Você está na página 1de 596

A CHAVE PARA A MAGIA

NEGRA
Stanislas de Guaita
ENSAIOS CIENTÍFICOS AMALDIÇOADOS

(Livro decorado com muitas gravuras)


A serpente de Gênesis
Segundo
1920

© Arbre d'Or, Genebra, novembro de 2012


Todos os direitos reservados para todos os países

AVISO DO EDITOR
O formato epub não inclui algumas fontes, e é por isso que os
caracteres grego, hebraico e de símbolo não são exibidos
corretamente.
PREFÁCIO
Nossa segunda Septaine tem como objetivo esclarecer e
interpretar cientificamente todos os fatos e lendas produzidos
durante a primeira.
A Chave da Magia Negra deve abrir aos curiosos o santuário final
deste Templo de Satanás do qual eles, em nossa companhia,
andaram pelas praças abarrotadas de um bric-a-brac de fetiches
sem nome, pell-mell com estranhos simulacros:
Como, nummos, lápides, cadáver, simulacra, nihilque1...
Eles verão novamente em plena luz do dia este pandemônio que
eles procuraram anteriormente tateando, ou equipado apenas com
uma lanterna surda, para suas criptas assombradas pela escuridão
alucinante. [8]
Ver é bom; Entender é melhor. — Fechai a fantasmagoria do
sábado, lugar para aqueles que querem conhecer o demônio como
ele é.
Chegou a hora da epifania satânica. O tabernáculo se abre, e eis
que, revelando o arcano supremo de sua inconsciência assassina, o
Ídolo se iluminará com o fogo cósmico e onilatente que é sua própria
substância e sua vida.
Este volume comenta e corrige o anterior; endireita-se as imagens,
invertidas ou falsificadas pelo artifício do Mestre dos encantamentos;
Ele coloca os horizontes invertidos de volta em seu lugar, substitui
um dia a sonda pelo brilho falacioso das tochas infernais, tão rápido
para depravar as formas, para fazer as cores mentirem. Ele restaura
em uma palavra a perspectiva normal, em vez da perspectiva
sabática (toda artificial e leniente aos prestígios) da qual o povo
enfeitiçado tinha medo, no pântano do bode.
O paralelismo interpretativo dos sete capítulos, de um volume para
outro, pareceu-nos um método servil, ao qual não imaginamos que
seja urgente vincular-nos. Isso seria renunciar ao sistema de
correspondências taróticas, de outra forma frutífero. Trata-se menos,
como se pensa, de assumir um a um, desmantelar o mecanismo, os
fenômenos mencionados no Livro anterior, do que estabelecer uma
teoria geral das forças ocultas, decisivamente sintéticas, e cuja
inteligência permite que nossos leitores descubram por si mesmos –
e, se necessário, inferam a priori – o como e o [9] Ora, não só dos
fatos que escolhemos como exemplos, mas indistintamente de todos
aqueles, semelhantes, que, todos os dias, desafiam a sagacidade
do observador. Tentaremos, além disso, para alguns dos casos
mencionados no Volume I, o que seria ocioso empreender para
todos: a adaptação dos princípios aos fatos. Além disso, para
quebrar a monotonia da especulação abstrata, não vamos nos
inclinar em apoiar nossas teorias de um novo controle, por meio de
novos exemplos, propostos aqui e ali.
A Bruxaria ou Magia Negra, que em outros lugares definimos "a
implementação, para o mal, das forças ocultas da Natureza", difere
da Magia elevada e divina em três pontos essenciais: distingue-se
primeiro pela diversidade de intenções, depois pelo grau de ciência
ou ignorância dos meios empregados, finalmente pelo contraste dos
resultados obtidos.
Mas, – nós notamos isso em outro livro e não podemos voltar
muito a ele – Mago e Feiticeiro se dobram para os objetivos mais
discórdios, para as obras mais díspares, o mesmo agente que é
comum a ambos – o Astral.
Isso significa que nossa segunda Septaine (Chave da Magia
Negra) será quase reduzida a um estudo do plano astral2: campo de
batalha hiperfísico onde se chocam, em um clique de relâmpago, o
luminoso [10] flamberge de São Miguel Arcanjo e o deslumbrante
forcado de SatanPanthea. Grande duelo! Por um lado, o fatídico
campeão de Hyle, o cego Instinto, um monstro coletivo reagiu por
paixões devoradoras individuais; por outro lado, a santa guerreira de
Arkea, a serena Inteligência, conscientemente se uniu ao plano
providencial: ela é o lendário Anjo e Demônio, agarrando-se em
igualdade de condições na região do fogo cósmico!
Aqui está o Astral – garfo ígneo nas garras de Satanás, espada de
chama nas mãos de Keroub. Poderíamos acrescentar, no espírito de
uma escola erudita de gnose: aqui está o Astral – agente
pantomórfico e conversível; às vezes o próprio Satanás, quando
sofre as forças coletivas do mal; às vezes, quando ele é movido
pelos poderes providenciais, luz de glória dos eleitos e corpo místico
do Espírito Santo.
Um estudo consciencioso do Astral deve abranger esses dois
aspectos contraditórios, dos quais se segue que a Chave da Magia
Negra não apenas dá acesso ao edifício das ciências reprovadas,
mas também pode abrir o templo – se não o santuário – da Magia
elevada e divina.
Por que o templo e não o santuário? — É que, além do plano
astral, que sabemos ser comum por essência às milícias opostas do
Céu e do Inferno, o mago está ativo em outros planos, perfeitamente
desconhecido para os feiticeiros. Tais altitudes são acessíveis
apenas à ascensão da águia mística ou pomba; mas, corujas ou
abutres do Arcano, as [11] coortes imundas nunca contaminarão o
éter imaculado3.
Não se surpreenda, portanto, Amigo Leitor, ao encontrar, em quase
todos os fólios do presente volume, teorias que também interessam
aos hierofantes da luz e da noite. Em todas as coisas, cuidado ao
acreditar em todos os princípios eternos da Cabalá e da Magia
Sagrada condensados neste Volume II. Contém apenas de modo
indireto suas lições menos sublimes: dificilmente ultrapassaremos a
zona temporal neste momento, que em nossos terceiros anos
setenta teremos que atravessar deliberadamente, para elucidar, na
medida permitida por nossos esforços, o terrível Problema do Mal.
Mesmo assim, tudo estará longe de ser exposto. Outra obra
enfrentará mais tarde, se agradar a Deus, as revelações supremas
da ciência tradicional [12] dos Magos; pelo menos o que pode ser
entregue pelo nosso humilde intermediário aparecerá no devido
tempo. Convença-se, além disso, de que a última palavra desses
arcanos nunca será dita, nem por nós nem por qualquer outro.
Você quer saber o motivo subjacente? — É que, mesmo supondo
que um adepto plenamente iniciado consentisse, por impossível, em
despir a Ísis celestial de seu último véu, a mão do profanador,
subitamente paralisada, seria impotente para sacrilégio. Expressões
iriam falir seu pensamento; além disso, mesmo que ele encontrasse
os adequados, ele se explicaria em uma língua desconhecida para
você. Trégua de metáforas. Ouça o que um dos mestres do
esoterismo prevê em relação a tal seguidor:
"Quanto mais alto ele se elevar", disse ele, "na esfera inteligível,
mais próximo ele estará do Ser insondável, cuja contemplação deve
fazê-lo feliz, menos ele será capaz de comunicar aos outros o
conhecimento disso; Pois a verdade, alcançá-lo em formas
inteligíveis, cada vez mais universalizadas, não pode de modo
algum ser fechada nas formas racionais ou sensíveis que ele
desejará dar-lhe. É aqui que muitos contempladores místicos se
desviaram. Como não haviam aprofundado suficientemente a tríplice
modificação de seu ser, e não conheciam a composição íntima do
quaternário humano, ignoravam a maneira pela qual a
transformação das ideias ocorre, tanto na progressão ascendente
quanto na progressão descendente; de modo que, constantemente
confundindo compreensão e inteligência, e não fazendo distinção
entre os produtos de sua vontade, de acordo com se ela agiu em
uma ou outra dessas modificações, eles muitas vezes mostraram o
oposto do que desejavam mostrar; e [13] que, de videntes que
poderiam ter sido, se tornaram visionários." 4
Essas linhas de Fabre d'Olivet parecerão peremptórias para
qualquer um que possua bem sua teoria do homem tri-um. Como
exemplo em apoio à demonstração acima transcrita, o teosofista
invoca as notáveis andanças do vidente mais brilhante dos tempos
modernos, aquele vertiginoso Jacob Boehm a quem Saint-Martin,
um dos primeiros mestres do Fabre d'Olivet, não hesita em
proclamar "a maior luz que apareceu na terra, desde Aquele que é a
própria Luz". 5 De fato, ele não se esquivou de nenhum arcano, este
artesão sem letras "cujo olhar audacioso (disse d'Olivet) penetrou
até mesmo no santuário divino"6. Não contente em ter mergulhado
no abismo de Wodh sem ser aniquilado, e ver o rosto deslumbrante
de Iod-hévê sem morrer, o grande místico, embriagado com o
princípio do fogo, tentou o Senhor! Jacob Boehm queria dizer tudo,
revelar tudo nu, – tudo, até as raízes pré-eternas da Natureza e do
próprio Deus... Então sua caneta foi atingida com desamparo e sua
língua com gagueira.
Não podemos discordar, além disso, de que Boehm não pagou
muito caro por sua temeridade. Pelo menos parece-nos assim,
quando [14] comparamos este Vidente a tantos pobres videntes
atingidos pela cegueira, loucura ou morte, por terem descido a um
abismo muito desprezível aos olhos do abismo divino; por terem
consumido os seus lodos no fogo do Inferno, — bem, (se é preciso
dizer tudo), porque tendo esgotado a sua substância para evocar
um ser que não se manifesta a menos que seja criado pelo seu
desejo, não seja amassado com a sua carne e sangue, que seja
animado e regado com a sua própria vida: uma vez que Satanás
não existe, no sentido imaginado pelos agnósticos da ortodoxia
estreita, incuravelmente apaixonado pelo maniqueísmo oficial.
Esta arte do suicídio, bem como do assassinato – o auto-
vampirismo evocativo do Nada feito o diabo – entra nos mistérios
que este presente volume se comprometerá a resolver.
II

Mas antes de esclarecer as obras costumeiras do Mago Negro,


especificando a quais armas, a quais auxiliares e a quais táticas seu
obstinado saberá pedir a Vitória na iniquidade, é importante limpar o
campo de hipóteses malucas e preconceitos populares, a fim de não
deixar mais espaço para mal-entendidos.
Uma distinção pode ser suficiente, mas essa distinção é
necessária, e mal a levou aos magistas que pensavam que
poderiam enviesar diante da dificuldade, provavelmente achando
menos comprometedor bordar nos [15] tons neutros sua tela
teosófica, sem ter que desvendar à primeira vista uma meada tão
delicada e tão conspícua. Outros acharam mais conveniente cortar
esse nó górdio por afirmação ou negação gratuita: mas,
dependendo se eles decidiram de uma forma ou de outra, eles em
vão alarmaram a consciência dos simples, ou emitiram ao capricho
dos estudiosos uma alegação sem significado.
Este insidioso ponto de interrogação que está no limiar das
ciências naturais e até matemáticas, bem como no limiar da filosofia
e da história, aqui está claramente colocado:

O SOBRENATURAL EXISTE?
Sujeito à distinção que se segue, nossa resposta será categórica:
"Não, o Sobrenatural não existe.
Que podemos objetar como fatos inegáveis, e até mesmo
experimentalmente verificados, aos quais a linguagem cotidiana
atribui o epíteto de sobrenatural, é o que não pode levantar a menor
dúvida.
É tudo uma questão de concordar com as palavras. Agora é
confuso e, o que é pior, contribui para o descrédito das doutrinas
teológicas, promovendo, sob sua garantia, uma das opiniões mais
chocantes à razão, e insultando o próprio senso comum, que se
espalhou por todo o mundo para a alegria de fanáticos e tolos: a
crença na arbitrariedade divina, governando o universo apesar e
muitas vezes contra as leis naturais.
Quando um termo tem ou parece ter [16] vários significados
díspares, não deveria fixar-se a sua preferência naquilo que
reivindica etimologia radical, sem prejuízo dos significados
figurativos dele derivados, por um tipo não mais de filiação legítima,
mas de afiliação racional, regulada de acordo com as leis invariáveis
da Analogia? (Um princípio que gera qualquer comparação, bem
como qualquer síntese, a Analogia gera sucessivas séries de
significados derivados, que são, em sentidos puramente radicais, o
que os filhos adotivos são para as crianças nascidas no casamento).
Voltemos à palavra sobrenatural, que é comumente ouvida
literalmente, não figurativamente, vamos pressioná-la; de onde
deriva? — Inquestionavelmente, da palavra natureza.7
O que é a Natureza? — Uma definição clara é menos fácil de
fornecer do que pode parecer à primeira vista.
Se é no vocabulário dos pensadores uma palavra que se tornou
um abuso pior, duvidamos disso. Sempre que um plumitif,
desviando-se do labirinto da ontologia (um destino comum a
qualquer um que pretenda falar sobre o princípio dos seres, [17] ou
sua origem, ou sua essência), sempre que um plumitif se encontrou
em constrangimento, é inevitavelmente à palavra natureza que ele
apelou, para cobrir a derrota de suas ideias, e, sob uma aparência
de profundidade, disfarçar a imprecisão ou a inadequação de sua
concepção. Natureza! Isso responde a tudo; Graças a este
substantivo, nunca estamos à beira de ficar curtos. Assim, perdeu
todo o significado categórico, toda a determinação, todo o valor
preciso; Como aquelas moedas que circularam demais: a efígie não
é mais distinta dela, dificilmente o contorno permanece de um perfil
incerto.
Graças aos formuladores da filosofia, a Natureza é uma frase que
diz tudo e não diz nada. À sombra da aceitação que lhe resta,
poder-se-ia de bom grado chamar-lhe o que existe, como Deus que
é.
Ora, admitindo por enquanto essa definição vulgar, já poderíamos
dizer que é tão absurdo afirmar a existência de uma coisa ou de um
fenômeno acima da natureza, como seria quimérico conceber um
ser ou um Poder acima de Deus. Se natural significa quem existe,
sobrenatural significa quem está acima da existência, ou seja, quem
não existe. – Será difícil sair de lá. O termo sobrenatural, aplicado
aos fenômenos da natureza, nos parece tão bufão quanto, atribuído
às essências espirituais, a palavra hiperdivino.
Para restaurar a palavra Natureza ao seu verdadeiro significado e
restaurar o seu pleno significado, é necessário nada menos [18] do
que começar a revelação de alguns dos mais altos mistérios da
Ciência. É isso que tentaremos no Volume III (Problema do Mal),
buscando o que a Natureza é em seu princípio, em sua essência,
em sua substância, em suas operações, como ela deve ser
concebida em sua integridade, antes da queda adâmica; o que ela
finalmente se tornou em materialização universal, produto dessa
catástrofe e da submultiplicação do Adão celestial, através do
espaço e do tempo. Todas essas questões estão ligadas da maneira
mais rigorosa e parecem pertencer exclusivamente aos assuntos de
nossos setenta terceira.
O programa desta segunda Septaine (Chave da Magia Negra) não
exige nenhum desses desenvolvimentos. Os mistérios de <dq
(Kadôm) – ou dos princípios originais, – os de lwx (Oûlam) – ou de
destinos finais; – interessam nossa tese atual apenas de uma
maneira bastante indireta. Tomamos o homem terreno, no ponto da
evolução em que a onda de vida o levou ao nosso planeta; e
procuramos até que ponto a sua malícia pode induzir em
cumplicidade a Natureza elementar, cujas leis fatais são indiferentes
a servir a perversidade, como para ajudar a boa vontade, seres
hábeis na implementação dessas ditas leis, em direção a um
objetivo de egoísmo a satisfazer ou bem geral a realizar.
Pelo contrário, nossa terceira Septaina (O Problema do Mal) tem
uma estrutura completamente diferente. Veja como o domínio que
ela deve abraçar se expande: [19] o horizonte místico recua no
oriente, por um lado, até o gerado da Natureza Eterna8, para a
promulgação do Decreto fundamental antes da queda adâmica; —
ao pôr do sol, por outro lado, ele se estende até a consumação dos
séculos e a reintegração dos submúltiplos na Unidade; até a
apoteose de Adão no seio do Verbo eterno!
Alguns desenvolvimentos que exigem a elucidação destes
arcanos, estranhos além do assunto deste volume, será necessário
tocar uma palavra a esta hora; pois seria impossível para nós
respondermos, mesmo que brevemente, a esta pergunta – o que
exatamente é a Natureza? — sem especificar, em alguns traços
firmes e breves, a história da queda, concebida não mais nos termos
de uma fábula cosmogônica, mas no espírito da Síntese esotérica e
tradicional.
Além da questão do natural e do sobrenatural que nosso silêncio
nesses assuntos deixaria pendente, essa invasão forçada no
programa do Livro III ainda tem a vantagem de lançar uma luz sobre
a origem do astral, que, de outra forma, teria permanecido muito
obscura. Ao mesmo tempo, a digressão que estamos prestes a ler
nos permitirá destacar uma divergência fundamental entre as
escolas teosóficas do Oriente e do Ocidente, uma divergência cujos
termos parece ainda mais urgente corrigir bem, uma vez que tem
sido menos sentida até [20] hoje. Isso só foi relatado diante de nós?
Em todo o caso, esperemos que o público aprecie a importância de
uma distinção que nos parece essencial.
De fato, se questionarmos as diferentes fontes de ensino oculto,
estaremos na presença de duas correntes muito distintas, tradições
que são quase contraditórias9.
A primeira corrente (que é a do esoterismo mosaico, interpretado
por Fabre d'Olivet, e, em geral, a da doutrina secreta no Ocidente:
ou que nos atenhamos à tradição cabalística pura, ou que sigamos a
dos místicos, de Alexandria até os dias atuais, através da Gnose,
dos Templários, da Rosa † Cruz, Paracelso, Fludd e Crollius,
depois a Escola de Videntes. Boehm, Gichtel, Leade, Martinès,
Dutoit-Mambrini, Saint-Martin e Molitor, etc.), — a primeira corrente
nos leva diretamente à concepção de um absoluto de Vida eterna e
Natureza-essência, cuja Natureza sensível e contingente, da qual o
Universo material e concreto seria apenas um produto em modo de
possível desvio, um acidente passageiro.
Concebida antes do lapso, a Natureza Eterna, a fecunda noiva de
Deus (que ela manifesta [21] trazendo à luz o seu Logos),
constituiria esta esfera da Unidade divina (o Pleroma de Valentim)
onde todos os seres infra-emanados se movem harmoniosamente,
cuja síntese é Adam Kadmon10, também conhecido como a
Palavra. A Palavra – gerada da união indissolúvel do Espírito puro e
da Alma vivente universal, ou, se preferirmos, do Deus masculino e
da Natureza feminina – a Palavra, Macrocosmo ideal, que deste
ponto de vista ainda chamaríamos de Adão-Elohim11, em oposição
a um de seus [22] membros que poderia ser chamado de Adão-
Eloha12.
Neste último, teríamos de ver tanto o autor como a vítima do
acidente de que falávamos anteriormente.
De onde veio esse acidente? — Da imprudência de Adão,
considerado (no sentido mais estrito), como um — Æloha
consubstancial com a Palavra Adão Ælohim — do qual ele seria, de
alguma forma, na sua origem, um órgão vivo.
Em vez de viver feliz na substância materna da Natureza divina e
na Unidade da Palavra, Adão incitado por Nahàsh ?hn (Egoísmo),
quer conhecer e compreender a Natureza em si mesma (em sua
essência radical antes do beijo gerador divino do Ser, no que
Boehme chama de sua raiz escura: em uma palavra, em seu ventre
antes da fertilização). Apreender essa essência oculta, antecedente
à elementização luminosa; daquele possível pivô da vida que
gostaria de ser, mas que não é tal é a ambição confusa de Adão-
Aloha. Mergulha loucamente neste barathre, procura nele a luz, a
vida autónoma e a omnipotência; mas encontra nele apenas trevas
angustiantes13, palatáveis e sempre desiludidas, tormento [23]
esforço estéril, cego... Ela é engolida por um nada ávido de ser, que
bombeia sua vida e do qual se tornará a larva incessantemente
devorada14.
Mas a Providência, a inteligência superior da Natureza, previu esta
possibilidade sombria: ela ousa um raio criativo no abismo — é o
Fiat de Paracelso e Boehme15 — e o remédio, preparado em poder
desde toda a eternidade, entrará em ação para a salvação de Adão.
A Escuridão do membro pré-eterno (este fundo primitivo onde a
Luz invisível do Espírito puro é elementada, refletindo sobre ela),
esta Escuridão [24] vem de três Forças potenciais, concatenadas
em pilha fisiogênica: uma força compressiva (mãe da densidade),
uma força expansiva (mãe da raridade), finalmente uma força
rotacional, produto da luta dos dois primeiros (e mãe do princípio do
fogo). Este triplo dinamismo, a base oculta de toda a vida da
criatura, agarra Adão-Eva: a força expansiva, dilatando a substância
de Adão, dá lbh Abel, o espaço etéreo e centrífugo; a força
compressiva deu /yq Kain, o Tempo divisivo e centrípeta. Pois,
tendo-se tornado mutável, Adão conhece o Tempo; tornar-se
corpóreo, ele conhecerá o Espaço.
O tempo compacta em nebulosas a substância etérea do Espaço;
Caim domina Abel: daí o mundo material, que é organizado com
base na terceira propriedade do Abismo (a força rotativa), que gera
t?
Seth, a distribuição sideral da substância adâmica no Espaço, por
meio do Tempo.
O Fiat de Boehme16, ou o raio ousado pela Providência, acendeu
a Luz astral no abismo: os sistemas solares estão organizados...
De agora em diante, Adão se espalhará pela sub-multiplicação, por
meio do Tempo, em todos os mundos que rolam através da
Expansão: até o dia de sua total purificação e retorno à Unidade,
pela integração do Espaço divisível e quebrando o molde do Tempo
divisivo.
Esta é a substância deste ensinamento,17,[25] isto é, com
Boehmus e toda a escola mística, queremos imaginar duas quedas
sucessivas: a de Lúcifer-Eloha, engolida primeiro pela escuridão
abissal da Essência da Natureza (antes da iluminação), e
envolvendo-se – para seduzir Adão-Eva.
— em ?hn Nahàsh, a 3ª propriedade do Abismo; nesta
angustiante Rotação (produto de forças compressivas e
expansivas), que é a base latente da vida dupla psíquica e volitiva
de todos os seres criados; — ou que se assume, com Moisés
interpretado por Fabre d'Olivet, que Nahàsh [26] força impessoal, foi
suficiente para determinar a queda de Adão-Eva.
Não importa, além disso, que antes da queda de Adão, outro
Æloha, - um Adão antes da carta, chamado Lúcifer - tenha ou não
quebrado o equilíbrio celestial primeiro. Pois, ao admitir, com a
Escola mística, a hipótese das duas quedas sucessivas de Lúcifer e
Adão, a primeira liderando a outra, permanece, no entanto, certo de
que Lúcifer, pelo menos, sucumbiu por si mesmo, e sem que
nenhum Espírito maligno causasse seu fracasso. Assim, a
intervenção de um tentador consciente não é de forma alguma
necessária para explicar a queda. Se tal ser interferiu ou não é uma
controvérsia de interesse secundário, e não deve dividir os
teosofistas que concordam com o resto.
Por mais lacônica que seja a nossa apresentação, dissemos o
suficiente para caracterizar a primeira corrente, a do ocultismo
ocidental.
A outra corrente (que é a do Exoterismo Budista e, parece-nos, de
todas as Escolas Jônicas) nos leva a considerar o Universo material
como uma manifestação eternamente renovada do Universo
arquetípico; – a Queda, como uma figura meramente alegórica da
descida do Espírito à matéria; e a Redenção, como um emblema
meramente místico do movimento evolutivo reverso, que sublima
as formas progressivas do Ser rumo a uma espiritualização em [27]
algum tipo de mecânica. Para que o Espírito, constantemente
irradiando para descer à matéria; e a matéria, elaborada sem pausa
para a libertação do Espírito cativo, que tende a subir para descer
novamente, para subir, descer e assim por diante indefinidamente: o
Objetivo concreto não pode mais ser concebido como um
transbordamento gelado, mas esgotável, do potencial Subjetivo; pois
a Natureza viva (equilibrada num perpétuo vai e vem da
diferenciação do polo para a integração do polo, e vice-versa) é
reduzida a um dinamismo puro: onde o Bem e o Mal, sendo
necessidades, já não são atribuíveis à consciência do ser moral; —
onde Parabrahm, com a mesma indiferença, envia suas emanações
para povoar o inferno da matéria diferenciada, e reengole o abismal
não-ser de sua essência duvidosa, os submúltiplos tornaram sua
unidade devoradora: aqueles seres que em vão lânguiram,
sofreram, se desesperaram; então lutou, e conquistou de assalto a
felicidade equívoca do Nirvana, para perdê-la novamente18 depois
de um descanso ilusório, e para se oferecer novamente ao abraço
calamitoso do indestrutível Maia, ogresso de um pesadelo eterno,
que cria e devora aparências formais sem nunca ser capaz de se
saciar com elas, e que [28] inesgotavelmente povoa os reinos de
vida e morte dolorosas, sem nunca conseguir viver ou morrer
sozinha.
É repugnante para nós, no Ocidente, fazer do universo uma
máquina, do homem escravo da tortura e de um Deus inconsciente
o autor do mal eterno! Consequências extremas, que é muito fácil
extrair das premissas da Síntese Hindu 19: pois, finalmente, o
universo físico supondo a existência do Mal, eternizar um é eternizar
o outro. Neste ponto, as próprias seitas exotéricas do cristianismo
parecem apresentar uma solução menos prejudicial ao homem e
menos revoltante para a sua razão. De fato, se professam, em
relação aos pervertidos, o dogma absurdo dos castigos eternos,
pelo menos prometem justiça aos justos, ensinando o "fim do
mundo", isto é, considerando todas as coisas, o caráter acidental e
transitório deste mundo físico, onde o mal é indiscriminadamente
desenfreado tanto sobre os bons quanto sobre os maus.20 [29]
O paralelo que traçamos entre os dois esoterismos do Ocidente e
do Oriente é suficiente para fazê-los sentir os fortes e os fracos; e
parece quase supérfluo acrescentar que nossas obras reivindicam
expressamente a primeira dessas duas correntes ocultas.
Que se voltarmos à origem da digressão que acabamos de ler,
será mais fácil para nós dar sentido à palavra natureza.
Entenderemos melhor que podemos considerar a Natureza em
dois aspectos:
1° A Natureza eterna e celestial, que é o Éden superior, o reino
da Unidade. As noções de Tempo e Espaço desaparecem no duplo
conceito do Eterno e do infinito. As almas que são reintegradas a ela
deixam de estar sujeitas às alternativas de morte e renascimento;
pois a sua substância, bastante espiritualizada, já não oferece um
aperto nas ondas retrógradas da torrente de gerações...
2° A natureza temporal e cósmica21, ou de decadência, triplica
como o Universo do qual é a lei. Ela é subdividida – 1° em Natureza
providencial ou naturante, que é comum ao Céu e à Terra; é através
dela que a Natureza temporal está conectada à Natureza Eterna,
que o Universo leva ao Éden e o Tempo à Eternidade; 2° na
natureza hominal, [30] ou psíquica e volitiva, intermediária22; — 3°
na natureza fatídica ou natural.
Aqueles que gostariam de alguma elaboração sobre esta
hierarquia trinitária, encontrarão admiráveis na História Filosófica de
Fabre d'Olivet, que os distinguiu e descreveu magistralmente. No
que nos diz respeito, devemos ficar por aqui. Por enquanto, só
queríamos evitar uma cadeia de mal-entendidos que se
aproximavam até onde os olhos podiam ver, e sublinhar, –
especificando os diferentes significados atribuíveis à palavra
Natureza, – o que o Sobrenatural oferece como ridículo e quimérico
.
Quanto a negar essências espirituais, e até mesmo a possibilidade
de relações entre seres desta ordem e almas desceu à decadência
da carne; quanto a contestar o clari-vue, a bilocação, as
contribuições, a comunicação do pensamento, o feitiço à distância e
tantos outros fenômenos psicofluídicos e misteriosos de várias
maneiras, – não pensamos neles. Se tivéssemos fantasia para
contradizê-lo desafiando todas as evidências, não escreveríamos
grandes livros com o propósito de explicá-los. Estes são fatos, que
chamaremos de maravilhas, milagres até, se nos apegarmos a eles.
Basta que tenhamos protestado contra a interpretação irracional e
agnóstica dos exegetas que querem ver, em qualquer fenômeno
desse tipo, uma violação [31] das leis da natureza, uma interrupção
arbitrária na incessante filiação de causas e efeitos; — em uma
palavra, a presente vontade de Deus ou de seus anjos,
substituindo-se por causas naturais, para produzir sobre a matéria
(excepcionalmente isenta das leis que a regem) uma ação imediata
e direta.
Esta é a hipótese absurda por excelência, e que é contraparte (se
me atrevo a dizer) na ordem das ideias, à palavra não menos
absurda, examinada acima.
A Providência, sem dúvida, influencia o mundo físico, seguindo a
cadeia áurea dos intermediários naturais, alternadamente
determinados e decisivos. Mas, em primeiro lugar, é um grave erro
equiparar-se à Providência de Deus, que não é outra, em última
análise, senão a Inteligência da Natureza: esperamos torná-la óbvia
mais tarde. Além disso, essa faculdade superior do Macrocosmo
vivo, a Providência, age de modo fisiológico (nem mais nem menos
do que a faculdade correspondente em um homem de carne e osso
em um escritor, por exemplo, tomando a caneta, por instigação de
sua inteligência, que, de acordo com sua vontade, ditará alguma
nota para ele). A Providência nunca perturba ou mesmo impede
em seu mecanismo as grandes leis primorosamente estabelecidas,
como testemunhas para sempre incorruptíveis da Sabedoria Eterna.
Que, se Deus pudesse perturbar a harmonia destas leis imutáveis,
daria falsas testemunhas delas e, infligindo a si mesmo uma solene
negação, semearia [32] confusão, não só no Universo sensível, mas
também e sobretudo nos mundos morais e inteligíveis. A esfera
inacessível de princípios seria abalada por si só.
Isso não pode ser feito. — Uma figueira que de repente produzisse
nozes deixaria de ser uma figueira: do mesmo modo, um princípio,
coercível ao ponto de gerar, sob a pressão de qualquer Potência,
resultados contrários aos que forneceu na sua livre expansão,
deixaria de ser um princípio. — Vamos mais longe. O conjunto de
leis universais (resultantes das relações mútuas dos Princípios,
tendendo a manifestar-se em potencialidades, depois em atos), o
conjunto de leis é como uma engrenagem prodigiosa, rigorosamente
uma em sua razão de ser um mecanismo onde cada peça comanda
todas as outras, e recebe em troca, por uma espécie de ação
coletiva e recíproca, as virtudes do princípio da Unidade. Esta
reversibilidade das mais diversas funções é observada em qualquer
sistema coeso e redutível a uma síntese rigorosa.
Como dissemos, a ideia de um Princípio passível de alteração em
sua entidade ou variação em suas consequências é uma ideia
radicalmente falsa, na medida em que implica, nos próprios termos
em que é formulada, uma contradição óbvia.23 Mas admitindo por
um pouco essa possível instabilidade, tal é a virtude solidária dos
primeiros princípios, que a menor alteração de um deles teria seu
contragolpe [33] em todo o universo inteligível: assim, o Caos,
espalhando-se ao longo da cadeia de causalidade, quebraria
imediatamente o equilíbrio do Céu e da Terra; seria o fim do mundo,
de tal forma que, por volta do ano mil, as populações aterrorizadas o
imaginassem iminente.
A causa oculta reside na natureza do próprio Deus, que, sendo o
Absoluto-consciente – Wronski diria a Razão-Absoluta – não é
suscetível a erro, hesitação ou qualquer variação em suas vontades.
As leis do prefixo são obra de sua Sabedoria; A Providência regula o
seu emprego. Se Deus violasse uma das leis que ele fundou em
princípio (Be-rœshith ty?ar-b), ele negaria a si mesmo: pois ele
manifestará a mutação do imutável, a improvidência do onisciente,
as hesitações do Pensamento supremo, as prevaricações da
Palavra absoluta.
III

Ninguém, sem dúvida, se enganou sobre o valor dos poucos


axiomas estabelecidos na seção II deste prefácio; o seu âmbito de
aplicação é incalculável; Ela abraça e domina todo esse trabalho.
Era apropriado inscrevê-los como a festa de nossos setenta
segundos, no ponto exato em que o ensinamento dogmático da Alta
Doutrina se abre; após a exposição pura e simples dos fatos que
interessam ao nosso assunto (primeiro
Septaine O TEMPLO DE SATANÁS).
Além disso, (correndo o risco de antecipar formalmente [34] os
assuntos deste volume), parece útil correr, já, diante das prováveis
objeções.
A estes dois axiomas: — O Sobrenatural não é; o Ser absoluto não
é suscetível a hesitação ou remorso, — opor-nos-emos ao relato do
Dilúvio, por um lado, como dado pelas traduções oficiais da Bíblia; e,
por outro, àquele famoso versículo da Vulgata, onde todos podem
ler que o Senhor se arrependeu de ter criado o homem aqui na terra.
Agora Moisés sendo, para os fiéis, o porta-voz infalível do Espírito
Santo, e para os seguidores do esoterismo ocidental uma de suas
autoridades mais imponentes, tais objeções parecem sérias o
suficiente para exigir uma resposta imediata de nossa parte.
Que nós, sem sermos acusados de complacência, afirmemos aqui
que nada é mais fácil no mundo do que destruir essas dificuldades
ilusórias. Peçamos ao leitor que seja um árbitro.
1° O Dilúvio. Que nosso planeta tenha sido devastado várias vezes
por inundações formidáveis, embora parciais, é o que o ocultismo
não contesta mais do que aqui a ciência universitária. Sabendo
mesmo o que este último não sabe, as causas geológicas 24 e
metafísicas25 de tais cataclismos, [35] ele foi capaz de formular a lei
inflexível de seu retorno periódico, determinável em uma data fixa.
Quanto a disfarçar o dilúvio universal como um evento histórico do
ciclo atual, como a Vulgata, isso é outra questão. O fato é altamente
questionável e geralmente contestado. Seja como for, sobre este
ponto de controvérsia, que não há necessidade de debater,
permanece um terreno comum que Moisés admite, em princípio, a
possibilidade de um dilúvio universal.26 Isso é suficiente para que
seja permitido raciocinar sobre o fato considerado possível, como
sobre um fato consumado. Assim vamos fazer. O Dilúvio, como
todos os cataclismos gerais ou parciais, é um efeito rigorosamente
lógico das causas naturais; Ela só se realiza em ação seguindo a
cadeia hierárquica das causas mutantes e motoras. A Palavra de
Deus, para se cumprir, pode providencialmente27 influenciar as leis
secundárias, sem alterá-las em sua essência.
Seja dada uma roda inserida em um eixo móvel esta roda se torna
dextrosa. Se o girarmos em senestre, teremos modificado a direção
de sua rotação, sem alterar sua natureza íntima, que é girar. Sua
função não é de modo algum corrupta, porém invertida.28 Ao tornar
essa roda roteável em ambas as direções, reservamo-nos a trocar
ao nosso capricho a rotação, da direita para a esquerda, ou da
esquerda para a direita. — Assim (para usar uma linguagem
exotérica ao ponto da trivialidade), Deus havia reservado [37] dilatar
à vontade, ou condensar as águas. Como? Tocamos um dos
arcanos da iniciação mosaica, e somente aqueles terão a
inteligência plena e completa, que sabem o que significa o famoso
Rouach Ælohim <yhla hwr que, no Princípio de Ty?arb, se movia
em poder de fecundidade tphrm na face das águas duplas <ykh
ynp yx.
Por sua essência, este Rouach Ælohim está relacionado com o
Rouach Hakkadosch? wdqh hwr, o Espírito Santo, do qual é a
manifestação primária e edenal. Em substância e no universo,
constitui aquele agente misterioso que os hindus chamam de Akasa
(o fluido puro), quando uma força inteligente o dirige, mas que,
abandonado à fatalidade de seu próprio movimento, se torna o
ciclone de Nahashhn, ou a serpente de Gênesis – em uma palavra,
a Luz astral. Em ambos os casos, foi chamada de alma do mundo,
como será visto mais adiante. Ele é o fator supremo do equilíbrio
elementar, Æmesh?ma, e a espada do julgamento ou equilíbrio
moral, Hocq qh29. Como princípio de manifestação sensível,
Moisés faz com que ele flua na região do Éden sob o nome de
Phishon / w?yp, o rio que produz criação objetiva ou física30; como
uma expansão da Faculdade de plástico generativo,[38] e
especialmente como o poder universal de individualização vital, este
teocrata o designa sob o emblema da pomba de Noé, LONAH
HNYW31. É tudo o que podemos dizer.
Mas o detalhe dessas especificações nos levaria longe demais. Só
o problema do dilúvio deve ocupar-nos neste momento. Limitemo-
nos às generalidades como ao resto.
Todos os termos mencionados acima, e outros que serão definidos
mais adiante, expressam a filiação oculta que emana de Rouach
Hakkadosch, o Espírito Santo; ou uma hierarquia de Princípios e
Poderes, uma hierarquia que para nós, submúltiplos caídos de
Adão, vem ao mundo astral, ou fluidos hiperfísicos. Já, No Limiar do
Mistério, esclarecemos, de acordo com a tradição constante dos
Mestres da Sabedoria, a natureza tríplice do fluido universal, de
acordo com se ele é considerado em seu movimento de expansão,
Aôd doa, em seu movimento de restrição, Aôd boa, ou no ciclo
integral de seu duplo movimento, ascendente e descendente, Aôr
roa32 . Se observarmos nesta hora que as águas sempre
passaram, nos santuários do velho mundo, pelo hieróglifo material
do princípio passivo e restritivo33, não nos surpreenderemos ao
saber que [39] essas águas, em seu estado normal, são
comprimidas, condensadas e como que acorrentadas34 por uma
força vitoriosamente compressiva, adstringente e ligante35. Este nó
estático vem a dissolver-se, segue-se que as águas obedecem, na
medida da sua prodigiosa elasticidade, ao agente universal de
fertilidade e expansão que energiza e distende todas as coisas, de
acordo com a quarta multiplicação própria do mundo elementar. —
Este último agente, muito próximo de Iônah, era bem conhecido dos
antigos Sábios: tinham-lhe atribuído como emblema a pedra cúbica,
que se torna, no quarto fólio do Tarô, o trono onde se sentará o
misterioso Imperador, o Rhawôn de Thoth e o Moloch ilm dos
fenícios (substantivo que, por uma simples mutação de vogais
latentes, dá em hebraico a palavra Melech, que significa Rei).
Na remoção do agente compressivo que neutralizou a força de
expansão, a água se expande com extrema violência: é o que Fabre
d'Olivet traduz pela grande intumescência lWBmh-ta36; [40] Isto é o
que o próprio Moisés quer tornar mais claro, quando diz: E todas as
fontes do potencial Abismo foram abertas.37
. <perigo tnyxm-lk Wuqbn
Assim, o Dilúvio ocorre por um fenômeno de ordem natural: a
retirada de uma força constritiva do Cosmos e a causa permanente
da subsidência das águas. Impedida no momento certo em sua
função condensadora, essa Força abandona as massas líquidas à
mercê de uma força oposta, multiplicadora e dilatadora
indefinidamente.
Esta retirada decisiva, que permanece o provocador imediato? —
Aqui, novamente, Deus, opera apenas por princípios pré-
estabelecidos; a liberdade humana é um desses princípios. Como o
Fabre d'Olivet maravilhosamente sugere, não é a Palavra da
Vontade divina que desamarra espontaneamente as fontes do
Abismo: Iod-hévê cede ao esforço do Adão terreno que lutava contra
Ele; deixa-o cair do peso do seu pesado destino; Só isso. A
hominalidade lutou excessivamente para se tornar independente
[41] dependente do seu Princípio celeste; o Criador cede com pesar;
afasta-se, quando se quis distanciar-se do seu rosto; liberta aqueles
que tentaram libertar-se. Tudo negativo, a condenação que ele
pronuncia é reduzida a aquiescência tácita.
O homem, abandonado ao turbilhão da sua crescente corrupção,
fez, sem o saber, um pacto com a Morte: pertence, portanto, à
fatalidade do suicídio. Ele chama o cataclismo; Ele a evoca em uma
língua desconhecida para si mesmo... Infeliz, ele não sabe que o
cataclismo virá. — Fabre d'Olivet é formal sobre este ponto: "o
verdadeiro pensamento de Moisés é que o Ser dos Seres destrói a
terra apenas abandonando-a à degradação, à corrupção que é sua
própria obra: pensamento já encerrado na renúncia referida no
versículo 6." (cap. VI).38
2° É precisamente esta Renúncia que escolhemos, como segundo
exemplo das objecções que nos poderiam ser feitas.
Aqui recorreremos novamente ao Fabre d'Olivet, cujas explicações
doutrinárias, que salvo muito brevemente, são sempre de perfeita
clareza e correção. As notas que apimentam sua tradução do texto
hebraico de Moisés são repugnantes aos comentários propriamente
ditos; Eles se concentram preferencialmente na análise gramatical e
hieroglífica, – pesquisa que um vocabulário radical, colocado após
sua admirável gramática, permite [42] ir bastante longe ... Pensador
e estudioso cuja prodigiosa erudição se rende apenas a uma
modéstia e consciência de outra época, Fabre d'Olivet foi capaz de
penetrar na cripta dos santuários desmoronados39 até o
tabernáculo do arcano mais misterioso. Uma e outra vez nos será
dada a oportunidade de recorrer à Sua iluminação; Por isso, fizemos
questão de saudá-lo aqui como uma autoridade de primeira ordem.
Vamos fechar este parêntese, para voltar à nossa controvérsia.
A primeira suposta objeção teria como objetivo invalidar nossos
princípios, opondo-se à nossa negação formal com um exemplo
óbvio das grandes leis naturais violadas. O Dilúvio, de fato, como é
bastante comumente imaginado, constituiria um caso de
impossibilidade física; mas cremos ter mostrado, de maneira
bastante conclusiva, que na produção desse fenômeno excepcional
não há razão para ver uma ação direta da Vontade divina sobre o
universo sensível, mas um efeito necessário de causas naturais,
agindo, é verdade, sob o impulso da Providência, sem que as
primeiras leis sofram qualquer ataque dela.
É à concepção de um Deus invariável nos seus desígnios, livre de
todas as paixões, incapaz de todo o remorso, que atacaria a
segunda objecção [43] eleita como exemplo aqui, pois há pouco as
aparências militam contra nós: e o texto sagrado, tal como traduzido
por São Jerónimo, legitimaria indubitavelmente a ideia de um Deus
grosseiramente antropomórfico. Mas devemos ver que palavras
hebraicas o ardente Pai da Igreja traduz por: "pænituit Eum quod
hominem fecisset in terrâ. Ele (Iod-Heve) arrependeu-se de ter
criado o homem na terra."
Clara é esta tradução, mas o texto autêntico de Moisés não é
menos assim, e infelizmente não diz nada disso:
. Jrab <dah-ta h?x-yk hohy <hnyw
isto é, palavra por palavra,40 de acordo com o estudioso d'Olivet:
— "E renunciou
inteiramente (ele descansou do cuidado) IHOAH, por causa do qual
ele havia criado a ipseidade de Adão (o homem universal) na terra."
Ou, em bom francês:41 "E Ihoâh renunciou inteiramente ao cuidado
conservador que deu à existência deste mesmo Adão na terra."
A análise radical da palavra Innachem <hny prova que ela só pode
significar arrependimento em um sentido absolutamente indireto,
para não dizer bastardo, contra o qual protestam à vontade o
contexto de Moisés e a opinião filosófica e muito elevada dos
iniciados de Mitzraîm e Israel, tocando o Ser dos seres: "o verbo
hWn, generalizada pelo sinal coletivo < propriamente significa
renunciar inteiramente, cessar completamente, retirar-se, apresentar
um cuidado, [44] abandonar uma ação, um sentimento... Deus não
se arrepende, como diz São Jerônimo; mas renuncia , abandona, no
máximo, irrita-se". 42 anos
Se Fabre d'Olivet tivesse continuado a restituição fundamentada
de Gênesis além do décimo capítulo, alguém se pergunta com que
tinta ele teria desrespeitado os intérpretes, que certamente eram
mais mistificadores do que ingênuos, que, durante a queima das
cinco cidades imundas,43 literalmente transformaram a esposa de
Ló em uma estátua de sal! É preciso ser muito generoso, realmente,
para emprestar a Moisés esses achados brilhantes; Mas, enquanto
alguém desfruta de uma imaginação tão frutífera, esquivar-se assim
da glória de suas descobertas é pecar por excesso de modéstia.
É uma apreensão de terror, mortal ou [45] borrada44, — que está
em questão neste versículo (Gênesis, XIX, 26)
. jlm byxn yhtw wyrham ot?a fbtw
que todas as Bíblias vulgares traduzem algo assim: "A mulher
De Ló olhou para trás dela, e ela foi transformada em uma estátua
de sal.
(Definição Le Maistre de Sacy.)"
Com uma metáfora tão ousada quanto expressiva, dizemos de
bom grado: petrificada de espanto ou congelada de medo. Até nos
acontece escrever, sem especificar mais: ele não se mexeu mais...
um verdadeiro mármore! ou ainda: permaneceu petrificado no local;
Ou até, num piscar de olhos: essa notícia petrificante fez dele uma
estátua. Costumeiros em francês ao ponto de banalidade, tais
números são sempre tomados literalmente?... No entanto, não
devemos nos desesperar de nada: quando nossa linguagem tiver
passado para o estado de uma língua morta, os tradutores que virão
de nossos livros de hoje, se tiverem uma fraqueza por histórias
maravilhosas, poderão pagar milhares [46] cópias a reedição do
milagre da estátua de sal com pequenas variações, pelo menos:
pois serão estátuas de pedra, mármore ou gelo que os nossos
antigos textos franceses falarão, dóceis à arte evocativa desta
erudita e infalível exegese.
Essa aproximação é tão necessária que, intencionalmente ou não,
a cegueira dos intérpretes de Moisés permanece incompreensível.
Além disso, por que não semear o absurdo com as mãos cheias?
Não está o dedo de Deus lá para legitimar o impossível, de acordo
com o simples, e explicá-lo definitivamente, proclamando-o para
sempre inexplicável? Este versículo permanece fechado ao seu
entendimento, querido comentarista da Bíblia. Não faz mal!
Rapidamente um pequeno milagre, e tudo ficará claro. E bendito
seja ele; não é, este Deus ex machinâ que desce do Céu no
momento certo, para a plena satisfação dos espíritos mais difíceis
de satisfazer!
O milagre! ao virar de todas as páginas de glosa religiosa,
encontramo-lo, invariavelmente revestido daquele significado híbrido
e agnóstico, tão revoltante para o bom senso, e tão contrário à ideia
de que os seguidores do Egito e da Caldéia haviam feito fenômenos
misteriosos, teúrgicos ou mágicos.
O que era um prodígio45, aos olhos desses [47] sábios do mundo
antigo? — Um efeito natural, cuja causa nos escapa; um fenômeno
imprevisto, que aparentemente viola uma lei bem verificada, apenas
para obedecer a outra lei menos conhecida, de ordem superior e
mais geral.
IV

As ciências naturais nos fornecem esses exemplos em


abundância.
Amigo leitor, se você é um químico em seu tempo livre, você não
ignora o princípio que encontra no laboratório uma aplicação tão
frequente; Estamos nos referindo à lei da dupla decomposição dos
sais: quando o ácido de um pode formar com a base do outro uma
combinação insolúvel ou muito pouco solúvel, ocorre uma troca
recíproca no exato momento do contato46.
Duas soluções filtradas, uma de acetato de chumbo, a outra de
cromato de potássio, são misturadas. A troca é imediata:
abandonando o potássio, o ácido crômico se combina com o óxido
de chumbo, para formar um cromato insolúvel, que se precipita
instantaneamente, sob a aparência de um pó amarelo [48]. — Por
outro lado, o ácido acético, saturando a potassa, gera um sal
higroscópico, que permanece dissolvido no licor.
Ou, de acordo com o sistema de equivalentes47:
PbO, C4H3O3 + KO, CrO3 = PbO, CrO3 KO, C4H3O3.
Até agora, nenhuma dificuldade. — Vamos misturar desta vez uma
solução de iodeto de potássio com outra de cianeto de mercúrio:
iodo, formando com mercúrio um proto-iodeto quase insolúvel,
segue-se que, nos termos da lei acima estabelecida, a troca deve
ocorrer imediatamente. — Não é assim: em vez do precipitado
vermelho brilhante que esperávamos, uma cristalização espontânea
e incolor se forma diante de nossos olhos em toda a massa do
líquido, e lentamente deposita no fundo do vaso seus flocos
perolados e leves.
Uma lei superior interveio: a da formação de sais duplos; Uma lei
de aplicação menos frequente, e cujo exame, além de irrelevante,
nos levaria longe demais em digressões abstratas.
Em suma, a troca não ocorre; os dois sais se combinam para
formar um: ciandrártaro de iodeto de potássio: KI + HgC2Az = KI,
HgC2Az.
Neste sal duplo, o cianeto de mercúrio desempenha o papel de
ácido complexo e iodeto de potássio que [49] de base composta. E é
preciso uma gota de qualquer ácido – ácido azótico, por exemplo,
para quebrar a coesão química do sal duplo, e para empurrar (por
assim dizer) os dois sais originalmente misturados, para a esfera de
ação da lei da dupla troca:
KI,HgC2Az+ AzO5,HO = KO,AzO5 + HgI + HC2Az
De repente oxidado, o potássio do iodeto se une ao ácido azótico,
com o qual tem mais afinidade: o iodo, livre a partir de então, ataca
o mercúrio, para formar com ele o iodeto escarlate que se precipita
para o fundo do tubo de ensaio. Finalmente, o cheiro de amêndoas
amargas que se desenvolve é devido à produção de ácido prússico,
gerado pela união do cianogênio com o hidrogênio contido na água
de hidratação do ácido azótico, cuja água já cedeu seu oxigênio ao
potássio nascente, que esse ácido apreendeu.
Este exemplo é significativo: para aqueles que não conhecem a
formação de sais complexos, o experimento acima pareceria uma
anomalia impressionante, uma violação verdadeiramente
inexplicável da lei da dupla decomposição de sais.
As maravilhas são tais: fenômenos de exceção, que se recusam a
cair sob o império de uma determinada lei, bem conhecida pelos
estudiosos; pela razão bastante simples de que eles estão sob uma
lei superior, ignorada ou desconhecida pelos ditos estudiosos.
"Nenhuma lei sem exceção..." Quem não conhece este provérbio
[50], paradoxal na teoria, muito certo na prática? A intuição popular
dificilmente é equivocada em substância: às vezes formula seus
oráculos em termos canhotos e até imprecisos; Mas essa
fraseologia sentenciosa e punciva veste um pensamento muitas
vezes profundo, e quase sempre correto.
Toda descoberta importante traz para a ordem dos fenômenos
racionais algum fato milagroso ao sentimento dos ingênuos, e que a
ciência oficial teimosamente negou até então, por falta de ser capaz
de explicá-lo.
Não há ciência oculta, disse M. de Saint-Yves excelentemente;
Existem apenas ciências ocultas.
Outro exemplo, que pertence igualmente à química, à física e à
história natural, parecerá ainda mais marcante: trata-se de um
fenômeno cuja produção a ciência das universidades seria muito
incapaz de justificar.
Este é um fato tangível e óbvio, e que todos podem verificar sem
dificuldade. Mas, para dar a razão, para demonstrar o mecanismo, é
necessário, de toda a necessidade, recorrer às luzes tradicionais
dos Mestres da sabedoria esotérica ...
Surpreenderemos e compreenderemos no local a força da
criação48: veremos a matéria ocorrer [51] do zero diante de nossos
olhos, no grande dia do exame científico; e isso, sob condições de
controle experimental, confundir qualquer oponente por evidências e
paralisar qualquer indício de "erriggação", nos lábios do mais
ardente defensor do famoso apoftegmo: "Nada se perde, nada se
cria." 49 anos
"Você fala sério?" Seria acreditar em seus olhos... "Livre para
você.
"Além disso, é impossível!
— Nossa resposta poderia ser a de William Crookes, o grande
químico, cujas experiências decisivas e memoráveis foram
contestadas, a priori e sob o mesmo pretexto: "Não sustento que
isso seja possível; Afirmo que sim. A um custo baixo, você pode se
convencer disso.
Um quilograma de enxofre em flor, lavado com cuidado; alguns
litros de água destilada; alguns gramas de sementes de agrião lhe
fornecerão a prova irresistível [52]: esses objetos não muito
cabalísticos podem servir-lhe, se necessário, como argumentos
peremptórios, para silenciar os positivistas mais obstinados do
nosso mundo ocidental. Pense nisso, porém, tal honra não é isenta
de perigo: se você experimentar lealmente, eles o chamarão de
esquadrão...
— Espalhe sua flor de enxofre50 em uma camada igual de
espessura média; semeie suas sementes nela e polvilhe-as
exclusivamente com água destilada: as sementes não demorarão
muito para germinar, os caules crescerão e, em breve, você poderá
fazer sua primeira colheita de agrião. Quando um certo número de
colheitas sucessivas lhe tiver fornecido caules e folhas abundantes,
incinere toda essa substância vegetal: você obterá facilmente uma
quantidade de sais fixos muito superior ao peso das sementes
semeadas. Qual será a sua surpresa, ao submeter esta cinza
vegetal a análises químicas, ao encontrar em proporções normais
óxidos de potassa, alumina, cal, ferro e manganês, combinados, por
um lado, com ácidos carbónico, sulfúrico e fosfórico, — no estado
livre, por outro! Assim, para ignorar os corpos voláteis ou
decomponíveis evaporados durante a calcinação, você encontrará a
presença de um número bastante grande de corpos considerados
simples, metais [53] e metaloides, exatamente os mesmos que são
encontrados nas cinzas do agrião normal5, cultivados em terreno
aberto e em águas abertas, e cujas raízes aderem ao próprio leito
de uma nascente ou de um rio.
A presença de oxigênio e carbono é bastante autoexplicativa:
embebidas com água destilada, as raízes assimilaram oxigênio; as
folhas sugaram ácido carbônico do ar e retiveram carbono. O que é
mais simples? Mas silício? O enxofre não contém mais do que água
destilada. Poderia ser a atmosfera que teria servido de veículo para
este metaloide? Isso é muito improvável: além da poeira, que não
pode ser assimilada, e da água da chuva cuja composição química
bem conhecida exclui a presença de silício, o ar dificilmente pode
servir como um veículo, exceto para gases, e eu não sei se o silício
se forma, exceto com flúor, combinações gasosas: o fluoreto de
silício é um gás. Mas, além do fato de que a natureza não é muito
rica em focos de reação capazes de dar origem a ela, é muito
corrosiva, desorganizando os tecidos vegetais, e qualquer planta
sugaria a morte com seus aromas. — A presença no ar dos
compostos voláteis de enxofre e fósforo [54] não se justificaria com
maior êxito; no entanto, não existe impossibilidade material, a priori.
Mas o que parece uma hipótese muito ingrata e difícil de admitir
em relação a esses três metaloides: enxofre, fósforo, silício, torna-
se, no estado atual da química, uma suposição gratuitamente
absurda, para explicar a presença, nas cinzas do agrião, de outros
corpos ditos simples, como ferro, manganês, cálcio e alumínio;
porque eles não se encaixam em nenhuma combinação gasosa ou
volátil e temperatura comum.
"Ok, mas as sementes continham algumas.
"Eu vou, e eu estava esperando a objeção... Não dissemos que o
peso das cinzas, obtido pela calcinação dos caules e folhas, excede
em muito o das sementes semeadas na flor de enxofre? Além disso,
você semeou cinco gramas de sementes de agrião, não é? Bem,
queime cinco gramas das mesmas sementes e submeta as cinzas a
análises qualitativas e quantitativas: se você descobrir vestígios dos
mesmos corpos simples, será em peso igual ao dos elementos
oferecidos pelos resíduos abundantemente produzidos pela
incineração de caules e folhas, colhidos repetidamente nos mesmos
pés?
"Não, não é?...
Então, aqui estamos presos a este dilema: ou esses metaloides e
metais se formaram inexplicavelmente a partir do zero – vamos
cortar a palavra que foi criada diante de seus olhos, – o que sua
ciência declara impossível a priori; ou você [55] é reduzido à
admissão do fenômeno acusado por você de supremo absurdo no
magistério dos alquimistas: a multiplicação substancial de corpos
sujeitos às leis da densidade52.
Ficaríamos com raiva se nossos sentimentos pessoais fossem mal
compreendidos: há alguns cuja imputação seria dolorosamente
sensível a nós.
Ninguém professa mais do que nós para a ciência moderna uma
admiração sincera e, em alguns aspectos, entusiástica: e se seus
métodos de indução às vezes nos parecem insuficientes, se suas
revelações não relutantes testemunham aos nossos olhos uma
leveza imprudente, beirando o crime53, a ciência é, no entanto, para
nós, uma das deusas mais veneráveis do mundo inteligível.
Intrépida e sagaz exploradora, na esfera positiva cujos limites ela
traçou para si mesma, não houve nenhum obstáculo capaz de
movê-la, nenhum poder foi capaz de impedir seu desenvolvimento.
Dois infinitos se abriram diante dela: nem as profundezas cintilantes
[56] fundadoras do império das estrelas, nem o mistério
impenetrável e perturbador com que os universos de átomos
orgânicos gravitam em uma gota de água são envoltos intimidados,
intimidados seu zelo; estrela por estrela, átomo por átomo, ela
empreendeu essa dupla conquista. Todos os dias ela se orgulha de
uma nova vitória; incansável, empurra de volta em ambas as
direções a fronteira do Desconhecido.
Mas repitamos; Para qualquer coisa que não se enquadre em seu
domínio estritamente positivo, declara-se incompetente. Só os fatos
lhe interessam: ela os acumula indiscriminadamente, às vezes sem
distinção; Fiel ao seu método analítico, ela sobrecarrega os celeiros
da memória humana com feixes mistos de sua colheita. Mas nunca
chega a uma verdadeira síntese; pois só se pode voltar a ela
penetrando além do sensível, indo além dos fatos.
Este arcanjo do mundo contemporâneo não tem asas. Colosso
invencível, como Anteu, quando seus pés tocam a terra, despede-se
de sua força prodigiosa e inteligência penetrante, e sua iniciativa
sagaz, desde que ela se levante a poucos metros do chão. Neste
campo de batalha etéreo, a adversária sabe que derrotou
antecipadamente: em vão ela luta, falhando, quase inanimada, em
uma luta desigual, por falta de ter sido capaz de remoderar sua
energia no ventre materno de Deméter – Irmã de Anteu, filho da
Terra como ele, a Ciência moderna aguarda seu redentor, o
segundo pai de quem deve nascer de novo, filho do Céu. [57]
Em termos de investigações positivas, não tem igual a dizer que é
infalível. Mas de repente ela é vista desamparada, quando um
problema de ordem puramente inteligível surge diante dela; Às
vezes, como acabamos de ver, forçado a um desses problemas
mistos (como a gênese da matéria, em alguns casos anormais de
crescimento orgânico, em animais ou plantas), ela permanece
silenciosa ou gaguejada.
Mas onde encontrar uma justificativa plausível para o nosso
fenômeno de vegetação prodigiosa, já que a Academia de Ciências
nos deixa bater em vão à sua porta?
Talvez sejamos mais felizes se, no limiar de sua humilde
aposentadoria, nos aproximarmos daquele rabino difamado que se
diz ter sido versado em bruxaria, ou daquele velho cânone selvagem
e sedentário que é comumente considerado um maníaco
reforçado.54 A mesma preocupação [58] enclausurou o israelita e
o cristão em laboriosa solidão; a mesma desaprovação os envolveu
em um abandono insultante. Um treme diante de um, e o outro é
lamentado. As pessoas boas evitam os dois; Mas ambos se
consolam: ao viver em um mundo melhor, perderam a memória de
sua amargura. Perseguidos por seus pares, bem como por seus
superiores hierárquicos, eles silenciaram até mesmo o grito da
consciência oprimida, inculta a ponto de protestar contra o desdém.
Quer questionemos o semita ou o cristão, a doutrina se afirmará da
mesma forma, em linguagem quase idêntica. E será o esoterismo
vivo da antiga tradição judaico-cristã que nos responderá através de
suas bocas – "Sim, o crescimento da planta, nas condições de
isolamento que você diz, é um fato misterioso para a ciência
positivista, uma realidade inexplicável para sempre para os filósofos
que mantêm a eternidade da matéria porque estamos na presença
de uma transferência de poder em ação; Em uma palavra, houve
criação.
Cônego ou rabino, assim responderia ao velho Cabalista, que não
deixaria de invocar, em apoio à sua tese, a doutrina secreta
transmitida aos dias atuais de seguidor para seguidor, e por meios
estritamente orais. Agora, o que ele exporia oralmente, em termos
gerais e talvez sob a garantia de sigilo juramentado, o Leitor se
encontrará bem aqui, sem relutância e por escrito.
Conversamos sobre criação. Não tenhamos o cuidado de atribuir
[59] a esta palavra o significado irracional tão caro aos teólogos de
outra época. Com os iniciados do velho mundo e os filósofos do
novo, vamos repetir novamente: Ex nihilo nihil, o nada não gera.
Moisés, no primeiro verso de sua Cosmogonia, expressa
hieroglyphically o verdadeiro significado da palavra criar: "a<yhla
arb ty?arb — in principio creavit Deus deorum..." A palavra. arb55
(Barâ, creavit), aberto com a ajuda das chaves de Salomão,
manifesta o seguinte significado esotérico: "Autoria (b) do
movimento produtor ativo (r)" da existência potencial para a
milésima potência (a);" isto é, "Produção do movimento
externalizante que passa do princípio absoluto para a essência
radical, suscetível por sua vez à multiplicação divisionária, na
gênese dos indivíduos".
Todos os seres são, portanto, criados por uma série de sucessivas
externalizações.
1. A irradiação frutífera da Palavra os determina em Princípios, e
este é o primeiro passo.
2. Do Princípio, eles se movem para a Essência ou Poder para
serem genéricos, especificados e especificadores: segundo
passo.
3. É nesse grau de realização, chegou-se a esse meio termo56
entre principado e existência, [60] que o ser é individualizado
em centros de atividade potencial; é o Poder de ser
germinativo: terceiro estágio.
Para completar esses dados ocultos tão delicados de apreender,
resta-nos especificar o papel materno da Vida, nessa filiação de
seres virtuais. Vamos começar de novo.
Assim, na expansão da Palavra Criadora, a Vida (que está
indissoluvelmente associada a ela) é concebida apenas universal e,
ousamos dizer, sem um destino particular.
Mas, para este fim de animar e esforçar-se pelos Princípios dos
seres, a Vida impõe uma primeira particularização. Ela defende
esses Princípios ou Tipos Radicais, e de sua união são geradas as
Essências .
Então, para viver, por sua vez, os seres determinados em
Essências (ou Poderes coletivos especificados), a Vida sofre uma
segunda particularização.
Finalmente, os Poderes coletivos da vida especificada (ou
Essências), submultiplicando-se em inúmeros germes individuais,
geram aqueles centros de atividade potencial de que falamos: a
terceira particularização. [61]
Em cada um desses centros, manifesta-se um Eu mais ou menos
definido, mais ou menos instintivo; perfectível, segundo sua espécie,
mas ainda não consciente: este eu, é a afirmação individual de cada
germe, sua alma particular de vida57.
Escusado será dizer que essas doutrinas não implicam nada
contra a teoria tradicional da evolução. Indicar os estágios da
Involução criativa não é ensinar que todo ser que encarna vem
imediatamente através deles. Não pensamos, com os teólogos
primários do cristianismo, que no reino hominal, por exemplo, "Deus
cria almas no exato instante da concepção carnal. »
Lembrando aqui que há uma escada de vida descendente, como é
uma escada de vida progressiva, e que uma ordem hierárquica
distribui nos degraus desta última os mexilhões das diferentes
espécies, deve-se ainda acrescentar que esses degraus são
escalados, esses mexilhões ocupados por sua vez pelas mônadas
individuais em ascensão, seguindo as leis da metempsicose
universal.
As próprias raças são desenvolvidas e evoluem, como as mônadas
individuais que são as [62] cópias. Esses são modos distintos de
redenção.58 Há até um terceiro, que é ambos; é isso que veremos
em detalhes no Livro III: O Problema do Mal.
Quando a mente lúcida se aproxima dessas profundezas, parece
ver a visão de Ezequiel. A engrenagem universal das vidas é bem
simbolizada por este formidável conjunto de rodas cravejadas, que
giram umas nas outras: complicação infinita de detalhes que
contribuem para a unidade simples e grandiosa do Cosmos total.
Não estávamos lidando acima com o problema da Evolução,
inseparável do enigma das sucessivas existências.
Nosso comentário sobre a palavra criação nos limitou a outro
ponto de vista que tentamos esboçar o mecanismo geral da
Involução, que funciona no plano astral, ou hiperfísico.
Esta é a gênese animica e biológica59, a gênese da ordem
inteligível. É necessário notar que a gênese da ordem sensível é
distinta dela e afeta no plano físico uma direção oposta? — O germe
é o ponto de encontro das duas linhas (vertical-ativa e horizontal-
passiva); [63] é o nó da união da matéria e da vida, do mundo
sensível e do mundo hiperfísico, é a célula orgânica onde a alma
vital está aprisionada: é, numa palavra, a molécula inerte que treme
e ganha vida, santuário microscópico, tabernáculo de amor onde o
casamento vivificante da Terra e do Céu é celebrado e cumprido
milhares de milhões de vezes por segundo.
Se examinarmos o germe60 nos fenômenos de sua produção e
crescimento, fica claro que supomos que ele foi colocado em
condições de desenvolvimento possível, e até favorável: pois a alma
vital onde o espírito latente dorme, está incorporada ao ambiente
mais bem disposto a recebê-lo; e se, principalmente, quando ainda
não havia matéria organizada, As almas da vida tiveram
necessariamente que fertilizar a matéria inerte, para criar a célula,
não pode mais ser assim hoje em dia, onde essas energias virtuais
preferencialmente flexionam seu movimento germinativo em direção
a células orgânicas, elaboradas ad hoc, células pertencentes a um
ser de raça idêntico ao deles61. — Esta é a lei da filiação, nos
animais como nas plantas: negligenciamos deliberadamente a
exposição fundamentada, que nos distrairia do assunto principal,
para nos arrastar para fora do quadro deste Prefácio. [64]
Agora, dadas essas condições de possível formação – em uma
planta, por exemplo – assim que a alma individualiza a molécula que
anima e fertiliza, ela obedece ao seu instinto de autopreservação,
agrupando em torno da célula central outras células, cuja agregação
forma uma espécie de crisálida protetora: neste estado, o germe
blindado constitui a semente, que tende a desligar-se da planta-
mãe. — Chega o dia em que, madura para uma existência
individual, esta semente vê rompido o último vínculo, que, ligando-a
ao caule materno, a fez participar ainda, em menor medida no dia a
dia, da vida coletiva da planta.
(Passamos por cima dos detalhes técnicos e tópicos; omitimos a
descrição das fases de crescimento, – variáveis de espécie para
espécie, – para esboçar apenas o diagrama essencial da formação
da linha germinativa. A primeira botânica que virá compensará
copiosamente o que essas páginas, deliberadamente sintéticas,
podem apresentar insuficientes para mentes meticulosas, ou mesmo
irritantes para os amantes de uma análise pontual e seguida. —
Pede-se ao leitor que não perca de vista o fato de que não se trata
de nada, por enquanto, exceto de alguns dados muito gerais da
biologia oculta, acidentalmente tangente ao objeto desses
prolegomas).
Em suma, o que pensar dessa força desconhecida, que, depois de
ter se instalado em uma célula orgânica, atrai, agrupa e assimila os
átomos vizinhos, [65] para fazer um corpo de defesa? Porque, algo
muito digno da nossa atenção! — não é tanto a planta fertilizada que
concentra sua vitalidade em um ponto, para formar a semente
conservadora de sua raça62 é o germe animico da semente futura
(energia potencial depositada, é verdade, em um solo orgânico
adequado para recebê-la)63, é esse germe, — ímã misterioso e
invisível, — que centraliza em seu benefício os elementos de que
necessita, que os distingue, os seleciona, se apropria deles, para se
constituir como semente perfeita.
Da mesma forma, nos animais, é o óvulo fertilizado que atrai para
si, e não tanto a mãe que faz fluir para o óvulo os materiais
necessários para a formação de seu corpo de defesa64. [66]
O mesmo é verdade para cistos, cânceres e outros crescimentos
de natureza semelhante, é de si mesmos que eles são formados,
nos círculos apropriados para sofrer seus estragos; Seu
desenvolvimento material é ativo, não passivo.
Germes vegetais ou animais: a semente, o feto e o pólipo em
processo de formação moldam-se, de acordo com a vontade
instintiva neles inata, um poder eficiente que tende a ser realizado
em ação, exceto para tomar emprestado em torno dele todos os
materiais indispensáveis a essa realização.
A alma da vida coletiva, universalmente distribuída aos seres dos
três reinos naturais65, é nomeada [67] por Moisés hyhh ?
pnNephesh-hahaïah66 como é considerada em sua essência
homogênea, e hnoy Iônah, como uma faculdade genérica,
expansiva, plástica; ou sopro biogênico da Natureza, apta a
especificar-se primeiro em essências genéricas, depois a
individualizar-se em inúmeros submúltiplos, formar essas
potencialidades de assimilação e autocriação corporal, que são a
centelha viva e a vontade instintiva de todas as criaturas no
processo de desenvolvimento orgânico no plano físico.
Mas em que modelo, em que padrão, essa centelha vital e
revigorante moldará um corpo que é apropriado a ela? Isso, (como
vimos) depende do padrão espiritual, ou seja, o Princípio, que,
modelando a Vida Universal, o determinou nesta ou naquela
Essência particular, ou Poder a ser especificado. [68]
Estes Princípios são as formas puras, arquétipos imortais e
prefixos de cada espécie. São eles – não podemos enfatizar isso o
suficiente – que particularizam e moldam a Força Universal de
Vitalificação, Iônah. Da primeira união do Princípio radical e da
Iônah, nasce a essência incorruptível de cada espécie. Finalmente,
essa Essência, ou poder do ser coletivo, gera a multiplicidade de
indivíduos virtuais instintivos, aos quais será dado eleger e agregar
a si mesmo, na tela de sua forma astral, Lotis os elementos que eles
precisam para se realizar objetivamente aqui embaixo.
A esses tipos radicais, a esses princípios que especificam raças,
outros Cabalistas atribuíram o nome de Imagines, um termo cuja
interpretação foi alterada a seguir67. — O que quer que se possa
pensar desses garanhões das raças, são de fato as Imagens, os
padrões inteligíveis sobre os quais os espécimes individuais são
determinados e modelados.
Resuma uma última vez: o Tipo ou a imagem — a força ativa da
especificação — penetra e fertiliza a Vida universal hiperfísica Iônah,
— força passiva. — As Essências especificadas, que resultam
desse hímen, por sua vez [69] geram germes virtuais, isto é,
indivíduos determinados em poderes de ser.
Este, em seus estágios principais, é o Gênesis oculto e vital dos
germes, bastante distinto, novamente ao mesmo tempo, do Gênesis
aparente ou material das sementes. Para evitar as mais
lamentáveis confusões e os mais farsescos mal-entendidos, é
absolutamente necessário ter sempre presente a distinção
fundamental que é necessária, entre os princípios da ordem
inteligível e as origens de uma ordem sensata. Estas são as duas
fontes inversas e complementares da existência mista: uma,
verificável experimentalmente, pertence às ciências positivas; a
outra é conhecida apenas pela experiência mística e pelas induções
do esoterismo, de acordo com tais médicos contemporâneos, nem
sequer existiria.
Para concluir esta longa e abstrata exposição de princípios, que
naturalmente nos levará de volta ao nosso ponto de partida – o
exame do fenômeno observado pelos cientistas Schrader, Greef e
Braconnot – resta-nos dizer uma palavra sobre as plantas em geral.
Especificamos como o germe, energia individual em poder ser, já
realizou um primeiro trabalho de autocriação, para se determinar
como uma semente e se separar como tal da planta-mãe: estágio
inicial de seu desenvolvimento material. Deve ser visto como uma
adaptação elementar e, por assim dizer, a fixação de uma centelha
de vida especializada em um corpo de defesa; ou sua claustração,
[70] se quiser, em um estojo de proteção.
Neste estado, no entanto, a semente ainda é apenas um indivíduo
de planta embrionária, incapaz de se desenvolver fora de certas
condições indispensáveis à evolução vegetativa, requisitos que são
comuns a todas as plantas. Requer: (1) uma camada de material
poroso na qual se enraíze68; (2) uma certa quantidade de água para
beber; (3) uma atmosfera normal69 para sua dupla respiração, dia e
noite. (Todo mundo sabe que as plantas aspiram a desfrutar de
ácido carbônico, do qual exalam oxigênio; depois de assimilar
carbono; enquanto à noite suas funções são o oposto, é o oxigênio
que elas então sugam e rejeitam o ácido carbônico – produto da
combustão lenta (em oxigênio) do excesso de carbono, assimilado
durante o dia).
Estas são as condições gerais para a germinação das sementes,
— condições, repita-se, comuns a todas as espécies vegetais. Mas
também existem requisitos específicos para cada espécie, por
exemplo, a presença em qualquer uma delas de nitrogênio, fosfato,
substâncias siliciosas e calcárias70. [71]
Pois é aparentemente necessário que as plantas a cuja
composição química esses corpos são indispensáveis, possam
encontrá-los dentro do raio de sua atração nutricional, a fim de
emprestá-los do solo e assimilá-los, de acordo com sua natureza.
Assim, tal flor cresce abundantemente em solos siliciosos, que se
recusa a crescer em um tufo calcário.
Como regra geral, a planta prepara, para a sua nutrição, os
elementos assimiláveis que lhe são fornecidos pelo solo e pelo ar
ambiente; decompõe-se ou combina à vontade óxidos, sais, gases
simples ou complexos, e apropria-se de todas estas substâncias na
medida das suas necessidades.
Mas estabelecemos a inadequação desta lei da nutrição, para
justificar a presença de Ferro, Manganês, Alumínio e Cálcio, nos
caules e folhas de um agrião semeado em sua flor de enxofre, e
regado exclusivamente com água quimicamente pura. Este exemplo
isolado é suficiente para estabelecer a realidade de outro modo de
nutrição. Relatadas de fato nas cinzas do dito agrião, as substâncias
acima não poderiam ter vindo da atmosfera que banha seu caule e
folhas, nem do enxofre em flor onde suas raízes mergulham, nem da
água destilada da qual bebe... Onde ele encontrou essas
substâncias?
Em nenhum lugar vimos: eles foram criados para ele, como e
quando suas necessidades os exigiam.
Quando uma semente não encontra, no solo que a recebeu, não
só as condições necessárias para a germinação das sementes em
geral, mas também todas as exigidas pela sua espécie em
particular, ela aborta e apodrece: esta é a lei comum. No entanto,
existem plantas tão perenes e de um destino tão rígido, que suas
sementes persistem em germinar em um solo adequado em
princípio, é verdade, para a germinação de sementes de plantas,
mas faltando, no caso particular, os elementos químicos que entram
na composição específica e normal da planta a nascer. Então, de
duas coisas, ou a planta se priva, na evolução de seu crescimento,
dos princípios particulares que ela assimilaria em circunstâncias
comuns, e que, para este tempo, a análise química estabelece a
ausência,71 ou recorre, para obtê-los de qualquer maneira, a uma
maneira extraordinária e excepcional.
Este caminho, desconhecido para a ciência das Universidades, é o
dos fluidos imponderáveis, ou melhor, do Éter vital, do qual a luz, o
calor, o magnetismo e a eletricidade são as quatro manifestações
fenomênicas.
A planta se alimenta do eflúvio criativo desta [73] primeira
Substância, que os antigos chamavam de alma do mundo, e sobre
cuja natureza rolará nosso primeiro capítulo em particular, e todo o
nosso trabalho em geral.
O que a planta faz – A vontade latente de seu eu biológico age
como um ímã. Seu organismo atua tanto como um inanimado
quanto como um athanor: de modo que, elaborando os fluidos
hiperfísicos, de acordo com as exigências de suas funções naturais,
os reduz do poder de agir – e que, substância permanente e
absoluta, o Aôr difere neste ou naquele modo de matéria transitória
e contingente.
Nós a mostramos no limiar do mistério;72 a Alma do mundo, ou
Luz astral, é o substrato indescritível de toda a existência física; e,
em algum momento de sua evolução, a alma do mundo se
compacta em matéria ponderável e sensível.
É sobre essa materialização da substância que repousa todo o
edifício espagírico dos alquimistas. A ambição suprema do filho de
Hermes consiste em determinar o ponto exato em que essa
misteriosa condensação ocorre, à qual o Trismegisto faz uma alusão
direta, em seu símbolo da Mesa de Esmeralda, quando ele diz, do
agente secreto diretor de toda perfeição corporal (Telesma): "Vis
ejus integra est si versa fuerit in terram"; sua força, (de
exteriorização) é perfeito (sumiu), quando se metamorfoseou em
terra (sensível à matéria). [74]
A Mesa Esmeralda é uma página magistralmente iniciática, que
encontrará seu lugar durante o primeiro capítulo. Pretendemos
traduzir na íntegra este testamento sacerdotal de um mundo que já
não existe; Talvez ele confirme, em seu sagrado laconicismo, os
princípios que tivemos a oportunidade de emitir, e ele fornecerá uma
base firme para nossa explicação da grande teoria, tradicional no
ocultismo, de um agente universal de milagres, maravilhas e males.

Em
O Sobrenatural não é. Nossos leitores agora concebem que no
início deste prefácio mostramos este axioma peremptório: — prontos
para que possamos estar para confirmar a existência, muito mais,
para fornecer a explicação de certos fenômenos geralmente
contestados, e que achariam bastante céticos tais defensores
intransigentes do Sobrenatural em geral. É que havia uma noção
essencial a retificar e, ao mesmo tempo, toda uma ordem de
conhecimento a garantir.
A fim de arruinar um conceito falso (tão infelizmente familiar para a
maioria deles, para quem a matéria tangível não marca a fronteira
final do Cognoscível), nosso esforço nos levou a uma prolixidade de
desenvolvimentos preliminares, que de certa forma colidem com a
própria substância do livro.
Este luxo de detalhes antecipados foi dirigido ao público profano
[75], com a intenção de advertir o superficial, - talvez curioso para
olhar para a lente esotérica, - contra um ângulo de desvio do raio
visual, imperceptível ao exame do instrumento, e que, no entanto,
distorceria, tão irremediavelmente, o campo normal de visão.
"Para que servem os prefácios? Esvaziar certas questões
preliminares, remover certos preconceitos que impedem a leitura,
remover certos obstáculos que impedem a entrada." — É o que
pensamos, com o Conde Agénor de Gasparin, autor de um
belíssimo livro de pesquisa oculta, agora quase esquecido73.
A fim de cumprir este conselho criterioso, resta-nos evitar um
segundo mal-entendido, o primeiro corolário. Não queríamos que
nos enganássemos sobre a questão do Sobrenatural: ainda mais,
não deve ser que em páginas que o Goëtie assombrará em
intervalos de seus simulacros sombrios, uma confusão se torna
possível, tocando a essência da verdadeira Magia. Desta vez,
nossos esclarecimentos são dedicados aos alunos já a caminho, —
em uma palavra, aos iniciados. O paralelo que vimos no início deste
discurso não pode satisfazê-los de erros.
Uma concepção do menos correto dirige o público, credenciada
por alguns semi-estudiosos da área. Acredita-se comumente que a
Magia reside,[76] acima de tudo, na arte de produzir à vontade o
que os espiritualistas chamam de fenômenos. Definir Magia dessa
forma é ver no Adepto perfeito, no Mago, um modo de Médium, hábil
em regularizar o jogo de manifestações (geralmente intermitente);
ao travar o capricho familiar do invisível; cortemos a palavra — para
domar os "Espíritos"!
Na verdade, se a alta magia consistisse nisso, concordemos que
ela seria reduzida a muito pouco...
Nada é menos fixo e mal definido do que essas manifestações
supostamente sensíveis, que são esboçadas confusamente no
nimbus elástico dos Médiuns.
Brinquedos de larvas desprovidos de sua própria essência e sem
incessantemente equilibrados do não-ser radical à aparência física,
os médiuns oferecem a essas formas lemurianas um espelho
paradoxal, onde refletem sua aparência de existência. Eles mesmos
fazem aparecer no exame do psicólogo uma personalidade
caprichosa, absurda, proteana, e que carrega a assinatura equívoca
dos chamados Espíritos.
Que produtos podem surgir da possível colaboração desses dois
fatores instáveis – Larva e meio – é fácil imaginar; e ninguém ficará
surpreso ao notar que esse caráter falacioso e obscuro, que é
peculiar a ambos, distingue a fortiori os fenômenos resultantes de
sua colaboração.
A curiosidade do maior número limita-se [77] ao espetáculo
divertido desses fenômenos: manifestações fugazes, cujo estudo é
certamente uma questão para o magisto e sua competência; mas
seria errado acreditar que o programa da Magia (mesmo desviado
para a esquerda) se limita a esse exame.
O que muito pertinentemente, embora em um sentido muito
limitado, os espiritualistas chamam de fenômeno, interessa ao
ocultista apenas excepcionalmente e de modo muito indireto.
Como e por quê? — (EN) Este é o problema que deve ser
abordado neste momento, a menos que exijamos alguma atenção
sustentada por parte daqueles que estão dispostos a seguir-nos,
neste labirinto de explicações preliminares. A pergunta vale a pena;
pois, se nos for dada a oportunidade de trazer à luz uma distinção
fundamental, tão urgente de estabelecer bem quanto delicada de
penetrar bem, talvez tenhamos dito algo bastante novo – e até
mesmo fornecido à sagacidade dos pesquisadores uma das
principais amantes do esoterismo.
Suponhamos a súbita produção de um fenômeno muito óbvio,
muito indiscutível, diante de uma grande competição de
espectadores de todas as classes. Já podemos separar três
categorias de testemunhas, que o mistério dessas manifestações,
por mais surpreendente que seja, dificilmente intrigará. É, antes de
tudo, o devoto estreito, que leva ao crédito do Diabo qualquer
incidente desse tipo. ... Depois, aqueles monges da ortodoxia oficial,
cujo trabalho é pontificar cientificamente, com os olhos fechados
para qualquer brilho suspeito [78] de heresia, os ouvidos bloqueados
a qualquer voz que não soe em uníssono com o concerto
acadêmico. Estes dois tipos de testemunhas têm os seus lugares
feitos com antecedência: um viu a sombra dos chifres de Belzebu; O
outro não viu cair, e sabia além disso, chegando à sessão, que
estava perturbado por nada... Vamos finalmente eliminar esta triste
variedade de não-valores, fantoches de ceticismo da moda,
impermeáveis a qualquer preocupação nobre, cujo tique é zombar
de suas vidas: diante deles, verdadeiros eunucos da inteligência, a
adorável Verdade poderia florescer no resplandecente de sua nudez
celestial, sem movê-los com um estremecimento, nem despertar
neles a própria aparência de um desejo.
Estes três tipos descartados, continua a ser o homem de boa-fé, a
testemunha pura e simples, sem preconceitos, que é pelo que viu e
talvez se esforce por descobrir a causa... Para este último — seja
um pesquisador consciente ou um mero espectador — o fenômeno
devidamente observado será de suma importância. Espectador, este
milagre de proporções burguesas, realizado num ambiente burguês,
perturba-o e encanta-o... Uma mente séria, ele não é menos
cativado pela evidência de um fato inacessível às leis da ciência
contemporânea, este Revelador que ele se acostumou a considerar
universalmente competente e infalível em seu tripé. Ele estaria no
caminho errado? Moldado nos moldes da escola positivista (onde
nenhum outro critério da realidade é admitido senão o testemunho
de seus cinco sentidos), aqui ele se depara com a evidência de um
fato hostil, o [79] menos ele acredita nisso, ao espírito da ciência
positiva, e seus próprios sentidos atestam sua autenticidade! Ele
negará seus deuses, ou será capaz de levar até o fim as
consequências lógicas das premissas que são infligidas ao seu
consentimento?... De qualquer forma, convertido à moda de São
Tomás, não há dúvida de que, para ele, o fenômeno enigmático não
assume um valor e alcance excessivos.
Não pode ser o mesmo para o ocultista, a quem a Natureza
Universal oferece, mesmo além do plano físico (o único acessível
aos meios de pesquisa e controle da chamada ciência positiva), três
outros planos de investigação e experimentação:
1° O plano astral, o mundo inferior das energias potenciais é o
reino da Natureza-raturée, onde o Destino domina;
2° O plano psíquico, um mundo apaixonado e intermediário: é o
ambiente próprio da Substância Adâmica, onde a alma vivente
universal, athanor da Vontade, se move;
3° O plano espiritual, o mundo superior, inteligível é o Éden da
natureza-naturante, onde reina a Providência.
Em cada um desses três níveis, o insider pode ter acesso;
Veremos em outros lugares em que condições e por quais
resultados.
Do mundo espiritual, ele pode estudar a geração de princípios, na
ordem de prefixos do absolutismo divino; — mesmo no mundo
psíquico, ele pode surpreender a elaboração de vidas, em [80] o
cadinho do tumulto apaixonado (onde se afirma a antinomia das
almas e das vontades, mesmo na luta interior;74 — Do mundo
astral, ele pode conhecer o substrato de qualquer manifestação
sensível e decifrar esta misteriosa linguagem das assinaturas, onde
se inscreve a gênese dinâmica das formas.
Escusado será dizer que o mundo material e tangível apresenta ao
iniciado, bem como ao leigo, um campo físico de experiências,
maravilhosamente limpo do resto e aprimorado pelos pioneiros do
positivismo contemporâneo.
Aqui estão quatro ordens de realidades (material, astral, psíquica e
espiritual), que o adepto esotérico pode observar à vontade nos
vários planos que lhes são próprios. Que interesse relativo e
secundário lhe apresentará, então, fenômenos tão efêmeros quanto
ilusórios, igualmente deslocados em todos esses planos, e que não
pertencem por direito próprio a nenhum deles?
Pois, é essencialmente importante perceber isso – e este é o nó
górdio do problema que nos diz respeito – o fenômeno, concebido
no sentido de uma manifestação fugaz do invisível75, não apresenta
nem existência física nem virtualidade astral [81]: é uma espécie de
ilusão, uma miragem resultante de um compromisso anormal entre
essas duas classes de realidades. Ocorre apenas através da
interseção (por assim dizer) inteiramente acidental dos planos físico
e astral.
Em uma fase de instabilidade, em um momento de desordem, as
duas linhas naturalmente paralelas se cruzam em um ponto – onde
o fenômeno ocorre, falacioso, paradoxal. Mas logo a norma
restabeleceu seu império e, assim que os dois planos retomaram
seu nível paralelo, o fenômeno desapareceu.
Isso significa que não há relações legítimas e normais entre o
mundo astral e o mundo material? — (EN) Não há dúvida de que
existe, uma vez que este último é apenas a expressão do outro, o
seu resultado, o seu efeito. A matéria astral se manifestou gerando
matéria física, e a matéria física retornará, no devido tempo, ao seu
estado original.
Até lá, ela é incessantemente elaborada pelo influxo do mundo
astral, que sofre, por outro lado, uma constante repercussão dos
fenômenos do mundo físico. Isso pressupõe, de um mundo para
outro, um duplo fluxo descendente e ascendente, como ensina a
Mesa Esmeralda . Esta é uma verdadeira endosmose de influências.
Mas os dois grandes portões de comunicação, entre o mundo
hiperfísico ou astral e o mundo físico ou material, são os portões do
Nascimento e da Morte; ou, para maior precisão, aqueles pelos
quais a encarnação dos picos ocorre, por um lado, – e sua
desintegração póstuma, por outro.
É mesmo distorcendo essas relações normais que se torna
possível provocar essa fase de desordem (bastante rara no estado
comum das coisas), fase em que a interseção fortuita dos dois
planos em gendre a ilusão fugaz.
Isso é muito notável. Além de alguns casos pouco frequentes, em
que a própria natureza paga o preço por essas fantasmagórias76;
se ainda excetuarmos [83] tais obras de alta magia, quando o
Milagreiro cria matéria fora de si mesmo, seja exteriorizando sua
própria substância, seja compactando o Aôr através de seu
mediador plástico – pode-se dizer certamente, onde quer que o
fenômeno se manifeste, que há perturbação, profanação, estupro de
alguma forma, ou os arcanos de nascimento, ou os arcanos da
morte.
A imoralidade dos médiuns tornou-se um provérbio nos círculos
onde eles são conhecidos. Muitos, se não todos, deles parecem ser
vítimas irresponsáveis de uma depravação patológica. Alguns são
monstros genitais, e consideramos inútil voltar atrás nas revelações
que fizemos a esse respeito (página 419 do Templo de Satanás).
Por outro lado, veremos neste presente volume (especialmente no
capítulo II, Mistérios da Solidão), o papel efetivo atribuído ao
esperma nas maldições dos nigromans de todas as idades e países.
— Tanto para a profanação dos mistérios do nascimento; quanto
para o dos mistérios da morte, basta nomear o Espiritismo, esta
doutrina tão difundida hoje e que eleva ao ápice de uma religião a
antiga Necromancia, despojada [84] de toda a ciência
(experimental ou tradicional) da vida póstuma, bem como de
qualquer preocupação com os ritos psicúrgicos, que, no culto aos
antepassados, uma vez apareceu a garantia mútua e a honra dos
vivos e dos mortos.
Devemos sentir melhor neste momento a importância secundária
do fenômeno, nos ensinamentos da Síntese Esotérica. Se as
manifestações dessa ordem estão todas no Espiritismo; se ainda
têm um valor preponderante, embora já parcial, na Bruxaria ou
Magia Negra, que é sobretudo a arte das ilusões e dos prestígios; —
é fácil conceber que a Magia elevada e divina, que pode ser definida
como a Ciência do Ser, estudada em todos os seus aspectos de
realidade, essência e princípio, relega a segundo plano artifícios
ilusórios. Decolar por todos os mundos, estudar as maravilhas do
Ser em todas as latitudes, e colher as flores do Verdadeiro e do
Belo, os frutos do Bem e do Justo em todos os climas do Universo
vivo, – e até que o Éden se perdesse e reconquistasse – tal deve
ser acima de tudo a ambição do adepto.
NÓS

A Ciência Esotérica, portanto, nos oferece um triplo objeto de


estudo: Natureza-naturante, Natureza psíquica e volitiva (homem) e
Natureza-natureza. Concorda-se em dizer, em termos menos
exatos, mas também menos abstratos: Deus, o Homem e o
Universo. [85]
O Templo de Salomão repousava sobre duas colunas: Iakin e
Bohaz, Ativo e Passivo, Impulso e Resistência, Liberdade e
Necessidade, Eu e Não-Eu. Estas mesmas duas colunas decoram o
peristilo do Templo da Ciência; simbolizam a Experiência e a
Tradição.
A experiência não é tudo: aventurar-se sem um guia em um país
desconhecido, a pessoa infalivelmente se perde. —A tradição não é
tudo; Torna-se letra morta, para quem não toma a iniciativa de
controlar o oráculo.
Muitos estão errados em se ater a esse modo passivo de adquirir a
Verdade.
A meditação das obras ocultas absorve exclusivamente a maioria
dos pesquisadores preocupados com o problema místico – dizemos
os mais sérios (os espectadores mais fúteis e reais, em feira,
arrastando-se voluntariamente de uma cabana para outra, em busca
de fenômenos). Como se a obra de iniciação se limitasse aos
esforços de assimilação doutrinária! O trabalho escrito dos mestres
não é desprezível com impunidade, quem duvida disso? e
prestamos pouca atenção a um inovador tão presunçoso, que se
orgulha de complementar, pela exuberância de sua própria
imaginação, com o estudo aprofundado dos clássicos do
esoterismo.
Mas este estudo não é suficiente. Deve-se ainda pagar com a
própria pessoa e aventurar-se resolutamente a conquistar a
verdade, através da escuridão de um mundo desconhecido. É por
isso que, distinguindo-se do simples estudioso, que está ansioso por
intervir apenas nas [86] batalhas de opinião, o ocultista tende a
penetrar na essência das coisas, e decifrará a partir da grande
estela da natureza, que está escrita dentro como fora. Imagine uma
folha de pergaminho, coberta de hieróglifos de ambos os lados, mas
aderida a uma pintura de um deles. Os caracteres da frente, quer
possam ou não ser interpretados, devem parecer visíveis aos olhos
de carne; enquanto os sinais traçados nas costas serão perceptíveis
apenas ao órgão visual da alma, o que significa que um bom lúcido
sozinho será capaz de distingui-los.
Isso é apenas uma metáfora, e o neófito estaria errado, se ele
concluísse que a lucidez magnética é a faculdade mestra para
desenvolver em si mesma, a prerrogativa suprema do adepto.
Existem vários graus de clarividência, pois existem várias áreas de
visão. Quão ilustres videntes não foram lúcidos no plano físico! Isso,
por outro lado, pode ser um maravilhoso lúcido, no sentido demótico
e querido aos sonâmbulos, que é, no entanto, um tolo realizado:
essas duas qualidades não têm nada que se exclua mutuamente, e
a experiência provou repetidamente isso ... Se, independentemente
do mundo físico, cuja observação pertence aos sentidos carnais, o
Universo tem três planos de realidade ou mundos hierárquicos, — a
alma humana tem três andares que conduzem a estes três planos:
Nephesch ou o corpo astral, corresponde ao mundo hiperfísico; [87]
rWh Rouach ou a Alma apaixonada, para o mundo psíquico; n?ma
Neschamah ou inteligência (receptiva do Espírito puro), ao mundo
inteligível.

