor àquilo que conquista.

Frater Zaratustra: Os membros da Loja são doze…


Frater Parzival: Para iniciar.

Frater Zaratustra: Isso, doze membros.

Frater Parzival: Porque para realizar os rituais do primeiro, segundo e


terceiro graus vocês precisam de doze membros. Somente por isso.
Iniciar mesmo inicia com dois.

Frater Zaratustra: As reuniões realizadas em Lojas… segundo os


padrões maçônicos, toda semana, todo mês ou de quatro em quatro
meses durante a passagem dos equinócios?

Frater Parzival: A Loja da O.T.O. deveria ser uma espécie de clube,


além de Loja. Deveria não só funcionar como Loja mas como clube. Um
clube normal como qualquer outro, onde vocês podem ter reuniões,
festas, trabalho de auxílio social mútuo, podem ter escolas e
eventualmente a ideia é que a coisa cresça a ponte de vocês construírem
um núcleo como existem os católicos romanos, os israelitas como
existem núcleos de diversas religiões; só que Thelema é definitivamente
não religioso. Thelema não é uma religião, não temos um dogma, mas
um método de teurgia. Nesse ponto podemos dizer que Thelema é uma
legítima religião no sentido da palavra re-ligar, de união, mas nada de
dogma. Por isso não podemos perseguir, combater quem quer que seja,
não podemos ser contra quem quer que seja, absolutamente. Somente
contra aqueles que tentam interferir contra os direitos fundamentais em
Liber OZ. Contra estes nós somos. E temos o direito e o dever se ser.
Não só para nos defendermos mas para defender os outros. Mas
sectarismo tem que ser evitado.

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