Esses três centros principais, como o Fabre d'Olivet estabeleceu


peremptoriamente, cada um possui uma esfera de ação própria e
essas três esferas em camadas estão ligadas de tal forma que a
circunferência implantada pelo centro inferior, Nephesch (Instinto,
vida sensorial, corpo astral), atinge o centro mediano, Rouach (Alma
apaixonada, vida psíquica); e que a circunferência exibida por ela
toca o ponto central da circunferência superior, Neschamah
(Inteligência, vida espiritual), —
Finalmente, este ternário é tonalizado por uma imitação relativa, o
que o torna um quaternário; em outras palavras, essas três esferas
são envolvidas por [87] uma quarta, de um raio de dupla extensão, a
esfera volitiva, cujo ponto central necessariamente se funde com o
da esfera psíquica, mediana. O diagrama acima permitirá
compreender de relance essas relações do homem triplo, com o
universo triplo.
O ser humano (individual ou coletivo) pode ser concebido como
englobando e dominando, sob o império de sua vontade soberana,
uma porção das três essências cósmicas – espírito, alma, fluido
astral, – que o fazem participar da tríplice vida do Universo.
Pela sua inteligência (receptiva ao Espírito puro), o homem beira a
unidade das coisas, a natureza-naturante, a Providência divina. À
noite, o corpo astral, ele toca a infinita divisibilidade, o Destino da
natureza física e natural.
A alma intermediária do homem é a substância apropriada e
passiva de seu ser; por fim, a sua vontade inclina esta alma a
concordar, quer no plano espiritual, com a Providência; ou abaixo,
com o Destino, no plano astral.
Assim, a vontade deve ser concebida como a própria essência do
homem: pois constitui o que é, para o bem ou para o mal, de acordo
com se governa, seja dextricamente, ou senestre, sua substância
própria, que é a Alma.
Foi o que Fabre d'Olivet esclareceu primeiro, com aquela lucidez
brilhante que caracteriza o grande metafísico do esoterismo no
século XIX. Considerando [89] o homem em seu aspecto de
universalidade transcendente, ele designa a Vontade humana como
um dos três grandes Poderes Retificadores do Cosmos;
Providência e Destino são os outros dois. No reino hominal, diz ele,
"o lugar apropriado da Vontade é a Alma universal. É pelo Instinto
universal do homem que se liga ao Destino, e pela sua Inteligência
universal que comunica com a Providência: a Providência é mesmo,
para o homem individual, apenas esta inteligência universal, e o
Destino, este Instinto universal. Assim, o reino hominal contém em
si todo o Universo. Há absolutamente fora dele apenas a Lei divina
que o constitui, e a Primeira Causa da qual esta Lei emana. Esta
Primeira Causa é chamada de Deus, e esta Lei divina é chamada de
Natureza77."
Essas generalidades bem compreendidas, encontramos o neófito
no limiar do caminho mal nivelado que leva ao Templo da Ciência.
Desejando iniciar-se, não só pelo estudo dos mestres, depositários
da Tradição, mas também pela sua própria experiência; decidido a
estender as suas investigações onde quer que possa conduzir uma
vontade firme, impulsionada por esforços perseverantes; talvez
pergunte que portas dão acesso aos diferentes níveis do ser
humano nos planos que, no universo invisível, correspondem a
eles; [90] Ele pedirá o segredo do gatilho pelo qual essas portas se
abrem, e a senha novamente, para ser autorizado a atravessá-las...
Mas estes são troféus de vitória, que todos devem conquistar
pessoal e gradualmente. Por mais perfeitas que pareçam suas
intenções, tão nobre seu propósito, tão ardente sua coragem, o
Iniciador espera, na verdade, revelações tão repentinas? Será que
ele pensa que todas as chaves do santuário serão colocadas em
sua mão de noviço e mal fortalecida?... Por que não perguntar ao
hierofante, ao se aproximar dele, as fórmulas de enunciação e
implementação do Grande Arcano? As duas exigências, de uma
ingenuidade congenerosa, seriam equivalentes uma à outra.
Isto é o que os Mestres da Sabedoria antiga teriam respondido a
tais perguntas... Nas criptas de Mênfis, Elêusis ou Tebas, eles não
foram tão rápidos.
Eles não são mais, esses templos grandiosos de um mundo
abolido, últimos asilos e testemunhos adequados de uma doutrina
sobre-humana, experimental e tradicional todos juntos; os
monumentos de pedra e metal estão desmoronados, mas o caminho
estreito e escorregadio, que de ambos os lados tem vista para um
abismo, sempre leva ao santuário ideal da Verdade.
Sem dúvida, cabe aos mais velhos colocar seus irmãos mais
novos no caminho. Mais experientes, eles são obrigados a encorajar
os novatos pela palavra e pelo exemplo; Eles ainda devem protegê-
los de seus conselhos, contra as armadilhas de uma estrada [91]
que eles conhecem, por terem percorrido eles mesmos. Mas isso
deve limitar-se à sua assistência indirecta.
Ninguém aperfeiçoa sua iniciação, exceto consigo mesmo. Este é
um aforismo fundamental da magia.
O que é importante especificar agora, referindo-se para o resto às
notas sobre o êxtase, incluídas no nosso capítulo II78, — notas que
revelam horizontes pouco frequentados e cheias de informações
proveitosas sobre a questão dos arcanos a serem descobertos pela
experiência direta e pelo surgimento da iniciativa pessoal — o que é
importante especificar é isso.
É que o homem astral, o homem psíquico e o homem espiritual,
destinados a conhecer e dominar os vários mundos que lhes
correspondem, são providos para esse fim de órgãos especiais de
receptividade (astral, psíquico e mental), tão reais quanto os órgãos
físicos dos sentidos.
Esses órgãos sutis, muito geralmente ignorados, são muito
desigualmente desenvolvidos na carne do homem e nos ossos; mas
eles existem, pelo menos no estado rudimentar, – seria mais correto
dizer, no estado de atrofia como resultado do não-uso: pois é menos
uma questão de evoluir os sentidos internos, do que de despertá-los
pouco a pouco.
Quem quer que tenha tomado posse das faculdades receptivas de
sua alma em todos os planos,79 ele [92] pode reivindicar ser
reintegrado aqui embaixo na Unidade da Natureza celestial.
Em alguns homens raros, tais sentidos internos podem ter mantido
quase toda a sua agudeza de percepção; a decadência da carne em
que esses homens desceram parece ter alterado, apenas
minimamente, a intensidade funcional das faculdades de sua alma.
Esses privilegiados são, em modo consciente, os Videntes das
diferentes ordens; em modo de relativa inconsciência, eles são os
Inspirados de cada classe.
O homem de génio não é outro, em última análise, senão um
adepto intuitivo e espontâneo, magnificamente incompleto, mas rico
naqueles dons tão raros e que muitas vezes carecem aos mais
sublimes místicos das faculdades de transposição estética do
inteligível para o Sensível, e de conversibilidade do Verbo divino
para o Verbo humano.
Tais faculdades de expressão não são adquiridas; eles sempre
coroarão o homem do gênio, do direito divino e da graça anterior;
Enquanto o adepto é do direito humano e da subsequente
conquista, os esforços de seu livre arbítrio o elaboraram. — Uma
vez estabelecida esta distinção fundamental, a analogia pode e deve
continuar.
O Gênio consiste na faculdade da reintegração espontânea (mais
ou menos consciente e sujeita a [93] intermitências), do submúltiplo
humano na pátria celestial da Unidade, Adamah.
Assim, poetas, pintores, músicos, escultores e, em geral, todos os
artistas que acreditam em si mesmos, com ou sem razão, gênios,
usam a mesma frase que os místicos para caracterizar períodos de
facilidade de produção. Eles podem ou não ter a inspiração. Isso é
notável...
A obra capital de iniciação resume-se, portanto, se quiserem, na
arte de se tornar artificialmente um gênio80; com esta diferença, no
entanto, que o gênio natural dá inspiração em certas horas, mais ou
menos frequentemente, quando o Espírito descerá; enquanto o
Gênio adquirido seria, em seu estágio mais elevado, a faculdade de
forçar a inspiração e se comunicar com o Grande Desconhecido,
todas e quantitativamente vezes ele é desejado.
Há, com essa diferença, uma razão realmente muito simples: é
que o Deus desce ao homem de gênio, enquanto o Mago ascende
ao Deus.
O homem de gênio é uma espécie de ímã, intermitentemente
atraente. — O Adepto é um Poder conversível, um elo consciente da
terra com o Céu: um ser que pode, à vontade, permanecer na terra,
desfrutar de suas vantagens e colher seus frutos, ou ascender ao
Céu, identificar-se com a Natureza divina e beber em longos golpes
a ambrosia celestial.
O Gênio, força natural de atração, estabelece por [94] períodos
com a Unidade uma correlação mais ou menos efêmera. — O
Adeptat, passaporte ilimitado para o Infinito, implica um direito de
reintegração, de alguma forma ad libitum.
Assim, Adept81 toma na Índia o nome significativo de Yoghi, -
unido em Deus.
Experiência e Tradição, estas são as duas colunas do Templo
Esotérico. A verdade pode ser passada adiante, como um legado;
Ela pode ser adquirida por iniciativa humana, em todos os níveis.
Mas, como dissemos, a ciência transmitida permaneceria letra
morta sem experiência pessoal; assim como poderia levar à sua
ruína o aventureiro imprudente do Arcana, por falta dessa sagrada
herança da Tradição.
Entre esses dois modos, ativo e passivo, inteligível e sensível82 de
aquisição do Conhecimento, surge um método intermediário, muito
fecundo, [95] que reconcilia os outros, os completa e consegue por
aventura substituí-los: é o método analógico; é ao mesmo tempo a
Sagacidade e a Razão.
A homogeneidade da Natureza, este princípio fundamental, que
está inscrito no frontão de toda síntese mágica, tem como primeiro
corolário um aforismo, do qual Hermes Trismegisto deu a fórmula:
O que está acima é como o que está abaixo; o que está abaixo,
bem como o que está acima. Esta é a base na lei do método
analógico, que torna possível inferir o conhecido, determinar o
desconhecido.
O método analógico é duplo, indutivo e dedutivo; é exercida de
baixo para cima, bem como de cima para baixo: ou parte dos fatos
observados, para chegar à lei que os rege, ou ao princípio a que
essa lei pertence; ou que se baseie numa lei já aceite, num princípio
já estabelecido, para concluir sobre factos ainda não verificados, ou
simplesmente para justificar a ordenação e classificação de factos
conhecidos.
Um exemplo não é inútil.
Se o magista, analisando as faculdades da alma humana,
descobrir nela, por um lado, três modificações principais,
hierarquicamente distribuídas em três planos de atividade; e, por
outro lado, uma força sintética (a Vontade), que, englobando esse
triplo dinamismo, a domina e a traz de volta à unidade ontológica:
ele será capaz de induzir por analogia, que o correspondente triplo
dinamismo do Universo invisível é envolvido, governado, unificado,
por um Poder sintético (a Vontade divina criadora), que é, para [96]
o universo concebido como um todo, o que a vontade humana é
para o homem concebido como um todo; conheça: seu agente
unificador, sua essência própria.83 — Método analógico indutivo.
Se o mesmo magista, por outro lado, transfere sua visão mental do
Cosmos Integral para o homem individual: ele será capaz de deduzir
por analogia, dada a identidade da constituição, que o homem é,
para dizer a verdade, um pequeno mundo, um microcosmo; em
oposição ao macrocosmo, ou grande mundo. — Método dedutivo
analógico.
Mostramos o controle recíproco onde a Experiência e a Tradição
se esforçam e se confirmam à vontade. O estudo exclusivo dos
mestres só resultaria na produção de estudiosos no misticismo; e a
única prática do êxtase, que para produzir visionários: ambos devem
contribuir para formar o verdadeiro Adepto... Bem, o raciocínio por
analogia pode, até certo ponto, complementar qualquer um desses
modos de aquisição de Conhecimento; Pode, fornecendo o contra-
teste dos dados tradicionalmente transmitidos, bem como aqueles
obtidos experimentalmente.
Consequentemente, a Analogia será especialmente preciosa para
o iniciado no caminho, que nem sempre sabe [97] onde agarrar o fio
de migalha de pão da tradição esotérica ortodoxa, e às vezes sente
suas asas derreterem de Ícaro, quando ele quer pairar nas regiões
mais elevadas da experiência mística. Ainda há lacunas no ensino
dos Mestres para ele? Ele prevê escarpas inacessíveis ao seu
desenvolvimento pessoal? — Ele encontrará na Analogia um duplo
critério, um instrumento com o qual preencher alguns, e escalar
outros.
VII
Chegou o momento de concluir. Decididos a pôr termo a esta
introdução que já é demasiado densa e que ultrapassa o seu quadro
normal, não quer dizer que lamentemos estas páginas, —
preventivas, esperamos, de mal-entendidos fatais e de mal-
entendidos iminentes. Nós nos lisonjeamos que, no ponto em que
estamos, o assíduo Leitor formou uma ideia clara, precisa e correta
de alta magia, que exclui nele qualquer indício de confusão, seja
com a Bruxaria propriamente dita, seja com aquela mistidão
lamentável à qual o Esoterismo é reduzido, como o profano e
também muitos dos chamados Magos o imaginam, sempre prontos
para serem intitulados, na última página de Gil-Blas ou Le Figaro,
professores de ciências ocultas.
Uma distinção peremptória era ainda mais importante, entre Alta
Doutrina e Bruxaria, uma vez que o presente trabalho deve tratar ao
mesmo tempo de [98] de ambos, ou pelo menos de teorias
aplicáveis a ambos, como apontamos no início.
Eis a árvore da Ciência do Bem e do Mal; Seu tronco bifurcado se
eleva em uma única raiz.
Aqui está a virgem simbólica que Apolônio encontrou nas margens
da Hifase: seu corpo é meio parte, preto e branco.
Eis o misterioso losango do pentáculo de Tritema: no triângulo
superior irradia o padrão divino, o incomunicável Tetragrama; e a
imagem de Satanás zomba na escuridão do triângulo inferior.
Este último emblema serve como frontispício para a nossa Chave
da Magia Negra; Não a escolhemos sem intenção.
O Sr. Oswald Wirth reconstruiu-o com base na descrição dada por
Eliphas, em homenagem a um espécime possuído por seu pupilo, o
conde Alexander Branitzki, porque este desenho é de grande
raridade, e é encontrado apenas em algumas cópias manuscritas do
Tratado sobre Segundas Causas84.
Consiste, diz Eliphas Levi, em "dois triângulos [99] unidos pela
base, um branco e outro preto; Sob a ponta do triângulo negro
encontra-se um louco que dolorosamente endireita a cabeça e olha
com uma careta de terror para a escuridão do triângulo onde sua
própria imagem é refletida; Na ponta do triângulo branco repousa
um homem no auge da vida, vestido como um cavaleiro, com um
olhar firme, e a altitude de comando forte e pacífica. No triângulo
branco são traçados os caracteres do tetragrama divino85.
"Este pentáculo poderia ser explicado por esta lenda: o Sábio
confia no temor do verdadeiro Deus, o tolo é esmagado pelo medo
de um falso deus feito à sua imagem. Este é o significado natural e
exotérico do emblema; mas meditando nele como um todo e em
cada uma de suas partes, os seguidores encontrarão nele a última
palavra da Cabalá, a fórmula indescritível do Grande Arcano: a
distinção entre milagres e maravilhas, o segredo das aparições, a
teoria universal do magnetismo e a ciência de todos os mistérios. 86
[101]
Sem abrir aos nossos leitores tais insights gigantescos, nem
lisonjear ninguém com esperanças analfabetas, não deixemos de
fazer a confissão de que, na inteligência do pentáculo de Tritema,
seja dado a muitos compreender no local o pensamento mãe que
constantemente presidiu a gênese deste livro.
STANISLAS DE GUAITA.
[102]
Taw
1 Trifão, monge e poeta do século XII, citado por Victor Hugo, Les Misérables (II, 2).
2 Especialmente em sua relação com o plano material.
3 É o feiticeiro vulgar que designamos aqui, e as forças implementadas por ele. O
primeiro volume de A Serpente de Gênesis fez o suficiente para ver em que
profundezas miseráveis de embrutecimento e escravidão moral confinam os artesãos
de Goeti. No entanto, não esqueçamos que Satanás se metamorfoseia
apropriadamente, para infestar o próprio plano intelectual. Mas, nesse nível, leva o
nome de Erro (Volume I, p. 52) e, nessa forma metafísica, não tem nada a ver com a
bruxaria em si. Se, portanto, falamos (Volume I, Capítulo VII) dos magos negros da
Arte e do Pensamento, é em um sentido esotérico mais amplo, e nossos leitores já
iniciados não poderiam entender mal o espírito que uma vez nos ditou este aforismo:
- "Não há modo em que a atividade do homem seja exercida, que o satanismo não
seja capaz de invadir e permear; como não é que a inspiração divina não possa se
esforçar e enobrecer "(Volume 1, página 534)".
4 Vermes dourados de Pythagore, p. 359-360.
5 Lettres à Kirchberger de Liebistorf, p. 9 de la Correspondance inédite de Saint-Martin,
publié par MM. Schauer et Chuquet (Paris, 1862, grand in-8°).
6 Vermes dourados, p. 360.
7 A raiz da Natureza é natus. De modo que, se alguém quisesse usar um raciocínio
um tanto suspeito de paradoxo, já poderia escandalizar os partidários do
sobrenatural, deduzindo desta etimologia a seguinte consequência: A própria religião
cristã é natural, uma vez que Cristo é a encarnação do Filho divino, nascido do Pai
desde toda a eternidade: "et ex patre natum, ante omnia sæula... Deum de Deo..."
Então, aqui está um Deus natural? – Mas não pretendemos prosseguir com essa
discussão. Somente Deus é sobrenatural, pois ele não existe, ele é.
8 (Bœhme).
9 Contraditório, quanto ao ponto de partida de sua Cosmogonia, queremos dizer; não
quanto ao ensino das grandes leis da Natureza atual. Neste ponto, na maioria das
vezes há um acordo perfeito entre as duas Escolas.
10 /omdq <da.
11 <yhla <da. Mas o verdadeiro nome do Verbo Eterno é lhôah Ælohim <yhla hohy
(Veja a nota que publicamos em outra obra: No Limiar do Mistério, pp. 112-114).
Esta identidade inexplicável do Homem concebida em sua essência universal, e do
próprio Deus manifestado por sua Palavra, constitui o Grande Arcum Cabalístico. "O
que Adão é em sua essência universal, não pode ser expresso sem instrução prévia,
na medida em que a civilização europeia não é tão avançada quanto a da Ásia e (a
África antes de Moisés, ela ainda não adquiriu os mesmos pensamentos universais
e, consequentemente, carece de termos para expressá-los, a)... O que Adão é em
sua essência particular pode ser expresso; embora essa ideia, peculiarizada no
pensamento de Moisés, ainda se apresente a nós de forma universal. Adão é o que
eu chamei de Reino hominal, o que foi indevidamente chamado de raça humana; é o
Homem concebido abstratamente: isto é, a massa geral de todos os homens que
compõem, compuseram ou comporão a humanidade; que desfrutam, desfrutaram ou
desfrutarão da vida humana; E essa massa assim concebida como um único ser vive
de uma vida própria, universal, que é particularizada e refletida em indivíduos de
ambos os sexos. Considerado neste último aspecto, Adão é homem e mulher, (b)."
(Caim, páginas 29-30). Nesta citação muito notável de Fabre d'Olivet, há a primeira
menção da Palavra, Ihôah Æohim, ou Adam-Kadmôn, ou AdamÆlohim a); — então
um membro da Palavra, Adão-Eva, ou Adão-Elohah).
12 hello <da
13 i?h Hosheck de Moisés, envolvendo <oht Thôm; — e em correspondência com o
esoterismo helénico: a Grande Noite de Orfeu, mãe-noite, ventre de Prótiro, (a
Grande Deusa), antes, fecundada pelo Grande Ser, gera Primígene, o Logos
universal, do qual todos os deuses emanarão em pares (cf. Hymnes ouphiques).
14 Observemos aqui dois mistérios do mais profundo:
a. — A Raiz escura nunca teria ocorrido lá fora, uma vez que é o nada por si só, se
Adão não o tivesse manifestado, comunicando-lhe o seu ser e emprestando-lhe a
sua substância. Assim, ele a percebeu danificando-se a ela, daí o Mal, o produto
dessa exteriorização; – o mal, que não estava destinado a aparecer na Natureza.
b. Isso explica esta opinião, singular na aparência, de Fabre d'Olivet comentando sobre
Moisés: "A vida de Adão, que avançou de um curso majestoso e gentil para a
Eternidade, de repente parou, e tomou um movimento retrógrado. Então ela voltou
para a noite de onde tinha saído, e era o Espaço; ela recuou para a Eternidade, e
esse foi o Tempo..." (Ver Caim, Observações, p. 202).
15 Foi como resultado de uma contusão bastante séria que esses grandes homens
foram capazes de professar essa opinião. O Fiat lux é a elementização luminosa, a
revelação da Natureza-essência, da Deusa negra que se tornou a Noiva divina, à
primeira vista do Noivo. O Fiat é, portanto, (subsequente à queda. O que levou
Paracelso e Boehme a se desviarem em sua interpretação deste versículo mosaico
(Gênesis, I, 3) é a hipótese de uma queda anterior à de Adão (a Queda Angélica).
Pois, quer tenha havido ou não desastres sucessivos, é certo que Moisés conhecia
ou admitia apenas um, o de Adão-Eva, do qual flui toda manifestação sensível e toda
ordem temporal.
16 Veja nota anterior.
17 As diferentes escolas que classificamos sob o título geral de Doutrina Secreta no
Ocidente, cada uma tem, ou muito pouco, sua própria linguagem; E se o fundo
essencial permanece o mesmo, os símbolos e vocabulários variam infinitamente. Em
nossa apresentação, adotamos a linguagem da Escola que acreditamos ser a mais
erudita, aquela que vai de Moisés a Fabre d'Olivet, passando pela Cabalá e Boehme.
Ainda assim, ao longo dessa cadeia de transmissão esotérica, há várias opiniões a
serem selecionadas e vários dialetos a serem unificados. Essas denominações
orientais e ocidentais, em relação à tradição oculta, não apresentam nada absoluto;
elas nos são ditadas pelas circunstâncias... Várias escolas asiáticas e até hindus
podem ensinar uma doutrina que concorda com a nossa, como pode ser visto na
Europa dos esotéricos que apoiam a eternidade do universo físico. Mas queríamos
distinguir-nos de certos ocultistas, além de educados, com tendências materialistas e
até ateus, que se doam pelos discípulos e pelos únicos representantes da Sabedoria
Oriental. A Sociedade Teosófica, fundada por eles em Madras, rapidamente espalhou
seus ramos para a Europa e a América. Isto é o que decidiu um grande número de
Cabalistas, Hermeticistas, Gnósticos, Rosacruzes, Martinistas e místicos europeus,
cujas doutrinas concordam em tantos pontos essenciais, para levantar a bandeira
espiritualista da Tradição Ocidental.
18 Será objetado a nós que as entidades que alcançaram o Nirvana não deixarão mais
seu Céu de felicidade ociosa, para descer de volta à arena da vida cósmica.
Responderemos que isso é puro sofisma. Se, de fato, essas entidades, plenamente
reintegradas à Unidade divina, se fundirem nela para sempre, pelo menos participam
da incessante submultiplicação que a dita Unidade sofre e sofrerá, sem que seja
possível prever a cura dessa incontinência mórbida, não mais crônica, mas eterna.
19 Ver nota, p. [24].
20 Neste momento, raciocinamos no espírito muito estreito desse mesmo exoterismo,
que não admite a grande lei da justiça distributiva que preside as encarnações; —
uma lei que os hindus, por outro lado, conhecem perfeitamente bem e que ensinam
sob o nome de Karma. Só que eles estão errados em exagerar seu alcance e
universalizar sua norma inflexível. Nada é mais perigoso do que essa extensão de
uma doutrina correta em si mesma. Tomaremos o cuidado de especificar em outro
lugar os limites justos onde ela deve ser restringida.
21 A Natureza Temporal também está contida na Natureza Eterna. O imenso Universo é
como uma mancha na brancura do imensurável Éden.
22 Assim, o homem torna-se o centro e o médio prazo do Universo, que é o produto de
sua queda.
23 Todo princípio é simples, radicalmente uno; Mas uma mudança de estado pressupõe
o binário.
24 Ver pelo nome Delormel, La Grande Époque, Paris, 1789.
25 Voy. Fabre d'Olivet, Langue hébr. restit., (t. II, p. I74-257); Hist. philos., (t. II, p. 188-
194).
26 O que é importante nunca esquecer é o erro grosseiro daqueles que querem ver em
Gênesis, de acordo com a opinião infelizmente credenciada, os Anais do povo judeu
na era patriarcal. O Sepher de Moisés não é o relato de uma série de fatos históricos,
realizados no passado, mas o Livro transcendental de princípios cosmogônicos e
androgônicos cujas adaptações ocorreram, estão ocorrendo ou ocorrerão no tempo e
no espaço. Consideramos útil transcrever nesta hora algumas linhas da História
Filosófica da Raça Humana, nas quais o Fabre d'Olivet, por uma dupla definição do
mais preciso, impede qualquer possibilidade de confusão e até mesmo a
possibilidade de um mal-entendido. Há dois tipos de dilúvios, que não devem ser
confundidos juntos: o Dilúvio universal; aquele do qual Moisés fala sob o nome de
Mabul; o conhecido pelos Brahmes como Dina-pralayam, é uma crise da Natureza
que põe fim à sua ação; é uma retomada na dissolução absoluta dos seres criados.
Moisés fala disso como uma possibilidade fatal... A descrição desse dilúvio, o
conhecimento de suas causas e efeitos, pertencem à cosmogonia... Os dilúvios do
segundo tipo são aqueles que causam apenas uma interrupção no curso geral das
coisas, por inundações parciais, mais ou menos consideráveis. Entre esses
cataclismos, podemos considerar o que destruiu a Atlântida como um dos mais
terríveis, uma vez que submergiu um hemisfério inteiro e passou sobre o outro uma
torrente devastadora que o devastou. (Hist. philos., vol. II, pp. 192-199. Passim).
27 Veja o que dizemos (página 31) sobre o papel fisiológico da Providência, essa
inteligência da Natureza.
28 Não escondemos de nós mesmos a imperfeição ou mesmo o ridículo de tais
comparações entre o particular e o universal, pois do número à unidade, toda
comparação é inevitavelmente, ou defeituosa, ou pelo menos mesquinha; E, no
entanto, as analogias do sensível são as únicas aptas a prestar à nossa razão um
relato indireto de verdades inteligíveis. Resignemo-nos, pois, à insuficiência da
aproximação e recuperemos-na.
29 Veja o Sepher Ietzirah, traduzido por Papus (Chaps. II e III).
30 Gihôn, Hiddekel e Phrath, os outros três rios simbólicos do paraíso terrestre, também
expressam várias modificações do Agente Astral.
31 Voy. Langue hébr. (t. II, p. 230).
32 A maioria dos ocultistas escreve Aoûr rWa – Com Fabre d'Olivet, achamos mais
preciso distinguir o fogo (Aoûr) da luz (Aôr).
33 O fogo, por outro lado, era o emblema do princípio da atividade expansiva.
34 Lembre-se do púlpito simbólico que Xerxes (diz a lenda tradicional) tinha jogado no
mar, para acorrentar a tempestade ... Veja o Crocodilo, poema epiquo-magigue, de
um amante de coisas escondidas (Claude de Saint-Martin). Paris, an VIII de la
République, I vol. in-8 (p.13-14).
35 Hereb bdx.
36 O seguidor Saint-Martin escreveu páginas surpreendentes sobre o dilúvio, que ele
trata como um fato consumado. Ele tem o cuidado de não sustentar que uma chuva
caiu, abundante o suficiente para inundar toda a terra: uma versão ridícula contra a
qual o simples senso comum e o próprio texto do Sepher se rebelam à vontade. "...
A palavra hebraica tbra arubbolh, embora signifique catarata, de acordo com a
letra, não é um derivado do verbo bbr rahab ou hbr raba, ou seja, foi multiplicado?
Em seguida, o texto apresenta a ideia natural de uma ação mais extensa no Agente
que produz água, e não a do simples fluxo de água previamente existente..." (Saint-
Martin, Tableau naturel, Edimburgo (Lyon), 1782, 2 vol. in-8, p. 32 do segundo
volume). Na mesma obra, São Martinho novamente expõe que o dilúvio é a
consequência natural e fatal da corrupção adâmica, e não um castigo divino, no
sentido habitual da palavra. Também sugere por que o cataclismo, evocado pela
depravação dos homens, escolheu a água como um instrumento devastador.
37 Langue hébr. resti., tomo II, pp. 202-333.
38 Lang. hébr. rest., tomo II, p. 190.
39 Para mais detalhes sobre o trabalho de Fabre d'Olivet, consulte o belo trabalho de
Papus: Fabre d'Olivet et Saint-Yves d'Alveydre (Paris, 1888, folheto grand in-8). Ver
também a terceira edição do nosso livro: Au seuil du Mystère (Paris, 1890, in-8), p.
69-72.
40 Lang. hébr. restit., t. II, p. 183. 41 Lang, hébr. restit., t. II, p. 330.
42 Lang. Hebr. resta., vol. II, pp. 185-186. Na construção desta última frase, Fabre
d'Olivet está, em nossa opinião, errado ao deixar espaço para um mal-entendido.
Seu pensamento – pelo menos esta é a nossa convicção – não é que o Ser dos
seres está sujeito à irritação; mas embora o verbo <hWn pudesse, na melhor das
hipóteses, em outro caso, assumir esse significado extremo. O resto da nota prova
isso; d'Olivet continua: "Este último significado (irritar-se), que é o mais forte que
pode ser dado ao verbo <hWn, foi geralmente seguido pelos escritores hebreus
depois de Moisés. Etc. »
43 Lá, como em toda parte em Gênesis, o interesse se concentra na compreensão de
significados comparativos ou simbólicos e significados superlativos ou hieroglíficos.
O significado direto ou positivo da história refere-se à conflagração e colapso de um
vale inteiro, que cobria verdadeiros lagos de nafta e material betuminoso. O fogo do
Céu (relâmpago), comunicando o fogo a esses formidáveis reservatórios de líquidos
inflamáveis ou explosivos, todo o vale desmoronou em fendas subterrâneas; o
abismo foi finalmente afogado por uma hidrovia que a explosão havia aberto, e o lago
de asfalto ou mar morto cobriu com seu nível sombrio as ruínas de Sodoma e
Gomorra. O significado literal parece, como podemos ver, de ligeira consequência. —
Esta não é uma razão suficiente para permitir que o tradutor ilumine sua versão de
uma maravilha tão grotesca.
44 Uma convulsão mortal, sem dúvida, já que no deserto as filhas de Ló logo depois
tiveram a fantasia de intoxicar o velho, dormindo então por sua vez com ele, a fim de
"levantar sementes de seu pai"; pequena escapada que essas moças provavelmente
não foram permitidas, sob o olhar atento de sua mãe. "Deus! a coisa bela que um
livro dita pelo Espírito Santo, quando os homens têm o cuidado de interpretá-lo de
acordo com a letra!...
45 Usamos aqui indiferentemente duas palavras que uma nuance distingue: Prodígio e
Milagre. O Prodígio é secular: Cagliostro fez maravilhas. O Milagre afeta um
caráter religioso e mais sério: Jesus Cristo realizou milagres. Quanto à palavra
Prestige, aplica-se preferencialmente ao truque de mão, ao trompe-l'oeil de pura
habilidade manual. No entanto, Prestige também é usado como sinônimo de
Prodígio, mas sempre em má parte.
46 Estes são, naturalmente, dois sais dissolvidos em água; Porque é somente graças a
um veículo líquido, ou um esmagamento muito íntimo, que dois sais suscetíveis à
dupla decomposição podem penetrar um no outro molecularmente, de modo que a
troca seja completa e não parcial.
47 Como não estamos familiarizados com a notação atômica, recorremos à notação
equivalente. Reduzimos as fórmulas à sua expressão mais simples.
48 Um bom sacerdote, a quem estávamos a fazer esta manifestação, gritou nos
transportes com uma alegria ingénua: "Isto chama-se tomar Deus com a mão na
mão! A exclamação parece bela em sua trivialidade e digna de transcrição.
49 "Nada se perde, nada se cria"... Este apoftegma é falso, além disso, só se aplica
exclusivamente a matéria sensível. "Ex nihilo nihil", disseram os antigos sábios, e
eles estavam certos, o nada não gera. – Isto é, que todo ser vem de um princípio
real, positivo e não abstrato. Criar é extrair de um princípio oculto, como
explicamos abaixo; mas não é não fazer nada. Ex nihilo nihil. A substância cósmica
absoluta gera eternamente matéria transitória. Sofre inúmeras metamorfoses, até
que no dia em que entra em seu substrato essencial a matéria física (diferenciada)
torna-se substância hiperfísica (homogênea). Nesse sentido, que não é o da ciência
moderna, o axioma contestado se sustenta.
50 O experimento seria igualmente bem-sucedido se o enxofre fosse substituído por
óxido de chumbo, sílica pura ou qualquer outra substância porosa, inerte e insolúvel
em água.
51 Os estudiosos Schrader, Greef e Braconnot verificaram o fato e o confirmaram. O
experimento não é, portanto, nossa invenção; limitamo-nos a comentá-la. (Veja o
livro muito notável de Chaubard: O Universo explicado por Apocalipse. — Paris,
1831, in-8, p. 301).
52 Para a multiplicação da pedra (filósofo, ver Raymond Llull, Flamel e outros
alquimistas. Henri Khunrath é tão claro quanto formal sobre este ponto, em seu
Anfiteatro da Sabedoria Eterna (p. 206).
53 São essas teorias metafísicas, admitimos toda a franqueza, especialmente porque é
fácil não selar nada aos amigos da Sabedoria, mantendo-se impenetrável para os
profanos... Mas quando se trata de entregar a todos a preparação, muitas vezes tão
simples, de grandes produtos (nitroglicerina, ácido cianídrico, iodeto de nitrogênio,
ptomanines, culturas microbiológicas, etc.), a famosa "probidade científica" não é
mais do que um falador perigoso, e nada mais.
54 Ao traçar esses dois tipos de adeptos, como bastante comuns e significativos no
Panteão das ciências ocultas, – vamos nos exonerar aqui de qualquer pretensão de
ordenhar esta ou aquela individualidade contemporânea? Esse cuidado nos pareceu
supérfluo, quando em 1888 o Lotus publicou essas páginas pela primeira vez. Por
isso, não ficamos tão surpresos com a mecanência, ao receber tantas cartas e até
quase pleiteando visitas. Assinaturas e rostos desconhecidos, amantes de
semelhanças quiméricas se esforçaram, apesar de nossos protestos mais enérgicos,
para arrancar de nós o nome imaginário e o endereço do antigo cânone e do
misterioso. Rabino! Foi um esforço desperdiçado, como pensamos, pela melhor de
todas as razões. Será que esta nota será finalmente suficiente (duvidamos dela) para
desiludir os excelentes espectadores que, incriminando nossa suposta discrição, uma
vez nos sitiaram em nossos últimos entrincheiramentos?
55 Esta palavra arb, está no pretérito. Generalizada e levada ao infinitivo, torna-se
aorbe. Entre o r e o a, o sinal conversível encontrou lugar em seu polo de luz, o o
o apontado para o topo. Isso nos dá o mesmo significado, mas universalizado, mas
afastado de qualquer regime temporal, adquirido à eterna abstração.
56 Não esqueçamos que aqui na terra estamos na lei da caducidade. Deste ângulo
enganoso, a grande ilusão material parece-nos ser a realidade, enquanto chegamos
à realidade essencial apenas por um esforço de inteligência. É uma inversão das
coisas... As essências parecem um meio termo apenas do nosso ponto de vista
terreno; São poderes para serem (ou melhor, para existir) apenas deste ponto de
vista. Na ordem primitiva, antes da queda, as essências são a realidade, e as coisas
físicas seriam ilusão.
57 É conveniente notar aqui, para a edificação dos alunos já avançados, que, no estado
edenal, toda essa gênese ocorreu intuída e intra de modo que cada submúltiplo
nasceu para a vida individual no ventre materno de Adamah, (o elemento
homogêneo com a substância de Adão), sem renunciar à vida coletiva ou quebrar a
estrutura mística da grande Unidade. — Desde a queda, esta génese tem sido
realizada extra-forisco, fora do rebanho unitário.
58 Esses dois modos seriam caracterizados muito bem por uma frase trivial: os
indivíduos podem avançar no caminho da vida progressiva, seja caminhando por
conta própria, seja deixando-se arrastar pela massa de seus semelhantes.
59 Ainda sujeito à restrição acima formulada (pp. 59 e 60, em nota de rodapé).
60 Planta ou animal.
61 Não esqueçamos que essas almas da vida, sendo especializadas, pertencem
necessariamente a uma raça particular.
62 Sem dúvida, há reciprocidade harmônica nas funções maravilhosamente
concordantes do ser que quer perpetuar sua raça e do germe que quer eclodir; mas
trabalho ativo e, por assim dizer, aprendido (seleção, assimilação, distribuição de
materiais, etc. ) é o trabalho deste último.
63 Ou, para esclarecer, no ovário cujo pólen fertilizava os óvulos. — É, portanto, em
cada óvulo que devemos ver (após a fecundação), o santuário microscópico de que
falamos; o nó da união da matéria e da vida; o ponto de intersecção das duas linhas
(vertical-ativa e horizontal-passiva), simbólico das duas gêneses complementares: o
intelectual e o sensível.
64 Por óvulo fertilizado queremos dizer aqui a vontade obtusa e instintiva que nele
reside; como entendemos por germe a força eficiente análoga, a centelha
especificada de vida que anima o germe. Tudo isso é fácil de entender. Ansiosos por
tudo para sermos inteligíveis para o grande número, evitamos ao máximo a
terminologia costureira para os naturalistas. Seria muito fácil para eles provocar-nos
muitas querelas sobre palavras; Especialmente porque a precisão do nosso
vocabulário deve parecer muito com esse esforço de popularização.
65 Os minerais também têm vitalidade, e até mesmo uma cristalização latente da alma é
um fenômeno tão fatalmente instintivo quanto o crescimento da sua planta.
Permanecemos em silêncio sobre a vida mineral apenas por causa do escopo já
excessivo deste Prefácio. A biologia mineral teria exigido um extenso comentário
hermético; tivemos que nos abster desse importante problema, que sem dúvida
teremos ocasião de levantar em outro lugar. Apenas uma palavra sobre isso.
Dizemos que as Energias virtuais, em torno das quais estão agrupados os materiais
necessários para a formação dos corpos, também existem nos seres dos três
Reinos. Notemos, no entanto, que nos reinos mineral e vegetal, essas energias não
são livres, nem realmente voluntárias, mas sujeitas à onipotência do Destino,
enquanto, no reino animal, o reflexo da própria vontade já se manifesta (embora
muito fracamente! ) em um sentido que nem sempre é o do Destino. — Finalmente,
o reinado hominal (que valeria a pena ser classificado em quarto lugar, com exceção
dos outros três), inconsciente, aparece estampado com uma originalidade que
distinguirá uma personalidade de outra. As almas humanas constituem um envoltório
físico à sua imagem individual; O destino os une apenas sujeitando-os às formas
gerais da raça. A própria Providência pode influenciar o desenvolvimento do feto
humano, e este é um grande mistério.
66 Os Cabalistas também dão esse nome? pn Nephesh para o corpo astral, em
oposição a jWr Roûach, a alma, e hm?n Neshamah, o espírito ou inteligência. Mas
este hierograma de Nephesh, que Moisés formou pela contração de três raízes: "a
hp-[n expressa no Sepher a síntese dessas três faculdades, instintiva, animica e
mental: "[n expressa a parte naturante da alma, hp a parte natural, 'a parte natural '.
(Ver Fabre d'Olivet, Lang. hébr. restit., t. II, p. 52).
67 De acordo com os Cabalistas mais modernos, o Tipo (imago), descendente do Céu
no momento da concepção, está imbuído de caráter individual. Eles o chamam de
hdyhy, Jechidah ou princípio da individualidade, e querem ver nele a marca
diferencial do selo divino em cada cópia terrena. A Jechidá da nova Escola (<lu
Zelem de Mosché Corduero), seria, em suma, equivalente à emanação individual do
princípio mais antigamente chamado de imagem. O significado não é, portanto,
alterado positivamente.
68 Esta é uma condição sine qua non apenas para a grande maioria das espécies. Tais
plantas marinhas ou de malária nascem, crescem e morrem na água, sem nunca
terem aderido ao solo por suas raízes.
69 Normal, — não só em oxigênio, nitrogênio, vapor de água, ácido carbônico, etc., mas
também no calor, na luz; eletricidade...
70 Quando tais produtos estão faltando na terra arável, e há um desejo de semear
plantas, para germinação, bem como para o crescimento do qual eles são
indispensáveis, a pobreza nativa do solo é compensada pela contribuição artificial
das substâncias necessárias, que então tomam o nome de emendas e fertilizantes.
71 Neste caso, a planta, depois de crescer apressadamente um caule delgado, na
maioria das vezes murcha e morre de morte prematura.
72 Páginas 88-89 da 5ª edição.
73 Toca-discos, o sobrenatural e os espíritos. Paris, Dentu, 1855, 2 vol. in-18.
74 Nesta antinomia reside o princípio da perfectibilidade. — Cf. a admirável página de
Lacuria, Sobre a alma e a vontade, ou sobre a dupla vida do homem (Harmonias do
Ser expressas por números; Paris, 18I7, 2 vol. in-8, tomo I, cap. XVIII, p. 315-319).
75 Estamos nos referindo principalmente aqui às aparências fluídicas de seres vivos ou
partes de seres, como mãos, pés, etc., que se dissipam após a condensação por um
momento. Quanto às materializações definitivas (que devem ser desconfiadas, pois
na maioria das vezes se reduzem a simples contribuições), elas constituem, quando
reais, uma categoria à parte e excepcional; Eles são altamente mágicos
propriamente ditos.
76 Teremos a oportunidade de relatar alguns desses casos em uma data posterior. Mas
seremos gratos por transcrever, sem preconceitos, uma passagem muito singular de
Saint-Martin, tocando os caprichos anárquicos dos Poderes naturais. "É somente
agindo em sua desordem e desarmonia, que eles (os Poderes) produzem aquelas
formas monstruosas que são notadas nos diferentes reinos da natureza, bem como
aquelas formas de bestas, e aquelas vozes animais que às vezes se manifestam em
tempestades e tempestades, e que não precisam ser atribuídas à intervenção dos
Espíritos... Os Poderes da Natureza estão contidos uns nos outros, quando
desfrutam de sua harmonia. Seu freio quebra em tempos tempestuosos, e como eles
carregam dentro de si os germes e princípios de todas as formas, e especialmente
som ou mercúrio, não é surpreendente que alguns deles, sendo então mais reagidos
do que os outros, produzam à nossa vista formas caracterizadas, e em nossos
ouvidos as vozes de animais conhecidos por nós. Também não devemos nos
surpreender com o fato de que essas vozes e formas são efêmeras e efêmeras; não
podem ter nem a vida nem as qualidades substanciais de que desfrutam, quando são
o resultado da união harmônica de todos os Poderes geradores". (Le Ministère de
l'Homme-Esprit, Paris, 1802, in-8, p. 142-143). Essas linhas, tomadas literalmente,
parecem no mínimo questionáveis; mas quem nos garantirá que São Martinho os
ouviu exclusivamente desta maneira? Eles oferecem, em qualquer caso, um símbolo
marcante e sugestivo, que o nosso leitor poderá aproveitar.
77 Hist. philos. Du genre humaine, tomo II,. p. 105-106.
78 Mistérios da Solidão, pp. 205-217.
79 Queremos dizer: tanto quanto pudermos aqui na terra. Nunca pensamos que o
homem caído possa absolutamente remover suas faculdades do marasmo que é a
consequência fatal de sua encarnação terrena. A repercussão do corpo físico na
alma não pode ser totalmente absorvida.
80 Além das faculdades de transposição estética, é claro: dissemos que elas não podem
ser adquiridas.
81 Assim, nomearemos o hierarca que conseguiu combinar sabedoria suprema e poder
supremo, ao qual a natureza humana pode se tornar receptiva, em oposição ao
estudante que só foi colocado no caminho, e a quem chamaremos de iniciado. Este
é iniciado, isto é, iniciado. O outro é Adeptus, tendo sabido por si mesmo adquirir
(adipisci) Doutrina e Força. Concordou-se, no entanto, em também se qualificar como
Adeptos, os magistas que alcançaram o controle puramente especulativo.
82 É compreensível em que espírito usamos esta palavra: sensível. Não falamos há
pouco dos sentidos próprios (ou faculdades receptivas) do homem astral, do
homem psíquico, do homem espiritual?
83 Ver pp. 87-89. De outro ponto de vista, pode-se inferir ainda mais, que o universo
material, sensível, (que frequentemente usurpa o nome de Cosmos), é em total
Cosmos, o que a construção de músculo, carne e osso (que muitas vezes usurpa o
nome de homem), é para o homem individual conhecer, seu corpo material, sensível.
84 Obra em si incomum, do Padre Jean Tri-tema. Foi impresso em 1567, em Colônia,
sob este título: De septem Secundeis sire de spiritibus orbem post Deum moventibus,
reconditissimæ scientiæ et eruditionis libelles, etc. — Coloniæ, apud Iohan.
Birkmannum, animal de estimação. in-8 (com uma vinheta sobre o título e sete
xilogravuras, muito notáveis, depois de Sebald Beham).
85 Eliphas Levi, em carta endereçada a outro de seus discípulos, o Barão Spedalieri, dá
do mesmo pentáculo um esboço muito distante da descrição acima transcrita. O
autor da História da Magia deve ter visto duas cópias muito diferentes do símbolo do
Trithema. O cavaleiro tornou-se uma espécie de Hércules, apoiando-se em um
escudo de guerra, no topo do qual estão inscritas as quatro letras yhoh. No meio do
escudo, notamos a estrela de seis pontas, o selo de Salomão, onde o tolo é
espelhado, no qual pesa o ponto inferior do escudo. A cabeça diabólica aparece no
entrelaçamento dos dois triângulos, no centro da estrela (Veja o desenho na página
anterior).
86 Éliphas Lévi, Histoire de la Ma gie, p. 345-346.
(SECÇÃO 8)
Justiça (oito) Equilíbrio = Equilíbrio = Harmonia...
Equilíbrio e seu Agente
Capítulo I: Equilíbrio e seu Agente

Abra o Livro de Thoth para o oitavo fólio.87


Têmis que, entronizado entre duas colunas, mantém firme à sua
direita a espada e as escamas na sua mão esquerda, revelar-vos-á
o arcano do equilíbrio universal.
As duas bandejas de contrapeso simbolizarão para você:
10° — No mundo divino, as harmonias nupciais da Sabedoria e da
Inteligência88; [108]
2° — No mundo psíquico, a união salutar e fecunda da
Misericórdia e da Justiça;
3° — Finalmente, no mundo hílico89 ou astral (substrato do
mundo material), estes dois platôs serão para vós o emblema dos
dois poderes masculinos e femininos geradores do Cosmos, ele
próprio andrógino; isto é, de Hereb e Iônah90, princípios das duas
forças centrípetas e centrífugas, [109] que se manifestam: a
primeira, pelo Tempo, criador e devorador de formas transitórias; o
outro, pela Extensão Etérea. A Expansão é Rhea, (esposa deste
implacável Cronos, cujo papel é constantemente fortalecer a
substância plástica que está nela, elaborá-la e condensá-la em
modos efêmeros de matéria variadamente especificados, vivos e
proteicos até o infinito).
O que tais noções podem oferecer estranho e enigmático à mente,
será desenhado mais tarde.
Quanto à espada que carrega a mão direita de Têmis, ela
simboliza o Poder e seus meios de ação, em todos os graus e em
todos os Mundos. — Para nos atermos ao plano astral, que nos diz
respeito especialmente neste volume, esta espada é a do coletivo
Kerubim, imagem do Éter instrumental e potencial, que determina e
mantém o equilíbrio cósmico.
Este misterioso agente conta seus nomes às centenas. — Ou seja,
de acordo com o
Cabalistas, a cobra fluídica de Asiate. — Os antigos platônicos viam
nela a alma física do mundo, que mantém fechada a semente de
todos os seres, e os gnósticos Valentinianos a personificavam como
Demiurgo, "o trabalhador inconsciente dos mundos abaixo". — De
acordo com os herméticos, é, dependendo do ponto de vista, a
Quintessência dos elementos, o Azoto dos Sábios (ou fertilizado
pelo ), ou o Fogo Secreto, vivo e filosófico. — É, para os magos,
o Intermediário de ambas as naturezas; é o Mediador conversível
[110], indiferente ao Bem quanto ao Mal, e a quem uma vontade
firme pode dobrar a ambos. — É finalmente o Diabo, se quiserem;
isto é, a Força substancial que os feiticeiros usam para seus males.
Poder inconsciente por si só, mas capaz de refletir todos os
pensamentos; Poder impessoal, mas capaz de assumir todas as
personalidades; Um poder invasor e dominador, que o adepto pode,
no entanto, penetrar, constranger e subjugar – e isso, em uma
extensão ainda mais surpreendente do que o supersticioso popular
imaginava, nos bons dias da Lancre e do Michaëlis é, em uma
palavra, a LUZ ASTRAL, ou Mediador Plástico Universal91.
Este capítulo de abertura, que em intervalos pode parecer tratar de
outra coisa em intervalos, dará a conhecer ao leitor informado a
natureza desconcertante e os modos de atividade desse agente
efetivo de equilíbrio; daquele robur mysticum que os de lá Goëtie
personificaram monstruosos à sua própria imagem, com os estigmas
característicos da animalidade, para o qual eles mesmos regridem.
Tanto que o poeta Piron foi capaz, para seu deleite, de escrever, em
oito versos engraçados, o retrato do Diabo do Inferno, — sem
lisonjeá-lo, é verdade; mas sem que ele também tenha o direito de
negar a semelhança: [111]
Tem a pele de um assado que queima,
A testa com chifres,
O nariz é como uma vírgula,
O pé gancho,
O fuso a partir do qual Hércules girou
Preto e torcido,
E, para adicionar o ridículo,
O rabo na bunda.
É um axioma, na magia, que cada verbo cria o que afirma. No
entanto, por força da evocação do caráter descortês, os tolos ou
patifes que o imaginaram nesse aspecto tradicional, mas não muito
hierático92 — um tipo fixado por séculos pelo consenso de seus
semelhantes — realizaram, pouco a pouco, seu sonho no astral.
Acrescentemos que cada vez que um novo Goëtien apela à
hedionda Imagem, evocando-a com toda a energia criadora da fé e
o grito das más paixões ao seu paroxismo; não só a Imagem
aparece para ele, mas ele também acrescenta ao esboço fluídico
um novo traço de vigor e esclarece a existência do monstro,
alimentando-o com sua própria substância hiperfísica.
Isso não é um paradoxo, como se poderia pensar; é uma verdade
que será melhor sentida mais tarde, quando tivermos dado a
conhecer a natureza equívoca e indescritível de certos espectros
sem consistência ontológica, uma espécie de compromisso entre o
nada que eles manifestam e o ser que blasfemam. [112] O ocultismo
chama-lhes larvas (consulte especialmente o Capítulo II: Mistérios
da Solidão).
Mas chega de antecipações desse tipo. Não estamos lidando, por
enquanto, com o fantástico e burlesco, ambíguo, desajeitado e fraco
Satanás – reflexão vã impressa por imaginações doentias no
espelho psíquico de nosso planeta. Não há mais um simulacro
pálido que se retrai diante de uma lufada de ar, se dissolve ao
menor esforço da vontade humana, e que um lampejo de
inteligência troveja!... Não, este bicho-papão é apenas uma larva,
entre quantas outras93! O demônio positivo e formidável nos
reivindica, aquele que serve como um envelope para Nahàsh ubn: e
como um substrato para a matéria; o Atlas universal que sustenta os
mundos em equilíbrio; o doador da vida física e da morte; o
Demiurgo de mil nomes, alguns dos quais já são conhecidos por nós
é o Fogo pantomórfico, é a alma plástica e imaginativa do mundo; é
o dragão do Astral.
O dragão do Astral é o símbolo absoluto da luz de mesmo nome,
considerada em seu duplo movimento cósmico e na síntese de suas
operações.
Agora, se até agora insinuamos a natureza e o papel desse grande
agente, o que dissemos sobre ele dificilmente deve ser iluminado a
partir de um dia preciso e satisfatório, exceto em favor dos fiéis de
nossas obras anteriores, ou dos estudiosos já a caminho, ou dos
estudiosos do misticismo.
Para chegar ao cerne da questão, vamos primeiro abordar a Mesa
Esmeralda, esta página reveladora que o mundo antigo nos legou. –
O equilíbrio universal e seu agente são magistralmente descritos.
Não decifre quem quer este velho texto dos Mistérios Egípcios.
Muito apto a confundir o profano, seu estranho e primeiro
laconicismo encanta o estudioso buscador de causas, propondo à
sua perseverante sagacidade significados mais profundos do que
palavras. Ele os descobre por sua vez. Assim, os enigmas
sucessivos se despojam de seu último véu, como as deusas rivais
da beleza, diante do pastor real do Monte Ida.
Ao interpretar a inscrição da Mesa de Esmeralda em sua
totalidade, estamos simplesmente mantendo nossa palavra, de
acordo com os termos do Prefácio anterior.
Mas aqui, traduzir não seria suficiente; É importante comentar. Tais
palavras de esclarecimento serão encontradas no próprio texto,
intercaladas entre parênteses, como é apropriado para evitar
confusão. Então, após o texto, alguns desenvolvimentos mais
extensos permitirão ao leitor examinar melhor o esoterismo medular.
[114]
A Mesa Esmeralda

PALAVRAS DOS ARCANOS DE HERMES94

É VERDADE (em princípio) É certo (em teoria),


É real (de fato, em
aplicação)95: QUE O QUE ESTÁ ABAIXO (o mundo físico e
material) É COMO O QUE ESTÁ ACIMA (análogo e proporcional ao
mundo espiritual e inteligível) E O QUE ESTÁ ACIMA COMO O QUE
ESTÁ ABAIXO (reciprocidade complementar): [115] PARA O CUMPRIMENTO
DAS MARAVILHAS DA ÚNICA COISA (lei suprema em virtude da qual as
harmonias da Criação, oniverso96 em sua unidade) são
aperfeiçoadas).
E ASSIM COMO TODAS AS COISAS FORAM FEITAS (cumpridas,
realizadas) DE UM (em virtude de um princípio), PELA MEDIAÇÃO DE UM
(PELO MINISTÉRIO DE UM AGENTE): ASSIM TODAS AS COISAS
NASCEM DESSA MESMA COISA, POR ADAPTAÇÃO (OU POR
ALGUM TIPO DE CÓPULA)97.
O SOL (capacitor de irradiação positiva ou luz vermelha, doa Aôd,
Od) É SEU PAI (elemento produtor ativo deste agente, [o que é
verdade apenas do nosso ponto de vista terrestre]); A LUA (espelho
de reverberação negativa ou luz azul, boa Aôb, Ob) É SUA MÃE.
(produtor passivo [mesma observação]); O VENTO (atmosfera etérica
ambulatorial) CARREGAVA-O EM SUA BARRIGA (servia – ou serve – como
veículo). A TERRA (considerada como um tipo de centros de
condensação de materiais) É SUA ENFERMEIRA (o athanor de sua
elaboração).
Este é o pai (elemento produtivo) do UNIVERSAL TELESME98
(perfeição, meta final [116] a ser alcançada) DO MUNDO INTEIRO (do
Universo vivo).
SEU PODER (força de exteriorização criativa, o rio Phishôn /o?yp de
Moisés) É INTEIRO (PERFEITO, REALIZADO; TOTALMENTE
IMPLANTADO, ATÉ A REALIZAÇÃO TOTAL) QUANDO ELA SE
METAMORFOSEOU (palavra por palavra: quando ela se virou)99 NA
TERRA (Aretz Jra Moisés, uma substância condensada e
especificada; forma última de externalização criativa. matéria
sensível ).
VOCÊ SEPARARÁ A TERRA (aqui, em um sentido mais geral, a Terra
significa o que pertence ao mundo material e tangível, ao mundo
das efígies) DO FOGO (Princípio de ação; o que pertence aos mundos
moral e inteligível); —
O SUTIL DO ESPESSO (SENTIDOS ANÁLOGOS)100 COM DELICADEZA E
EXTREMO
CUIDADO.
ELE (o puro, universal, mediador e – de acordo com tal gnóstico –
Corpo do Espírito Santo) ASCENDE DA TERRA AO CÉU (corrente
hemicíclica de retorno101, ascendente; refluxo de Síntese) [116] E
NOVAMENTE (por um movimento alternado e simultâneo), Ele
desce do céu para a terra (corrente de transmissão hemicíclica, para
baixo; influxo de análise), E ELE RECEBE (ele assume o comando,
ele se impregna por sua vez com) A FORÇA (virtudes, propriedades,
influências) DAS coisas ACIMA E ABAIXO (mundos físicos ou materiais e hiper-
físicos, ou astrais; e novamente, de outro ponto de vista, esferas sensíveis e inteligíveis).
ASSIM (é por estes princípios que) VOCÊ TERÁ (você adquirirá, você se
apropriará) A GLÓRIA (soberania, império) DE TODO O UNIVERSO; ASSIM,
TODA ESCURIDÃO (tudo, impotência, toda indecisão, todo erro. O
hierograma mosaico i?h Hoshek expressa esotericamente todas as
ideias negativas, simbolizadas pelo cone de sombra da terra) Fugirá
VOCÊ.
AÍ RESIDE A FORÇA FORTE DE TODA A FORÇA (o princípio mútuo da
atividade; o potencial de toda manifestação, o suporte de toda ação,
a base imanente de toda ordem fenomênica) QUE IRÁ SUPERAR
(APREENDER, COAGULAR, FIX) TODA COISA SUTIL (volátil,
indescritível, indescritível, - fluídica) E PENETRARÁ ( irá interferir,
decompor, dissolver) TODAS AS COISAS SÓLIDAS ( coeso, denso
e permanente, — concreto).
ASSIM (por este agente, ou, — por este [118] caminho), o Universo foi
criado (reduzido de princípio a essência, de essência a poder de
semente, de poder de agir; em uma palavra, — realizado). DE LÁ
VIRÃO (lá encontrarão sua origem, seu princípio) MARAVILHOSAS
ADAPTAÇÕES (aplicações, ou produções), CUJO MODO (o modo de
ser, o tipo de formação) ESTÁ AQUI (indicado, revelado, exposto ).
É POR ISSO QUE FUI CHAMADO DE HERMES (HRMRS, Mercúrio, mito
complexo; neste caso, emblema de Mathesis, ciência integral viva,
cujo caduceu de Mercúrio102 simboliza a dupla corrente intuitiva
sintética e analítico-experimental) O TRISMEGISTA (três vezes muito
grande ou o maior), POSSUINDO (por ter adquirido) AS TRÊS PARTES
DA FILOSOFIA ( o conhecimento total dos três mundos divino ou
inteligível, psíquico ou apaixonado, natural ou sensível) 103 DE TODO O
UNIVERSO.
O QUE EU DISSE (MEU ENSINO, MEU VERBO) É COMPLETO
(CONSUMADO, PROFERIDO NA ÍNTEGRA) NO MAGISTÉRIO104 (ou a
operação, a Grande Obra) DO SOL (MIL SIGNIFICADOS o Magistério
do Sol pode designar qualquer obra conduzida à sua perfeição;
pode-se ver nele a Gênese intelectual; a fonte e o papel das
correntes fluídicas universais [119] ; a evolução do andrógino Aôr ou
Luz engendrante; finalmente o Magistério dos alquimistas,
estritamente falando, cujo segredo, dizem eles, é descoberto neste
texto da Mesa de Smaragdine).
Não vamos discutir sobre a autenticidade, atribuição e data de um
dos monumentos mais magistralmente iniciáticos que nos foram
transmitidos pela antiguidade greco-egípcia.
Alguns persistem em ver apenas o trabalho anfigórico de um
sonhador alexandrino, outros até rotulam este documento como
apócrifo do século V. Alguns querem isso quatro mil anos mais
velho...
O que isso importa para nós? Descoberto ou não por Alexandre, o
Grande, no túmulo de Hermes, gravado ou não em uma tábua de
esmeralda, é certo que esta página resume as tradições do antigo
Egito. Mas o Egito foi, por muitos séculos, a última cidadela do
esoterismo integral: suas esfinges eram as guardiãs do tesouro
legado aos tempos futuros por vários ciclos de civilizações, tão
distantes e reprimidas na noite pré-histórica dos tempos, que esses
focos ofuscantes de luz intelectual já não emitem um brilho que os
denuncie aos nossos arqueólogos.
As poucas palavras explicativas de análise, intercaladas em nossa
versão, requerem um comentário geral e sintético. Poderíamos dizer
que este comentário deve estender-se a todo este volume, uma vez
que a Mesa Esmeralda servirá como [120] o ponto de partida para
os nossos desenvolvimentos sobre as maravilhas do Astral.
Mas tentaremos ser o mais explícitos possível desde o início.
O iniciador, seja ele quem for, merece este nome, promulga em
primeiro lugar a grande lei da analogia hermética: ela domina sobre
todos os mundos e coloca a inteligência armada com a bússola da
lógica em posição de formular induções, procedendo do conhecido
para o desconhecido, do sensível para o inteligível e do particular
para o universal.
Oferecer-nos este trilho de migalha de pão é a primeira
preocupação do hierógrafo da Hermès.
Então ele se volta para a descrição do Elo que liga esses
extremos; do grande Mediador de seres e coisas, este Pai do
Telesme universal, do qual é falado até o fim. Aqui está o agente
essencial da arte real, e o Trismegisto tem o cuidado de nos advertir
que, ao descrever sua natureza, ele nos fornece a chave mística da
Grande Obra e nos ensina o magistério do Sol.
A Grande Obra pode ser concebida a partir de vários pontos de
vista; ela pode ser realizada em vários níveis. Mas há sempre a
Lacepoeia, ou a arte de tirar o puro do impuro e o ouro da escória
vil.
O Alquimista procura ouro metálico ou terrestre.
O Adepto da Mácula Vital busca a Medicina Universal, ou ouro
fisiológico. [121]
O Mago busca ouro taumatúrgico ou Poder.
O místico busca ouro moral ou santidade.
Finalmente, o teosofista busca o ouro espiritual, a identificação da
inteligência humana e da essência divina: em uma palavra, ele
busca lá a Verdade Absoluta, a Ciência.
Todos querem adquirir a Luz em seus diferentes aspectos. Pois o
ouro físico é, de acordo com os spagíricos, apenas luz condensada;
— a medicina universal encontra-se numa quintessência vital do
ouro; - o poder mágico permanece adquirido para aqueles que
saberão dirigir a Luz astral ou o ouro hiperfísico; — a comunhão dos
santos recebe no seu seio todo aquele que transmutou a sua
substância animica em ouro moral; e a Luz da Verdade dos
teosofistas não é outra senão o ouro espiritual e divino.
Mas trataremos aqui principalmente do ouro hiperfísico, é ele que
o autor da Mesa Esmeralda designa como engendrando Telesme
(ou a perfeição das coisas corporais). É também o termo médio de
todos os outros ouros.
Um em princípio, andrógino (isto é, duplo e triplo) em sua
natureza, quádruplo em suas modalidades manifestativas (os quatro
elementos ocultos), - este ser proteano revela-se infinitamente
múltiplo em suas realizações finais. Pois constitui a substância
cósmica indiferenciada, cuja matéria polimórfica apresenta aos
nossos sentidos as especificações efêmeras. [122]
Ele é o Mediador universal; o Éter instrumental, conversível e
onilatente; o Servo de todos os Poderes, bons ou maus; o Esplendor
equívoco do Céu, capaz de alternadamente vestir com uma
aparência plástica e enfiar em seu manto de pano sideral o dragão
Nahàsh ou o inefável Rouach Hakkadôsch105.
Sob o império e o influxo dos Princípios do Alto, este agente
preenche o espaço do Shamaîm com uma irradiação celestial e
benéfica, podemos então considerá-lo como a luz mística na qual o
Espírito Santo está incorporado. — Mas abandonado a si mesmo,
ou quando uma Vontade maligna toma [123] sua direção, torna-se
fatal e demoníaca: é o próprio corpo de Satanás.
Com Paracelso, Eliphas Levi, Kéleph-ben-Nàhan, Martines e toda
a escola esotérica (o Ocidente, chamaremos preferencialmente de
luz astral.
A luz astral constitui o suporte hiperfísico do Universo sensível; o
virtual indefinido do qual os seres corpóreos são, no plano inferior,
as manifestações objetivas.
Que essa luz secreta que banha todos os mundos tenha sido
chamada de alma cósmica não é nada que nos surpreenda. Ainda
poderia legitimamente ser chamado de espermatozoide expansivo
da vida e receptáculo magnético da morte: uma vez que tudo nasce
dessa luz (por materialização ou passagem de poder em ação), e
tudo deve ser reintegrado a ela (pelo movimento inverso, ou o
retorno do objetivo concreto ao potencial subjetivo).
Como eletricidade, calor, clareza, som, etc., (seus vários modos de
atividade fluídica), é substância e força.
Aqueles que vêem nele apenas movimento caem em um grave
erro: como podemos imaginar um movimento eficaz, se não algo
que é movido? O nada não vibra. Conceber qualquer agitação ou
qualquer outra qualidade in absolute vitia, é manifestamente
absurdo. E reduzir a luz astral ao abstrato do movimento é torná-la
um ser de razão, o que equivale a negar sua existência, mesmo
latente.
É, portanto, obrigado a defini-la: uma substância [124] que
manifesta uma força; ou, se preferirmos, uma força que implementa
uma substância: os dois inseparáveis.
Como substância, como dissemos, a luz astral deve ser
considerada como o substrato de toda a matéria; o potencial de toda
a realização física; a homogeneidade, a raiz de toda diferenciação.
— Esta é a expressão temporal de Adamah hmda, — aquele
elemento primordial do qual, segundo Moisés, o Adão universal
extraiu seu ser: ou, para tomar emprestada a linguagem do
exoterismo, esta terra a partir da qual o Altíssimo formou o primeiro
ancestral humano.
Como uma força, o Astral nos parecerá como um esforço pelo
fluxo e refluxo daquela essência viva que denominamos, como
Moisés, Nephesch-ha-chaiah hyjh ?pn o sopro da vida106.
Para motivar esse fluxo e refluxo da alma vivente, basta pintá-la
rasgada, por assim dizer, entre dois ímãs: acima, Rouach Ælohim,
sopro vivificante da substância coletiva, homogênea e edenal;
abaixo, Nahash, o agente provocador das existências individuais,
particulares e materializadas. Este é o princípio da separabilidade.
face ao princípio da integração; é a fragmentação do Eu nascente
ou não nascido, que se opõe à unidade do eu eterno,
Desta oposição resulta um duplo dinamismo de forças hostis,
ambas as quais devem ser estudadas na sua própria natureza e na
lei do seu mecanismo mútuo. Então, voltando a Naás (o dragão do
Astral), surpreenderemos mais facilmente o mistério do fluido
luminoso de mesmo nome, com o contraste de suas correntes
opostas e seu ponto central de equilíbrio.
A luz astral é, afinal, a substância universal animada, movida em
duas direções opostas e complementares, pelo efeito de uma dupla
polaridade, do polo de integração ao polo de dissolução, e vice-
versa.
De fato, ela sofre duas ações opostas: o poder da expansão
frutífera, a luminosa Iônah [126] hnoy, eficaz de gerações e
dispensadora de vida, por um lado; — e, por outro, o poder da
restrição destrutiva das formas, o tenebo Hereb bru, principal
agente da morte e, portanto, da reintegração (retorno dos indivíduos
à coletividade; da matéria diferenciada e transitória, à substância
um, permanente e indiferenciada)107.
Estes dois hierogramas, Hereb e Iônah, que tomamos emprestado
de Moisés, são recorrentes várias vezes no texto hebraico de
Gênesis, e em particular no sétimo capítulo, que trata do dilúvio (vv.
6 a 12).
Todos os tradutores oficiais traduzem Hereb e Iônah por corvo e
pomba: o que significa que esses dois termos podem de fato
assumir, no sentido mais circunscrito e materializado de que são
capazes.
Resumiremos para registro o relato atribuído a Moisés.
O dilúvio fez o seu trabalho e, à medida que as águas secam
gradualmente, os topos das montanhas começam a aparecer. —
Noé deixa passar quarenta dias, então ele abre a janela da arca e
dá origem a um corvo (Herebe), que voa para longe para nunca
mais voltar.108 Sete dias depois, Noé libertou uma pomba (Iônah);
mas esta última [127] retorna, não tendo encontrado lugar para se
firmar109 e Noé a reintegra na arca. Ainda se passa uma semana;
Ele novamente solta a pomba que retorna a ele na noite do mesmo
dia, mas carregando em seu bico um ramo de oliveira... Finalmente,
depois de mais sete dias de espera, Noé o deixando ir pela terceira
vez, a pomba não aparece novamente.
Essa é, pelo menos, em essência, a versão comumente
credenciada.
Mas basta recorrer à tradução literal de Fabre d'Olivet, apoiada em
notas etimológicas decisivas, para vislumbrar, sob os emblemas
pueris da Vulgata e as outras versões recebidas, todo o alcance
esotérico e grandioso de um texto tão lamentavelmente disfarçado.
Sem empreender um comentário geral que seria um aperitivo neste
capítulo e, além disso, exigiria em si mesmo um capítulo de
desenvolvimentos, — especifiquemos, com o precioso apoio do
restaurador da língua hebraica, o verdadeiro significado atribuível
aos dois hierogramas em disputa.
"É bem verdade", disse Fabre d'Olivet, "que a palavra hebraica
hnoy significa pomba; mas é da mesma forma que a palavra bru
significa um corvo: isto é, os nomes dessas duas aves lhes foram
dados, em um sentido restrito, por uma série de analogias morais e
físicas que se pensava serem notadas no significado primitivo ligado
às palavras bru e hnoy, e as qualidades aparentes do corvo e da
pomba [128]. Poderia a escuridão do Erebi, sua tristeza, a ganância
com que se acreditava que ele devorava seres que caíam em seu
peito, poderiam eles ser melhor caracterizados do que por um
pássaro escuro e voraz como o corvo? — A brancura da pomba,
pelo contrário, não fez sua gentileza, sua inclinação ao amor
parecer nos convidar a escolhê-lo para ser o emblema da faculdade
geradora, da força plástica da Natureza?... A pomba era o símbolo
de Semíramis, Derceto, Mylitta, Afrodite, Vênus, todos os
personagens alegóricos a quem os antigos atribuíam a faculdade
generativa, representada por esta ave.
É óbvio que o nome da Jônia, o nome deste famoso país, que a
Ásia e a Europa também reivindicam, deriva da mesma fonte que a
palavra que nos diz respeito, hnoy110..."
Como podemos ver, a antítese é rigorosa entre Hereb e Iônah.
Isso designa a faculdade de expansão, geradora de seres
corpóreos; Este expressa a força destrutiva da compressão, que
empurra tudo o que vive para a decrepitude e a morte, depois
dissolve e engole os restos do que viveu.111 Hereb também
expressa o campo de ação onde essa força corrosiva domina pelo
universo.
É mais particularmente neste último sentido que os gregos,
herdeiros da Cosmogonia de Orfeu, o conheciam. Este teocrata,
contemporâneo de Moisés, havia extraído dos mesmos santuários
que [130] ele a noção de seu Erebe ErebÒj, o abismo de Hécate ou
a lua infernal, o campo de Proserpina, a morada das sombras.
O mosaico Hereb, que poderia estar ligado a Kain nyq (princípio
do Tempo), pactos em toda parte com a escuridão, Hosheck i?h; a
Iônah, que emprega sua energia no reino; de Abel lbh (princípio do
espaço etéreo), mostra em toda parte a mais íntima afinidade com o
elemento luminoso, Aôr roa.
Uma é a pomba da luz e da vida; o outro, o corvo das trevas e da
morte.112
A pomba gentil faz amor e bate as asas onde quer que a claridade
sideral irradie através do espaço; mas onde a escuridão domina, é a
fortaleza do corvo amargo carnívoro.
Digamos, para esclarecer o ponto de vista especial do nosso
planeta, que o sol ousa a influência de Iônah no hemisfério que
banha com seus raios, e que a influência de Hereb, ligada às fases
de crescimento e declínio lunar, está localizada no cone de sombra
que a terra arrasta atrás dele, gravitando através dos céus.
Voltaremos em detalhes a esta organização física e hiperfísica do
sistema planetário [131] – à qual estão subordinadas a jornada
cósmica das almas e toda a biologia do nosso mundo, não menos
do que a existência positiva e a localização estritamente
determinável de estadias póstumas de provação e bem-
aventurança, conhecidas ou suspeitas sob os nomes de paraíso,
purgatório e inferno (ver cap. VI, Morte e seus Arcanos).
Assim, a substância universal é receptiva a uma influência
geminada: Iônah a torna fértil, plástica e configuradora; Hereb
comunica-lhe uma força compressiva e que tudo consome.
Assim, duas propriedades opostas no lúmen astral: uma que tende
a volatilizar o fixo, a outra que tende a fixar o volátil.
Dissolva aqui, para criar lá113... A eletricidade nos oferece, em
suas adaptações à arte da galvanoplastia, uma imagem sensível
dessa dupla propriedade: enquanto o metal corrói, no polo positivo
do aparelho, as partículas que se desprendem dele, transportadas
pela corrente, se acumulam, se distribuem e se ligam à superfície do
molde ou de qualquer objeto suspenso do eletrodo negativo.
No entanto, por um mistério admirável — que ajuda a confirmar a
grande lei da harmonia pelo antagonismo dos opostos114 — torna-
se fecunda a luta [132] também dos dois princípios. Ambos
contribuem, como veremos, apesar de sua aparente hostilidade,
para a geração, crescimento e sucessão de formas corporais.
Hereb, agente centrípeta, manifesta-se, dissemos, no decorrer do
tempo, – e Iônah, agente centrífugo, desdobra-se através do
espaço. Mas o tempo e o espaço não são as condições essenciais
de toda a existência física?
"Esses céus", diz Fabre d'Olivet, "de acordo com a forma em que
tudo existe na natureza, da mesma fonte, são inimigos desde o seu
nascimento. Eles agem incessantemente uns sobre os outros, e
procuram dominar uns aos outros, e reduzir-se à sua própria
natureza. A ação compressiva, mais energética do que a ação
expansiva, sempre a domina na origem, e sobrecarregá-la, por
assim dizer, compacta a substância universal sobre a qual ela age e
dá existência a formas materiais que não eram antes. 115
O que é verdade para a condensação de nebulosas, também é
verdade para toda a formação do corpo.
A força coercitiva, subjugando sua complementaridade, condensa
a substância original, segundo esse tipo genérico, na esfera de ação
desse reinado.
Se examinarmos os reinos vegetal e animal (onde os indivíduos,
melhor definidos, nascem, crescem, declinam e morrem em
condições cíclicas mais acessíveis à nossa tão limitada
observação), a primeira vitória da força compressiva se manifestará
no exemplo da semente, que [133] mantém prisioneira em um
espaço tão pequeno e, por assim dizer, em alta tensão, a
potencialidade de um ser; que, sob o império da força oposta, agirá,
organizará, crescerá, etc. A ação é sucedida pela reação: é a vez do
agente expansivo, que desperta o ser para o seu pleno
desenvolvimento, empurra para o crescimento de dentro para fora e,
assim, promove a construção progressiva de um corpo material, que
será construído sobre o padrão do corpo astral, e de acordo com o
selo individual impresso nele pela faculdade plástica, eficiente, do
ser em processo de encarnação.
No entanto, a força compressiva e centrípeta é sempre exercida de
fora para dentro depois de ter participado da criação do ser
material116, compactando a substância etérea, – agora é
necessário que essa mesma Força sobrecarregue seu trabalho e aja
sobre ele como um fermento dissoluto. O dinamismo convergente
de Hereb não mudou; mas produz efeitos opostos, dependendo se
opera sobre a substância ainda não condensada, ou sobre a matéria
física: no primeiro caso, a ação é criativa; é mais ou menos
rapidamente destrutivo no segundo caso.
Nada é mais misterioso, quando você pensa sobre isso, do que
essa propriedade inerente do Tempo, de modificar, alterar e
dissolver tudo, de maneira lenta, às vezes insensível, mas inevitável
e sem remédio.
Por que essa decadência fatal das coisas, esse desgaste
progressivo [134] das formas materiais? Pois o que (precursor de
uma dissolução total), esse declínio infligido pelo velho Saturno a
todos os seres que povoam a Extensão? Finalmente, por que
Velhice e Morte, inversamente complementares ao Nascimento e à
Juventude? — Esta é a resposta de Hereb ao verbo universal de
Iônah.
Que a substância expansiva e viva está ligada ao princípio do
Espaço, a mente humana a concebe sem dificuldade; mas ele é
menos facilmente persuadido da afinidade secreta que se liga ao
princípio do Tempo, o fator elusivo da decrepitude e da morte.
O próprio tempo é muito difícil de compreender em sua natureza,
como é para representar por uma imagem sensível: "como pode
afetar nossos órgãos corporais, uma vez que já passou, não existe
mais; que o futuro não é; que o presente está encerrado em um
momento indivisível? O tempo é um enigma indecifrável para
qualquer um que se fecha no círculo das sensações e, no entanto,
as sensações por si só lhe dão uma existência relativa. Se não
existissem, quais seriam? — O que é uma medida de vida. Mude a
vida, e você mudará o Tempo. Dê outro movimento ao assunto e
você terá outro Space117."
Assim, como Fabre d'Olivet sugere com sua profundidade
acostumada, o Tempo procede da Vida em fermentação, como o
Espaço, [135] da Matéria em ação. — Vamos traduzir em
hierogramas de mosaico: Caim emparelhado com Nephesh-ha-
Chaiah, como Abel com Heiz Ju118.
Podemos ver, no princípio do Tempo, a regra da sucessão cósmica
de formas efêmeras, onde as almas em processo de redenção, ou
evolução, vêm a ser elaboradas, porque é tudo um.
Quanto mais intensa a vitalidade dos seres se afirma, mais parece
que o Tempo tem controle sobre ela, para secá-la, alterando,
arruinando os organismos que constituem os centros de sua
elaboração. — A ação corrosiva do Tempo, muito lenta sobre os
minerais, cuja alma da vida mal está desperta, é sentida mais nos
espécimes vegetais; Essa ação, ainda mais intensa na média dos
seres do reino animal, torna-se um relâmpago para alguns deles.
E, no entanto, as almas da vida distribuídas a todos os seres são,
no entanto, os elementos de preservação temporária dos
organismos em que encarnam.
Isso parece ser uma contradição, mas existe apenas em termos.
Sabemos que em todo ser organizado, existem várias vidas, desde
a vida universal, à qual o indivíduo está conectado através da
Espécie, até a vida (refratada) das células constituintes de seu
corpo119. Estes extremos, que afectam [136] o absoluto da
unidade, por um lado, e a infinidade da divisibilidade, por outro, não
pertencem ao próprio indivíduo: entretanto, a sua vida pessoal é
logicamente colocada, sintética em relação às vitalidades celulares,
mas subdivisional em relação à vida colectiva dos seres. Essa vida
média, a sua própria, a vida de sua alma (yucÁ) é tripla e quádrupla,
como essa própria Psique.
Suponhamos que ela esteja plenamente desenvolvida, no homem
perfeito, por exemplo; Ela se manifestará em três modificações:
intelectual, apaixonada, instintiva. A vida apaixonada e mediana de
um indivíduo é, de fato, o foco central de sua existência
propriamente dita. Por sua vida intelectual superior, esse indivíduo
beira a vida coletiva da espécie; Através de sua vida instintiva e
inferior (vida do corpo astral), ele domina as vitalidades subdivididas
das células de seu corpo físico. Uma quarta vida, que tem sua raiz
no foco central da alma, a vida volitiva, finalmente engloba as três
modificações acima mencionadas, para trazê-las de volta à unidade.
Além disso, a vitalidade celular não é em si mesma o último termo
de subdivisão, assim como a vida coletiva da espécie não constitui o
último termo de integração: essa vida coletiva leva à vida universal e
integral; E da mesma forma, abaixo da vitalidade das células,
encontra-se a vida atômica, como evidenciado pelas afinidades
químicas dos átomos.
Dito isto, a aparente contradição acima se resolve. Dissemos, de
fato, que – [137] regra geral – o tempo exerce seus estragos
diretamente por causa da atividade vital dos seres, e que as almas
da vida devem, no entanto, ser consideradas como a palidia da
preservação efêmera dos corpos. Mas então designamos por alma
da vida a própria Psique, a substância própria do ser individual; e
pela vitalidade, a síntese dessas energias biológicas refratadas, que
são como as almas das células.
Bem, a força herética do Tempo fomenta a vida química dos
átomos, e isso, tendendo a relaxar, então a dissolver o vínculo
simpático que mantém unidas, de acordo com uma lei de hierarquia
unitária, as inumeráveis e minúsculas vitalidades das células
constituintes do organismo. Veja como.
O elo simpático mencionado não é outro senão o corpo astral. Sua
ruptura provoca a libertação da Psique, ou seja, a Morte, cuja
primeira consequência é a anarquia desencadeada entre as
vitalidades moleculares. Mas essas vitalidades das células, sendo
apenas o produto de uma refração da vida geral individual, não
demoram a desaparecer, como a última: nada agora controla o que
chamamos de vida química dos átomos; em suma, o jogo de
afinidades, (que foi escravizado ou, para melhor dizendo, que já foi
regulado pelo princípio agregador das vidas), é finalmente exercido
sem qualquer constrangimento, daí a decomposição orgânica, que
algumas larvas fluídicas120 vêm [138] para ativar novamente,
desenvolvendo fermentos especiais de putrefação...
Todas essas ruínas remetem ao misterioso Aôb doa do primitivo
Cabalá; eles sujam o reino da luz negativa, que recebe seu impulso
de Herebe, o princípio constritivo universal (a adstringência de
Jacob Boehme). Assim, os seguidores de certas escolas referidos a
Herebe por esta denominação mística: é o braço da Boca (o braço
da morte); é o agente do retorno à unidade.
Quanto à luz positiva, Aôd doa vimos governado pelo princípio
expansivo da vivificação universal, Iônah (a amargura de J.
Boehme).
Finalmente, essas ações opostas balançam e temperam umas às
outras, nos aromas da luz astral equilibrada, Aôr doa.
O Aôr gera inesgotavelmente formas materiais, que nascem,
tomam o seu desenvolvimento, depois declinam, passam e
sucedem, graças à assistência das duas Potências hostis, cujo
conflito eterno tem a fecundidade de um abraço de amor.
Essa reciprocidade (criativa e destrutiva em conjunto) parece ser
regulada pelo império exercido sobre o Aôr certo agente oculto,
Nahash, que é o próprio princípio da divisibilidade indefinida e do
egoísmo excessivo: atribuições que parecem [139] ser mutuamente
exclusivas e, no entanto, unificam-se nele. Este agente não é menos
do que o Diabo, ao sentimento de vários místicos.
Em cada ser que encarna aqui na terra, fomenta um Eu terreno,
inferior, transitório, exclusivo e ambicioso para se expandir às custas
dos outros. Da mesma forma, ele dota de uma tendência feroz à
autonomia (vamos dizer que assume um simulacro de Mim) cada
uma das células constituintes de cada corpo organizado, cada um
dos grupos de átomos para formar essas células. Assim, um
resultado que apontamos acima: enquanto o corpo astral, ou freio
agregador das vidas, empregar o poder de dominar todas essas
vitalidades fragmentárias, não apenas elas permanecem sujeitas;
muito mais, contribuem harmoniosamente para a existência comum.
Mas que o freio enfraqueça, e a anarquia é declarada entre essas
pequenas vitalidades: a morte segue e a decomposição começa.
Em uma palavra, o Agente que nos ocupa se multiplica em todas as
formas e desperta em todos os seres o instinto selvagem da luta
pela vida... Se o diabo não é um mito, na verdade, este é o seu
sinal.
"Crie novamente para destruir, e destruir para criar", proclama
Lúcifer de Lord Byron a Deus. Lúcifer está no endereço errado. Não
é Deus, é Ele mesmo quem Ele deve chamar assim, – Ele mesmo,
cego
Demiurgo do mundo inferior, déspota do Astral, implacável com a
inconsciência fatídica, e [140] cujo instinto sozinho é agitado e
multiplicado, indiferente ao mal e ao bem.
Autor de toda divisão, não é ele este Anticristo virtual, a quem o
Filho do homem veio lutar e derrotar? Nosso Senhor Jesus Cristo o
chama positivamente de Príncipe deste mundo: "Confiai!. Ego vici
mundum!... Princeps hujus mundi ejicietur foras!"
Nossos leitores já sabem seu nome verdadeiro ?hn Nahash. É
através de ficções poéticas que ele foi personificado sob os nomes
de Satanás, Lúcifer, o Diabo, etc.
Ele não é uma pessoa distinta, mas um Poder impessoal, pelo
contrário, um agente oculto da criação. Ela domina de baixo sobre o
Adôr, assim como Iônah e Hereb, seus termos de polarização121
(relativos aos fluxos e refluxos de Nephesch-ha-chaïah, a alma
universal viva) dominam da direita e da esquerda sobre Aôd e Aôb,
as correntes de luz positiva e negativa.
Naás, dragão-esfinge, propondo o enigma de sua essência
indescritível ao Édipo do misticismo, oferece à sua sagacidade um
assunto de meditação constante. Sua origem, que trataremos no
Volume III, refere-se aos arcanos mais vertiginosos da Natureza e
da Vida. Lançar plena luz sobre Naás seria resolver o problema do
mal. [141]
Um teosofista alemão teve a audácia de confrontar o monstro em
sua caverna original. Jacob Boehme perseguiu a "raiz escura" das
coisas; ele descreveu o pivô, que é Naás. Mas Boehme não o
conhece por esse nome: ele o chama de vórtice ou turbilhão de
angústia, e o torna a terceira propriedade de seu abismo virtual. As
duas primeiras propriedades inimigas cujo abraço mútuo gera a
terceira, são as potencialidades compressivas e dilatadoras122,
onde não se pode deixar de ver os princípios radicais de Hereb e
Iônah. Essas três virtudes combinadas123 contribuem para um todo
que Boehme qualifica como a raiz escura do Ser, antes de qualquer
manifestação dele: é a matriz oculta da Natureza eterna124,
atormentada por um apetite de gerar vida, um apetite que ele define
o Atrativo original. Encontro singular! Estas são as palavras que o
Fabre d'Olivet escolherá, para traduzir o hierograma hebraico ?hn...
Mas ela se torceria para sempre estéril, aquela angústia mágica do
possível que gostaria de ser, se esgotaria em esforços impotentes,
se Deus não lançasse nela um raio de sua luz invisível: a Rouach
Ælohim do Gênesis. Sob o impulso divino, a roda da angústia
acende-se125, e o desejo torna-se prazer: [142] a partir daí é
gerado o princípio universal do fogo ou meio do teosofista alemão.
De passagem, tomamos emprestadas essas poucas
características fragmentárias do sistema de Boehme, porque elas
oferecem, com o assunto deste capítulo, relatórios impressionantes
de grande interesse. No entanto, se houver uma correspondência
analógica, não haverá identidade. Faremos bem em ter cuidado. O
princípio do fogo, em particular, não é a luz astral e cósmica; mas
sua fonte universal e celestial126...
Lembremo-nos apenas de que o princípio original de Naás reside
no mistério de qualquer geração ontológica, e que, nas profundezas
do membro potencial, Naás ainda é o ponto de soldagem entre o
Homem e o Cosmos, ambos a nascer.
Além disso, é especialmente Moisés que deve ser questionado,
tocando Naás. O teocrata de Israel não é apenas o editor (talvez o
autor) deste hierograma; Como historiador do Ser ambíguo que ele
assim chama, Moisés desenhou uma página decisiva de sua lenda
esotérica no terceiro capítulo do Berœshith.
Ele designa por este nome, e?hn, o Agente primordial da queda,
o Tentador do Éden; - [143] sob o mesmo nome, as Bíblias vulgares
designam "uma serpente, animal sutil do campo"127, e o escoliasta
agnóstico acrescenta na margem: isto é, o Demônio, disfarçado sob
essa aparência.
"Nahash", escreve Fabre d'Olivet, "caracteriza adequadamente
aquele sentimento interior e profundo que ligava o ser à sua própria
existência individual, e que o faz desejar ardentemente preservá-lo e
estendê-lo. Este nome, que eu traduzi pelo de atração original,
infelizmente foi traduzido na versão dos helenistas pela de cobra;
Mas nunca teve esse significado, mesmo na linguagem mais vulgar.
O hebraico tem duas ou três palavras, totalmente diferentes desta,
para uma cobra. Nahash é, antes, se assim posso dizer, aquele
egoísmo radical que leva o ser a se tornar o centro e a relacionar
tudo com ele. Moisés disse que esse sentimento era a paixão motriz
da animalidade elementar, a fonte secreta ou fermento que Deus
havia dado à natureza. É muito notável que o nome usado aqui pelo
escritor hierógrafo para expressar essa paixão, esta primavera ou
este fermento, seja Harym, o mesmo que Zoroastro, entre os
persas, tinha usado para designar o Gênio do Mal... Assim, de
acordo com o espírito do Sepher e a verdadeira doutrina de Moisés,
Nahash Harym não seria um ser separado e independente, mas um
motivo central dado à matéria, uma fonte oculta, um fermento
agindo na profundidade das coisas, que Deus havia colocado na
natureza corpórea para elaborar seus elementos. 128 [144]
É deste fermento, inseparável para nós do fluido universal que
constitui a sua base de manifestação, — é deste fermento que
Quantius Aucler, o hierofante pagão da Trécia, fala numa página
surpreendente, na qual toca no grande problema da biologia sideral.
"Você tem ideias muito grosseiras: você acha que esses globos
luminosos, que sempre mantêm seu lugar em um fluido que não
pode suportá-los; que, em oposições e vários aspectos, sempre
deram passos regulares, foram colocados em suas cabeças para
divertir seus olhos e os cálculos de seus astrônomos! Há apenas
corpos mortos ou vivos na natureza; nem tudo o que está morto está
vivo; Nem tudo o que está vivo está morto.
«Há um fermento que é o espírito129 que une a alma ao mundo: a
sua acção é contínua; ele muda tudo, ele é o grande Proteus; ela
dissolve os seres mortos, e os prepara, dissolvendo-os, para serem
o lugar onde novos seres, de uma forma que vocês não podem nem
mesmo suspeitar agora, vêm do grande abismo da Noite para
corporear-se. Se você souber interpretar o Hino à Noite de Orfeu,
você terá um dos primeiros pontos da Doutrina, você saberá como
tudo se forma, poderá ver seus olhos sem espelho e sacudir os
chifres do touro.
"Esse fermento. não age sobre os corpos vivos,130 porque o
Animus que os informa, os mantém, é mais forte do que o fermento
que tende a dissolvê-los, sendo [145] de natureza superior. Se o
fermento pudesse fazer alguma coisa sobre os seres, ele os disporia
a receber um novo Animus, que do abismo da Noite, viria a se
corporificar; assim, ele os dissolveria. Devem, portanto, ter dentro de
si algo que repela os ataques do fermento e que seja superior a
esse espírito; Portanto, é necessário que cada um deles tenha em si
um animus que os informe, que mantenha sua forma e que repela a
ação do fermento: assim eles vivem. Se a terra não fosse animada,
o fermento também a dissolveria e a destinaria a receber novos
seres que roeriam as colheitas, atormentariam as espécies
primitivas, as prejudicariam, as destruiriam; E eles não seriam mais
uma simples alteração, mas não se assemelhariam mais a ideias
arquetípicas.
"A característica do cadáver é cair; É a partir daí que é chamado
de cadáver em Cadendo; a característica do ser vivo é levantar-se e
sustentar-se, porque tem nele o princípio do seu movimento e da
sua vida. É assim que eu apoio meu braço, como eu elevo minha
cabeça! — Se as estrelas fossem apenas cadáveres, cairiam ; isto
é, eles se reuniriam no mesmo lugar, de acordo com as leis da
gravidade". 131 [146]
A opinião expressa por Aucler não deve ser surpreendente,
embora o sentimento contrário tenha prevalecido. Está em
conformidade com a doutrina secreta de todos os Sábios da
antiguidade.
Em todos os lugares nos templos foi ensinado que o universo é
animado. Neste ponto, as duas Escolas rivais concordaram –
teosófica e naturalista – que, no entanto, estavam divididas pela
questão fundamental da Divindade. Ou que os pensadores não
reconhecem uma Causa Primeira à parte da Natureza Produtiva,
imanente ao Universo que Ela gera eternamente; ou que admitam a
existência independente de um Ser inefável que, princípio desta
Natureza, permanece distinto dele o Macrocosmo foi para eles um
ser vivo, como um todo como em suas partes.
Todos os iniciados do mundo antigo – Hermes, Zoroastro,
Pitágoras, Platão, os Cabalistas, os alexandrinos, etc. – pensavam
assim. Mas não implica que Pitágoras, por exemplo, se ele vivesse
novamente hoje, discordaria de Newton e do sistema de atração
universal. Do fato de que os corpos celestes se atraem, por razão
direta das massas, e pela razão inversamente do [147] quadrado de
distâncias, não se segue que eles sejam inanimados. O mecanismo
invariável de sua gravitação não implica nada contra a hipótese em
disputa. Vida e Liberdade não são sinônimos. — Este carvalho,
segundo todos os relatos, está vivo, mas o seu crescimento está, no
entanto, sujeito a leis fixas; Ele se encobre em sua folhagem e se
despe dela, de acordo com as alternativas das estações. — Este
homem está vivo, mas uma lei independente de sua vontade, no
entanto, regula a circulação de sangue nele; Ele não é livre para
parar o bater de seu coração...
Os Mestres da Sabedoria antiga contestariam ainda menos o
mecanismo da gravitação universal, pois necessariamente foram
levados a construir a teoria, como resultado do conhecimento muito
certo e muito profundo que adquiriram, não apenas das forças
centrípetas e centrífugas, mas também, como sugerimos, das
essências ocultas das quais essas forças são apenas o resultado no
plano físico.
Que se nossa afirmação parecesse precipitada, e os antigos
teosofistas fossem supostamente muito atrasados na cosmologia
para serem capazes de se elevar a tais noções, seria fácil para nós
provar aos incrédulos que a doutrina secreta dos templos continha
as teorias mais a favor hoje ,-- teorias das quais a ciência se
glorifica como conquistas recentes, e que seu Aristarco registrou
por apenas dois ou três séculos, depois de tê-los revestido com sua
alta sanção. Os pitagóricos [148] não ensinaram abertamente, para
o grande escândalo do profano, que a Terra gravita em torno do
Sol? Aristóteles é o nosso garante disso. Não é afirmado no Zohar
"que a Terra gira sobre si mesma na forma de um círculo; que
alguns estão acima, outros abaixo;... que há tal terra da terra que é
iluminada, enquanto as outras estão nas trevas; que estes têm dia
em que para eles é noite; e que há países onde é constantemente a
luz do dia, onde pelo menos a noite dura apenas alguns momentos?"
132 Anúncios
Estas são cinco linhas que, conhecidas ou ignoradas por
Copérnico, reduzem seu mérito como inventor a pouco. Além disso,
os testemunhos que produzimos estão longe de ser fatos isolados.
O sistema antecipado de Copérnico é traído por um grande número
de autores gregos e latinos, iniciados na tradição esotérica. É ao
ponto de se ter motivos para se surpreender, com Dutens, "que um
sistema tão claramente ensinado pelos antigos, tomou o nome de
um filósofo moderno. Pitágoras, Filolau, Nicetas de Siracusa, Platão,
Aristarco e vários outros entre os antigos, falaram, em mil lugares,
dessa opinião Diógenes Laércio, Plutarco e Obbée nos transmitiram
com precisão suas ideias sobre ela; e se não foi admitido antes,
deve ser atribuído apenas à força do preconceito..." 133 [149]
Essas coisas notificadas para o registro, não vamos insistir mais
na identidade das teorias astronômicas antigas e modernas. Este
capítulo introduz os princípios do equilíbrio mágico, dos quais
descrevemos o Agente. O equilíbrio material dos mundos é apenas
uma consequência, fácil de deduzir da mesma forma que muitas
outras; uma adaptação secundária a nível objectivo.
Insistindo nas influências pouco conhecidas que se opõem, se
cruzam e se casam nas ondas fluídicas do Astral; clarificar vários
conceitos relativamente novos; se não insuspeito, sobre a gênese
(as várias correntes que se formam lá e sobre os Agentes ocultos
dos quais procedem, – consideramos ter sido mais interessante e
mais útil do que se, pródigos de desenvolvimentos descritivos,
tivéssemos repetido o que outros já disseram, e muito bem
disseram.
Éliphas Lévi é particularmente a ser consultado, sobre o equilíbrio
dos mundos, que apenas arranhamos a superfície. Vamos apenas
tomar emprestado aqui este magisto uma página notável,
interpretativa da Mesa Esmeralda: ele descreve a Luz universal, de
um ponto de vista especial para o nosso planeta:
"A alma da terra", diz ele, "é um olhar permanente do sol, que a
terra concebe e guarda por impregnação.
"A Lua contribui para essa impregnação da Terra, empurrando
para ela uma imagem solar durante a noite, de modo que Hermes
estava certo em dizer, falando do grande agente: o Sol é seu pai, a
Lua é sua mãe [150]. Então ele acrescenta: o vento o levou ao seu
ventre, porque a atmosfera é o vaso e cadinho dos raios do sol, por
meio do qual se forma aquela imagem viva do sol, que penetra em
toda a terra, a anima, a fertiliza e determina tudo o que ocorre em
sua superfície por seu eflúvio e suas correntes contínuas, análogo
aos do próprio Sol.
"Este agente solar está vivo por duas forças opostas: uma força de
atração e uma força de projeção, o que faz Hermes dizer que ele
sempre sobe e desce.
"A força de atração está sempre fixada no centro dos corpos, e a
força de projeção em seus contornos ou em sua superfície.
"É por essa dupla força que tudo foi criado e que tudo permanece.
"Seu movimento é um enrolamento e desdobramento sucessivo e
indefinido, ou melhor, simultâneo e perpétuo, por espirais de
movimentos contrários que nunca se encontram.
"É o mesmo movimento que o do Sol, que atrai e repele ao mesmo
tempo todas as estrelas do seu sistema.
"Conhecer o movimento deste sol terreno, para que ele possa
desfrutar de suas correntes e dirigi-las, é ter realizado a grande obra
e ser mestre do mundo.134
Já dissemos em outro lugar o que Eliphas Levi chama de corrente
de projeção (ativa), é o Aôd doa ou o princípio do enxofre dos
alquimistas; — corrente de atração (passiva), é o princípio Aôb boa
ou Mercúrio dos alquimistas. — Finalmente, o que ele chama de
movimento equilibrado é o Aôr roa ou o Azoth dos [151] Sábios:
é o foco da quintessência, onde reside a força de seu solvente
universal.
Aôd, Aôb, Aôr: positivo (+), negativo (—), integral (∞). Estamos
curiosos para ver o que significa Fabre d'Olivet, em seu vocabulário
radical; Atribui a essas três raízes hebraicas?
Vamos consultá-lo; sua resposta pode parecer enigmática e
desconcertante a princípio. Mas pensemos nisso, primeiro do que
nos acharmos desapontados: pois protestamos aqui, que em favor
das três linhas que leremos, cuidadosamente próximas de nossas
explicações sobre os Poderes Determinantes do Astral (a saber,
Hereb, lônah e Nahash), se tornará aberto aos amantes da Teosofia
vislumbrar a própria essência da Anima mundi, e para
surpreender, não só o quomodo, mas o quia do Equilíbrio Universal:
" boa Le Désir, atuando dentro.
" doa Le Désir, agindo externamente.
............
............
..
"Roa Le Désir, entregue ao seu próprio movimento, produzindo
ardor, tudo o que inflama, o que queima, etc. 135.» [152]
Sem comentar muito um texto que seria apropriado que todos
compreendessem por si mesmos e apreciassem todo o escopo,
algumas observações estarão, no entanto, em ordem, o que ajudará
a alcançar isso ...
O teosofista Jacob Boehme, este explorador febril do arcano
supremo, denuncia o Desejo como a primeira raiz de todo o ser, e
da própria Natureza produtiva.
O desejo é mais especialmente o poder mágico da evocação para
as miragens da existência objetiva e sensível. Afirma ser criador
como a Vontade, da qual talvez seja apenas uma forma obscura,
rudimentar ou degradada.136
Também se diversifica, dependendo dos ambientes onde se
desenvolve. Simples consequência da queda e repercussão da
carne na alma, quando fermenta no coração humano, — O desejo
assume outro caráter em todos os seres que vivem da vida celestial:
testemunha uma aquiescência de sensibilidade às sugestões tácitas
de Naás.
No mundo das almas, ele incita as mônadas a cair, e as faz rolar
pela ladeira da encarnação; — no reino da vida física e da morte,
ele impele os encarnados a perpetuar sua raça:
Efficit ut cupidè generatim sæcla propagent.
O desejo aparece, assim, na base de toda manifestação objetiva
[153]. O Fogo secreto constitui o elo, o instrumento mediador entre o
Desejo e o objeto desejado; finalmente, a matéria marca o termo, o
limite, a minúscula culminação do Desejo realizado.
A Forma espiritual, que o Desejo trouxe do Céu Empíreo, fixa-se
por um momento na matéria que amassa à sua imagem; então,
suas Potencialidades secam, a Forma retorna ao oculto, através do
mesmo Fogo secreto, que uma vez havia sido usado para
manifestá-lo. O stripper terrestre da Forma Espiritual em ascensão
mantém a marca fugaz: é a assinatura, aqui embaixo, de uma
Energia reintegrada em sua fonte de cima. Mas a assinatura
desaparecerá gradualmente, a marca desaparecerá, sob a ação do
fermento universal, isto é, repetidas vezes do Fogo secreto!...
Seria muito difícil não explicar nada da natureza ou origem do
Cosmos, sem recorrer ao conhecimento desta Luz misteriosa,
invisível aos olhos carnais; pois é dela que todas as coisas saíram,
e nada subsiste senão por meio dela.
Independentemente das materializações objetivas que, juntas,
constituem o universo físico, a luz astral ainda se especializa e se
fixa parcialmente, de acordo com os ambientes: forma assim o
corpo sideral e, consequentemente, o nimbus de todos os seres que
banha com suas ondas.
Assim, cada corpo celeste está envolto em uma atmosfera
hiperfísica apropriada à sua natureza: é [154] sua alma vital e
inferior, ou seu corpo aromático e superior. Essa atmosfera, reserva
virtual e ambiente nutritivo, é elaborada e se mantém, sugando e
exalando por sua vez a substância universal, ou luz astral não
especializada, não fixa.
O mesmo se aplica a todos os seres, sejam eles quais forem;
Todos têm seu corpo astral ou mediador plástico.
O leitor em breve será capaz de entender para quais mistérios
perturbadores o conhecimento positivo dos corpos siderais (e
especialmente do corpo sideral humano) pode servir como uma
chave. Contentar-nos-emos em observar, neste capítulo, que não há
pessoas na terra, cujas tradições místicas são silenciosas sobre
este ponto.
Se a luz astral tem várias centenas de nomes, o corpo fluídico
pode competir com ela a este respeito. A lista enumerativa seria
tediosa; Vamos colocar alguma discrição nisso, e talvez ninguém
pense em reclamar disso.
A própria ideia do fantasma, tão universalmente recebida pelos
homens em todos os períodos da história, traduz em modo exotérico
a noção oculta dessa realidade o corpo astral.
Que ele seja chamado com os Brahms Linga Sharira, Nephesh
com os Cabalistas, Eidolon com a escola helênica, Houen com os
magistas chineses, – é [155] sempre esse duplo misterioso, que
Psellus ensina que mantém o meio entre o corpo físico e a alma
espiritual. É o Angoëid de Orígenes e o Simulacro dos latinos137.
[156]
Virgílio menciona-o mais do que uma vez; Ele mostra-lhe
sobrevivendo ao cadáver de carne:
«Et nunc magna mei sub terras ibit imago...»138.
São Paulo escreve corajosamente: «Se há um corpo animal, há
também um corpo espiritual»139.
"As almas", diz Santo Hilário, "encarnadas ou não, também
possuem uma substância corporal inerente à sua natureza.140
Poderíamos multiplicar as citações, mas isso não importa...
O corpo astral, que não é outro senão o Periscoprit dos
Kardecistas, dobra exatamente o corpo físico, do qual é possível
separar-se sob certas condições, como veremos no Capítulo II.
Distinto da energia vital passiva que reside na célula sanguínea
[157]141 e que mantém o sustento das células, o perispírito tem
como sede o sistema cefalorraquidiano e a grande simpatia
qualquer fibra nervosa, por menor que seja, serve de veículo para
sua força elástica, invisivelmente difundida em todas as partes
visíveis do corpo.
Esta substância indescritível repara-se e renova-se por um
fenómeno em todos os sentidos análogo ao da respiração pulmonar.
Mas o produto da expiração fluídica forma, em torno do corpo astral,
uma espécie de halo especializado de éter, uma atmosfera
individual de pureza ou corrupção, virtude ou vício, na qual os seres
potenciais gerados pela vontade ou pelas paixões vivem e se
movem (Ver capítulo II).
Em humanos e animais, mesmo em plantas, o nimbus é muito
distinto do corpo astral, para o qual serve como um envelope, uma
roupa fluídica. No reino mineral, ao contrário, os dois termos de
alguma forma se fundem; Pelo menos a linha divisória parece vaga
e difícil de definir.
É o mesmo para a vida dos corpos celestes o corpo fluídico [158] e
o nimbus parecem intimamente combinados, como em outro lugar
será dito.
Mas este capítulo deve limitar-se ao exame do Equilíbrio e do seu
Agente, isto é, ao estudo da Luz astral, considerada no antagonismo
dos seus princípios determinantes e na síntese dos seus
movimentos. Isto é o que tentamos trazer à luz, insistindo nas molas
muito ignoradas que controlam o dinamismo universal. Que, se
podemos ter parecido obscuros, podemos nos dignar a pedir
desculpas em favor da audácia aventureira que houve, talvez, em
examinar a própria essência dos Poderes cosmogênicos, em vez de
nos limitarmos à descrição, muitas vezes produzida e reproduzida,
do mundo astral, suspeita do estudo de suas manifestações
fenomenais, – reflexões fugazes que ele lança em nosso mundo
material.
Em todos os santuários do velho mundo, a substância universal,
com seu duplo movimento, era representada pelo signo simbólico de
Mercúrio .
Temos o prazer de oferecer ao público, a este respeito, o furo de
uma nota inteiramente nova, devido à bondade do eminente
apóstolo do
Missões, o Marquês de Saint-Yves d'Alveydre. [159]
(1) Saint-Yves está aludindo aqui a uma ordem de Conceitos que não podemos e não
queremos abordar neste volume.
É esta a explicação dada pelo senhor deputado de Saint Yves. O
hieróglifo mercurial inclui outra análise [160], familiar aos
alquimistas. Pode ser dividido em três termos, da seguinte forma:
1.

O signo do Sol ( ou ), imagem do Princípio masculino,


espiritual e fertilizante do Universo vivo, por um lado;
2.

E de outro, o signo da Lua ( ou ), emblema da Faculté


feminina, receptiva e morfogênica;
3. Este princípio e esta faculdade são nupciais (combinados em
favor da cruz (+), representação linghamic do Thau Sagrado (t
ou T), que por si só simboliza qualquer Agente de Síntese,
reciprocidade, reação mútua: qualquer ligação aglutinativa e
cohobing.
Isso não é tudo: o pentáculo sofre uma terceira decomposição:
não podemos ver o asterismo zodíaco do touro ( ), dominando o
quaternário dos elementos +?
Nada é arbitrário na Cabalá hieroglífica: o signo de Touro de fato
marca a ação, igualmente distribuída, das influências fóbicas e
isiacas dispersas.142
— Faça com que este signo domine sobre o [161] da Cruz
(emblema binário da conjunção das duas linhas, vertical-ativo e
horizontal-passivo, — ou, se preferirmos, emblema quaternário dos
Elementos ocultos, que são os frutos desta mesma conjunção) e
você terá a representação perfeita das virtudes latentes do Mercúrio
dos Sábios ou da Anima mundi.
Às vezes, para especificar certas especificações do Mercúrio dos
Sábios, os alquimistas o imaginaram por esse hieróglifo,
substituindo o signo feminino de Touro (símbolo do radical molhado)
pelo signo masculino de Áries ou (expressivo do princípio do
fogo).
Entramos nesses detalhes, para fornecer um exemplo marcante da
lógica inflexível implantada pelos seguidores, na formação e uso
[162] do verbo hieroglífico. Pudemos ver três métodos de análise
bastante diferentes, dando três resultados absolutamente
concordantes.
Nosso Livro II, Chave para a Magia Negra, é construído
inteiramente, repita-se, sobre o conhecimento da Luz secreta e suas
principais modificações. Mas uma admissão está em ordem, com a
qual seremos gratos em concluir.
Não há dúvida de que teremos, no decurso de sete capítulos, o
lazer e a amplitude necessários para elucidar os problemas que nos
será permitido abordar.
Há alguns, no entanto, sobre cujo véu hierático não podemos impor
as mãos, sem sermos acusados por nossos pares de imprudência
sem exemplo143.
É bom que ninguém desconheça isso: embora não estejamos
vinculados a nenhum mestre, uma vez que o pouco que sabemos é
fruto apenas de nossos estudos, pretendemos, no entanto, respeitar
as tradições seculares do ocultismo e a majestade dos símbolos
religiosos.
Dito isto, avisemos os investigadores conscientes que, enquanto
engrossamos sobre certos mistérios uma escuridão impermeável
aos olhos profanos, há uma preocupação que não nos deixa: em
toda a ocorrência [163], esforçamo-nos por marcar o caminho para
os iniciáveis. Enquanto eles se aplicarem para confrontar as várias
noções que tivemos o cuidado de distribuir ao longo deste trabalho,
nada no mundo e ninguém será capaz de ficar no caminho de sua
vontade obstinada de ler nas entrelinhas.
"Veja", disse o grande Mestre, "e você encontrará: bata, e ele será
aberto para você. [164] [165] [166]
M
87 Oitava chave do Tarô: Justiça.
88 Uma vez que o francês não é uma língua sagrada, a maioria das palavras nesta
expressão idiomática são arbitrariamente devolvidas aos gêneros masculino ou
feminino; no entanto, o acaso e a intuição vaga nem sempre podem dar certo.
Portanto, não é de surpreender que estejamos falando sobre o casamento da
Sabedoria e da Inteligência e, abaixo, sobre a união frutífera da Misericórdia e da
Justiça. Estes são termos Cabalísticos. Agora, na classificação dos ternários
sefirotíacos polarizados, à qual estamos nos referindo nesta passagem, Hochmah,
hmkj (Sabedoria) é marcado com o sinal masculino e positivo, como também
Hesed dsh (Misericórdia); — e isso, em contraste com Binah hnyb (Inteligência) e
Geburah hrwbg ( Rigor, Justiça) ), que são marcados com o signo feminino e
negativo. (Veja qualquer tratado de Cabalá).
89 Esotericamente, Hyle não significa matéria bruta, um significado muito restrito
vulgarmente atribuído a ele. — Ulh dos filósofos gregos, /lyu e ylwyh dos rabinos
iniciados, significa: substância na fermentação, matéria sutil no trabalho. (Veja Fabre
d'Olivet, o Lang. hebr. rest., II, 77; — Drach: a Harmonia entre a Igreja e a
Sinagoga, I, 564; e o Hist. do Maniqueísmo de Beausobre, II, 268).
90 Para permanecermos fiéis à terminologia dos Cabalistas Zoharitas (suspendendo o
equilíbrio sefirótico no terceiro mundo no prego de Yesod dosy, como fizemos nos
dois primeiros para os pregos de Kether rtk e Thiphereth trapt), teríamos que
escrever Hod doh e Netzach hun, em vez de Hereb bru e hnoy . Mas às palavras
sagradas da Cabalá, nós sempre preferiremos, quando surgir a oportunidade de
fazer uso delas, os hierogramas originais de Moisés, de precisão esotérica muito
maior. Nunca esqueçamos esse fato de que o Zohar, o livro fundamental e sagrado
da Cabalá, é (por mais sublime e revelador que seja) apenas um humilde comentário
sobre o Pentateuco Mosaico e, principalmente, sobre o Gênesis. Também está
escrito em dialeto de Jerusalém, isto é, em hebraico degenerado.
91 Ver No Limiar do Mistério (5ª ed.), pp. 88-92, 146-147, e O Templo de Satanás,
passim.
92 No mínimo, de um hieratismo singularmente depravado.
93 Uma Larva, no sentido mais amplo desta palavra (Veja o final do nosso capítulo III: a
Roda do Devir). Estritamente falando, o Diabo é uma Imagem astral vitalizada.
94 Verba secretoruni Hermetis. — «Verum sine men dacio, certum et verissimum: quod
est inferius est sicut quod est superius; et quod est superius est sicut quod est
inferius, ad perpetranda miracula rei unius.
«Et sicut omnes res fuerunt ab uno, mediatione unaus, sic omnes res natæ fuerunt ab
hac unâ re, adaptatione.
"Pater ejus est Sol, mater ejus Luna; portavit illud Ventus em sua barriga; nutrix ejus Terra
Oriental.
"Pater omnis Telesmi totius mundi é hic.
"Vis ejus integra est, si versa fuerit in terram.
"Separabis terram ab igne, subtile a spisso, suaviter, magno ingenio.
"Ascendit à terrâ in cœlum, iterumque descendit in terram, et recipit vim superiorum et
inferiorum.
"Sic habebis gloriam totius mundi. ideo fugiet à te omnis obscuritas.
"Hic est totius fortitudinis fortitudo fortis; Quia vincet omnem rem subtilem, omnemque
solidam penetrabit.
«Sic mundus creatus est. Hinc erunt mira-biles adaptações, quarum modus é hic.
"Itaque vocatus sum, Hermes Trismegistus, habens tres partes philosophiœ
totius mundi.." Completum est quod dixi de operatione Solis." (Versão latina de
Khunrath).
95 Textualmente: "É verdade sem mentiras, certa e muito verdadeira." – Esta
afirmação tripla obviamente corresponde aos três mundos da magia.
96 Um neologismo bastante feliz, parece-nos, criado por um místico dos nossos dias,
Louis Michel de Figannières.
97 Per conjunctionem", variante da versão Glauber (Miracutum Mundi, de mercurio
philosophorum, Amstel, 1653, in-8, p. 74).
98 Outra versão Theleme, qelÇma, vai. Nesta versão aceita, seria necessário
restringir o significado simbólico da palavra pai ao sentido de elemento de
manifestação.
99 «Si versa fuerit» (versão Khunrath); — «Si mutetur» (versão R. Glauber).
100 Ou seja, considerado do mesmo ponto de vista, como, antítese do espiritual ao
sensível. Mas não pensamos que essas palavras, sutis a spisso, formem
pleonasmo com a frase anterior; pode-se especificar muitos significados
diferentes, todos rigorosamente exatos. No que diz respeito às operações da
grande obra, por exemplo, o sutil e o espesso significarão o volátil e o fixo. Esta
Tabela Esmeralda contém mais significado do que palavras.
101 Hermes fala sobre o retorno, antes de falar sobre o show; Com isso, ele quer
deixar claro que se trata de um duplo movimento incessante.
102 Veja abaixo, p. 159, o comentário sobre a palavra HRMRS.
103 O mundo astral pode ser ligado ao mundo psíquico ou ao mundo sensível (Voy.
Sobre o limiar do Mistério, pp. 90-93, em nota de rodapé).
104 "De magisterio Solis" (versão Glauber).
105 Talvez seja surpreendente nos ver recorrer em preferência ao vocabulário
hebraico, em comentários motivados por um monumento de origem egípcia. Será
permitido lembrar que a língua hebraica pura, como implementada pelo autor do
Bereschith, não é outra senão a linguagem mais oculta dos santuários de Mizraim?
Isto é o que o Fabre d'Olivet estabeleceu vitoriosamente. Moisés, sacerdote de
Osíris, traçou seu livro dos Cinquenta Capítulos em hierogramas (do terceiro grau),
inteligível apenas, em seu esoterismo, aos seguidores de Mênfita do mais alto
grau. Este livro, vulgarmente Gênesis, parece o único que foi transcrito no tempo
de Esdras, sem alterar seu espírito, ou mesmo a letra. A doutrina secreta de
Moisés constitui o que chamamos de Cabalá primitiva, que se materializou ao lado
da própria linguagem do santuário. O ensinamento de Shimeon-ben-Iockai é para
o de Moisés, o que o dialeto sirochaldaico, que foi falado em Jerusalém sob os
Césares, é para o hebraico primitivo de Moisés. Nós recorremos à Cabalá Zoharita
(ou pelo menos é autoritativa para nós) apenas subsidiariamente, na ausência do
esoterismo mais puro e profundo dos livros mosaicos, dos quais o Zohar é apenas
um comentário tardio.
106 Prefácio, p. 67; — ver também Sobre o limiar de. Mistério, p. 146.
107 A força de expansão, atuando sobre o Aôr, gera a corrente de luz positiva, Aôd; e
a força de constrição, a da luz negativa, Aôb.
108 A Septuaginta traduz assim; mas São Jerônimo é mais exato: o corvo, diz ele, saiu
e retornou alternadamente (egrediebatur et revertebatur).
109 Mesmo no topo das montanhas, que já estavam surgindo 47 dias antes? Esta é a
lógica do significado aceito dos teólogos.
110 Langue hébr. restit., tomo II, p. 231-232, passim.

111 Essa antinomia dos dois Agentes emprestaria a uma série de paralelos muito
estranhos, e de grande interesse para aqueles cujo olho é treinado para sondar
certos abismos misteriosos da Natureza e da Vida. Assim, podemos dedicar aos
etimologistas o contraste que se segue, por um lado, a raiz sobre a qual se ergue
o mosaico Iônah (esta faculdade geradora da qual a pomba é o emblema), — a
raiz IÔN é encontrada intacta na Índia na palavra Yôni, pela qual os Brahmes
designam o órgão sexual da mulher; — por outro lado, a raiz constituinte de
Herebe é pouco alterada (b suavizou-se para w) em Herwah, (plural Herwath
twru), a palavra usada por Moisés (Berœshith, IX, 22) para designar este objeto de
escândalo, que Noé, em sua intoxicação, havia deixado descoberto, para a alegria
sacrílega de Cam, e que São Jerônimo descreve sem rodeios como "verenda
nutiata ". Observemos também que os semitas, – árabes e hebreus, Harbi ybru e
Hebri yrbu – esses adoradores amargos do Deus masculino único, têm um nome
notoriamente formado de Hereb, (o nome de Marrocos, Maugreb, também deriva
dele); — enquanto Iônah parece ter nomeado esta suave Jônia , Iwu... a, o tipo de
terras onde a Natureza feminina e plástica era adorada, em suas inúmeras e
deslumbrantes encarnações. Os curiosos finalmente se perguntarão, por qual
cruzamento de influências, o Hereb masculino governa a corrente de luz negativa
e selênica, Aôb boa; — enquanto a Iônah feminina domina sobre a corrente de luz
positiva e solar, Aôd, doa . Observemos, a este respeito, que a maioria dessas
atribuições não são arbitrárias, mas relativas. — Absolutamente falando, há
apenas um Princípio masculino, que é Deus; do que um Princípio feminino, que é
a Natureza. — No mundo subjetivo, há apenas um Princípio masculino, que é o
Espírito universal, e apenas um Princípio feminino, que é a Alma vivente; no
mundo objetivo, enfim, apenas um Princípio masculino, que é a Força, e um
Princípio feminino, que é a Matéria. — Mas, nestes vários níveis, é permitido
qualificar como masculino ou feminino, as várias modificações, faculdades,
energias, etc., que pertencem a um ou outro destes Princípios; assim, chamamos
Iônah de feminina, porque ela pertence antes à Natureza e à substância plástica;
e Hereb como masculino, porque constitui uma Força, e que, pelo seu ofício de
compactar a substância, torna-se de certo modo o veículo da Forma, que pertence
ao Espírito. Que basta que tenhamos chamado a atenção para essas
singularidades ocultas, cuja razão de ser, se conhecida, poderia levar longe o
suficiente...
112 O mesmo simbolismo preside a terminologia dos filósofos herméticos. Eles
chamam a Cabeça de Corvo de estase de dissolução, quando a matéria ,
reduzida a preta, parece toda decomposta e perdida (é o Nigrum nigro nigrius); – e
COLOMBES de Diana, a estase da regeneração da referida matéria, a ablução do
fixado pelas lágrimas do volátil, quando a cor branca aparecerá. As pombas
anunciam e preparam a dieta de Diana: então nasce a terra branca frondosa
(onde germina a semente de ouro vivo).
113 Solve, Coagula... É a dupla inscrição que pode ser lida em ambos os braços do
Grande Andrógino de Henry Khunrath, um magnífico pentáculo que reproduzimos
e comentamos, no Seuil du Mystère (pp. 128-148).
114 Veja Elifás Levi, que afirma e demonstra essa lei (Dogme e Ritual, passim).
115 Caim, Carta a Lord Byron, p. 31.
116 E, por isso, colaborou com Iônah.
117 Fabre d'Olivet, Langue hébr. restit. , Volume I, pp. 114-115.
118 Ju idêntico ao rabínico Hiuleh ylywh, e a Ulh dos gregos.
119 E até a vida química dos átomos cujas células são formadas.
120 A palavra Larva é frequentemente usada em magia como sinônimo de Lêmuro,
isto é, em um sentido mais amplo do que o de nossa definição no Capítulo II. —
Este é o caso aqui.
121 Não é de surpreender que, na ausência de um vocabulário adequado, e quando
lidamos com um assunto inédito (no sentido radical do termo), sejamos forçados a
nos expressar em poucas ou menores graus.
122 Adstringência e amargura, de acordo com a estranha terminologia fielmente
preservada por seu tradutor francês, o Marquês de Saint-Martin. Mas o teosofista
de Amboise está longe de ter sempre entendido seu "Boehme divino".
123 "As três propriedades do Desejo" (Boehme).
124 O inferno é a matriz do macrocosmo (Paracelso).
125 roa yhwy (Elementização de luz).
126 Assim, o resto — O grande místico lida com os princípios da Natureza celestial,
concebidos antes do lapso (Ver nosso Prefácio, p. 20). Uma vez que este cenário
eterno é definido, Boehme passa apenas para os dramas da queda dos anjos e do
pecado original. — Neste volume, ao contrário, aceitamos a queda como um fato
consumado, lidamos com a Natureza caída, sem procurar o que poderia ter sido
antes da catástrofe.
127 Os tradutores modernos, que não vêem malícia, seguem o rastro da mistificado
São Jerônimo e da mistificadora Septuaginta da Septuaginta dos Setenta. Todos
podem se referir à Introdução Geral à Serpente de seu Gênesis (volume I, pp. 20-
21), onde transcrevemos o texto hebraico do versículo em disputa, com as duas
traduções, – exotérica e esotérica, – opostas.
128 Caim, pp. 34-35, passim.
129 O Espírito é usado por Aucher no sentido de espíritos, não espirituais.
130 Isso não é totalmente exato. O fermento age nos corpos vivos: envelhece-os e
tende a dissolvê-los, mas a longo prazo... É o que tentamos deixar claro acima.
Acrescentamos que essa imunidade relativa e temporária era devida à energia
reativa das almas da vida.
131 Threicia, ou o único caminho das Ciências Divinas e Humanas, por Quantius
Aucler. — Paris, an VII de la République, in-8 (p. 228-230). Se esta obra não fosse
escrita em um estilo inculto, rochoso a ponto de se tornar insuportável em alguns
lugares, certamente mereceria as honras da reimpressão, da qual somos tão
vertiginosamente pródigos hoje em dia, especialmente porque se tornou muito
rara. O fragmento que reproduzimos ali pode estar entre os menos mal escritos;
Ainda tivemos que alterar a pontuação do hierofante. Eliphas (A Ciência dos
Espíritos, p. 242) errou ao ridicularizar Quantius Aucler. Threicia constitui, como
está, um tratado sobre o paganismo oculto, bastante único em seu tipo, e cuja
leitura não pode ser recomendada o suficiente para os amantes do misticismo.
Eles encontrarão detalhes picantes e, o que é melhor, algumas vistas infinitamente
valiosas que eles seriam muito impedidos de descobrir em qualquer outro lugar. A
doutrina esotérica é apresentada de forma politeísta, de um arcaísmo estranho e
saboroso. Threicia foi um dos livros de cabeceira do nobre poeta das quimeras.
Pode-se consultar o aviso que dedicou ao seu autor (Les Illuminés, par Gérard de
Nerval, Paris, 1842, in-12, p. 318-354).
132 O Zohar, citado por Adolphe Franck (Cabalá, 1843, in-8, p. 102).
133 Dutens, Origem das descobertas atribuídas aos modernos. Paris, 1776, 2 vol. in-8
(t. I, p. 205206).
134 Dogma e Ritual da Alta Magia, vol. I, pp. 152-153.
135 A Língua Hebraica restaurada, vol. I, p. 8 do Vocabulário Radical. — Lembremo-
nos de que Boehme chama as três formas de seu potencial Abismo de "as três
propriedades do Desejo", e que a Raiz escura das coisas, que chamamos de pilha
fisiogênica, é formada por esses três elementos.
136 Imaginemos a Vontade despertando, inconsciente e despótica, para o limbo das
vidas instintivas e apaixonadas; a Vontade cega, co-quintuada com as seduções
da vida física, – o Desejo parece outra coisa?
137 Oswald Crollius, um aluno de Paracelso, lista alguns outros nomes, habitualmente
atribuídos ao corpo astral pelos seguidores de sua Escola. Depois de falar do
corpo físico (na introdução à Química Real), o famoso Doutor continua dizendo: "..
Quanto à outra parte do homem, isto é, o corpo sídico, chamado de Gênio do
homem, especialmente porque deriva sua origem do firmamento, os latinos ainda
o chamam de Penates, por causa da proximidade que tem conosco e ainda vem
ao mundo conosco, sombra visível, espírito doméstico, homem sombrio,
homenzinho familiar aos filósofos, demônio ou bom gênio, adeque interno de
Paracelso, espectro de luz da natureza, Euestra profética no homem. Além desses
nomes, ainda é chamado de Imaginação, que encerra todas as estrelas em si
mesmo ... A imaginação é como a porta, a fonte e o início de todas as operações
mágicas: e sem o prejuízo ou a diminuição do Espírito astral ou sidérico, ela tem o
poder de produzir e gerar corpos visíveis; ou mesmo (que ultrapassa a
compreensão humana), seja ela presente ou ausente, pode trazer à luz todas as
operações mais admiráveis... A imaginação do homem é um verdadeiro ímã, que
tem o poder de atrair para si cem léguas: ... Assim, o Sábio ou verdadeiro mago
pode atrair a operação das estrelas, e juntá-la às pedras, imagens e metais, que
posteriormente têm o poder de medida que as estrelas... tudo o que vemos no
grande mundo pode ser produzido por meio da Imaginação; de onde se segue que
todas as falhas, metais e tudo o que tem virtudes crescitivas, podem ser
produzidos pela imaginação ou pelo verdadeiro Gabalie; e esta é a parte da magia
chamada gabalística, pressionando estas próximas três colunas primeiro, para as
verdadeiras orações, feitas em espírito da Verdade, onde é feita a união do espírito
criado são Deus... Em segundo lugar, pela fé natural ou pela sapiência ingerida;
em terceiro lugar, adorna a forte exaltação da imaginação, cujas forças são
evidentemente demonstradas tanto pelo cajado de Jacó, do qual Moisés se refere,
quanto pelas marcas impressas nas crianças no útero: portanto, a imaginação ou
fantasia no homem é como o ímã..." (La Royale Chimie de Crollius, traduzido para
o francês por I. Marcel de Boulene (Lyon, 1624, in-8). Prefácio Admonitivo, pp. 74-
76 e 80-81, passim). Essas linhas surpreendentes de Crollius dão, em
antecipação, um vislumbre das maravilhas mágicas que podem ser realizadas em
favor do corpo astral, esforçado ad-hoc. O autor da Basílica Chymica era
profundamente versado nos mistérios da Ciência.
138 Eneida, Livro IV, v. 654.
139 Corinto., XV, 44. — Talvez São Paulo esteja se referindo, não ao próprio corpo
astral (expressão terrena da faculdade plástica da alma), mas ao corpo glorioso
(sua expressão celestial). Esta distinção será esclarecida nos capítulos que se
seguem, particularmente nos quarto e sexto capítulos deste volume.
140 Em Matth., V, 8. — Mesma observação que na nota de rodapé anterior.
141 Ver Papus, Tratado Metódico sobre a Ciência Oculta, pp. 182-186. Esta força vital
das células é o Jiva dos hindus. Inseparável do corpo, ao longo da vida, ela forma
após a morte essa silhueta, vagamente fosforescente às vezes, que se decompõe
muito rapidamente, depois de ter vagado por algum tempo pelos restos mortais,
dos quais ela nunca se afasta.
142 Vamos nos defender da queixa de ter, nesta frase, colocado Touro sob a
dependência do Sol e da Lua? Em outras palavras, ter submetido a síntese
zodiacal de vários universos distantes, à influência de uma modesta estrela de
terceira magnitude e um subsatélite infinito: um insignificante, o outro
perfeitamente imperceptível na imensidão cósmica? O leitor, pelo menos ousamos
acreditar, nos perdoará por tal indício de ingenuidade surpreendente! As
qualidades positivas e negativas, irradiantes e absorventes, masculinas e
femininas, estão distribuídas e localizadas nas estrelas de todas as regiões do
Cosmos; Eles se equilibram e se opõem harmoniosamente, de acordo com as leis
de prefixos. Os astrólogos tiram grande proveito desses contrastes bissexuais de
corpos celestes para seus cálculos. O Sol e a Lua sendo, do nosso ponto de vista
terrestre, os tipos locais dessas duas virtudes opostas, nós os chamamos de
Fóbicos e Isíacos, – no mesmo sentido que Moisés, para representar essa
geminação de influências, e para significar o tipo de sua distribuição, escrito no
primeiro capítulo de Gênesis, v. 16; "E ele, os Deuses, fez essa duidade de
claridades externas, as grandes: a ipseidade da luz central, a grande, para
representar simbolicamente o dia, e a ipseidade da luz central, a pequena, para
representar simbolicamente a noite..." (Versão Fabre d'Olivet). A Bíblia de
Osterwald traduz: "Deus, portanto, fez dois grandes luminares, quanto maior para
dominar sobre o dia, menor para dominar sobre a noite." Em outras palavras: o Sol
e a Lua. Foi este todo o pensamento de Moisés?
143 Seja como for, ousamos augurar que, lendo feito, não ocorrerá a ninguém, que
mantivemos mal o nosso compromisso, fazer um dia de tiro no ídolo de Goé,
refugiado no seu último santuário. Mas outra coisa é explicar aos buscadores
estudiosos os mistérios do mal, outra coisa, fornecer aos equivocados todos os
meios para cometê-lo... Non enim scientia Mali (disse um grande Cabalista), sed
usus damnat!
(SECÇÃO 9)
O Eremita (nove) = Isolamento = Poder sobre o Astral
Mistérios da Solidão
Capítulo II: Os Mistérios da Solidão

A nona chave do Tarot abre à inteligência liberada os mistérios da


solidão.
Um eremita com uma barba inculta, com a mão esquerda apoiada
na bengala, guia-se para as luzes de uma lanterna que levanta da
direita e se esconde um pouco sob as dobras do seu grande
casaco. — Esse é o emblema.
O significado é múltiplo, como o de todos os hieróglifos. Vamos
nos concentrar no significado do meio, aquilo que é naturalmente
proposto à mente. No entanto, na própria esfera em que nossa
interpretação é limitada, o pentáculo pode ser iluminado a partir de
dois dias muito diferentes, dependendo se é considerado de dois
pontos de vista opostos. [168]
O eremita sempre simbolizará o solitário; Mas este eremita pode
ser um homem sábio, ou um tolo.
Sábio, ele se isola em sua ciência e pureza; Envolto no bure de
sua virtude serena, ele enfrenta todos os contágios de fora. Mas
cheio de solicitude neste mundo imperfeito do qual ele se exilou, e
por consideração pelos olhos fracos que cegariam uma luz muito
deslumbrante, ele esconde três quartos da tocha do Verdadeiro sob
o manto de seu sacerdote, que prudentemente deixa filtrar apenas
raios enfraquecidos. Seu cajado de sete nós, — emblema do critério
infalível conferido ao iniciado pela inteligência do Grande Arcano, —
seu cajado representa a vara de Moisés, a varinha dos milagres, o
báculo do episcópio perfeito: é o cetro da unidade-síntese.
Outra versão: o louco mal protege a chama cintilante de sua pobre
lanterna, uma luz ilusória e decepcionante, que se apagaria pelo
menor sopro desse instinto coletivo das multidões, que tem o nome
de senso comum. É que o tolo povoou sua solidão com alucinações
fugazes como sonhos, e com criaturas mentirosas, a quem somente
sua vontade pode emprestar uma aparência de existência, sua
obstinação uma aparência de duração... Vegeta assim,
enclausurado num seminário de formas vãs e vazias, que toma
como realidade; confiando no falso dia de seu sistema a priori, do
qual a lanterna é o símbolo. A bengala? Será que ela não imagina
sua lógica maníaca, poderosa embora distorcida; A sua
irracionalidade, sempre sistemática, e os artifícios em que a sua
imaginação [169] se gasta, sem nunca se esgotar, a prolongar a
ilusão e a poder mentir para si mesma - com uma convicção de dia
para dia mais reforçada?...
Vamos falar sobre o louco primeiro, queremos dizer – o mago.
Este homem geralmente vive sozinho. Temido por alguns,
desprezado por outros, odioso para todos, a vida comum é um
tormento para ele; Ele se liberta disso o máximo que pode.
Mas sendo o estado da sociedade para o homem uma condição
normal, orgânica, quase absoluta de existência, o feiticeiro
dificilmente foge de seus vizinhos, entre os quais ele seria uma
exceção monstruosa, exceto para criar para si mesmo uma
companhia de seres condenados, suspeitos e hediondos como ele.
Essa é a principal razão dessas assembleias sempre excêntricas,
às vezes criminosas, que retratamos segundo a lenda144.
Não pode haver dúvida sobre a realidade real dessas reuniões
noturnas de criminosos e nigromans; em muitas ocasiões, a bruxaria
foi usada como pretexto e cobertura para pacotes menos pitorescos,
como observamos em outros lugares.145 Mas os seguidores que
não podiam ir à sinagoga em corpo iam para lá em espírito: tal
feiticeiro frequentava comumente os sábados, sem sair da cama ou
da poltrona. [170]
Em apoio a essa opinião, o filósofo Gassendi preservou para nós a
memória de uma aventura muito notável146, cujo alcance sem
dúvida não escapará a ninguém.
Enquanto caminhava pelo campo, ele viu um grupo de manants
furiosos arrastando brutalmente um pastor infeliz, amarrado em tiras
estreitas. Gassendi ficou comovido e foi inquirido. "Ele é um
feiticeiro", disseram-lhe, temido por todos pelos males que exerceu
sobre os homens e rebanhos. Nós o pegamos no ato de soletrar; A
partir desta etapa vamos entregá-lo ao magistrado.
O homem de ciência os dissuadiu fortemente: "Leve o sujeito para
a minha casa: eu quero ver. Quero questioná-lo um a um.
Os camponeses reverenciavam Gassendi, conhecida por seus
benefícios em todo o país vizinho. Eles tiveram o cuidado de não se
opor a esta ordem, e quando se retiraram:
"Faça sua escolha", disse Gassendi: "você confessará tudo, e eu
lhe darei a chave dos campos. Se você se recusar, a justiça seguirá
seu curso...
O homem, tremendo com um alarme tão caloroso, não mostrou
gosto em se familiarizar com Nossos Senhores do Parlamento:
naquela época, eles ainda estavam queimando pelo crime de
bruxaria. Então ele começou, sem hesitação, a mais estranha
confissão. [171]
Sou feiticeiro há três anos, senhor, e duas vezes por semana vou
ao sábado... É uma questão de engolir tão pouco quanto nada de
um extrato balsâmico. Por volta da meia-noite, aparece o Maligno,
disfarçado de uma cabra monstruosa ou de um gato gigante com
asas de escuridão; Ele voa para fora da chaminé, depois de
carregá-lo em seus ombros ...
"Você vai me dar este bálsamo", respondeu Gassendi sem se
emocionar. O experimento parece original; Quero arriscar... em
suma, pretendo segui-lo no sábado.
"Não importa, meu mestre! Eu tenho que ir hoje à noite; Vamos
andar em companhia.
Enquanto esperava a fatídica hora do medianoche, o pastor, mais
à vontade, deu ao estudioso uma descrição detalhada dos lugares
incultos onde Satanás convocou suas fezes; ele confessou a mais
indescritível devassidão, pintou acasalamentos ignóbeis e ágapes
selvagens. Agradeceremos ao leitor pelos detalhes que ele leu no
Capítulo II do Templo de Satanás , uma reedição desse tipo parece
inadequada; é realmente suficiente uma vez. No sábado, e
especialmente na imaginação poluída daqueles que vão para lá, de
fato ou em espírito, o obsceno disputa o grotesco, e o horrível com o
lamentável.
Na hora marcada, o sagaz filósofo recebia sem vacilar sua parte
do balsâmico eleitoral, que fingia tomar, no mesmo momento em
que o evadia. Seu companheiro absorveu sua consciência, e ambos
se deitaram no chão perto da chaminé. [172] O pastor logo
adormeceu de um sono rouco e muito agitado. Seu rosto
congestionava-se bruscamente, palavras incompreensíveis
exalavam de seus lábios, interrompendo sua respiração ofegante e
dolorosa com empurrões. Enquanto isso, sacudidas convulsivas
marcavam a clara intenção de lançar por via aérea... Gassendi
observou e observou enquanto ia.
Quando acordou, o pobre homem parabenizou o homem que seu
cúmplice agora estava cumprimentando, e o questionou com
volubilidade cômica: "Você não está encantado com a recepção do
bode Leonardo? Ele deve ter imediatamente reconhecido você
como um grande clérigo, para ter lhe concedido, desde a primeira
vez, a grande honra de beijar sua bunda... No caso supracitado, o
feiticeiro engole um eleitorado com mais frequência, dissemos,
esfrega o corpo de uma pomada147. [173]
É provável que nosso filósofo, surpreendido por esse experimento
improvisado, estivesse curioso para [174] tentar outro teste, desta
vez substituindo a pílula por um linimento, e o uso externo da droga
mágica para seu uso interno. De fato, se [175] se acredita que
Eusèbe Salverte, que relata o fato em seu livro de ciências ocultas,
Gassendi, tendo preparado uma pomada com ópio hase, "ungiu
camponeses a quem ele persuadiu que esta cerimônia os faria
assistir ao sábado. Depois de um longo sono, eles acordaram, bem
convencidos de que o processo mágico havia produzido seu efeito;
eles deram um relato detalhado do que tinham visto no sábado e
dos prazeres que ali tinham provado; História onde a ação do ópio
foi sinalizada por sensações. voluptuoso148."
Salverte também cita um experimento semelhante, sucedido por
um estudioso do
Século XVI: "Em 1545", diz ele, "uma pomada composta de drogas
sonolentas foi encontrada em um feiticeiro. O médico do Papa Júlio
III, André Laguna, usou-o para ungir uma mulher atacada com
frenesi e insónia. Ela dormia trinta e seis horas de cada vez e,
quando era despertada, queixava-se de que estava sendo
arrancada dos abraços de um jovem bondoso e vigoroso.149
Todos os livros de magia supersticiosos dão fórmulas de pomada
alucinatórias. A redação não varia muito. É sempre uma axonga
mais ou menos demonizada , amassada com extratos de plantas
narcóticas e pós afrodisíacos150. A absorção dérmica desta droga
proporciona [176] um sono profundo, atravessado por visões
luxuosas que vão ao ponto da loucura, sensações exasperadas que
simulam todo o contacto.
Tantas alucinações, provavelmente causadas pelo tóxico, mas, no
entanto, proporcionais à depravação mental do paciente.
Autossugestões inconscientes determinam a direção desses
sonhos impuros. Deve-se lembrar que, até o século passado, a
tradição clássica dos ritos sabáticos fixava suficientemente, no
imaginário popular, as várias fases desses conventículos
orgiásticos, para que o cérebro do sonâmbulo os traduzisse em uma
sequência de imagens das quais refletia a sequência, como um gelo
diante do qual toda a cena se desenrolaria.
No sono, qualquer ideia precisa evoca imediatamente a forma que
lhe é adequada na morfologia analógica. É um fato conhecido...
A palavra imaginação, lamentavelmente disfarçada, desviada de
seu significado original, parece ter sido criada por um seguidor. A
imaginação, que na Alta Magia ainda é chamada de translúcida ou
diáfana, é o espelho onde se chega a imaginar, a refletir em
imagens, as formas flutuantes na luz astral. A intuição é a arte de
contemplar (intueri), através dessas imagens evocadas no diáfano,
as verdades de ordem inteligível das quais elas podem ser
expressivas.
O feiticeiro que dorme do sono satânico pode assistir ao sábado
de duas maneiras muito distintas: ele pode trazer o sábado, evocar
as cenas; mas ele também pode ir lá, em corpo astral. Ele pode até,
se for uma verdadeira assembleia de personagens de carne e osso,
manifestar sua presença, ser visto e até tocado ...
Pois, independentemente dos fenômenos subjetivos, dos quais
são, de longe, os mais frequentes na bruxaria, às vezes há alguns
que apresentam certa objetividade: como os fatos da bilocação, dos
quais apontamos vários151.
Aqueles que leram nossos Ensaios de Ciências Amaldiçoadas
anteriores estão familiarizados com essas coisas estranhas do
Astral; além disso, o Capítulo I da presente obra [178] segue a
informação produzida anteriormente e a completa... Sem voltar às
generalidades que se encontram por toda parte, lembremos aos
curiosos que o mediador plástico do homem, ou corpo astral, —
esse substrato etéreo do corpo físico, em uma palavra o Perisprit
dos Doutores do Espiritismo, — pode ser metodicamente projetado
para o exterior, basta uma vontade firme e muito treinamento.
No estado normal, este corpo fluídico é invisível; Mas pode,
objetificando-se, compactar-se em uma extensão mais ou menos
acessível aos sentidos: que obedeça à vontade efetiva do adepto,
ou que esteja, em certas condições raras, determinadas pelas
variações da atmosfera hiperfísica da qual nosso planeta está
envolvido. Torna-se visível então, e até tem uma incrível resistência
ao toque. Sua compactação às vezes oferece a aparência perfeita
de estabilidade e coesão, que é peculiar ao corpo material, todos os
sentidos do observador estão devidamente impressionados ... E não
intervenhamos nesta famosa teoria da alucinação coletiva e
concomitante de todos os espectadores presentes. Esta é uma
hipótese admissível, admitimos, na presença de certas produções
falaciosas de nossos médiuns, quando uma pessoa distingue uma
forma precisa, que outra vê uma pequena nuvem cinza ou
esbranquiçada, a última absolutamente nada. — Mas, tendo em
conta factos como os que vamos recordar [179] para que fique
registado, tal hipótese merece apenas um sucesso de risos.
Você quer que tomemos Katy King como exemplo? Ninguém fica
sem ter ouvido falar do aparecimento deste fantasma, da sua
materialização positiva, obtida várias vezes por semana, durante
anos, não num teatro por um barnum, mas num laboratório de
química e por um dos mais ilustres cientistas reivindicados pela
Europa intelectual do século XIX, Sir William Crookes? Acadêmicos
quase em massa difamaram esse gênio e alguns até insinuaram
que ele era o companheiro da garota que servia como médium.
Os leites cientificamente observados, registrados e classificados
por M. Crookes na Obra que ele desenterrou há cerca de vinte anos,
Pesquisas sobre os Fenômenos do Espiritismo152, destroem a tal
ponto todas as categorias mentais de nossos pobres pedantes da
matéria, e perturbam tão bem de cima para baixo sua pequena
capela científica, traindo tanto a inadequação de seu método quanto
os critérios infundados, que os colegas do Sr. Crookes na Royal
Society of London entraram em pânico a ponto de se cobrirem de
eterno ridículo! a ponto de questionar a lealdade, até mesmo
suspeitando do estado mental do inventor que, além de suas
descobertas psíquicas, — conquistou |180] à ciência tantas certezas
maravilhosas!
Apenas alguns (convidados para a verificação científica dos
fenômenos, eles tinham visto, tocado, experimentado... e até
fotografou a aparição!) Alguns são os mais corajosos ou os mais
covardes? — apertaram os olhos quando se tratava de testemunhar
no bar de opinião: reservavam o seu juízo e recusavam a honra de
se pronunciarem.
E o grande químico, o que ele disse aos insultadores e aos
incrédulos? "Ah! Estou alucinado... E minhas balanças, minhas
câmeras e meus gravadores também estão alucinando?...
Mas, sem vergonha de encobrir sua derrota, sem uma palavra de
resposta a essa objeção decisiva, a lógica do Sr. Prud'homme
proferiu sua sentença nestes termos: ou este homem é um impostor,
ou ele é um , ou ele é um louco!
Portanto, este é o vosso salário, o pagamento obrigatório que vos
espera a todos, enquanto sois, bodes expiatórios da Santa Verdade,
profetas da nova Luz que ilumina o horizonte! Experimentadores
ousados, pensadores profundos, que, aplicando à hiperfísica
mundial os próprios processos da ciência positiva, estabeleceram a
base inabalável de um monumento sintético do conhecimento
humano e lançaram a pedra fundamental do Templo Augusto, onde
a hora será celebrada, – a hora está próxima! — a solene [181]
reconciliação das irmãs inimigas, Ciência e Fé!...
De fato, durante quinze anos, o horizonte das mentes não é mais o
mesmo; Os anéis de sentença de morte do materialismo agonizante,
a evolução mística é acentuada dia a dia.
No firmamento intelectual brilha uma magnífica pleiade: lux erit!
Muitos estudiosos de primeira ordem, convertidos à verdade
espiritualista (ou pelo menos à consciência de uma vida após a
morte) pela lógica de suas experiências memoráveis: Aksakoff na
Rússia, Crookes, Russell Wallace e Morgan na Inglaterra, Cari du
Prel e Zoellner na Alemanha, Edland e Tornebon na Suécia,
Lombroso e Chiaïa na Itália!... Na França, o eminente coronel de
Rochas queria ser saudado primeiro suas descobertas da fisiologia
oculta equilibravam as do grande químico inglês; Vamos também
nomear o Dr. Gibier, o Dr. Baraduc, o Sr. Charles Richet e o Sr.
Marillier, e teremos mencionado apenas um pequeno hombre dos
mais notáveis deles.
Mas quando William Crookes publicou com uma caneta destemida
os resultados de sua pesquisa, ainda foi – pelo menos na Europa –
algo inédito e escandaloso, que uma celebridade científica como ele
deu no estudo das forças ocultas e ousou experimentar espectros e
"Espíritos"153. Houve um alvoroço. O estudioso não vacilou. Ele
confirmou seu relato. [182]
"Para ter certeza de que ela era uma mulher de verdade", insiste
Crookes, "uma mulher em carne e osso, consegui que Katy King a
tomasse em meus braços!...
No entanto, sempre indulgente e propício a todos os controles,
essa Katy King materializou-se do zero aos olhos de Crookes, e
conversou familiarmente com ele e com os visitantes que ele admitiu
em seu laboratório: ela compactou instantaneamente, enquanto seu
médium, em um estado de catalepsia absoluta, estava deitado em
um tapete ou em um sofá.
No Fakirismo Ocidental154, um livro muito curioso [183] muito
corajoso, corajosamente pensado, delicadamente escrito, o Dr.
Gibier dá a reprodução fototípica das fotografias obtidas por William
Crookes. Um dos testes nos mostra agrupados, todos os três
perfeitamente distintos, o estudioso, o fantasma e o médium. Além
disso, a médium era uma criança parda, bastante delicada e de
estatura média (Miss Cook), e Katy, muito mais forte e alta, tinha
cabelos "castanhos dourados". Crookes cortou um fusível, que ele
mantém, como uma evidência bastante eloquente e uma prova
peremptória dessas materializações. Eis textualmente o que escreve
o grande químico: "Um enrolamento do cabelo de Katy, que está lá
diante dos meus olhos e que ela me permitiu cortar no meio de
suas tranças exuberantes, depois de tê-lo seguido com meus
próprios dedos até o topo de sua cabeça e ter me assegurado de
que ele havia crescido lá, é de uma rica castanha dourada." 155
anos
Não, o ilustre inventor do estado radiante não é nem um impostor
nem um alucinado.
Resta a hipótese do engano do qual o Mestre teria sido o
enganador... Perguntamos, é permitido por um momento que um
homem do peso do Sr. Crookes, um investigador científico deste
experimento, um cientista desta competência [184] em física e
química, tenha se deixado brincar, enganado, desprezado por uma
falta ingênua, uma criança tímida de quinze anos? E tocar várias
vezes por semana, durante anos, quase sempre em seu próprio
laboratório, no meio de seus instrumentos experimentais de controle
que não denunciaram nenhuma fraude; na presença de amigos
igualmente competentes, inacessíveis a qualquer ilusão dos
sentidos e que viram como ele!
De nossa parte, acreditamos na realidade desses fenômenos,
como se os tivéssemos testemunhado; Consideramo-los
cientificamente verificados. Mas como nunca tais fatos ainda
ocorreram diante de nossos olhos, reservamo-nos o direito de
fornecer a teoria oculta mais tarde. — O que pode ser esta teoria,
senão o desenvolvimento lógico e a dedução das consequências
mais extremas, daquilo que nos serviu e ainda nos deve servir para
explicar os chamados fenómenos fluídicos, — bilocações,
duplicações, contribuições, objectificações incompletas, — como
nós próprios vimos e estudámos várias?
Mencionamos anteriormente a faculdade que cada um possui em
poder e pode realizar e desenvolver em si mesmo pelo duplo
esforço de sua vontade perseverante: conhecer, operar a duplicação
do homem interno e do homem externo, do ser essencial e de sua
veste terrena. Assim, sob o impulso da vontade, o perispírito ou
[185] duplo envelope sideral, fluídico da alma, pode projetar-se para
fora do organismo físico, dirigir sua locomoção, transferir-se para os
lugares mais distantes e até condensar-se a ponto de afetar
normalmente os sentidos materiais; enquanto o corpo, deserto,
permanece em catalepsia, ou pelo menos é animado apenas por
uma vida automática e de alguma forma vegetativa.
Em alguns casos, este último até oferece o exame dos sintomas
de uma morte recente: o calor cai muito visivelmente; A respiração
cessa e o coração não bate mais, ou é tão fracamente que essas
duas funções se tornam imperceptíveis para o ouvido mais bem
exercitado.
Isto é o que os ocultistas chamam de uma saída no corpo astral.
Tão longe como ele voou de sua prisão de carne, o Perisprit
permanece ligado a ela por uma cadeia simpática de tenuidade
requintada; Este cordão umbilical é o único elo que ainda liga à sua
matriz objetiva a alma humana (cujo perispírito é apenas o envelope
fluídico e a parte menos purificada). Ao apertar subitamente a
cadeia, o corpo fluídico pode reintegrar o corpo material; Mas se a
corrente se rompe, a morte chega instantaneamente, um relâmpago,
como se seguisse a um aneurisma rompido.
Esta experiência é um assunto sério; Não importa quantas
precauções tomamos, ela nunca tenta sem perigo.
Primeiro, o Periscoprit em estase de condensação, que [186]
encontra um ponto de metal no caminho, está seriamente
ameaçado: se sua substância central for quebrada, o coagulado se
dissolve e a morte é certa. No caso em que o objeto agudo se limita
a tocar a periferia, uma parte significativa de sua vitalidade é
subitamente atraída por ele, como a eletricidade de uma nuvem pela
ponta de um para-raios. O corpo astral corre o mesmo risco,
portanto, que o corpo material após uma hemorragia abundante –
síncope.
Mas outros perigos, de uma ordem mais estranha e misteriosa,
ameaçam o pesquisador atordoado que se aventura a tentar uma
projeção de sua sideeralidade, sem ter se cercado de todas as
garantias anteriormente exigidas, para realizar um experimento tão
formidável ...
Deve-se admitir que, – mago ou feiticeiro, – aquele que nela
consegue realiza em si mesmo uma obra-prima de equilíbrio, ou
melhor, resume em sua pessoa uma antinomia incomparável. Morto
e vivendo junto, ele sofre duas condições contraditórias: o objetivo
ou terrestre e o subjetivo ou póstumo.
Durante o sono, é verdade, cada ser conduz essas duas
existências simultaneamente; O corpo astral, exausto pelo gasto
nervoso sofrido durante a vigília, exterioriza-se, pelo menos
parcialmente, para mergulhar no oceano coletivo astral e estocar
novas forças. Mas, além do fato de que, neste caso diário, o corpo
astral dificilmente se afasta de seus restos [187]156 e nem mesmo o
deixa, — como um tímido banhista agarra as mãos aos galhos da
costa, a fim de enfrentar sem perigo a força da corrente, — deve-se
notar que o ser abmaterializado pelo sono não se esforça para
compactar sua substância longe para torná-la visível. Ora, o perigo
das saídas astrais recai sobre tudo nesta fase de condensação, que,
exigindo em um ponto distante a assistência e o esforço de toda a
vitalidade disponível, tem a primeira consequência de secar
completamente o corpo físico, esvaziar suas últimas reservas de
força nervosa e reduzir à tenacidade mais destituída o vínculo
simpático intermediário. Finalmente, o ser adormecido obedece ao
instinto comum, que o guia infalivelmente nas estradas achatadas
da natureza, o ocultista, ao contrário, na fase de bilocação, finge
dirigir sua tentativa de acordo com sua inteligência às vezes
inexperiente e sua vontade muitas vezes imprudente.
É, portanto, deste último que estamos a falar neste momento. Ele
conscientemente despiu sua veste de carne, e corre para a frente,
levado em direção a uma meta prefixada pela carruagem sutil de
sua alma, diria um discípulo de Pitágoras, para o grande filósofo
assim chamado [188] o corpo luminoso, o duplo etéreo do corpo
físico157.
Vamos primeiro dizer os perigos que abordam o corpo astral nu.
Que perigos (talvez mais assustadores) ameaçam o corpo material
deixado vazio e inerte? É isso que vamos então expor.
Assim que sai do envelope objetivo, o Periscoprit é atraído para a
deriva das ondas torrenciais que circundam o planeta com seus
vórtices, é o Maelstrom fluídico158; é o vórtice onde Nahash? hn, a
Serpente de Ashiah hy?u, é amada; é o veículo estrondoso de
todos os possíveis que gostariam de ser, de todas as virtualidades
subjetivas ansiosas por se objetificar, de todas as almas das
diferentes hierarquias hierárquicas impacientes para encarnar... Se
o corpo astral não consegue atravessar este rio impetuoso, ou pelo
menos se dirigir para ele, ele está perdido.
Ele deve saber triunfar sobre a sucção de Iônah, da opressão de
Herebe: resistir às duas forças centrífugas e centrípetas;
manifestações dos princípios ocultos do Espaço etéreo e radiante,
onde o influxo da Vida é exercido, e do Tempo devorador e sombrio,
que governa o refluxo da Morte! [189]
A Luz astral rola em suas ondas as mais repulsivas, as mais
terríveis, as mais monstruosas miragens animadas que o medo, o
ódio ou alguma paixão viva de repente invade a alma na produção
sideral, o vínculo se rompe e a alma não pode mais retornar.
Isso não é tudo. Se formos acusados de loucura, queremos dizer
tudo.
O veículo da potencial objetividade pendente está, portanto, cheio
– e insistimos nele, de formas às vezes horríveis, que o pincel de
Goya seria impotente para render em todo o seu horror. Esses
espectros, sobre os quais falaremos novamente, – seres sombrios
ou brilhando com um instinto vago, semiconsciente e de inteligência
limitada como muitos Elementais e até Elementais, ou brutais e
inconscientes como as Larvas propriamente ditas, – querem a todo
custo encarnar que são os Lêmures de todos os tipos.
Você imagina esse rio torrencial de existência subjetiva?159 Esses
lêmures rolam ali, levados pell-mell com as almas para nascer... —
Aqui e ali pequenos vórtices são formados no apito alto, rápidos
para resolver depois de uma parada repentina. É [190] um ser que
acaba de se objetificar encarnando: passou do poder à ação.
Como? — Ou animando o óvulo fertilizado de uma fêmea animal
de sua raça: o fantasma tornou-se um embrião; Sua virtualidade de
externalização progressiva é exercida de acordo com as normas, e
determina sua forma orgânica no padrão da faculdade plástica que
lhe é própria: após uma gestação mais ou menos longa, ela nasce,
encarnada em uma forma adequada à sua natureza, análoga e
proporcional ao seu verbo interior. Esta é a regra para as almas em
todas as hierarquias terrenas. — Ou apressando-se numa efígie
material, ainda viva, mas atualmente abandonada e vazia: as
Larvas, desprovidas, como diremos, de princípio mórfico e de
essência individual, (incapazes, em sequência de se construírem em
corpos), usam sobretudo este modo de encarnação de surpresa...
Compreendemos o alcance dessa possível abominação? O
experimentador imprudente, quando quer reintegrar seu corpo, pode
encontrá-lo ocupado por uma larva, que se estabeleceu lá, tomou
posse dos órgãos, fortaleceu-se lá, por assim dizer.
Então, de quatro coisas, uma:
Ou o ocultista consegue expulsar o inimigo e toma o lugar do
assalto; esta é a única chance de salvação.
Ou, depois de desalojar o intruso, o cansaço da luta já não lhe
deixa a força para reintegrar o seu organismo; e isso é a morte.
Ou ele retorna sem ter sido capaz de expulsar o fantasma; [191]
deve decidir viver em partilha com ele; daí a loucura, a monomania
ou, pelo menos, a posse.
Ou é a Larva que permanece mestre do campo de batalha;
doravante vegetará neste corpo, e isso é idioticismo.160
.................................
Se você é sábio, amigo leitor, você pode tomar essas poucas
linhas para o relato de um pesadelo que você estará certo em
encolher os ombros para as revelações que elas contêm; pois eles
expressam uma realidade apenas para os imprudentes que tentam
a Deus e desafiam a Natureza, a ponto de aspirar a descer vivos ao
Reino da Morte, e depois retornar à vida terrena, depois de terem
bebido em um copo mortal a água adormecida do Estige, misturada
com as chamas líquidas do fleetona. [192]
Nos santuários da magia antiga, atrás do altar dos deuses
imortais, os Magos, purificados por santas abluções e austeridades
rígidas, poderiam, sob o olhar paterno do hierofante, realizar, quase
sem perigo, esta obra psicúrgica. Foi até mesmo o teste final de
iniciação nos mistérios de Ísis: uma espécie de morte seguida de
uma ressurreição milagrosa, e o vencedor do julgamento foi
nomeado diante do povo: aquele que vive apesar da morte. Ainda é,
na Índia, um dos significados secretos atribuídos ao título de Dwidja
Iniciado, ou nascido duas vezes.
Mas tantas garantias acumuladas em torno do neófito! Muitas
vezes ele não ia sozinho; mas um Mentor acompanhou e guiou este
Telêmaco de mistério, em sua jornada para as bordas escuras.
Então, sete magos experientes161 fizeram a cadeia simpática ao
redor do corpo do ausente; A qualquer momento, se o perigo se
aproximasse, eles poderiam, com um esforço, lembrar essa alma da
existência.
O dragão de fogo que guarda a porta dos mundos além foi
evocado apenas sabiamente: era conhecido [193] por moderar o
choque de sua aproximação e o abraço assustador de seu beijo.
Quanto às larvas (que se tornam fosforescentes com olhos
clarividentes, quando ganham a rotina de uma encarnação
iminente), tomou-se o cuidado de dispersá-las com o instrumento
necessário162, de acordo com os ritos.
Além disso, envolto em um vasto casaco de lã que foi dobrado três
vezes sobre ele, o corpo cataleptizado descansou em um estado de
isolamento salutar: em nenhum caso corria o risco de ser invadido
ou possuído163. Pensa-se bem que, como resultado dessas
pinturas, o [194] permanece bastante desinteressante, não vamos
entregar a fórmula do gergelim, aberto, que dá acesso ao mundo
astral.
Pensamos que já dissemos basta.
Limitemo-nos a mencionar para o registro a existência do vampiro
e do lobisomem, duas formas particulares da bilocação mágica, ou
Saída no corpo astral. O estudo desses fenômenos se encaixará
perfeitamente no VI e
VII Capítulos, intitulados, um: A Morte e seus Arcanos, e o outro:
Magia das transmutações. Ainda temos que tocar em outros
mistérios, mais logicamente atribuíveis a este capítulo.
A solidão gera todos os fantasmas, e os amigos fantasmas
cultivam a solidão.
Aqueles que se fecham em retirada por ódio ao próximo,
obedecem a esse egoísmo radical (reflexo de Nahash), que os
hindus designam sob este termo Tanha164. Este é o princípio de
toda aberração e perversidade; A perdição está no fim.
O mago da luz também busca voluntariamente a solidão; Mas é
para melhor escapar disso... Isso soa como um paradoxo; Não é o
caso.
Quando o mago resolve quebrar seus apegos mundanos, é porque
para ele a multidão é um deserto [195] feito de multidões, e que ele
decidiu viver na comunhão dos santos, ou elevar-se, na apoteose do
Espírito, ao sublime estado de serenidade onisciente em Deus, bem
conhecido pelos hindus sob o nome, tão caluniada quanto
incompreendida no Ocidente, do Nirvana.
Não há meio termo: abstrai-se da humanidade apenas para viver
com Deus – ou com Satanás.
Assim, os antigos Sábios diziam da solidão que o homem está
fortemente imerso nela, e agora se apega a ela à sua maneira, reto
ou tortuoso; em uma palavra, se vem Espírito de luz ou escuridão.
Nada poderia estar mais longe da verdade. Na solidão, de fato, a
pessoa vive face a face com seu Karma. A atmosfera secreta dos
lugares desertos, que uma saturação perpétua de vontades
antagônicas não neutralizou, banalizou, cansou, por assim dizer, —
tal atmosfera é essencialmente receptiva a um verbo, seja lá o que
ele sede: o menor pensamento, a menor vontade, o menor desejo
estão impregnados na substância eficiente do Aôr; Eles se
desenvolvem e se manifestam com uma intensidade maravilhosa.
São todos seres potenciais, gerados dia após dia, de acordo com
os caprichos do pensamento e das aspirações, e que exercem a
longo prazo sobre seu autor uma influência de repercussão, da qual
ele mesmo não suspeita. Pois, na maioria das vezes, ele tem
experiência apenas da vida usual e mundana.
Agora, no curso da existência comum, as trocas perpétuas [196]
de fluidos, ideias, vontades, marcas em uma personalidade
variações em sua caminhada, flutuações em seu ritmo, hesitações
em seu pensamento... Não são nem mesmo as convicções mais
assíduas, que não modificam pouco para a pilha o sopro das
atmosferas. O atrito desgasta e poli imperceptivelmente as bordas
das individualidades mais angulares.
Mas na solidão o homem não é diretamente influenciado de fora;
Seu próprio pensamento, sempre retirando-se em si mesmo,
repousa ali com complacência e reflete sobre ele com intoxicação:
assim o solitário afirma inabalavelmente sua caminhada, na direção
em que seus hábitos cerebrais o levam.
A partir dessas observações, podemos induzir um apoftegma, que
é aquele isolamento absoluto, que tempera o caráter, não amplia a
inteligência; Um é indomável lá, – incorrigível também.
Uma lenda rabínica apresenta as Larvas como os filhos da solidão
de Adão, sonhando com a mulher arquetípica, antes que o Senhor
tivesse duplicado o homem primitivo, para dar à luz Eva. Efialtes
coletou o testemunho dessas aspirações confusas e deu-lhes uma
forma...
Esperamos ser ouvidos. Paracelso, por sua vez, ensina que esses
tipos de fantasmas são gerados abundantemente, sempre que
roupas poluídas são deixadas para secar ao sol. A este respeito, a
sua escola limita-se a reproduzir a opinião [197] dos antigos
hierofantes, uma lei religiosa expressa que proibia os povos da
Grécia de expor panos manchados de sémen ou sangue menstrual
à chama da lareira165.
Seria errado acreditar que essas proibições eram infantis, essas
precauções são vãs: o sangue é um líquido misterioso; Ela
transborda com uma vida enfática e expansiva que é rápida em
assumir todas as formas concebíveis assim que se espalha o
veículo. Matadouros e anfiteatros tornaram-se, hoje em dia,
seminários de larvas sem nome, não desejamos que os cépticos
envenenem a sua atmosfera individual frequentando estes lugares,
todos repugnantes com fantasmas sangrentos; Quantos casos de
loucura e epilepsia não têm outra origem!
A ideia é a inteligência do que o sangue é para o corpo; também
cogitações apaixonadas geram espectros em abundância,
pensamentos libidinosos desenvolvem fantasmas de luxúria; o
ressentimento inconfessado do ciúme determina obsessões vivas,
que reacendem a ferida dos corações invejosos; [198] As
aspirações delirantes do orgulho geram larvas inspiradoras de
vaidade nunca satisfeitas..., e assim de outros vícios.
Tais são as larvas apaixonadas e mentais, que, em vez de se
gerarem no nimbus exterior, como seus congêneres de origem mais
material, se desenvolvem na própria substância da alma! Este
último, como regra geral, evacua-os à medida que avançam,
empurra-os de volta para a atmosfera fluídica individual. No entanto,
a alma às vezes não pode eliminá-los todos, quando eles são
gerados diariamente e em abundância, então, essas produções
doentias se amalgamam, por um lado, com a substância do corpo
sideral, por outro com a da própria Psique, que eles perturbam,
engrossam e modificam a longo prazo. Veremos no capítulo VI, A
morte e seus arcanos, como eles se tornam, no final da existência
terrena, os torturadores da alma, mesmo antes que o tormento da
segunda morte tenha começado para ela.
É apenas uma questão, neste momento, das larvas evoluindo na
atmosfera nimbus ou oculta de cada indivíduo, independentemente
de sua natureza e origem. Nem todos eles são igualmente
assassinos, mas todos são prejudiciais, na medida em que alienam
a liberdade do homem e limitam suas potencialidades de querer e
agir. Sua reação mais habitual sobre seus perpetradores se reflete
no hábito, essa forma menos inócua de escravidão em todos os
graus do que se pode acreditar. Os casos em que vemos o hábito
degenerar em obsessão denunciam, [199] quase certamente a
tirania das larvas de origem corporal, animica ou mental.
Essas várias criações aóbicas são a consequência fatal e a
punição justa de todas as bobagens do corpo, da alma e da mente.
Eles vivem, essas coagulações do lúmen astral; mas é à custa do
que os gerou, e que deve alimentá-los, como Elifas marca muito
bem,... de toda a seiva de seu coração e toda a substância de seu
cérebro: eles o obcecam, o assediam e o vampirizam
impiedosamente. — E se ele pede aos livros da sabedoria
tradicional uma maneira violenta de se libertar deles, ainda é,
infelizmente! por sua conta e risco; porque uma solidariedade tão
íntima o une a esses filhos de seu delírio, que ele é propenso a ferir-
se espalhando-os. Trataremos dessas repercussões e efeitos
mútuos do lobisomem, cuja realidade é muito indiscutível.
Os médiuns são, em sua maioria, pobres valedictorianos,
costumeiros sem saber de um verdadeiro onanismo cerebral, e que
caminham na vida, escoltados e obcecados, muitas vezes
devorados vivos por essas larvas: coagulam apenas exaurindo-as,
pois é delas que tomam emprestada a substância plástica de que
precisam, para se objetivarem e se tornarem sensíveis.
Em suma, estes são os verdadeiros demônios; porque os espíritos,
mesmo os mais profundos [200] afundando no abismo da
perversidade, não são inteiramente maus; enquanto essas larvas –
caretas mentirosas do Ser, blasfêmias incoerentes da vida universal
– são invariavelmente prejudiciais e desprovidas de qualquer
consciência: seria, portanto, permissível ver nelas manifestações
equívocas do abstrato chamado Diabo ou Satanás.
Formando, por assim dizer, tantos apêndices vampíricos do
homem cuja atmosfera sideral eles preenchem, eles vivem de
acordo com sua vida, e a aparência de inteligência que eles fazem
aparecer em casos muito raros, são, além disso, e só podem ser
reflexos vagos de seu pensamento.
Era muito difícil confundir essas larvas – nas quais os Cabalistas
vêem apenas cascas, berbigões (córtices, Kliphôth topylk) – com as
essências espirituais mais ou menos obscuras na noite da matéria,
que flutuam arrastadas e jogadas para as torrentes reprodutivas dos
três reinos inferiores: mineral, vegetal, animal.
Compacções da luz ao azul (Aôbôth toboa), as próprias larvas são
substâncias desprovidas de entidade individual. Parasitas como o
visco de carvalho,166 eles existem apenas por outros: venha a
sentir falta deles esse suporte ontológico167, eles entram no Não-
ser, do qual eles [201] são como manifestações, nós diríamos Anjos,
Messias.
Eles se prendem à maneira de sanguessugas; mordem a
sideeralidade de um ser real, alimentam-se dela, bombeiam sua
vida emprestada e sua virtualidade de objetificação efêmera; e,
desprovidos de que sejam de seu próprio tipo essencial, de um
padrão genérico sobre o qual modelar uma forma, – eles são
concretizados no padrão sideral do ser do qual eles também se
tornam os reflexos animados, os apêndices lemurianos, as miragens
furtivas ...
Uma larvé em sua atmosfera, – é para você o fantasma de um
sósia muito vago ...; mas de um sósia que o irrita fisicamente e o
esgota, sacode sua moral e o depriva, o debilita para o intelectual e
o embrutece! É para você uma ventosa sempre ansiosa por
substância viva, uma vulva apontada sem trégua para o falo de seu
intelecto, uma receptividade que aspira a todas as horas, apropriar-
se deles distorcendo-os, os verbos viáveis aos quais sua mente
pode dar à luz.
A potencialidade absorvente, que as larvas implantam tão
poderosamente, é a característica da substância mercurial negativa
(Aôb), que serve como seu veículo e da qual são as coagulações.
Espantemo-nos agora com esta anomalia, um problema até agora
insolúvel para os fisiologistas, refiro-nos à relativa inofensividade,
até mesmo abusiva, em relação à pronta decadência, [202] física e
mental, onde caem aqueles que se entregam a vícios solitários... —
Mistério da solidão.
O que se pode dizer da frequência destas doenças de languidez
tão rápidas, e destes consumos de relâmpagos, que arrastam em
poucos meses para o túmulo o homem mais vigoroso, a mulher
mais excelentemente constituída, em casos de confinamento
solitário? — Sempre Mistério da Solidão.
Todos esses seres são vítimas, seja de uma invasão, seja de uma
geração espontânea de larvas em sua atmosfera fluídica...
As larvas aparecem os micróbios, os bacilos, os vibrios do
Invisível, – e seríamos tentados a acreditar (se não fosse por seu
defeito de entidade e forma adequada), – que eles encarnam para
servir como almas vivas para esses legionários infinitesimais da
Destruição.
As larvas podem ser consideradas como agentes letíferos,
Poderes de dissolução que emanam de Hereb168, ou, mais
geralmente, dos missionários de Naás.
Competindo em inconsistência com esse Ser formidável, eles
participam de sua natureza ambígua [203], ilusória e ainda real169,
intermediária entre o consciente e o inconsciente, flutuando e jogada
do ser para o não-ser.
Assim, o mau solitário, ou feiticeiro, gera em massa, na chance de
sua irracionalidade, ao capricho de seus impulsos apaixonados,
esses parasitas vampíricos, dos quais ele é fatalmente condenado a
morrer roeram as larvas.
Mas o bom solitário, ou Mago, operando na plenitude consciente
de seu intelecto e livre arbítrio, metodicamente dá à luz seres
potenciais, sempre benéficos, às vezes conscientes e inteligentes.
"Todo pensamento é uma alma",170 diz Mejnour, em Zanoni.
Veremos em outro lugar como tal produto de nossas volições pode
se tornar um ser perfeitamente definido, como resultado de sua
fusão com um Elemental171... O mago é um verdadeiro criador
[204] dentro dos limites de sua esfera de ação, uma vez que produz
e desenvolve, como o Ser Supremo, emanações de seu verbo,
poderes eficientes de Caridade, Ciência ou Luz.
Alguns místicos chamaram esses Poderes de Anjos do Baixo Céu.
Devemos confessar aqui que o feiticeiro, se ele se juntar à
perversidade algum vigor de inteligência e, à vontade, também pode
evoluir seres reais, verdadeiros demônios.
Benéficos ou maus, esses seres formam uma classe à parte;172
eles são, para dizer a verdade, algo diferente das larvas
propriamente ditas.
Geradas por instinto cego ou paixão desordenada [205], as larvas
não têm consistência ontológica; — por outro lado, os seres
produzidos pela inteligência livre e reflexiva possuirão uma
substância psíquica – boa ou má – e estão sujeitos a levar uma vida
própria, combinando com um Emmental.
No entanto, por extensão, os ocultistas muitas vezes chamam as
larvas de todas as substâncias lemurianas que não desfrutam de
uma consciência clara, ou uma personalidade clara.
Observemos uma coisa de passagem, sobre as aparições em
geral.
Quando os lemurianos são condensados em fantasmas, eles
temem as pontas das espadas e fogem de qualquer objeto
pontiagudo, susceptível de minar sua coagulação fluídica e dissolvê-
los extraindo sua vitalidade; (Lembramo-nos do que afirmamos
acima, sobre o corpo astral ab-materializado).
Os Lemures então perecem inteiramente, ou eles só perdem, com
seus corpos efêmeros, os meios de se manifestar? Não é isso que
precisa ser esclarecido neste momento.
Seja como for, pode-se dizer que qualquer fantasma, de onde quer
que venha e de onde quer que venha, desaparece
instantaneamente, quando uma ponta de metal
seção transversal173. A dissolução é por vezes sinalizada, [206]
como em Cideville, por um fenómeno electromórfico, uma faísca
seguida de alguma perturbação atmosférica ... Se o espectro
cravado não se dissolveu, a visão é puramente alucinatória; Esse
critério de objetividade fantasmagórica é certo.
Para nos limitarmos às próprias larvas, elas carecem, apontamos,
de tipo genérico e, portanto, de forma que lhes pertença por direito
próprio. Isso é tão verdadeiro, que eles se determinam exatamente
no modelo dos indivíduos que assombram174; —muito mais,
variando em contorno [207] com uma flexibilidade inconcebível, eles
mudam para o padrão fugitivo de seus pensamentos.
Eles mudam a atmosfera fluídica? Eles rompem com um ser para
obcecar outro? — É uma mutação de forma instantânea, sua
natureza de macaco imediatamente se curvando à semelhança de
seu novo pai adotivo. Para coagular e assumir uma figura visível,
eles tomam emprestada deste último a substância biológica
necessária: de modo que o ser obcecado sente uma súbita
impressão de frio penetrante, e até mesmo está ciente de uma
perda vital bastante perceptível.
É o caso do médium que se esforça para produzir fantasmas
astrais em público. Sua vontade, sendo inteligente para modificar a
aparência desses coagulados, ele sabe, se devidamente treinado,
para vesti-los em todas as formas que ele pára em sua imaginação.
Revelar uma mão, um pé, uma cabeça, a aparência de um animal,
ou mesmo a de objetos de qualquer outra natureza, como um
móvel, um carafe, um buquê, tudo isso, para alguns médiuns
extraordinários, é apenas um jogo.
Essa magia das transmutações toca muito de perto, por um lado,
os mistérios da Licantropia, por outro os da Palingênese; apenas
uma nuance a distingue: os fenômenos da palingênese e da
licantropia são reduzidos a modalizações do duplo etéreo de um
animal ou de uma planta; enquanto o corpo astral não é um ator,
mas um instrumento, no esboço de formas externas [208] por
coagulação de uma larva; Ele só desempenha (como o próprio
nome de mediador plástico indica), um papel de intermediário entre
a vontade do médium e o ser do lêmure que constitui o apêndice
fluídico deste último.
Os médiuns dessa força não são legião. O maior número se
contenta em transferir uma certa dose de força psíquica e saturar
seu nimbus, onde os Nativos do Astral (sobre os quais falaremos em
breve) vêm se manifestar e brincar. Os Elementais, e muito
raramente os Elementais, que atraem esse banho de vida
extravasada, então entram em comunicação com os assistentes e
voluntariamente se colocam em gastos de fenômenos fluídicos.
Entre esses invisíveis, no entanto, há alguns mais sábios e menos
pródigos, que, não ignorando o que é consumido com força nervosa
em tais jogos, poupam o médium, a fim de não secar nele a fonte
complacente da qual sua sensualidade é regada. Eles desfrutam
dela o maior tempo possível, mas não têm o cuidado de abusar
dela; e, para prolongar o prazer, entreter o círculo de espectadores
espíritas por infinitas confidências, das quais (da melhor fé do
mundo) a reação imaginativa do "intermediário dos espíritos" pagará
todos os custos: e o médium a fazer sua caneta gritar, e o médium
às encarnações multiplicar suas pantomimas e ventríloquos,
durante sessões que nunca terminam!... Além disso, presume-se
que os Invisíveis de fora não se descuidem, a fim de obter "efeitos
físicos [209]", para aproveitar as Larvas que povoam o nimbus
hospitaleiro do Evocador.
A maioria dos médiuns, procedendo pela objetificação das larvas
ou pela evocação dos Elementais (conscientes ou não), são
deixados para um pouco de fadiga, exceto para pagar caro um dia
tal colaboração. Alguns raros, nos quais podemos ver ocultistas
intuitivos, procedem apenas por saídas em corpo astral, parcial ou
completa. Em vez de sofrer a escravidão dos pobres possuídos que
as larvas devoram vivas; Em vez de sequer pedir ajuda aos gênios
caprichosos dos elementos, eles preferem tomar sobre si os custos
dinâmicos e os perigos imediatos da experiência, mesmo que isso
signifique cair, durante esta última, em uma segunda condição ou
mesmo catalepsia175. Assim, eles fazem contribuições de objetos
materiais, e conseguem distender sua sideeralidade até produzir
todos os fenômenos onipresentes, – onde, sem dúvida, sempre se
destacarão os magos negros e os passivos da medianidade, que
não passam sem a implantação de toda uma legião de larvas ou
elementais.
Vamos mencionar aqui aqueles chamados médiuns cujo talento é
reduzido às sutilezas de um esquadrão? Não se pode advertir o
suficiente contra [210] esses falsificadores, engenhosos para todas
as falsificações fenomenais.
Será que nos lembraremos da mania comum a tantos médiuns
excelentes, de que vemos a evidência de fatos convincentes a um
certo compromisso, por uma mistura deplorável com fenômenos
descaradamente e às vezes grosseiramente simulados? Fizemos
nossas reservas em outro lugar176 sobre esse assunto,
desvendando a verdadeira causa de um charlatanismo tão frequente
que reside na obstinação soberba dessas pessoas gloriosas, que,
colocando sua autoestima para dar o troco em uma doença na qual
vêem seu controle, encontram-se encurralados ao engano e
forçados a compensar o melhor que podem pelas intermitências
desse Agente que os esgota, e que eles chamam de sua força.
É apropriado ressaltar, de fato, que a faculdade de exteriorização
fluídica não é normal no homem, em seu atual grau de evolução.
Esta faculdade excepcional se desenvolve espontaneamente, ou é
adquirida pela perseverança do esforço. Espontâneo, devemos ver
nele o efeito de uma doença real, que já é mencionada no volume
anterior177, e da qual nossos leitores devem entender nesta hora a
causa provável e a origem ... Uma doença muito invejada, em todo o
caso, e de bom grado [211] falsificada por aqueles que não são
afetados por ela.
Para um médium consciente e deliberadamente ativo; para dez
médiuns leais e seguros que são estritamente passivos, encontra-se
talvez trinta industriais duvidosos e cinquenta esquadrões
desavergonhados.
Este, além disso, é o selo de fenômenos não simulados, que um
observador experiente só pode interpretá-los mal, colocando boa
vontade neles.
Exploradores, neste capítulo, dos mistérios da solidão, temos
insistido particularmente na natureza desconcertante das larvas
fluídicas, companheiras calamitosas de qualquer ser humano que
teimosamente, insociável e fanático, viva isolado. A voz unânime
dos primeiros séculos cristãos designa a Tebaida como a lendária
pátria das aparições e miragens: e a famosa gravura onde Jacques
Callot gravou a Tentação de Santo Antônio seria uma contraparte
muito adequada à pitoresca e infelizmente bastante rara placa do
Sábado dos Feiticeiros, da qual Pierre de Lancre poliu a segunda
edição de sua Mesa da Inconstância dos Anjos Maus. (Paris, Buon,
1613, em 4°).
As larvas são, por excelência, os espectros da solidão. Mas no
reino do Astral abundam outras raças de seres espirituais ou
pseudoespirituais, susceptíveis de se manifestarem transitoriamente
aqui em baixo, pelo ministério do médium. [212]
Alguns são, por assim dizer, os nativos do Astral; outros ficam lá
apenas de passagem. Alguns aparecem lá apenas
excepcionalmente, como missionários ou como embaixadores. Será
tratado de cada um em seu lugar. No entanto, a esta hora, uma
classificação sumária não parece irrelevante.
Os principais nativos do Astral178 são: 1° as Miragens errantes, —
2° os Elementais, — 3° os Elementais, — 4° as Sombras, — e 5° os
malvados Daimones. Pode-se também classificar nesta classe as
criações vivas da Inteligência e da Vontade humanas,
nomeadamente os Conceitos vitalizados, a maioria dos Poderes
coletivos e as Dominações Teúrgicas (falsos deuses).
Os Passageiros Astrais são as Almas Humanas, por assim dizer,
aguardando a encarnação.
Finalmente, os seres que aparecem neste reino inferior da
natureza apenas para cumprir uma missão, são as Almas
glorificadas e os Anjos Celestiais.
I. — O apócrifo dos oráculos de Zoroastro vaticina de um fogo
saltitante, configurativo e plástico; de um fogo cheio de imagens
e ecos, e novamente de uma luz que abunda, irradia, fala e
venta.179 [213] Este é de fato este fluido astral, inesgotável em
Miragens errantes. — Nem um ser que teve vida, nem um fato
consumado anteriormente, nem um verbo proferido, não uma
paixão tendo lançado seu relâmpago no céu psíquico, que não
deixou seu rastro vivido, seu reflexo sonoro, sua imagem ou
seu eco neste receptáculo infinito dos testemunhos do passado,
espelho em movimento onde o contorno de seres e coisas uma
vez refletidas está embutido em golpes de fogo. Tal é este
misterioso Livro do Juízo de que fala a Escritura, e que se
manifestará escancarado na hora suprema, para que cada um
possa ler, no decurso da sua própria vida passada, a patente do
seu triunfo ou a sentença da sua condenação. Mas este livro,
fechado aos olhos profanos, os filhos da Sabedoria têm licença
para folheá-lo à vontade... Fantasmas de seres, de coisas,
fantasmas de eventos também180, as miragens errantes se
passam ali em uma sequência confusa de hieróglifos, que os
seguidores e videntes sempre foram capazes de evocar e
restaurar na ordem normal. A grande obra é, então, interpretá-
los e traduzi-los [214] em um texto hierático, onde o passado é
revelado, o presente é explicado e o futuro motivado!
Tanto para as Miragens errantes imagens fluidas simples181,
impessoais, inconscientes.
II. Os Elementais têm uma personalidade; pelo menos eles
sempre têm a aparência de um. Eles são subdivididos em
muitas variedades, cujas diferenças explicam as contradições
em que alguns autores caíram sobre eles: alguns pintando-os
desprovidos de qualquer consciência, enquanto outros
elogiaram sua inteligência e sutileza. O Elemental, ou Espírito
Elemental182 é de fato, [215] como seu nome indica, o nativo
por excelência, o aborígene dos elementos ocultos. É deste
ponto de vista que a Escola de Paracelso classificou esses
espíritos como Salamandras ou ministrantes do fogo, Silfos ou
gênios do ar e das tempestades, Undins ou demônios das
águas, Gnomos ou Poderosos Terrestres, guardiões de
cavernas e tesouros enterrados.
Os Elementais, conhecidos ou suspeitos pelos homens em todos
os momentos, são excelentes atores, que pagaram o preço de
muitos papéis: alternadamente divindades locais (genii loci da
antiguidade pagã), faunos, silvestres, ninfas, ægipans; depois elfos
e fadas na Idade Média, farfadets, duendes, espíritos familiares,
etc.; gênios de contos orientais, Niebelungen do Reno, etc. Tantos
personagens que eles interpretaram em consciência; pois eles se
conformam às tradições, e eles se destacam em mudar o disfarce, a
marcha e a linguagem. Todos sabem sob que graciosas alegorias a
Rosa + Cruz, que conhecia [216] esses seres e sabia como tirar
proveito deles, gostava de simbolizar suas relações com o homem e
o poder que o adepto liberto pode adquirir sobre eles,
domesticando-os em seu serviço.
Sua natureza não poderia ser mais qualificada do que defini-los
como os animais do invisível. Pode-se acrescentar, para toda uma
categoria deles, animais no invisível, isto é, as almas
desencarnadas dos animais. O gênero Elemental inclui todos os
tipos de seres, propensos ou não a vestir um corpo físico: desde os
mais pouco inteligentes e brutais, até os mais eminentes em
espírito, astúcia e até ciência. A este respeito, alguns vão muito
além do nível mental dos animais superiores e apoiariam a
comparação com o homem; mas a falta de senso moral, a
incapacidade que eles mostram de decidir o que é justo e o que é
injusto, os assimila sensivelmente às raças bestiais. No entanto,
eles não são incapazes de afeto, e o que é mais, de devoção: como
o elefante ou o cão, eles às vezes empurram ao ponto de fanatismo
o amor que este ou aquele ser inspirou neles, muitas vezes sem o
seu conhecimento. O mago que os domina e os governa à vontade,
realizará maravilhas surpreendentes através deles, pois eles
desfrutam no Astral, que é o seu próprio ambiente, um poder quase
ilimitado. Além disso, caprichosos e autoritários da sua natureza,
tornam-se facilmente amigos perigosos, para quem não foi capaz de
inspirar medo ou respeito: os seus servos, os Elementais, tornam os
senhores [217] detestáveis. Tiranizam o infeliz homem que uma vez
se curvou sob o jugo; protegem-no obedientemente, contornam-no e
obcecam-no com a sua tediosa amizade; Rebeldes, eles o
perseguem sem cerimônia. Eles nunca perdoam uma tentativa de
rebelião, e sua vingança é terrível.
Gênios reitores das forças da Natureza, eles são relutantes em ver
as energias que governam controladas e reduzidas à escravidão
pelo cientista ou pelo industrial. Grandes desastres físicos,
explosões subterrâneas de fogo, acidentes de laboratório e de
fábrica são frequentemente atribuíveis a eles183...
III. — Os Elementais ainda não evoluíram no estágio hominal, e
toda uma importante escola mística lhes nega a faculdade de
serem capazes de alcançá-lo. — Os Elementais consistem, ao
contrário, de indivíduos humanos desencarnados, eles são as
almas retidas na esfera da atração planetária por seu corpo
astral, ponto ainda livre dos apegos terrestres. Sofrem neste
estado os tormentos do purgatório (cf. cap. VI, A morte e os
seus Arcanos). — não é impossível para um Elemental
manifestar-se aqui na terra, através de [218] um médium; Mas
nada é mais raro, pelo menos nas sessões espíritas.
Fantasmas que se entregam como humanos desencarnados
geralmente consistem em Elementais mistificadores, ou Larvas
ansiosas por objetividade.
IV. — A menos que esses fantasmas sejam Sombras, cadáveres
astrais em processo de desintegração. Este nome é dado aos
resíduos ou restos mortais dos Elementais que terminaram seu
tempo no purgatório. A segunda morte consumada, a alma
espiritual decolou, inseparável de sua faculdade plástica,
deixando na atmosfera oculta do planeta um cadáver fluídico,
que se dissolverá aos poucos, tal é a própria Sombra.
Conserva como uma reflexão vaga, uma reminiscência mecânica da
personalidade a que uma vez esteve unida; de modo que, esforçada
pela força psíquica do Médium e reagida pela vontade do evocativo,
esta Sombra parece suscetível de fazer caretas com algumas das
atitudes familiares do falecido e de lançar em seu nome alguns
fracos brilhos pseudo-mentais.
V. — Finalmente, os Bad Daimons, os auxiliares mais formidáveis
que o mago pode evocar, são almas irremediavelmente cruéis e
perversas184, cuja centelha divina desapareceu para sempre
[219]. Este mesmo elemento ígneo, que serve como um
purgatório para os Elementais, torna-se o inferno para tais
almas – o Espírito puro, seu Esposo celestial, tendo ascendido
à sua terra natal de cima. Esse divórcio teve a primeira
consequência de privar essas almas perdidas da herança da
imortalidade; Mas, às vezes animados por uma intensa vontade
de mal e um desejo amargo de viver, eles ainda têm, embora
perecíveis no final, uma longa e sinistra carreira para
proporcionar. O imprudente que os evoca corre um grande risco
de ser engolido pelo seu tumulto sombrio: a partir de então,
espera-o um destino semelhante, que culmina no turbilhão da
perdição total.
Miragens, Elementais, Elementais, Sombras e Demônios, — estas
são as principais espécies nativas do Astral, às quais devem ser
adicionados vários tipos de seres, produtos da criação humana,
evoluídos no mesmo plano, a saber: 1° os Conceitos vitalizados185
dos quais falamos acima; — 2° os Poderes Coletivos Fusionais,
cujos modos de nascimento e atividade detalharemos no Capítulo
III; — 3° finalmente, Dominações teúrgicas, divindades reais,
geradas e desenvolvidas nas grandes correntes da fé, da confiança
religiosa e do amor; e que são, de certa forma, na sua origem, os
conceitos vitalizados não mais de um solitário, mas de uma multidão
unânime [220] em seu fanatismo criativo. Não é muito tempo,
porque esses Deuses não demoram em reagir sobre os fiéis de seu
culto, e amalgamando-se com a alma unificada das multidões, eles
degeneram muito rapidamente em Poderes fusionais coletivos.
Recordaremos apenas para registro a presença, no Astral
terrestre, de seres que ali permanecem apenas temporariamente,
como almas humanas levadas na torrente de gerações, ou mesmo
excepcionalmente, como almas glorificadas e anjos missionários.
Tais são os "exóticos" do Astral, em oposição aos seus "nativos".
Os ritos e processos evocativos variam, de acordo com a natureza
do Invisível que o mago quer tornar presente e propício. O
Cerimonial, rico em contrastes violentos; dedica o operador, piedoso
ou sacrílego, a obras estranhamente díspares: da explosão das
palavras de blasfêmia no vapor morno do sangue derramado, às
harmonias dos hinos sagrados, flutuando entre as volutas de mirra,
canela e incenso.
Esses mistérios do Astral são, infelizmente, menos explorados
pelo misticismo das sublimes Escolas do que pelo maligno solitário,
o adepto da magia negra.
Negligenciamos um pouco o bom solitário, que de bom grado visa
mais alto do que um comércio com os Espíritos, mesmo das
hierarquias mais gloriosas. [221] Geralmente preferindo a prática do
êxtase à da magia cerimonial, ele se debruça sobre ritos evocativos
apenas em seus períodos de experiência. Há, no entanto, ilustres
excepções; Mas o caminho não é isento de perigos...
A reintegração, a partir daqui de baixo, do submúltiplo humano na
Unidade divina, esta é a principal obra do adepto. Esta é a ambição
do bom solitário.
O que envolve esta Reintegração?
Conhecemos dois: passivo e ativo.
Ambos têm vários graus.
A primeira é alcançada pela santidade ou purificação austera de
sua essência animica, unida ao amor ao puro Espírito do Céu; — ao
segundo, pela apoteose da Vontade livre e consciente, ou pela
realização do pentagrama místico.
A primeira (reintegração no modo passivo) requer uma abdicação
do Ser, que se funde, sem reserva ou espírito de retorno, no Eu
divino. Não agimos mais por nós mesmos; é Deus quem age
através de você. Isso fez com que o apóstolo dissesse: "E já não
sou eu que vivo; é Cristo que vive em Mim".
O segundo (reintegração no modo ativo) é equivalente a uma
conquista positiva do Céu, um estupro do Elemento Celestial e seu
Espírito coletivo: Rouach Haschamaîm.
Ambos, em seu mais alto grau, restauram à alma o estado
primordial do Éden, o gozo de Adamah, o Elemento puro, onde o
Aôr-AinSoph é refletido. [222] — Mas o passivo implica uma
renúncia às vontades individuais e o desprezo por todo o
conhecimento que não é Amor: — — «Felizes — disse Cristo, «os
pobres de espírito: para eles o Reino dos Céus» — O activo, pelo
contrário, permite em alguns casos, aqui na terra, o exercício de
uma relativa omnipotência, delegação do poder de Deus. Ela coloca
em sua mão o Æch ?a, a espada flamejante de Ihôah Ælohim. É a
tomada de posse, por direito de conquista, do Céu místico do qual
Cristo disse que os espíritos violentos o tomam pela força "violenti
rapiunt illud".
A caridade inefável de N. S. Jesus Cristo induziu-o a reivindicar
apenas a reintegração passiva, e ele morreu na cruz, duvidando de
si mesmo e de seu Pai: "Eli, Eli lamma sabach tani! ... 186»
A audácia de Moisés o fez preferir os privilégios da reintegração
ativa: portanto, depois de ter exercido a onipotência celestial na
terra, empunhando com mão firme a espada ígnea de Keroub,
Moisés ascendeu a Deus,
(como depois dele faria Elias), virgem do beijo da Morte187,
deixando [223] ao seu povo, o nome do povo do Senhor e a livre
entrada na terra de Chanaan, da qual os judeus saíram apenas na
aparência, mas onde reinam mais do que nunca188.
A reintegração passiva é talvez mais divina, mais absolutamente
meritória; é a dos santos e messias. — (EN) A reintegração activa é
certamente mais vantajosa, mais rica em prerrogativas do que a dos
Magos e dos Titãs.
É a única a que os homens devem aspirar que, não tendo dito um
adeus definitivo à vida e às alegrias deste mundo, ainda sente o
desejo de colher o que pode ser bom em suas ilusões e miragens.
A vida eterna é tão longa! Mesmo determinados a sempre
ascender, sem nos desviarmos do caminho que leva de volta ao Pai,
não nos seria permitido fazer estações? Deus, que é tão bom, não
criou (ou melhor, logo permitiu criar)189 até hoje – nesta mesma
[224] natureza de decadência e nesta terra de provação – a grama
fofa e a sombra auspiciosa das ilusões...
O prazer é bem compreendido e aceito na expansão normal de um
coração honesto, qualquer outra coisa, em suma, do que a
modalização e adaptação ao ambiente terreno e transitório da
alegria eterna dos Eleitos? Uma vez que descemos a este mundo
inferior, não é natural e lógico que nossas consolações, satisfações
e alegrias temporais, necessariamente proporcionais à nossa
natureza caída (isto é, menos perfeita), sejam elas mesmas menos
perfeitas e menos angélicas? Homo sum, disse Catão, um dos
santos do paganismo estoico, e humani nil a me alienum puto190.
Não se poderia dizer melhor, e o próprio Pascal parecia comentar
esta bela palavra de Catão, quando escreveu em seus
Pensamentos que o homem não é nem anjo nem besta, e o resto...
É provável que o próprio Catão e Paschal, se tivessem sido
iniciados e estivesse em seu destino escolher entre a reintegração
passiva dos santos e a reintegração ativa dos Titãs, teriam preferido
o último.
Além disso, não há sequer uma escolha, quando se aspira à
realeza Cabalística do G∴A∴ [225] ou apenas à penetração dos
mistérios da outra vida, sem querer deixar o mundo para se fechar
em um claustro, literal ou figurativamente. A reintegração no modo
de atividade é a única que sofre com o parente.
Esta é a razão profunda do perigo dos claustros, para algumas
almas que não estão prontas para o sacrifício integral, sem
restrições ou limites, de si mesmas e de sua vontade. — Eles se
entregaram em modo passivo tentando enviesar? eles fazem
alguma coisa. Esforço para se recuperar? O Noivo os deixa ir (pois,
no modo passivo, eles se deixam possuir, mas não possuem), e eles
caem no poder do Adversário. A perdição está no fim de sua
vocação relutante.
Por isso, nunca devemos hesitar, a pretexto do respeito pelo livre-
arbítrio, em passar por provações mundanas a vocação das
religiosas em geral, mas especialmente das jovens que se sentem
chamadas à vida contemplativa. Se a sua vocação for verdadeira,
ela sairá vitoriosa das ditas provações, ilesa das ditas travessias;
Qualquer dificuldade despertada só levará a uma nova confirmação
de sua primeira vontade.
São jovens do mundo, por exemplo? — Consideramos criminoso
que seus pais as deixem tirar o véu, sem tê-las conduzido com
autoridade no mundo, e não apenas à noite, — no baile... Se o
chamado dessas almas é sempre ouvido depois dessa diversão, se
seu gosto pela vida religiosa resiste a esse solvente, é [226] que
elas são de um metal incorruptível aos ácidos temporais, e nenhum
outro Alkaest, mesmo o de Paracelso e Van Helmont, – nenhum
outro solvente, por mais corrosivo que seja, pode fazer algo a
respeito. Se, ao contrário, algum fermento terreno, algum fermento
mundano estiver latente nas profundezas mais inconfessadas de
seu Eu inconsciente, eles serão quebrados, e sem dúvida o travesso
Eros fará cócegas neles com sua flecha, virtualmente, na
possibilidade, se de fato não os picar.
Mas, fechando este parêntese, é apropriado retornar aos modos
de reintegração durante esta vida.
Chamamos de reintegrado (Yogi da escola mística ortodoxa, na
Índia) aquele que pode, sempre que quiser, dominar plenamente
seu Eu sensível externo, abstrair-se em espírito e mergulhar,
através do orifício do Eu interno inteligível, no oceano do Eu coletivo
divino, onde ele retoma, consciência dos arcanos complementares
da Natureza Eterna e da Divindade.
Chamamos duas vezes nascido (Dwidja da escola mística hindu)
aquele que pode deixar sua efígie terrena, e vestido com seu corpo
astral ou etéreo, ir e extrair do oceano astral a solução dos mistérios
que ele contém.
A reintegração espiritual interna pode levar o nome de Êxtase
Ativo. — Concordou-se em dar, [227] à projeção da forma sideral, a
da saída no corpo fluídico191 ...
O êxtase ativo ajuda em dois graus. — No primeiro, o adepto
penetra na essência da Natureza providencial e naturante, que lhe
comunica diretamente, sem símbolo, a Luz-Verdade. — No segundo
grau, ele pode comunicar-se também com o Espírito puro, que o
deleita no Céu inefável dos arquétipos divinos: neste caso, há
transfusão do pensamento-divindade que se torna humanidade-
pensamento na inteligência do adepto, pelo efeito de uma alquimia
íntima, de uma transmutação formidável e inexplicável.
A saída no corpo astral difere do êxtase ativo; pois o corpo físico
parece então estar em catalepsia, atuado por uma vitalidade quase
imperceptível; No entanto, o corpo astral ou mediador plástico
(envelope ambulatorial da alma espiritual) flutua na imensidão do
éter sideral ou luz universal, e vai para onde quer, ligado como está
ao corpo material por uma forma de umbilicação fluídica. Já o
explicámos.
Assim, a personalidade consciente navega em forma astral onde
lhe aprouver, e por si só se familiariza com as realidades distantes
que lhe interessam192. Mas então, se são noções [228] de ordem
inteligível que ele pretende adquirir, essas noções só lhe são
simbolicamente transmitidas, por intermédio da luz astral, que,
acima de tudo configurativa, fala apenas oferecendo à sagacidade
da mente uma série de imagens, que ela deve então traduzir, como
hieróglifos do Invisível. Esta linguagem concreta e tecido de
emblemas é, portanto, o único que a Verdade pode usar, para se
expressar através do Astral.
No modo passivo, o alto Êxtase também tem [229] dois graus: 1°
— Comunicação com a Natureza-essência, na Luz da glória; 2° —
com o Espírito puro. Quanto ao êxtase passivo astral ou inferior, não
é outro senão a lucidez, natural ou magnética. Diante do diáfano do
sujeito visionário, as imagens, as formas, os reflexos, os fantasmas
que rolam a torrente fluídica rola; Mas somente a ciência oculta
pode aprender a distinguir a irradiação essencial da reflexão ilusória,
de modo que saibamos como eliminar a última, reter a última. O
Perigo é evocar sem o conhecimento de alguém miragens errantes
adequadas aos pensamentos habituais e, consequentemente,
encontrar, numa estimada visão celestial, a confirmação eloquente,
— digamos melhor: a tradução fiel — do verbo interior da fé ou dos
desejos de alguém. O menor êxtase passivo fez muitos tolos e
vítimas; A maioria das visões beatíficas são expressamente
atribuíveis a ele.
O que importa sobretudo para o adepto é ter sucesso na
comunicação espiritual com a Unidade divina; é cultivar um dos
graus do Êxtase ativo, e aprender a fazer falar dentro de si mesmo,
o vil atôme, a voz reveladora do Universal, do Absoluto...
É, portanto, possível para o Relativo compreender o Absoluto? —
Não, provavelmente; mas senti-lo, unindo-se a Ele... Um fragmento
de um espelho convexo não reflete todo o Céu? Não canta toda a
grande voz do Oceano no oco [230] da concha mais humilde, que
teve a sorte (diz a Lenda) de enxugar, mesmo que por uma hora, o
seu imenso e sonoro beijo?
Assim, o Êxtase deixa para a alma o êxtase (mesmo que apenas
por uma hora) a impregnação do infinito, a noção vivida do Absoluto
– o murmúrio inesgotável do Eu revelador, que contém todos os Eus
sem ser contido por nenhum. Que prazeres! Mergulhe a vida
individual no oceano coletivo da Vida condicionada, ou sugue a
seiva espiritual do Espírito puro – e alimente-se dela! É uma
iniciação decisiva, uma janela aberta para a imensidão da Luz
inteligível e do Amor divino, da Verdade celestial e da Beleza típica.
Encontrando o caminho de volta ao Éden primitivo!... Muitos
passam pela porta que comanda este caminho, sem sequer ver esta
porta; ou, vendo-o, desdenhe de bater nele. Talvez, alguma pessoa
curiosa bata nele, que não sabe como fazer ressoar o limiar dos três
golpes místicos: ele soa como um profano, e não estará aberto a
ele.
Cristo disse: — Petite et accipietis; pulsate et aperietur vobis; mas
também disse: Multi vocati, pauci vero, electi. — Como conciliar
estes dois textos? Ah! É que às vezes essas greves. à porta, que
ainda não são chamados; Muitas vezes aqueles que são chamados
não batem nele, ou mais frequentemente, atacam mal.
Se, portanto, a vossa aspiração de vos tornardes seguidores,
evocai o Revelador que reside no último tabernáculo de cada ser;
imponha ao Ser o silêncio mais religioso,[231] para que o Eu seja
ouvido., — e então, refugiando-se nas profundezas da vossa
Inteligência, escutai o Universal, o Impessoal, aquilo a que os
gnósticos chamam o Abismo...
Mas, é necessário estar preparado, — e é papel do iniciador
humano observar essas preliminares — sob pena de que o Abismo
tenha apenas uma voz para aquele que o evoca vertiginosamente,
uma voz terrível que tem o nome de Vertigem.
Em resumo, é um grande e sublime arcano que este: Ninguém
pode aperfeiçoar a sua iniciação, a não ser pela revelação direta do
Espírito universal, que é a voz que fala interiormente.
Ele é o único Mestre, o Guru indispensável das iniciações
supremas. Conhecemos as várias maneiras de entrar em contato
com Ele: buscá-Lo, — trazê-Lo, — deixá-Lo vir entregar-Se a Ele, —
ou tomar parte em Sua soberania.193
Sabemos como certas obras de alta ciência disfarçam os Mistérios,
tanto que essas obras, muitas vezes muito profundas, parecem à
primeira leitura dos libelos da superstição vergonhosa. Sob que véu,
então, os autores [232] ensinaram esta insígnia arcana, cujo
tabernáculo místico abrimos acima?
Sob que véu? — Isso é mais do que curioso. Pois é por ter
confundido "a Carta que mata" com o "Espírito que dá vida", que
tantos estudantes do ocultismo dão nesta hora em puro e simples
espiritismo.
Com uma caneta quase unânime, os hierógrafos alertam que é
necessário evoluir as inteligências celestes, como as únicas
capazes de ensinar ao teosofista os últimos mistérios. Moisés no
Sinai, N.S. Jesus Cristo no Jardim das Oliveiras, visitado por Anjos;
— Sócrates e Plotino, consultando seu gênio; — Paracelso e seu
demônio familiar incluído no pomo de sa, punhal; Zanoni e Mejnour
interrogando Adonai, etc. Todas essas lendas, de acordo com seu
significado mais elevado, simbolizam o que é atualmente conhecido
por nós.
Não que discutamos a possibilidade ou a utilidade de nos
relacionarmos com as Inteligências superiores, com as almas
glorificadas; mas tudo isso é apenas magia secundária, iniciação ao
segundo grau.
No terceiro grau, os espíritos desaparecem... o Espírito permanece
sozinho, irradiando, impessoal, borbulhando pelas profundezas
eternas de um Infinito que não é Espaço; transbordando de Amor
divino, Vida, Alegria, Luz, Esperança Divina e Beleza; embeber a
alma de uma onisciência inefável [233] que a intoxica, sem que ela
nunca fique bêbada.
A personalidade egoísta derrete, desaparece, extingue-se no
horizonte do fim que a alma abandonou. Em Deus, como na
Natureza (a Natureza Eterna de Boehme), tudo é belo, doce, óbvio,
sublime – e grande como um beijo do qual alguém se sentiria morto,
afogado na vida!...
Veja como Abraão, o judeu, descreve, sob o emblema que
denunciamos cativo, o cumprimento deste mistério: "Verás, pois,
então, que empregaste bem nos últimos meses, pois, se buscaste a
verdadeira Sabedoria do Senhor, teu anjo da guarda, o Escolhido do
Senhor aparecerá diante de ti e te falará das palavras tão doces e
tão amigáveis, que nenhuma linguagem humana jamais poderá
expressar sua doçura". 194 anos
No decurso destas notas sobre o êxtase, subimos quase
constantemente para uma atmosfera [234] mais pura do que a da
zona astral; É hora de descer novamente, porque nem tudo ainda é
dito sobre o velho eremita pentacular, nem sobre as consequências
de seu isolamento, no nível dos fluidos hiperfísicos.
Para fechar este capítulo, devemos tocar uma palavra sobre os
Incubi e o Succubus. O leitor não deve se surpreender, porque
esses espectros são os filhos legítimos da solidão sexual.
Ou pode parecer brincar com as leis da Natureza; mas quem a
estupra se expõe a represálias de ordem muitas vezes inesperada,
com estranhas humilhações... Por trás dessas mesmas
humilhações, a Mãe Celestial, sempre indulgente, se esforça para
escorregar alguma lição salutar para aqueles que ela julga capazes
de fazer as pazes, ou um grão de heléboro em favor dos
monomaníacos ainda curáveis.
Não é ele o orgulhoso da virtude, como é o austero do vício?...
Que meros mortais, seduzidos e desapontados um pouco por uma
vaidade. ingênuos, lisonjeificam-se, mantendo toda a vida uma
rigorosa continência, para fugir da norma sexual!
O tradutor autorizado de Moisés deixa claro ao Criador do mundo:
— Aumentai e multiplicai-vos (Gênesis, I, 28); — o homem se unirá
à mulher e eles serão uma só carne (Gênesis, II, 24). Mas o que
importa para os místicos, a continência? Este conselho e estas
prescrições não podem ser para eles, os puros, os santos, os
privilegiados!... Pois bem, que eles [235] já não a ignorem, estes
presunçosos de uma virtude escandalosa, uma vez que é anormal
negando a lei dos sexos, recusando o amor de um marido,
esquivando-se do beijo de um ser como eles de carne e ossos, eles
se designaram às promiscuidades degradantes do Invisível e
condenados de si mesmos aos abraços estéreis de fantasmas...
Sem dúvida, há casos em que a continência absoluta é
logicamente legitimada; Mas veremos mais tarde a que proporção
insignificante eles são reduzidos.
Se, além disso, além dos exemplos bastante frequentes de atrofia
por não uso de órgãos físicos, — aos quais correspondem ao
mesmo tempo a degeneração de certas funções do cérebro, e
alguma alteração, pelo menos parcial, do sentido moral, além
desses casos patológicos de castração sem cirurgião ou bisturi, é
certo que, desmamando seus corações e seus sentidos de toda
satisfação, Esses fiéis, de um celibato inflexível, não foram
capazes de abolir em si mesmos nem a virtualidade do amor
sentimental, nem o apetite pelo prazer físico, – e os cismáticos
desorientados do sentimento e da sensação, amam sem rumo,
desejam sem objeto. Seu verbo interior então se apodera dessas
preocupações, para formulá-las.
Ora, todos os verbos são criativos. — Como o verbo, imperativo
objetivo, o que ele quer, assim como o verbo dogmático alcança o
que afirma, assim o verbo apetitoso evoca e desperta o que cobiça.
Aqui, para evitar a repetição, remetemos o [236] Leitor para a nossa
teoria das Larvas e dos Conceitos Vitalizados, ele encontrará ali a
explicação do choque em troca que esses fantasmas exercem sobre
os autores de sua existência.
O que é verdade para os indivíduos não é menos verdadeiro para
as coletividades humanas, e o potencial criativo das vontades
comuns se desenvolve e aumenta na progressão geométrica e, em
razão direta do número, de seres reunidos sob a mesma bandeira,
todos apaixonados por uma quimera idêntica ou fervorosos pelo
mesmo ideal.
Aí reside a força das religiões mais sublimes, bem como das seitas
mais excêntricas e até mesmo das comunidades menos
respeitáveis. – O consenso dos feiticeiros cria o sábado em Astral;
assim, o consenso do fanatismo muçulmano literalmente cria para
seus seguidores o paraíso sonhado por Maomé; assim, o consenso
de alguns místicos quebra o equilíbrio do mundo hiperfísico, criando
redemoinhos de êxtase louco e contagiante... — Mistérios da
multidão Isto é o que será, em parte, o assunto do nosso terceiro
capítulo intitulado: A Roda do Devir.
Mas voltemos ao Inco e ao Succubus propriamente dito, onde
muitos querem ver apenas a expressão de um mito ultrapassado, as
figuras personificadas e puramente poéticas de algo que não é
assim: a poluição noturna. Estes, para acusar com decência este
pequeno inconveniente íntimo e bastante ridículo em si,
simplesmente dizem: Eu sonhei ...
Mas os antigos, acreditando que as várias ansiedades [237] do
sono são devidas à malícia de certos seres fantásticos195,
demônios perniciosos que gostam de molestar, sufocar e atormentar
o dorminhoco, pesando sobre ele com todo o seu esforço malicioso
ou libidinoso, - os antigos de bom grado confundiram as ideias de
poluição noturna e pesadelo.
Os gregos sintetizaram os dois, personificando-os sob o nome
bastante vago de Ephialte (raiz šfi£llw, eu me apresso); a palavra
latina Insultor (raiz: in sulto, eu pulo) testemunha por sua etimologia
que essa concepção não havia mudado, passando da Grécia para
Roma.
O termo šfi£llw, que foi traduzido como pesadelo, portanto,
ofereceu um duplo significado. "O Ephialte", disse o bom Pierre Le
Loyer, "era uma doença popular e epidêmica"... e acrescenta:
"Acreditarei que havia algo extraordinário, até mesmo sobrenatural,
na Efialto de Roma". 196
Não encolhamos os ombros de ânimo leve esta opinião do
Conselheiro na sede presidencial de Angers é muito notável. Note
que diz epidemial e não contagioso.
Mas o que é uma epidemia? — É um agente mórbido, externo ao
paciente, e que, espalhando [238] a infecção em uma zona
perfeitamente determinável e circunscrita, atinge com o mesmo mal
um grande número dos seres vivos nele incluídos. A zona de perigo
está se expandindo? Diz-se que a epidemia venceu; Ela está aqui,
ela para ali... É, portanto, uma causa real e objetiva, além dos seres
que experimentam seus efeitos.
Isto é para voltar à tese da Loca infesta do Padre Thyraeus, cujo
livro apoia muitos exemplos da ideia tradicional anterior de lugares
assombrados.
Entre estes, os claustros sempre ocuparam o primeiro lugar. Deve
ter sido, uma vez que, em todos os aspectos, constituem um terreno
notavelmente adequado para a produção e o desenvolvimento de
larvas em geral, e mais particularmente do Inco e do Succubus. A
história eclesiástica observa isso; casos de bruxaria contêm provas
oficiais de bruxaria com sanção legal; Finalmente, a unanimidade
das tradições populares proporcionaria, se necessário, uma
confirmação eloquente.
Além disso, toda a Idade Média – a ascética Idade Média, com seu
febril e triste fanatismo de austeridade – viveu, por assim dizer, em
concubinato estabelecido com os Invisíveis.
Queremos fatos modernos? Livros médicos abundam com eles, e
é o médico, pensamos, que tem a honra de ter introduzido no
vocabulário médico o termo bastante [239] picante197 da
histerodopatia. Por outro lado, estão presentes os missionários
católicos na China, para nos garantir o caráter igualmente epidêmico
e assassino afetado no Extremo Oriente por esse estranho mal198,
sob cujo abraço sucumbem populações inteiras, e que os nativos
descrevem como um comércio de amor com os Espíritos. Não se
trata mais de coito no astral, durante o sono ou crise sonâmbula,
mas de relações carnais reais, consumadas, na maioria das vezes
no estado de vigília, com espectros objetivados199.
Em certas condições excepcionais, não negamos a possibilidade
de cópula de um ser humano com um Elemental condensado200 ou
[240] Elemental, nem a do estupro realizado pelo mago negro na
saída do corpo astral... Mas sobre [241] o modo de perpetração de
tal ato, um véu impenetrável deve ser deixado: qualquer comentário
seria em si mesmo criminoso.
Para pôr fim ao Inco e seus equivalentes, é necessário tocar uma
palavra, o mais cautelosa possível, dos arcanos mais secretos da
teurgia prática; tocar no que alguns Padres da Igreja primitiva
murcharam com esses nomes: mistério de abominação, abismo de
iniquidade, vergonha do santuário, opróbrio eterno de homens e
deuses, enquanto os hierofantes das nações viam a comunhão
celestial e a cadeia da vida.
Ouçamos primeiro Quantius Aucler, aquele louco tão paradoxal e
muitas vezes sensato, aquele pagão místico do século XVIII, que
pregou aos sans-culottes o culto de Ceres e da Grande Noite:
"Este não é o lugar para lhe dizer como uma mulher pode pensar
que a imagem das Forças da Natureza se espalhou em sua pessoa;
a ordem de todos os seus membros modéstia, inocência e todas as
virtudes das quais [242] seu tamanho, seu andar e seu rosto são a
excelente imagem, pode agradar a uma Inteligência superior, e fazer
com que seu desejo de se misturar com ela e apreciá-la: assim São
Paulo prescreve que todas as mulheres devem ser veladas nos
templos, para que sua beleza não cause distrações às Inteligências
superiores que frequentam os mistérios sagrados. ... Dificilmente
compreendereis como os deuses podem encantar-se pela beleza
mortal de uma mulher e desejar possuir os sinais que a beleza
intelectual derrama sobre a forma externa: pouco sabeis sobre o
amor!... Menos ainda, como pode uma Deusa adaptar-se ao corpo e
desejar receber dentro dele o símbolo das forças e virtudes de um
herói, ou as de um sábio poderoso? 201
Ao transcrever essas linhas envergonhadas de Aucler, não
pretendemos explicá-las, nem muito menos empreender a
justificação da ideia que traem...
Dito isto, recordaremos para registo a alcova nupcial e sagrada,
estendida no topo da oitava das torres sobrepostas, que dominava
na Babilónia a muralha do Norte? Ali dormia, algumas noites, a
mulher escolhida pelos magos para os abraços do deus Belus.
Este rito era comum a todos os povos da antiguidade pagã.
Os céticos, sempre rápidos em fornecer uma explicação superficial
e pungente dos usos cujo significado nem sempre suspeitam, não
deixarão de produzir a este respeito [243] a anedota de Paulina, a
matrona pudica e casta, vendida ao libertino Mundus pelos
sacerdotes de Anúbis,202 — e de insinuar que as coisas
aconteceram em todos os lugares como em Roma, em todos os
momentos, como sob Tibério, os ministros da religião
desempenhavam de bom grado, em casos análogos, o papel de
Deus.203 Longe de nós negar que isso às vezes era assim. Mas da
observação de uma possível fraude, concluir à permanência, à
ubiquidade da impostura, seria raciocinar de uma espécie de
razoabilidade.
Tais ritos existiram, sim ou não, na maioria dos santuários do velho
mundo? O que foi a Autópsia dos Mistérios Antigos? — O que foi
chamado de estado pneumático dos Eleitos durante a nona noite
das Fábricas dos Dedos? — O que era Teletie, ou possessão
extática dos deuses do Hades?
O que alguns Cabalistas ainda chamam de beijo da serpente de
fogo? O que eles queriam dizer – em magia cremônica – com
Sheckinah hnyk? a presença real da Divindade? [244]
Ao qual o arcano Moisés finalmente alude, no quarto capítulo de
Gênesis:
tbm-yk <dA tonb-ta <yhy?h ynb Waryw . Wrhb r?a lkm <y?n <hl Whqwy hnh
Além do sentido hieroglífico puro, que significado positivo deve ser
atribuído a este V. II, assim traduzido por Fabre d'Olivet: — E
consideraram, os filhos de-Ele-os-Deuses, essas filhas de -Adão,
que-boas-elas-eram: elas-também-dentes-dentes-dentes-esposas-
de-todos aqueles a quem-eles-mais-varrem-os-mais (1)?
Deve ser suficiente para nós, por este tempo, ter atraído para
essas dobras da serpente a atenção das mentes audaciosas,
investigadores sem falhas, de que o respeito humano ainda não
congelou em uma teimosia de negação a priori. Eles não têm medo
de incorrer na grande excomunhão do ridículo que o vulgar atribui à
busca desses arcanos perturbadores.
Em suma, e sem voltar muito atrás nas teorias que desenvolvemos
extensivamente neste capítulo, nem em princípios gerais dos quais
é possível a todos extrair consequências detalhadas e adaptações
especiais ao problema do Efialte, digamos, concluir que, como regra
geral, é necessário ver: nos Incubi e no Succubus, larvas de luxúria,
geradas em abundância em toda parte204 [245] onde os seres
humanos se deixam rolar na encosta dos devaneios
concupiscentes, sugeridos a eles por um celibato forçado.
O celibato rigoroso é uma afronta à Mãe Natureza. Todos os seres,
de fato, se manifestam em modo de salto neste plano físico de
decadência: eles só podem ser restaurados em sua plenitude
ontológica, gradualmente restaurados à sua unidade integral, pela
fusão da eletricidade complementar e pelo fechamento do circuito
que vai de um polo a outro. Sentimos que não estamos falando
apenas com o físico, mas com o moral, especialmente e o
intelectual. É isso que poderemos entender melhor no próximo
capítulo, onde exporemos a grande lei, geralmente insuspeita, da
dupla e quarta polarização do andrógino humano.
Essa é a regra. — Eis a excepção: em apenas dois casos o
homem ou a mulher podem abstrair-se logicamente:
(1) Para a aquisição de certas faculdades mágicas, como
pretendemos detalhar em outro lugar;
2° Para a prática de um misticismo particular, toda a abnegação e
renúncia final, onde intuitivamente tendem aqueles a quem uma
vocação irresistível predestina à vida religiosa, dentro de tal
comunidade, das chamadas ordens contemplativas.
Além desses dois casos limitantes, a solidão sexual não tem
desculpas e, quando é prolongada, atrofia ou obsessão, sabemos a
que nossos devotos estão expostos. [246]
Nós dissemos isso: os seres constituintes do Universo vivo são
como ele andróginos; Eles se manifestam como binários, em um
modo de antagonismo equilibrado.
Eles só podem ocorrer e se reproduzir, no tempo e na extensão,
em favor de uma dupla polaridade e um cisma em duas naturezas
cuja hostilidade é apenas aparente: porque os polos se opõem
apenas para serem confundidos. O Vazio exige o Pleno; o Pleno
busca o Vazio e estes dois termos complementares do grande
arcano da vida não têm valor e razão de ser, exceto na lei de sua
penetração mútua; Isolados, eles não são nada, e só podem
esforços estéreis, subversão, desordem...
O que seria do Pai divino sem a Mãe celestial? O que seria de Iod,
sem o
Hã?
O próprio Deus se manifesta somente através de sua Noiva
eterna, a Natureza naturante, cujo papel é fornecer aos Princípios
que ele emprega uma substância plástica na qual informar e ganhar
vida. O Espírito permaneceria incompreensível sem a Vida, que a
reage elaborando-a; A vida permaneceria um absurdo sem forma e
caótico, na ausência de um Espírito que a elaborasse.
Amor celestial e mútuo pelos dois fatores da essência do Universo:
Espírito e
Vida! A Palavra resplandece para sempre na harmonia do seu
casamento indissolúvel.
Assim, o famoso Cabalista Rabi Shimeon-ben Iockai, esforçando-
se para expressar o Não-Ser inicial, ou [247] em vez disso, (pois
não houve começo no sentido em que se geralmente acredita), a
respectiva inanidade dos dois Princípios abstratos um do outro, ele
diz:
. /ypnab /ypna /yhyg?m Wwh Al
«Non respiciebat facies ad
faciem...»
(SIPHRA de ZENIHOUTHA, I, 2).
É necessário que as duas Faces do Alto se olhem: é então, mas
só então, que o Eterno masculino e o Eterno Feminino se revelem
um ao outro, num beijo do qual o Ser nasce perpetuamente.
Esses princípios são de ordem absoluta; eles carregam dentro de
si a evidência de sua retidão. Mas, uma vez que abrimos o Zohar,
não o fecharemos sem ter transcrito outro texto, onde a
reciprocidade criativa dos Noivos celestiais é traduzida por uma
imagem estranha e sublime:
— O fogo (lemos nos comentários) tinha brotado do Iod paterno de
Deus, como uma serpente, e sob o seu abraço, a terra ia perecer
devorada, contorceu-se a Mãe celeste, — bendito seja o seu nome!
levantaram as ondas do mar, que vieram derramando, libertando,
sobre a cabeça ardente da Serpente.
O arcano universal da Vida reside na reciprocidade incessante dos
Dois que são Um. O isolamento definitivo dos factores
complementares do Ser acenderia, ao alcançar a suprema solidão,
[248] na parede da noite, agora sem amanhecer, uma sentença que
seria a súbita revelação do absurdo e do nada: a fórmula do grande
arcano da Morte eterna.
T
144 A Serpente do Gênesis, vol. I, O Templo de Satanás, pp. 154-163.
145 Au Seuil du Mystère, p. 55-57.
146 Cf. Gassendi (Física, liv. VIII, cap. VIII) citado por Debay, História das ciências
ocultas. Paris, 1883, in-18,(p. 422-426).
147 Jean de Nynauld, médico e demonógrafo de Henrique IV e Luís XIII, está muito
curioso para consultar sobre o capítulo das composições diabólicas em geral e
pomadas alucinatórias em particular. Seu tratado De la Lycanthropie,
transformation et ecstase des sorciers (Paris, 1615, in-8) é, sem dúvida, a obra
antiga onde lemos as anedotas mais picantes a esse respeito, e também as
informações mais precisas e detalhadas (Veja o Catálogo para o título exato).
Entre todos os simples (diz Nynauld) que o Diabo usa para perturbar os sentidos
de seus escravos, os seguintes parecem manter o primeiro escalão, dos quais
alguns têm a virtude de dormir profundamente, os outros ligeiramente, ou apontar;
mas que perturbam e enganam os sentidos por várias figuras e representações,
tanto observando, quanto dormindo, como poderia fazer a raiz de Beladona,
Furiosa solanácea, sangue de Morcego, poupa, Acônito, Berle, solanácea
dormindo, Dor de fuligem, Pentafilo, Folhas de álamo, Ópio, Ambioscópio, Ciguë,
espécies de papoula, Hyuroye, Sinochitídeos que nos faz ver as sombras do
submundo, isto é, os espíritos malignos, como pelo contrário a Anaquitides faz
aparecer as imagens dos santos anjos, ains... ele convence e induz os feiticeiros a
deleitar as criancinhas, a extrair a gordura e a fazer um consommé para misturar
em suas pomadas; (não esquecendo nesta composição a invocação particular de
seus demônios, e cerimônias mágicas instituídas por eles), eles se ungem com
todas as partes do corpo, depois de esfregá-los até que corem, de modo que os
poros sendo abertos e relaxados, o óleo ou pomada penetre mais forte" (pp. 24-26,
passim). Nynauld distingue três tipos de pomadas mágicas a primeira pomada, à
base de suco de dor, acônito, quinta folha e fuligem, etc., todas as substâncias
incorporadas com a gordura da criança, tem o efeito de provocar a segunda visão,
o êxtase, o sábado na imaginação e todos os sonhos lúcidos ou não, enquanto o
corpo adormecido não se move. A fórmula da segunda pomada é mais estranha,
como também é o seu efeito: não há "meros narcóticos, mas apenas que têm a
virtude de perturbar os sentidos alienando-os, como por exemplo, vinho tomado
excessivamente, beladona, cérebros de gato e outras coisas que eu vou manter
em silêncio, para não dar ocasião aos ímpios para fazer mal; para que este
transporte não seja feito, não simplesmente por ilusão de estar profundamente
adormecido..., mas também realmente, não em virtude desta pomada, mas com a
ajuda do Diabo que os leva vigiando onde quiser, assim como faz com os Magos
pelo ar, como é muito comum" (pp. 37-38). O Tentador não levou Jesus Cristo ao
pináculo do templo? Os livros sagrados atestam isso; é, portanto, um fato
indiscutível, sobre o qual o bom Nynauld baseia sua teoria do transporte real, na
carne. Ele anexa, a título de exemplo, o relato de vários eventos contemporâneos
para os quais ele atesta. — Embora deixando ao nosso autor a responsabilidade
por esta opinião, não muito congruente com o espírito positivista de nossos dias,
não podemos deixar de assinalar de passagem que os experimentadores de
fenômenos psicofluídicos não estão mais contando os casos comprovados de
levitação e contribuição. A hipótese do transporte real parece mesmo uma das
menos implausíveis que podem ser oferecidas, para justificar a aparição
perfeitamente real e positiva de Katie King no laboratório do cientista químico
William-Crookes (ver abaixo, p. 179). A terceira pomada mágica de Nynauld
consiste em "certas coisas tiradas de um sapo, uma cobra, um ouriço, um lobo,
uma raposa e sangue humano, etc. misturados com ervas, raízes e outras coisas
semelhantes que têm a virtude de perturbar e decepcionar os imaginativos"
(página 49). Os feiticeiros que se ungem com ela se acreditam transformados em
lobos, gatos ou algum outro animal, e correm pelo campo ou pela floresta sob essa
aparência, atacando transeuntes, matando e devorando os "jovens" que
conseguem agarrar. Mas o lobisomem parece tal, para o sentimento de Nynauld,
apenas pelo efeito de uma ilusão mágica: "Quanto à realidade desta metamorfose
de homens em bestas, eu provei suficientemente acima, que ela não poderia
realmente ser feita por quaisquer coisas naturais, nem mesmo pelo Diabo, embora
ele empregasse todas as suas forças nela, uma vez que ele não só podia fazer
uma mosca. Pertence, portanto, a um só Deus, Criador e Curador de tudo o que
tem ser e movimento» (pp. 53-54). Mais adiante, ele insiste novamente no caráter
ilusório da Licantropia: ... "Especialmente como os Diabos. não pode criar
naturezas, mas só pode fazer uma coisa parecer o que não é" (página 62). O livro
da Licantropia de Nynauld, do qual retiramos esses trechos, é o único que lemos
deste autor; mas os bibliógrafos apontam para outro, publicado por ele quatro anos
antes, e que, de acordo com seu título, teria ainda mais diretamente relacionado a
composições e pomadas mágicas:
Les Ruses et Tromperies du Diable, découvertes sur ce qu'il prétend avoir envers les corps
et âmes des sorciers ensemble, la composition de leurs ungentes, par I. de Nynauld. —
Paris, 1611, in-8 (Ver Graësse, Bibliotheca magica et pneumatica, Leipsig, 1843, in-8, p.
55).
148 Eusèbe Salverte, Des Sciences occultes, 1829, in-8 (tomo II, cap. VIII, p. 11).
149 A. Laguna, Comentários sobre Dioscorides, liv. LXXVI, cap. III, citado por Salverte,
ibid., II, 12.
150 Os supositórios de henbane desempenharam um grande papel, o Hyoscianuis
niger passando, com ou sem razão, a acumular todas as preciosas virtudes para o
necromante (útil dulci suaviter missendo). Quanto à droga de uso interno,
produziremos, como curiosidade, uma fórmula da qual temos certeza, de um efeito
rápido e verdadeiramente prodigioso. Mas não aconselharíamos ninguém a
experimentá-lo... E primeiro, especificando as proporções, não teremos o cuidado
de indicar a dose:
151 No Limiar do Mistério, pp. 215-217; e O Templo de Satanás, passim.
152 É uma coleção de várias memórias publicadas, de 1870 a 1874, no Quaterly
Journal of Science e outras revistas. Temos diante de nós apenas a versão
francesa deste livro, tradução Alidel, Paris, S.D., in-12, fig.
153 No entanto, já em 1869, uma sociedade dialética, que contava entre seus
membros ativos notabilidades da ciência e do inglês, havia nomeado uma
comissão de 33 pesquisadores para o estudo dos fenômenos "chamados
espiritualistas". Era hora de pôr fim a esse erro da moda; estes senhores contavam
com um relatório avassalador! Mas depois de uma longa e cuidadosa investigação,
a comissão concluiu que os fenômenos eram indiscutíveis. Nada poderia ter
previsto tal resultado. A Sociedade Dialética ficou chocada. Recusou-se a assumir
a responsabilidade pelo relatório dos seus 33 membros delegados para a
investigação, deixando-os livres para publicar as suas conclusões, mas por sua
conta e risco!... E, no entanto, estes eram apenas fenômenos bastante inócuos, no
que diz respeito às condensações fantasmagóricas. A Comissão tinha observado e
controlado, pelo menos por si só, apenas a produção de ruídos sem causa
apreciável, o movimento de objetos sem contato, atos de telegrafia psíquica e
afins. Foi aí que as coisas estavam quando Crookes começou suas investigações,
e nós o vimos sucessivamente publicar seus experimentos tão conclusivos com a
ajuda de D. Dunglas Home, e depois a série de julgamentos decisivos aos quais
Katy King e Miss Cook seu médium se submeteram tão graciosamente.
154 Le Spiritisme (Fakirisme occidental), Paris, Doin, 1887, in-18, fig. — O Dr. Paul
Gibier, naturalista assistente do Museu, também teve a honra de incorrer na
grande excomunhão de estudiosos oficiais; mas a ira das universidades não a
pulverizou... Desde então, publicou, sob este título, Analyse des choses (Paris,
1890, in-12), um ensaio de síntese filosófica e científica, cujas conclusões estão de
acordo com as do ocultismo. Ele conseguiu, por indução, por um lado, e intuitação,
por outro, reconstruir por si mesmo o plano do edifício tradicional.
155 Recherches sur le spiritualisme (tradução de Alidel, p. 9 do Apêndice, intitulada
Médiumnité de Mlle Cook).
156 Ele pode afastar-se dela, mesmo a enormes distâncias, como dissemos no Limiar
do Mistério, (págs. 215-218); mas esta é a excepção. O pesadelo vago sem um
objeto preciso pode ser o sintoma de uma distância anormal: o corpo material
sofre então de extremo desconforto, e a alma desorientada fica assustada.
157 A carruagem sutil de Pitágoras é mais o corpo espiritual elaborado pelo teste e
energizado pelo treinamento mágico, do que o Periscoprit ou corpo astral bruto
(Veja nossos capítulos IV, V e VI). No entanto, pode ser assim chamado por
extensão, como muitos ocultistas da escola de Pitágoras são costumeiros.
158 O que várias luzes se referem por este nome: a engrenagem das grandes rodas
pretas.
159 O subjetivo é usado no ocultismo para qualificar o que é apenas virtual no estado
de essência, em oposição ao que se manifesta no estado da matéria. Não que
seja uma coisa que é o nada fora do pensamento que o concebe, uma ilusão do
sujeito: as coisas do plano subjetivo tornam-se objetos para todos aqueles que
sabem manter-se neste plano, onde floresce a realidade interior da Natureza.
160 Esta invasão da efígie, humana por uma Larva é um caso menos raro do que se
imagina; está longe de ocorrer apenas no caso da bilocação mágica. Muitos
praticantes, especialistas em doenças mentais, sabem muito sobre esse assunto.
Eles entregam todo o seu pensamento, quando epilam e refinam à vontade as
variações da personalidade? Talvez o mero medo de animar os zombadores
profissionais os impeça de parecer mais explícitos. Seja como for, o criador do
termo alienação pode lisonjear-se, quer de um feliz encontro de expressão, quer
de uma livre escolha ainda mais feliz (cf. cap. V). Observemos também que, neste
caso, é apropriado esticar a palavra Larva em seu sentido mais amplo. Embora
geralmente o modo violento da encarnação súbita seja o trabalho das próprias
larvas, outras entidades menores do mundo invisível também o praticam por
aventura. Veja, abaixo, a enumeração dos "nativos do Astral".
161 Em casos menos frequentes, o número de seguidores da cadeia mágica foi
aumentado para doze. Por que sete e doze? E quando doze em vez de sete?
Deixaremos ao pesquisador o prazer de resolver esse problema fácil os
significados simbólicos do Septenário dos planetas e do Duodenário do Zodíaco,
ou seja, do pequeno e do grande ciclo, deixando pouco espaço para a imaginação
se desviar para hipóteses falaciosas.
162 Um de nossos velhos amigos, o Sr. Leon Borg, Presidente da Corte de
Pondicherry, trouxe-nos o instrumento sagrado que serve, no Tibete, para dissolver
essas coagulações malignas da Luz Negativa. Esta maneira de lança de cobre
cinzelada apresenta à admiração do decifrador de pentáculos toda uma síntese
hieroglífica, reveladora, e a doutrina dos fantasmas astrais, e o modo de dispersão
das icelles. Vamos detalhar em outro lugar a forma simbólica e o significado oculto.
M.
Augustin Chaboseau, o distinto indiano, examinou cuidadosamente este objeto raro, um
dos mais sagrados, ao que parece, aos olhos dos sacerdotes tibetanos, que o chamam de
P'your-b'u (leia-se Phourbou). Serve-lhes para o exorcismo e a fuga de espíritos malignos.
Este instrumento litúrgico deve ter sido originalmente roubado de algum convento tibetano,
pois os lamas iniciados atribuem a ele um caráter tão augusto, que rejeitariam, como um
sacrilégio, apenas a ideia de dá-lo ou vendê-lo a um leigo. M. Chaboseau, em 1892, ainda
tivera a sorte de descobrir apenas um P'urb'u, nas muitas coleções estudadas por ele
naquela época; mas a nossa seria, garantimos, a mais bela das duas e a mais
curiosamente cinzelada. (Veja fotogravura ao lado).
163 O famoso manto de Apolônio não era outra coisa. Este sudário místico foi
preservado, como símbolo, no ritual da iniciação martinista.
164 Tanha consiste propriamente na sede de existência individual e isolada; a idolatria
do EU procede dela.
165 «Lemures gignuntur per deperditiones æstieas sper matis et sanguinis menstrualis.
"Sunt ephemeri et maximè modales. Aëre constante coagulado em vapor sanguinis vel
spermatis, et quasi bulla quæ si ferro frangatur, perit anima imperfecta lemurum.
«Quærunt simplices et credulos...
"Timidi sunt et fugitivi sicut aves cœli et semper mori reformidant, quia bulla aëris est vita
eorum, et statu facilè corrumpitur. (Paracelso, citado por Elifas, A Chave dos Grandes
Mistérios, p. 386).
166 A comparação não é semelhante: o visco de carvalho, por mais parasita que seja,
tem sua própria forma e essência.
167 As larvas podem mudar a atmosfera individual; Mas nunca, novamente, eles
podem viver em uma existência própria.
168 Se é curioso aprofundar essas teorias, nosso leitor estará disposto a conferir os
capítulos I e VI da Chave da Magia Negra, I e II do Problema do Mal. Então ele
será capaz de ter uma ideia de Naás, ou que queremos vê-lo como o agente
dualista que produz o mal, ou o quarto instrumento de externalizações externas e
objetivações individuais. Ele entenderá que parentesco liga Caim/yq, o Princípio
do Tempo, a este misterioso Hereb bru, um fator de desintegrações individuais e
integrações coletivas; – este Hereb que aparece com o braço estendido e a mão
constritiva de Mouth tWm, o O Ser avassalador e devorador, cujo papel
providencial é trazer a Diversidade de volta à Unidade, reduzir a circunferência ao
ponto central a partir do qual o raio que a determinou irrompeu e, finalmente,
confiscou as diferenciações da matéria sensível, para converter todas as suas
modalidades particulares à homogeneidade da substância universal e
indiferenciada. Foi o papel providencial de Mouth que inspirou os autores do Zohar
com este pensamento sublime: a morte é o beijo de Deus.
169 Nahash não existe estritamente falando, e ainda assim é a fonte, a raiz da
existência material.
170 Zanoni, tomo II, p. 69.
171 Neste ponto, as duas Escolas do Ocidente e do Oriente estão em perfeita
concordância dogmática. Kout-Houmi, o iniciado tibetano, correspondente místico
do Sr. Sinnett, escreveu-lhe uma longa e importante carta, que o Marquês de
Saint-Yves traduziu na íntegra em sua Missão dos Judeus. Destacamos estas
linhas notáveis: "Em sua evolução invisível, todo o pensamento humano passa
para o lugar cuja ordem física é o inverso e se torna uma entidade ativa,
associando-se, unificando-se a um elemento particular, isto é, uma das forças
semi-intelectuais dos reinos da Vida. Esse pensamento sobrevive como uma
inteligência ativa, como uma criatura engendrada pelo Espírito, por um período
mais ou menos longo e proporcional à intensidade da ação cerebral que o gerou.
Assim, um bom pensamento é perpetuado como um Poder ativo e benéfico, e um
mau como um Poder demoníaco e mau. Para que o homem povoe continuamente
sua raça no espaço, com um mundo à sua imagem, cheio das emanações de suas
fantasias, desejos, impulsos e paixões. Mas, por sua vez, esse ambiente invisível
do homem reage, por seu único contato, a qualquer organização sensível e
nervosa, na proporção de sua intensidade dinâmica. Isto é o que os budistas
chamam de Shambda, Karma Hindu. O adepto conscientemente cria essas
formas; os outros os geram aleatoriamente..." (A Missão dos Judeus, p. 111).
172 a dos conceitos vitalizados.
173 Não esqueçamos que, tocando com um ponto o corpo astral condensado de um
médium ou de um mago na fase de bilocação, seria muito provável que se
cometesse homicídio. (Ver Templo de Satanás, pp. 402-404, — e capítulo VII
deste volume).
174 "O jesuíta Paulo Saufidius, que escreveu sobre as maneiras e costumes dos
japoneses, conta uma anedota muito notável. Uma tropa de peregrinos japoneses,
atravessando um deserto um dia, viu chegar a eles um bando de espectros cujo
número era igual ao dos peregrinos, e que caminhavam no mesmo ritmo. Esses
espectros inicialmente deformados e semelhantes a larvas tomaram como eles se
aproximaram de todas as aparências do corpo humano. Logo eles encontraram os
peregrinos e se misturaram com eles, escorregando silenciosamente entre suas
fileiras: então os japoneses se viram duplos, cada fantasma havia se tornado a
imagem perfeita e como a miragem de cada peregrino. Os japoneses assustados
se prostraram, e o monge que os liderou começou a orar por eles com grandes
contorções e gritos. Quando os peregrinos se levantaram, os fantasmas
desapareceram e a tropa pôde continuar livremente em seu caminho. Este
fenômeno, que não descartamos, tem as características duplas de uma miragem e
uma súbita projeção de larvas astrais, ocasionada pelo calor da atmosfera e pela
exaustão fanática dos peregrinos. (A Chave dos Grandes Mistérios, pp. 248-249).
Esta citação de Elifas, que encontra aqui a sua razão de ser, também poderia ter
sido reservada para o capítulo III, que trata dos fenómenos colectivos.
175 Muitos médiuns e magos não podem exteriorizar sua força, mesmo que
parcialmente, sem perder a consciência e oferecer os sintomas da catalepsia: é
isso que os faquires da Índia chamam de dormir do sono de Deuses ou Espíritos. –
Outros caem nessa fase letárgica somente se perceberem a projeção integral de
sua sideralidade.
176 A Serpente de Gênesis, Volume I (O Templo de Satanás), pp. 121-124. — É justo
admitir, no entanto, que vemos bons médiuns trapaceando de maneira
inconsciente e em perfeita franqueza de alma. (Cf. o recente livro do Coronel de
Rochas, l'Extériorisation de la Motriité, Paris, Chamuel, 1896, in-8°).
177 Ibidem, p. 411.
178 Queremos dizer o Astral próprio ou inferior, porque temos que nos dar bem. Alguns
seguidores da Ciência generalizam o termo "Astral", para incluir as misteriosas
regiões onde os Reintegrados vivem, na irradiação mais sutil da Luz da glória.
179 «Ignis simulacrum saltatim in aëre in tumorem extendem; — vel etiam ignem
infiguratum unde vocem currentem: — Vel lumen abundans, radians, streperum,
convolutum",» (Trinum magicum, Francof., 1629, in-12, Oracula Chaldæorum;
Dæmones, sacrificia, p. 344). — Cf. F. Patricii Magiam philosophicam, (Hamburgi,
1593, in-8, fol. 44)
180 Para fantasmas de eventos, consulte o notável estudo de Bulwer Lytton, The
Haunted House (Chamuel, 1894, pequeno em-8). As páginas 28-29 descrevem a
interpretação fantasmagórica de um crime cometido quase um século antes. R.
Bulwer tinha uma grande prática dos fenômenos da magia; Suas pinturas são
sempre surpreendentes na verdade e intensa emoção.
181 Nada se assemelha mais a miragens errantes do que as aparências prontamente
afetadas por certos elementais transitórios, como almas vegetais ou minerais em
estase de abmaterialização. A confusão é fácil e, no entanto, há um abismo entre
esses seres libertados de seus grilhões, miragens materiais e simples errantes.
Esses dois tipos diferem tanto em sua própria essência quanto em seus destinos
futuros.
182 Não confunda Espírito Elemental com Mente Elemental (veja abaixo). Uma
observação importante encontra seu lugar aqui. A terminologia habitual no
ocultismo qualifica como Elementais ou Espíritos Elementais uma classe particular
de Invisíveis. — Mas é urgente compreender que, estritamente falando, todo ser
relativo é, em sua própria natureza, um Espírito elementar. Nem as almas
humanas nem os anjos celestiais são espíritos puros, como geralmente se
entende. Em outras palavras, todos os seres reais são extraídos de um elemento
semelhante a eles, de uma substância mais ou menos purificada. Moisés diz isso
na íntegra, no que diz respeito a Adão Eva. O homem ganancioso de Ihoah,
depois de seu fracasso, declara-lhe, entre outras coisas, que ele deve doravante
se alimentar dos frutos áridos da natureza física: «Dele se alimentarás (acrescenta
o Senhor) na agitação contínua do teu espírito, e até o momento da tua
reintegração no elemento adâmico, homogêneo e semelhante a ti mesmo: pois,
como foste tirado deste elemento, e que sois uma emanação espirituosa dele, é a
este elemento que deveis ser restaurados (Gênesis, cap. III, v. 19, tradução Fabre
d'Olivet). Aqui está a palavra por palavra nas duas últimas linhas: "como espírito
elementar você é, e tal para o elemento espiritual você deve ser restaurado". Os
tradutores autorizados, fazendo Adamah hmda (o elemento essencial de Adão) no
chão, e Haphar rpu (espírito elementar) por pó, conseguem extrair do hebraico
este cens materialista: "porque tu és pó e voltarás ao pó". Essas coisas notificadas
para o registro, não vamos alterar o vocabulário recebido de insiders. — (EN) Mas
é importante concordar com as palavras.
183 Jules Lermina, em sua Magia Prática, viu essas coisas muito bem; ele denuncia
sagadamente a vingança do Elemental: "Para o Elemental, o homem é um inimigo,
já que ele é um destruidor. Mas também que ele tenha cuidado, o Elemental se
defende e é com as maiores precauções que o homem deve entrar em seu
domínio. As coisas estão se vingando. Eles estão sofrendo. Sunt lacrymæ rerum!
O poeta disse a verdade." Todo este capítulo VI deve ser lido (Magia Prática, pp.
205-220).
184 Esses Daimons do Mal não são absolutamente maus, cruéis e traiçoeiros em
todos os aspectos, como o vulgar imagina os demônios. São almas que
inveteradas vícios, agora paixões desenfreadas, possuem e destroem; Mas nem
todos os seus sentimentos, bem como todas as suas ações, são necessariamente
detestáveis.
185 Tendo que lidar com assuntos relativamente novos, nem sempre encontramos
termos consagrados, para traduzir o que vimos: somos então forçados a
improvisar. Oramos, de uma vez por todas, para que sejamos perdoados por
essas barbáries necessárias.
186 Certamente foi apenas o grito da carne, falhando nos estertores de uma provação
suprema; Mas a menção desse grito de dúvida sempre nos aterrorizou!
187 É a morte, na verdade, que voluntariamente solta os seus grilhões, no tempo e no
lugar escolhidos, e, enxugando com um voo de chamas o purgatório do Astral, se
eleva em direção à morada solar das almas glorificadas: enquanto os seus restos
carnais descansam em alguma cripta ignorada e inacessível? "Todos os antigos
iniciados que alcançaram o posto de Moisés", escreveu Saint-Yves d'Alveydre,
"morreram sem que seus corpos deixassem mais vestígios do que os dele. Até
Pitágoras, até Apolônio de Tiana, até Jesus Cristo, veremos o mesmo fato
misterioso repetido. (Missão dos judeus, p. 476).
188 Chanaan / unk no sentido mais material, significa homem de especulação e
comércio. A terra Chanaan dos judeus modernos é usura, é Agio, é a ascensão e
queda de valores.
189 O mundo físico, uma consequência da queda de Adão, não foi criado como tal por
Ihoah Ælohim – Podemos meditar em dois aforismos Cabalísticos, peremptórios
neste ponto, para aqueles que sabem como entendê-los. Eles são retirados dos
dogmas coletados pelo Padre Angelus de Burgonovo, um dos autores compilados
pelo estudioso Pistorius. Eis a tradução destas fórmulas, de um profundo
esoterismo: O Pecado de Adão é a mutilação de Malkuth, separada da árvore
sefirodita. — É com a árvore do pecado que Deus cria a Ordem temporal.
190 O verso é de Terêncio, mas o pensamento é de Catão.
191 Ver acima, pp. 178, 184-194.
192 Exemplos, relatados de Cornélio Agripa: "Assim, lemos que Hermes, Sócrates,
Xenócrates, Platão, Plotino, Heráclito, Pitágoras e Zoroastro costumavam se
deleitar com sua carne, e assim adquiriram o conhecimento de muitas coisas.
Também lemos em Heródoto, que havia anteriormente na ilha Proconeso um
filósofo de conhecimento maravilhoso, com o nome de Atheus, e que sua alma às
vezes saía de seu corpo; Depois de longas viagens, ela retornou mais instruída do
que antes. Plínio nos diz que a alma da Herinotina de Clazomen estava
acostumada a tais passeios; que deixando seu corpo, ela viajou aqui e ali, e assim
trouxe de volta de longe notícias precisas. E ainda hoje, entre noruegueses e
lapões, muitas pessoas que deixam seus corpos por três dias, e contam em seu
retorno muitas coisas de países distantes. No entanto, se eles viajam dessa
maneira, seus corpos devem ser guardados, e nenhum animal vivo passa por cima
deles ou os toca: caso contrário, diz-se que essas almas não poderiam entrar
neles" (de Occulta philosophia, III, 50). O que os "animais vivos" devem temer
primeiro o ocultista na fase de bilocação, pois seu corpo permanece: é isso que
deixaremos para a sutileza do Leitor discernir. Não se esqueça de que Agripa nos
ordena formalmente que leiamos nas entrelinhas de seu livro: "Que ninguém fique
zangado conosco, se escondemos a verdade desta ciência sob a ambiguidade dos
enigmas, e se a dispersamos em vários lugares deste tratado. Pois não é dos
sábios que a escondemos; É para os pervertidos e os ímpios; e nós o ensinamos
em tal estilo, que necessariamente o leigo não vê gota, mas que os sábios não
terão dificuldade em ter sucesso nisso." Estas são as últimas frases do tratado
sobre filosofia oculta.
193 De outro ponto de vista, os Rosacruzes classificaram os vários modos de êxtase
em quatro categorias, de acordo com os personagens que ele afeta e os
resultados que ele dá: 1° Êxtase Musical, 2° Êxtase Místico, 3° Êxtase Sibilino, 4°
Êxtase do Amor. No Apêndice da terceira edição de No Limiar do Mistério,
comentamos e esclarecemos a tradição recebida sobre este ponto (ver este livro,
pp. 218-224).
194 A sabedoria divina de Abraão, o judeu, dedicada a seu filho Lameque (Sra. século
XVIII, traduzida do alemão [1432], 2 vols., pet. in-8, volume II, p. 76). Ao publicar
um fragmento deste capítulo sob o título de Notas sobre o Êxtase, transcrevemos
a mesma frase de Abraão, o judeu, na qual pensamos ter lido estas palavras: "O
Escolhido do Senhor aparecerá em vós". Nós até os enfatizamos, pois pareciam
tão significativos e profundos para nós. Infelizmente, ao examinar mais de perto o
manuscrito, descobrimos que uma sobrecarga, muito habilmente feita, havia nos
enganado. É lamentável ter de mudar a frase num sentido de banalidade; Mas o
texto original com "diante de você", era necessário restaurar a citação de acordo.
195 Ambas as opiniões são um pouco extremas. Ambos, no caso médio, expressam
parte da verdade. É a mesma questão, considerada de dois lados diferentes.
Encontraremos, em nossa teoria das larvas, os meios para reconciliar essas duas
avaliações aparentemente irreconciliáveis.
196 Tomo I de l'Histoire des Spectres (Paris, Buon, 1605, in-4, p. 97).
197 Não implica uma confissão tácita e talvez inconsciente? O Sr. Gougenot des
Mousseaux cita, entre outros, RRs. Desjacques e Lemaître, como particularmente
edificado sobre o capítulo dessas incríveis epidemias. Os nativos que são
afetados, morrem no final de quatro a cinco anos, em consumo e estagnação.
198 Um terceiro missionário escreveu: "É uma doença quase endêmica de certas
províncias da China que exploramos; nós a chamamos de doença do Diabo".
Consulte os Altos Fenômenos da Magia, (Paris, Plon, 1864, in-8, p. 392-393).
199 Quanto à possibilidade de coito nessas condições, e sem se envolver em uma
discussão escabrosa sobre as dificuldades que poderiam ser levantadas a esse
respeito, basta dizer que as objeções desaparecem ao capricho daqueles que
viram e tocaram os fenômenos de materialização, total ou parcial, efêmera ou
duradoura, que ocorrem através de alguns meios.
200 Um teólogo católico do século XVII, Rev. Sinistrari dAmeno, Capuchinho (1622-
1701), examinou muito curiosamente este problema, do duplo ponto de vista dos
fatos observados e da doutrina teológica. Sua obra em latim, que permaneceu
duzentos anos em manuscrito, não foi traduzida e publicada até 1875, pela editora
Liseux. Seu título é significativo: DE LA DÉMONIITÉ ET DES ANIMAUX INCUBUS ET
SUCCUBES, ONDE SE PROVA QUE EXISTEM NA TERRA CRIATURAS
RAZOÁVEIS ALÉM DO HOMEM, TENDO COMO ELE UM CORPO E UMA ALMA,
NASCIDAS E INOVADORAS COMO ELE, REDIMIDAS POR N.S. Jésus-Cristo e
capazes de salvação e condenação (Paris, Liseux, 1875, in-8). P. Sinisirari
d'Ameno descreve a natureza dos espíritos elementares e sua relação com o
homem, em termos muitas vezes corretos, do ponto de vista da Ciência oculta.
Parece um Paracelso que se tornou um casuísta e polêmico romano, mas se
retratou o mínimo possível de suas teorias herméticas. O P. Sinisirari d'Ameno
descreve a natureza dos espíritos elementais e a sua relação com o homem, em
termos que muitas vezes são correctos, do ponto de vista da Ciência oculta.
Parece um Paracelso que se tornou um casuísta e polêmico romano, mas se
retratou o mínimo possível de suas teorias herméticas. Por volta da época em que
o Padre d'Ameno escreveu este tratado, o Abade de Villars publicou seu Conde de
Gabalis, 1680, em-12, que também trata dos Espíritos Elementais e sua relação
com os homens. Mas o abade de Villars, interpretando ao pé da letra as alegorias
dos Cabalistas (Voy. No limiar do mistério, pp. 213-214 da 5ª edição), reconhece
no Elemental apenas uma alma perecível e a exclui da Redenção cristã; a menos
que uma criatura humana do sexo oposto o imortalize, unindo-se a ele pelos laços
do amor. Os dois volumes, ambos escritos em um estilo agradável, são muito
curiosos para comparar. Cf. também as opiniões de François Hédelin (mais tarde o
Abbé d'Aubignac), que publicou, cerca de 50 anos antes do Padre d'Ameno, um
livro muito picante, onde ele apoia a tese de alguma forma oposta à sua: Des
satyres brutes, monstres et démons, contre l'opinion de ceux qui ont estime les
Satyres être un espèce d'hommes distinct et separated from the Adamiques (Paris,
Bron, 1627, in-8). — A editora Liseux reimprimiu este livro, o que não é comum.
201 Threicia, o único caminho das ciências divinas e humanas, pp. 192-193 e 285-286,
passim.
202 Contamos essa aventura em detalhes no primeiro volume de A Serpente de
Gênesis (O Templo de Satanás, pp. 76-77).
203 Trata-se de uma questão de facto, não de um problema de direitos morais ou
sacerdotais. Portanto, não discutiremos a tese dos defensores das eras antigas,
que são rápidos em atribuir tudo na antiguidade sagrada que choca a mente
contemporânea à corrupção dos ritos e à degeneração dos mistérios. Além disso,
nada é mais certo do que o profundo contraste oferecido por tempos distantes em
comparação com o nosso, em termos do modo de compreender o Justo e o
Injusto, o Moral e o Imoral especialmente.
204 Língua hebraica restit. , Volume II, p. 177.
(SECÇÃO 10)
A Roda da Fortuna (dez) = Causalidade = Vida coletiva = Devir
A Roda do Devir
Capítulo III: A Roda do Devir

Uma plataforma sólida, onde a esfinge impassível se senta.


Mais abaixo, uma grande roda, inserida em um eixo móvel, que
dois suportes seguram na altura desejada.
Dois monstros – os antagonistas Gênios do Mal e do Bem –
agarrados a essa roda, à esquerda e à direita: desce um demônio
com chifres, de cabeça para baixo, forcado no ponto senestre; Ele
contorce suas pernas incertas e escamosas ao volante. Aqui, é um
cinócéfalo que sobe; Sua cabeça está perto de alcançar a
plataforma da Esfinge, e sua direita levanta um caduceu... [252]
Este é o emblema admirável que nos é apresentado pela décima
lâmina do Livro de Thoth.
No topo, o Absoluto manifestado, o Verbo, potencial de uma
criação inesgotável. É a esfinge egípcia, que resume em sua forma
sintética os dos quatro animais sagrados da Cabalá (Haïoth
Hakadosch ?odqh toyh), figurativa das quatro letras do
incomunicável iod-he-vau-hé hwhy.
Tifão, descendo para a esquerda, simboliza o êxodo involutivo de
submúltiplos verbais, que afundam na matéria, impulsionados pelo
peso de sua queda, e que assim dão o empurrão à roda gigante do
Devir.
À direita, Hermanúbis simboliza, subindo, a evolução das formas
progressivas dessa mesma matéria, reagidas pelo Espírito, e o
retorno dos submúltiplos à inesgotável Unidade-Mãe da qual
emanavam.
É, por um lado, o daimon da Involução, que, em sua queda careta,
não poderia perder inteiramente a figura humana, — semelhante à
imagem divina — aquela figura que os chifres da rebelião, do
egoísmo e do orgulho não conseguem distorcer. — Por outro lado, o
daimon da Evolução ascendente, que, brandindo o caduceu da
ciência e do equilíbrio, e prestes a escalar a plataforma esfingiana,
ainda mantém em seu rosto o infame estigma da animalidade,
símbolo dos reinos inferiores dos quais ele emerge... Que contraste
poderia ser maior e mais significativo?
As duas silhuetas monstruosas aparecem, em última análise, uma
e a mesma personagem, o Adão Cósmico, – nos dois aspectos
complementares [253] da queda e da ascensão, ou, se quiserem,
nas duas tendências opostas de Análise e Síntese, de diferenciação
e integração universais.
Mas o que se pode dizer da consequência imediata desse duplo
movimento; o branle impresso na roda ilimitada do Tempo, que
multiplicará suas voltas, abraçando o Espaço ilimitado na esfera de
sua rotação? Não é que toca no sublime, na eloquência hieroglífica
dos autores do Tarô, hábeis em especificar, nesta imagem simples,
o Como e o Porquê da misteriosa e profunda relação que liga ao
declínio do Adão celestial, à criação do universo físico e à abertura
do ciclo temporal?
Do ponto de vista do Cosmos total, considerado não mais nos
princípios de sua gênese, mas no fato de seu governo e nas fontes
de seu determinismo oculto, nosso pentáculo não será menos
significativo: a esfinge se tornará o emblema da Providência, o
cinócéfalo, o da Vontade e o demônio o do Destino.
Ora, estes três Poderes retificam o Cosmos constituindo na
verdade a sua tripla natureza, intelectual, psíquica e instintiva, –
esta é a transição lógica entre as visões precedentes e outra ordem
de correspondências não menos essenciais.
Que, se passarmos de fato da Cosmogonia para a Ontologia, a
décima chave do Tarô nos revelará [254] a constituição ternária de
cada ser: Espírito, Alma, Corpo.
A esfinge simbolizará o elemento espiritual, ativo e masculino, ou
o princípio do enxofre dos alquimistas Tifão, o elemento corporal,
passivo e feminino, ou o sal dos alquimistas; - Hermanubis,
finalmente, descobrirá o termo médio entre o Espírito e o Corpo o
elemento animico, ou Mercúrio dos alquimistas, que é andrógino,
isto é, ativo em relação ao Corpo e passivo em relação ao
Espírito205.
Isso nos dá a polarização geral de cada ser: polo positivo, +,
Espírito; polo negativo, -, o Corpo; centro de equilíbrio, ∞, a Alma.
Além disso, o Espírito, a Alma e o Corpo, considerados
separadamente, apresentam cada um sua polarização ternária
muito distinta: polo positivo, polo negativo e neutro equilibrado; —
como pode ser visto deste ponto de vista o magnífico diagrama
publicado por Fabre d'Olivet, em sua História Filosófica da Raça
Humana206, em uma [255] placa fora do texto207, e que
infelizmente carece de um grande número de cópias.
Mas isso está longe de ser tudo. — Somos levados a dar a
conhecer aqui os princípios de um sistema de dupla e sete vezes
polarização, aplicável a todos os seres vivos, desde os Poderes
constituintes do Universo previstos como tal, até ao mais humilde
exemplo individual que se deseja escolher, quer no homem, quer
mesmo na série animal208.
Esta lei da polarização universal dos seres constitui um dos
arcanos mais ocultos da Magia, sua revelação precisa é dirigida
apenas aos iniciados ... É uma joia que se desprende a seu favor
deste magnífico cenário onde a antiguidade sacerdotal acumulou os
tesouros do seu esoterismo: profunda reserva científica do passado,
onde o futuro pode desenhar por muito tempo com as mãos cheias,
sem qualquer risco de secar as suas riquezas.
Não temos conhecimento de que essa teoria já tenha sido
divulgada. O próprio Dr. Adrien Péladan não a menciona em seu
brilhante livro de anatomia homológica209. Pelo menos ele tem
certeza de que a conhecia. Joséphin Péladan transcreve, de fato, na
introdução que colocou na cabeça do livro póstumo de seu irmão
[256], uma página muito notável de um panfleto anterior, no qual o
Dr. Adrien faz uma alusão direta à lei da polaridade cerebro-sexual,
e engenhosamente deduz uma de suas consequências. Quanto aos
outros trabalhos do mesmo tipo que pudemos consultar, não há
vestígios dessa teoria.
Costumávamos percorrer a coleção do Lótus, uma excelente
revista de ocultismo, que um desaparecimento prematuro por si só
impedia de manter o que prometia, e o que um bom léxico dos
conteúdos reunidos por ordem certamente teria feito: a Enciclopédia
Teosófica de Estudos Budistas na França. P. 102 do primeiro volume
colocou diante de nossos olhos um artigo (reproduzido do teosofista.
), em que o problema da polaridade humana é colocado, sob a
assinatura N. C., cerca de dois livros publicados alguns meses
antes, um pelo Dr. Chazarin210, o outro pelo Professor Durville211.
Enquanto faz justiça ao mérito e à iniciativa corajosa demonstrada
por esses dois exploradores de um mundo relativamente novo, M.
N. C. aborda, em nome da ciência oculta, a crítica de ambas as
obras. Este dificilmente é o lugar para resumir essas opiniões.
Embora o censor nos pareça, para dizer a verdade, se não
tendencioso em favor do Dr. [257] Chazarin, pelo menos um pouco
severo para M. Durville, cujo trabalho é mais notável, não
pretendemos decidir a quem pertence a palma da descoberta, ou
mesmo examinar se há uma descoberta.
É o próprio crítico que vamos colocar no local.
Ele reúne e oferece-nos, com a curiosidade conscienciosa de um
erudito herbalista do Mistério, um certo número de pormenores de
real interesse; mas permita-nos que lhe expressemos a nossa
surpresa, uma vez que fala em nome do Oculto, vê-lo negligenciar
as grandes avenidas da ciência, bater nos arbustos em busca das
suas florzinhas.
Sem dúvida, os amantes da fisiologia secreta terão o prazer de
aprender, (se ainda não sabem), que no homem existem sete
forças, correspondendo aos sete princípios analíticos de M. Sinnett,
e que cada uma dessas forças é polarizada, exceto em seu plano
especial de atividade; que a metade direita do corpo é positiva, a
outra negativa; artérias e nervos motores são positivos por natureza,
veias e nervos sensoriais são negativos por natureza; que dois
líquidos de natureza química diferente, separados por uma partição
porosa, geram, como demonstrou John Trowbridge, uma corrente de
electricidade, da qual se conclui que a endosmose, exercida através
dos tecidos do organismo, deve dar origem a uma corrente; —
finalmente, o cotovelo é ligeiramente positivo para o peito, e a mão
[258] às vezes negativa para o pé, às vezes positiva.
Os estudiosos do ocultismo há muito conhecem essas coisas e
algumas outras de igual importância: se tivessem esquecido, além
disso, que as analogias das revoluções de Iêvê, por um lado, e, por
outro, o estudo do Pentagrama ou da Estrela, extravagante aplicado
à fisiologia, lhes permitiria reconstruir geometricamente todas essas
relações.
O autor do artigo cita apropriadamente a Cabalá e se refere ao
glossário de Rosenroth (Volume I da Cabalá Denudata), onde há
noções interessantes sobre polaridade: entre outras coisas, a
localização do eixo magnético no eixo do sistema cerebroespinhal,
que parece, na verdade, de interesse já capital.
Mas o que os alunos não sabem, e o que sem dúvida teria sido
apropriado ensinar-lhes, falando em nome dos mestres, é a grande
lei do equilíbrio vital, aquela lei sintética e rigorosa que torna
possível deduzir tantas outras leis, e, abrangendo ao mesmo tempo
os três focos de atividade que constituem a vida de cada ser, serve
como critério infalível para localizar a priori, não só a bipolaridade de
cada um dos três sistemas dinâmicos, — o intelectual, o animico e o
astral, — mas também os termos de uma polarização que se afirma
crucial, em duplo modo de reciprocidade inversa e complementar, e
que vai do intelectual ao físico, por um lado, [259] e do indivíduo
masculino para o indivíduo feminino, por outro.
Esta, não em outro lugar, é a chave absoluta para a biologia
oculta, – chamada em magia, a chave para a composição de ímãs,
– uma lei verdadeiramente universal e, além disso, revelando uma
série de outras: aquelas, por exemplo, da Sociologia e da História
primitiva; ou (se, elevando-nos do plano terrestre para planos
superiores de existência, quisermos generalizar), os da
Cosmogonia e Teogonia ocultas.
Aqui estamos novamente no esoterismo mais secreto dos templos
antigos. O conhecimento desta lei fundamental foi transmitido
apenas ao Epopte, por meios tradicionais e sob a garantia de um
juramento solene e terrível. Não que tal revelação tenha resultado
em um aforismo imoral ou perigoso per se; mas tornou possível
fazer uma esteira, para o uso hábil do qual quase não havia portas,
no santuário, que eram consideradas susceptíveis de resistir.
Agora, se o segredo jurado ou alguma razão do mesmo tipo
fechou a boca do Sr. N. C., pelo menos ele deveria ter – subindo à
cadeira teosófica para julgar a ex-catedral M. Durville e Chazarin, –
para mostrar a existência de uma lei de síntese, e deduzir dela a
mais particular, mas ainda geral, lei de uma lei de polaridade no
homem.
Quanto a nós, que nenhum compromisso vincula, assumiremos a
tarefa de expor no resumo desta teoria [260], ampla como o
universo, simples como a natureza e rigorosa como uma equação
de álgebra, no entanto, a fim de não nos afastarmos do ponto de
partida desta digressão, pretendemos, a fórmula geral uma vez
afirmada, restringir a aplicação de qualquer esquema à fisiologia do
homem, ou, para melhor dizer, à biologia do andrógino humano.
O Leitor agradecerá, talvez, por deixar à sua inteligência sagaz o
cuidado, além de fácil, seja de estender sua adaptação a objetos
mais universais ou, ao contrário, de restringi-la a objetos mais
especiais. A lei pode ser formulada da seguinte forma:
O macho é positivo na esfera sensível, negativo na esfera
inteligível.
A fêmea, por outro lado, é positiva na esfera inteligível, negativa na
esfera sensível.
Por outro lado, complementares, o masculino e o feminino são
neutros na esfera intermediária do psíquico. Essa semelhança
animica212 é mesmo seu único ponto de fusão. É moralmente a
carta do Alto que consagra a identidade da raça, entre indivíduos do
sexo oposto. [261]
Mas essa regra dificilmente é concebida, condensada em uma
forma tão geral, e seu escopo incalculável ainda parece muito vago,
para não dizer muito zero.
Neste momento, é oportuno adaptá-lo brevemente, dentro dos
limites que nos propusemos antecipadamente.
Assim, aplicando esta lei verdadeiramente universal ao homem
terreno, — ao casal humano, — isto é, ao ser adâmico considerado
no ponto mais alto onde a sua evolução termina no nosso planeta;
Considerando que nele podem existir três centros de actividade: —
1° o foco intelectual, localizado no cérebro, e cujo polo oculto reside
nas convoluções superiores deste órgão; — 2° o foco animico,
localizado principalmente no coração e no grande simpático e cujo
centro oculto não é outro senão o plexo solar; — 3° o foco sensorial;
foco , que distribui sua energia para os vários órgãos dos sentidos, e
cujo polo oculto213 termina no órgão genital;
Dizemos que nos homens, o órgão genital é masculino ou positivo,
e o cérebro feminino ou negativo;
Por outro lado, nas mulheres, o órgão sexual é feminino ou
negativo e o cérebro masculino ou positivo;
Finalmente, tanto em homens quanto em mulheres, o plexo solar é
o ponto de equilíbrio central de todo o organismo. [262]
O que é um órgão masculino? — É aquele que produz a semente,
o germe rudimentar que o órgão feminino recebe, reage, gesticula,
nutre, elabora e desenvolve um tempo mais ou menos longo, ao
término do qual este referido órgão traz à luz um ser perfeito, isto é,
evoluído em ato, com o germe fertilizante que continha este ser
apenas no poder.
Essas coisas parecem óbvias, considerando apenas o polo genital
em indivíduos de ambos os sexos: ninguém vai contestar que o falo
do homem é ativo, ou seja, um instrumento de fertilização; O ctéis
da mulher passiva, ou seja, um instrumento de recepção, gestação
e elaboração definitiva.
O inverso não é menos certo, se considerarmos o cérebro, o órgão
onde a contrapolaridade do sexo se manifesta214. [263]
O cérebro masculino da mulher dá apenas germes de ideias, mas
sozinho dá a esses germes, isto é, o movimento inicial e a primeira
substância, em uma palavra o esperma intelectual215.
É o cérebro masculino da mulher que fertiliza o cérebro feminino
do homem. [264]
Assim, por um lado, o cérebro da mulher está para o cérebro do
homem, como o falo do homem está para o lado da mulher.
Por outro lado, nas mulheres, o cérebro está no ctéis, como, nos
homens, o falo está no cérebro.
A partir dessas premissas podemos deduzir inúmeras
consequências, das quais esboçaremos apenas as principais e mais
decisivas216.
Este é o lugar para invocar a famosa lei da física geral: os opostos
se atraem, como se repelem. Aplicando esta fórmula ao nosso
esquema, entenderemos imediatamente: O horror da mulher
intelectual pelo tipo de viveur, expressivo à vontade de toda a
bestialidade do macho; — e, inversamente, o desprezo do viveur
pela mulher intelectual, a quem ele de bom grado trata como low-
blue (linha positiva do semelhante);
O desprezo do homem pelo pensamento pela mulher [265] é
puramente sensual, e vice-versa, a antipatia desta última pela última
(linha negativa do semelhante).
A razão para essas antipatias? — Eis que a cabeça positiva da
mulher despreza o falo igualmente positivo do homem, e vice-versa
— A cabeça negativa do homem tem o mais profundo desprezo pelo
ventre da mulher, negativo também, e vice-versa; é isso: os
semelhantes se repelem.
Não seria mais difícil descrever as simpatias opostas dessas
antipatias como as mesmas; é que: os opostos se atraem217.
Quanto ao centro moral (ou mediano), equilibrando os dois polos
ocultos, intelectual (ou cerebral) e sensorial (ou genital), é neutro,
tanto em homens quanto em mulheres. Assim, devemos ver nele o
ponto de suspensão, não só do equilíbrio bipolar em cada indivíduo,
mas também do equilíbrio quadripolar no andrógino humano.
O amor propriamente dito, que é de facto a força exercida por este
centro e que lhe pertence por direito próprio,218 o amor é da
mesma essência no nome e na mulher. Acaba por ser idêntico; aqui
e [266] ali219, com a sua miserável e sublime procissão de [267]
devoção e egoísmo; ternura e ciúme, juramentos eternos e
instabilidade efetiva.
Acrescentemos que ela ainda constitui a relatividade sentimental
de médio prazo entre indivíduos do sexo oposto. É, portanto,
sempre central, ou mediano, ou que consideremos indivíduos
isolados, ou casais humanos.
Ambos (como mostramos no Limiar do Mistério220, é o Amor que
pode, se for realizado em sua perfeição e se afirmar na estabilidade
de um equilíbrio maravilhoso, — colocar o ser humano no caminho
de sua futura reintegração, restaurando-o ao estado de andrógino
harmônico.
É então que, identificados numa fusão muito íntima, os centros
neutros do homem e do seu companheiro tornam-se um só centro:
os dois esposos tornam-se um só Adão-Eva, no processo de
reintegração na sua plenitude ontológica, na apoteose da Unidade
Adâmica e celestial, que tem o nome de Palavra eterna.
O andrógino tornou-se esse ímã quaternal, liberto das quatro
correntes elementares, cujo padrão pode ser traçado como
mostrado na p. 268.
Parece supérfluo prosseguir com essas deduções. Formulamos a
lei suprema que rege a composição dos ímãs nos três mundos, uma
fórmula verdadeiramente mágica, para aqueles que saberão como
compreendê-la e aplicá-la adequadamente. A grande [269] Ísis pode
ser conjurada pelo adepto que terá toda a inteligência deste sagrado
apoftegma; Deixe-o saber como pronunciá-lo no devido tempo, os
últimos véus da deusa cairão em sua voz.

Mais uma palavra, antes de continuar o nosso caminho: não


podemos esconder do Leitor que esta lei221, cujo ensinamento
acaba de lhe ser transmitido [269], é precisamente aquela que
Eliphas Levi pretende, na p. 132 do seu Dogma da Alta Magia.
Depois de expor as doutrinas atribuíveis ao segundo fólio do Livro
Universal da Vida, o mestre erudito traça estas linhas misteriosas e
perturbadoras para os leigos:
"Estes são os segredos hieráticos do binário; mas há um, o último
de todos, que não deve ser revelado... A árvore da ciência do bem e
do mal, cujos frutos dão a morte, é a imagem deste segredo
hierático do binário... Não é o grande arcano da magia; mas o
segredo do binário leva ao do quaternário, ou melhor, procede dele
e é resolvido pelo ternário, que contém a palavra do enigma da
esfinge, como deveria ter sido encontrado para salvar a vida, expiar
o crime não intencional e assegurar o reino de Édipo.222
Vimos, de fato, pela inspeção dos diagramas, como o Binário gera
o Quaternário. Curioso para expressar por um símbolo gráfico o
[270] mecanismo de resolução pelo Ternário, e ao mesmo tempo o
do retorno à Unidade (o que Eliphas implica), bastará para
considerarmos a figura do ímã quaterne (2º diagrama) como
análoga a um par de tesouras, montadas no eixo no ponto central
do diagrama, e provável que feche como para abrir, ad libitum. Uma
vez que, em cada plano de atividade, os gostos se repelem e os
opostos se atraem, os polos positivo e negativo da região
conceitual, por um lado; Os polos negativos e positivos da região
sensível, por outro, atrairão e se fundirão. Quanto ao ponto central
de equilíbrio, ele não se move: a tesoura fechou, e obtivemos, de
acordo com a maneira de considerar nossa figura, um Ternário ou
uma Unidade.
As poucas páginas que acabamos de ler seriam melhor colocadas,
talvez, durante os nossos anos setenta: O Problema do Mal. Motivos
poderosos ditaram essa antecipação. Além disso, estávamos
ansiosos para fornecer àqueles que estão dispostos a nos dar sua
atenção contínua com uma senha oculta, que eles encontrarão mais
de uma vez a oportunidade de proferir, quando um obstáculo
imprevisto parece ficar em seu caminho.
O décimo pentáculo do Tarô está sujeito a comentários que não
podemos desenvolver neste volume.
Todo o ciclo temporal está simbolicamente inscrito, sob a figura da
Roda Mística. A roda [271] gira, e o Devir é gerado no orbe de sua
rotação. Quando terminar, o antagonismo sendo abolido, com o
reinado do Binário impuro, o mundo físico terá deixado de ser.
Mas volta-se para o lado senestre, descendo, o Espírito sufoca na
matéria; do lado direito, ascendente, a Matéria Esforçada ousa a
progressão de suas formas ambiciosas para a recuperação de uma
vida espiritual. O ser que assume essas formas sucessivas só
alcança a espiritualidade plena após o despojamento de sua casca
corporal, da qual guarda apenas um simulacro arômal, flexível como
um sonho... Assim, toda a série de materiais evolui para esse ideal;
mas morre, como matéria, antes de alcançá-la: deste esforço vêm
seres mistos, de dupla e tripla vida: material e espiritual, e fluídica;
os seres adjacentes ao Céu original, onde tendem a repatriar e a
Terra do exílio, que ainda não abandonaram.
Toda ordem temporal reside lá, da qual o Devir é a norma. O modo
de formação de todos os seres deriva da Lei da composição dos
ímãs, fórmula da qual entregamos223. [272]
H£nta rei chamado Heráclito. Tudo flui. Nada é; Tudo se torna. No
universo, pelo menos, acrescentaremos, para não contradizer o
axioma Cabalístico: "o Anjo que tem seis asas nunca muda".
Agora, se o Tornar-se fugitivo é de fato a lei deste mundo caído,
perguntemo-nos como esse Devir é gerado. Vamos ver do que é
feito.
Será fácil ver, olhando para as coisas, que três Potências estão
trabalhando juntas para produzi-lo. Poucos pensadores tinham
claramente sentido isso, antes que o Fabre d'Olivet tivesse fixado os
termos dessa tripla colaboração. Místicos puros, ou deterministas
puros, ou apologistas da liberdade desenfreada, muitos outros
acharam mais simples atribuir uma única fonte ao rio do Senhor.
[273] Devir224! Muitos filósofos ainda estão lá.
Tudo muda, dizem alguns, de acordo com o divino Vouloir: a
Providência é a causa velada, o Agente secreto e a medida oculta
da evolução universal. "Ei! Não, respondam os outros: você pode
ignorar que uma lei inflexível encadeia o efeito de causar,
necessariamente? O determinismo é absoluto, ou não é: somente
do Destino flui o Devir fatal. "E a liberdade humana", protestam
outros filósofos, "o que você faz com ela?" É a Vontade que gera e
regula o Futuro: e o Devir não é outro senão o modo normal de sua
geração.
Nenhuma dessas três Escolas é desprezível, pois cada uma
ensina uma parte da verdade. Os três Poderes que defendem
isoladamente contribuem para motivar a ordem das coisas futuras;
todo o mistério do futuro reside na lei da sua fecunda mutualidade.
Direito criativo e capital, se é que alguma vez houve um: abstruso e
velado como o Futuro que ela comanda. Direito sibilino por
excelência: toda arte divinatória deve, para ser séria, basear suas
regras na fórmula algébrica de sua enunciação; e a profecia,
exercida intuitiva ou racionalmente, extática ou dedutiva, consciente
ou não, só se justifica logicamente |274] pela avaliação de um
cálculo de probabilidades, que pode ser quantificado sobre o valor
recíproco desses três fatores, combinados e proporcionais em razão
dessa lei soberana.
Os fatalistas estão dizendo a verdade, quando promulgam os
seguintes aforismos: uma determinada causa, o efeito segue
irresistível. O efeito está incluído na causa como o pássaro no ovo.
Assim que é produzido, o efeito torna-se causa, por sua vez, para
gerar novos efeitos, e assim por diante, com a perda de
pensamento. Mas as inúmeras causas existentes estão ligadas e
combinadas, entrelaçadas de tal forma que produzem, conjunta ou
separadamente, efeitos infinitamente variados. Tanto que, apesar do
determinismo mais rigoroso, a terrível complexidade das
combinações torna impossível calcular os efeitos a nascer.
Os místicos da Liberdade não estão errados, quando, emanando
tudo da livre iniciativa da Vontade Adâmica, da qual o homem é
atualmente a mais alta expressão encarnada, eles sustentam que a
Vontade ainda seria todo-poderosa se não tivesse se dividido, daí a
queda e a abertura do ciclo temporal; — quando vêem nos
obstáculos fatídicos que agora tem de combater apenas a
expressão, por assim dizer, de um desejo consolidado antagónico
ao passado; — quando saúdam no Destino (o mesmo Poder que
indissoluvelmente liga o efeito à causa), uma espécie de atributo da
Vontade, a saber: a garantia da durabilidade das [275] volições
livres anteriores, irredutíveis e vivazes, testadas contra os possíveis
retornos desta mesma Vontade, e agora prolongando seu
desenvolvimento palingênico através da sucessão de aparências.
Os defensores da Providência, finalmente, não são menos
verdadeiros, quando celebram o impulso irrefutável e pacífico que o
Poder supremo imprime no Universo: o império infalível, exercido
sobre todas as coisas por esta Providência materna, que é a própria
inteligência da Natureza, e que age imediatamente sobre o homem,
pela iluminação, inspiração, persuasão e mediaticamente sobre o
Destino, através do homem, capaz de modificá-la, seja
combinando causas existentes ou criando novas. Assim a
Providência constrói o Futuro, nos planos da sabedoria; e,
repugnante para amarrar a liberdade humana para sempre; quanto
a violar a regra do Destino, no entanto, influencia ambos. Em caso
de conflito, a última palavra permanece sempre com a Providência.
Os outros dois. Os poderes podem muito bem frustrar
momentaneamente seus desígnios, atrasar sua execução. Mas qual
é o tempo para a Sabedoria divina? Nada prevalece, no final, contra
«o acontecimento providencial, precisamente porque é indiferente
na sua forma, e atinge sempre a sua meta por qualquer caminho: é
só o Tempo [276] e a Forma que variam. A Providência não está
acorrentada a nenhum dos dois." 225
Nossos leitores já sabem como a alma humana, colocada aqui
embaixo entre a mente e o corpo, como entre um cônjuge legítimo e
um sedutor do encontro, decide sua vida futura e determina seu
ritmo, de acordo com se ela se comporta em relação a ambos os
amantes, que de cima e de baixo a solicitam: ou que ela se dedique
à fidelidade conjugal, ou que ela persiste em degradar o adultério.
Ora, uma analogia estrita homologa o Universo total ao menor
indivíduo que o reflete, resumindo-o; pois idêntica é a essência dos
seres e das coisas. Tudo sai do Grande Adão, o Adam Kadmon do
Zohar... Providência, Vontade e Destino são para o Cosmos integral
o que as três vidas espirituais, psíquicas e instintivas são para o
humano exemplar. Assim, a Vontade (seja coletiva ou individual),
inseparável da alma (universal ou particular), torna-se Partisan do
Devir, em colaboração com a Providência e o Destino, digamos
melhor — no comércio com o Esposo celestial ou o sedutor
Fatum226.
No entanto, como consequência da queda universal [277] e da
materialização que foi o resultado, a Vontade geral está ligada à
espiral do Destino; Como a alma, como consequência de sua queda
individual (leia-se de sua encarnação terrena), está sujeita às
exigências do organismo físico. Existem relações forçadas entre
Vontade e Destino, bem como entre Psique e Corpo.
Todo um mundo de mutualidades inevitavelmente procede disso:
constrangimentos recíprocos, repercussões, trocas... Mas, apesar
desta comunidade forçada entre a Alma e o Corpo, entre a Vontade
e o Destino: a alma pode abster-se de multiplicar por sua culpa
estes demasiados pontos de contacto já, e viver na intimidade da
vida intelectual, no comércio com o Espírito puro. A Vontade
também pode governar em conjunto com a Providência, evitando as
armadilhas do Destino.
Assim, Providencialistas, Fatalistas e Voluntários Exclusivos estão
certos cada um para uma parte. Ao reconciliar seus sistemas, eles
poderiam, de comum acordo, determinar a fórmula suprema de
síntese e equilíbrio que lhes falta isoladamente. E, para afirmar de
modo exotérico a verdade sobre este ponto, diremos que, se a
gênese pudesse ser esclarecida dos eventos a serem devidos, ela
nos revelaria atribuíveis a um terço à fatalidade do Destino, por um
terço à iniciativa da Vontade, a um terço à instigação da
Providência.
Mas tenhamos cuidado: esta distribuição proporcional [278]
parecerá mais frequentemente errônea, como resultado de uma
ilusão de ótica mental; Isto é devido ao exercício constantemente
oculto da influência celestial aqui na Terra. A ação providencial
desafia o observador, porque é mediata, e é exercida apenas de
modo fatídico, sob o disfarce do determinismo mais estrito; ou em
modo volitivo, sob o da iniciativa humana menos restrita. — Tal
homem, por exemplo, parece muito livre para realizar um
determinado ato, e de fato o realiza; mas a Providência inclinou-o
interiormente a fazê-lo: dir-se-á que ele livremente quis e agiu? Sem
dúvida, porque ele podia resistir à ação celestial; Mas
espontaneamente? Não é um ponto, uma vez que ele quis e agiu
em conformidade com a inspiração do Alto, — Por outro lado, tal
evento, que parece fatalmente necessário por uma causa anterior, e
assim parece sair do puro Destino; foi por muito tempo preparada e
despertada pela Providência, que, inspirando a inteligência de um
Escolhido, ou mesmo usando a malícia de um, fez com que no
devido tempo semeasse por um ou outro, ou por ambos, no campo
do Devir, a semente de uma planta que nasce em sua hora no solo
fatídico. — Trata-se de uma ação providencial disfarçada, em
primeiro grau de ação volitiva, em segundo grau de ação fatídica,
como a tínhamos feito parecer.
Em suma, das três Potências colaboradoras das quais depende o
futuro, só a Providência pode prever com certeza, decidindo o que
fará, e [279] promulgar o curso das coisas, decidindo sobre o
desenvolvimento da sua própria iniciativa.
Teorema óbvio, do qual procede um corolário irresistível: é que
somente a inspiração do Acima pode conferir ao profeta uma certa
intuição das coisas futuras. No entanto, estes últimos os perceberão
apenas no poder de ser, e não em um ato realizado: uma vez que a
forma dos eventos a serem intervencionados não é de modo algum
fixada antecipadamente, mas depende das conjunturas mais ou
menos propícias que darão origem ao jogo mútuo da vontade
humana, sempre espontânea em seus passos livres, e do destino
físico, sempre inflexível em seu determinismo cego.
Assim, troveja uma Palavra de profecia nos lábios do Nabis,
afirmativa quanto à essência de um evento futuro, mas muda, – ou,
hipotética e consequentemente falível, – tocando o fato de sua
forma e a época fixa em que ocorrerá. Sobre estes últimos pontos, a
própria Voz Celestial227 só pode se pronunciar pelo cálculo de
probabilidades; mas que plausibilidade a favor do que foi disposto e
[280] previsto por este último que, por excelência, prevê e dispõe:
prævidet et providet! O perigo é reduzido à quota insignificante.
A profecia de Orval, para tomar um exemplo peremptório à parte
das chamadas profecias canônicas, mostra a que lucidez a
inteligência humana pode elevar-se, sob a inspiração da Providência
divina.
Duas palavras que tocam na autenticidade da profecia de Orval. —
O hipotético, em primeiro lugar; Teria sido escrito na primeira
metade do
Século XVI, por um solitário da abadia de Orval, e publicado pela
primeira vez em uma coleção de previsões impressas em
Luxemburgo, em 1544. Foi isso que não pudemos verificar. — Mas
a certeza é que começou a ser falado durante os acontecimentos de
1814-1815, e que Mademoiselle Lenormand a conheceu em 1827:
uma vez que publicou um importante extrato dela em suas
Mémoires de Joséphine, impressas no mesmo ano. Esta previsão
foi inserida em extenso no Journal des villes et des campagnes, em
1837 (n° de 18 de julho, n° 100 do XXV ano); e desde então, muitas
vezes citada e reproduzida em muitas publicações.
No entanto, os eventos de nossa história são previstos lá, de 1797
a 1873, com precisão surpreendente; e se, a partir dessa data, a
profecia já não se adapta aos fatos, talvez não seja um fracasso da
inspiração sibilina, mas, como veremos, quebrando a cadeia
fatídica, como resultado de um ato imprevisto e improvável do livre
arbítrio de Henrique V.

PROFECIA DE ORVAL228

Naquela época, um jovem (Napoleão) de Outremer (Córsega), no


país do celta gaulês, se manifestará por conselhos de força (Toulon,
Vendémiaire, campanha italiana); mas os grandes que ele sombrear
(os membros do Diretório) o enviarão para a guerra nos países do
Cativeiro (reminiscência bíblica: Egito, lugar de cativeiro de Israel).
A vitória o trará de volta ao primeiro país (retorno do Egito). Os
filhos de Brutus (os republicanos) estarão à sua disposição, porque
ele os dominará (18 Brumário) e tomará o nome de imperador
(1804). Muitos reis altos e poderosos estarão com verdadeiro
medo, e sua águia removerá muitos cetros e muitas coroas.
Pedestres e cavaleiros carregando águias e sangue, bem como
mosquitos no ar, correrão com ele por toda a Europa, que será
muitos espantados e sangrentos (guerras contínuas do Império).
Ele será tão forte, que se acreditará que Deus estará lutando com
ele: a Igreja de Deus Moult desolada (por impiedade revolucionária)
se consolará tão pouco ao ver os templos ainda abertos às suas
ovelhas todas [282] totalmente perdidas (consequências da
Concordata) e Deus será abençoado.
Mas está feito, as luas passaram; o velho homem de Sião (o
papa) maltratado (cativeiro de Fontainebleau) clamará a Deus, e
agora o poderoso (Napoleão) ficará cego pelos pecados e crimes.
Ele deixará a grande cidade com um exército tão belo que as
oncques nunca mais foram as mesmas (levantadas em massa para
a campanha russa, 1812); Mas uncques guerroyeur não vai ficar
firme contra a face do tempo. (Anátema contra os conquistadores,
cujos dias estão contados). A terceira parte e novamente a terceira
parte de seu exército perecerá pelo frio do poderoso Senhor (é
preciso: retirada desastrosa de Moscou). Então dois candelabros
terão se passado desde o século da solação; e agora as viúvas e
órfãos clamarão a Deus, e eis que os altos (príncipes franceses e
nobres emigrados – ou os soberanos estrangeiros) recuperarão
força; eles se unirão para derrubar o temido homem.
Aqui vem com muitos guerreiros o sangue velho dos séculos
(retorno dos Bourbons, em favor dos exércitos da coalizão), que
terá lugar e se dará na grande cidade (primeira Restauração: Luís
XVIII, 1814); então o homem temido irá embora rebaixado
(abdicação de Fontainebleau) perto do país ultramarino de onde ele
se tornou (a ilha de Elba fica ao lado da Córsega).
Só Deus é grande! (Esta exclamação; na prosa do bom Solitaire,
quase sempre marca uma [283] mudança de reinado). A décima
primeira lua ainda não terá retornado, e o chicote sangrento do
Senhor (Napoleão, outro Flagelo de Deus) retornará à grande
cidade (retorno da ilha de Elba) e o sangue velho deixará a grande
cidade (voo dos Bourbons, 1815).
Só Deus é grande! Ele ama o seu povo e odeia o seu sangue. A
quinta lua brilhará sobre muitos guerreiros do Oriente (os Aliados,
Batalha de Waterloo); A Gália está coberta de homens e máquinas
de guerra (segunda invasão dos Aliados). É feito do marinheiro!
(Napoleão, cativo em Santa Helena). Aí vem novamente o velho
sangue do Cabo (o sangue dos capetianos, os bourbons; retorno de
Luís XVIII; segundo
Restauração, 1815).
Deus quer paz, que o seu santo nome seja abençoado! Agora,
grande paz estará no país celta-gaulês, a flor branca (a flor-de-lys)
será em honra de muitos grandes; as casas de Deus ouvirão muitos
hinos sagrados (florescimento da adoração, proteção do clero).
Mas os filhos de Brutus (os republicanos) vêem com ira a flor branca
e obtêm uma regulamentação poderosa (seriam as Ordenanças
Reais contra os jesuítas?) de quem Deus ainda está muito irado
por causa dos seus; e para o que o dia santo ainda é muitos
profanados, mas este Deus quer experimentar o retorno a ele por 18
vezes 12 luas.
Só Deus é grande! Ele purificou seu povo por muitas tribulações;
Mas sempre os maus vão acabar. Depois, então, uma grande
conspiração contra a flor branca caminha nas sombras por [284]
muitos malditos companhia, e o pobre e velho sangue do Cabo
deixa a grande cidade.
(Revolução de julho de 1830, Carlos X toma o caminho do exílio). E
muitos avaliam os filhos de Brutus (pequenas ilusões dos
republicanos). Ouça como os servos de Deus clamam em voz alta
a Deus e que Deus é surdo, pelo som de suas flechas que ele
mergulha de volta em sua ira para colocá-las no meio dos ímpios.
Ai dos celtas-gauleses! O galo (símbolo do ramo mais jovem da
Casa de Orleans) apagará a flor branca (o lírio do ramo mais velho,
símbolo dos Bourbons). Um grande será chamado Rei do Povo
(LouisPhilippe). Grande concussão será sentida no povo, porque a
coroa terá sido imposta pelas mãos dos trabalhadores que lutaram
na cidade grande (primeiros anos da Monarquia de Julho: instituída
revolucionariamente, é constantemente ameaçada pela Revolução).
Só Deus é grande! O reino do mal será visto crescer. Mas que se
apressem: aqui estão os pensamentos do Celta-Gália colidindo e a
grande divisão está no entendimento. (Instabilidade ministerial?) O
Rei do Povo é a princípio visto muito fraco (até o ministério Périer) e
ainda assim vai contrair bem o ruim ... Mas ele não estava bem
sentado e agora Deus o está jogando para baixo! (Revolução de
Fevereiro de 1848).
Hurlez, filho de Brutus! (República de 1848). Invoquem-vos as
bestas que vos devorarão! (Fanatismo do povo para Luís Napoleão;
a águia [285] do Império reaparece na França com sua procissão de
aves de rapina). Deus grande! que som de armas (Guerra da
Crimeia, Guerra Italiana, Guerra Mexicana, Guerra Franco-Alemã).
Ainda não há um número completo de luas e aqui vêm muitos
guerreiros ... Está feito! (O ano terrível trará a invasão e a queda do
Segundo Império). O monte de Deus (Pio IX), desolado, clamou a
Deus (política traiçoeira com Roma). Os Filhos de Judá clamaram
a Deus da terra estrangeira e agora Deus não é mais surdo.
Que fogo vai com suas flechas! Dez vezes seis luas e ainda não
seis vezes dez hunes, alimentaram sua raiva. Ai de ti, grande
cidade! Aqui estão os Reis (o Rei da Prússia, os Reis da Saxônia,
Baviera, Würtemberg, etc.! Reis!) armado pelo Senhor (para que
nada prevaleça contra eles, todo esforço é inútil). Mas o fogo já te
igualou à terra (bombardeio de Paris). No entanto, os justos não
perecerão. Deus os ouviu. O local do crime é expurgado pelo fogo
(os fogos da Comuna). O grande riacho (o Sena) levou suas águas
de volta ao mar (represálias implacáveis do Versalhes: a Comuna
está esmagada em sangue). A Gália vista como dilapidada229 (a
Alsácia e a Lorena são violentamente arrancadas) se juntará
(recuperar o fôlego e reparar).
Deus ama a paz. Venha, jovem príncipe: deixe a ilha de
Captividade (Primeira viagem de M. le comte [286] de Chambord na
França. — O profeta vê o Conde de Chambord na integridade de
seu antigo direito; ele o viu, em 1830, quando, com apenas dez
anos de idade, partiu para o exílio, acompanhado por seu avô
Carlos X e seu tio, o Duque de Angoulême, que ambos haviam
abdicado, e chega à Inglaterra, a ilha do cativeiro: um rei exilado
não é um rei cativo?) Ver! (Pense antes de agir: o tempo ainda não
está maduro). Junte o leão à flor branca. (Faça uma aliança, ó
príncipe dos lírios, com aquele cuja heráldica é o emblema
heráldico; faça amizade com o marechal Mac-Mahon, presidente
interino da República). Vir! (Segundo chamado; chegou a hora:
1873. — A partir desta linha, a profecia de Orval não está mais de
acordo com os acontecimentos; por quê? Poderia ser assim que
Henrique V mudou a ordem das coisas, não respondendo ao
chamado combinado do Destino e da Providência?..... A Profecia
termina assim):
O que está planejado, se Deus quiser! O velho sangue de séculos
ainda acabará com grandes divisões. Apenas um pastor será visto
na Gália Celta. O homem poderoso por Deus se sentará bem.
Muitos homens sábios clamarão pela paz. Deus será crido com ele,
tão prudente e sábio será a descendência do Cabo.
Graças ao Pai da Misericórdia, a Santa Sião canta em seus
templos um Deus bom. Muitas ovelhas perdidas vêm beber do
riacho animado; três príncipes e reis colocam o manto do erro e
vêem claramente na fé de Deus. Naquela época, um [287] grande
povo do mar retomará a verdadeira crença em dois terços (Inglaterra
e Escócia?) Deus ainda é abençoado por 14 vezes 6 luas e 6 vezes
13 luas (13 anos, 54 dias)... Deus está embriagado por ter
bocejado misericórdias, e ainda assim ele quer que seus bons
prolonguem a paz por mais 10 vezes 12 luas.
Só Deus é grande! o bem é feito; os santos sofrerão. O Homem do
Mal chega; de dois sangues cresce: a flor branca escurece por 10
vezes 6 luas e 6 vezes 20 luas (14 anos, 200 dias ...), depois
desaparece para não aparecer mais.
Muitos males e poucos bens naqueles tempos; muitas grandes
cidades destruídas pelo fogo. Israel virá a Deus Cristo todo o bem;
Seitas amaldiçoadas e seitas fiéis estão em duas partes bem
marcadas. Mas está feito; só então em Deus se crirá; e a terceira
parte da Gália e novamente a terceira parte e meia não tem mais
crença; assim como outras pessoas. E aqui estão 6 vezes 3 luas e 4
vezes 5 luas que tudo separa e o Fim do Século começou. Depois
do número desfeito dessas luas, Deus luta por seus dois justos
(Elias e Enoque?) e o homem do mal (o Anticristo) tem a vantagem.
Mas está feito! O Deus elevado coloca uma parede de fogo que
obscurece o meu entendimento, e eu não posso mais vê-lo... Que
ele seja abençoado para sempre. Amém! [288]
Tal é esta profecia surpreendente, que, mesmo supondo que tenha
sido escrita após os primeiros acontecimentos que relata,
permanece indiscutivelmente contemporânea, pelo menos, com os
últimos anos da Restauração. Deixemos ao riso do ceticismo os
fatos declarados até esta data: restaria explicar a revelação
daqueles que vão desde o advento da Monarquia de Julho até a
Presidência do Marechal Mac-Mahon230. Nada de essencial que
não seja indicado, até o cálculo das lunações, que é de uma
precisão constantemente verificável231. [289]
A partir de 1873, como já dissemos, cessou a concordância entre o
prognóstico e os eventos realizados. Nós até sugerimos o motivo
dessa anomalia. Henrique V foi chamado ao trono da França pelo
voto nacional, ou pelo menos a pedido da Assembleia Nacional, em
1873? Trata-se de um fato [290] inconfundível232. A rejeição mais
ou menos disfarçada a que ele se opunha talvez reivindicasse os
fundamentos menos triviais e mais conscientemente considerados;
Não há dúvida de que há aqui um mistério de lealdade e equidade
que não vamos aprofundar em profundidade: no máximo,
arriscaríamos uma hipótese233, a crédito do príncipe que tanto
[291] culpamos duramente nesta conjuntura... De qualquer forma, o
fato permanece óbvio. M. le Comte de Chambord não queria reinar.
A tática de atraso que ele de repente invocou, essa aceitação da
bandeira branca, da qual, para a surpresa de muitos de seus servos
mais fiéis, ele fez uma condição expressa de sua ascensão ao
trono, foi algo além de um pretexto para rejeitar o cetro oferecido?
Ninguém se enganou, mas os interessados que fingiram. —
Substituir, no rescaldo das nossas catástrofes, a bandeira dos lírios
pelo tricolor, teria sido dizer ao milhão de corajosos que tinham sido
dizimados sob as suas dobras: "Tomastes este trapo para o padrão
nacional, ingénuos como sois, ou rebeldes? Este trapo de três
cores, para cuja glória você enfrentou a morte de um coração tão
leve, nem sequer existe! Abra os olhos, francês: esta é a bandeira
da França!... E saudar os três lírios [292] de ouro bordados em cetim
branco?" Que chatice enorme! Tão pouco que os inimigos de M. le
Comte de Chambord atribuem inteligência e tato a este príncipe,
insultaram-no de boa fé para levar a sério tal proposta, dirigida a um
povo que então parecia aplaudir seu salvador real, lançando-se em
seus braços?...
A magnífica precisão da profecia de Orval, de 1797 a 1873, trai,
pelo menos intermitentemente, a inspiração celestial. Os próprios
decretos da Providência podem ser frustrados, dissemos, pelo veto
do livre arbítrio humano; mas o seu cumprimento, abortado de uma
forma, em breve será efetuado de outra. Se, portanto, o solitário de
Orval sofreu o impulso providencial sem se misturar, a vontade de
Henrique V pode muito bem ter despertado um obstáculo efêmero à
adaptação dos planos enunciados; mas então eles são apenas
adiados e se adaptarão de outro modo, impossível de prever ou
mesmo prever sem revelação expressa. Que se, ao contrário, a
visão clara do bom eremita procedesse de uma fonte ou menos alta,
ou menos pura, então a inibição de uma vontade intercorrente, em
1873, pode ter perturbado todo o tecido fatídico, e nada acontecerá
com os eventos designados para se seguir.
Já em meados de março do presente ano de 1896, o público ficou
apaixonadamente comovido com as profecias de um jovem de 24
anos em êxtase, que afirma ser inspirado pelo arcanjo Gabriel.
Meses se passaram, sem que a moda fosse negada. É por centenas
de milhares que [293] os curiosos foram registrados para serem
admitidos para ver e ouvir a senhorita Henriette Couédon, "a vidente
da rue de Paradis".
O anjo anuncia-nos para o final deste ano amargas tribulações e
terríveis provações: inundações, cataclismos naturais, grandes
tumultos, uma guerra geral... Nada falta na tabela de castigos que o
Céu reserva para a França esquecida do seu Deus. Finalmente, a
restauração da realeza é prevista para nós, como a abertura de uma
era próspera, no final do período expiatório que nos ganhará nossa
impiedade e nossa corrupção. O monarca, um Bourbon de um ramo
lateral, reinou como Henrique V234.
Vários fenômenos de segunda visão são citados, onde a
veracidade de Miss Couédon teria aparecido. Mas outra coisa é a
clarividência de um lúcido, outra coisa a inspiração de um sibilo ou
de um missionário celestial. No primeiro caso, é Lenormand quem
nos intriga e surpreende; no outro caso, é Joana d'Arc que nos
acorda e nos salva...
O futuro logo destruirá ou cem vezes o prestígio da vidente, pois
suas previsões são todas míopes. Aconteça o que acontecer, a
sinceridade desta jovem mulher é inquestionável para nós, nem o
fato de uma influência oculta, nem a realidade de um ser invisível do
qual ela [294] é o órgão. Média à encarnação, ela se expressa em
versos de sete pés e não se lembra mais, em seu estado normal,
das coisas que disse quando estava em segunda condição. Mas a
identidade de sua inspiração continua sendo um problema insolúvel.
Seria o "anjo" um Elemental? um Elementar?... ou verdadeiramente,
como ela acredita, um mensageiro do Céu?
Isto é o que o Amanhã nos revelará.
Essas considerações nos levam diretamente a um estudo sucinto
das artes divinatórias, examinadas em seus princípios.
Dados os três Poderes colaboradores dos quais o Futuro é a obra,
ser-se-ia tentado a estabelecer uma classificação ternária, na qual
os diferentes meios de adivinhação são divididos, de acordo com se
procedem de uma origem providencial, volitiva ou fatídica.
Mas, na verdade, a própria adivinhação parece ser o monopólio do
Destino. Só a Providência infunde, é verdade, o Espírito de pura
profecia com toda a mistura. Mas a Palavra providencial é
imparável; Sua transmissão, toda espontânea, é voluntária de sua
parte. Ele não menciona a si mesmo, excepcionalmente. — do que
pela prática do ecstasy activo. Isto é o que um leitor atento do
capítulo anterior deve ter entendido de antemão.
A Vontade universal dificilmente é diretamente questionada : é um
fato, e a razão profunda não é fácil de justificar... Notemos apenas
que de [295] duas coisas, uma: ou esta Vontade universal segue os
caminhos da Providência, e a sua Palavra funde-se com a Palavra
providencial (da qual podemos dizer: Spiritus flat ubi vult); Ou a
altiva, libertando-se dessa influência tutelar, torna-se, a partir de
então, sujeita a voltar-se contra si mesma: "Os pensamentos ficam
chocados, e a grande divisão está no entendimento"!... O
Will, consequentemente, emite oráculos contraditórios, dependendo
se o consultor se jogou em uma ou outra de suas correntes hostis.
Além disso, podemos considerar neste caso a Vontade como um
vassalo do Destino a curto prazo: finalmente ela vacila ainda mais
sob a lei fatídica, que parecia colidir com ela com um esforço mais
soberbo. Sejam estas coisas ditas a respeito da Vontade ou das
vontades coletivas; Pois as vontades individuais escapam a todo
presságio: quando elas mesmas se perguntam, elas sempre sabem
o que responder umas às outras? De modo algum. São a própria
espontaneidade, na multiplicidade indefinida. Eles apenas formulam
intenções: você sabe algo mais variável?... É concebível, portanto,
que não haja vantagem, assim como nenhuma segurança, em
consultar a alma universal volitiva: uma vez que ela se eleva, na
primeira hipótese, à colaboração providencial; ou se torna, se ela o
detesta, o chocalho múltiplo do Destino, um ídolo muito mais fácil de
fazer as pessoas falarem.
É para o Destino que todas as artes divinatórias, mais ou menos
imperfeitas, que são atualmente ou praticadas, ou conhecidas,
emergem. Pode-se dizer que eles [296] são inumeráveis, pelo
menos inúmeros. Boissard e Peucer, que lhes dedicaram tantas
centenas de páginas de fólios, parecem longe de oferecer a
nomenclatura completa. O livro de Pierre de Lancre, Incrédulité et
Mescréance du Sortilège, produz, (pp. 198-199), uma lista, se não
completa, certamente muito detalhada, e Jean Belot apresenta
sobre este ponto a dupla vantagem de ser explícito ao mesmo
tempo, e conciso.
Referiremos a esses autores para os detalhes das práticas
divinatórias. Basta ressaltar que elas são tão diversas apenas na
prolixidade de suas formas externas: pois, no que diz respeito à sua
natureza essencial, essas práticas diferem muito menos do que
parece, e sabemos de poucas que vão além do quadro de uma
classificação quatern, provavelmente sem precedentes235, e que
são as seguintes:
PRÁTICAS 1° Pela evocação ou consulta direta dos Invisíveis. — Exemplos:
DIVINATÓRIAS Teomancia (Neoplatônica), Necromancia, Recurso à ajuda de gênios ou
demônios, Fúria Sibilina, etc.
2° Pela interpretação das assinaturas naturais, (que serão tratadas
nos Capítulos IV e V). — Exemplos: Ciência Analógica das Formas
Universais,
(Anatomia Cósmica de Crollius); Morfologia qualitativa; Fisionomia
Frenologia, Metoposcopia, Palmistria, Grafologia, etc.; Arte Augural,
Haruspicina, Teratoscopia, Interpretação [297] de imagens fatídicas:
Oneiromancia ou explicação de sonhos, etc.
3° Pelo estudo de combinações artificiais, mais ou menos simples ou complexas,
apresentando à mente a imagem contrastante dos eternos fas e nefas. — Exemplos: Urim
e Tumim, moeda ou cauda; Tarôs, Cartas, Jogos Simbólicos da Vida Humana (Jogo do
Ganso), etc., Feitiços de todos os tipos...
(4) Pela fixação prolongada de certos objetos, disformes e multiformes, onde o olho
pensa que vê imagens confusamente sibilinas passando; Apelo à lucidez, por uma espécie
de prática auto-hipnótica, um estado que provoca em conjunto o esforço prolongado de
atenção e a fadiga do nervo óptico. — Exemplos: adivinhação pelos elementos:
Piromancia, Aeromancia, Hidromancia, Geomancia, (estamos falando do real; a falsa
Geomancia que geralmente é praticada caindo na 3ª categoria) Cristalomancia,
Adivinhações pelo
Carafe, Espelho Mágico, Clara de Ovo, Grãos de Café, etc.

Essas divisões, que não são de modo algum arbitrárias, não são
absolutas: certos processos podem ser, ao mesmo tempo, uma
questão de vários deles. — Assim, a Astrologia, que pertence ao
segundo tipo, por causa dos aspectos celestes (verdadeiras
assinaturas do firmamento), nos quais se baseiam os cálculos
genéticos, — a Astrologia também pertence ao terceiro modo, como
resultado das regras, todas de artifício e convenção, às quais esta
ciência está atualmente sujeita236. — Do mesmo modo, a prática
[298] do Tarô, indubitavelmente atribuível ao terceiro tipo de
adivinhações, das quais o puro acaso parece ser a lei, é reversível
também no quarto: esta prática baseia-se de facto nas
combinações, todas fortuitas na aparência, de emblemas artificiais e
imaginários, e não na interpretação de sinais ou hieróglifos
fornecidos espontaneamente pela natureza; Mas, por outro lado,
esse caleidoscópio de imagens sibilinas, cintilando sob o olhar do
experimentador, pode ser concebido como um meio aperfeiçoado de
provocar nele a segunda visão.
A interpretação das assinaturas naturais certamente parece, em
suas várias variedades, o modo mais racional e menos enganoso de
adivinhação; exame de fisionomia, discernimento das linhas da testa
e da mão; O estudo sagaz das Escrituras, apresenta à vontade uma
documentação séria, múltipla e mutuamente controlada: e, com
base nesta certeza psicológica, reveladora e irrefutável, pode-se
construir todo um edifício de conjecturas luminosas.
Também não devemos dizer cartas erradas, Tarôs, esses jogos
simbólicos da vida humana, desdobrados através de suas
alternativas de sorte e infortúnio, seus contrastes de sorte e má
sorte, incluindo os Arcanos, – pompa ou prejudicial, – gravam o
emblema por sua vez. Um adivinho verdadeiramente dotado exalta-
se no manejo dessas figuras fatídicas; ele levanta uma sobrancelha,
parece que ele está ouvindo... Essas caixas coloridas se tornam
Oráculos Falantes! [299]
De repente, ele vacilou; Seus olhos se iluminam a partir do dia
interior: em sua segunda visão, um imenso horizonte se abriu. O véu
do Astral está rasgado...
Nem sequer pensamos, é fácil imaginar, em resumir aqui os
princípios gerais dessas ciências parcialmente questionáveis, tão
numerosas quanto ambíguas, nem as regras fundamentais das
artes sibilinas que lhes correspondem. Para a precisão essencial de
um único método tomado como exemplo, um longo capítulo não
satisfaria. São os tratados especiais que devem ser usados: os
curiosos serão, na verdade, estragados pela escolha.
Ao revelar a tríplice fonte do Futuro, manifestamos apenas o
princípio das variações onde o Devir é jogado: o porquê do
Amanhã universal em sua causalidade secreta, e não o como das
instabilidades corporais, em seu fenomenalismo patenteado.
enigma incluindo a lei das polarizações, bem entendida em seu
espírito geral, singularmente elucida o arcano.
Da mutabilidade das coisas físicas, tocaremos em duas palavras
apenas o mecanismo imediato, dependendo das reações, trocas,
reciprocidades incessantes que têm como próprio ambiente o Astral,
esse reservatório comum de seres, esse misterioso athanor dos
Poderes coletivos da vida.
Seja o crescimento dos seres organizados, ou o seu declínio ou as
modificações que eles [300] sofrem, acidental ou voluntariamente,
estranhas a essas duas fases, ascendente e decadente, da
existência: todas essas mutações são efetuadas por um trabalho
indescontínuo do tecido celular na tela instável do corpo astral. No
entanto, ela muda incessantemente em sua relação com a
atmosfera hiperfísica, veículo de mutualidades, trocas e
repercussões que são exercidas seja com outros corpos astrais,
seja com os Seres individuais ou coletivos que povoam essa
atmosfera invisível.
No Livro III, — que abrange horizontes menos restritos do que o
presente volume — veremos por quais regras de agregação as
mônadas se combinam para formar entidades mais complexas:
movimento evolutivo de síntese237 que é apenas [301] a
contrapartida (no período ascendente) do movimento inverso,
involutivo e analítico, pelo qual, (no período decadente), os seres
que emanam da Unidade Mãe se desintegram em submúltiplos
infinitesimais, para se espalhar para as profundezas duplas do
Tempo e da Expansão.
Mas neste livro II, que trata dos mundos invisíveis apenas no que
diz respeito à magia terrena e às possíveis relações entre os
habitantes desses mundos e os seres encarnados aqui embaixo,
não abordaremos o problema dessas fusões definitivas de cópias
adâmicas evoluindo para a Unidade.
Deve ser suficiente para nós esboçar aqui o que muitas vezes
combinações fortuitas dão origem a seres coletivos, mais ou menos
efêmeros ou duradouros, uma espécie de síntese viva, os
resultados do agrupamento de várias individualidades, sob as
condições necessárias.
Depois dos Mistérios da Solidão, abordaremos os mistérios da vida
coletiva, os MISTÉRIOS DA MULTIDÃO. [302]
Que homem do mundo, curioso sobre as coisas do Oculto, não viu
algum toca-discos ou experimento falante ter sucesso em qualquer
aventura? Não é um leitor, talvez, de nossos Ensaios de Ciência
Amaldiçoada.
Essas práticas de magia burguesa, que o círculo kardecista erigiu
em um modo necromântico bastante inócuo de esporte, estão na
agenda de certos salões há quase meio século.
Exposições tragicomic? Os papéis principais são ocupados, nove
vezes em cada dez, nos círculos mais frívolos, por cúmplices
amáveis que de bom grado mistificam, ou por alguns apóstolos da
nova fé, caixeiros viajantes dogmáticos e ferozes da casa Révoil e
sucessores, que não está localizada na esquina do cais.
Essas condições pouco graves não impedem que o experimento
seja bem-sucedido de tempos em tempos. Fenômenos curiosos
estão ocorrendo. Às vezes, a presença de um verdadeiro médium,
profissional ou espontâneo, permite a manifestação de algum nativo
do Astral; mas essas visitas sobrenaturais são a exceção: na
maioria dos casos, a mesa oracular responde com batidas, e muito
pertinentemente, sem que nenhum Poder tenha intervindo, estranho
ao círculo de assistentes.
Escusado será dizer que os elementos do experimento: eles são
muito simples. A portaria não varia muito, e apenas nos detalhes da
implementação. [303]
Algumas pessoas sentam-se em círculo ao redor de uma mesa de
pedestal. As mãos, deitadas na borda da prateleira superior,
descansam o mais levemente possível, com os dedos separados.
Cuida-se de unir os polegares de ambas as mãos, enquanto os
dedinhos tocam, de cada lado, os dedinhos dos vizinhos à direita e
à esquerda. Assim, a cadeia magnética é geralmente formada;
Assim termina o circuito desta bateria de elementos humanos.
Esses preparativos, notar-se-á, são os mesmos, quer queiramos
questionar a tabela, quer simplesmente a rode. O pensamento, a
vontade, o desejo dos experimentadores, determinando sozinhos a
direção do experimento, dominam os resultados. Tudo depende
dessa Força misteriosa – inconsciente e espontânea em alguns,
escravizada e canalizada em outros, – que Paracelso chama em
algum lugar de magia amorosa, Magnos interior e secreto.
Após uma fase mais ou menos longa de contenção mental,
quando, tendo a cadeia sido favoravelmente estabelecida, o
experimento deve ter sucesso, uma espécie de trepidação febril238
surge e se espalha em [304] a própria espessura da madeira:
sintoma inconfundível, que acusa a infusão de vida a partir dessa
matéria inerte; a penetração do fluido sibilina no tecido lenhoso
áspero; e a presença, finalmente, do Oráculo invocado: Deus ,
ecce Deus!
Que uma das pessoas presentes faça então uma pergunta: o
móvel imediatamente treme para responder; Ela vibra inteiramente,
como se estivesse imbuída de vida própria, dotada de alma e
intelecto. Logo, um dos pés se levanta lentamente e cai de seu peso
para levantar novamente e desferir outro golpe enquanto cai
novamente. E assim por diante. — Um alfabeto percussivo de
convenções torna possível envolver-se desta forma com o Invisível
uma conversa contínua. O Oráculo é questionado verbalmente, ou
mesmo mentalmente: o Oráculo responde com batidas.
Ecce Deus! Um ser invisível está lá, não há dúvida. Ele pensa,
raciocina; Ele fala, ele responde. Às vezes, ele até questiona por
sua vez. Mas ele veio de fora? De forma alguma. Ele estava
acompanhando uma das pessoas sentadas em círculo ao redor da
mesa do pedestal? Não mais. Só agora ele não estava lá; Aqui está
ele, e ainda assim ele não veio. Quando logo a sessão terminar, os
experimentadores [305] se dispersarão, o invisível terá
desaparecido e, no entanto, não desaparecerá.
Como ela havia sido formada do zero, em síntese efêmera de
elementos próximos para dar à luz a ela, – da mesma forma ela se
dissipará, esta competição chegando ao fim.
É uma coisa notável, e da qual os espectadores atentos desses
tipos de experimentos certamente foram atingidos, que em nenhum
caso, e por mais que a tentativa seja bem-sucedida, o oráculo emite
alguma resposta revelando o desconhecido, e cujos elementos não
podem ser fornecidos pelos assistentes, ou pelo menos por um
deles.239 A inteligência que se manifesta representa nem mais nem
menos do que a soma das inteligências presentes, adicionado em
um.
M. le comte Agénor de Gasparin, — que muito experimentara
tabelas oraculares, numa série de testes rigorosos, cuja sequência,
não menos do que os resultados, lhe atestam tanta perseverança
quanto sagacidade, — M. de Gasparin conclui formalmente contra a
hipótese espiritualista: "Os espíritos (diz ele) são ecos; referem-se a
cada um a sua própria língua". 240 [306]
É verdade; é algo mais.
Uma mesa de conversa pode definir um termômetro psíquico e
mental que revela, tanto para a moral quanto para o intelectual, a
temperatura dos ambientes humanos. O discursor invisível mostrará
ideias, maneiras e estilo perfeitamente adequados aos modos de
ser, pensar e sentir, específicos de seus interlocutores.
Ele será leve e espirituoso em um círculo de pessoas espirituosas;
complacente e pedante em um areópago de solenes; irreverente e
rebelde, se o elemento voltairiano domina. Em um grupo variado de
velhos devotos e clérigos, enganados em torno de uma mesa de
pedestal bem-intencionada (apesar do inferno que o possui!), o
Diabo será alternadamente edificante e amargo, bom católico e má
língua. Entre acadêmicos, um Vaugelas invisível discutirá a letra B
do famoso Dicionário; entre os ateus, é Sylvain Maréchal que virá,
recém-saído da sepultura, para esbravejar contra a imortalidade da
alma e a existência de Deus241.
Quando a cadeia é formada por elementos heterogêneos e muito
discordantes, os resultados são insignificantes, ou nulos. [307]
O oráculo mensal na maioria das vezes parece ser a expressão de
uma média; Mas pode subir a um máximo, ou descer a um mínimo
de lucidez, ciência e consciência.
Essas diferenças se devem à proporção variável de naturezas,
ativas e passivas242, que contribuem para a gênese da entidade
coletiva e fluídica.
O mínimo fenomênico é atribuível a uma superabundância de
Psiques mais ou menos negativas, cujas virtudes dispersas se
contradizem e neutralizam parcialmente, na ausência de um
elemento positivo que as agrupe, fertilize e unifique.
Existe equivalência e compensação entre as duas naturezas, tanto
em termos de número quanto de intensidade dinâmica, uma média
proporcional é estabelecida.
Mas, para atingir o máximo, é necessário agrupar um certo número
de elementos negativos, inteligências mais intuitivas e pensativas do
que expansivas e espontâneas, sob a predominância de um [308]
elemento bastante positivo; isto é, sob o impulso de um homem rico
em qualidades organizadoras, juntamente com uma vontade
enérgica e dominadora. É então que, perfeitamente organizada, a
bateria psicofluídica proporciona o seu melhor desempenho. Pois os
pensamentos, mesmo os mais rudimentares, as reminiscências,
mesmo as mais vagas, que nebulosamente povoavam os cérebros
negativos, se desenvolvem e se tornam precisos à vontade,
reagiram pela influência do elemento positivo: e do Ser potencial,
apreendendo-os, formula-os e expressa-os desferindo golpes.
Como definir essa classe de seres potenciais, nos quais
dificilmente podemos ignorar a autonomia momentânea? Eles não
são larvas, sem dúvida, uma vez que desfrutam de uma
personalidade inteligente, bem como fugaz; e, no entanto, sua
natureza parece indescritível, igual à das larvas. Por que reações
obscuras e repentinas são integradas a partir do zero esses
efêmeros coletivos; Em que modo eles se desintegram ainda mais
de repente: é isso que é difícil de conceber e que, mesmo
concebido, evita a interpretação escrevendo ou falando.
Tentemos levantar um canto do véu.
O resultado crucial da cadeia magnética mental é a unificação de
atmosferas secretas individuais, sua fusão em uma única atmosfera.
A irradiação fluídica comum é essa força que penetra, embebe e
anima a mesa do pedestal. [309]
É neste halo coletivo, aglomeração e síntese dos nimbes ocultos
de todos os assistentes que o Oráculo nascerá e morrerá.
Lembramos que o nimbus, ou atmosfera luminosa especificada
que envolve cada indivíduo, é gerado por sua expiração astral. Há
fantasmas coagulados, em lêmures assombrosos, miragens
flutuantes e larvas parasitas, fantasmas reais determinados pelos
pensamentos costumeiros de cada um243, e determinantes, por sua
vez, de novos pensamentos e atos proporcionais a esses
pensamentos: todos no mesmo círculo vicioso de fatalidade, ou no
mesmo treinamento de progresso voluntário. Isso explica o bom ou
mau hábito e sua tendência a se tornar "segunda natureza".
O enigmático ascendente astral244, do qual Paracelso faz
depender os arcanos principais da Goètia, nada mais é do que essa
corrente de imagens vivas, assinaturas245 simbólicas das paixões
dominantes [310}, dos pensamentos amantes, das volições
habituais de cada um. É esse ciclo de reflexões psicológicas
reagindo sobre seu autor, e sugestivo para uma parte de seu Futuro
animico e mental246.
Quando relações contínuas são estabelecidas entre duas pessoas,
e especialmente se elas vivem juntas, as atmosferas astrais
penetram uma na outra de uma maneira mais ou menos íntima, às
vezes ao ponto de se fundirem temporariamente. Os dois
ascendentes são de intensidade aproximadamente igual? Há uma
grande troca de imagens decisivas e formas lemurianas, de modo
que os personagens combinam reagindo uns aos outros. No caso
oposto, aquele cujo ascendente é o mais forte acaba prevalecendo,
e baseia em seu próximo uma dominação que pode ser perpetuada
até o túmulo. Os seguidores então dizem que uma personalidade
absorve a outra e a arrasta para seu redemoinho. Ascendente e
Turbilhão são termos sinônimos em magia.
Escusado será dizer que a imaginação, ou a faculdade natural de
imaginar, de criar imagens, constitui a base negativa do ascendente.
O ascendente é rico (no modo passivo) naqueles que têm uma
imaginação viva e fértil. – É [311] energético (no modo ativo)
naqueles cuja vontade é poderosamente organizada.
Pois a força do ascendente não reside na abundância de imagens
que abundam, levadas ao acaso por um vórtice giratório; Pelo
contrário, reside na vontade firme o suficiente para selecioná-los,
colocá-los em ordem e dar-lhes uma influência favorável, uma
direção útil.
É por isso que, para obter, no experimento das mesas falantes, o
rendimento máximo da pilha psicodinâmica, ela convidará a
subordinar várias naturezas negativas (férteis em imagens geradas
sem ordem) ao império voluntário e regulador de uma única
natureza energeticamente positiva...
Agora, como surge o efêmero oráculo das mesas? Até que ponto
um dos experimentadores pode – o mais passivo, sem dúvida –
servir como um inconsciente médio, não no sentido comum da
palavra, mas como um capacitor de energias psíquicas unificadas?
Poderia o pensamento coletivo, se não nascer, pelo menos ser
elaborado, traduzido e encontrado sua fórmula no cérebro desse
homem, órgão mais ou menos expropriado, como fugitivo, e por
causa da utilidade comum? Até que ponto seu corpo astral
exteriorizado pode finalmente se tornar o instrumento imediato e
local da percussão alfabética?
Não esconderemos a solução deste problema, dedicada à
sagacidade dos teóricos do Inconsciente. [312]
É necessário que todos os Poderes invisíveis nascidos de uma
competição de seres humanos, agrupados ou não de acordo com a
norma hierárquica, se assemelhem ao oráculo mensal, que
escolhemos como o tipo de uma classe particularmente instável de
entidades coletivas.
A palavra de Adão, o homem universal, é essencialmente criativa.
Ele pensa nos seres, e seu verbo imperativo gera Poderes e
Dominações. Esta é a lei de Gan-bi-heden /du-yb-/n a esfera
orgânica onde seu império é exercido, o misterioso recinto de
manifestação, que os tradutores agnósticos de Gênesis chamam de
paraíso terrestre.
A queda despojou o homem de sua divindade, e vivemos sob a lei
da decadência. Mas não importa.
Nada é mudado, exceto na superfície. A materialização da
substância universal perverteu seu modo, não alterou sua essência.
O homem universal só poderia cair subdividindo-se; Ao renascer
coletivamente, o homem reconquista seus privilégios. A partir daqui,
ele entra em seus direitos através da integração social; e isso, na
medida em que a coletividade da qual faz parte, considerável no
número e no valor de seus membros, o aproxima do primitivo Adão,
isto é, da universalidade.
Assim, na ordem política, ou social, [313] ou religiosa, milhões de
homens, hierarquicamente organizados, durante tantos séculos, sob
o nível de uma regra inflexível, foram capazes de criar, conscientes
ou não de seu trabalho (bom ou mau) no invisível, - Seres virtuais,
Entidades coletivas, em uma palavra pomposas ou prejudiciais
Dominações, de poder e duração igualmente incalculáveis?
Um dos mestres contemporâneos do pensamento esotérico, o
Marquês de Saint-Yves, tratou deste mistério com perfeita
competência, sobre o tema do Nimroditismo, em uma página da
Missão dos Judeus, que lhe pediremos permissão para reproduzir.
"Uma vez que o homem (diz ele) tenha imbuído de sua vontade
certos elementos da ordem invisível; quando concebeu, quis, criou,
não só um Poder visível, mas, sem o saber, um ser potencial, oculto,
evocado, manifestado pelas instituições, este não morre sem ter
vivido e, se é instintivo e apaixonado, vive destruindo.
"Ele luta e devora na ordem invisível, como no visível, os outros
Seres coletivos desta Terra; bebe do sangue, alimenta-se da carne
dos seus membros; suga energias ígneas deste globo e das regiões
inferiores de sua atmosfera; respira-os e inspira-os nos instintos
dominadores do Poder que assombra e dos indivíduos que o
ocupam.247 [314]
É por isso que, em Roma, os atos políticos deste último são, na
vida da relação deste Estado, uma série ininterrupta de massacres
militares e, em sua vida orgânica, uma cadeia ininterrupta de
assassinatos políticos.
"Agora, se é relativamente fácil criar ou despertar Poderes
instintivos, Dominações destrutivas, é quase impossível apagá-los
da biologia da Terra e de sua substância primitiva, a menos que haja
um dilúvio.
"Na ordem invisível como no visível, nada se perde, e a primeira
substância de qualquer Estrela permanece impressa nela, em sua
Luz secreta, até o movimento de uma Vontade, até a radiação de
uma Paixão, até a imagem de um Pensamento.
"Uma vez que o espaço terreno é ocupado, o tempo terrestre uma
vez apreendido, nada pode ser arrebatado, retrogredido ou
destruído, e, se o Homem contaminou a Luz interior, os Vivos e os
Mortos estão infestados com ela, e os últimos rejeitam essa
contaminação sobre o primeiro.
"No reino do mal, na esfera da ação do instinto, que nem a
consciência nem a inteligência governam, o poder criativo do
homem nesta Terra não excede certas regiões de sua atmosfera;
mas pode modificar singularmente sua constituição e substância
hiperfísicas.
"Ao mesmo tempo, o caminho ascendente e descendente das
almas, da Morte e da Geração são terrivelmente afetados." 248
Assim, estes são dois exemplos, bastante distintos em todos os
aspectos, de seres gerados pela integração coletiva. Se nos
referirmos ao oráculo das tábuas, este efêmero do Invisível, cuja
existência, obscura e súbita em sua origem como em seu termo,
acusa-se [315] aleatoriamente a ponto de parecer uma miragem
intelectual, um reflexo falacioso de mentalidades cooperantes, —
que contraste com aquele formidável Arcanjo da iniquidade política
e da blasfêmia antissocial, para quem os séculos são dias, as
hecatombes humanas dos periódicos, e os cataclismos que
perturbam os impérios, a reação de uma luta temperamental ou
furiosa!
No entanto, ambos os casos apresentam esse traço de
semelhança, de que o Ser coletivo, gerado por um quarto de hora
ou por eras seculares, goza de uma existência e de uma
consciência próprias: sem que os indivíduos cuja síntese ele forma
percam nada de suas respectivas personalidades. Eles suportam
bem, é verdade, a suserania imperiosa do monstro em potencial
amassado com sua substância, nutrido às vezes com seu sangue e
regado com suas lágrimas; Mas eles ignoram profundamente esse
déspota invisível. Mesmo que, para satisfazer o seu capricho,
sucumbam na arena da vida terrena, não clamarão, como o
gladiador exalando: Salve, César; morituri te salutam! Assim, as
células do corpo humano, se lhes fosse dada a oportunidade de
filosofar, negariam sem dúvida a existência do vasto organismo do
qual fazem parte integrante e para cuja salvação um instinto
irresistível as leva a sacrificar-se tantas vezes249. [316]
Entre esses dois extremos da existência coletiva, sentimos que há
espaço para muitas entidades intermediárias, mais ou menos
estáveis e conscientes. Não pensamos em fornecer um catálogo,
mesmo um resumo. Nuances tão delicadas distinguem as
variedades, que uma classificação seca teria pouco lucro. Será
suficiente produzir alguns espécimes desses Coletivos, para que um
Leitor inteligente e atencioso possa, preenchendo as lacunas na
nomenclatura, compensar o que silenciaremos dos Arcanos da
Multidão.
As assembleias políticas oferecem, do ponto de vista que nos
interessa, um campo propício e fértil de observações, com o
contraste de seus fluxos e refluxos igualmente desordenados:
impulsos irresistíveis e repentinos que se manifestam
inesperadamente e reversões improváveis que os seguem. Em um
recinto bem circunscrito, as eletricidades humanas se opõem ou se
fundem, neutralizam ou exaltam umas às outras em seu
antagonismo, em encontros aleatórios; este recinto é um seminário
de seres coletivos, gerados pell-mell com Larvas e Conceitos
vitalizados. Quando um certo número de cidadãos hábeis, resolutos
e firmes em seus princípios, não se agrupam para formar um núcleo
compacto, um centro agregador, um ponto fixo finalmente neste
caos dinâmico, o sábado é desencadeado sem cessar as vontades
e paixões opostas. Todos, os méritos individuais, [317] destruindo-se
uns aos outros, contribuem para a nulidade do todo: e um termina,
em tempos de luta ou verde, para o abate mútuo; em tempos de
aparente calma, com perfeita esterilidade... Uma Assembleia de
cidadãos pessoalmente hábeis, humanos e justos pode tornar-se
um modelo histórico de insensatez coletiva, barbárie ou iniquidade.
Tácito não ignorava isso, que, numa imagem familiar e marcante,
nos retrata a este duplo respeito os Padres Recrutas do seu tempo:
Senatores boni vire, Senatus vero mala bestia.
A alma das multidões é em toda parte a mesma, cega e crédula,
permeável a todas as influências de bom e mau gosto e, em todas
as coisas, suscetível a estranhas reversões.
Eugene Sue conhecia bem e descreveu essa instabilidade do
camaleão popular. Não é um leitor de Le Juif Errant, que não se
comoveu com o discurso do missionário Gabriel, salvando o Padre
d'Aigrigny, a quem a multidão em Notre-Dame iria occicar nos
próprios degraus do coro; e nos Mistérios de Paris, lembramos a
cena comovente de Saint-Lazare, quando a dor dos presos se torna,
na voz da flor-de-maria, objecto do interesse geral; Tanto que os
perseguidores mais implacáveis da grávida tomam a iniciativa de
uma coleta, a fim de garantir um enxugamento para a criança que
virá.
Popularidade (que é para a verdadeira glória o que o momento
fugaz é para a duração eterna), sucesso imediato |318], voga
finalmente, para fazer uso de uma palavra que dirá tudo, são
caprichos das almas das multidões.
Veremos, no Capítulo IV, como é necessário unificar essa alma
múltipla e divergente, a fim de tirar proveito das forças que ela
emprega, – irresistível, quando fomos capazes de agrupá-las em um
feixe deslumbrante.
Este é o mistério da cadeia mágica. Sua inteligência, a propósito,
pode levar à do Grande Arcano. Seu emprego impecável garantiria.
onipotência para o adepto calculando friamente o suficiente em
perigo para não hesitar em implementá-la, e austera demais em
triunfo para nunca abusar dela.
Contentemo-nos, fechando-se este parênteses, para acrescentar
que a cadeia mágica é uma maneira segura de criar potenciais
coletivos aos quais nada resiste. Se os autores da cadeia nela
colocam alguma perseverança e alguma intensidade volitiva, a
existência do colosso evocado, a princípio contingente e mal
definido como o do Oráculo mensal, torna-se precisa e afirma-se em
proporção; torna-se uma Força subjugadora e energeticamente
assimiladora, uma Dominação do Céu humano: devora e absorve
em si mesma, no invisível, os Poderes que a impedem sem poder
salvaguardar a sua autonomia. No mundo físico, é através de seus
membros que atua, inspirando nos indivíduos reunidos para formar
seu corpo social, impulsos, paixões e ideias das quais não pensam
em se defender, acreditando que sejam deles; e que resultam em
[319] atos, cujo resultado é a escravização, ruína ou morte dos
campeões da vontade oposta, não tanto para a deles, como eles
podem acreditar. mas sim para os seus.
Esse desenvolvimento dinâmico deve necessariamente ser
avaliado pelos Coletivos reitores de agregações impessoais, —
poderes constituídos, por exemplo, ordens religiosas, sociedades
secretas, — todas as empresas perpetuando-se a serviço de um
princípio, ideia, vontade e sentimento invariáveis, imprescritíveis e
supostamente absolutos!
A organização normal de tais coletividades, com seu sistema de
molas e engrenagens correspondentes, torna-as corpos vivos,
perduráveis graças ao recrutamento regular; estes são, em toda a
força do termo, organismos físicos gigantes, onde uma alma
apaixonada viva e vivificante é encarnada, dotada de uma vontade
irrefutável e receptiva de um Espírito imortal.
Tais instituições humanas, acopladas no Invisível com tal apoio
ontológico, tornam-se as cidadelas muitas vezes inexpugnáveis das
seitas, na batalha crônica de ideias. Protegidos da muralha, os
velhos partidos prolongam a luta, mesmo que pareça sem
esperança. E em casos extremos, quando os corpos sociais
coletivos parecem ser abolidos, como resultado da dispersão ou
massacre dos membros que os compõem, a alma coletiva
permanece mais vívida do que nunca; Sobrevive [320] aos piores
desastres, rápido a reconstruir um corpo, sob um nome ou outro,
pela agregação de indivíduos saudáveis e robustos, que inspira e
possui depois de os ter seleccionado: de modo que, ao reencarnar,
rejuvenesce, transfigura-se, assume um novo vigor e inaugura um
novo ciclo de dominação terrena.
A sobrevivência de Jacques Molay ofereceu-nos, no volume
anterior, um exemplo memorável de renovação póstuma deste tipo.
Em vão, a Autoridade Papal dissolveu a Ordem do Templo, em vão
os poderes políticos esmagaram e difamaram os Templários. Pode-
se pensar que a Ordem aniquilou, mas ela ressurge de suas cinzas
nas sombras, cresce e se espalha por quatro séculos ou mais,
Proteus elusivo, multiplicado sob mil aparições estrangeiras,
conspirador adornado com mil roupas emprestadas... Não se diria
que ele perde sua tradição como perdeu seu título; Que ele abdica
de sua personalidade com a consciência de sua origem? Mas, sob o
véu das metamorfoses, a Alma coletiva está lá observando, guardiã
de uma, palavra de ordem! Este slogan não será divulgado; No
entanto, ela se perpetua, constantemente desconhecida dos
subordinados, desconhecida dos próprios chefes em determinados
momentos; é formulado como binário, como a iniquidade cúmplice
do pontífice e do monarca no século XIV.
Seu lema duplo e secreto, o Templo Vivo, não esqueceu; quando
chegar a hora, ele o soprará nos corações [321] dos artesãos de
sua vingança testamentária: "Pulverizando a tiara,250 — pisa os
lírios:251 debaixo dos pés!"
E eis que! A segunda metade do século de Voltaire verá a
vingança dos Templários. O objetivo é adivinhado à medida que a
hora se aproxima, mas a forma do Evento ainda flutua indecisa.
Assim, por volta de 1772, a posteridade oculta de Jacques Molay
assumiu pela primeira vez, sob Adam Weishaupt, o caráter de uma
vasta sociedade secreta, onde uma conspiração contra o altar e o
trono foi tramada. De Ingolstadt, o foco central de sua
incandescência, a seita areopagita irradia por toda parte sobre o
Império. A velha Alemanha, minada em toda a sua extensão, está à
espera de uma faísca. Mas o Eleitor da Baviera foi avisado a
tempo252. Ele toma medidas enérgicas, ataca ou bane os
conspiradores, e a trama falha: o iluminismo viveu... Ou assim pode
ser; mas a Revolução Francesa demonstrará, menos de [322] vinte
anos depois, a ilusão de que se fez a si mesmo pensando em
destruir a fermentação templária, cujo grande golpe desferido na
Alemanha apenas repeliu a invasão e desorientou a energia. Desta
vez, nada pode impedir a precipitação da conjuntura: um cataclismo
de violência desconhecida abala em primeiro lugar a França, pela
reação, a Europa e o mundo. Prossegue então uma evolução, que
durante um século continua, gradual e segura, através de fases
contrastantes de ordem e desordem, alternativas de convulsões,
políticas radicais e restaurações mistas. Significativamente, o eixo
social enfraqueceu; O mundo ainda está oscilando no momento em
que estamos apostando, e tende para um novo equilíbrio, para uma
nova ordem de coisas.
Qualquer que seja a parte preponderante das ações ocultas no
drama de 1789-1793, essa causa decisiva não foi a única aos
nossos olhos. A fortiori não atribuiremos à premeditação exclusiva
dos neotemplários o advento de um ciclo social renovado. É que, na
França, o trabalho vehmic se combinou, entrelaçado com o
processo normal dos acontecimentos; Esse impulso vigoroso
acelerou, mas também perturbou o curso.
Eis que, no entanto, os lírios se afogaram duas vezes "no
derramamento de seu sangue azul", e a tríplice coroa do Papa que
perde suas joias, com o Poder temporal abolido três vezes! Este é o
cumprimento do duplo programa da vingança templária [323]:
pulverizar a tiara, pisotear os lírios.
A grande Revolução, este período culminante e talvez único na
história do mundo; enquanto a ação providencial e a necessidade
fatídica, igualmente eclipsadas por uma hora, pareciam destruídas
na enorme explosão em que a Vontade253 chafurdou, triunfante,
mas imediatamente dividida e virando suas armas contra si mesma
na intoxicação de sua vitória; a Revolução Francesa é marcada,
entre todas as outras crises, pelo conflito dos grandes coletivos
humanos.
A alma templária encarnou na vasta Sociedade Jacobina,
enquanto o
Gênios potenciais de outras tradições secretas, mais veneráveis em
sua antiguidade e sabedoria, tomaram forma, mas muito
apressadamente, nos grupos feuillant e Gironde. O espírito liberal e
descentralizador vacilou sob o despotismo unitário da Montanha. A
Comuna de Paris derrotou a causa das comunas da França. Os
foliantes se dispersaram e a Gironda foi sacrificada!... [324]
A história da Convenção é especialmente preciosa para qualquer
um que queira compreender no local as rivalidades assassinas das
Entidades Coletivas, cuja amarga competição no Invisível se traduz
aqui embaixo em atos sangrentos. Em que entusiasmo da
onipotência floresce a vitoriosa Egrégora! Como ele imprime em seu
exército terrestre o impulso irresistível de sua confiança e coragem
altiers! Mas, se ele vacila na luta com seu adversário (ocultista como
ele), que derrota entre suas legiões! O que muda no coração da
Assembleia!... Todo apoio rende que ele teria pensado firme, toda
lealdade suaviza o que ele acreditava ser o teste de uma reversão
da fortuna. Ele não tem os instrumentos mais seguros de seu
reinado de uma só vez.254
Estudemos deste ponto de vista a crise do federalismo da Gironda
e o colapso de um partido que, tendo uma maioria maciça, ocupava
todos os cargos de honra e segurança na Convenção; — depois a
queda inesperada do colosso em quem respirava a mente e parecia
bater no coração das multidões; e que, avisado dos planos de seus
inimigos no dia anterior à sua prisão, encolheu os ombros tão
magnificamente: "Eles não ousariam", disse ele; Danton não é
tocado: [325] Eu sou a arca!"; — finalmente, mais tarde, no rescaldo
da apoteose do ditador Robespierre, a reacção devoradora de
Thermidor: avaliaremos melhor, graças a este triplo exemplo, a
inanidade dos fantoches individuais, em tais tempestades de almas
colectivas. A vontade deste ou daquele ator isolado é equivalente ao
próprio Nada, quando as Vontades Gerais colidem e quebram no
éter tempestuoso! Há uma verdadeira batalha no Céu psíquico: tudo
é decidido entre os grandes campeões coletivos. Essas formidáveis
Dominações do lugar Invisível e sacrificam os peões da carne no
tabuleiro de xadrez social; Eles brincam com nossas
individualidades altivas, com a casualidade de uma criança que
coloca seus soldados de lata em uma mesa e, com um jarro, atira
neles em filas!
Além disso, na disputa oculta da qual a Convenção Nacional é o
centro, outros atores invisíveis intervêm. Enquanto grandes
interesses são agitados entre os grandes Coletivos seculares,
outras iniciativas, subsidiariamente intercorrentes, vêm modificar os
eventos em sua forma externa e nos detalhes que os tornam
procissão. Nesses casos, as vontades individuais, quase nulas em
relação aos resultados decisivos a serem obtidos, são suficientes
para produzir resultados secundários, que ainda são significativos. A
soma da adição dificilmente varia, mas permite que os indivíduos
intervenham ou mesmo alterem (balançando) os números na
coluna. [326]
Toda rivalidade à parte entre as Dominações coletivas que
perturbam com suas tempestades a serenidade do Céu humano, –
restam às almas das multidões outros motivos suficientes para
justificar sua aparência instável e ambígua, e seus desvios febris. É
a reciprocidade das atmosferas fluídicas, o jogo mútuo dos
Ascendentes, depois também a influência de repercussão que as
larvas apaixonadas exercem sobre seus autores são muitos
elementos a serem levados em conta. Surpreendamo-nos depois
disso com a complicação de quadros emaranhados, o caos onde se
originam esses súbitos impulsos de piedade, entusiasmo ou terror,
essas correntes inesperadas, essas reversões para confundir a
mente!
Mesmo dentro dos grandes Coletivos formam-se agregações
menores, desfrutando de uma vida própria ao mesmo tempo que a
vida comum; Da mesma forma, na unidade de um partido político,
várias empresas de nuances distintas se destacam, e em cada uma
delas facilmente se discernem vários grupos: todas as frações que
participam do todo sem se fundir ou desaparecer nele.
Além disso, os poucos indivíduos que permaneceram livres de
todos os laços, por não terem sido subservientes a Entidades
potenciais pré-existentes, podem, agrupando-se, dar origem a novos
Coletivos.
Foi o que aconteceu tardiamente no berço do socialismo, através
do esforço de Babeuf e seus amigos. Noventa e três não era mais
socialista do que Oitenta e nove: tal tendência não é observada
|327] na escrita dos cadernos do Terceiro ou no temperamento dos
tribunos mais ardentes da Montanha; e, quando a Revolução
eclodiu, parece certo que não existia nenhuma corrente nesse
sentido. Tantas outras reformas, e mais urgentes, chamaram a
atenção da consciência pública! Babeuf fez questão de criar um; e
se ele conseguisse, sob o reinado do Diretório, só poderia ser pelo
uso, mais ou menos instintivo, do canal simpático. A conspiração do
ano V viria a fracassar: o moderno Graco pagou com a cabeça por
seu humor de partilha e a imputação de sonhar com uma nova lei
agrária255 (5 prairial); Mas a vasta conspiração que ele foi capaz de
eclodir continua a ser um exemplo singular de movimento
improvisado em um ambiente, se não refratário, pelo menos sem
preparação para esse fim.
A ordem religiosa, assim como a ordem política e social, inclui
suas Entidades coletivas, cujo exame é igualmente os mistérios da
Multidão.
Consideramo-nos detentores da reserva mais escrupulosa [328]
sobre este ponto: não é que nos parecesse contraindicado produzir
aqui explicações categóricas: mas, — sendo a questão árdua e
delicada — não estamos tanto apreensivos de sermos demasiado
compreendidos, mas de má interpretação.
Portanto, só tomaremos nossos exemplos de cultos que
pertencem ao passado. É certo que estas faces da questão
permanecerão assim nas sombras; Talvez pareça ao público que,
em alguns aspectos, nos contradissemos. De qualquer forma,
preferimos permanecer em silêncio.
Para os seguidores da Ciência, teremos dito basta.
Uma classe particular de seres coletivos merece ser apontada
separadamente, e tocaremos uma palavra sobre as dominações
teúrgicas.
"Teurgia (exclama Eliphas Levi, em um de seus livros mais
admiráveis e menos conhecidos), Teurgia, uma palavra terrível, uma
palavra com duplo significado, que significa criação de Deus! Sim,
na teurgia, o sacerdote foi ensinado a criar deuses à sua imagem e
semelhança, tirando-os de sua própria carne e animando-os com
seu próprio sangue. Era a ciência das evocações de espadas e a
teoria dos fantasmas sangrentos... Os grandes mistérios eram o
santo Vehme da antiguidade, onde os francos do sacerdócio
amassavam novos deuses com as cinzas dos velhos reis,
embebidos no sangue de usurpadores e assassinos. 256 [329]
Eliphas Levi, ousamos acreditar, tem o cuidado de não confundir
essa teurgia sacerdotal dos grandes mistérios já degenerados, com
a santa teurgia da qual Porfírio e Jamblichus, herdeiros das mais
gloriosas tradições do misticismo heroico e divino, nos transmitiram
os ritos e as fórmulas. A todas as [330] páginas do seu tratado, tão
revelando a Abstinência, Porfírio revela o seu desprezo pelos
mistérios da carne e do sangue, indissoluvelmente ligados à
evocação dos maus Génios:
"Esses espíritos", disse ele, "estão ocupados apenas em enganar
por todos os tipos de ilusões e maravilhas. Os filtres do amor são de
sua invenção: a intemperança, o desejo de riquezas; a ambição vem
deles, e principalmente a arte de enganar; pois a mentira lhes é
muito familiar. Sua ambição é se passar por deuses, e seu líder
gostaria que ele fosse considerado o grande Deus. Eles têm prazer
em sacrifícios sangrentos: o que é corpóreo neles engorda, pois
vivem de vapores e exalações e se fortalecem com a fumaça do
sangue e da carne. É por isso que um homem prudente e sábio se
protegerá contra esses sacrifícios, que atrairiam esses gênios. Ele
só procurará purificar sua alma inteiramente, o que eles não
atacarão, porque não há simpatia entre uma alma pura e eles." 257
anos
Pode-se citar vinte passagens análogas do mesmo Porfírio,
acordadas sobre este ponto com todos os seguidores da alta e
angélica Teurgia. O magistério da luz evoca as Inteligências do Céu
com invocações, perfumes e o pentáculo estrelado. Desejando
torná-los presentes, não apenas aos sentidos, mas à mente, — ele
se esforça acima de tudo para se tornar semelhante a eles pela
pureza, amor e desenvolvimento intelectual: pois não é segredo
mais infalível evocar um desses seres, do que |331] assimilar-se à
sua essência, — o que é chamado, em magia, forçando a morada
do Anjo, ou ganhar ascendência sobre ele.258
Permanece a prestigiada teurgia de que fala Elifás, e que, mesmo
a serviço do Justo e do Verdadeiro, mantém sempre um caráter de
ambiguidade, violência e um estigma de desaprovação.
Esta teurgia é aquela de que se orgulha o sacerdote fetichista das
tribos selvagens e, em geral, todo pontífice da idolatria, quando,
banhando o altar da vítima do sacrifício de sangue e conjurando os
Poderes do Invisível, ele parece emprestar por uma hora
movimento, pensamento e vida, — que ao seu Manitous de madeira
ode pedra, que ao seu Belphegor de latão,
Esta teurgia ainda era a dos magos políticos da Babilônia e Nínive,
Suze e Echabatane: instrumento de dominação teocrática, serviu
por um longo tempo para estabelecer em prestígio aquele terror
religioso cujos ambiciosos sacerdócios de onipotência estão
acostumados a atingir o popular e deslumbrar até mesmo os
grandes deste mundo, mesmo os monarcas que eles lisonjeiam a si
mesmos ou para escravizar ou explorar. [332]
Agora, se perguntarmos sobre a virtude de quais auxiliares esses
seguidores de uma teurgia clerical justificaram sua fé e basearam
seu poder, o esoterismo nos responderá: Sobre a cooperação de
entidades coletivas, que eles chamavam de seus deuses.
Sim, tais sacerdotes, amalgamando suas almas com as das
multidões, nos moldes de uma vontade consciente ou fanatismo
instintivo, formaram um Céu à imagem de seu ideal comum; — e a
função mais essencial do sacerdócio era criar, nutrir e manter
deuses.
Sente-se que não se trata de ídolos, como efígies materiais. Além
disso, ídolo significa outra coisa e muito mais. O termo e'dwlÕn não
expressa apenas em grego a representação, imagem ou estátua de
um deus; significa acima de tudo um espectro, um fantasma, um
Poder oculto, finalmente. — O mesmo significado da palavra latina
Idoium.
Neste ponto, a antiguidade tem apenas uma voz, e a Bíblia
confirma Heródoto e Pausânias, Plutarco e Lívio.
Não lemos nos Salmos que todos os deuses das nações são
demônios: Omnes dii gentium dœmonia259?
Já sabemos sob que auspícios nascem e crescem os Coletivos do
Céu Humano. [333]
Nenhuma corrente mágica mais irresistivelmente eficaz do que a
das volições adoradoras, energizadas pela Fé. É sobretudo aqui que
a Palavra humana se apercebe imediatamente daquilo que afirma.
Será que as vozes do carvalho dodoniano e a estátua de Memnon
serão chamadas de fabulosas? O antigo altar pode ter profetizado;
A mesa do pedestal espírita se intromete bem em fazer o mesmo.
Pontífice e Mago há muito são sinônimos...
Não é a grande obra teocrática, afinal, a transposição religiosa e a
extensão no espaço e na duração desta génese oculta, animica,
espiritual e fluídica, da qual ainda emerge diante dos nossos olhos o
Oráculo mensal? A dança e a verborragia das mesas não
equivaleriam a uma redução demonstrativa dos fenômenos
teúrgicos e sibilinos: assim como no laboratório, por meio de uma
forte máquina Ramsden e um banco de capacitores, o eletricista
reproduz relâmpagos em miniatura, relâmpagos e sua detonação?
Seja como for, os elementos permanecem os mesmos, e a mesma
a lei da geração coletiva: é sempre um círculo de Psiques passivas,
de almas semelhantes com uma tendência uniforme, dispersas por
falta de coesão, e que uma Vontade energética, ou um grupo de tais
Vontades unificadas sintetiza, se esforça e frutifica. Assim, graças a
uma cadeia simpática devidamente estabelecida, uma Entidade
coletiva é gerada.
Mas, uma vez fechado o circuito do entusiasmo religioso, nada
tende a quebrá-lo. A corrente, longe de [334] enfraquecer, aumenta
com o tempo; Porque os elementos transitórios da pilha
psicodinâmica, não só se substituem gradualmente, mas também se
multiplicam. O ser potencial afirma-se, desenvolve-se e logo
consagra sua autonomia, reagindo com uma espécie de despótico
sobre os membros de seu corpo social; abundante e diversificado.
Pois seria um erro estranho acreditar, com certos Cabalistas
devorados, que a Deidade literalmente incorpora, em sua efígie
simbólica, permanece lá permanentemente; bem, para ser honesto,
que ele assombra com sua presença real as imagens de madeira ou
mármore, ouro ou latão. Seu verdadeiro corpo não está lá. Quanto à
forma fluídica, veremos mais adiante o que ela pode ser, quando por
acaso se manifesta: um fenômeno notável e de excepcional
raridade.
Aqui está uma objeção, fácil de prever, não menos fácil de retrucar.
As vozes tradicionais da antiguidade nos atestam que múltiplas
aparições, totais ou parciais, esplêndidas ou monstruosas,
arrebatadoras ou terríveis, abundaram ao redor dos altares desses
deuses. Cícero registra uma série de casos em sua obra Naturâ
Deorum. A história do misticismo alexandrino abunda em
descobertas semelhantes, e o bom Le Loyer, observando de acordo
com Virgílio os ritos de uso, durante os sacrifícios solenes em honra
dos grandes olímpicos, observa que "os sacerdotes velaram suas
cabeças, para que, enquanto sacrificavam, eles [335] não fossem
perturbados e impedidos de qualquer rosto ou face inimiga que
pudesse ter se apresentado e se oferecido à sua vista". 260 anos
Nos templos do politeísmo, os imortais não eram mesquinhos com
sua presença visível, e do espectro do infernal Hécate arrepiando de
terror os fiéis de suas orgias, às visões radiantes que sinalizavam a
Epifania dos mistérios de Samotrácia e Elêusis, era permitido que o
iniciado olhasse para o alcance luminoso dos deuses.
O que acreditar de todas essas aparições que povoavam a sombra
dos santuários e pareciam ligadas ao altar? Não podemos ver, se
não as formas astrais das divindades, pelo menos os corpos
fluídicos emprestados, que as Entidades coletivas se adaptaram
para se manifestar aos olhos da carne? Pensamos que não. Se
rejeitarmos a hipótese do engano sacerdotal, admissível e até
provável em um certo número de casos, mas a crítica negativa dos
modernos tem o erro de generalizar261 a [336] priori, essas formas
lemurianas se detectarão a partir dos nativos do plano astral,
evoluindo no nimbus ou atmosfera oculta da Egrégora coletiva.
Larvas Simples na maioria das vezes, ou Elementais, ou Conceitos
Vitalizados. Em santuários onde o culto aos antepassados restaurou
a grande comunhão dos vivos e dos mortos, as almas glorificadas
também podem irradiar-se, ou pelo menos objetificar uma imagem
astral adequada ao seu verbo espiritual. Muito excepcionalmente, as
substâncias angélicas manifestarão sua glória.
É que dentro desses muros hospitaleiros, os visitantes de todas as
hierarquias encontram um asilo adequado à sua natureza. O
ambiente presta-se a milagres: ou um templo dedicado desde
tempos imemoriais aos peregrinos de outro mundo, ou a cripta de
mistérios, todos saturados com o triplo magnetismo do terror,
entusiasmo e amor! O ar que se respira vibra ao ritmo incessante
das liturgias, das conjurações, das orações; As volutas pesadas dos
perfumes consagrados se contorcem e se desdobram no vapor
quente do sacrifício diário.
Lá os demônios subterrâneos, as Sombras exaladas do poço do
abismo, encontrarão, como ensina a Magia Negra [337], para se
vestirem de sangue condensado; — ali também os Visitantes do
além do céu tecerão um corpo romal de luz, música e incenso, de
acordo com os ritos da gloriosa Teurgia.
A Divindade local também está presente, embora invisível: mas o
halo treme de sua alma coletiva: alma viva e em movimento, feita
das almas de milhares ou milhões de adoradores, e toda povoada
por sonhos lemurianos dessa multidão fanática.
Para se manifestarem aos órgãos da visão, às vezes da audição e
do tato, os Poderes ocultos precisam de um ambiente imbuído de
força psíquica disponível: ou que assimilem o fluido vital que emana
da carne machucada ou do sangue derramado; ou que um médium
lhes empreste por um tempo sua própria substância biológica, que
eles lhe restituirão no ato de dissolver e desmaiar aos olhares.
Quanto aos perfumes consagrados, eles ofereceriam (pelo menos
por si mesmos) aos Poderes invisíveis apenas a faculdade de
assumir um contorno falacioso e fugaz, uma imagem sem
consistência e sem vida. Mas, se as fumigações ocupam um lugar
muito grande no Ritual Teúrgico, é porque aparentemente não se
limita ao seu uso secreto. Improvisar médiuns, pelo êxtase que
provocam nos sensíveis; em seguida, purificando os fluidos que são
exsudados dos corpos siderais amaterializados desta maneira: este
é o duplo destino desses eflúvios aromáticos [338]. O mesmo pode
ser dito, em outros aspectos, de hinos religiosos cuja magia encanta
o ouvido e pompa litúrgica cuja ordenança encanta a visão.
Veremos mais adiante, em conexão com as experiências decisivas
do coronel de Rochas d'Ayglun, que os vários estados fisiológicos
relativos ao magnetismo passivo, sonambulismo e êxtase, estão
ligados a um fenômeno muito particular de dilatação extracorpórea
da substância viva e sensível; dilatação que ocorre em camadas ou
zonas concêntricas: isso é o que o físico cientista entende por
"a exteriorização da sensibilidade"262.
Esta faculdade desapareceu tão bem da pele do sujeito, que pode
ser picada ou escaldada a superfície sem que ele perceba; Mas, se
os mesmos experimentos se repetem em uma das camadas
sensíveis, a vários centímetros de distância do corpo ou [339] ainda
mais, o hipnotizado percebe a sensação dolorosa e imediatamente a
acusa263. Essa sensibilidade abmaterializada é propensa a se
dissolver em certas substâncias, como a cera, por exemplo; tanto
que uma boneca de cera impregnada com o fluido vivo torna-se
sensível; ou melhor, que se estabeleça uma ligação entre ela e o
sistema nervoso do sujeito, que, assim que se toca na boneca,
percebe imediatamente a sensação como a teria experimentado no
estado de vigília, se tivesse agido sem intermediários sobre a
própria pele. Além disso, ele a percebe no lugar de seu corpo
precisamente correspondente àquele onde o volt foi tocado. Bem,
algo ainda mais estranho! — experiências memoráveis do Coronel
de Rochas estabeleceram que uma placa fotográfica sendo imbuída
da sensibilidade do sujeito na hipnose assim que o filme é riscado
em um dado ponto da imagem, um estigma é imediatamente
impresso pela repercussão na carne do sujeito264, no ponto
correspondente. O experimento foi bem-sucedido de uma sala para
outra, sob condições de controle e publicidade que não podem
deixar dúvidas. Assim, M. de Rochas verificou cientificamente o
princípio do encantamento à distância.
Fechemos este parêntese, para voltar aos nossos mistérios da
multidão.
[340]
Mencionamos essas descobertas surpreendentes apenas para
entender melhor como, a fortiori, os invisíveis podem apreender o
fluido vivo derramado pelo sensorial no fenômeno do êxtase, uma
vez que objetos inertes que estão imersos nas camadas desse
fluido o retêm mergulhando-o.
É por esta razão que pudemos dizer que os perfumes, provocando
êxtase nos sensores, improvisam os médiuns.
Mas deve-se admitir que a apoteose autêntica resplandeceu
bastante rara nos templos do velho mundo pagão: os espectros da
luz negativa estavam especialmente em casa, em detrimento dos
puros Espíritos da luz da glória.
Como um príncipe perverso e cruel dificilmente convida e retém
em sua corte apenas homens hipócritas ou corruptos, a egrégora do
lugar, raramente pura, atraída preferencialmente para si Entidades
de ordem equívoca; e a aura sangrenta das vítimas amava a
atmosfera em benefício das Larvas, dos lêmures semiconscientes e
dos demônios malignos.
A lei dos sacrifícios sangrentos mantinha, como vimos, na
antiguidade sacerdotal, uma autoridade quase universal.
Moisés, a este respeito, não abriu excepção: o seu culto parece,
com toda a força do termo, um culto ao sangue.
O sumo sacerdote de sua Lei não só ofereceu [341] a Jeová as
primícias do óleo e da farinha em flor: muitas novilhas, carneiros,
pombas eram sacrificadas diariamente no altar de holocaustos; o
fogo sagrado devorou a gordura e as vísceras, o sangue estava
espalhado por toda parte. O véu do santuário foi polvilhado de
púrpura viva; os chifres de latão foram esfregados no altar de
perfumes, "para ser em Ihôah uma oblação de cheiro muito
agradável" O sangue finalmente parece um néctar do qual só
Adonai tem o direito de ser regado; o sangue torna-se propriedade
do Senhor, tão exclusiva e inviolável, que contra qualquer homem
que coma o sangue dos animais com a carne, Moisés decreta a
pena de morte.265
Sacrifícios humanos não faltam em Israel: em cada página da
Bíblia, o Senhor ordena massacres ou holocaustos. A barbárie
devota é uma tradição de longa data. A esta semente de Abraão,
que um dia [342] seria mais numerosa « do que as estrelas do céu e
os grãos de areia do mar »266, este santo Patriarca aparece
constantemente na glória, a espada sacerdotal erguida sobre o seu
próprio sangue.
Às vezes, por ordem de Adonai, era Moisés que tinha vinte e três
mil israelitas massacrados que adoravam o bezerro de ouro e que
parabenizava os filhos de Levi "por consagrarem suas mãos ao
Senhor matando seus filhos e irmãos, para que a bênção de Deus
lhes fosse dada"267. E, de facto, o sacerdócio é, a partir daquele dia,
adquirido exclusivamente pelos levitas: eles receberam a unção! Às
vezes é Jefté, triunfante dos amonitas, que cumpre um voto,
sacrificando sua própria filha ao deus de Isaque e Jacó. Quanto aos
inimigos derrotados, o Senhor exige seu extermínio até os
últimos.268 Chananeus, Midianitas, Amalequitas, etc., todos eles
passarão por lá: Moisés ordena em nome de Adonai, e supervisiona
com zelo ciumento a execução desta lei. O sucessor do teocrata
não é mais debonair: os habitantes de Jericó, Azor e as outras
cidades que seus braços subjugaram passaram pela espada, e
Josué acumula, em honra de Jeová e [343] ainda por sua ordem,
uma hecatombe de trinta e um monarcas! Se imperativa é a
prescrição de cortar os amalequitas em pedaços e matar tudo,
«então homem para mulher, para as criancinhas e para os que
ainda estão no úbere»269, que Samuel, cinco séculos mais tarde,
vem a significar ao rei Saul o seu anátema, tendo o Senhor rejeitado
por aquilo que mostrou misericórdia para com o seu prisioneiro
Agag, Rei de Amalec; depois do que o ilustre e Santo Nabi, sem
ser suavizado pelas lamentações do infeliz Agag, « cortou-o em
pedaços diante do Senhor em Galgala »270. Concluamos com este
traço do maior dos profetas: depois de ter descido o fogo do céu,
Elias ordena a imolação dos sacerdotes de Baal, seus desajeitados
concorrentes, que se mostraram inaptos para obter o mesmo
milagre, e os faz perecer até o último à beira da torrente de
Cisão271.
É o déspota implacável que comanda todos esses horrores, que
parece se entregar a essas barbáries, realmente o Deus vivo, Ihoah
Elohim? É um pouco duvidoso.
Mas pensemos. A obra em mosaico não é uma obra bondosa;
Sublime e necessário, foi! O teocrata dos hebreus demonstrou força
avassaladora, mas para o triunfo do mais puro Espírito... De
brutalidade mais ideal, nunca foi. [344] Moisés? Um santo, mas
ainda mais um Titã. Ora, se a força não é uma coisa simpática,
mesmo exercida por mãos sobre-humanas e por um resultado
capital; Tenhamos cuidado para não julgar mal um homem como
Moisés, nem com a autoridade celestial da qual ele era o agente e o
portador da espada, aqui na terra! Eis este poderoso Legislador,
este Epopopta da Verdade Absoluta, cuja missão excepcional é
amassar o barro humano, imprimir nele o selo divino! Ele escreveu o
Livro dos Princípios Cosmogônicos, Sepher Berœshith, onde a
ciência colossal do passado272 dorme sob um tríplice véu de
hieróglifos273, até o prefixo de manifestação.
Ele ergueu a Arca, o símbolo não revelado de um Arcano
supremo, testemunho caro ao impulso de sua aliança com o Céu e
ao fulcrumla de sua palavra deslumbrante; a Arca Sagrada,
formidável athanor du, fogo celestial, onde repousa a presença real
de seu aliado no Alto, a Sheckinah de Ælohim! [345]
E ele colocou o Livro na Arca. – Como o ovo de Orfeu ou o baú de
Osíris, a Arca agora contém a semente de um mundo futuro, a
semente intelectual que deve semear o futuro.
Agora, nesta Arca Sagrada, precisamos de um povo para carregá-
la, para servi-la e defendê-la.
Moisés selecionou esse povo e o constituiu como um corpo de
nação, depois de tê-lo libertado da escravidão: "Então, vinte anos ou
mais, ele os arrastou de deserto em deserto até o limiar de
Chanaan!
Amassar em um todo homogêneo uma multidão diversa e colorida
(ainda mais alma do que aspecto); atingir o novo Israel com um selo
indelével único no mundo, revelando-lhe a Unidade de Deus; dogma
até então inteiramente esotérico e o arcano mais secreto do
santuário das nações; gravar no coração semítico o nome de Elohim
e o horror da idolatria; improvisar o povo de Deus e, finalmente,
purificá-lo, mesmo dizimando-o!... Não foi uma tarefa medíocre, nem
que pode ser realizada pela mansidão, clemência e perdão.
De todos os lados surgem em torno da multidão marchante de
povos chafurdando nas abominações do paganismo mais obsceno,
e os retornados de um exílio egípcio ainda não desaprenderam o
culto do bezerro de ouro.
O que Moisés fará? Para testar este metal humano que ele molda,
Moisés o passará ao cadinho da provação: na fornalha do deserto,
ele sem dúvida lançará um minério de almas bem sobrecarregadas
com [346] gangue; No entanto, ele quer que a estátua seja fundida
em bronze puro, para a imortalidade. Seja qual for o custo, o impuro
terá que desaparecer em fumaça, ou eliminar-se em escória ...
"Você pode dizer", será objetado. Nada justifica essas atrocidades
das quais a história judaica é tecido, e essa Lei draconiana, que
Moisés, escolhido por Deus, estabeleceu. Para transmutar
corações, Deus só tinha que realizar um milagre... Razões
humanas, que todas as suas razões!
— Estas razões humanas são também razões divinas, pois só há
uma Razão, como só há um Deus.
Quando o homem é afligido com certas doenças, uma operação
torna-se necessária, e o cirurgião não tem que ter medo de
desbridar a ferida. Quando um membro é perdido para gangrena,
além disso, é necessário amputar, para a salvação do corpo que
permanece. Poço! no tempo de Moisés, somente uma operação
poderia garantir a cura da grande Humanidade doente.
Antes de Cristo, Moisés salvou o mundo!
"Que assim seja! Admitamos, se necessário, a urgência desta
terrível legislação e também desta política sangrenta, cujo princípio
Maquiavel consagrou desde então274. Digamos que esta violência
foi [347] legítima, certamente pela graça não do Senhor! mas por
necessidade, aquele estandarte pagão, que os gregos colocavam
acima de todos os deuses.
Mas uma objeção permanece, especiosa para dizer o mínimo. Por
que essa adoração de sangue em Israel? Por que esses sacrifícios
pontificamente inaugurados por Moisés, e ritualisticamente
sancionados por sua Lei? Se o sangue deve ser derramado, pelo
menos não deve estar em um altar! Holocausto abominável! Que
contrabando Adonai poderia ter se entregado a isso?
Certamente Iod-Heve (ou Ihôah-Ælohim), o verdadeiro Senhor
Deus dos deuses: não teremos dificuldade em concordar com isso.
Com toda a probabilidade, somente estes estavam satisfeitos com
isso, que o vapor de tais oferendas rega e conforta: Elementais,
Larvas e Lemures de todos os tipos. Moisés sabia: como todos os
mestres da sabedoria, tirar proveito de tais forças. E, se o nosso
Leitor estivesse escandalizado com eles, julgando-os equívocos,
nós apontaríamos para ele que está escrito no Ritual Cabalístico de
Salomão, "que os Sábios reinem com todo o Céu e sejam servidos
por todo o Inferno"275.
Admitiremos também que, durante o êxodo dos hebreus fugitivos,
foi o Verdadeiro Deus de quem a Bíblia fala nestes termos: "E o
Senhor andou diante deles para mostrar-lhes o caminho, [348]
aparecendo durante o dia numa coluna de nuvem, e durante a noite
numa coluna de fogo, para servir como seu guia dia e noite?" 276
Uma vez construído o tabernáculo do testemunho, "a nuvem do
Senhor repousava sobre o tabernáculo durante o dia, e uma chama
apareceu lá durante a noite". 277 anos
Com relação aos fenômenos milagrosos prodigalizados pela
ciência do sacerdote de Osíris, todos podem consultar o
Pentateuco. Veremos como esse teocrata, educador de um povo
recalcitrante sob a vara do latão, o fez caminhar de Mitzraim, para a
Terra Prometida em um fogo rolante de milagres, cujo instrumento
imediato era a arca, esse formidável capacitor de forças hiperfísicas.
A Arca Sagrada aparece como uma bateria celestial de
eletricidade278, construída sobre um plano rigorosamente científico
[349]. O estudo sagaz das prescrições relativas ao tabernáculo
colocaria no caminho de muitos mistérios, inéditos para nossos
contemporâneos. Tudo tem sua importância, a orientação do
tabernáculo, a estrutura complicada da Arca, a Véspera, o Altar dos
Perfumes (que é de ouro), o Altar de holocaustos (que é de latão)
com sua grade, o Castiçal com sete ramos e vinte e duas xícaras, a
Bacia das abluções com sua base, e as Colunas do templo e as
cortinas do pátio, etc., e, sobretudo, o arranjo recíproco desses
objetos consagrados. Indicações significativas abundam, que são
ainda mais enfatizadas no Ritual de Cerimônias.
Os engenheiros dos templos de Tebas e Mênfitas parecem ter
empurrado o estudo aprofundado das forças fluídicas ou misteriosas
muito além do possível controle de nossos estudiosos positivistas da
época; mas o conhecimento que Moisés devia à cultura esotérica
egípcia não era menos positivo do que o deles.
O Ser-de-Seres, que este terauro conhecia tão bem [350] hiha r?a
hyha (Aehïeh asher Aehïeh), o Princípio universal masculino cuja
noção ele perseguiu até sua insondável Unidade (y Iod ou Wodh),
não tem nada que seja acessível aos olhos carnais. Atua sobre a
matéria apenas pelas leis pré-estabelecidas... Qualquer Poder do
Alto, que se manifesta através de fenômenos e se revela a nós
através de intermediários que não sejam a luz oculta das
Inteligências, só pode ser uma Divindade substituta.
Qual é, então, este aliado divino que Moisés evoca em aflição ou
perigo; este interlocutor celestial que o aconselha, conforta e instrui?
com quem discute e de quem desvia a ira ardente.279
Leiamos, no capítulo XXXIII do Deuteronômio, esta sublime visão
do Sinai: milhares de eleitos, [351] reintegrados nos privilégios da
Essência divina, apressam-se numa apoteose colossal, à luz
deslumbrante de Ihoah (v. 2). Eis Ele, o Aliado celeste: ressuscitou
de Séïr!
A grande Comunhão dos Santos de iniciação dórica, então, é a
Entidade coletiva com a qual Moisés está em constante relação,
orgânica, hierárquica e mágica!
Este é o Deus de sua Teurgia – o mais elevado, mais sagrado,
mais legítimo que Épto já praticou.
Esta é a Alma da luz e o Espírito da Verdade que Moisés queria
soprar no coração das pessoas de sua escolha.
Um povo "de col roide280", este novo Israel; Resistente,
indomável, mas teimoso e inflexível também! A encarnação dói a si
mesma... Por um momento, o Aliado celestial perde a esperança e a
paciência e perde o interesse na raça judaica; ele fala de sacrificá-la
e de estabelecer Moisés à frente de outro povo maior e mais
forte.281 É Moisés quem o dissuade.
Pois esta raça é brilhante com virtudes, entre as trevas de seus
vícios. Ela pode, de fato, chafurdar na idolatria mais vilã; nada
apagará o dogma monoteísta, impresso com um ferro vermelho na
carne do coração: Ihôah Ælohim é um só Deus! — Então, como um
dragão comprometido com a custódia de um tesouro inestimável,
defende-o sem abri-lo [352] e sem o conhecer, Israel, transmitindo
de geração em geração o precioso depósito do Gênesis, esta
reserva esotérica do passado, gorda do futuro intelectual de um
mundo, Israel merecerá o título de glória hieroglíficamente incluído
em seu nome: la-ar-?y, manifestação radiante de Deus.
O essencial é garantido desta forma; A raça judaica cumpre sua
missão. No limbo do inconsciente profético, até os tempos
prescritos, a Palavra que salva ainda dorme!..
No entanto, os sucessores do grande teocrata estarão mais abaixo
de sua tarefa, tão fácil e simples em comparação com a dele. A luz
de Ælohim primeiro enfraquecerá, depois desaparecerá aos poucos
até o obscurecimento total. Entre a Verdade viva evocada por
Moisés e o próprio sacerdócio eleito por Ele para se tornar o seu
receptáculo, uma cortina de névoa se interporá, escura. Ao
anoitecer, os pontífices do pior Goite levarão a abominação ao lugar
santo; e a Luz da glória de Sina será conhecida pelos Nabis apenas
intermitentemente, em raras clareiras, ou entre as sombras e
reflexos de uma epifania tempestuosa.
Vamos voltar a Moisés e resumir. Sua relação religiosa com o
invisível parece múltipla e diversa.
1° Este profeta surpreendeu e praticou em êxtase o Absoluto
divino, no tabernáculo de sua Unidade incomunicável. [353]
2° Ele sabia, adorava, glorificava Ihôah Ælohim para conhecer a
Deus manifestado na Natureza por sua Palavra eterna. Ihoah não
permaneceu o Deus de Israel por excelência!
3° Moisés fez uma aliança teúrgica com a Egrégora da grande
Comunhão dos Eleitos. O interlocutor místico do teor, o Adonai
pessoal realizando a Imagem divina, não é outro senão o mais
sublime dos Coletivos humanos, reintegrado à Lei do Reino de
Deus.
4° Finalmente, certas prescrições do culto sangrento de Moisés
sugeririam que ele mantinha colunas maciças de substâncias
elementares ou lemurais, que deveriam servi-lo para as obras de
sua magia sacerdotal, quando ele não considerava conveniente
recorrer às prerrogativas de sua aliança e evocar a Egrégora.
Estas são nuances muito complexas para o discernimento dos
semitas de "pescoço íngreme". Engajado por seu líder nesses
múltiplos caminhos da arte sacerdotal, o povo hebreu, ignorante
como era, rapidamente caiu na idolatria. Mas Moisés queria acima
de tudo imprimir o verbo monoteísta na consciência de Israel, ele
queria que seu dogma unitário fosse a estrela sagrada do destino
judaico. Assim, reservando para os iniciados da tradição oral todas
essas perigosas distinções, ele teve o cuidado de não constranger
seu povo.
Em todas as circunstâncias, é sempre Ihôah Ælohim que ele
apresenta. Ele é o único Adonai, o Senhor, deus de Israel.
Os inimigos estão sendo cortados em pedaços? O Senhor os
entregou ao braço vingativo de seu povo. — Uma passagem de
codorna provê o alimento dos judeus no deserto? O Senhor enviou
codornas... — Um choque elétrico atingiu Nadabe e Abiu, culpados
de imprudência em oferecer incenso? Uma chama do Senhor os
devorou.282
Nos enviados de Deus, é Deus quem o escritor de Gênesis ensina
a ver. Isto é tão verdadeiro, que Jacó, tendo lutado com o Anjo, dá
ao lugar da reunião "o nome de Fañel ou Feniel, isto é, a face de
Deus, dizendo: Eu vi Deus face a face, e ainda assim minha alma foi
salva. "283
Quase sempre, quando Moisés fala do Senhor em relação a um
fato histórico ou a uma prescrição sacerdotal[355], e não em relação
aos mistérios cosmogônicos ou teogônicos, é o seu Aliado celestial
que ele ouve; isto é, a mais nobre Entidade coletiva que pode
humanamente representar e divinamente complementar o Ser-de-
Seres.
Se insistirmos em conhecer melhor esta Egrégora da grande
Comunhão dos Eleitos, não hesitaremos em chamá-lo pelo seu
nome verdadeiro: lakm MICHAEL.
Miguel é (para o nosso redemoinho) o tabernáculo do Senhor; no
entanto, está escrito: "In sole posuit Deus tabernaculum suum..."
Observemos aqui que Miguel é apenas um Æloha de Ælohim, um
membro vivo de Ihoah Adonai, o Verbo eterno; finalmente, que o
próprio Adonai é apenas a manifestação de Wodh, ou Ain Soph,
[os/ya, o Deus supremo e não revelado.
Comparado ao Absoluto, isto é, contemplado de cima para baixo, o
Verbo Universal é o Homem típico, o Adam Kadmon do Zohar; Em
relação a nós, isto é, concebida de baixo para cima, a Palavra é o
próprio Ihoah, ou Deus manifestado.
Assim, fundam-se a síntese do homem e o Deus manifestado, e
nesta sublime identidade284 reside [356] um dos mistérios mais
profundos da tradição Cabalística. "Que podem conceder juntos (diz
Elifas) o Deus da terra e o Homem do Céu, tocando o ponto fixo de
sua união: este último encontrou o G∴ A∴; arcano indescritível, uma
vez que é a aliança do Kether humano e do Kether divino,
representado pela luta de Jacó com o anjo. Através deste arcano,
Lúcifer se torna Deus, não mais por se revoltar, mas por obedecer
livremente a Deus. Qui aures habet audiendi audiat! ... É o Non-ens
de cima equilibrado pelo de baixo, e dessas duas negações brota
uma afirmação inesperada e imensa, que é adequada ao homem de
Deus. 285 anos
Voltando ao Aliado de Moisés, sua deificação exotérica é
legitimada por uma analogia impressionante. Já que Chrishna, um
manifestante Wishnou na terra, poderia legitimamente dizer: "Eu sou
Wishnu!" Por que Miguel, manifestando Ihoah no Céu das almas,
não diria: Eu sou Iha?
Se algum Poder tem o direito de tomar o nome do Senhor
exotericamente, é esta Sinagoga viva de seus Eleitos, a mais alta
expressão coletiva da Palavra humana divinizada!
No entanto, ao dar o Deus que se manifestou na nuvem para o
eterno Deus-dos-deuses,[347] Moisés fez de certa forma o que o
autor judeu do Sepher Toldos mais tarde incriminou Jesus de
Nazaré: ter mostrado às nações, como a verdadeira pedra cúbica do
Templo, um cubo de barro feito à semelhança desta misteriosa
pedra angular, que ele não tinha conseguido roubar...
Não nos cabe dizer mais. Não temos autoridade para julgar
Moisés, assim como o autor cabalista do Sepher Toldos Jeschu não
foi qualificado, ao que parece, para ser o árbitro do nosso Messias.
Este grimório sírio-caldaico, quase contemporâneo de Jesus
Cristo, acusa o "filho de Miriam" de ter realizado todas as suas
prestigações com a ajuda do incomunicável Nome <? (Schema
Hamphorasch), roubado do templo de Jerusalém, cujas portas ele
teria forçado por encantamentos culpados. Seguem-se histórias de
maravilhas ainda mais surpreendentes do que as dos Evangelhos,..
Lembremo-nos deste fato de passagem, que os milagres de Jesus
eram algo inquestionável para o sentimento dos judeus de seu
tempo.
Poderíamos ter nos debruçado muito mais sobre o modo de
geração, bem como sobre o papel das entidades coletivas humanas,
estudadas do ponto de vista religioso ou do ponto de vista social. Os
poucos exemplos que propusemos servirão de referência para o
cadastro de uma região pouco frequentada por pensadores.
Orgulhamo-nos de ter dito algumas coisas relativamente novas e
geralmente insuspeitadas sobre este assunto. [358]
A integração coletiva é uma realidade tão constante, nos planos
astral e psíquico, quanto as combinações da química, por exemplo,
no plano material. Pois bem, questões deliberadamente deixadas
nas sombras serão iluminadas, se soubermos fazer uso da lei, tão
fecunda em circunstâncias imprevistas, conhecida como a analogia
dos opostos.
Assim, a Comunhão dos Santos, da qual Miguel é a personificação
luminosa, inclui como antítese a Sinagoga dos pervertidos, cuja
encarnação ígnea será Samael lAms, o Satanás esotérico da
Cabalá.
Era uma confusão confundir este Coletivo caco-psíquico (de uma
realidade formidável em certos momentos, quando as divisões
internas não esterilizam seu vigor opondo-o a si mesmo), com o
lendário Satanás, com garras e chifres, digno filho de imaginações
fanáticas e que é, como foi sugerido acima, apenas uma Imagem
astral vitalizada...
Terminaremos este capítulo com algumas estrofes muito notáveis
do Marquês de SaintYves286, tocando Samael. Veremos nela a
descrição, mais verdadeira do que real, do fenômeno que, p. 334,
reservamos o exame: saber, o que pode ser o corpo astral totalizado
de uma Entidade coletiva, aos olhos do Vidente admitido a este
espetáculo excepcional: [359]
"Quando a noite chega, Satanás, na floresta de
carvalhos, e seu verdadeiro sábado corre, flashes de
ódio rolando das montanhas escuras.
Os Vosges, respondendo aos Alpes, trovejam,
E, nesta clareira onde seu líder brilha, apresse
Rebanhos de Demônios.
"Vem de todos os lugares; eles têm todas as formas
De vícios acoplados a paixões deformadas,
Eterna rotina lamacenta;
Vem do topo de qualquer hierarquia,
Ela brota do abismo onde está toda a Anarquia,
E todos eles são monstruosos...
"No meio, chifre duplo na testa, monstro elétrico,
O verdadeiro Satanás, o do Rito Esotérico,
Meteoro gigante,
Sentado sobre um dólmen, olha para eles e preside;
E todos dizem: "Salve o primeiro homicídio,
Rei dos reis do Nada?"
"A estas palavras, radiantes, Chama e milhares de Chamas,
Satanás brilhou, pois estes Fogos são Almas
Que seja incorporado desta forma
Da testa aos pés, dependendo do crime; e sob sua asa
Direita ou esquerda, dependendo se a Alma Criminosa
Estava homem ou mulher aqui." 287 [361] [362]
aproximadamente
205 Veja a impressão do Grande Andrógino de Khunrath, que reproduzimos no Limiar
do Mistério, e o Comentário que demos sobre ele (pp. 129-150). De outro ponto de
vista, — pois tudo está em tudo, — a Hermética, para quem o Enxofre (universal
ou especificado, volátil ou fixo) é sempre o Pai ou ingrediente ativo, considera
Mercúrio como a Mãe, ou princípio passivo, e o Sal como o Filho, ou produto da
união do Enxofre e Mercúrio, do Pai e da Mãe, de Ativos e Passivos. Cf., no
Capítulo VII, o nosso Précis d'art hermetique.
206 Esta é a 2ª edição (1824) de seu État social de l'Homme, publicado em 1822. O
diagrama não é encontrado nas cópias da primeira impressão.
207 Inserido na p. 26 do volume I.
208 Mesmo nos reinos vegetal e mineral, pode-se encontrar analogias, que poderiam
estar ligadas a essa lei.
209 L'Anatomie homlogique ou Triple dualité du Corps humaine, Paris, 1887, in-8°.
210 Découverte de la Polarité humaine, Paris, Doint 1886, em 18.
211 Traité expérimental et thérapeutique du magnetisme, 1886, in-8°.
212 Que, se alguém estivesse inclinado a questionar essa semelhança, considerando
quais nuances muito marcantes diferenciam as almas masculinas e femininas,
oraríamos para que se fizesse referência à nota na p. 266. Acreditamos ter
resolvido essa dificuldade.
213 Não o centro aparente.
214 Em vão opor-se-ia à quase identidade do cérebro, em indivíduos de ambos os
sexos, tendo em vista a profunda dessemelhança que é acusada com os órgãos
da geração. As ideias, sendo inteligíveis, não se importam com um veículo fálico
ou cavidade uterina para o cumprimento do hímen ideal. Tudo o que eles precisam
é de um órgão capacitor que é o cérebro, análogo em homens e mulheres, já que
duas garrafas de Leiden podem ser carregadas com eletricidade de nome oposto.
(Perdoe-nos por esta aproximação grosseira!) Além disso, é frequentemente sob
uma aparência mental que o esperma inteligível é transmitido pela mulher: é, neste
caso, os centros animicos, ou mediana, que se tornam os lugares próprios do
fenômeno da cópula, não do da fertilização: pois o sentimento, transmitido ao
centro animico do homem, sublima para alcançar seu cérebro, matriz apropriada
ou ele retomará sua primeira qualidade ideal de espermatozoides.
215 A era pré-histórica nos apresenta um exemplo impressionante, se fixarmos nossos
olhos na origem das sociedades humanas. Estes tempos remotos, sem dúvida,
deixaram apenas vestígios indecisos e monumentos de autenticidade, bem como
muitas vezes de significado duvidoso. Mas a Lenda substitui quase
vantajosamente os relatos de fatos positivos: sintetiza, em tipos de generalização
simbólica, noções que os relatos de fatos só poderiam nos oferecer
particularizados e disseminados... Ora, a História e a Lenda não se apoiam uma
na outra, para vir e nos ensinar que as primeiras sementes da civilização sempre
foram semeadas pela mulher, no Destino das raças adolescentes? O trabalho que
a mulher esboça, o homem desenvolve e aperfeiçoa. Não é o Amor, na
cosmogonia fenícia, que tira o mundo do caos? (Voy. Sanchoniaton text and trans.
in Fourmont, Réflexions sur l'origine des anciens peuples. Paris 1747, 2 vol. in-4°,
tomo I, p. 4-21. — Cf. Fabre d'Olivet, Histoire philos., tomo I, passim.
216 O exame deste diagrama permitirá ao Leitor determiná-los todos geometricamente,
por assim dizer. Uma figura posterior deve oferecer-lhe ainda mais indicações,
com o efeito de impulsionar sua pesquisa, se ele achar conveniente.
217 Todos podem continuar e completar o quadro dessas relatividades.
218 Como sendo acima de tudo apaixonado, isto é, animico, embora provavelmente
seja maior ou menor: seja para o polo cerebral (adoração), ou para o polo sexual
(apetite venéreo).
219 Idêntico em essência, não em tendência. Isso merece mais atenção. Pede-se ao
leitor que olhe para o padrão anterior: as correntes apaixonadas são
representadas por setas em várias direções. Para nos atermos ao Amor
considerado separadamente, no homem, depois na mulher, observemos que a
própria lógica da nossa figura a distingue, aqui e ali, em duas correntes de direção
precisamente oposta. A corrente, nos homens, sobe do sexo (positivo) para o
cérebro (negativo); Nas mulheres, pelo contrário, desce do cérebro (positivo) para
o útero (negativo). Este contraste deve ser suficiente para nós; é aqui que
devemos procurar a causa raiz dessas nuances que diferenciam o Amor de um
sexo para outro, nuances que negligenciamos em detalhar, porque todos as
conhecem. Um exemplo, no entanto, e significativo. — Por que, nos homens, o
desejo está acostumado a paralisar as faculdades intelectuais, que parece, ao
contrário, estimular nas mulheres?... É um fato inconfundível, e cem vezes
verificado, que o homem mais espiritual facilmente se torna canhoto e às vezes
estúpido, na presença da mulher que ele ama ou simplesmente cobiça; enquanto
ela se mostra ao homem que distinguiu, mais brilhante, mais desejável do que
nunca... O homem permanece quebrado, ou queima seus navios, assim que
desembarca: tímido além da medida, ele parece infeliz; ou, de repente resolvido,
quebra tudo. — A mulher, ela choca à vontade os quadros mais sutis, para
capturar sua querida presa; e, com um sorriso nos lábios, completa a fascinar,
escondendo as manobras de uma táctica impecável por detrás da infantilidade da
sua coquetria e das graças do seu balbuciar... — É que, neste último, a corrente
apaixonada vai do cérebro ao útero, deixando toda a liberdade de acção para o
órgão do pensamento. No homem, ao contrário, o fluido erótico (por assim dizer),
surgindo por súbitas baforadas do órgão genital, flui para o cérebro, ofende-o e
determina um congestionamento fatal para o livre jogo das faculdades intelectuais.
Isso é até verificado pela visão, e está inscrito em hieróglifos puramente físicos, o
homem cora no fogo do Desejo, e a mulher fica pálida. Os lábios de um estão
queimando, os do outro sempre gelados, etc.
220 Apêndice, p. 143-144.
221 Fabre d'Olivet menciona-o várias vezes nas suas obras, sem nunca dar a fórmula.
Aqui notamos uma alusão quase direta, que pode ser lida no Volume I de sua
História Filosófica: "Mas o homem não estava destinado a viver sozinho e isolado
na terra; Ele carregava dentro de si um princípio de sociabilidade e perfectibilidade
que nem sempre podia permanecer estacionário, e os meios pelos quais esse
princípio deveria ser extraído de sua letargia, haviam sido colocados pela alta
sabedoria de seu autor na companheira do homem, na mulher, cuja organização
difere em pontos muito importantes, FÍSICOS E METAFÍSICOS, DEU-LHE EMOÇÕES
OPOSTAS (Página 73)." Mas o Fabre d'Olivet tem o cuidado de não explicar como
essa organização difere. Voltando-se imediatamente para um dos corolários do
teorema cuja enunciação ele evita, ele apenas acrescenta: "As mesmas
sensações, embora procedentes das mesmas causas, não produziram os mesmos
efeitos sobre os dois sexos. Isso é digno da mais alta atenção, e peço ao leitor que
fixe sua visão mental com força nesse ponto quase imperceptível da constituição
humana. Aqui está o germe de toda civilização, o ponto seminal a partir do qual
tudo deve eclodir, o poderoso motivo a partir do qual tudo deve receber movimento
na Ordem Social. — Desfrutar antes de possuir, este é o instinto do homem;
Possuir antes de, este é o instinto da mulher, etc. (pág. 74)
222 Dogma et Rituel, tomo I, p. 132-133, passim.
223 Talvez tenhamos a oportunidade, numa data posterior, de destacar alguns dos
casos em que esta fórmula encontra a sua aplicação directa. Por enquanto, um
exemplo de detalhe será suficiente, que destaque, após as adaptações mais
gerais que foram propostas, que luz difunde a lei universal das polaridades, sobre
os menores fenômenos da psicologia e fisiologia atuais. Os aspirantes da vida
mística estão bem conscientes, assim como os noviços da existência religiosa, das
repercussões genitais dos esforços de espiritualização, que se traduzem, no
período que se segue, em revoltas mais frequentes e selvagens dos sentidos. — O
que contrasta é a vida claustral de! Que alternativas de fervor religioso e
aspirações mundanas? Que surto de tempestades sensuais, depois da serenidade
luminosa dos pacíficos Céus da alma!... Por outro lado, quem não observou, como
resultado das piores concessões feitas à carne e da brutalidade dos instintos,
aquele reavivamento da idealidade que solicita ao ser com toda a amargura de um
desejo; essa necessidade de trabalho, essa febre santa de inspiração que
fermenta no cérebro do artista; Este amanhecer espiritual, finalmente, que dissipa
a escuridão transitória da alma subjugada pela matéria? "No bruto sonolento um
anjo acorda?" (Baudelaire).
224 ... A maioria dos escritores que me precederam em minha carreira viu apenas um
princípio onde havia três. Alguns, como Bossuet, atribuíram tudo à Providência;
outros, como Hobbes, fizeram tudo fluir do Destino; e o terceiro, como Rousseau,
queria reconhecer em toda parte apenas a Vontade do homem." (Fabre d'Olivet,
Histoire philos., vol. I, p. 55).
225 Hist. philos. da raça humana, vol. I, pp. 53-54.
226 Deve-se notar, de passagem, que a grande lei da polarização sexual é aplicável
aqui, por analogia necessária. Tenhamos o talento para lidar com a arte com a
chave que fornecemos, e ficaremos surpresos com a fecundidade com que a
gênese dos princípios e o processo das consequências se desdobrarão, tanto na
ordem universal quanto na particular.
227 Dizemos celestial (ou providencial) e não divino. Esta distinção é importante neste
caso particular. Lembremo-nos de que a Providência é a inteligência da Natureza
(cf. p. 30). Quando atribuímos à Providência o epíteto de divino, nos conformamos
com a linguagem recebida. É através da Providência que Deus se faz sentir por
nós. Então, essas extensões do significado dos termos são costumeiras em todas
as línguas, e pensamos com d'Olivet que não é confuso sacrificar o uso em tais
casos, desde que seja feito para a conveniência do estilo, e não por ignorância ou
confusão.
228 É necessário alertar que as observações entre parênteses são nossas? O texto
(em itálico) reproduz os próprios termos da profecia de Orval.
229 Outros exemplares têm decabré.
230 Talvez se note, no texto da Profecia de Orval, algumas expressões suspeitas e
algumas frases desajeitadamente arcaicas que se apressarão em concluir uma
lamentável fraude contemporânea. A conclusão não nos parece irresistível.
Sabemos que alterações um texto sofre, cujas cópias há muito circulam sob o
manto. Se a escrita primitiva estivesse diante de nossos olhos, talvez ficássemos
surpresos ao descobrir, mais uma vez, como algumas variantes da transcrição
moderna degradam um texto autêntico e arruínam sua verossimilhança. — Então,
mais uma vez, admitamos que esta profecia data da Restauração: os eventos
previstos e passados de 1830 a 1873 são menos verdadeiros?...
231 Todos podem evitar cálculos tediosos consultando um interessante panfleto,
publicado em 1873, sob as iniciais F.P.; Eis o título: Au 17 février 1874, le grand
Avènement, etc., provado pelo comentário mais simples e metódico, etc., da
famosa profecia de Orval (Bar-leDuc, agosto de 1873, in-8°, 94 páginas, mais 1
fólio não paginado, para o índice). O autor, devoto do altar e do trono, comenta
palavra por palavra o texto que damos aqui (compilado com algumas variantes de
uma cópia mais antiga); e prova, por um cálculo cuidadoso de lunações, que o
autor da predição (algo bastante raro entre os próprios profetas) localiza em dia
fixo cada evento que anuncia. A Introdução a este panfleto contém uma
concordância impressionante entre os eventos da Restauração e aqueles que
sinalizaram o reinado de Louis-Philippe. Vamos resumir algumas características
deste longo paralelo:
RESTAURAÇÃO MONARQUIA JULHO

O Duque de Berry, herdeiro legítimo do O Duque de Orleães, herdeiro legítimo do


trono de seu pai (Carlos X), casou-se com trono do seu pai (Luís Filipe), casou-se com
uma princesa estrangeira (siciliana), que uma princesa estrangeira
lhe deu um filho chamado a reinar (o (Mecklenribourgeoise) que lhe deu um filho
Duque de Bordéus); em seguida, morreu chamado a reinar (o Conde de Paris); em
assassinado em 13 de fevereiro de 1820, seguida, morreu de morte violenta, em 13 de
o mês da queda de Louis-Philippe. julho de 1842, o mês da queda de Carlos X.
A Revolução de 1830 durou três dias. A Revolução de 1848 durou três dias.
Carlos X caiu, aos 74 anos, por causa das Louis-Philippe cai, aos 74 anos, por causa
ordenanças de seu ministro; abdica em das ordens de seu prefeito de polícia; abdica
favor do neto de 10 anos; A resposta é em favor do neto de 10 anos; A resposta é
que é tarde demais! que é tarde demais!
Carlos X embarca para a Inglaterra, com Luís Filipe embarcou para a Inglaterra com
seu neto, o Duque de Bordeaux e morre seu neto, o Conde de Paris, e morreu no
no exílio exílio.
232 A Assembleia Nacional não teve que votar em forma para a restauração da
monarquia, por causa da carta do príncipe ao Sr. Chesnelong, datada de 27 de
outubro, na qual a reivindicação da bandeira branca era absoluta. — Mas uma
comissão, conhecida como os Nove, na qual todos os matizes da maioria
monarquista estavam representados, sob a presidência do general Changarnier, já
havia delegado M. Chesnelong a M. le Comte de Chambord, para fixar, de acordo
com ele, as condições e os termos de sua convocação ao trono da França. Esse
lembrete não estava mais em questão. O acordo parecia perfeito, em todos os
pontos da Constituição; Só restava a dificuldade da bandeira... O príncipe, na
entrevista do dia 14, pareceu remover a última incerteza, acusando M. Chesnelong
da garantia formal "de que nada seria mudado na bandeira, até que ele tomasse
posse do poder". Henrique V reservava-se apenas para "apresentar ao País, no
momento que considerasse apropriado, e certificar-se de obter dele por seus
representantes, uma solução compatível com sua honra e que ele acreditava
provável de satisfazer a Assembleia e a Nação". (Textual). Sobre esta dupla
garantia, tendo os deputados de todas as frações da maioria prometido o seu voto,
tendo o governo do Marechal assegurado a sua assistência, a Monarquia parecia
feita, quando a desastrosa carta do dia 27 veio aniquilar todas estas esperanças,
"reivindicando a bandeira branca, sem admitir quaisquer condições ou garantias
prévias". (Veja a Campanha Monárquica de outubro de 1873 por Ch. Chesnelong.
Pion, 1896, em 8°).
233 Suponhamos por um momento que M. le Comte de Chambord acreditasse que as
exigências de Naüendorff, se não justificadas, pelo menos sustentáveis, ele teria
agido de forma diferente? No caso da sobrevivência de Luís XVII e sua
posteridade direta, Henrique V só poderia ter tocado a coroa como um usurpador.
Seu dever era, portanto, abster-se. Por outro lado, recusar sem razão o trono
oferecido, e reconhecer, mesmo tacitamente, o direito dos Naiüendorff, era para
ele notar com infâmia a memória de seu avô Carlos X e seu tio-avô Luís XVIII, reis,
portanto, ilegítimos. Um pretexto, válido ou especioso, era, portanto, necessário
para recusar o convite da Assembleia em 1873. Este pretexto, a questão da
bandeira branca ofereceu-o ao Conde de Chambord. Esta é uma hipótese pura
que damos para cc que vale a pena... É certo que no ano seguinte, em 1874, o
Conde de Chambord, que havia sido levado perante a Corte de Paris pelos
herdeiros de Naüendorff, achou necessário dar calote. O príncipe deixou para o
promotor público contradizer suas alegações. Requerentes de restituição do
estado civil, eles foram rejeitados, apesar dos esforços de Jules Favre, cuja
admirável petição deve ser lida.
234 Cf. La Voyante de la rue de Paradis, de Gaston Méry. Dentu, 1896, in-12 (pp. 34-
36).
235 Cf. a Introdução aos Espelhos Mágicos, de P. Sédir, (Chamuel, 1895, in-12) —
Encontramos nesta excelente obra, um quadro que não é isento de analogia com o
nosso.
236 Sobre o contraste entre a Astrologia dos antigos e a Babel das noções arbitrárias
que leva esse nome hoje, ver d'Olivet, Versos Dourados de Pitágoras, pp. 269-
278).
237 Não seria mais lógico chamar evolucionário o período de desintegração, que vai
da Unidade absoluta ao número, do ponto central à implantação circunferencial,
(pela emissão do raio); — e involutivo o período do processo inverso, que leva à
reintegração do número na Unidade, à reabsorção da circunferência no ponto de
onde emana? — É discutível, mas achamos necessário manter sobre este
assunto a terminologia habitual em ocultismo. Essas duas palavras parecem ser
escolhidas na direção oposta, quando examinamos as coisas do topo dos
princípios, do ponto de vista transcendental. — É aparentemente do ponto de vista
terreno que colocamos, para a fixação dos dois termos em disputa: involução
(descida do Espírito à matéria), evolução (esforço reascentional do Espírito cativo,
através da progressão das aparências). É apenas uma questão de concordar com
as palavras... Isto é o que os ocultistas nem sempre conseguem. Que
controvérsias obstinadas entre seguidores de diferentes escolas, concordam
perfeitamente sobre a substância das coisas? Contradições verbais muito
superficiais por si só proibiam os oponentes de esclarecer o mal-entendido. Sem
querer abolir, com o vocabulário e o simbolismo específicos de cada grupo de
ensino, a cor local e a originalidade que fazem o encanto dos vários estilos do
Mistério; sem pressionar pela desastrosa criação de uma espécie de Volapük
teosófico, é permitido desejar a escrita de um bom léxico doutrinário, especificando
as rigorosas equivalências de linguagem e simbolismo, de uma escola para outra.
238 Há também rachaduras, às vezes golpes claramente desferidos, como no impacto
de um martelo invisível. — Este último fenômeno é mais raro; detecta a presença
de um meio forte e a provável intervenção de larvas ou entidades astrais ansiosas
por se manifestar, graças à força psíquica à sua disposição. — Mas, na maioria
dos casos, o revelador da vida e até mesmo pequenas rachaduras não implicam
nada parecido com isso. Esses fenômenos simplesmente acusam, como
demonstraremos, da propagação efetiva do eflúvio simpático, transmitido de um
elemento para outro da pilha humana, e da súbita formação de um Ser coletivo
totalizando em si as virtualidades das pessoas presentes, e que constitui o
Oráculo. No entanto, todas as pessoas que cooperam podem ser descritas como
Médium em várias capacidades, ou melhor, o Meio é o conjunto de assistentes que
formam a cadeia magnética.
239 Exemplo: A tabela indicará a hora, a minha idade, o número de moedas na minha
bolsa; com uma condição, no entanto, é que eu saiba esse número. Quando
ninguém o sabe, nem na cadeia nem fora, o erro é certo, e não se tem outras
chances além daquelas fornecidas por coincidências, e também por um cálculo
bastante simples de probabilidade.", (Gasparin, des Tables tournantes, etc., t. II, p.
430-431).
240 Gasparin, Toca-discos, etc. (vol. II, p. 504).
241 Éliphas Lévi cita algures, não sobre mesas giratórias, mas sobre aparições
espectrais, uma manifestação muito curiosa do ateísmo póstumo, do qual o
fantasma de Sylvain Maréchal teria sido o instrumento (La Science des Esprits, pp.
207-212).
242 Observamos, em nossa teoria da polarização inversa de indivíduos mil ou
mulheres, que em ambos, a Psique aparece neutra como o centro de equilíbrio,
entre os polos positivo e negativo em um, negativo e positivo no outro. – Mas
esses termos de polarização não são absolutos, na medida em que expressam
apenas relações simples. Assim, tal Psique, ou centro animico, neutro na verdade
em relação aos seus dois polos, pode ser concebido negativo ou positivo, em
relação a outras Psiques, como é fácil de perceber. Seria ocioso apontar e resolver
cada vez esses tipos de aparentes contradições, que um Leitor atento explicará a
si mesmo, ao menor esforço de raciocínio.
243 Não só por seus pensamentos, mas por seu devaneio, seus impulsos
apaixonados, suas volições; etc.
244 "Todo homem é dominado por um ascendente astral, cuja direção é indicada pelas
linhas da vida e da morte. É agindo sobre esse ascendente astral que se pode
enfeitiçar; As cerimônias são apenas um meio de produzir contato astral simpático.
O ascendente astral é um redemoinho duplo, que produz atrações fatais e
determina a forma do corpo astral. Os malfeitores tornam seu ascendente
agressivo e o esforçam para perturbar o dos outros." (Paracelso, citado por Eliphas
Levi: A Chave dos Grandes Mistérios, p. 387).
245 Veja, para a teoria das assinaturas naturais e a relação do signo com a coisa
significada, chaps. IV e V, passim.
246 Assim, cada individualidade modifica seu próprio ascendente, quando imprime
uma nova direção em suas faculdades mentais, psíquicas ou volitivas. O
ascendente astral, modificado dessa forma, por sua vez transforma o duplo etéreo
ou mediador plástico, reagindo sobre ele. Na reciprocidade dessas ações (diretas
e de repercussão) encontraremos a chave para o mecanismo do Karma terreno.
247 Essa concepção do minotauro devorador de um regime de iniquidade carrega uma
antítese luminosa. À Egrégora negra de um Estado social laico, hierárquico no
mal, seria oposta pela Egrégora branca de um Estado teocrático harmonioso e
equilibrado. — o Arcanjo da "Sinarquia".
248 A Missão dos Judeus, pp. 794-795.
249 Para ler, no Tratado Metodológico sobre Ciência Oculta de nosso amigo Dr. Papus,
uma página muito notável e singularmente instrutiva, intitulada: "Uma ferida na
falange; Defesa do organismo." (Págs. 794-798).
250 Latro pontifex deleatur (L.P.D.). — Cf. a declaração dos Rosacruzes, proclamando,
em 1613, "que por seus meios o Tríplice Diadema do Papa será reduzido a pó".
(Gabriel Naudé, Instruir a França sobre a Verdade dos Irmãos do Rosacruz, p.
36).
251 Lilia pedibus destrue (L.P.D:.).
252 "Sabe-se que um dos seguidores desta sociedade subversiva, atingido por um
trovão na rua e carregado desmaiado na casa de um particular, apoderou-se dele
da escrita que continha o plano da conspiração e os nomes dos principais
seguidores." (Histoire philos. du Genre humaine, vol. I, p. 103). Este seguidor,
abatido em Regensburg ao lado do próprio Weishaupt, era um sacerdote renegado
chamado Lanz. Sua pasta, apreendida pelos tribunais, foi enviada ao Tribunal da
Baviera.
253 Parece que a Vontade domina tudo na época revolucionária – como a Providência
parece levar tudo ao tempo de Joana d'Arc – e o Destino tudo necessário nos
últimos dias de Bizâncio. Essa preponderância alternada das Potências
Retificadoras do mundo cai, como exceção, no sistema de Equilíbrio universal.
Portanto, não é o império passageiro de uma Potência sobre as outras duas, mas
o absolutismo dessa dominação soberana, que nos faz qualificar como única a era
de Mirabeau, Sieyès e Robespierre.
254 Para que fosse de outra forma, teria sido necessário que o derrotado Egrégora
contasse entre os seus alguns auxiliares experientes no tratamento oculto de
multidões; um tenente capaz de substituí-lo na hora do fracasso, e que soubesse
afastar a debandada, apertando a cadeia simpática do agrupamento. Mas esses
homens são raros. A Revolução, tão fértil em valores individuais, não viu o
surgimento deles em nenhum dos grupos que se sucederam no poder.
255 Babeuf foi mais longe. Seu ideal era o comunismo, como evidenciado por um
Discurso ao Povo Francês, encontrado em seus jornais. – "A lei agrária (lê-se) ou
a divisão da terra era o desejo instantâneo de alguns soldados sem princípios...
Tendemos a algo mais sublime, mais equitativo, o Bem Comum, ou a comunidade
dos Bens!... A terra não pertence a ninguém... Os frutos pertencem a todos..."
(Extrato dos documentos encontrados na casa de Babeuf, impressos por ordem da
Assembleia: Discurso ao Povo Francês, passim. — Citado por Barruel, Mémoire
pour servir à l'histoire du Jacobinisme, Lyon, 1818, t. IV, p. 342).
256 A Ciência dos Espíritos (pp. 216-217, passim). Algumas linhas depois, Eliphas Levi
explica-se com um exemplo: "Ninus era o rei dos sacerdotes; Semíramis queria ser
a rainha dos povos, e assegurou, por um crime, a posse da coroa de Nino. O
mundo político então não tinha um tribunal que pudesse julgar essa mulher, tanto
que ela se justificava por grandes coisas. Ela estava semeando o mundo das
maravilhas. Sua inveja despertou contra ela as multidões: ela veio sozinha e as
revoltas diminuíram. Mas ela teve um filho, que os sacerdotes mantiveram como
refém; Ninyas foi iniciado nos grandes mistérios, e ele havia jurado vingar Ninus,
cujo assassino ele ainda não conhecia. Semiramis, por outro lado, era obcecado
por fantasmas e remorso. A mulher, em casa, secretamente prevaleceu sobre a
rainha, e muitas vezes ela desceu sozinha na necrópole, para chorar e tremer
sobre as cinzas de Ninus. Foi lá que ela conheceu Ninyas, impulsionada pelos
hierofantes: entre o filho e a mãe, estava o espectro do rei assassinado.
Semíramis foi velado; O fantasma mandou atacar. O jovem iniciado se apresenta:
Semíramis profere um grito e levanta o véu; Ela reconheceu. Ninyas: "Não, você
não é mais Ninyas", disse o espectro, "você é eu mesmo, você é Ninus fora do
túmulo!" E ele parecia absorver o jovem em si mesmo e fundir-se com ele; de
modo que a rainha viu diante de si apenas o espectro. de Ninus, espada pálida e
sagrada na mão. Ela então retirou o véu de sua cabeça e apresentou seu lado,
como Agripina faria mais tarde. Quando Ninyas voltou para ele, ele foi sugado com
o sangue de sua mãe: "Fui eu quem a matou? ele chorou equivocadamente.
"Não", respondeu Semíramis, beijando-o pela última vez, "somos duas victi mes; e
o sacerdote não é tu: eu morro assassinado pelo sumo sacerdote de Belus!" (Ibid.,
pp. 223-224), cf. a história de Atalia (Reis, liv. IV, inciso IX; Paralipomenos, liv. II
Cap. XXIV). Em Jerusalém, como em Nínive, o espírito sacerdotal permanece o
mesmo.
257 Traité de Porphre, tocando na Abstinência da carne dos animais, com a Vida de
Plotino, etc., e uma dissertação sobre os Gênios , de M. de Burigny. (Paris, de
Bure, 1747, in-12, p. 146-14).
258 Medite, na Iniciação de 1 de outubro de 1895 (pp. 7-25), o estudo sobre Martinès
de Pasqually e Les Miroirsmagiques, por F.-Ch. Barlet. Veremos a diferença
essencial entre as práticas incompletas do Iluminismo propriamente dito e os ritos
da Alta Magia. O autor destas páginas peremptórias é, sem dúvida, hoje o iniciado
mais erudito desta valorosa Escola Francesa, à qual nós mesmos reivindicamos a
honra de pertencer.
259 Salmo XCV, 5. Propusemos uma interpretação diferente do mesmo texto (O
Templo de Satanás, p. 65); Mas esses dois sentidos, longe de serem mutuamente
exclusivos, iluminam-se e complementam-se.
260 Histoire des Spectres, 1605, em 4° (t. II, p. 878).
261 A escola em questão exibe como uma bandeira esse axioma absurdo da
impossibilidade de fenômenos dos quais a ciência contemporânea é incapaz de
traduzir a razão. Tal a priori isenta de qualquer controvérsia e até mesmo de
qualquer exame de circunstâncias e testemunhos. Também é provável que, em
algum caso, os sacerdotes usassem suas noções de óptica para complementar
fenômenos reais por efeitos fantasmagóricos. — E. Salverte cita uma descrição de
Damaseius, que Fócio preservou para nós em sua Biblioteca (Cod. 242) e cujos
termos tenderiam a nos levar a crer. Aqui está: "Em uma manifestação que não
deve ser revelada... aparece na parede do templo uma massa de luz que a
princípio parece muito distante; Transforma-se, como que se apertando, num rosto
obviamente divino e sobrenatural, de aspecto severo, mas misturado com doçura,
e muito belo de se ver. Seguindo os ensinamentos de uma religião misteriosa, os
alexandrinos o honram como Osíris e Adônis. Eusèbe Salverte acrescenta, depois
de relatar esta passagem: "Se eu tivesse que descrever uma fantasmagoria
moderna, eu me explicaria de forma diferente?" (Des Sciences occultes, 1829,
in80, t. I, p. 309).
262 Talvez devêssemos dizer: exteriorizar, exteriorizar, por analogia com melhorar,
melhorar. Estas palavras também se baseiam em comparações: exterior e melior.
Da mesma forma, seria apropriado escrever individuação, individuação, e não
individualização , individualização. Mas esses termos de aloi detestáveis, são
consagrados pelo uso, no ocultismo, e qualquer preocupação com a correção deve
desaparecer diante do medo de provocar novas contradições gramaticais no
vocabulário. Esta apreensão é tão forte entre nós, que nem hesitamos em usar
palavras bastardas, compostas por uma palavra grega radical e uma palavra
latina, desta forma: autossugestão, auto-criação, etc. Peçamos desculpas de uma
vez por todas, por essas locuções que os delicados acharão bárbaras, e até algo
pior.
263 Voy. les États profonds de l'Hypnose, Paris, 1892, in-8 (p. 5).
264 Esse fenômeno. só tem sucesso em assuntos muito sensíveis.
265 Esta lei draconiana é repetida várias vezes na Bíblia. Citaremos apenas duas
passagens de Levítico: "Toda pessoa que comeu sangue perecerá no meio de
seu povo (VII, 27)"; "Porque a vida de toda a carne está no sangue; por isso disse
aos filhos de Israel: não comereis do sangue de toda a carne, porque a vida da
carne está no sangue; e quem o comer será punido com a morte (XVII, 14)."
(Tradução Le Maistre de Sacy; é dela que tomamos emprestadas nossas citações,
quando é uma versão exotérica). Ao meditar no Tratado de Porfírio sobre a
Abstinência, descobriremos os verdadeiros motivos dessa severa proibição. A
razão capital que decidiu Moisés era bem conhecida pelos platônicos. A verdade é
una, e idêntica a si mesma, sobre o Olimpo e o Sinai.
266 Gênesis, XXII, v. 17.
267 Êxodo, XXXII, v, 29.
268 "Mas quanto a estas cidades que vos serão dadas como herança, não deixareis a
vida de nenhum dos seus habitantes; Mas você os colocará todos à espada, isto é,
os heteanos, os amorreanos, os chananeus, os farezanos, os heveanos, os
jebuseus e os gergeseus, como o Senhor, seu Deus, ordenou-vos, etc."
(Deuteronômio, XX, v. 16-17).
269 Primeiro Livro dos Reis, XV, v. 3.
270 Ibidem, XV: v. 33.
271 Terceiro Livro dos Reis, XVIII, v. 40.
272 "Filho do passado e gordo do futuro, este livro, herdeiro de toda a ciência dos
egípcios, ainda carrega as sementes das ciências futuras. Fruto da inspiração
divina, contém em poucas páginas os elementos do que foi e os elementos do que
deve ser. Todos os segredos da natureza lhe são confiados. Todo. Ele reúne em si
mesmo, e somente em Berœshith, mais coisas do que todos os livros empilhados
nas bibliotecas europeias. O que a natureza tem mais profundo, mais misterioso, o
que a mente pode conceber de maravilhas, o que a inteligência tem mais sublime,
ela possui..." (Fabre d'Olivet, Língua Hebraica Restaurada, vol. II, Discurso de
Abertura, p. 6).
273 "O sacerdócio judaico, destinado a guardar o Sepher de Moisés, geralmente não
tinha a intenção de entendê-lo, e muito menos de explicá-lo"... (Id., ibid., p. 9).
274 Maquiavel, em seu Livro do Príncipe, aconselha o conquistador a derrubar, em seu
novo império, todas as cabeças que se projetam; a não deixar viver uma única
prole do toco de seus antigos reis, e a dispersar ou massacrar em massa o povo
que possa ter desfrutado de liberdade. Mas, diz ele, é melhor aniquilar do que
dispersar essa população.
275 Mss. hebraica citada por Eliphas: Dogma and Ritual of High Magic, Volume I, p. 80
(terceira prerrogativa (g) daquele que segura as clavículas de Schlômoh à direita,
e na mão esquerda o ramo da amendoeira florida).
276 Êxodo, XIII, 21.
277 Êxodo, XI, 36.
278 "A eletricidade está lá", opinou o Marquês de Saint-Yves, "mas simplesmente
como uma força intermediária em nossa atmosfera; há ainda outras forças,
envolvendo o que os índios chamam de Akasa, o próprio véu com uma
concentração da Alma do Mundo e do Espírito puro neste tabernáculo e neste
teto." (A Missão dos Judeus, p. 449). Compartilharíamos sem relutância a opinião
do erudito autor, desde que ele concordasse conosco que Ihoah ou Iod-Heve
(hwhy) o Deus-Natureza, se manifesta aos sentidos físicos, por fenômenos
anormais, apenas através da mediação de um homem, ou de uma comunidade
humana (terrestre ou celestial); de um Poder Adâmico em uma palavra: que o
Poder implementa, com uma intenção particular e contingente, os vários agentes
que a Divindade tem apenas para uso universal e transcendental. É, além disso,
por isso que o homem-síntese e Deus manifestado revelam ao esotérico sua
essência idêntica; mas o divino Tudo toma a iniciativa apenas do todo cósmico; os
detalhes são de responsabilidade do submúltiplo homilial. M. de Saint-Yves, depois
de detalhar as maravilhas teúrgicas realizadas por Moisés, conclui nestes termos:
"Tal era o poder da antiga Sabedoria e Ciência, no auge da iniciação dórica,
quando, raramente, o epopta era um homem de gênio, capaz de manifestar a
Divindade de maneira adequada". (ibidem, p. 464). Esta frase, muito significativa,
parece trazer a nossa opinião de acordo com a do eminente ocultista, e estamos
muito lisonjeados por ela.
279 "... À medida que a sedição se formava e o tumulto aumentava, Moisés e Arão
fugiram para o tabernáculo da Aliança. Quando eles entraram lá, a nuvem os
cobriu, e a glória do Senhor apareceu diante de todos. E o Senhor disse a Moisés:
"Retire-se do meio desta multidão, eu os exterminarei a todos agora." Então,
tendo-se prostrado no chão, Moisés disse a Arão: "Toma o teu incensário,
incendeia o altar e o incenso sobre ele, e vai rapidamente ao povo, para que
possas orar por ele; porque a ira já saiu do trono de Deus, e a praga começa a
irromper." Arão fez o que Moisés ordenou; Ele correu entre as pessoas que o fogo
já estava queimando, ofereceu incenso e, de pé entre os mortos e os vivos, orou
pelo povo, e a praga cessou. O número daqueles que foram atingidos por esta
praga foi de quatorze mil e setecentos homens, sem aqueles que haviam perecido
na sedição de Corá..." (Números, cap. XVI, v. 42-49. Tradução Le Maistre de
Sacy.)
280 Êxodo, XXXIII, vs. 3 e 5.
281 Nomes, XIV, v. 12.
282 As manifestações ígneas ou deslumbrantes, através das quais o Senhor se revela
e faz oráculos, ataca ou cura, pronuncia bênçãos ou anátemas, etc. –
manifestações que abundam em todas as páginas da Bíblia – fizeram muitos
exegetas delirarem. Jeová (M. Renan ousa escrever), "este estranho agente
eletriforme" (p. 290), "é o Rouach universal em forma global, uma espécie de
massa elétrica condensada" (p. 289). (História de Israel, vol. 1. Passim.) Tais
comentários, que talvez mostrem em seu autor ainda mais ingenuidade do que
malícia, parecem a crítica mais eloquente do sistema judaico de centralização
divinista exclusiva. Trazer tudo excentricamente de volta ao Jeová pessoal é fugir
das interpretações politeístas que podem surgir nas mentes das multidões... Mas
toda medalha tem um outro lado.
283 Gênesis, XXXII, v. 30.
284 "A lança composta de quatro metais (ver., para a descrição deste símbolo, Erros e
Verdade, Edimburgo, 1775, in-8°, p. 35) nada mais é do que o grande nome de
Deus composto de quatro letras hohy. É o extrato deste nome que constitui a
essência do homem; é por isso que somos formados à imagem e semelhança de
Deus; e este quaternário que carregamos, e que nos distingue tão claramente de
todos os seres da natureza, é o órgão e a marca daquela famosa cruz, na qual o
amigo Boehme nos pinta tão magnificamente a eterna geração divina, e a geração
natural de tudo o que recebe vida, seja neste mundo ou no próximo".
(Correspondência de Saint-Martin com o Barão Kirchberger de Liebistorff, p. 45).
285 Correspondência do Abade Constant com o Barão Spédaliéri, Sra. (IIIe Cahier, p.
72).
286 Joana d'Arc vitoriosa, p. 113-114, passim.
287 O autor também poderia ter dito, com razão:
«... De acordo com a alma criminosa
É homem ou mulher aqui."
As almas criminosas dos vivos são tão parte do corpo de Samael quanto as almas más dos
mortos – e este é um grande mistério.

(SECÇÃO 11)
A Força (onze) = Energia = Seus
meios de implantação
Força da Vontade
Capítulo IV: Força de Vontade

A vontade!
O Tarot des bohémiens tem inscrito, no seu onze deslizamento, o
emblema simples e majestoso desta deusa.
Vemos uma jovem, de pé nas dobras de um manto cerimonial, e
vestindo o sinal cíclico da Vida universal ∞, domando sem o menor
esforço um leão em fúria, cuja boca rugindo ela fecha com as duas
mãos. Na dele. o rosto brilha através da serenidade da Força
autoconsciente; A atitude é tão calma que se leria indolência, se a
virilidade do ato não infligisse uma refutação à expressão plácida
das características.
Seu joelho se projeta sob o vestido, ele parece dobrado288. Esta
pista sugere que o hieróglifo original a pintou sentada. Sem dúvida,
um cartier desajeitado, reproduzindo o emblema primitivo, [364]
pensou que poderia remover a cadeira; sem ter o cuidado de
endireitar totalmente a postura do sujeito.
Este detalhe defeituoso é corrigido no Tarot de Etteilla, que data do
final do século XVIII. A deusa é pintada em um trono; Contra o
joelho repousa a cabeça do leão apaziguado, que adormecerá. Uma
vez, por acaso, Etteilla parece ter razão.
Quem não conhece, pelo menos pelo nome, este gendelettres
perucas, contemporâneo de Mesmer e Cagliostro?
Desentusiasmado com o seu sustento cosmético, elegeu-se outro, e
cultivou frutuosamente as altas ciências, em particular a do Tarô,
que a douta Corte de Gébelin acabara de colocar em moda: em
suma, o digno cabeleireiro, que se chamava simplesmente Alliette,
estabeleceu-se astrólogo, adivinho e filósofo hermético, sob seu
nome invertido de Etteilla. Não lhe faltou previsão natural nem uma
certa erudição tumultuada e mal digerida. Em sua casa na Rue de
l'Oseille, no Marais, Etteilla, "professor de Álgebra (como ele se
chamava), astro-filastro e restaurador da cartomancia praticada
entre os egípcios", deu, por um salário honesto, consultas e aulas
particulares. A moda logo foi adquirida para ele; Ele fez fortuna e
dirigiu uma carruagem. Infelizmente, ele se intrometeu na escrita, e
suas obras, que geralmente são reunidas em dois grandes volumes,
adornados com figuras de intaglio, não dão [365] a ideia do que
poderiam ser essas famosas consultas divinatórias, que fizeram
toda Paris funcionar. — Dotado de uma perspicácia incomum, e de
uma grande facilidade no manuseio de números e figuras,
surpreendeu-se em casa, lápis ou bússola na mão, entre as
esquisitices de seus diagramas e a bariolage de seus tarôs. Mas a
ilusão cai, diante de sua obra escrita. Esta compilação dolorosa,
sem ordem ou clareza, trai a falta de instrução primária e não
suporta a leitura... Etteilla fez ainda pior: publicou uma edição
expurgada do Tarô! Pode-se dizer que a fantasia laboriosa, mas
peculiar, deste corretor singular perturbou de cima para baixo os
mistérios do Livro de Thoth, invertendo a ordem das lâminas e, às
vezes, substituindo os antigos símbolos mágicos pelos caprichos de
uma imaginação superlativamente confusa e desordenada. Uma ou
duas vezes, no entanto, ele se encontrou apenas, e esse é, de fato,
o caso do folheto diante de nós.
A décima primeira chave do Tarot é autoexplicativa e
autoexplicativa. A deusa, sentada ou em pé, sempre significa a
Vontade viva, cuja virtude, aumentada dez vezes pelo treinamento,
doma sem esforço a rebelião de forças instintivas e apaixonadas.
O leão, que simboliza este último, também representa seu
ambiente nutritivo, a luz astral, da qual é um dos hieróglifos mais
antigos. Deste ponto de vista, o pentáculo expressa o império que a
Vontade exerce sobre os fluidos hiperfísicos, os Espíritos elementais
[366] e os lêmures que assombram a região sem limites.
O apócrifo dos Oráculos de Zoroastro, que já citamos, sobre
miragens errantes, designa o leão como a figura sintética na qual,
quando o vidente prolonga seu êxtase, todos os Poderes
alucinantes do reino astral são resumidos. "Olheiras omnia
leonem289", diz o texto em latim.
"O signo [do zodíaco] do leão (lê-se o tratado mais estimável da
Luz do Egito), simboliza força, coragem e fogo... Cabalistamente, o
acrônimo de Leão representa o coração do Grande Homem e
representa o centro vital do sistema circulatório fluídico da
humanidade. É também o turbilhão de fogo da vida física." 290 anos
Estas são as forças, igualmente insurrecionais no mundo e no
homem (nas esferas do Mcrocosmo e do Microcosmo), e que a
Vontade magicamente domina e dirige, como [367] o adepto dos
mistérios caldeus fez leões sagrados, alimentados no templo em
vista das provações, e que ele deveria tornar dóceis ao magnetismo
do gesto e da voz.
Quanto à heroína simbólica do emblema, preferimos que ela se
sente, porque ela então representa a Vontade calma e robusta, no
trono da Razão inabalável. E a besta, derrotada pelo duplo prestígio
da firmeza combinado com a gentileza, descansa seu focinho
manso sobre os joelhos do Imortal!
A indicação ainda não é desprezível, o que fornece o sinal vital
universal colocado na cabeça da deusa. Ele proclama, este oito
invertido, que em todos os lugares do universo onde a vida estende
seu império, a Vontade humana pode agarrar o cetro e que sua
esfera de ação não tem outros limites além daqueles da existência
cósmica, ser oculta ou manifestada.
A Vontade do Homem, como o Fabre d'Olivet magistralmente
estabeleceu, constitui uma das três grandes Potências que
governam o Universo.
No indivíduo, como no ser coletivo humano,[368] a Vontade abraça
e domina com seu abraço unitário as três vidas instintivas, animicas
e espirituais, que nutrem e sustentam três modificações da Psique:
a alma sensível, a alma apaixonada e a alma inteligente. A sede
central da Vontade encontra-se na parte central do Ser Humano;
Mas essa faculdade pode diminuir ou aumentar, descer ao instinto
ou ascender à inteligência, para permanecer lá mais ou menos
permanentemente.
Estas coisas lembradas sucintamente, porque o Leitor já as
conhece, observemos também este fato que nos atesta a
unanimidade das tradições sacerdotais: que na esfera do Éden,
antes da queda, a vontade de Adão-
Eva era criativa, sem restrição ou disposição para esse poder quase
divino. O homem universal exerceu soberania em todo o recinto
orgânico do qual ocupou o centro; reinava ali da mesma forma que
os outros deuses, — consubstanciais com a Palavra como ele
reinava — cada um reinava em sua própria esfera; da mesma
forma, finalmente, se é preciso dizer, que este próprio Verbo divino
reinou na plenitude integral da Divindade.
A Vontade de Adão era o único suporte dos inúmeros seres com
os quais ele havia povoado seu domínio: para que ele pudesse, com
uma única volição, "levá-los em um momento do ser para o nada e
do nada para o ser". Esta fórmula significativa é do Fabre d'Olivet.
Não podemos resistir ao prazer de citar aqui algumas linhas deste
grande mestre, que coloca [369] na boca de Adão um discurso em
que nosso primeiro pai descreve, em estilo transparente e exotérico,
as consequências de sua temeridade e todo o horror de seu
declínio.
"O curso que minha vida seguiu na eternidade parou; tudo parou
ao meu redor; e vi, com espanto indescritível, que todas as
produções do meu Éden, e todas as criaturas que eu havia colocado
nele, consolidadas por uma força desconhecida para mim, não
dependiam mais dos atos da minha vontade. Um movimento
retrógrado invadiu tudo. Levado por tudo o resto neste terrível
movimento, é em vão que eu tentaria pintar-lhe a minha angústia...
Foi no meio desta angústia que a voz do Altíssimo me foi ouvida, e
que a Sua misericórdia se dignou pôr-lhe fim, mudando, pela sua
omnipotência, o modo da minha existência, que nada mais poderia
mudar. Então eu tomei formas semelhantes às que minhas
produções haviam tomado. Tornei-me corpóreo como eles. Jeová
Deus provavelmente poderia ter destruído minhas produções; Mas
como o sofrimento, que era a consequência inevitável da minha
falta, só poderia ser curado dividindo-se infinitamente, e que, quanto
mais ele estava dividido e dividido, mais suportável ele se tornava, e
tendia a desaparecer mais rapidamente, ele se dignou a fazer com
que a minha cura contribuísse para a minha cura toda a natureza
corpórea que era o meu trabalho. Assim, a massa de tristezas que
pesaria no futuro sobre todos os homens que nasceriam de mim, foi
aliviada em grande medida pela partilha que dela foi feita sobre os
animais. Eles não eram mais inocentes do que os meus
descendentes serão; pois, mais uma vez, todos esses seres, de
qualquer ponto de vista que se os considere, são apenas eu,
somente eu mesmo, cuja unidade passou para a diversidade". 291
[370]
Em primeiro lugar, no Éden, as volições do homem foram
objetivadas no instante em que ele as proferiu. — Desde a queda e
disseminação de Adão-Eva em múltiplas humanidades através do
tempo e do espaço, esta magnífica prerrogativa criativa parece
encantada ao homem292. Aos olhos do observador superficial, a
Vontade de cada indivíduo. não tem mais ação real e direta sobre a
matéria, exceto dentro dos limites do corpo material; mesmo nesta
esfera estreita, sua autoridade é exercida apenas sobre certos
órgãos; o sistema nervoso motor permanece sujeito à Vontade; Mas
nos nervos sensoriais, seu império é quase zero.
Este, em duas palavras, à primeira vista, é o miserável balanço
terreno desta faculdade caída...
Mas, em uma inspeção mais detalhada, tal declínio não seria mais
aparente do que real? Não abundam os casos em que a Vontade
recupera espontaneamente alguma influência direta sobre os seres
e as coisas do mundo externo? Um pouco de treinamento não
devolve a essa faculdade um pouco de sua energia virtual? Não
podemos, então, magicamente usá-la, para o mal ou para o bem?
— (EN) No momento em que somos convocados para este trabalho,
a resposta já não é duvidosa. Este será o tema deste capítulo. [371]
Vejamos o Gênesis. Quando Ihoah expulsa o casal simbólico do
"paraíso terrestre", estas são as palavras da frase que ele significa
para a Mulher, o tipo expressivo da faculdade volitiva de Adão:
"Multiplicarei o número de obstáculos físicos de todos os tipos,
opostos à execução de seus desejos, aumentando ao mesmo tempo
o número de suas concepções mentais e seus nascimentos. Com
trabalho e dor você dará o ser às suas produções, etc. 293 Esta é a
tradução profunda do Fabre d'Olivet. A versão exotérica de Le
Maistre de Sacy contém um significado semelhante, sob uma
imagem mais embrulhada: "Eu vou afligi-lo com muitos males
durante a sua gravidez; você vai dar à luz com dor, etc. 294..."
O Senhor, portanto, não atinge com esterilidade o Poder volitivo do
qual Eva é o símbolo; Ele a condena a multiplicar esforços
laboriosos, para obter um resultado menor.
A desintegração do Homem universal e o aprisionamento de seus
submúltiplos em prisões opacas e maciças de carne – estes são os
obstáculos que, sob a lei da decadência, impedirão desde o início a
faculdade criativa devolvida à natureza humana. Qualquer dispersão
substancial implica uma diminuição quantitativa da dosagem
associada a esta substância; e o obscurecimento de um envelope
translúcido em torno de um centro luminoso não dispensa [372] uma
alteração qualitativa, pelo menos aparente; raios que emanam desta
lareira.
Mas no próprio ato de construir esta prisão temporária – o corpo –
que maravilhoso poder criativo a Vontade emprega! Quão triunfante,
até ao ponto da humilhação! Aqui, é coletivo e essencial, ainda não
individual e reflexivo.
O indivíduo que encarna não suspeita – mergulhado ainda em uma
profunda dormência – que um arquiteto e trabalhadores de essência
idênticos aos seus estão trabalhando para construir uma habitação
congruente com seu novo estado. O edifício ergue-se, em outras
palavras, sem que ele tenha consciência disso: pois aquele que
desenha o plano, bem como aqueles que o executam, pertencem
àquela metade escura do ser humano, que nossos psicólogos
modernos começam a suspeitar sob o nome de Inconsciente.
O Inconsciente é essa Entidade abstrusa que se manifesta em
nós, esse alter ego, esse não-eu que pensa, quer e age em nosso
interior, sem que tenhamos nenhum sentimento, às vezes nenhuma
noção, desse pensamento, dessa vontade, desse agir, dos
estranhos e dos nossos todos juntos. Se os filósofos atribuíram tal
nome a essa coisa tão difícil de definir, não é que ela pareça
inconsciente em si mesma, eles não sabem nada disso; É só porque
não estamos cientes disso.
Nossa própria Vontade, em primeiro lugar, consciente quando se
eleva nas modificações superiores do ser (inteligência, sagacidade),
ou quando [373] se mantém na compreensão e na razão, – não é
mais consciente quando é exercida em puro sentimento ou desce
em instinto.
Além disso, em relação à consciência individual (quer assumamos
que ela esteja desenvolvida ou não), existem dois Inconscientes
coletivos: o de cima e o de baixo. O arquiteto do corpo pertence ao
Inconsciente superior, à Alma humana coletiva pela qual o Espírito
universal se manifesta. Este arquiteto é a Vontade das Espécies.
Quanto aos artesãos, eles pertencem ao inconsciente inferior e se
movem no reino do Instinto: são as energias moleculares que o
corpo astral, este empreendedor do edifício, se esforça por unificá-
las, e que se tornam as almas das células constituintes do
organismo físico no processo de formação.
Mas entre o arquiteto e o empreendedor, entre a Vontade das
Espécies e o corpo fluídico do indivíduo, há um intermediário, do
qual uma palavra deve ser tocada.
Uma vez que estamos esboçando o papel do Poder Volitivo, na
manifestação dos indivíduos nos planos astral e físico, talvez tenha
chegado o momento de mencionar a importância de uma faculdade
oculta relativamente desconhecida, e que poderíamos definir a
matriz psíquica do corpo astral.
Sua noção formal protegerá os estudantes no Oculto de muitos
mal-entendidos.
De fato, sem se explicar melhor, os ocultistas costumam dizer: por
um lado, que o corpo astral, [374] sendo perecível, deve após a
morte dissolver-se lentamente na atmosfera da terra; — por outro
lado, que o adepto deve, a partir daqui de baixo, elaborar
(reivindicar alguns), purificar (apoiar outros) seu corpo luminoso:
que, no final da prova terrena, servirá como uma carruagem para a
alma liberta, para alcançar a Cidadela ígnea e aperfeiçoar sua
reintegração na Unidade Celestial... Perdemos-nos!
O lamentável é que alguns professores sempre tiveram o cuidado
de confundir o efeito com a causa: o corpo astral com a faculdade
plástica de apropriação, para não dizer que ignoraram inteiramente
a natureza dele. A faculdade plástica não é um meio termo possível,
um elo de união efêmera entre corpo e alma; ela se apega de forma
íntima à essência da Psique, da qual constitui o instrumento de
precisão e desenvolvimento para os ambientes onde permanecerão
juntos.
Observemos, portanto, aqueles que não sabem: cada alma
individual é dotada de uma faculdade plástica invisível295, que,
dócil à eficiente Vontade da Espécie (essência própria emanando do
princípio ou arquétipo), tece neste modelo uma vestimenta fluídica
para a alma: um corpo sideral, mais ou menos [475] sutil, de acordo
com os vários ambientes astrais pelos quais passa. Se a alma
encarna em um planeta, é na verdade esse corpo sideral que servirá
como patrono do organismo material, cujas células se organizarão
justapondo-se com as características de seu esboço ígneo. Mas, por
esse fato, as duas formas corporais, a visível e a invisível,
consomem um hímen indissolúvel: o destino lhes é comum
doravante, até a hora em que a morte da primeira soará a agonia da
segunda.
É então que, a alma emigrando nua para outra estadia, a
faculdade plástica inerente a ela terá a missão de desenvolver para
ela um novo corpo sutil, roupas adequadas às novas atmosferas.
Até então, essa faculdade se limitava ao papel de regulador em
relação ao primeiro.
De fato, enquanto a alma humana passa de um meio astral para
outro sem encarnar fisicamente, o corpo etéreo, a expressão atual
da faculdade plástica, sutilmente por sua vez ou se condensa, a fim
de permanecer em harmonia com o novo ambiente que o banha.
Mas se a alma, levada pela torrente de gerações, corre para um
corpo de carne, onde sua forma astral elástica, cativa e comprimida
em alta tensão, irá, por seu dinamismo expansivo guiando o
trabalho celular, prover o crescimento da organização corporal: uma
afinidade invencível então conecta as duas efígies; o objetivo e o
subjetivo. A união terrena é consumada [376] entre eles; Seus
destinos são agora inseparáveis.
Nosso público se lembra com certeza: tão longe que o corpo
astral, abmaterializado durante o sono ou o êxtase, se afasta de sua
concha material, uma cadeia simpática permanece esticada entre
ele e ele. Sua ruptura causaria a morte. O corpo físico e o corpo
astral pertencem ao orbe da terra, e o que quer que tenha sido dito,
nenhum deles pode ultrapassar seus limites secretos: aqueles que
sabem não nos negarão.
Quando um seguidor, mas o caso é tão raro! — voa além destes
limites, nas asas de um corpo etéreo, este veículo não é a forma
astral propriamente dita. É o corpo glorioso que este adepto foi
capaz de elaborar, reintegrado daqui de baixo na plenitude de seus
direitos de cima: de modo que, mesmo antes de morrer, ele
ressuscitou dos mortos. O corpo glorioso,296 aquela "sutil
carruagem da alma",[377] como lhe chamavam os pitagóricos, não é
cativo da atração terrena; Mas sua aquisição, póstuma entre as
maiores, só pode ser realizada nesta terra para o benefício de uma
elite rara. Qualquer um que tenha sucesso nisso se assemelha ao
prisioneiro que conseguiria, em sua própria masmorra, construir o
aparato aerostático de sua fuga.
Este caso é de uma ordem excepcional; aqui está a regra. –
Sempre que depois de uma morte física, a Alma emigra para outro
mundo, abandona um cadáver visível para as estradas da Terra e
um cadáver invisível para a atmosfera oculta do planeta. Este último
é o corpo astral, que se dissolve lentamente, como dizemos no
capítulo VI (Morte e seu Arcano). A alma, então, transferida para
outra estadia, é revestida com um novo envelope, apropriado às
condições hiperfísicas do novo ambiente que a recebe. E é também
a faculdade plástica, intimamente ligada, por um lado, ao Poder
volitivo da espécie, por outro lado, à própria natureza individual da
Psique, é a faculdade plástica que elabora e adapta à alma
peregrina tal corpo astral de substituição, mais denso ou mais
refinado, mas sempre em proporção à sideeralidade ambiente. [378]
Acabamos de dizer que esta faculdade obedecia antes de tudo ao
Poder Volitivo das Espécies: isto, pelas características gerais; mas
que também se conformava com a natureza individual da alma: isto,
para traços particulares. As diferenças na fisionomia devem-se, em
proporções muito significativas, à influência irrefutável do Karma.
Ora, se o Karma terrestre, todo o aluvião fluídico e a entrada de
lêmures, reside no corpo astral, não pode ser o mesmo do Karma
intercíclico, produto de uma repercussão prolongada dos corpos
astrais de existências anteriores, na substância pura da alma; Este
está localizado precisamente na faculdade de plástico individual.
Esta misteriosa faculdade, da qual o homem não tem monopólio,
esculpe ou modela a forma externa de todos os seres; e, ao fazê-lo,
traduz sua própria natureza em hieróglifos revelando a inata latente
dentro dela.
Assim, a qualquer Reino a que pertença, cada ser vivo manifesta-
se no mundo das efígies e elege uma aparência corporal adequada
às suas virtudes íntimas, através da sua faculdade plástica,
obediente à vontade da espécie.
Neste último, devemos ver uma modificação da Vontade cósmica,
isto é, humana, uma vez que do Universo para o homem, a essência
é idêntica. A tradição unânime dos santuários designa-nos o
Homem, concebido na sua universalidade, como a alma do Cosmos
integral; e cada alma [379] da vida como emanando, de modo
directo ou indirecto, da substância biológica humana (Adamah).
Este versículo do Beroeshith é sobre o mistério que desvendamos.
"Ihoah (lemos no segundo capítulo de Gênesis) havia formado a
partir do elemento adâmico297 toda a animalidade da natureza
terrena e todas as espécies voláteis dos céus; enviou-os a Adão,
para ver que nome em relação a si mesmo este Homem universal
atribuiria a cada espécie; e todos os nomes que ele atribuiu a essas
espécies, em suas relações com ele, foram a expressão de suas
relações com a alma vivente universal.298 [380]
Ao nomear animais, Adão determina as naturezas volitivas que, à
luz de sua própria natureza universal, caracterizam esses seres que
emanam de seu verbo. As faculdades plásticas dos indivíduos estão
em conformidade com a essência volitiva de cada espécie. Qualquer
efígie particular, bestial, dependerá, portanto, da virtualidade plástica
onde essas essências estão inscritas.
Os animais podem ser concebidos como personificações
encarnadas das paixões divergentes, e muitas vezes contraditórias,
que competem pela alma inferior do homem; ou, mais precisamente,
como mônadas adâmicas desviadas em todas as direções, em
direção às extremidades polares do dinamismo, das quais Adão
adora o ponto central de equilíbrio.
Tais noções, difíceis de entender, parecem sem precedentes.
Destaquemo-los.
Assim, as almas bestiais consistem em modalizações ultrajantes e
desarmônicas da alma humana, uma vez harmoniosa no Éden. Mas
o acordo perfeito está quebrado...
As produções indiretas de Adão, antes de sua queda, – os animais
têm sido desde então (como os seres incorporados dos outros
Reinos), tantos átomos dispersivos de sua substância corrompida,
tantos submúltiplos degenerados de sua unidade dissolvida. Pois
ele mesmo se aprisionou sob a casca de suas produções: É
somente como e quando uma evolução progressiva, que as
mônadas de pura substância adâmica, emergindo das almas
minerais, vegetais e animais [381], para se revestirem dos estados
hominais, depois espirituais, depois angélicos, consumirão sua
reintegração celestial.
A humanidade terrena está terminando, como falamos, de despir a
natureza bestial de onde veio: mas esta alma inferior não afrouxa o
seu abraço; Será violentamente arrancado.
A Anima bruta, esta região baixa da psique humana e cósmica
todos juntos; este império onde Nahash reina como um déspota;
este orbe, real e simbólico ao mesmo tempo, que circunda o planeta
e gravita em torno de nós; o satélite escuro (como os seguidores de
uma irmandade ocidental erudita o chamam): aqui está o
reservatório comum de almas animais não encarnadas, — e o
receptáculo mágico de uma pseudo-espiritualidade, mais assassina
para a alma do que o materialismo abjeto dos estudiosos teófilos
contemporâneos.
A digressão que acabamos de ler foi importante para a inteligência
e para a faculdade individual que chamamos de plástica, e seu
papel no que diz respeito à essência volitiva especificada.
Além disso, essas considerações nos levam à teoria das
assinaturas, que são as marcas naturais onde a faculdade plástica
de cada ser atinge, diretamente dos corpos, seus selos reveladores.
"Os segredos da Natureza", diz o hierofante do Trélio, "são os
mesmos que os da religião, e só pode haver uma doutrina, uma vez
que há apenas um princípio dos seres. Sentimos, por impulso do
nosso génio [382], que o homem nasceu para conhecer; Portanto,
devemos ler a natureza e a qualidade dos seres em seus envelopes.
Saber ler esses personagens é o primeiro grau da ciência; mas
essas naturezas e qualidades se inter-relacionaram, o que também
é preciso saber ler: os personagens são mais soltos, mais difíceis de
ler; Este é o segundo grau da ciência; mas despir os seres de seus
envelopes, vê-los como eles são, é o último grau da ciência; Poucos
homens conseguem. É então que o homem é poderoso em palavras
e ações." 299
A teoria das assinaturas é tradicional nas diferentes escolas do
ocultismo.
Os seguidores da Astrologia, que atribuem aos orbes celestes
virtudes distintas, e veem, nos raios dourados que chovem sobre a
nossa terra, as influências pródigas ou nocivas que emanam dos
planetas e das constelações zodiacais, na interação mútua dos seus
aspectos contrastantes, — observam os astrólogos, ao examinar os
seres físicos dos quatro reinos, as assinaturas das estrelas que
mais contribuíram para a formação de suas efígies.
Parece supérfluo insistir na atribuição clássica dos sete metais da
química antiga, cada um dos quais representava a adaptação
perfeita de um dos sete termos planetários do sistema de Ptolomeu.
As substâncias minerais também tinham uma filiação astrológica,
muitas vezes mais complexa. Plantas, animais passaram pela
mesma classificação.
Nesta base dogmática, foram calculadas, formuladas e prescritas
correspondências[383] e analogias, o simbolismo cerimonial das
grandes religiões, e também os rituais da magia mais secreta,
branca ou negra300. Haveria um belo livro a ser feito, sobre o
esoterismo do culto católico e suas correspondências, cujo
estimável ensaio de F∴ Ragon, a Missa e seus Mistérios301, está
longe de oferecer a nomenclatura exata e, acima de tudo, completo.
Os magistas de todos os tempos queriam decifrar a linguagem das
assinaturas.
Eles desempenham um papel de liderança nas obras de Paracelso
e sua escola. Este prodigioso gênio universal da ciência no século
XVI, experimentador incansável que sabia tantas coisas, e adivinhou
o que ele não tinha sido capaz de aprender nem descobrir,
Paracelso questionou de um ponto de vista triplo a fisionomia das
coisas, revelando para ele, e o princípio que as havia formado, e as
virtudes latentes sob sua casca. Astrólogo, químico e médico de
igual transcendência, estudou a história da Natureza no espelho dos
hieróglifos onde o pensamento criativo é traído; e se a experiência e
a sagacidade falharam ao cientista, o Mago então forçou Urânia,
Hermes e Esculápio a [384] se encontrarem em seu laboratório,
para forjar juntos a chave tripla dos arcanos a que ele aspirava.
Os livros de Paracelso serão consultados de forma frutífera, no
que diz respeito às assinaturas. Seu contemporâneo, Cornélio
Agripa é explícito a esse respeito, em sua Filosofia Oculta.
Finalmente, sob o título de "Signatura rerum302", o glorioso místico
Jacob Boehme publicou um tratado no qual eles encontrarão prazer
e lucro, que não é adiado pelo método incomum, o estilo rochoso e
a terminologia bárbara do teosofista de Goerlitz.
Mas o nome que se impõe à caneta, quando se trata de hieróglifos
naturais, é o de Oswald Crollius, autor da Royal Chemistry303, após
o que encontramos um panfleto bastante considerável, sob este
título: Traité des signatures, ou vrai et vive anatomie du grand et du
petit monde.
"Crollius (diz Eliphas, que resume em uma página curiosa as
conclusões deste autor) Crollius procura estabelecer que Deus e a
Natureza têm, de certa forma, [385] assinado todas as suas obras, e
que todos os produtos de qualquer força da natureza trazem, por
assim dizer, o selo dessa força impresso em caracteres indeléveis,
para que o iniciado nos escritos ocultos possa ler em livro aberto as
simpatias e antipatias das coisas, as propriedades das substâncias
e todos os outros segredos da criação.304 Os caracteres dos
diferentes escritos seriam originalmente emprestados daquelas
assinaturas naturais que existem nas estrelas e nas flores, nas
montanhas e no seixo mais humilde. As figuras dos cristais, as
quebras dos minerais, seriam as marcas do pensamento que o
criador teve ao formá-los305. Esta ideia está cheia [386] de poesia e
grandeza, mas esta misteriosa linguagem dos mundos carece de
uma gramática, este verbo primitivo e absoluto carece de um
vocabulário fundamentado. Diz-se que somente o rei Salomão
realizou essa dupla obra; mas os livros ocultistas de Salomão estão
perdidos: Crollius, portanto, comprometeu-se a não refazê-los, mas
a recuperar os princípios fundamentais desta linguagem universal
da Palavra criadora.
"Por esses princípios reconhecer-se-ia que os hieróglifos primitivos
formados pelos próprios elementos da geometria correspondem às
leis constitutivas e essenciais das formas determinadas pelos
movimentos, alternados ou combinados, decididos pelas atrações
de equilíbrio; Reconhecer-se-ia, por sua única figura externa, o
simples e o composto, e pelas analogias das figuras com os
números, poder-se-ia fazer uma classificação matemática de todas
as substâncias, reveladas pelas linhas de suas superfícies. No
fundo dessas aspirações, que são reminiscências da ciência
edênica, há todo um mundo de descobertas que estão por vir para a
ciência. Paracelso os sentira. Crollius os indica, outro virá a realizá-
los e demonstrá-los. A loucura de ontem será o gênio de amanhã, e
o progresso saudará aqueles pesquisadores sublimes que
adivinharam este mundo perdido e encontrado, esta Atlântida do
conhecimento humano"306!
Observemos, enquanto se aguarda o cumprimento desta generosa
profecia, que os menos aleatórios [387] dos modos de adivinhação,
enumerados no capítulo anterior, reivindicam princípios invariáveis,
e que suas regras são baseadas inteiramente na leitura e
interpretação de assinaturas naturais.
Palmistria, por exemplo, levada a nós pela tradição dos séculos,
depois refinada no passado e rejuvenescida por Desbarrolles,
finalmente passada por Papus sob o escrutínio de uma crítica
erudita, a quiromancia atribui um significado absoluto às linhas da
mão. Deve-se acrescentar que raramente é enganoso quando
praticado com cautela e discernimento. É perfeitamente lógico
admitir, de fato, que certas paixões – tomemos a avareza – se
refletem em tais movimentos habituais dos músculos da mão. O
homem voraz tem dedos engatilhados, e sua mão voluntariamente
exercita o gesto convulsivo de agarrar. Este hábito pode determinar
tal linha especial, ou tal cruz, ou tal estrela, expressiva de
rapacidade, para o olhar exercido pelo quimemante. Assumimos a
priori o acima, sem sequer indagar se de fato a avareza se traduz
dessa maneira. Não importa para o nosso raciocínio... Vamos mais
longe. Imaginemos um sujeito que traz esse estigma por nascer, na
bagagem de seu Karma. A hipótese nada mais é do que plausível,
pois já sabemos que o corpo físico é bordado, por assim dizer,
célula por célula, na tela da forma astral, (essa adaptação da
faculdade plástica, estritamente adequada ao ambiente). Isso,
então, é avareza, com tudo o que se segue, inscrito na mão [388] do
sujeito, e claramente lido pelo experimentador. Este é um primeiro
resultado. Quanto ao excedente, quem impedirá o habilidoso
quimômero de construir, sobre esses dados psicológicos, reforçados
por várias indicações adjacentes, todo um edifício de conjecturas,
por meio de um cálculo de probabilidades? E, se for intuitivo ou
lúcido, a probabilidade de previsões não se tornará quase certa?...
Nada impede que a Razão mais suspeita admita essas conclusões.
Mas se alguém quiser, com base na fé de um grande número de
autores antigos, fazer da "Palmistria" um critério infalível do futuro
do consultor, fixado em cada detalhe, e prever naufrágios no mar,
por exemplo, ou o emprego de grão-vizir, ou a morte em um
incêndio: os iniciados, que sabem como o futuro é gerado e em que
medida o livre arbítrio, Juntamente com a influência providencial,
modifica o padrão fatídico de eventos futuros (tão difícil de prever,
mesmo por aproximadamente!) que os iniciados têm dificuldade em
se proibir, sendo a polidez de estrita obrigação entre eles, um gentil
encolher de ombros. Pode-se até raciocinar, no que diz respeito a
todos os processos divinatórios, dos quais a interpretação dos
hieróglifos naturais forneceria a chave.
Mas há outras assinaturas espontâneas, que o ocultista decifra e
interpreta na hora de sua manifestação (muitas vezes fugaz) no
mundo das efígies. [389]
A arte da adivinhação também se aproveita dela, não sem
sucesso; Deste ponto de vista, os princípios permanecem sempre
os mesmos, e não temos nada a dizer em particular. O acima é
aplicável em todos os casos...
Fenômenos desse tipo são dignos de nota. Eles são
invariavelmente devidos a formas astrais, e tocam nos problemas da
faculdade plástica e da vontade eficiente.
Nosso Público, conscientizado das propriedades essenciais da Luz
Astral por nossos trabalhos anteriores e pelos capítulos anteriores
deste volume, não teve o cuidado de esquecer uma das mais
características e estranhas: sua virtude configuradora e
conservadora de formas e reflexões, aromas e sons em si.
Suas correntes transportam inúmeros seres fluídicos, cujo corpo
astral está sujeito a se manifestar no plano sensível, seja como uma
aparência instável, seja sob um modo mais prolongado de ilusão.
Nomeamos os principais. As formas astrais de animais, plantas e
substâncias minerais também flutuam e circulam nessas ondas
riscadas de energias difusas e saturadas de miragens errantes
(fantasmas de coisas abolidas e eventos distantes).
Cada onda de luz astral é uma página reveladora do livro universal
das vidas. Conceba no presente, leitor, que esses companheiros de
existência subjetiva se detectem na maior parte [390] – pelo menos
naquelas regiões baixas da atmosfera hiperfísica onde os
observamos – ávidos por objetivações mesmo transitórias, famintos
por corporeidade sensível, sedentos por realidade ilusória. É que os
seres em um período duradouro de subjetivismo, e muito vivos
dessa vida arômal, são repugnantes à fronteira adjacente das duas
existências, ao círculo inferior do Astral planetário: outra estadia é
atribuída a eles. Mas só estes se aglomeram às portas da cidadela
física, que, moribunda de vida subjetiva, aguardam a próxima
encarnação. (Exceto para as larvas e certos daimones, idiotas ou
sensuais, ou perversos, que estão constantemente à procura de um
pedaço de matéria para conquistar ou possuir).
Se as almas em busca da encarnação imediatamente se
incorporam normalmente, elas aparecem no mundo material, sob
uma efígie revestida de assinaturas de acordo com sua essência.
No caso oposto, essas almas, desorientadas no limiar da matéria
como ao pé de um muro que não podem atravessar, se esforçam
para escalá-lo e colocar sua marca na superfície de qualquer objeto
capaz de recebê-lo: como um ladrão, que tentou escalar uma
propriedade, deixa no gesso ou gesso da parede o testemunho de
seu esforço malsucedido: Há a marca de sua mão, a marca de seu
pé, etc.
Assim, os invisíveis, cuja presença o cientista Aksakoff
experimentou, mergulhando sua mão fluídica em um vaso de
parafina liquefeito, depois [391] em um banho de água fria,
forneceram moldes de surpreendente perfeição.
Foi assim que a forma sideral das urtigas queimadas foi impressa
em um bloco de gelo, em circunstâncias que são todas fortuitas, que
Jacques Gaffarel relata nestes termos:
"Como M. du Chesne, Sieur de la Violette... divertiu-se com M. de
Luynes, dit de Formentières, conselheiro do Parlamento de Paris, ao
ver a curiosidade de várias experiências, tendo tirado sal de certas
urtigas queimadas, e colocado a roupa serena no inverno, de manhã
encontrou-a congelada, mas com esta maravilha, que as espécies
de urtigas, sua forma e seu rosto estavam tão ingenuamente e tão
perfeitamente representados no gelo, que os vivos não eram
melhores. Este homem, como que encantado, chamou o dito Senhor
Conselheiro para ser testemunha deste segredo, cuja excelência o
levou a concluir nestes termos:
Um segredo do qual entendemos que, qualquer que
seja o corpo morra, as formas, no entanto, fazem
das cinzas seu lar.
"Agora, esse segredo não é tão raro, pois M. de Claves, um dos
excelentes químicos do nosso tempo, faz com que ele veja todos os
dias." 307
Gaffarel, que era mais iniciado do que se poderia concordar, numa
época em que a pira de Gauffridy ainda fumava na Provença,
enquanto a de Urbain Grandier estava sendo preparada em Loudun,
— sacerdotes tanto como autores das Curiosidades inéditas, ambos
perdidos na eterna queixa da bruxaria, [392] — Gaffarel extrai do
exposto uma indução lógica e muito bem trazida. Que pretexto, que
um experimento inofensivo de "física vegetativa", para permitir que
ele se aproxime naturalmente do terreno quente da espectrologia!
No presente caso, a semelhança doutrinária é tão necessária que
qualquer transição parece supérflua:
"A partir daqui (continua o Astrólogo do Grande Cardeal) daqui
podemos extrair esta consequência, que as sombras dos Mortos,
que muitas vezes vemos aparecendo nos cemitérios, são naturais,
sendo a forma dos corpos enterrados nesses lugares, ou sua figura
externa, não a alma308, nem fantasmas construídos por demônios,
como muitos acreditaram... Sendo muito certo que nos exércitos,
onde muitos morrem, para estar em grande número, vê-se com
bastante frequência, principalmente depois de uma batalha,
sombras semelhantes, que são (como dissemos) apenas as figuras
de corpos excitados ou elevados, parte por um calor interno, ou do
corpo, ou da terra, ou por algum externo, como o do sol, ou a
multidão dos que ainda estão vivos, ou pelo som e calor do canhão
que aquece o ar." 309
Haveria um número considerável de observações singulares a
serem extraídas do livro de Gaffarel; ele lida muito apropriadamente
com os fenômenos mais constantes e pelo menos [393] críveis de
assinatura espontânea: queremos dizer – aquelas figuras
naturalmente gravadas no coração dos seixos e mármores as mais
densas, e que ele chama de Gamahez ou camaïeux . Vimo-los
delicadamente pintados e como que modelados na rodada por
camadas multicoloridas, na própria substância do mármore ou do
granito; de modo que, para esculpir a estatueta, rejeitando a ganga
ou o envelope aderente, bastaria seguir com o cinzel as veias
internas coloridas: obteria assim — e obtivemos — estatuetas
policromadas que apareceriam em mosaico, se, obviamente, não
formassem uma única massa com a pedra circundante; Massa
compacta que teve que ser serrada ao meio, a fim de obter um
corte, ou com dificuldade cortada viva, para limpar a estátua
enganada em uma pedra muito dura.
A maravilha, na verdade, é que essas estatuetas,
inexplicavelmente impressas no centro da pedra, nem sempre
representam objetos como a natureza os produz; mas composições
artificiais reais, – jurar-se-ia pelo menos – e que a inteligência
humana sozinha parece ter sido capaz de conceber, a mão do
homem sozinho executa: "como é esta coluna (escrita Pierre de
Lancre) que eu vi na Igreja de São Jorge em Veneza, em que
vemos a preciosa imagem de um Jesus Cristo crucificado, que foi
milagrosamente encontrado em mármore, tão bem gravado em sua
dureza, que não há pintor que saiba como imaginá-la melhor. E
outra coluna [394] da flagelação, com uma caveira, nesta pedra ou
mármore que serve de ornamento na frente do altar." Lancre cita
mais alguns exemplos semelhantes; ele descreve, entre outras
coisas, de acordo com Plínio e Solino, "a Ágata do rei Pirro, na qual
foi naturalmente impressa a imagem de um Apolo que soou o Zither
no meio das nove musas, que todas apareceram distintamente, com
seus sinais; etc." Finalmente, na p. 39 de nossa cópia da
Incredulidade e Mescréance du Sortilège (Paris, Buon, 1622, in-4°),
da qual transcrevemos estas linhas do conselheiro de Lancre,
podemos ler na margem uma nota manuscrita, de uma caligrafia
muito legível do século XVIII, assim escrita: "Um Cristo crucificado
também foi representado em uma abóbada de mármore rembruni,
colocado na parede do recinto do coração (sic), na ala direita da
Catedral de Paris. Eu o vi em 22 de agosto de 1769. — Pr C. A. B."
encontra-se, nas obras latinas do Padre Kircher, Jesuíta310, várias
reproduções em intaglio de tons semelhantes.
Que Poderes do reino astral poderiam [395] dar origem a tais
fenômenos? O leitor já adivinhou.
"Parem com isso! exclamou aqui um teólogo primário. Você não
tem vergonha de falar de fenômenos naturais, quando o milagre
arranca seus olhos? "Que milagre?" Vamos responder... Um milagre
divino, sem dúvida, para cada vez que a desconhecida Força
Criativa competia com os fabricantes bondieuseries da Place Saint-
Sulpice; mas um milagre diabólico, aparentemente, em relação a
esta ágata pagã do rei idólatra do Épiro? Tanto é verdade que, na
boa teologia, causas que não são apenas divergentes, mas
radicalmente contraditórias, produzem efeitos de uma identidade
rigorosa!...
A origem dessas singularidades físicas certamente depende,
qualquer que seja o espírito de sua composição, de uma lei
produtiva invariável: a lei da natureza, como todas as leis, e não
mais divina do que diabólica. A ideia original também vem de
diferentes fontes; Mas a execução é uma só, e todos os gamahés
ou camaïeux têm a mesma marca registrada. Se o inventor do
artista muda, o gravador artesão não muda. É sempre luz astral,
configurativa e plástica.
Quanto ao autor do esboço, é necessário distinguir. Há camaïeux e
camaïeux. São meras imagens de seres ou coisas, como a natureza
as produz? Ponto de grande dificuldade: trata-se de fotogravuras de
miragens errantes, fortuitamente impressas em alguma substância
receptiva. — Não é assim [396] a gênese da camaïeux de uma
composição erudita, de um arranjo um tanto pensativo, como
citamos vários exemplos.
Que a hipótese de uma impressão, — sigilo na pedra de acordo
com o esboço sideral de seres particulares, — não justifica tais
fenômenos de iconogenia complexa: isso, concordaremos, é o que
cai desde o início sob o significado ... Mas não seria o caso de
invocar nossa teoria dos Seres potenciais, das Dominações
teúrgicas, dessas almas coletivas em movimento, onde tantas
Psiques, deleitadas pelo mesmo turbilhão exaltado ou fanático,
buscam e encontram sua unidade religiosa? onde abundam tantas
larvas semelhantes a macacos e modeladas para a imaginação dos
fiéis? Onde rolam tantos conceitos vitalizados, tantas miragens
errantes que rolam e conseguem, sob aparências conformes,
necessariamente, aos sonhos de seus pais? Todos movidos em
correntes irresistíveis de fé, entusiasmo e amor; influxo da criação,
se é que alguma vez existiu, e dócil à Vontade consciente dessas
Egrégoras dominadoras?
Os potenciais coletivos, recorde-se, apresentam tipos de todos os
tipos e de todas as hierarquias – de Miguel, aliado celestial de
Moisés e arcanjo totalizando em si a grande comunhão dórica, ao
Espírito selvagem que presta seus oráculos sob a tenda do
sacrifício, onde os índios escalpeladores coroam com cabelos
sangrentos o altar de Guiché-Manitou.
[397]
Assim como Moisés difere do sacerdócio de pele vermelha, o
mesmo acontece com os dois Egrégoros. A alma fluídica de um não
tem a mesma qualidade aromática que o nimbus etéreo do outro. Os
Ascendentes fazem contraste: o ciclo de imagens familiares que se
desenrola lá não é igual. Cada religião tem seus ritos, seus
símbolos, suas superstições, seus hieróglifos, suas próprias
assinaturas, em uma palavra. Adicionemos seus servos lemurianos,
magnetizados pela Vontade dos trabalhadores das maravilhas, ou
pela emitida pela Entidade Coletiva da unificação.
É com a ajuda desses vários elementos que correntes de imagens,
ou espontâneas e sujeitas a leis inflexíveis, são geradas ou que
provocam e dirigem a magia consciente dos sacerdotes. Em tais
pontos de intersecção, no caminho fluídico, lêmures e miragens
coagulam em aparições beatíficas ou espectros aterrorizantes. Que
nesses pontos precisos e matematicamente determináveis, uma
matéria se encontre, maleável e receptiva, ou propensa a mudar
quanto à cor e aos grãos, de acordo com as angulações do
magnetismo radiante ou as interseções de planos dinâmicos: e
impressões de várias figuras, — emblemas, pentáculos, caracteres
hieráticos ou demóticos — serão impressas no coração da
substância modificável, à alta edificação dos fiéis, transportados
com fervor e fé.
Sabe-se também que os granitos mais duros "ficam mais lá",
quando um seguidor lhes aplica, sob as condições desejadas [398],
o espírito alcalino, ou seja, o Agente Universal energizado pela
vontade humana. Devido à extrema distensão molecular, esses
corpos provavelmente passarão por outros sólidos, que sua
porosidade torna permeável; então eles se recuperam ao seu
estado primitivo, assim que a virtude dilatadora deixa de ativá-los...
No entanto, alguns segundos de eterização são suficientes para
tornar plástica e receptiva à fotogravura astral, as substâncias
normalmente as mais refratárias.
Este fenômeno da gravura oculta, que dá origem aos gamahés no
reino mineral, fornece, aplicado a uma árvore da Ásia, um dos
exemplos mais interessantes que podemos lembrar, o Padre Huc viu
esta árvore, que floresce no recinto do lamaçal de Koun-Boum, no
Tibete. Diz a lenda que nasceu do cabelo de Tsong-Kaba, famoso
reformador budista no século XIV, e fundador do grande lamasery
de Kaldan, localizado a três léguas de Lha-Ssa, a capital do Império.
Não vamos mudar uma palavra sobre o relacionamento do digno
missionário, que foi capaz de inspecionar muito de perto a Árvore de
dez mil imagens.
"Sim, (o padre Huc atesta) esta árvore ainda existe e nós tínhamos
ouvido falar sobre ela com muita frequência, durante a nossa
viagem, para que não fôssemos um pouco impacientes para visitá-
la. No sopé da montanha onde o lamasery é construído, e não muito
longe do principal templo budista, é um grande recinto quadrado,
formado por paredes de tijolos. Entramos [399] neste vasto pátio e
pudemos examinar à vontade a maravilhosa árvore, cujos ramos já
tínhamos visto de fora.
"Nossos olhos estavam inicialmente voltados com curiosidade
gananciosa para as folhas, e ficamos consternados de espanto,
quando vimos, de fato, em cada uma delas, caracteres tibetanos
muito bem formados; Eles são de uma cor verde, às vezes mais
escura, às vezes mais clara do que a própria folha. Nosso primeiro
pensamento foi suspeitar do engano dos Lamas; mas depois de
examinar tudo com a mais cuidadosa atenção, era impossível
descobrirmos a menor fraude. Os personagens nos pareciam fazer
parte do lençol, como veias e veias; a posição que eles afetam nem
sempre é a mesma; às vezes no topo ou no meio da folha, às vezes
na base e nos lados; as folhas mais tenras têm um caráter
rudimentar e meio formado; A casca do tronco e dos galhos, que se
eleva muito parecida com a dos plátanos, também é carregada de
caracteres. Se alguém desprende um fragmento de casca velha,
percebe no novo as formas indeterminadas de caracteres, que já
começam a germinar e, estranhamente, muitas vezes diferem
daquelas que estavam acima. Procuramos em todos os lugares,
mas sempre em vão, por algum traço de engano: o suor subiu até
nossas testas.
"A árvore de dez mil imagens nos parecia muito antiga: tronco
bom, que três homens mal podiam beijar, não tem mais de oito
metros de altura; os galhos não se elevam, mas se estendem em
pluma e são extremamente espessos; alguns estão ressequidos e
caem de dilapidação; as folhas permanecem sempre verdes; A
madeira, de cor avermelhada, tem um cheiro requintado e é um
pouco próxima da canela. Os Lamas nos disseram que durante o
verão, por volta da oitava lua, produzia grandes flores vermelhas de
extrema beleza.
"Foi-nos assegurado que em nenhum lugar havia [400] outra
árvore desta espécie; que haviam sido feitas tentativas de propagá-
lo por sementes e estacas em várias lamaseries na Tartária e no
Tibete, mas que todas essas tentativas não tiveram sucesso". 311
Um sacerdote tão louvável por sua inteligência quanto por seu
caráter, o observador que atesta o prodígio de Koun-Boum não é um
daqueles cujo testemunho deve ser rejeitado. Sua história, além
disso, exala franqueza e impõe respeito...
O fenômeno relatado parece menos incrível, quando pensamos
nisso (controlado muitas vezes) de escritos secretos, ou
desenhados à distância ou obtidos às pressas. É uma das
experiências favoritas de nossos médiuns. O lar estava acostumado
a isso, e a ardósia do Stade passou a ser um provérbio entre os
espíritas. Também nos lembramos das controvérsias virulentas
motivadas no passado pela correspondência do "Mahatma"
KootHoomi, com Madame Blavatsky, sua aluna.
Mas já se passaram quarenta anos desde que o Barão de
Guldenstubbé estudou e relatou esse fenômeno. Seguindo o curioso
livro que publicou em 1857, La Réalité des Esprits e sua escrita
direta, seguem um grande número de placas nas quais espécimes
de escritos ocultos, obtidos pelo autor e vários de seus [401]
amigos, não os primeiros a chegar, foram reproduzidos em fac-
símile. Estes incluem os Srs. le comte d'Ourches, barão geral de
Brewern, coronel de Kollmann; Professor Georgii, Barão Boris de
Uexküll, etc. — M. de Guldenstubbé pôde seguir o processo da
pressa, que atribui aos espíritos dos ilustres mortos que o seu
desejo evoca. Ele originalmente colocou um lápis com uma folha de
papel em uma pequena fita cuja chave não saía do bolso; Ele só
abriu a caixa novamente para verificar o sucesso de suas tentativas.
Um dia, no entanto, quando ele deixou a caixa aberta, ele pôde ver
que os caracteres se imprimiam, em preto e branco, sem que o lápis
tivesse nada a ver com isso.
"Desde aquele momento, o autor, vendo a inutilidade do lápis,
deixou de colocá-lo no papel; ele simplesmente coloca um papel
branco sobre uma mesa em casa, ou no pedestal de estátuas
antigas, em sarcófagos, em urnas, etc., no Louvre, em Saint-Denis,
na igreja de Saint-Étienne-du-Mont, etc. O mesmo se aplica às
experiências feitas nos vários cemitérios de Paris". 312 Anúncios
Nada é mais real do que o fenômeno dos caracteres sangrentos
obtidos por Vintras, imbuídos na própria substância das hostes
consagradas por ele ou pelos sacerdotes de sua seita: hieróglifos,
na maioria das vezes blasfemos, e assinaturas Cabalísticas [402]
das forças desordenadas, cegas ou malignas do antigo Goiti.
E os casos de estigmatização, mil vezes comprovados no
misticismo? A "loucura da cruz" consome o milagre. Não Fé e
Desejo, estes modos indirectos da Vontade, reagindo sobre
ardentes imaginações, imprimem na forma astral, — e, através dela,
no corpo físico, — as cicatrizes da Paixão de Nosso Senhor: a
marca da coroa de espinhos e a marca dos pregos nos pés e nas
mãos, e o aparente contorno da flagelação, E o estigma da lança
soprar para o flanco direito? — Testemunhos abundam.
Lembremos para registro, na confirmação analógica do fenômeno
da estigmatização, a experiência decisiva de MM. Focachon e
Liébeault, que realizaram a instalação de um vesicatório imaginário,
por simples sugestão. O ideal epiespástico "levou"
maravilhosamente: a derme rosa, cheia de serosidade leitosa,
finalmente apareceu a úlcera por pressão: uma série de impressões
fotográficas o comprova, onde se pode acompanhar a caminhada e
o progresso da vesicação313.
Que se compararmos com esses últimos fatos a descoberta já
mencionada pelo Coronel de Rochas, sobre a "Exteriorização da
sensibilidade" e o fenômeno do Encantamento314, parece que
podemos vislumbrar o mecanismo perfeitamente natural [403] dos
escritos espontâneos, sob seus principais modos de manifestação.
A estigmatização prova que, dentro dos limites do corpo humano,
o mediador plástico pode, dócil ao desenvolvimento do Desejo,
objetivar as assinaturas da imaginação. E os experimentos do
cientista Rochas demonstram, por outro lado, que em conjunturas
definidas, esse mesmo mediador plástico é perfeitamente capaz de
ultrapassar os limites anatômicos da carne; manifestar-se fora das
propriedades à sua disposição.
A Luz astral terrestre, a alma física e imaginativa do planeta, rola
em suas ondas os simulacros de seu sonho de evolução; é também
o receptáculo da vida (ou, para melhor dizendo, da agonia póstuma)
da Casca. Várias raças de nativos a assombram; cuja natureza
detalhamos... Enfim, tem seus grandes fluxos e refluxos polares, e
seus ventos e tempestades como o oceano, correntes que podem
ser usadas pela Vontade humana, seja individual ou coletiva,
quando ela tiver sido capaz de calculá-las. (Existem, na magia,
instrumentos para os quais este é o único destino). A Vontade pode
fazer mais: pode criar novas correntes. Este é o mistério da cadeia
mágica. Isso já foi discutido em relação às Entidades Coletivas;
Voltaremos a isso mais tarde.
Toda força, na magia, reside, essencialmente, na Vontade e na Fé.
Vontade e Fé são os dois termos contraditórios[404] da mesma
Força, nestes modos espontâneo e passivo. Fé em si mesmo e no
próprio poder. Esta é a base da vontade individual. A confiança na
vontade infalível e benéfica dos deuses é a base da fé coletiva.
Um homem de vontade, o herói, cujo tipo contemporâneo
Napoleão pode servir, mostra uma confiança cega em "sua estrela",
o que significa dizer que ignorante de leis fatídicas, ele, no entanto,
confia no Destino. Tal temperamento objetivo colide frontalmente
com todos os obstáculos e os quebra; até o dia em que ele mesmo,
enfrentando algum Destino mais rígido do que o seu, é esmagado. –
O herói se joga para frente e paga com sua pessoa: em uma
palavra, age por si mesmo.
Homem de fé, o místico entra em comunhão com um círculo de
pensamento e ação no qual predomina uma Vontade boa ou má. Tal
caráter subjetivo permite que Deus, manifestado pela cooperação
daqueles que querem e aspiram ao bem; ou o próprio Satanás, que
pode ser definido a partir desse ponto de vista como a Vontade
coletiva no mal. — O místico, em uma palavra, age por meio dos
outros.
Um homem de vontade e fé juntos, o verdadeiro seguidor está
ciente de que no acordo equilibrado desses dois poderes reside a
força mágica suprema: o Magnes interior e oculto não é outra coisa.
Tal temperamento harmônico entra em um círculo de vontades
unidas, sem de forma alguma abdicar das suas. Somando sua força
e aquele [405] de seus adelfos, ele comanda em seu nome como no
deles. Toma o império sobre os fluidos e coloca o embargo no
esquadrão das vontades opostas. — O adepto age, de fato, por si
mesmo e pelos outros.
Está escrito que a Fé carrega as montanhas, não é menos certo
que nada resiste às garras da Vontade. O que podemos dizer sobre
a eficiência alcançada pela Vontade adepta, que participa
harmoniosamente de ambos?
O próprio desejo é criativo, porque também procede indiretamente
de ambos: deriva da Vontade, pelo despotismo inconsciente de seu
golpe de asa, e da Fé por sua confiança irracional e muitas vezes
irracional na satisfação onde apetiza.
Insistimos no problema das assinaturas naturais, traduções
hieroglíficas muito precisas de especialidades inatas; cuja
Faculdade de plástico recebe o protocolo dos Vouloirs coletivos e
individuais: a fim de transmitir a marca para a forma sideral. Isso
elaborará o corpo físico de acordo.
Esse mecanismo de virtualidade criativa, envolvendo a vontade
como ponto de partida e o material como resultado final, era
importante conhecer bem, primeiro do que empreender o que resta
dizer, sobre o uso da vontade humana, na magia cerimonial.
Como transição, Saint-Martin oferece-nos um episódio
singularmente instrutivo, e a partir do qual o nosso Público [406] é
convidado a tirar proveito. As poucas páginas, de estranha
aparência, que lhe daremos a conhecer, contêm, tanto na prática
como na teoria, segredos mais válidos do que tantas obras muito
massivas, sérias e solenes para bocejar, e que tratam ex professo
de ciências ocultas. O leitor está avisado!
Que amante do ocultismo, em consciência, (e não o fazemos,
exceto a posteridade intelectual de Saint-Martin), se deu ao trabalho
de meditar "O Crocodilo, ou a guerra do Bem e do Mal, poema
epico-mágico em 102 canções, obra póstuma de um amante de
coisas escondidas?" Por acordo tácito, os muitos admiradores do
grande místico até se abstêm de criticar esse "erro de um mestre"
(este é o clichê recebido). — Bem, nós o atestamos aqui, — e
nenhum iniciado verdadeiramente educado nos negará, — O
Crocodilo é um prodigioso épico burlesco no qual se encontra a
revelação do Grande Arcano, do Mysterium magnum de Jacob
Boehme.
Todos os personagens são alegóricos: Madame Jof, esposa do
Joalheiro dos Mundos, não é outra senão Fé, Sabedoria ou Sophia
Celestial; Sedir é um "homem de desejo" que busca a Santa
Verdade, sem abdicar de seu papel de homem de ação, pelo qual
ele se torna útil aos seus concidadãos; - o voluntário Urdeck (Aoûr
Æsch roa d'?a, a Luz do Fogo), representa o Meio natural que se
torna adepto, e cujas faculdades astrais [407] afirmam e
sublimam na Luz da glória; - finalmente Rachel (la-? ar Raesch-
Æl , o princípio divino [da alma]), filha do seguidor Eleazar315,
será a noiva prometida a Oualdeck, etc.
O Crocodilo (ou Tifão), personificação egípcia do Astral inferior,
réptil ígneo onde Naás encarna, engole os dois exércitos do Bem e
do Mal. Explicar o significado oculto desta aventura rabelaisiana
seria uma tarefa que nos levaria longe demais. Será suficiente, para
a inteligência do episódio em que estamos chegando, notar que
Urdeck, o explorador dos mundos misteriosos, é um dos novos
Jonas. As maravilhas que ele testemunha no ventre do réptil se
relacionam com os mistérios das várias regiões hiperfísicas do
Macrocosmo em sua relação com o Microcosmo hominal.
Finalmente, depois de várias aventuras simbolicamente
significativas, o voluntário Ourdeck, abre-se para um espaço
subterrâneo, abobadado com rocha viva e fechado por todos os
lados. Um dia incompreensível brilha. Aparece aos seus olhos uma
cidade antiga, engolida após um terremoto, no ano 425 aC. O
frontispício de uma porta de mármore revela a Urdeck o nome desta
cidade: ATALANTE. [408]
O flagelo respeitou tudo: as casas e palácios estão intactos, as
ruas completamente livres e livres de escombros; Os cidadãos,
abatidos enquanto cuidavam de seus negócios, estão de pé, na
atitude em que a morte os surpreendeu... Urdeck: visite em detalhes
esta curiosa necrópole, que poderia ser chamada de capital do
mundo astral. As maravilhas que ele observa, não podemos detalhá-
las pelo cardápio, mas encorajamos fortemente os amantes de
coisas curiosas a meditar de uma ponta à outra essa narração
fabulosa; onde o teosofista de Amboise, mais do que em qualquer
outro lugar, descreveu, sob uma alegoria transparente, os mistérios
de uma região que ele conhece tão bem: a região hiperfísica.
O poder configurativo do fluido astral é caracterizado pela primeira
vez em características de vigor. Nada é mais fácil para o jovem
soldado do que se familiarizar com os costumes deste povo, seu
espírito e, finalmente, o caráter de cada habitante.
"Pois a mesma lei da física que fez com que todas as substâncias
e corpos hermeticamente selados nesta cidade não sofressem do
lado de fora, estendeu seu poder conservador sobre as próprias
palavras dos cidadãos da Atalanta e tornou os traços dela
corporizados e sensíveis, assim como todos os outros objetos
encerrados neste infeliz recinto." 316
Urdeck entrou sucessivamente para o governador da cidade,
depois para um filósofo; num médico moribundo [409] que acusa um
personagem enigmático, "o hierofante da Rue des Singes", de o ter
enfeitiçado; Urdeck ainda assiste ao exame das memórias coroadas
por uma academia científica: sessão suprema que o cataclismo
interrompeu. Finalmente, ele entra em um templo onde o temível
Hierofante, grão-mestre de um círculo de magos perversos, está
pregando; Guiado pelo impulso magnético deste mago sombrio,
nosso voluntário se aventura no laboratório oculto do malfeitor e
detalha as maravilhas que ele testemunhou.
Uma alegoria tão reveladora, seja do ponto de vista das correntes
astrais, governadas pela vontade humana, seja no que diz respeito
a feitiços coletivos e leis terríveis que preside o choque em troca,
bem como a ruína mútua de elementos malignos, que seremos
gratos por reproduzir as páginas essenciais desta história.
Eis o peristilo de um templo, dedicado à Verdade; atravessemos o
limiar, na companhia de Ourdeck, a quem é tempo de dar a palavra.
"Eu entro", disse ele, "encontro um grande concurso de pessoas
reunidas e parecendo ouvir um homem que estava sentado em um
púlpito e conversando com elas. Eu podia, à vontade, ler todas as
palavras de seu discurso, porque, como ele falava sozinho, elas
haviam sido preservadas de uma maneira muito distinta; e posso
dizer que este discurso continha tudo o que a mais sábia filosofia do
Pórtico e do Pireu alguma vez ensinou quanto à mais pura e
imponente quanto à severidade dos princípios e à santidade da
doutrina.
"Mas, surpreendentemente! Apesar destas [410] palavras que
eram visíveis e que tinham saído da boca do orador, vi algumas no
seu interior um pouco menos marcadas, mas que estavam
suficientemente marcadas para que eu pudesse lê-las e discerni-las;
Era como germes de palavras, algumas das quais estavam quase
totalmente desenvolvidas, outras metade, outras um terço.317 O
que me confundiu e me encheu de indignação foi ver que essas
palavras, que eu via no interior do corpo do falante, tinham um
significado absolutamente oposto àquelas que haviam saído de sua
boca; Por mais que estes fossem sensatos, sábios e edificantes,
assim eram os outros ímpios, extravagantes e blasfemos, de modo
que eu não podia duvidar então de que esse orador os havia
imposto corajosamente à sua audiência, e que ele não acreditava
em uma palavra do que ele havia proferido a eles. "Como este
orador lidava com assuntos santos e divinos, e os tratava
publicamente, ele tinha que fazer todos os esforços, não só para
não escandalizar o seu mundo, mas também para edificá-lo; por
outro lado, esses próprios esforços, frustrando seus sentimentos
interiores, também redobraram seus esforços internos, para
contrabalançar o que ele era obrigado a jorrar em voz alta; e foram
estes esforços secretos que, dando aos seus pensamentos
sacrílegos um maior grau de fermentação, deram ao mesmo tempo
às palavras internas que deles nasceram, uma forma mais
determinada e um carácter mais marcante.
«... Ao examiná-lo cuidadosamente, notei novamente que ele saiu
de seu coração, como um fluxo dessas mesmas palavras ímpias e
sacrílegas.
"Essa corrente era de cor escura e bronzeada: era dupla, ou seja,
havia um entrando e o outro saindo; e o coração do orador era ao
mesmo tempo como a lareira e o fim desta corrente dupla: estes
aromas sucederam-se uns aos outros com rapidez, e estenderam-
se [411] para o templo e mesmo além, pois passaram pela grande
porta de entrada; mas como também os vi entrando pela mesma
porta, presumi que deveria haver um segundo foco na outra
extremidade dessa corrente, e resolvi procurá-lo no momento,
seguindo os traços muito sensíveis desse fenômeno extraordinário.
"Portanto, eu caminho, não sem sofrimento, esta longa cadeia de
palavras ímpias que saem do coração do orador; Eu afasto meus
olhos de qualquer outro objeto, tanto que eu queria satisfazer minha
curiosidade ... Deixando o grande portão do templo, vi essa corrente
suja virar à esquerda em uma grande rua, no final da qual havia
uma praça elíptica bastante grande; atravessou-a pelo meio, e daí
entrou numa pequena rua escura, impura, desalinhada, e de um
comprimento para me aborrecer; No final desta rua, ele colocou
outra, que me pareceu ainda mais desagradável, mais suja e mais
tortuosa.
"Mas esses desgostos foram temperados, em parte, pela alegria e
esperança de encontrar o que eu tão ardentemente desejava;
porque, finalmente, olhando para a inscrição desta rua perversa, vi
que se chamava Rue des Singes; e eu não tinha chegado à
vigésima casa naquela rua, quando essa dupla corrente de palavras
que me levara até lá, entrou em uma porta acima da qual eu vi
escrito: O hierofante.
"Julgue a minha satisfação. Eu não tinha dúvida de que esse
hierofante era o mesmo personagem cujas palavras do médico
moribundo me davam algumas pistas, e que, portanto, ele era o
mesmo que eu acabara de ver pregando no templo.
"Entro apressadamente nesta porta: atravesso, ainda na luz escura
da corrente dupla, um pequeno beco escuro, no final do qual havia
uma escadaria, parte da qual subia para os apartamentos
superiores; mas o outro, coberto apenas por um alçapão, desceu a
um porão; A corrente foi direcionada sobre esta escotilha, levantei-a
e segui-a até [412] no porão, onde cheguei depois de descer
cinquenta degraus.
"Lá, encontro um grande local em forma pentagonal. Quatorze
pessoas foram dispostas ao redor em assentos de ferro, cada uma
com um nome escrito acima de suas cabeças, o que indicava sua
função e emprego nesta assembleia; no fundo desta adega e numa
plataforma alta de dois níveis, havia outro assento de ferro mais
amplo que os outros e melhor trabalhado, mas vazio; e acima deste
assento estava escrito em letras grandes: O Hierofante. Fiquei então
plenamente convencido de que tinha encontrado o que era o objeto
da minha pesquisa.
"Independentemente deste fluxo de palavras que me levara a esta
adega, e que tinha precisamente a cadeira do hierofante como seu
segundo centro, havia correntes semelhantes que iam desta cadeira
do hierofante até a boca de cada um dos catorze assistentes, e que
retornavam de suas bocas para esta cadeira; de modo que julguei
que esse hierofante era como a alma de suas palavras, e que elas
eram apenas seus órgãos e instrumentos.
"No meio da praça havia uma grande mesa de ferro, com a forma
pentagonal como a adega, e sobre esta mesa uma espécie de
lanterna de papel, transparente, também pentagonal, e cujos lados
respondiam aos lados da mesa e aos da adega; No centro desta
lanterna havia uma pedra marrom, mas brilhante, que mostrava a
cada assistente, palavras e frases inteiramente, escritas nas laterais
do papel correspondente a ele; E essas frases respondiam às
palavras que eu tinha lido dentro do hierofante.
"Diante de sua poltrona, havia outra mesa oblonga, também de
ferro, e sobre esta mesa, dois macacos de ferro que cada um tinha
em cada perna e no colarinho, uma corrente de ferro rebitada nesta
mesa; Isso fez dez canais. Na frente desses dois macacos de ferro
havia um grande livro [413] cujas folhas também eram de ferro, e
que eu podia mexer e ler como quisesse.
"Li claramente os tratados dos vários emissários dos médicos
ocultistas, com vários conquistadores da terra, e as horríveis
condições sob as quais eles lhes entregaram as nações deste
mundo...
"Li que esses empreendimentos tinham a intenção de destruir a
ordem de todas as coisas e estabelecer em seu lugar uma ordem
fictícia que era apenas uma falsa figura da verdade. Todos os
cálculos conhecidos desde então, sob o nome de cálculos
pitagóricos, deveriam ser derrubados, e tão confusos, que a mente
mais simples e mais bem preservada nunca poderia encontrar os
vestígios deles.
"Todos os reinos da natureza e do espírito deviam ser reduzidos
pela mesma lei a um reino; Todas as substâncias, elementares ou
espirituais, a uma única substância; todas as ações visíveis ou
ocultas de seres de ação única; todas as qualidades, boas ou más,
vivas ou mortas, com uma qualidade; e este único reino, esta única
substância, esta única ação, esta única propriedade deveria residir
neste chefe da assembleia, ou neste hierofante, que logo lançaria
esta doutrina altamente no mundo, e exigiria como recompensa, de
sua vida, as honras da apoteose e sua divinização, com a exclusão
de todas as outras.
Deus..."
Urdeck, tremendo de indignação, lê neste Grimório o anúncio de
todos os infortúnios que deveriam recair sobre a Europa; Ele
aprende que um mago da luz, (designado como o adversário
implacável do teurgista do mal, deve sozinho lutar até o coração de
suas horríveis tramas e fomentar a ruína de tais projetos execráveis.
Então Urdeck sente nascido em seu coração o desejo violento de
que o nome desse augusto personagem lhe seja revelado. [414]
"Esse desejo", continua ele, "tomou conta de mim tanto, que era
como um fogo queimando em meu peito; mas logo esse fogo não
podia mais ser contido em mim, e dele veio uma luz de brancura
arrebatadora,318 no meio da qual vi claramente o nome de Eleazar,
e isso em três ocasiões consecutivas.
"Sabei, pois, que no momento em que este nome de Eleazar foi
assim manifestado neste recinto subterrâneo, os catorze homens
que estavam sentados em assentos de ferro voltaram à vida,
fazendo terríveis rostos e contorções; Sabei que as correntes
particulares que os ligavam à cadeira do hierofante, se
desprenderam desta cadeira, e voltaram a estes catorze homens,
que pareciam tornar o seu estado mais violento: saibam que os dois
macacos de ferro que estavam acorrentados na pequena mesa,
estavam separados no momento; que eles se tornaram vivos e
imediatamente cada um gerou seis. outros macacos vivos como
eles; que esses quatorze macacos se jogaram como gaviões, cada
um em um dos quatorze homens, e devoraram todos eles.
"Sabei que o próprio hierofante, por uma violenta atração, foi
trazido num piscar de olhos, do templo para a sua cadeira, onde me
apareceu, sozinho mais atormentado do que os outros catorze;
Sabei que os catorze macacos imediatamente correram sobre ele, e
o devoraram, depois de arrancarem seus olhos; Saiba que os
catorze macacos, depois de comerem todos, acabaram comendo
uns aos outros, sem nenhum vestígio diante dos meus olhos...
"Sabam, finalmente, que houve um terremoto tão violento, que
tudo parecia pronto para desmoronar sobre mim. Mas no meio
dessas cenas assustadoras, uma mão invisível me agarrou...; e ela
levou-me, não sei por nenhum lugar, nem por que meios, àquele
esgoto [415] da Rue Montmartre, onde sabeis que eu tomei terra."
319
Ousamos acreditar que o nosso público avançou demasiado no
caminho, a ignorar a importância da alegoria que queríamos colocar
diante dos seus olhos.
Este episódio é a descrição simbólica de um círculo de magos
negros, apreendidos e desenhados no local de suas operações
vilãs. A pilha que gera más influências é preparada, a corrente
magnética esticada: o crime funciona.
Vejamos os principais detalhes da cena.
A máquina infernal está disposta em um porão..., Desde tempos
imemoriais, onde quer que o homem amaldiçoou o homem e
sacudiu na cabeça de seu irmão a ira de Vulcano, o Execrador
escolheu para suas operações um retiro subterrâneo, como a forja
do deus de Lemnos. Da cripta da teurgia sangrenta, no mais
distante dos ciclos pré-históricos, às cavernas do infernal Hécate e
ao porão arqueado dos feiticeiros na Idade Média, foi sempre no
porão que as obras de raiva, as práticas de Shatan, Seth320,
Saturno foram realizadas. O ritual mágico quer assim: um duplo
motivo, de analogia primeiro, depois de empirismo oculto, sem
dúvida justificaria essa prescrição universalmente recebida. [416]
Descemos a este porão através de um alçapão que se abre em
cinquenta degraus de sombra, antítese figurativa dos cinquenta
Portões de Luz, ou Inteligência.
A localização pentagonal é equivalente à Estrela Flamejante
invertida, emblema da vontade criminosa. Sabemos que o
Pentagrama, no qual se inscreve a figura do microcosmo humano
(Desejo, Intelecto, Amor, Poder e Beleza), constitui um hieróglifo
conversível: em sua posição normal, um único ponto no topo, é o
escudo do mago da luz, e traduz as virtudes benéficas e as
gloriosas prerrogativas da Inteligência, voluntariamente reunidas ao
plano providencial; as cinco letras do nome do deus-homem brilham
com os raios da Estrela. — Mas orientada na direção oposta, a
estrela pentagramática não é mais do que um símbolo de
iniquidade, perdição, blasfêmia: seus dois pontos no ar se tornam os
chifres do bode imundo ameaçando o Céu, e cuja cabeça é
emoldurada pelo pentáculo estelar, com suas orelhas baixas nos
ramos laterais e sua barba bagunçada na única ponta inferior.
Observemos, além disso, que o sistema particular do teosofista de
Amboise atribui ao número cinco atributos nocivos e fúnebres: ao
Livro Universal do Homem, que tem dez fólios, o quinto é o de
"idolatria e putrefação321". [417]
A forma pentagonal da mesa de ferro e da lanterna de papel tem o
mesmo significado secreto. Na magia cerimonial, branca ou preta,
os operadores se trancam em um círculo, símbolo de vontades
amigáveis: comunhão de santos ou sinagoga de pervertidos. — Aqui
o Pentágono, mau substituto para o círculo de evocações.
As três figuras concêntricas formam uma cidadela oculta, com
muralhas triplas, em torno da pedra negra que, do centro da
lanterna, ousa uma luz pálida. Este é Heliogábalo322, a pedra
filosofal da iniquidade, o emblema heliacal da idolatria. Eles vêm do
sol, mas refratados e resfriados pela lua infernal, aqueles falsos
brilhos que, fragilizando desta pedra, fazem brilhar os hierogramas
de impostura traçados nas faces da lanterna. A pedrinha preta é
fosforescente com uma luz morta, e o papel meio opaco torna-a
ainda mais incerta: é Aôb boa, o fluido negativo onde as larvas
deslizam, onde a casca da Necromancia nada.
Quatorze auxiliares do hierofante sentam-se em círculo em
assentos de ferro, em torno de uma mesa de ferro. Junte o mestre
aos discípulos, e o total dará o número da perversidade coletiva e
correntes fatais do instinto: décima quinta chave do Tarot – o Diabo.
Quanto à mesa, assentos e outros objetos, todos de ferro; eles
marcam o caráter da assembleia governada por Marte ; no
entanto, este planeta, [419] danificado pela vizinhança de Saturno,
cuja assinatura observamos anteriormente, anuncia perversidade
friamente implacável, orgulho selvagem e tristeza e, graças a Deus,
ruína, colapso final.
Não é a plataforma erguida por dois níveis, onde se ergue a
cadeira do hierofante, o emblema do binário impuro, o princípio de
todo antagonismo, de toda divisão, de todo poder cismático e
arbitrário? A mesa oblonga, com seus dois macacos de ferro
acorrentados, confirma esse emblema, especificando-o. Nada pode
oferecer uma imagem mais perfeita da bruxaria do que esses dois
macacos, ocupando os dois focos da elipse mensal, em frente à
cadeira do hierofante.
Satanás, macaco de Deus, parece binário, incapaz de um acordo,
mesmo com o seu, um acordo, até mesmo consigo mesmo! Sua
magia das trevas não apresenta nada de imitação servil original da
desfigurada sabedoria religiosa, seus ritos são os de uma teurgia
reversa. O hierofante é também um macaco: pontífice das sombras,
disfarça-se de sacerdote da luz; e sectário de mentiras, ele fará sua
careta edificante no templo da Verdade. Hipocrisia semelhante a um
macaco!... A tabela elíptica representa o círculo ruim que ele fundou.
Os dois macacos, nos dois focos da elipse, pintam a vontade do
miserável, reitor da cadeia simpática esticada pelas mãos; a sua
dupla e ambígua vontade, que quase sempre se esteriliza por se
opor constantemente a si mesma, como é a sentença proferida
contra [420] todo princípio de Erro e Iniquidade. Devemos agora
entender o que Saint-Martin quer dizer; pelo " hierofante da rue des
Singes..."
O segredo da corrente mágica pode ser resumido em um aforismo
cujos termos são: criar um ponto fixo sobre o qual descansar;
estabelecer tambores psicodinâmicos; e, a partir deste ponto
escolhido como centro, irradiar por todo o mundo a luz astral,
esforçada por uma vontade claramente definida e formulada;
Esta é uma aplicação do famoso lema andrógino de Henri
Khunrath: Coagula, Solve. — "Coagule", isto é, concentra o fluido
em alta tensão em torno de um centro de equilíbrio; — "dissolvido",
isto é, espalha o fluido energizado e sujeito à sua vontade:
concentre-o no objeto sobre o qual você deseja agir. Os famosos
arcanos da Magnésia universal dóceis aos seguidores não são outra
coisa. Magnésia é a tradução externa, manifestada por seus efeitos
dos Magnos internos e escondida em sua essência.
A luz astral especializada nas mãos do adepto torna-se o veículo
de sua vontade; — digamos melhor: do seu verbo323. Este é o
significado da dupla corrente de palavras que se propaga em
ondulações magnéticas, do hierofante no púlpito aos affidés de seu
círculo oculto; Então, cem vezes mais energia, retorna ao seu ponto
de partida. [421]
Os princípios estabelecidos no capítulo anterior, a respeito do
Oráculo mensal, poderiam encontrar seu lugar aqui; mas bastará
referir-se a eles. Certamente, o nosso Leitor já o adaptou (porque é
necessário); e concedeu a menção negativa ao grupo de quatorze
auxiliares, ocupando o perímetro da mesa pentagonal; enquanto
reserva para o hierofante a qualidade de elemento positivo, cujo
papel é unificar as almas passivas de seu círculo, sob a
predominância de uma vontade imperiosa e dominadora.
Digamos imediatamente que o estabelecimento da cadeia secreta
raramente é tão metódico, tão disposto, tão habilmente combinado.
Acontece que seus elementos constituintes, fornecidos
espontaneamente — diríamos por acaso, se existissem para os
iniciados — ou são mal proporcionados entre si, ou comprometidos
por uma mistura de elementos heterogêneos. O dispositivo então
funciona da melhor forma possível; Mas só atinge um mínimo de
rendimento. É a repetição do que lemos, seção X, sobre mesas
falantes e a geração de seres coletivos...
Nada é mais certo de que a maioria das grandes coisas que são
feitas aqui na terra, são realizadas pelas especialidades de cadeias
mágicas, – tensas conscientemente ou não, com a Providência ou
sem ela, através dos emaranhados de circunstâncias mais ou
menos favoráveis. [422]
São raros, os grandes iniciados324 que, como Crisha, Moisés,
Apolônio325 e outros que não parece apropriado nomear,
estabeleceram deliberadamente, e de acordo com os planos da
Sabedoria divina, correntes mágicas adequadas para renovar a face
da terra.
Eles são também os poderosos magos da luz ou da sombra, que,
como Jacques Molay, como Inácio de Loyola, conscientemente
criaram, em espírito ou menos sublimes ou menos puros, cadeias
de uma extensão igualmente imensa.
Mas os autores não são contados, de cadeias simpáticas
instintivamente esticadas; e são eles cujo trabalho, garantido e
perpetuado graças à assistência dos grandes Coletivos que eles
evocaram ou mesmo geraram sem saber, nos surpreende depois de
tantos séculos com sua seiva prodigiosamente viva ainda.
Exemplos, muitas ordens religiosas, algumas corporações civis, os
fenianos, etc. [423]
Então, será objetado, os "leigos" muitas vezes fazem magia, como
o Sr. Jourdain da prosa, sem saber? Mas certamente, caro leitor.
Você ainda está a ponto de ser surpreendido?
Olhe para os grandes homens – e os homens extraordinários –
que fanatizaram seu tempo: de um lado Napoleão, de outro
Cagliostro. Se você pulsar sua história com a tocha do esoterismo,
você se convencerá de que, todos os prodígios à parte (prodígios de
gênio em um, de ... faquirismo no outro) a soberania foi adquirida
sobre a opinião pública pela implementação, ou erudita ou instintiva,
da cadeia simpática estendida sobre sua comitiva imediata326. Só
que, depois deles, o fascínio que exerciam não se perpetuou com o
mesmo império, porque repousava menos no princípio do que no
homem.
Esta digressão encerrada, é oportuno pôr fim ao episódio de
Atalante e seu comentário.
A dupla corrente de blasfêmias tem outras interpretações que
silenciamos... Abstenhamo-nos de sublinhar demasiado, a fim de
deixar algo a ser feito para a sagacidade do Leitor.
Por que o perfume magnético vira à esquerda, deixando o templo?
A resposta é muito fácil [424] realmente. Não é o mesmo para
aquele que poderia justificar a forma elíptica de um lugar que
atravessa pelo meio: o enigma vale a pena resolver, e nossas
explicações preliminares podem ajudar a esclarecê-lo...
Vamos chamar pelo seu nome verdadeiro o Livro das Folhas de
Aço, onde o explorador da Atalanta estremece o feitiço que trai o
Futuro? Os iniciados já reconheceram o "livro de sangue, sempre
aberto" do eterno Iluminismo Negro! Este infame círculo de "irmãos
inversivos" ou magos da abominação, tende, como sempre, a dois
objetivos capitais que eles se lisonjeiam para alcançar, per fas et
nefas (este é o seu lema), e graças à sua cadeia de impulsos: um
resultado dogmático, o assassinato da Verdade; um resultado social,
o massacre da Justiça.
Politicamente, esses homens nunca hesitam, em troca de algumas
garantias, em vender as nações ao despotismo, como Judas vendeu
seu Mestre, por trinta denários. Há muito tempo que conhecem
Ninrode, o seu velho cúmplice, um fantoche formidável e sangrento
a quem sabem interpretar; pois, no instante em que beijam o pó de
suas sandálias, seguram e praticam à vontade as cordas que o
fazem se mover. Este é o pacto de iniquidade entre a tirania
adoradora do Diabo e os sacerdócios proditórios do Homem-Dieù.
Dogmaticamente, é a idolatria e a corrupção que os magos negros
querem instalar no santuário, no lugar do puro espiritualismo de
Diaus-pitar, [425] de Zej pat3/4r, do Deus supremo. Por exemplo, na
Índia, é a doutrina desolada da inconsciência original e do falso
Nirvana que eles substituirão a do puro Vedismo esotérico. No caso
particular, seu líder é um falso Epicuro sedento de apoteose, uma
contradição viva, que se imnomeará no lugar de Pitágoras abolido.
Uma coisa, no entanto, preocupa o hierofante. Está escrito no
Livro de Ferro que um homem sábio fará tudo falhar: ele é um
seguidor da magia elevada e divina, da posteridade do teosofista de
Samos. Ele é o mandatário de um augusto colégio de Filhos do Céu,
do qual ele deriva seus poderes e direitos místicos. Sob o nome de
Sociedade dos Independentes, Saint-Martin descreve o sublime
Areópago dos eleitos reintegrado à Unidade celestial327. Eleazar,
que ainda não era [426] membro, receberia a palma da eleição;
Sedir e o próprio Urdeck serão admitidos um dia, — Esta, então,
claramente colocada, é a Providência viva do nosso planeta: a
fraternidade luminosa, diante da fraternidade das trevas e da
iniquidade; aqui [427] estão os filhos do Sol, em frente aos
missionários do Satélite Escuro 328.
Uma noção vívida ilumina Urdeck; Um desejo violento o inflama a
conhecer aquele por quem o conselho do mau desmoronará.
Urdeck, meio de influências, objetiva seu desejo: o nome de Eleazar
se manifesta... Imediatamente o equilíbrio instável do mal é
quebrado. Tendo o relâmpago oculto perdido seu objetivo, a lei do
choque em troca intervém: os miseráveis afiliados devem engolir
seu ódio e imprecações; O impulso blasfemo é um veneno que entra
neles e os tortura antes de matá-los.
No entanto, o mal se multiplica dentro dos recintos do próprio mal;
As volições perversas abundam em desordem: os dois macacos
separados voltam à vida; cada um deles dá à luz seis outros
macacos vivos como eles, e esses quatorze animais devoram os
quatorze feiticeiros, o que quer dizer que todo auxiliar do Mal
perece, vítima de sua má vontade.
Uma tromba d'água reverberante, caindo sobre o Hierofante,
agarra-o e o joga irresistivelmente no centro de sua infame corrente:
aqui aparece em sua cadeira, mais atormentado do que seus
quatorze discípulos. De facto, teve de engolir não só o seu próprio
veneno volitivo, mas a rolha das catorze vontades disciplinares,
pelas quais é responsável, na sua qualidade de mestre de
inspiração: todos os macacos [428] o atacam de uma só vez. Talvez
ele pudesse ter salvado sua vida por um novo crime, dirigindo o
refluxo mortal em uma vítima substituída para morrer em seu lugar;
Mas perde a cabeça, assaltado como está por tantas forças
opostas, e falta a sua habitual lucidez: uma particularidade
simbolizada para nós por este facto, macacos que arrancam os seus
olhos como prelúdio... Portanto, está feito; Ele recebe o preço de
suas maldições e morre devorado...
Finalmente, ó milagre! a multiplicação de macacos precedeu sua
aniquilação total apenas por alguns momentos; pois, não vendo
mais seres humanos para desmembrar, sua raiva se volta contra si
mesmos e eles se devoram. E agora não há vestígios disso. Assim
é com vontades perversas: o dia em que o Mal se multiplica e
abunda, muitas vezes marca a véspera de seu suicídio ou
destruição mútua.
Tal é a interpretação esotérica desta página surpreendente, que
nos atesta que o Marquês de Saint-Martin, tão desapegado dos ritos
teúrgicos da sua primeira escola, e confinando-se com Boehme aos
picos virgens da Teosofia transcendente, era repugnante para o
mundo astral, não por incompetência, mas por antipatia; e que ele
teria sido, se quisesse, um grande adepto da magia prática e
cerimonial.
Um pouco negligenciado por Saint-Martin, este ramo, no entanto,
brilha entre os mais invejados, na árvore luminosa das altas
ciências. O primeiro [429] iniciador do "Filósofo Desconhecido",
Martinès Pasqually foi o objeto capital de seu ensino, como nosso
amigo Dr. Papus apontou em um estudo admirável329. Não há
dúvida de que, ao idealizar seu velho mestre sob o disfarce de
Eleazar, o autor do Crocodilo não quis liquidar-lhe uma dívida de
gratidão, ao mesmo tempo em que ele [430] lhe prestou a
homenagem espontânea de sua admiração filial.
O episódio simbólico de Atalante, do qual transcrevemos e
comentamos em algumas páginas decisivas, será o melhor elo entre
o que precede e o que se seguirá, tocando a força da Vontade, no
homem e no universo.
Como a vontade coletiva, da qual o indivíduo não tem consciência,
uma vez que pertence à espécie, exerce seu domínio sobre a
matéria, informa-a e elabora-a (graças à ação mediadora da
faculdade plástica individual, moldando um corpo astral apropriado
aos ambientes pelos quais a alma passa), – como dissemos.
Como, aqui na terra, a vontade individual do homem pode
recuperar, consciente ou inconscientemente, seu privilégio edenal e
tornar-se criativa, nos planos hiper-físico e, consequentemente,
material, é o problema cuja solução previmos repetidamente, e que
agora temos que consertar bem em seus termos.
É no exercício desse poder criativo que reside a magia,
estritamente falando.
A magia é praticada: ou diretamente, pela ação do corpo etéreo
sobre fluidos imponderáveis, (ou que o adepto dá origem a
correntes na massa do Astral, ou que ele usa as marés existentes),
ou indiretamente, pelo império [431] que a Vontade pode estender
sobre certos seres do invisível.
Ambas as ordens de operações pressupõem poderes que são
adquiridos (digamos melhor: desenvolver-se) apenas por um
método gradual de treinamento ao qual nem todos os homens são
suscetíveis.
Esta regra geral, como todas as regras, tem exceções. Alguns
indivíduos nascem mágicos, ou seja, mediadores ativos, ou
médiuns, ou seja, magos passivos.
Já lidamos com eles, em nosso primeiro volume, – o Templo de
Satanás330 – e voltaremos a eles novamente no capítulo V dos
atuais setenta, relativo à Escravidão Mágica. Aí encontrarão seu
lugar algumas observações tangentes às polêmicas questões do
magnetismo e do espiritismo, sobre as quais nossa opinião já é
conhecida331.
O magnetismo e a sugestão podem ser considerados em dois
modos, ativo e passivo: ou em relação ao experimentador que age,
ou em relação ao sujeito que (como o próprio nome sugere) se
submete à ação. O primeiro ponto de vista surgiria neste capítulo.
Basta tocar em poucas palavras para esclarecer muitos dos
chamados fenômenos mágicos (como o fascínio, o mau-olhado e
vários [432] outros), que se reduzem, em suma, a casos disfarçados
de influência magnética ou sugestiva.
M. le Baron du Potet generaliza um pouco demais sua fórmula,
quando proclama que "o magnetismo é a chave para a ciência
oculta de todos os tempos e de todos os países"332; e, forçado
mais tarde a admitir a existência de seres invisíveis dotados de
inteligência e de carência, o mesmo autor deveu, lealmente e da
melhor graça, concordar que, na medida em que o campo do
magnetismo animal é expandido, algumas manifestações dele
transcendem as fronteiras racionais.333 Mas é certo que um
número muito grande de fatos considerados ocultos seria justificável
por essa ciência, como seus campeões a definem, e até mesmo
que a pratiquem.
De fato, Mesmer, em seu resumo teórico das XXVII Proposições,
como em seus escritos posteriores, esboça um sistema integral do
magnetismo, cuja fórmula, desajeitada e confusa em alguns
aspectos, [433] no entanto, trai a intuição positiva que ele parece ter
tido da doutrina, tradicional no ocultismo, do Aôr universal.
O fluido cósmico banha todas as coisas. — Veículo da vida, é
substância e força ao mesmo tempo; e, por sua dupla polaridade,
consequente à sua dupla natureza, cria, revigora, renova todos os
corpos. — Impulso e resistência, forças centrífugas e centrípetas:
este é o modo binário de sua manifestação. Uma dupla corrente
universal prossegue, reflui e flui: as estrelas se atraem e se repelem;
Daí resulta a gravitação dos orbes. — Este agente é detectado,
particularmente no corpo humano, por propriedades semelhantes às
do ímã (magnetismo). — O sistema nervoso, dócil à Vontade,
armazena-a e distribui-a. — O magnetismo pode ser comunicado a
objetos, vivos ou inanimados, de acordo com as suas respectivas
receptividades. A ação fluídica pode ser exercida a grandes
distâncias, sem intermediário visível. — Esta força pode ser
acumulada, concentrada, transportada. Como a luz, ela é refletida e
multiplicada pelo gelo. — O som propaga-o energizando-o. — Nos
seres vivos, a saúde resulta do equilíbrio fluídico; À medida que o
equilíbrio se rompe, a doença segue. — Pelo efeito da força de
vontade e do uso de passes, o homem pode dissolver acumulações
excessivas; concentrar fluido, onde este veículo da vida está
faltando; para circulá-lo com grandes correntes no corpo... O
homem [434] pode, numa palavra, curar o seu semelhante,
restaurando nele o equilíbrio.
Aqui, singularmente reduzida, mas esclarecida e filtrada, por outro
lado, está a teoria do Dr. Mesmer: sabemos que adições as
descobertas de seus sucessores lhe trouxeram.
Com M. de Puységur, o magnetismo parecia restringir-se aos
limites da terapia: a fase de revivificação pacífica substituiu as crises
e convulsões anteriormente na moda; o famoso balde condensador
de fluidos foi muito vantajosamente substituído pelo olmo
magnetizado da grande praça de Buzancy: centenas de doentes
vinham todos os dias para pendurar nos galhos da árvore secular,
entre cujas raízes pareciam surdez a fonte da juventude... Mas, de
repente, um fenômeno insuspeito ocorre entre os pacientes em
tratamento: o sono magnético! Grande revolução no reino de
Mesmer: advento do sonambulismo. A reboque, todas as maravilhas
da lucidez passam a confundir os cientistas, que acharão mais fácil
ignorar os fatos, o que dispensa explicá-los. "Ignorante", gritou um
deles, "e ignorabimus!" Desde então, tem sido um fogo rolante de
maravilhas. — Faria, com uma única palavra imperiosa, ataca
grupos inteiros de céticos para dormir. Um gesto dele transmuta,
segundo os sujeitos, água pura em deliciosos e variados licores.
Então outros experimentadores percebem a clarividência, a clari-
audiência, a segunda [435] visão, a intuição diagnóstica, unida à dos
remédios apropriados, etc. Consultado em seu sono pelo
magnetizador, o próprio paciente se torna seu próprio médico. —
Hoje em dia, Liébeault e Focachon sucedem por sugestão na
instalação de um vesicatório imaginário; enquanto o Coronel de
Rochas demonstra a exteriorização de camadas sensíveis e a
realidade do fenômeno de repercussão que explica o feitiço. Mas
estamos tocando a fronteira dos fatos atribuíveis apenas ao
magnetismo; com Crookes, nós tivemos. Excedido. Quanto à
surpreendente teoria da Sugestão334, que a escola de Nancy levou
ao extremo [436] e à sua fórmula rigorosa, — seu mecanismo
aparente, tão rigoroso e (pode-se dizer) tão matemático, é bem feito
para satisfazer mentes positivas ao mesmo tempo em que as
confunde; mas a razão de ser oculta, o porquê do fenômeno
sugestivo é profundamente ignorado, daqueles que, com cuidado
estudioso, observaram o como, e induziram a lei, com tanta
sagacidade quanto lógica. [437] Agora, o que está em um terrível
arcano. Não nos deteremos aqui nas observações feitas no volume
anterior, assim como não é apropriado invadir os assuntos do
capítulo que se segue. O Leitor reterá apenas que qualquer
sugestão infligida a um ser pensante e volitivo é equivalente ao
feitiço de uma possessão real, embora limitada em sua tirania; e que
todo sugestioneiro profissional parece um enfeitiçador com
pezinhos, um mal em detalhes, isto é, conscientemente ou não, um
feiticeiro. Ele aliena a alma de seus súditos, povoando-a de larvas,
conceitos vitalizados ou miragens astrais, conforme o caso; Feliz,
quando ele não a dedica a devorar vampiros.
Toda alma pensa; e cada pensamento é em si mesmo uma alma,
infinitesimal; e toda alma, na terra, procura encarnar: esta ainda é
uma das formas da luta pela existência. Que o pensamento emitido
tente, portanto, por persuasão, conquistar seu lugar em cérebros
estrangeiros é seu papel, e nada mais justo. Mas que o pai disso, o
pensamento impõe isso ao cérebro de um ser magicamente
despojado de seu livre arbítrio, o que poderia ser mais pesado para
a responsabilidade moral! É necessário ser suficientemente
autoconfiante, ousar empreendê-lo, não uma vez, em um
determinado caso, após deliberação madura e com vistas a um
resultado capital? mas diariamente, por profissão ou hábito, ou por
mania, e em plena segurança de consciência!... [438]
O fenômeno do fascínio opera pela virtude sugestiva.
Um dia, nos diz Bodin, o famoso feiticeiro Deseschelles335
aconselha o homem de um corajoso padre no meio de seus
paroquianos: "Eis o hipócrita", exclama. Você acha que é um
breviário que ele usa lá, debaixo do braço? Você não está lá, é um
jogo de cartas!... O digno clérigo, para confundir o mau agradável,
exibe um objeto que todo o seu rebanho e ele mesmo o primeiro
reconhecem para um baralho de cartas: para que ele escape, todo
confuso, não sem ter jogado esse objeto profano no chão. Pouco
depois, os transeuntes pegam o chamado baralho de cartas: é de
fato o breviário do sacerdote ... "De que maneira se viu", conclui
Bodin, "que muitas das ações de Sathan são feitas por ilusões". 336
Nossos hipnotizadores da época fariam um jogo de repetição
dessa experiência. Comumente, eles produzem análogos. A forma
externa do objeto em litígio não se alterou; sua verdadeira imagem é
fielmente refletida na retina do sujeito; Mas é o caso de dizer que,
vendo, ele não vê: como percebendo sons, ele não ouviria, se o
experimento se relacionasse a um fenômeno auditivo, em vez de ter
a ver com a função visual. [438]
Então, o que o feiticeiro fez? — Ele evocou a miragem astral de
um baralho de cartas, e impôs essa miragem à imaginação dos
presentes, de modo que a imagem, refletida no translúcido337 dos
espectadores, e sobreposta à do breviário que o olhar normalmente
percebia, a mascarava durante a duração do fenômeno.
Aqui está outro exemplo de fascínio, relatado pelo médico Jean de
Nynauld, (primeiros anos do século XVII). Um mágico, natural de
Neto na Suíça, o Senhor de la Pierre), "... estando no casamento de
um certo cavalheiro, onde havia várias Damas e Donzelas dançando
sozinhas em uma sala separada, pegou um pequeno tambor que ele
guardava para esse fim, e depois tendo se aproximado da porta
para tocá-la suavemente, ao primeiro som dela, as Damas
pensaram que era o som de um riacho que elas viram no momento
saindo da parede, como lhes parecia, qual aumentava ou diminuía
de acordo com o toque forte ou bonito do tambor. Esta vidente, as
Damas, tão encantadas e enfeitiçadas, gradualmente levantaram
suas vestes por medo de molhá-las e, finalmente, o riacho
aumentando cada vez mais, foram obrigadas a levantar e vestir e
camisas até o umbigo: com o que se agradou o dito da Pedra e do
Os espectadores que estavam do lado de fora com ele, fizeram-no
diminuir [440] pouco a pouco, e no final desaparecer
completamente. Pois se ele tivesse continuado a ampliá-la, eles
teriam ficado aterrorizados e talvez fracassando pelo medo de
submergir a si mesmos. "338
Este novo caso de poder fascinatório parece mais complexo do
que o primeiro, (é mais simples, pelo contrário); mas ambos serão
igualmente prováveis, para aqueles que conhecem os fenômenos
da sugestão mental e a potencialidade oculta dos sinais analógicos.
Os iniciados da Doutrina Secreta estão cientes de que, de todas as
modificações fluídicas do Agente Universal, Son339 é talvez o mais
impressionante dos impulsos ocultos; é também um dos mais altos
na hierarquia das forças sencientes. A vontade de um seguidor,
levada a ondulações sonoras de uma certa ordem rítmica, constitui
uma Força inteligente, à qual ninguém resiste, – ou qualquer coisa,
nos mundos astral e material. Ele implanta as virtualidades mais
energéticas e diversas |441] todas juntas: uma verdadeira gama de
aromas matizados.
O som é o melhor e mais flexível veículo da magnésia universal
dos Sábios.
Muitas lendas testemunham isso, onde podemos ver símbolos e
realidades ... A lira de Orfeu encantou as ternas bestas e deu uma
alma sensível às coisas imóveis; às árvores, flexões inclinadas e
harmoniosas. Seus acordes por um momento ressuscitaram
Eurídice?... — Em um nível regulatório, as pedras estimuladas
foram sobrepostas em cadência, aos hinos criativos de Anfião:
assim foi construída a Tebas dórica, os cem portões, a cidade do
mistério.
Nem a adoração oficial nem a magia jamais ignoraram o poder
místico do canto. Ainda hoje, na Índia, é por Mentras cantado a meia
voz que os Faquires obtêm seus fenômenos, tão incríveis para os
europeus. — O iluminado Saint-Joachim usava em suas sessões os
sons dissolvidos da gaita: foi lá que Mesmer teve que tomar
emprestado o uso desse instrumento, quase tão famoso quanto seu
balde, e fisiologicamente mais eficaz, talvez.
Os sinos e sinos de igrejas, capelas e conventos, cuja importância
está diminuindo a cada dia na pompa do culto, desempenharam um
papel crucial na Idade Média. Se examinarmos, à luz do Simbolismo
e da Liturgia, a história dos sinos, e se estudarmos os ritos
tradicionais de sua fundição, batismo e consagração à luz do
Simbolismo e da Liturgia, e se estivermos facilmente convencidos
do caráter altamente oculto das cerimônias que lhes dizem
respeito.340
Para desintegrar as rochas mais duras em poucos segundos, o
cientista americano Keeley construiu um dispositivo portátil, gerador
de sua "força interetérica", e que o som prolongado de um forte
diapasão é suficiente para colocar em atividade.
Em suma, sob o império de uma vontade exercitada, o Som pode
fazer tudo em magia. O som causa êxtase ou convulsões, mata ou
cura. Dispensa bem-estar ou angústia, torna heroico o soldado
medroso ou desmoraliza o mais valente. Integra a matéria em
massas enormes, ou reduz-a em átomos impalpáveis.
Duas palavras do fenômeno relatadas por Nynauld abrirão
horizontes curiosos.
As vibrações do pandeiro, o som imitativo da água jorrando de
uma fonte, e os sussurros e fluxos, substituem, neste caso, a
sugestão da fala, pela sugestão não menos eficaz do sinal
analógico, em conformidade com o pensamento. A própria fala não
parece um sinal de pensamento, um meio de icelle, – abstratamente
mais explícito, mas figurativamente menos expressivo? [443]
A vontade do homem com o pandeiro, sustentada por um sinal
sensível que a representa, evoca na atmosfera astral a miragem
animada de uma fonte viva, e reflete a imagem na translúcida dos
espectadores, sobre os quais antes de tudo o mago assumiu
ascendência. Nossos leitores sabem o que todas essas palavras
expressam; Não há necessidade de voltar a isso.
Aqui estamos diante da teoria dos sinais de sustentação de que
a Vontade humana precisa, para agir fora: teoria complementar à
das assinaturas espontâneas, onde a Natureza, (caída
paralelamente ao homem na dispersão dos submúltiplos adâmicos),
inscreve, de cima para baixo da escala das efígies, a escala de seus
desvios.
No espelho das assinaturas naturais, pode-se estudar a essência
adequada das coisas, surpreender o pensamento que presidiu a sua
concretização. Assim é a lei deste mundo somático, que as
essências só podem se manifestar ali em favor de uma forma
adequada, que sirva de seu envoltório e fiador.
Portanto, segue-se que a essência volitiva do homem, a fim de se
tornar criativo fora de sua prisão corporal, deve ser baseada em um
sinal, analogicamente correspondente à volição proferida.
Consolidada num signo proporcional à sua natureza, e que é a sua
tradução perfeita e símbolo absoluto, a Vontade torna-se Palavra, e
a virtualidade edenal parece-lhe novamente devolvida.
Assim chamamos, deste ponto de vista, a Palavra humana [444]:
uma vontade definida, sustentada por um emblema que a confirma.
"O sinal (diz Eliphas Levi em algum lugar), o sinal expressa a
coisa. — A coisa é a virtude do sinal.
"Há uma correspondência analógica entre o sinal e a coisa
significada.
"Quanto mais perfeito o sinal, mais completa a partida.
"Dizer uma palavra é evocar um pensamento e torná-lo presente.
Nomear Deus, por exemplo, é manifestar Deus.
"A palavra age sobre as almas e as almas reagem sobre os
corpos; Assim, pode-se assustar, consolar, adoecer, curar, até
mesmo matar e ressuscitar com palavras.
"Pronunciar um nome é criar ou chamar um ser.
"No nome está contida a doutrina verbal ou espiritual do próprio
ser.
"Quando a alma evoca um pensamento, o sinal desse pensamento
está inscrito na luz.
"Invocar é adjugar, isto é, jurar por um nome: é fazer um ato de fé
nesse nome, e é comungar com a virtude que ele representa.
"As Palavras são, portanto, por si mesmas, boas e más,
venenosas ou salutares...
"As coisas são para todos o que ele faz nomeando-as. O verbo de
cada um é uma imprecação ou uma oração habitual.
"Falar bem é viver bem. — Um belo estilo é uma auréola de
santidade." 341
A fórmula não poderia ser mais clara e precisa. Eliphas Levi, sem
contestar positivamente o rigor dessa doutrina, observa que ela
desviou alguns Cabalistas supersticiosos [445], que tiraram
conclusões de realismo imediato e grosseiro. Mas o autor do
Dogma e do Ritual não pode esquecer que esses princípios são os
mesmos que forneceram a pedra angular de seu edifício, quando
ele ritualizou a magia cerimonial. Além disso, ele não poderia
construir sobre outros fundamentos.
A doutrina absoluta dos sinais e correspondências da Vontade é a
pedra angular da magia cerimonial. Somos compelidos a
acrescentar – a pedra angular de todos os cultos; uma vez que as
religiões implementam oficialmente a magia cerimonial, com o
objetivo de fazer com que seus seguidores vejam, cheirem e toquem
a Deus. O ritual sacerdotal e o ritual Cabalístico são expressivos de
uma doutrina comum, invariável e única; E no aplicativo, a
identidade dos dois métodos também não deixa nada a desejar.
Em outra de suas obras, Eliphas define Superstição em
profundidade: este substantivo "vem de uma palavra latina que
significa sobreviver. É o sinal que sobrevive ao pensamento; é o
cadáver de uma prática religiosa". 342 "Então, diremos ao Mestre
erudito, não importa que os Cabalistas supersticiosos; isto é,
iniciados da letra morta, tiraram destes princípios eternos falsas
consequências, insultuosas para a Divindade ou repugnantes para a
Razão? A letra mata, e o espírito dá vida... O neófito dos mistérios
deve saber entrar [446] no espírito vivificante do ensino esotérico. —
Fruto da árvore do Bem e do Mal, a Alta Ciência perde aqueles que
não salva. Aqueles que se alimentam da letra morta, por sua vez,
tornar-se-ão o pasto das cascas da luz morta: Kliphôth topylq.
Sempre a lei das correspondências...
Assim, toda coisa espiritual quer ser traduzida aqui embaixo por
sinais, a fim de se tornar transmissível de um ser para outro, para
adquirir sua naturalização para o mundo das efígies.
Antes da queda, a transmissão verbal, de uma Inteligência pura
para outra, era possível de modo essencial e direto. No entanto,
deve-se acreditar que no próprio reino do Éden, pensamento,
volição, o verbo ganhou ao se manifestar externamente: uma vez
que Adão, de acordo com a mitologia Cabalística, encontrou prazer
em objetivar seus conceitos; que, em outras palavras, ele teve o
cuidado de fazê-los produzir fora do símbolo mórfico de sua
essência, e vesti-los com ele!
Mas, sob a lei da natureza decaída, como as Inteligências
aprisionadas na matéria corresponderiam diretamente, pela
comunicação da essência adequada343? Eles usam o sinal, uma
tradução rigorosa e necessária dos pensamentos para a linguagem
das formas. Poderíamos dizer — [447] tradução natural, — uma vez
que cada efluência espiritual é facilmente revestida com seu próprio
símbolo, evoluído do lado de fora.344 Suponha dois amigos que o
Atlântico separa: um vive em Bordeaux, o outro em Nova York. Uma
vez que a comunicação direta é proibida a eles pela distância, como
eles corresponderão materialmente? Sem dúvida, eles escreverão
uns aos outros ou enviarão uns aos outros um despacho: a carta, o
telegrama serão sinais intermediários entre eles. — Da mesma
forma, a matéria isolando as almas humanas umas das outras, eles
se comunicarão colocando um sinal material de seu pensamento;
incorporando-o a um símbolo significativo.
O sinal pode ser transmitido, uma vez fixado, pelo veículo de
fluidos imponderáveis, sobre os quais a Vontade comanda através
do corpo astral ou mediador plástico; então este é exatamente o
mecanismo do telégrafo de Brett e Bain.
Sobre este princípio baseiam-se a Telepatia e todas as artes
similares, a pressa dos escritos e a telegrafia psíquica, como
praticada pelo abade Trithème e seu pupilo Agrippa, como
marcamos em uma nota. Somente o ilustre inventor Édison poderia
nos dizer se a nova descoberta que La Presse uma vez anunciou
também é relevante. Isso é provável. Diz-se que Edison [448]
construiu um instrumento por meio do qual dois amigos separados
por enormes distâncias poderiam corresponder, sem um fio comum.
A mera vontade de um seria suficiente para ativar o aparelho
receptor do outro...
A fala articulada é um sinal; o gesto é um sinal confirmatório da
palavra, e quanto mais esta última parece pictórica, mais
vigorosamente traduz o esforço mental ou volitivo; mais o transmite
eficaz e alcançável.
Por que, nas conjunturas decisivas da vida, quando o homem quer
realizar um ato de consequência, ele se expressa de bom grado em
metáforas amplas, e também sublinha, pela magnitude de seu
gesto, o significado de sua palavra? "Por que ele levanta a mão
diante do crucifixo, para testemunhar no tribunal?" A que instinto
Pôncio Pilatos obedeceu quando, depois de esforços infrutíferos
para salvar a augusta Vítima, insistiu em lavar cerimonialmente as
mãos do precioso sangue que estava prestes a fluir? "Pense no pai
comovido, que, abençoando seu filho no início, sente a necessidade
de colocar as mãos sobre a cabeça. — Lembre-se da pintura de
Creuze A Maldição Paterna: que gesto enfático de desaprovação!
É bom consultar às vezes os clichês da vida e da moral: esses
clichês insuportem, assim como os ares são moídos por algum
órgão odioso da barbárie; Mas quem poderia dizer se tais hábitos
não degeneraram em clichês, proporcionalmente [449] ao seu valor
secreto: como muitas vezes as melodias sofreram a indignação da
caixa de música apenas por causa do próprio charme que as tornou
populares?
Um livro seria escrito sobre a virtude do gesto, como sinal
expressivo de ideias e volições... O pontífice oficiante multiplica
gestos misteriosos e solenes, que contribuem em grande medida
para a magia do sacerdócio: isto é o que em geral ignora demais o
clero, como Musset censura, pela boca de Fortúnio, ao seu perverso
abade Cássio: «O que, confessor, tu sacerdote, tu romano,
Você acha que dizemos uma palavra, fazemos um gesto em vão?
Um gesto, lamentável! Você pode não saber
Que a religião é apenas um gesto, e o sacerdote
Quem, anfitrião na mão, levanta o braço sobre nós,
Um magnetizador santo que é ouvido de joelhos." 345!...
Mas é no que diz respeito à Vontade imperativa e sua virtualidade
criativa que o signo se torna um poderoso auxiliar, seja na Magia ou
na Religião.
Serve, antes de tudo, para especificar a Vontade, para
circunscrevê-la formulando-a.
Uma vez fixado e traduzido, ele ainda serve de suporte para
projetá-lo remotamente, na direção desejada.
Finalmente, serve, e esta é a sua virtude mais elevada, para
energizar o esforço solitário do teor, multiplicando este esforço por
todos aqueles análogos aos amigos das Vontades [350], que fazem
uso do mesmo sinal. O uso inteligente do sinal cria em um instante
a corrente mágica em um círculo determinado, e imediatamente
evoca a Egrégora que governa esta comunhão.
Cobrir-se com o sinal da cruz, por exemplo, é participar nos bens
espirituais de toda a comunidade de crentes, para quem este sinal
tem sido a bandeira da manifestação religiosa, juntamente com o
hieróglifo da redenção e o esquema da doutrina.
Por outro lado, o mago que, encerrando-se no círculo pentacular
de evocações, tem em sua mão a Estrela do Microcosmo, –
comunhão de vontade, ciência e intenção com todos os iniciados,
mortos ou vivos, que usaram o círculo como símbolo da comunhão
adelfal, e confiaram na virtude Cabalística do pentáculo estelar:
dois emblemas clássicos de uma verdade invariável, ao cerimonial
universal da Ciência.
Religiosos ou mágicos, os ritos constituem como um todo
guirlandas de sinais evocativos, sinfonias de emblemas
taumatúrgicos.
É realmente necessário explicar, a esta hora, por que essa
meticulosidade ritualística e essa norma inflexível que rege o arranjo
do Cerimonial? — Sejamos então perdoados por uma comparação
muito profana. Suponhamos que os senhores do santuário tenham
provido a porta do tabernáculo com uma fechadura de segurança,
como nosso povo financeiro afixa em seus cofres. O homem de
[451] Deus sobe ao altar: é tempo de fazer resplandecer o
ostensório da aliança mística nas testas curvadas dos fiéis...
Perguntaremos por que o padre se debruça sobre o cuidado
meticuloso de devolver, letra por letra, a senha que comanda o
cadeado e permitirá que ele seja aberto? Esta é analogicamente
revelada a primeira razão de ser do cerimonial.
Os iniciados de todos os santuários têm apenas uma voz para
justificar o rigor das prescrições a este respeito; E se questionarmos
o espírito dos antigos sacerdócios, isso confirmará neste ponto o
espírito do novo. É um epopta de mistérios pagãos que nos
responderá:
"Nenhum rito religioso deve ser negligenciado; são todas
expressões do que é; todos descem do Céu... Se você
voluntariamente negligenciar um, quem são os que você
negligenciará, quem são os que você manterá? Se você
deliberadamente negligenciar alguém, quem lhe dirá onde parar? Os
antigos diziam que a negligência de algum rito religioso era um
crime inexpiável, porque ataca diretamente o que é, o Céu do qual
emanam.346
"Mas ainda vejo nuvens de filósofos vindo a mim, para me dizer:
por que ritos externos? Não poderia tudo acontecer lá dentro? Não,
porque nem tudo permaneceu dentro do entendimento divino; tudo
se manifestou; tudo deve ser expresso, e devemos ser ativos nas
analogias do Universo: devemos estar com o que é, caso contrário
não seremos incluídos nele.347 Mas talvez, você dirá, [452] esses
ritos nos pareçam meticulosos? Infelizmente! Eu entendo, vocês são
tão grandes homens! No entanto, esses ritos são a expressão do
que é; esses ritos são aqueles que foram escrupulosamente
praticados pelos maiores heróis — pelo Heitor, o Enéias; pelos
maiores filósofos, Platão, Cícero, Xenofonte, Plutarco: já que você é
diferente desses grandes homens, o que também concordamos,
peça aos Deuses ritos que se adequam à sua grandeza. Filosofistas
vaidosos, vós cuja vaidade e desejo de se distinguir é vida; uma
nação frívola e obstinada, pois reconciliais extremos; Vós sois
apenas filósofos vãos, e eu sou um profeta que vos fala das coisas
divinas: como podemos dar-nos bem?... Poço! Uma vez que vocês
são tão bons raciocinadores, eu só tenho uma palavra para lhes
dizer. Além do que é, nada é; fora do Um, nada existe, e deste ponto
de vista você não existe mais348." [453]
Queríamos citar esta passagem muito curiosa, apesar de seu
estilo desarticulado; mas tenhamos cuidado para não tomar a sua
doutrina ao pé da letra.
É verdade, e de uma verdade impressionante, só ouvida em sua
mente geral. Aplicada exclusivamente aos ritos do paganismo
romano, como Quantius Aucler talvez a entendesse (um mistagogo
um tanto fanático, apesar de sua grande erudição), essa doutrina
seria até bastante errônea...
As cerimônias são baseadas na essência da adoração, e nada as
substitui, por causa da debilidade mental da multidão, em todos os
momentos incapaz de atingir o auge do misticismo abstrato. Não há
religião sem ritos. Pode-se dizer que, seu conjunto [454]
constituindo a guirlanda de transmissão efetiva, omitir um único é,
de certa forma, quebrar a cadeia de ouro que liga a Terra ao Céu.
O mesmo pode ser dito, em alguns aspectos, do cerimonial
mágico, onde o neófito acima de tudo deve se amarrar
escrupulosamente.
Mas não se engane: todas essas regras ritualísticas são
promovidas apenas para a humanidade média e por causa de sua
natureza imperfeita. O que deixa claro é a virtude real atribuível a
vários simbolismos, e a possível eficácia de diferentes e até
contraditórios cultos na forma. Que se a prática meticulosa das
cerimônias fosse de absoluta necessidade para todos, poderia haver
apenas um simbolismo efetivo e um culto efetivo: pois o Absoluto é
a unidade, e somente o Relativo compreende o múltiplo e o diverso.
É importante entender isso. Sem a queda, o uso do sinal externo
não seria indispensável para que as inteligências correspondessem.
Os Regenerados são livres para se libertarem dela: os Yoghis não
precisam, mesmo aqui embaixo, do signo material para se fazerem
entender uns pelos outros. O homem sábio não se importa com ritos
para mergulhar nos oceanos da Essência divina, nem cerimonial
para implantar sua atividade nos planos superiores da vida espiritual
e celestial.
Se a Magia finalmente inclui um cerimonial necessário, o motivo
está na imperfeição dos seres sobre os quais a ação mágica deve
ser exercida. Os pensamentos [455] e as volições do Mago são
compelidos a assumir um corpo sensível e a confiar em sinais
sensíveis, a fim de adquirir o direito de cidadania e magistratura no
mundo inferior, onde vivem aqueles homens sobre os quais o mago
quer agir. Pois é necessário, de acordo com o famoso ditado dos
Cabalistas, que o espírito se vista para descer, pois será necessário
que ele se despisse para ascender.
Dito isto, é mais fácil entender que o discípulo da Ciência pode
simplificar os ritos, à medida que sobe a escada luminosa, e que
seu objetivo mágico se eleva com seu esforço. No entanto, por mais
alto que ele se eleve, o iniciado nunca repudiará o uso de certos
sinais – mesmo o uso cabalístico de pentáculos, esses esquemas
de toda uma síntese doutrinária. Eles são símbolos de um esplendor
e virtude demasiado supremos, para que nos resignemos a
desdenhá-los desta forma.
Paracelso, um grande Mestre, reduziu os sinais essenciais da
magia a dois governantes de pentáculo, as Estrelas do Macrocosmo
e do Microcosmo, mais conhecidas como o Pentagrama e o Selo de
Salomão. Veja que descrição meticulosa ele dá ao discurso da
Filosofia Oculta, É uma página curiosa e que seremos gratos em
traduzir; pois deste tratado do famoso Teosófico, ainda não há, até
onde sabemos, nenhuma versão francesa.
"Há (diz Paracelso) dois pentáculos principais, [456] caracteres,
selos e que prevalecem sobre todos os outros hieróglifos.
"Imagine dois triângulos entrecruzados, de modo que o espaço
interior seja dividido em sete frações, e os seis ângulos se projetem
para fora. Nestes seis cantos, as seis letras do nome divino ADONAI
estão inscritas na ordem correta. Tanto para o primeiro pentáculo. —
O outro excede-o em muito; Suas virtudes e eficiência
surpreendente lhe renderam uma classificação mais sublime. É
composto da seguinte forma: três ângulos ou ganchos se cruzam e
se complicam; O espaço interior é dividido em seis partes, e cinco
ângulos se projetam para fora. Nestes cinco ângulos, as cinco
sílabas do mais ilustre e eminente nome divino TE- são traçadas e
distribuídas na ordem desejada.
TRA-GRAM-MA-TON
"Os Cabalistas e Nigromans judeus realizaram muito em virtude
desses dois personagens. Assim, mais de um deles faz deles hoje o
maior caso e os preserva cuidadosamente em segredo." 349 [457]
Pouparemos aos nossos leitores já iniciados a conhecida análise
desses hieróglifos primordiais. Um comentário aqui seria quase uma
impertinência. Basta recordar que a estrela luminosa do
Macrocosmo é o símbolo absoluto do dogma universal de Hermes:
Quod superius, sicut est quod inferius, e vice-versa; enquanto a
estrela flamejante do Microcosmo, de que falamos acima350,
constitui o emblema perfeito do mistério que é o corolário do grande
Arcano, divino e humano: Inconsciente e Vontade. Queda e
Reintegração, Provação e Bem-aventurança; Deus fazendo-se
homem, para que o homem, por sua vez, se torne Deus; A morte
física, enfim, um motivo discordante que prelúdio o concerto da vida
eterna...
O que explica um pouco a maravilhosa virtude que esses
pentáculos adquirem na mão de um adepto é que expressiva, desde
tempos imemoriais, da dominação que o Mago exerce sobre os
espíritos elementais e sobre outras raças dos Reinos do Invisível,
tais personagens constituem como os sinais acordados do mestre
encarnado para seus servos do submundo. Variadamente eficaz, de
acordo com as instruções e a vontade do magiste, o aparecimento
desses diagramas pode levar entusiasmo, ou terror, ou amor, entre
as falanges turbulentas do Astral; especialmente quando o
experimentador teve o cuidado de "precipitar a imagem" [458] na
segunda atmosfera: ou consumindo, no altar dos perfumes, o
pergaminho onde esses sinais foram traçados (não com tinta, mas
com as substâncias necessárias); ou fazendo o esboço ígneo
desses pentáculos, por meio da máquina de Holtz (ou de uma
bobina de indução forte), sobre uma placa de vidro pontuada por
finos cortes metálicos, aos quais a faísca se une saltando de um
para o outro351. O instrumento utilizado para este fim é uma
reminiscência da placa mágica ou telha fulminante de nossos
laboratórios.
A estrela do Macrocosmo é assim permanentemente eletrificada,
de modo que brilha com a majestade calma da Ordem Universal da
qual é o emblema; — a estrela microcósmica, por outro lado, deve
deslumbrar-se por súbitas intermitências, como o relâmpago de
Elohim ou o verbo devorador de Miguel: por isso é eletrificada por.
"Ignescunt signa deorum", diziam os antigos seguidores... O
homem liberto é um deus, eclipsado na escuridão corporal; mas
quando a sua vontade deslumbra lá fora, os espíritos elementais
obedecem tremendo...
Paracelso, além disso, apesar de sua predileção pelos dois signos
que são como a síntese radical [459] dos outros, não os
negligenciou, especialmente em questões de medicina oculta. Seus
sete livros dos Arcodóxes Mágicos352 apresentam uma série
interminável de personagens quase ininteligíveis à primeira vista, e
que se decifra apenas por força da paciência, e com a condição de
conhecer bem a virada mental desse homem estranho, e seus
caprichos de abreviaturas. Cada um desses pentáculos constitui um
amuleto, para preservar ou curar esta ou aquela doença. É um sinal,
tanto de direção quanto de apoio, onde, como em uma cidadela
inexpugnável a inteligências profanas, ele incluiu tal vontade
curativa, circunscrita e energizada por sua correspondência com os
impulsos astrológicos de virtude semelhante, que o signo resume
abreviado, em sua concisão monogramática.
O arcano do qual depende a eficácia dos pentáculos, amuletos e
talismãs não é outro.
Tomemos por exemplo uma medalha talismânica do sol353. — A
influência celeste é evocada de duas maneiras [460]: no modo
passivo, pela escolha do ouro, pelo metal correspondente ao sol, e
receptivo aos seus raios ocultos; em modo ativo, afixando as figuras
astrológicas que o operador enterra lá. O pensamento do magistão
faz parte da escolha e arranjo dos personagens; Sua vontade é
suciliada no metal pelo esforço material da gravura, que ele mesmo
deve executar. Finalmente, os dois Poderes geradores do talismã, o
impulso astral e a vontade humana, celebram sua união secreta na
cerimônia de consagração, realizada pelo magista, na hora
astrológica desejada, com a ajuda dos elementais e gênios
planetários invocados.
Quase sempre o fabricante do talismã, [461] amuleto ou pentáculo
não é o inventor primário; Nesse caso, para obter um resultado
efetivo, o pensamento e a vontade potenciais do inventor (já ligados
ao hieróglifo astral) devem agir, reagidos pela intenção e vontade
consistentes do magiste, que, retirando de um modelo antigo uma
nova cópia, consagra este último para seu uso354.
A virtude secreta atribuída muito antiga a Camaïeux ou talismãs
naturais, marca a provável origem dos talismãs criados pelo artifício
humano, e atingiu o selo da vontade humana. Em tudo, e
especialmente na magia, a Natureza sempre foi a mestra do
homem.
Essas longas dissertações que acabamos de ler, tanto sobre a
origem das assinaturas físicas, quanto sobre a virtude dos sinais de
apoio, tornam possível compreender o uso mágico da Vontade, seja
no bem ou no mal. Pois, não nos cansamos de repeti-la, a Magia
nada mais é do que o exercício do poder criativo, recuperado desta
vida terrena; [462] E se o homem, tendo recuperado esta
prerrogativa, pode exercê-la aqui na terra, é por magia cerimonial,
cujo simbolismo se baseia na ciência das assinaturas, e cuja prática
exige, como condição primordial, o uso do sinal de apoio.
Não há limite, então, por assim dizer, para a realeza que a Vontade
humana pode estender no plano material.
Assim, podemos ver o adepto treinado produzir a partir do zero
corpos sencientes, pela objetivação da substância universal, que ele
terá especificado em um material e moldado em uma forma
igualmente desejada por ele. A primeira condição de tal fenômeno é,
para o milagreiro, imaginar claramente o objeto que deseja obter;
então, estando a imagem bem evoluída em seu pensamento, a
segunda condição será saber compactar a luz astral no modo
desejado, na forma evocada cerebralmente, – que estará toda junta,
e o sinal de apoio da Vontade criativa, e o padrão ideal do objeto
criado.
Este tour de force oculto raramente é observado, seja que os
milagreiros capazes de ter sucesso são eles mesmos bastante
raros, ou por qualquer outra razão. Também podemos considerar
esse fenômeno como o máximo do poder mágico.
Por outro lado, é aberto ao mago desintegrar qualquer objeto
material, reduzindo a matéria [463] que o compõe à unidade da
substância radical, e não diferenciada.
Também pode tornar o objeto invisível, "eterizando-o". Nesse
estado, a matéria passa facilmente pela matéria, mesmo que isso
signifique retomar sua aparência concreta e impenetrável, assim
que o Agente Universal que a roubou deixa de ser aplicado a ela.
Este é o fenômeno que ocorre em torno de certos médiuns, através
do ministério dos Elementais, cujo poder sobre o Astral é tão
grande. Um vaso de flores, colocado sobre uma mesa, de repente
desapareceu. aos olhos dos assistentes que não perderam de vista
por um segundo; Então, no mesmo momento, o barulho é ouvido
sob a mesa, com um leve choque contra o parquet: é o vaso que, na
fase de eterização, atravessou os poros da madeira, e que é
imediatamente restaurado do zero, em sua forma primitiva e
matéria.
O que o médium obtém com a ajuda dos Invisíveis evoluindo em
seu nimbus, o Adepto pode alcançar, seja pela mesma forma, seja
pela aplicação pura e simples ao objeto da Luz astral vermelha,
Aôd, cuja vontade dirige a virtude expansiva e dilatadora.
A ação da vontade sobre fluidos imponderáveis: resulta em um
grande número de fenômenos prodigiosos, que não teremos o
cuidado de detalhar todos, seu mecanismo oculto dificilmente muda.
Tais são as contribuições de objetos materiais, esses "buquês" de
rigor, no final de qualquer sessão espiritualista um tanto bem-
sucedida [464]. A contribuição é geralmente feita de forma invisível;
ou seja, o objeto sofre, durante o transporte, a metamorfose
molecular da eterização, até o ponto de chegada onde se torna
visível novamente, o Agente astral deixando de ser aplicado a ele.
Enquanto essa força atua sobre os corpos, eles são reduzidos ao
estado de formas fluídicas, imponderáveis: não importa na
aparência dura e compacta, que se torna, graças aos seus poros
invisíveis, permeável à matéria sutil por um tempo. O próprio metal
passa através do metal. Finalmente, — uma maravilha que mal é
concebida, mas que se verifica pela experiência — os corpos
organizados e vivos desintegram-se e, assim, reintegram-se, sem
sofrerem a menor alteração; Um buquê de flores recém-colhidas é
reabastecido em todo o seu frescor, com uma gota de orvalho puro
no oco de cada corola!...
Testemunhas credíveis afirmam ter visto o médium de carne e
osso Dunglas Home derreter e desaparecer no limiar de uma porta
fechada; momentos depois, eles levantariam o experimentador
imprudente do outro lado da porta, profundamente desmaiado, mas
sem um arranhão ou mesmo uma contusão. Agora, que os tecidos
vivos e delicados, constitutivos do corpo humano, são reintegrados
desta forma depois de terem subitamente se desintegrado, e que
nenhum dano resulta disso, a coisa já é muito difícil de conceber;
Mas que um homem sobreviva a tal provação, que o sangue circule
novamente [465] normalmente, que cada órgão retome
imediatamente sua função habitual, isso, declaramos, parece-nos
ultrapassar os limites da inteligência e desafiar a razão. E, no
entanto, é.
Quantos fenômenos, além disso, bem observados pelos cientistas,
trazem à inteligência e à razão desafios tão formidáveis? Vamos
alegar, de boa-fé, entender o mecanismo da geração espontânea?
Explique-o, podemos tentar; mas entenda!... E quando a visão
mental é levada aos limites sagrados do tempo e do espaço: esta
concepção da eternidade, por um lado, que, abaixo e para além do
momento presente, parece criar dois infinitos; por outro lado, esse
fato universal da vida na vida, que se afirma e é observado de cima
para baixo da escala dos seres, e do círculo concêntrico para o
círculo menor, até o átomo (reduzido talvez ao ponto geométrico,
isto é, a não existir!) Estão lá tanto. de mistérios, repulsando a lógica
e a compreensão humanas?... Nunca nos apressemos demais, em
questões fenomenais, a clamar pelo impossível, pelo absurdo. O
impossível nos senta, o absurdo nos abraça; e a razão do homem,
quando quer controlar tudo por A+B, é então mais cruelmente vítima
do inexplicável; pois o absurdo uma vez a investiu, e agora está
nela.
A contribuição mágica também pode ser realizada visivelmente,
seja pela exteriorização parcial do corpo astral, ou pelo ofício dos
Elementais. [466]
Fabre d'Olivet, em quem a ciência foi acoplada a um considerável
treinamento mágico, gostava de tais experimentos. O imperador
Napoleão, seu inimigo pessoal, havia assegurado que nenhuma
mensagem do teosofista chegasse ao seu gabinete nas Tulherias. O
autor dos Versos Dourados de Pitágoras, tendo interesse, no
momento da publicação desta obra-prima, em forçar o bloqueio, foi
ele mesmo, em corpo astral, levar uma carta ao Imperador.
Napoleão pensou que a instrução tinha sido violada e ficou muito
zangado; Mas ele nunca poderia descobrir o culpado. Uma alusão a
este fato curioso é encontrada na segunda impressão das Notions
sur le sens de l'ouïe355 (1819, in-8°). — Este panfleto, publicado
pela primeira vez em 1811, sob este título: Healing Rodolphe Grivel,
relata e comenta seis curas de surdos e mudos desde o nascimento,
operadas pelo autor, de acordo com os processos dos Magos do
Egito, cuja ciência Moisés se condensou nos dez capítulos do
Sepher. Todas as exposições desejáveis seguem o texto principal:
elas não podem deixar dúvidas sobre a realidade dessas curas
mágicas.
D'Olivet os havia assumido no desafio de M. de Montalivet, [467]
então ministro do Império, que havia colocado o magistão em alerta
para justificar, por algum fenômeno decisivo, a ciência que ele
afirmava estar incluída apenas em Berœshith. A impressão, às
custas do Estado, da grande obra que não viu a luz do dia até 1815,
restaurada a língua hebraica, seria o troféu da vitória. Um prefácio
adicionado à edição de 1819, Notions sur le sens de l'ouïe, relata os
detalhes desta aventura picante. — Lemos também, na nota
biográfica mais completa que conhecemos do Fabre d'Olivet, estas
linhas significativas: "Ele atribuiu uma fé tão grande ao poder da
Vontade, que assegurou que muitas vezes tinha tirado um volume
da sua biblioteca, colocando-se à sua frente, e imaginando
fortemente que tinha o autor diante dos seus olhos. Isso, diz ele,
muitas vezes aconteceu com ele com Diderot." 356 Citamos sem
comentários esta alegação, certamente verdadeira para a
substância das coisas, embora provavelmente incorreta nos termos
que transcrevemos ...
A levitação, ou movimento visível e suspensão aérea de objetos,
pelo ato de neutralizar sua gravidade, é obtida pela contenção de
Hereb, o princípio da força centrípeta.
Conhecemos as famosas experiências de Daniel Dunglas Home,
erguendo-se sem apoio até ao tecto [468] da sala onde deu as suas
sessões. O médium Eglington uma vez renovou (1887), à la Gour de
Russie, o mesmo prodígio, entre muitos outros. Tomamos
emprestadas algumas linhas do relato muito detalhado e certamente
sincero que ele mesmo publicou naquela época.
"A imperatriz sentou-se à minha esquerda, a grã-duquesa de
Oldemburgo. À esquerda da imperatriz, o grão-duque de
Oldemburgo, depois o czar, a grã-duquesa Sérgio, o grão-duque
Vladimir, o general Richter, o príncipe Alexandre de Oldemburgo e o
grão-duque Sérgio. Apertamos nossas mãos, a Imperatriz segurou
as minhas com força, e então as luzes foram apagadas.
Imediatamente, as manifestações começaram; o mais marcante foi
uma voz que se dirigiu à Imperatriz, e com quem ela conversou por
alguns minutos... Uma forma de mulher materializou-se entre o
grão-duque Sérgio e a princesa de Oldemburgo, mas ela ficou
apenas um momento e desapareceu. Não menciono os fenômenos
menos importantes, tão familiares aos espíritas; Vou apenas dizer
que uma enorme caixa de música, pesando pelo menos 40 libras, foi
carregada ao redor do círculo, até que pousou na mão do
Imperador, que então pediu que ela fosse removida, o que foi feito
imediatamente. Enquanto isso, os muitos anéis que cobriam os
dedos da Imperatriz estavam afundando em minha carne, então eu
tive que implorar a ela para não apertar minha mão com tanta força.
Comecei a subir no ar; a Imperatriz e a Princesa de Oldemburgo me
seguiram. A confusão tornou-se indescritível, à medida que eu subia
cada vez mais alto, e meus vizinhos subiam o melhor que podiam
em cadeiras. Não era nada favorável ao equilíbrio mental do
médium saber que uma imperatriz estava envolvida em uma
ginástica tão tola e que ela poderia se machucar; e nunca deixei de
pedir, todos [469] quando me levantei no ar, que me fosse permitido
terminar a sessão. Foi em vão, e continuei a levantar-me até que, no
final, os meus pés se viram em contacto com dois ombros sobre os
quais permaneci, e que por acaso eram os do Imperador e do Grão-
Duque de Oldemburgo. Como uma pessoa maliciosamente
comentou depois: "Foi a primeira vez que o imperador da Rússia
estava sob os pés de alguém!" Quando desci as escadas, a sessão
terminou.....
(Segue a narração de outros fenômenos).
«... O Imperador levantou-se de seu assento e, apertando minha
mão com força, disse-me: "Tudo isso é realmente extraordinário e
agradeço-lhe por ter sido a ocasião de me mostrar essas
manifestações..." Eu acrescentaria que, antes de deixar a Rússia,
recebi dois pares de solitários de diamante e safira, que uso em
memória dos eventos que acabei de contar, e por causa da honra
atribuída a eles. " 357
Não é incomum testemunhar experiências semelhantes na Índia.
Esses fenômenos que nossos médiuns às vezes sucedem com a
ajuda dos Elementais, Faquires e Yoghis os realizam, seja
garantindo os mesmos auxiliares, seja pela ação direta da vontade
sobre o Akasa. É justo observar, no entanto, que vários desses
milagreiros hindus afirmam recorrer à assistência dos Pitris, ou das
almas de seus ancestrais. Muitos viajantes foram capazes de
verificar este surpreendente prodígio de elevação sem apoio. M.
Louis Jacolliot, que foi durante muito tempo magistrado em nossas
possessões francesas da Índia, publicou um livro de mais [470]
curioso no qual relata, entre outras maravilhas realizadas pelos
Fakirs, aquele fenômeno, tão raro no Ocidente, da auto-
levitação358.
Teríamos muito a fazer, se tivéssemos que buscar o uso mágico da
Vontade onde quer que ela desempenhe um papel, uma vez que
não há trabalho, nem luz nem escuridão, onde ela não intervenha:
às vezes para exercer seu império (à medida que os seguidores
procedem), e às vezes para abdicar dele em favor das Larvas e do
Lêmure (dos quais o feiticeiro finalmente se torna escravo).
Por outro lado, nossa intenção não é de forma alguma dissecar as
más obras pelo cardápio, nem enriquecer o Ritual do Mal com
glosas, de modo a tornar sua prática mais fácil ou menos perigosa.
Se encontrarmos neste volume, como no anterior, a análise de
certas maldições, a propomos apenas como um exemplo de leis
ocultas, apreendidas no local de sua aplicação; não como um
comentário cerimonial, oferecendo armas a serviço de paixões
culpadas ou curiosidades malignas.
A Justiça imanente das coisas decreta e executa a partir daqui a
seguir a sentença do malfeitor. A norma do choque em troca, quase
impossível para ele escapar, o atingirá nesta terra, sem prejuízo
[471] dos abomináveis horizontes cármicos cujo ciclo póstumo ele
abre. O feiticeiro não desconhece isso: a certeza de um presente
miserável e o pressentimento de um futuro sinistro, há um freio
salutar aqui. Deus nos proíba de enfraquecê-lo!
Este ficaria desapontado, que perguntaria à nossa Chave da
Magia Negra maneiras práticas de prejudicar os outros, minimizando
os riscos para si mesmos. Aqueles que sabem nos testemunharão
que, nos detalhes das operações mais perversas mencionadas
neste livro, cuidamos, sem omitir nada do que é necessário à
inteligência doutrinária, de sempre negligenciar a indicação de
algum processo prático, provavelmente para garantir o sucesso
experimental, ou para eliminar seu perigo, em benefício do
operador.
Nos homens comuns, as paixões animicas são intensas o
suficiente para reagir à vontade e torná-la magicamente eficaz.
Nada é mais frequente, de um indivíduo para outro, ou de um grupo
humano para uma comunidade, amiga ou rival, do que benevolente
ou hostil, expresso ou tácito, na forma de bênçãos, anátemas,
desejos, imprecações, etc.
Se bastasse levantar o dedo para o céu para atacar o inimigo à
distância, ver-se-ia muitas mortes súbitas. Não esquecemos a
hipótese caprichosa de um filósofo do século passado, talvez Jean-
Jacques: ele supõe que um simples gesto, executado por Paulo,
com todas as portas fechadas, no fundo de seu gabinete [472], tem
a virtude de fazer com que um mandarim muito, rico morresse nos
antípodas, cuja herança é adquirida por Paulo, sem que ninguém
jamais suspeitasse da causa dessa morte359 . Quantas pessoas
civilizadas, conclui o sofista, repudiariam tal tentação? Quem
ousaria, em tal caso, responder por sua prud'homie?... Temos uma
opinião melhor da maioria dos seres humanos. Mas descartar esse
motivo ignóbil de ganância que motiva um assassinato covarde,
permaneceria o ódio, a inveja, a raiva, o ciúme do amor, todas as
paixões muito capazes de levar a Vontade ao ponto do crime, como
vemos todos os dias. Um cálculo frio decidiria as naturezas
malignas a se vingarem assim, sem risco; Algumas naturezas
generosas até passariam por treinamento no crime, em um primeiro
movimento de indignação, fúria ou despeito.
Herança e impunidade à parte, o mal pode tornar uma realidade
terrível a hipótese louca do mandarim [473]. Esta é mais uma coisa
que foi profundamente ignorada, com Rousseau, por todos aqueles
"gênios universais do
Século XVIII", coringas de superfícies filosóficas e morais, a quem
tantas vezes se punha a bela sagacidade, a ironia fácil ou o
eloquente paradoxo da ciência e da consciência.
Vamos supor a possibilidade da maldição universalmente aceita,
como pode ser no final do século XX. Desta convicção para o teste
curioso, depois para o teste lucrativo, sem dúvida para o maior
número não seria muito longe. Espontânea ou premeditada, a
intenção não faltaria; É o detalhe prático, o processo imediato que
faltaria em muitos homens, para exercer magia negra.
Não que uma grande ciência seja necessária, mesmo que receitas
perigosas não permaneçam nos grimórios populares, ao alcance de
todos – a malícia humana, a intuição perversa, a engenhosidade do
ódio e da inveja seriam suficientes para compensar isso.
Infelizmente, ao capricho dos maus, para eles a luta corpo a corpo
oculta não está isenta de risco de correr: é, portanto, do escudo que
eles estariam em apuros, muito mais do que a lança ou a adaga. O
privilégio da impunidade imediata, o meio prático e certamente
eficaz de evitar o perigo, é o que os grimórios dificilmente fornecem,
e o que somente os seguidores da ciência poderiam garantir ao
malfeitor. Mas estes não vão falar. Que a formidável lei do choque
em troca permaneça suspensa [474] sobre aqueles que querem
fazer o mal, como a espada em Dâmocles!
Quanto à teoria geral, é o mesmo que o trabalho seja feito pelo
mago, pelo feiticeiro ou pelo milagreiro sacerdotal. A intenção por si
só varia, e a decoração, e os acessórios prescritos; Mas a
substância da questão não pode mudar. Em qualquer operação
mágica, a vontade do homem, expressa por um signo que serve
tanto de fórmula quanto de suporte, atua sobre fluidos
imponderáveis ou sobre os Invisíveis, em favor do mediador plástico
ou do corpo astral.
A Vontade no Bem é quase sempre exercida coletivamente,
porque a divisão, o isolamento, o limite, constituem de certa forma a
própria essência do Mal; isto é, as qualidades acima mencionadas
sendo privadas, que o Mal é desprovido de essência real.
No mal, o indivíduo Will muitas vezes tenta agir isoladamente; mas
esta Vontade também é exercida coletivamente.
Portanto, devemos confiar na Egrégora, como explicamos no
capítulo anterior. A Egrégora tem uma vontade própria; explora e
utiliza, sem consultá-los, as individualidades do seu grupo; "Ele
brinca com suas dores ou alegrias, e faz malabarismos com suas
vidas por seu capricho; mas, em troca, essas minúsculas vontades
individuais podem [475] evocar a Egrégora e usá-la. —
Solidariedade mágica e reversibilidade.
É necessário revisitar nossos ensinamentos anteriores? —
Recordemos então que as grandes correntes de virtude ou
perversidade, fanatismo ou fé, das quais uma corrente mágica mais
ou menos artisticamente esticada é sempre a pilha geradora, são
governadas pelas Dominações coletivas do Invisível, esses anjos do
Céu humano.
Destes arcanos aponta a criação das grandes religiões, bem como
a gênese das associações obscuras.
Os verbos criativos: bênçãos, anátemas, tiram deles sua força e
eficácia. Abençoa-se e condena-se apenas em nome de algum
Princípio e, consequentemente, de algum Poder, uma tradução viva
do Princípio abstrato. Por esses atos solenes, finalmente, a proteção
e a vingança da Egrégora, reitora da Coletividade em cujo nome se
pronuncia, está ligada àquele que é o objeto delas.
A excomunhão é, ao pé da letra, o ato de expulsar um homem do
grupo vivo do qual ele participava até então: comunhão de santos
ou comunhão de pervertidos. É a eliminação de uma célula
animada, fora do organismo ao qual estava ligada. A analogia está
correta; pois, se as Igrejas e as Associações ocultistas ainda
possuíam a seiva e a virtualidade de sua juventude; se a Egrégora
que constitui as suas almas não se bastardasse ou se civilizasse a
longo prazo, enquanto o seu corpo social [476] se debilita para
dormir na necrópole da letra morta, a excomunhão ainda seria,
como foi, uma pena capital, com mais ou menos pouco atraso.
Tantos exemplos poderiam ser citados, que é melhor ficar quieto!...
A pessoa excomungada de qualquer comunidade, ansiosa por
afastar o verbo de desaprovação que pesa sobre ela, não deve
permanecer em isolamento. É apropriado, ou que ele se reconcilie
imediatamente com seus irmãos, se for admitido a trégua; Caso
contrário: ou quando, em seu coração, ele considera prejudicial o
trabalho para o qual ele pensava que tinha até então colaborado
prejudicial, torna-se urgente que ele se afiliasse, de fato ou intenção,
a um grupo, se não positivamente hostil ao primeiro, pelo menos ao
outro.
O indivíduo que enfrenta, isolado, um Poder coletivo oposto, será
fatalmente quebrado, ou convertido, em uma palavra, derrotado.
É para removê-lo das correntes das vontades opostas, e permitir
que ele desafie o poder dos Coletivos que os governam, que Magia
ordena que o operador se encaixe em um círculo, com os hieróglifos
de sua religião gravados em torno deles. Esses círculos,
verdadeiras fortalezas pentaculares, simbolizam a comunhão
espiritual da qual ele faz parte, e a proteção efetiva que sua adesão
à palavra coletiva lhe merece. Sempre o sinal de apoio da Vontade!
Se souber tirar proveito dela, o ocultista cem vezes a sua força,
multiplicando-a pela de todos os seus [447] adelphes vivos; e até,
como dissemos acima, pode evocar a Egrégora que governa a
coletividade, e cobrir-se com sua égide.
O Barão de Gleichen, cujas Memórias póstumas são tão preciosas
para a história do esoterismo no século XVIII, conta um fato muito
significativo, que ficaremos muito felizes em nos ver registrados em
apoio às nossas declarações. Ele toma o relato da boca do Sieur de
la Chevallerie, o próprio personagem da aventura. Os leitores do
livro bem documentado de Papus sobre o Iluminismo na França360
estão cientes de como Martinès de Pasqually prescreveu a seus
discípulos que se desfizessem de suas evocações. Lembremos, em
duas palavras, que cada neófito "trabalhava" sozinho, em um
segmento ou quarto de círculo traçado no Oriente, com misteriosos
monogramas inscritos e velas acesas nos cantos. No lado oposto
ocidental havia um círculo maior, chamado de Círculo de Retiro,
que simbolizava o Mestre ausente e o Poder Supremo do 361. As
obras mágicas da Ordem consistiam principalmente de COISA.
lutas teimosas contra as forças inversivas dos círculos malignos.
Essas batalhas foram travadas [478] nos solstícios e equinócios.362
Ora, aconteceu que um dia, a Cavalaria, contrariando as prescrições
da Escola, queria realizar os ritos sagrados, apesar de uma
contaminação recentemente contratada. [479]
Foi imprudente; Ele logo se arrependeu disso. Assim que ele se
envolveu na luta, em seu quarto de círculo, ele sentiu a vida fluir de
seu coração, e uma angústia mortal invadi-lo e abraçá-lo. A força de
seus oponentes o dominou, ele estava prestes a sucumbir. De
repente, uma súbita inalação apareceu nele, e ele encontrou a força
para correr para o círculo de retirada. Assim que ele estava lá, uma
reação salutar ocorreu: seu coração começou a bater novamente, a
consciência foi restaurada a ele com vida. Ao mesmo tempo, uma
deliciosa sensação de calor úmido e perfumado envolvia-o como um
banho... [480]
O perigo tinha passado... Poucos dias depois, Martines escreveu a
seu discípulo que ele estava cuidando dele de longe, e o ajudara em
sua aflição, instruindo-o a lançar-se assim "no grande círculo do
Poder Supremo". 363
O uso do círculo mágico é indicado sempre que se confronta a
raiva ou o ódio coletivo e se expõe à reprovação de um Poder
constituído364.
O aforismo burguês que não deve ser combatido não é tão ridículo
quanto alguém seria tentado a acreditar. A Vontade ativa determina
no plano astral correntes fluídicas avaliáveis, por assim dizer, em
volts e amperes: também, – magicamente falando, – uma vontade
isolada, por mais enérgica que seja, não desafia sem risco um feixe
de vontades hostis, agrupadas com inteligência e dirigidas de
acordo com a norma cuja fórmula dissemos. A vontade humana é
um poder formidável; mas é de sua natureza dividir-se facilmente:
então ele se opõe voluntariamente a si mesmo, enquanto ainda
acredita que está agindo em uma única direção. Isto é o que
acontece às vezes em acordos para o bem, sempre e quase
imediatamente em coalizões para o mal.
Isto leva-nos de volta, como o [481] Leitor sem dúvida
compreendeu, ao mistério da cadeia simpática. Quando uma
confluência de Vontades unânimes produz apenas resultados
fracos, e não derrota uma Vontade isolada, é porque os elementos
da bateria humana estão anormalmente organizados. A corrente
está mal esticada: é como se, ao preparar as baterias elétricas de
Daniel, o menino do laboratório conectasse os zincos aos zincos e
os cobres ao latão, em vez de alternar, de acordo com a regra.
Neste caso, as correntes neutralizando-se umas às outras, o
resultado é zero.
Quando, inversamente, os múltiplos Vouloirs, corretamente
dispostos em uma cadeia de impulsos, atingem seu rendimento
máximo, o ser isolado que quer enfrentá-los não tem outro recurso
senão entrar virtualmente em outra cadeia: ou ele se fecha, se
quiser lutar, em uma cidadela oculta (o círculo); ou em modo
passivo, e se basta para ele garantir-se a si mesmo, que confia na
virtude de outros sinais, igualmente expressivos dos Poderes
Coletivosami, como os pentáculos, os talismãs, os ritos
sacramentais, etc.
A grande excomunhão, como pronunciada no catolicismo, é muito
parecida com uma maldição sagrada, com anátemas imprecatórios
e o cerimonial sombrio com o qual é acompanhada. Não era
incomum, em tempos de fé militante e intransigência religiosa, ver o
homem infeliz que a Igreja havia atingido com sua ira (este é o
termo recebido) murchar em doenças singulares [482] e
aterrorizantes, nas quais a vingança do Céu parecia estar inscrita e
brilhar. Casos de morte súbita são citados: outras vezes, é a lepra
que corrói o réprobo, ou vermes que o devoram vivo.
Quantos casos não estão registrados na história eclesiástica?
Muito antes da consolidação do poder papal, os primeiros Padres
relataram vários exemplos de anátemas de um milagreiro,
sentenças imediatamente executáveis e traduzidas em catástrofes
mortais; e sem deixar o Novo Testamento (ou voltar ao antigo, onde
abundam episódios semelhantes), os Atos dos Apóstolos nos
mostram Ananias e Safira derrubados, no instante em que São
Pedro significa para eles a sentença do Céu.
M. Joséphin Péladan, aquele grande artista excêntrico cujas obras,
escritas desiguais e demasiado apressadas, brilham belezas
estranhas e cativantes, propõe em Istar um processo de cadeia
monástica bissexual, para o extermínio dos inimigos, da Igreja, uma
concepção menos paradoxal do que parece à primeira vista.
Poderemos transcrever, por curiosidade, essas linhas certamente
não são comuns.
CONDENAÇÕES CAPITAIS
"Quando for necessário atacar um inimigo da Igreja, e para isso
será necessário o duplo assentimento do Sacro Colégio
Cardinalício e do Colégio Cardinalício.
gnóstico dos vinte e dois, — duzentos monges e monjas serão
reunidos, cem de cada sexo; todos darão as mãos; [483] na altura o
O sacerdote levanta a hóstia, eles se unirão ao oficiante: este
levantará então a hóstia contra o condenado – que cairá morto em
qualquer lugar do mundo onde estiver.
"Considerando que a soma da força nervosa de cem vontades
bissexuais representa um movimento elétrico de uma força
determinável, e o oficiante é para a lei o ponto convergente e o
excitador elétrico, projetará uma corrente de enorme velocidade e o
poder de faísca de uma bateria excitável de vinte metros.
"Isso é física pura: na hiperfísica, há outra coisa." 365
Este esboço de magia sacerdotal366 daria [484] a sonhar com
algum Gregório VII, cujo escudo trazia em sátira as chaves de
Hermes cruzadas com as de São Pedro. Mas quando um político
dobrará [485] com um seguidor sentado no trono do Príncipe dos
Apóstolos? Seria feliz e desejável, considerando todas as coisas?
Esse papel de teocrata agressivo parecia congruente com o caráter
de um pontífice romano?... O cesarismo e a agressão
provavelmente não eram incompatíveis com a tiara: a história está lá
para testemunhar isso. No entanto, a questão parece ser de direito
estrito, de modo algum de costume recebido...
Não discutiremos se a essência do cristianismo inclui o despotismo
teocrático como Moisés intimidou, ou mesmo se o tolera de um
modo mais suave. Há dois pontos de vista a considerar: o do
absolutismo divino e o das possibilidades humanas... "Todo aquele
que atacar com a espada", disse o grande Mestre, "perecerá pela
espada; " Se lhe for dado um fole na bochecha direita, apresente a
outra face..." Essas máximas falam por si. Além disso, não é menos
óbvio que, para considerar as coisas de baixo, todo governo tem o
direito e o dever de se defender. Agora, de fato, a hierarquia romana
é coroada por um poder centralizador, que é um governo em
primeiro lugar. E se as armas místicas são legítimas, certamente
estão a serviço de uma teocracia. Tais parecem ser as razões, a
favor e contra.
O mundo antigo viu mais de uma vez a espada flamejante de
Miguel na mão do pontífice ou profeta milagreiro. A antinomia não
era mais carregada então entre o esoterismo e a religião, do que
[486] o antagonismo entre a lei humana e o direito divino: todas
essas coisas os tornavam um, a Verdade, da qual a arca era o
tabernáculo. O hierofante, portanto, acumulou todos os direitos do
sacerdote que oficia, do Doutor que ensina, do juiz que governa e
do monarca espiritual que governa as inteligências... Toda a questão
é se o direito sacerdotal expirou com o advento do Filho do Homem,
e se a espada mágica é feita para o braço do Servo dos Servos. Um
papa iniciado poderia resolver esse problema, com a ajuda de um
Sacro Colégio que assumisse sua parcela da responsabilidade que
fluiria de uma solução, promulgada de uma forma ou de outra.
A solução positiva só pareceria aceitável na condição de que o
acordo não apenas possível, mas necessário, entre Ciência e Fé
fosse mostrado à luz superior do esoterismo (do qual a Igreja
transfigurada reservaria a tocha). Seus ensinamentos do dia
anterior, demasiado analíticos por um lado, e por outro envoltos em
símbolos para o uso dos povos adolescentes, encontrariam sua
síntese harmoniosa na iniciação progressiva, doravante oferecida
aos homens da raça adulta. Todos seriam chamados, e não mais,
como nos séculos antigos, de alguns. Assim seria restaurada, e
resplandeceria depois de um longo eclipse, a Unidade Doutrinária,
que é a sanção luminosa e o selo divino da Verdade. Só então o
Papa, vivendo no topo da hierarquia espiritual, exerceria [487] o
legítimo império sobre as inteligências: além disso, a soberania na
sua plenitude implicava o direito à vida e à morte, não se tornaria
justo que o Pontífice pudesse usar, contra os adversários
irreconciliáveis da Verdade, armas que a própria Verdade coloca nas
suas mãos?
Não se engane. O Sumo Pontífice só exerceria esse poder em
circunstâncias excepcionalmente graves, no caso de um perigo
coletivo iminente. Um governo forte não implica necessariamente
uma série de medidas violentas, e atos tirânicos são muitas vezes
indicativos de um governo fraco. Concebemos a teocracia (ou, para
falar como Saint-Yves, a Sinarquia) apenas garantindo aos
indivíduos a maior soma de liberdade compatível com a vida
orgânica do Estado social. — Se formos mais longe na ordem atual
das coisas, (vamos fazer uma bagunça, se você quiser); Se, não
admitindo outros limites à licença senão o dano diretamente
causado a outros, reivindicamos a liberdade absoluta, não apenas
de falar e escrever, mas de empreender, mesmo contra as
prerrogativas da autoridade, é porque esta nos parece não ter
nenhuma sanção legítima; é que a iniciativa mais ampla deixada aos
indivíduos é a primeira condição que permite a alguns deles esperar
um dia substituir a ordem absoluta pela ordem relativa; e autoridade
radical e legítima [488] à autoridade pseudo-legal e contingente.
Dada a realização de um estado sinárquico baseado nas próprias
leis da Natureza Universal, é concebível que um Sumo Pontífice
tenha o direito de brandir a espada do Kerub contra os inimigos da
Ordem Social. Se alguma vez a Sé Apostólica foi ocupada desta
maneira, não temos dúvida de que os apóstolos em casacos de
frock quaker, o pequeno Jesus do messianismo huguenote, –
venenoso, além disso, como nenhum só! — não chamem tal papa
de Anticristo, nem rotulem suas obras de autodefesa: assassinato
covarde, operações satânicas, encantamento...
Esta última palavra nos faz pensar que, além da análise e do
comentário sobre os feitiços descritos e simbolizados todos juntos
pelo "Filósofo Desconhecido", em sua epopeia do Crocodilo,
omitimos rever os múltiplos esforços da má Vontade. Não nos
arrependemos disso, tendo sido anteriormente demasiado explícitos
a este respeito.
No entanto, entre as inúmeras operações que podem ser
catalogadas sob este título da Vontade no Mal, manteremos em
estudo um exemplo, - o Encantamento, - que é tratado bastante
extensivamente já em nossa Septaína anterior.
O encantamento é o mal por excelência.
Multifacetado como o próprio mal, variável de [489] século a século
e de clima para clima, é encontrado em toda parte sob um modo ou
outro. O Templo de Satanás deu a conhecer alguns deles; listá-los
todos exigiria a paciência de um glossador beneditino e várias
resmas de papel branco.
Sabemos que um físico cientista francês, o coronel Albert de
Rochas, administrador da École Polytechnique, controlou e
reproduziu cientificamente esse fenômeno, cujo nome por si só já
fez os príncipes da Ciência soprarem. Nesta hora, eles balançam a
cabeça pensativamente, mas não riem mais – ou é uma risada que
soa falsa. Em cinquenta anos, talvez, eles ensinarão gravemente,
dos púlpitos oficiais, a possibilidade de dano à distância, por
encantamento. Nada faltará em seus lábios na exposição da antiga
tradição mágica ressuscitada por Rochas, exceto o nome da coisa,
que foi tomado o cuidado de mudar, e o nome do inventor, cuja
menção será evitada com ainda mais cuidado.
Pretendemos transcrever, para encerrar este capítulo, alguns
trechos de uma relação em que M. de Rochas registrou sua
surpreendente descoberta: trata-se da demonstração do feitiço
famoso pelo volt ou pela imagem de cera, como
que em outros lugares nós detalhamos367. Mas parece-nos
estranho esboçar diante de algumas variedades pitorescas e menos
conhecidas do Encantamento. [490]
Há um grande barulho nas proximidades de Nápoles, Jettatura, ou
um olhar fora de vista; este é o mau-olhado, também temido em
outros países. Essa prática pode constituir o feitiço por sugestão:
mas geralmente serve apenas para estabelecer contato, para criar o
relacionamento, para tensionar o elo fluídico entre o mal e o mal.
De um relatório oficial, escrito por ordem das autoridades
francesas em Annam, parece que um feitiço muito estranho causou
muitas vítimas na província de Quangbinh. O feiticeiro que está
acostumado a isso anuncia em um dia fixo, com vários meses de
antecedência, a morte daqueles que ele vai bater. Ele sempre anda
armado com uma espada ou lança nativa. Sob algum pretexto, ele
se envolve em conversa, sob luz solar direta, com sua futura vítima,
que, durante a entrevista, ele olha persistentemente; então, assim
que ela vira as costas para se afastar, ele deixa bruscamente sua
arma no chão, no local onde a sombra de seu interlocutor ainda está
cortada. Algumas palavras murmuradas em voz baixa acompanham
este gesto e sublinham a sua intenção. É notável que não é então
que a vítima se sente atingida; mas na hora exata em que o mago
negro arranca do chão o ferro que pregou a sombra: um dia, — um
mês, — um ano se passa... Então, a morte súbita do pobre diabo
marca o momento em que o encantador retomou sua espada ou sua
lança368. [491]
A sombra física, a antítese negativa do corpo e a medida
proporcional de Hereb em relação a ele, tem desempenhado
constantemente um papel conturbado e prejudicial em Goeti (natural
ou diabólico). Assim, de acordo com Agripa, "os feiticeiros observam
que sua sombra cobre aquele a quem eles querem enfeitiçar; É
assim que a hiena, ao tocar sua sombra, silencia os cães." 369 anos
J.-A. Vaillant, que tão curiosamente estudou as maneiras dos
Rômes ou boêmios de raça pura, nos descreve um rito de
encantamento em favor dessas tribos semisselvagens de adivinhos
nascidos, para quem, no sentimento do popular, o mundo oculto não
tem mais segredos. Antes de relatar esta estranha cerimônia,
observemos de passagem mais uma superstição, relativa à sombra
do corpo e às maldições de que os boêmios são acusados sobre
isso: "Se algum menino passa perto o suficiente deles que sua
sombra é desenhada na parede ao pé da qual eles estão sentados,
onde uma família inteira come e descansa ao sol: Offshore,
criança", gritou seu professor, "esses Strigoi (vampiros) tomarão sua
sombra, e sua alma dançará com eles no sábado por toda a
eternidade". 370 O autor de Peter Schlemiah pode ter pensado
nessa tradição singular quando escreveu a lenda do homem que
perdeu sua sombra.
Eis agora como, no relato de Vaillant, a Roma vingativa [492] faz a
Daïa (bruxa) trabalhar, para a ruína da implacável senhora do
castelo, que matou um jovem boêmio que ele adorava. É noite;
Purvo bate na cabana da velha.
Esta última "estava então ocupada distribuindo em montes de três,
quatro e sete, quarenta e dois grãos de milho, que pareciam correr e
pular, como se apesar de si mesma, em uma tela virada". O que
você quer?", ela pergunta a Purvo, vendo-o entrar. "Eu quero",
respondeu Purvo, "que você enfie a faca para dentro; e se o destino
me ajudar, dou-vos as minhas promessas deste ano. Nessa
promessa, a Daia se sente comovida, deixa ali sua tela e grãos, e
olhando para ele: "Você quer; bem, fique lá, eu volto. Dizendo isso,
ela apaga a vela e se apaga. Precisamente à meia-noite, ela
retorna, segurando em sua mão um frasco no qual ela infundiu três
singles dos quais ela não diz o nome, se aproxima da lareira, reúne
três tecidos, acende-os, e quando a chama escapa, ela desamarra o
cinto, desamarra o cabelo e, faca na mão, ela chama Purvo. Purvo
se levanta e se aproxima. Então ela joga a faca na terra e,
colocando o pé sobre ela: "Ela está sofrendo o suficiente? Ela
pergunta a Purvo. "Não", ele responde. — E, segurando a faca: ela
está sofrendo o suficiente? ela pergunta-lhe novamente. "Não!
Purvo responde. "E agora?" Ela exclama, pressionando mais, você
está feliz? "Não, daia, não!" Então você quer que ela morra?" "Você
disse isso, ela e a dela, e se ela não morrer, eu a mato. Neste
momento, um dos tisons sai, derrama a panela e sai da lareira. "Ai!
grita a daïa; e a Purvo: "Vai! Rolarás como este; o fogo da vingança
se apagará no sangue, e o sangue da vida será derramado. Assim
diz o destino!" 371 [493]
Um modo de encantamento muito utilizado no passado, é o
escopismo. Consistia no ato de colocar uma pedra no recinto do
inimigo; O homem mau teve o cuidado de anexar a ela algumas
palavras encantadas,372 a fim de especificar sua intenção e
inscrever em astral a Palavra de seu ódio, tendendo à ruína, ou à
doença, ou à morte da vítima designada. Para dedicar uma família
inteira à escuridão oculta, ele teve que depositar, ou melhor plantar
em solo inimigo, tantas pedras de entulho rancorosas quanto a
família tinha membros:— O escopismo quase não é mais praticado;
Apenas alguns pastores antigos mantiveram vivo este rito
imprecatório, do qual muitos estudiosos nem sequer sabem o nome.
E, no entanto, este feitiço parece a origem de um ditado muito usual.
Quantas vezes, quando um falante se envolve na enunciação de
uma generalidade, ou disfarça, sob uma frase educada e muitas
vezes elogiosa, alguma malícia – alusão mordaz ou crítica afiada –
o interlocutor testemunha que não se enganou, exclamando: Ah!
Esta é uma pedra no meu jardim!
Esse clichê pode ser a contrapartida do ditado que já apontamos:
Que tal e tal seja mantido! Tenho um dente contra ele. Ambas as
locuções, com todo o respeito ao MM. de l'Académie, derivam do
grimório em linha reta. [494]
Não há necessidade de ir mais longe na descrição dos processos
de encantamento. Eles podem variar infinitamente; pois, não
podemos dizer o suficiente, os ritos externos valem apenas como
sinais de expressão e apoio à Vontade; e toda virtude mágica (como
veremos mais uma prova disso em breve) reside na Palavra do
mago ou do feiticeiro, isto é, em sua Vontade, que o sinal traduz e
manifesta.
As experiências de M. de Rochas, cujas conclusões parecem ser
aplicáveis, de forma indireta, a todas as formas de maleficência,
relacionam-se mais imediatamente com certos processos clássicos
de encantamento, que descrevemos no primeiro volume desta obra.
No entanto, prometemos registrar aqui os detalhes de sua
memorável descoberta, como ele mesmo os escreveu. É tempo de
manter a nossa palavra e de encerrar, com esta relação de
excepcional interesse, o presente capítulo IV, alongado
excessivamente por digressões, além de indispensáveis à
compreensão das nossas doutrinas.
Tomamos emprestados os trechos que se seguirão na Iniciação (n°
de novembro de 1892).
EXPERIÊNCIAS DE M. CORONEL DE ROCHAS
"A maioria dos sujeitos, quando hiperestetizamos seus olhos por
certas manobras, vê fuga, animais, plantas, cristais e ímãs, brilhos...
Isso foi encontrado pela primeira vez há cinquenta anos, através de
numerosos experimentos, por um químico austríaco, Barão de
Reichenbach. [495]
"Nos seres humanos, esses aromas saem dos olhos, narinas,
orelhas e pontas dos dedos, enquanto o resto do corpo é
simplesmente coberto com uma camada análoga a uma parte
inferior luminosa. Quando a sensibilidade de um sujeito é
exteriorizada, o sujeito com visão vê essa camada luminosa sair da
pele e ser usada precisamente na camada de ar, onde a
sensibilidade do paciente pode ser vista diretamente tocando ou
beliscando.
"Ao continuar as manobras para produzir externalização,
reconheci, com a ajuda dos vários processos, que havia
sucessivamente uma série de camadas sensíveis muito finas,
concêntricas, separadas por camadas insensíveis, até vários metros
do sujeito. Essas camadas são espaçadas em cerca de cinco a seis
centímetros de distância, e a primeira é separada da pele insensível
apenas metade dessa distância.
"... O que considero claramente estabelecido é que os líquidos, em
geral, não apenas param o Od373, mas o dissolvem: isto é, ao
passar, por exemplo, por um copo cheio de água através de uma
das camadas sensíveis mais próximas do corpo, ocorre uma sombra
ódica, as seguintes camadas desaparecendo atrás do vidro em
certa medida; além disso, A água no vidro torna-se totalmente
sensível e emite vapores sensíveis após um certo tempo
(provavelmente quando está saturada) que sobem verticalmente a
partir de sua superfície superior. Finalmente, se o vidro é movido
para longe, a água que ele contém permanece sensível até uma
certa distância, além da qual o elo que o une ao corpo do sujeito
parece quebrar, depois de ter enfraquecido gradualmente. Até esse
momento, o sujeito [496] percebe, na parte mais próxima do local
onde a água se encontrava quando se tornou responsável por sua
sensibilidade, todo o toque que o magnetizador inflige a essa água,
embora a região do espaço onde o vidro foi transportado não
contenha mais, além desse vidro, partes sensíveis.
"A analogia desse fenômeno, com as histórias de pessoas que
foram obrigadas a morrer à distância, ferindo uma figura de cera
modelada em sua imagem, era óbvia. Tentei saber se a cera não
desfrutaria, como a água, da propriedade de armazenar
sensibilidade, e reconheci que a possuía em alto grau, bem como
outras substâncias gordurosas, viscosas ou aveludadas, como
creme frio e veludo de lã. Uma pequena estatueta, feita com cera de
modelagem e sensibilizada por uma estadia de alguns momentos na
frente e a uma pequena distância de um sujeito, reproduzia as
sensações das mordidas das quais eu perfurava, em direção à parte
superior do corpo, se eu picava a estatueta na cabeça, para baixo,
se eu a picava nos pés... No entanto, consegui localizar a sensação
exata, implantando, como os antigos bruxos, na cabeça da minha
estatueta, uma mecha de cabelo cortada no pescoço do sujeito
durante o sono. Esta é a experiência testemunhada pelo nosso
colaborador do Cosmos e até mesmo pelo ator; ele havia levado a
estatueta assim preparada atrás dos armários de um escritório,
onde não podíamos vê-la, nem o sujeito, nem eu. Acordei Madame
L..., que, sem sair do lugar, começou a falar até que, virando-se
bruscamente e trazendo a mão atrás da cabeça, perguntou rindo
quem estava puxando seus cabelos; foi o momento exato em que o
Sr. X... tinha, sem que eu soubesse, puxado o cabelo para fora da
estatueta.
"Como o eflúvio parecia refratar de maneira análoga à luz, que
talvez os carregasse consigo, pensei que, se a imagem de uma
pessoa suficientemente exteriorizada fosse projetada em uma
camada viscosa por meio de uma camada viscosa, seria possível
localizar exatamente as sensações transmitidas da imagem para a
pessoa [497]. Uma placa carregada com brometo de gelatina e uma
câmera me permitiram realizar facilmente o experimento, que só
teve sucesso completo quando eu tive o cuidado de carregar a placa
com a sensibilidade do sujeito antes de colocá-la na câmera. Mas,
ao fazê-lo, obtive um retrato tal que, se o magnetizador tocasse
qualquer ponto da figura ou das mãos, na camada de brometo de
gelatina, o sujeito sentisse a impressão no ponto exatamente
correspondente; E isso, não apenas imediatamente após a
operação, mas novamente três dias depois, quando o retrato havia
sido fixado e trazido para perto do assunto. Ele parece não ter
sentido nada durante a operação de fixação, feita longe dele, e
também sentiu muito pouco quando a placa de vidro que serviu
como seu suporte foi tocada, em vez de brometo de gelatina.
Querendo levar o experimento o mais longe possível, e
aproveitando o fato de que um médico estava presente, eu picei
violentamente, sem aviso prévio e duas vezes, com um alfinete, a
imagem da mão direita de Madame L..., que proferiu um grito de dor
e perdeu a consciência por um momento: Quando ela voltou para
ela, notamos no dorso de sua mão duas listras de roda subcutânea.
que ela não tinha antes, e que correspondiam exatamente às duas
escoriações que meu pino havia feito ao deslizar sobre a camada
gelatinosa.
"Estes são os factos que aconteceram a 2 de agosto, não na
presença de membros da Academia de Ciências e da Academia de
Medicina, como foi dito, mas perante três funcionários da Escola
(Politécnica)... Parti na mesma noite para Grenoble.
«... No meu regresso de Grenoble, encontrei Madame L..., e pude
repetir a experiência da fotografia, que teve sucesso sem tentativa e
erro, seguindo o modo de funcionamento reconhecido como bom a
2 de Agosto.
"Tendo a imagem sido imediatamente fixada, fiz com um alfinete
uma ligeira lágrima na camada de colódio, no lugar das mãos
cruzadas no peito: o sujeito desmaiou chorando e, dois ou três [498]
minutos depois, o estigma apareceu e gradualmente se
desenvolveu, diante de nossos olhos, nas costas de uma de suas
mãos, no local exatamente correspondente à lágrima.
"O clichê era, além disso, sensível apenas ao meu toque; As do
fotógrafo só foram percebidas quando estabeleci o relato, tocando
sua pessoa, seja com o pé ou não.
"No dia 9 de outubro, tendo sido elaborada uma prova em papel,
descobri que esse teste tinha apenas uma sensibilidade confusa, ou
seja, que o sujeito percebia sensações gerais, agradáveis ou
desagradáveis, dependendo da maneira como eu o tocava, mas
sem conseguir localizá-las. Dois dias depois, toda a sensibilidade
havia desaparecido, tanto no clichê quanto no teste.
"O Dr. Luys me disse que, durante a minha ausência, ele tentou
reproduzir o fenômeno sobre o qual havia sido contado, e que ele
tinha sido capaz de obter a transmissão da sensibilidade a 35
metros, alguns momentos após a pose..." (Paris, 15 de outubro de
1892).
Essa sequência de experimentos, ordenada com tanta sagacidade
quanto lógica, revela tão claramente a natureza do feitiço, que
qualquer comentário só diminuiria seu escopo. É melhor deixar que
a eloquência dos fatos convença o leitor. Limitar-nos-emos,
portanto, a algumas breves observações. O Coronel de Rochas,
embora familiarizado com o ensino das Escolas Místicas, e muito
familiarizado com as tradições populares de Goétie, admite todos
esses dados apenas como informações simples a serem verificadas.
Em suma, ele é e quer continuar a ser um experimentador puro, um
físico simples. Os ocultistas [499] não podem se alegrar demais,
pois é o que aumenta dez vezes a autoridade de seus experimentos
entre o público leigo. Assim, M. de Rochas é levado, por força das
circunstâncias e por estrita indução científica, ao controle
progressivo das doutrinas secretas, mais de cem vezes seculares,
do esoterismo universal, sempre invariável sob a multiplicidade de
mitos e emblemas.
Desta forma, ele verificará, uma a uma, as noções tradicionais que
formam a base da física e fisiologia ocultas.
Mas tais experiências não podem ser isentas de perigo.
A lei da repercussão traumática, tão magistralmente demonstrada
por Rochas, pode ter surpresas desagradáveis reservadas para ele.
Enquanto seus sujeitos forem deixados para uma sensação
dolorosa, arranhões subcutâneos e desmaios por alguns segundos,
o inconveniente será mínimo e de qualidade insignificante. Mas há
órgãos essenciais para a vida, para os quais a menor lesão seria
fatal. O fato da estigmatização da repercussão, realizada
remotamente, sob certas condições, está agora fora de dúvida; Mas
o mecanismo secreto permanece obscuro. Que experimentador
ousaria responder que acidentalmente, um dia, como resultado de
alguma refração inesperada ou interferência de planos dinâmicos, o
coração ou o cérebro do sujeito não se tornarão a sede do
fenômeno ainda inexplicável?... [500]
Parece certo que a maioria dos casos de encantamento criminoso,
preparados com antecedência por ameaças, se limitava a um
sistema de picadas ou queimaduras diárias e superficiais. Um
estado de obsessão resultou para o homem mau; Uma ansiedade
de cada momento cem vezes dobrava nele as doenças físicas por
sua repetição auto-sugestiva. Seu espírito atingiu a si mesmo; Ele
estava perdendo o apetite, o sono... A morte, finalmente, poderia
ocorrer a longo prazo. Mas parece a partir de documentos
autênticos, e vários registros de julgamentos de bruxaria
testemunham isso, que muitas vezes também a morte oculta atingiu
a vítima, à distância, com uma espécie de instantâneo e relâmpago.
A certeza de uma possibilidade semelhante deve servir de alerta a
todos os investigadores, curiosos para verificar os experimentos de
M. de em laboratório; Rochas. Nem todo mundo pode se lisonjear
para unir, como ele, conhecimentos especiais, hábitos e prudências
indispensáveis nesta pesquisa.
Ele mesmo nos contou de um lamentável acidente que aconteceu
com um de seus súditos; acidente que, graças ao Céu, não teve
consequências muito graves. Uma noite, quando o físico terminou o
resto de seus experimentos, ele jogou pela janela o conteúdo de um
copo que havia sido usado para um deles: era água, carregada da
sensibilidade de um sujeito. Era então o meio do inverno, e a água
viva congelou no instante em que foi derramada. Rochas fechou a
janela e não pensou mais. Portanto, ele não ficou medíocre
surpreso ao saber, no dia seguinte,[501] que seu súdito do dia
anterior havia passado uma noite terrível. Transmitido à medula,
nada tinha sido capaz de aquecê-lo em sua cama, onde ele havia se
contorcido, presa de trincheiras dolorosas. Felizmente, a
indisposição foi temporária, e o acidente não teve mais
consequências infelizes.
Talvez a experiência de placas sensibilizadas fosse propensa a
reservar surpresas piores, ao teste de processos onde substâncias
extremamente venenosas são usadas. Não há dúvida de que a lei
da reversibilidade mágica foi exercida de forma idêntica, do objeto
sensibilizado ao organismo humano, ou que o fluido vital foi
espalhado em uma placa, ou que saturava a água de um tubo de
ensaio. Faremos bem em ter cuidado.
É esse mesmo princípio de reversibilidade que, de um ser vivo
para outro, preside a transferência de um estado neurológico – um
fenômeno estranho e positivo, do qual o médico-chefe da Charité,
Dr. Luys, faz uma aplicação diária à terapia. Ele tem assuntos
sensíveis, a quem ele aparentemente comunica a doença dos
valedictorianos em tratamento. Para realizar essa transferência, ele
faz uso de ímãs, coroas magnéticas de um certo poder. Todos os
sintomas patológicos do paciente se manifestam no sujeito
influenciado, e é sobre este último que o Dr. Luys opera, em vez de
agir sobre o paciente: o que faz pensar no grande Paracelso,
realizando curas maravilhosas; Não em uma terceira pessoa, é
verdade, mas em uma estatueta de madeira ou cera, em conexão
[502] simpática com seu cliente doente ou ferido374. Contra-feitiço,
feitiço para o bem, e alguém seria tentado a escrever "benefício",
não fosse a palavra consagrada em outro sentido.
Voltando ao feitiço pela imagem fotográfica, observemos que não
seria impossível obter, por meio de um clichê cuja imagem estivesse
endireitada, um espectro real de penumbra, um corpo pseudo-astral
da pessoa ausente, e agir diretamente sobre esse fantasma como
sobre um volt.
Os leitores do Templo de Satanás, sem dúvida, lembram-se de
que os antigos feiticeiros incluíam na composição dos detritos das
unhas volt, um dente, cabelo, – em uma palavra, alguns detritos do
destinatário do feitiço, – e que eles vestiam, se possível, a estatueta
com tecidos que ele teria usado muito. Isso foi com o propósito de
estabelecer o relatório, caso contrário, todas as cerimônias são
desperdiçadas. Presume-se que esses ladrões enfatizaram palavras
ambíguas, ou que agravaram por uma atitude ameaçadora, o ato
ostensivo de retirar de sua futura vítima [503] algum usuário objeto,
para a composição ou figurino da "mania". O terror, como
explicaremos no próximo capítulo, resulta em uma perda imediata
de fluido vital, um cheiro que talvez eles tivessem a arte de se
concentrar no objeto de seu roubo manifesto.
O que tornava a prática do encantamento perigosa até mesmo
para o feiticeiro, e por causa de sua possível eficácia, era a paixão
feroz que ele desenvolveu nele até o ponto de delírio, no rito da
execração. Ele mesmo, sem o conhecimento de si mesmo, saturava
o volt de sua própria vida exteriorizada; E, desde que o destinatário
de seu ódio não estivesse em uma fase de passividade receptiva, foi
então o execrador que se tornou vítima de sua má máquina. A lei do
choque em troca o surpreendeu desarmado, no período de
depressão e cansaço, consequente ao da febre e exacerbação
fisiológica.
Tal efeito de repercussão era especialmente a ser temido, em
casos de benéfico ou encantamento por fluidos envenenados. Os
antigos pastores, a quem essas práticas parecem ter sido familiares,
jogaram o contágio mágico em um país inteiro, ou apenas em uma
família, ou no gado de um único estábulo. Resumimos no volume
anterior o curioso caso do
Sorciers de la Brie375, no final do século XVII, e pedimos ao leitor
que olhe para ele. A carga mágica de envenenamento (ou [504]
"gogue", ou "gobbe") usado por esses bandidos, tinha o nome de
Beau-Ciel-Dieu; eles ainda o chamavam de magistério das nove
conspirações. Não vamos insistir em sua composição, que, com
toda a probabilidade, não se limitou à mistura de ingredientes
bizarros dos quais eles deram os detalhes em seu julgamento. O
que está fora de dúvida é a terrível eficiência desses maltrantes; Os
documentos autênticos da investigação não deixam margem para
qualquer incerteza a este respeito. Os gogues, enterrados nas
proximidades dos estábulos proscritos, emitiram seu eflúvio mortal
apenas com a condição de serem aspergidos de tempos em tempos
com vinagre: se lhes fosse permitido secar, o mal deixaria de se
enfurecer; Assim que o líquido desejado foi derramado nele
novamente, o contágio recomeçou mais lindamente. [505]
A sinistra aventura de Bras-de-fer, que produzimos e cuja
autenticidade teríamos uma má graça de suspeitar, testemunha os
que sofrem de choque em troca. Ao menor descuido, essa morte
terrível ameaça o mago negro, na prática do encantamento em
geral, do venefício em particular.
É para afastar esse perigo que os feiticeiros imaginaram o feitiço
reversível em um terceiro, condicionalmente. Tal é a maldição do
desvio. O ricochete do impulso mortal, que um obstáculo desviou
abruptamente do objetivo, pode então saltar de uma vítima
alternativamente designada com antecedência, e que às vezes será
um homem, às vezes um animal. [506]
Qualquer um que não tenha medo dos enfeitiçadores está,
portanto, a salvo de seus ataques. Esta regra geral tem, tanto
quanto sabemos, uma excepção: quase insignificante, devido à sua
raridade. Ambos são baseados em dados que são melhor mantidos
em silêncio.
Quanto àqueles que têm medo de feitiços e que sabem que são
inimigos capazes de recorrer a essas práticas criminosas, o uso de
talismãs, pentáculos será utilmente aconselhado, bem como o
cumprimento exato de seus deveres religiosos. As pessoas
piedosas até se apegarão, com razão, a esta última defesa, que
talvez seja a melhor, porque também contém as outras. O uso dos
sacramentos e dos sacramentais não fará com que esses fiéis
participem da cadeia simpática de sua comunhão religiosa,
enquanto o rosário, Agnus dei, medalhas milagrosas, etc., se
tornarão amuletos eficazes para eles? Um último conselho, de
grande importância, para os tímidos e passivos: que tomem
cuidado, em todas as coisas, de alienar sua ascendência, por sua
complacência de servir de sujeito ao primeiro a chegar, que estaria
ansioso para se reproduzir tateando algum experimento de
magnetismo ou hipnose! O consentimento, em tais casos, pode
equivaler a uma abdicação positiva da vontade, e até mesmo a algo
pior. Um pacto tácito pode ser concluído desta forma. Com quem?
Com o desconhecido...
Os fatos tão paradoxais quanto indiscutíveis, da ordem daqueles
que Rochas controlou e descreveu, [507] são infinitamente mais
complexos do que se pensa; Eles permanecem misteriosos em suas
causas e em seu mecanismo secreto.
Talvez um leitor superficial do relatório escrito por este cientista,
concluísse que o feitiço consiste em um fenômeno muito análogo
àqueles que pertencem à eletricidade dinâmica, ou às outras forças
ocultas da Natureza. Um pequeno detalhe provaria seu erro, se ele
pensasse sobre isso por um momento.
"O clichê", disse Rochas, "era sensível apenas ao meu toque; as
do fotógrafo só foram percebidas quando estabeleci o relato,
tocando sua pessoa, com o pé ou de outra forma." — Assim,
durante os experimentos de Rochas, a sensibilidade do sujeito,
inseparável da força oculta que serve de substrato, na verdade
embebia o filme gelatinoso onde a imagem estava impressa: e, no
entanto, passemos a expressão, — esta sensibilidade era sensível
e vulnerável apenas ao magnetizador, ou àqueles a quem um ato de
sua vontade, traduzido por um sinal (contato), concedia o privilégio
de influenciar a camada sensível!
Argumentar-se-á que (sendo a corrente transmitida, do sujeito para
o objeto, e vice-versa, apenas através do magnetizador sozinho), o
clichê perde toda a sensibilidade assim que o contato cessa, direto
ou não, — A hipótese não é admissível, uma vez que muitos
experimentos provaram que é de fato uma saturação de fluido
estático, permanente por vários dias. [508]
Será suposto que, — num acidente acima referido, quando o infeliz
sujeito tremeu de febre durante toda a noite, — M. de Rochas
passou sorrateiramente toda esta noite debaixo das estrelas, sabe-
se lá quantos graus de frio, para não quebrar a relação fluídica com
a água espalhada no solo gelado?
Não! Essa ordem de fenômenos compostos, onde as forças da
Natureza e da Vida se manifestam apenas dominadas, manipuladas
ou, pelo menos, esforçadas pela vontade humana, pertencem à
Magia propriamente dita, não apenas à física secreta.
Paracelso invocaria aqui as especialidades de seu maravilhoso
Ímã, os Magnos interiores e ocultos, que não é outro senão a
Palavra Adâmica.
"A natureza é sonâmbula", para tomar emprestado de Saint-Martin
sua metáfora surpreendente, que pode não ser uma. Ela dorme, e é
para a VONTADE do homem, esta Essência divina (isto é, para o
próprio homem), que a missão de despertá-la é delegada.
O homem "devolverá a palavra" à Natureza muda – ao Universo
Adormecido – uma vez arrastado com ele para o abismo da
decadência. Isto é formulado pelo Ministério do Homem-Espírito.
Que a vontade é criativa e a espiritualidade infelizmente ativa no
mal como no bem [509] é uma consequência inevitável do livre
arbítrio. A descoberta de Rochas (manobras criminosas reveladoras,
há muito relegadas pela Ciência no campo do absurdo) testemunha,
no entanto, pelas reflexões que sugere, a realeza mística da
vontade humana.
A época atual – quando essas noções mistas de uma Ciência que
subjuga as Forças Naturais a serviço de Vouloir, emergem da
publicidade – marca a abertura de um novo ciclo:
Magnus ab integio sæclorum nascitut ordo!
O ponto de viragem duplica-se: a noite da matéria está a chegar
ao fim: uma brancura pálida denuncia, no horizonte oriental, o futuro
alvorecer da reabilitação e da libertação.
O Adão Cabalístico aparece, no exílio de Malkuth, um monarca
celestial destronado, a quem a soberania de baixo foi oferecida
como compensação irrisória. Mas o verdadeiro império do Homem,
mais tarde, lhe será devolvido... Já há indícios de que seu reino não
é deste mundo. Já o duro diadema de aço que rasgou sua testa é
iluminado intermitentemente com reflexos epifânicos. Chegará um
dia, de glória e apoteose, em que em sua cabeça brilhará a coroa
terrena, transmutada em um nimbus em fleurons de ouro fluidos e
melodiosos. [510]
Será o Símbolo da Vontade triunfante; e o Monarca, restituído ao
gozo da sua legítima herança, assumirá, na sua transfiguração, a
Natureza regenerada universal. [511] [512]
Para
288 Veja as edições antigas do Tarô.
289 O capítulo de Demônios e Sacrifícios, no qual esta frase é lida, constitui uma
página essencial, do ponto de vista dos ritos teúrgicos: Eliphas Levi fez uma bela
tradução dele (História da Magia, pp. 58-60). Esses curiosos Oráculos, reunidos
nos livros dos alexandrinos, que voluntariamente se referem a eles, foram
impressos por Francisco Patrício, à frente de sua Magia Plilosophia (Hamburgi,
1593, pet. in-8°). Eles também são encontrados em extensão no Trinum magicum
(Francofurti, 1616 ou 1663, in-12, pp. 326-401). A citação que fizemos está na p.
345 desta última coleção.
290 La Lumière d'Egypte (tradução francesa), Paris, Chamuel, 1895, em -4°, fig. (Pág.
185, passim). Este importante tratado, do qual acabamos de ler (dezembro de
1895), é ao mesmo tempo uma obra curiosa e uma boa ação. Não é isento de
manchas, e muitas das críticas que lhe são dirigidas parecem bem
fundamentadas. No entanto, embora nossos pontos de vista não concordem em
todos os pontos com os do autor, nos permitimos recomendar ao nosso público a
Luz do Egito. Algumas páginas deste livro nos pareceram emanar de uma fonte
particularmente interessante. Finalmente, para tomar emprestada uma expressão
coloquial de São Martinho (comparando os vários alimentos da inteligência), às
vezes é "muito bom".
291 Caim, pp. 211-212, passim.
292 O ser a quem chamamos de homem aqui é, não haja erro, o submúltiplo adâmico,
Adana hal-ha aretz Jrah lu <da, no grau de evolução em que ele está agora na
Terra.
293 Língua Hebraica Restaurada, Volume II, p. 316.
294 Gênesis, cap. III, v. 16.
295 O que chamamos de faculdade plástica é conhecido pelos teosofistas vedantinos
por um nome diferente. — Cf. no Apêndice deste volume, a nota breve, mas
substancial, onde o Sr. Paul Sédir resumiu os ensinamentos do esoterismo
adwaite sobre este ponto da doutrina. Verificar-se-á que dificilmente há diferença
entre a noção vedantina do corpo causal e a nossa concepção da faculdade
plástica eficiente.
296 O corpo astral é formado pela substância fluídica emprestada como tal do nimbus
do planeta; pois, embora sustentemos, contra certos magistas, que o corpo astral
existia antes da concepção do feto, permanece certo para nós que, durante a
gestação, sua substância fluídica é renovada inteiramente, por trocas, com o astral
terrestre. Esta é uma consequência necessária de seu comércio com o corpo
material que ele informa. — Não é mais uma adaptação temporária ao ambiente,
como quando o corpo astral mudou de atmosfera sem encarnar; É uma
modificação profunda, uma apropriação definitiva do corpo astral para o orbe
planetário, do qual ele não será mais capaz de se libertar. O corpo astral, como o
conhecemos abaixo, é, portanto, feito de luz astral especializada. Mas o corpo
espiritual, glorioso, é o tecido da substância edenal pura. agathomorph; alias do
elemento adâmico (hmda de Moisés), ou Luz original da glória. Um pertence ao
mundo da decadência; o outro pertence apenas ao mundo celestial, onde a
Natureza Eterna de Boehme floresce. Este corpo glorioso é a expressão definitiva
da faculdade plástica; sua expressão adequada ao éter puro reconquistado.
297 Isto é, o Elemento homogêneo do qual vem a substância de Adão. — Mas Ihoah
havia criado animais apenas em princípio; Cabia ao homem passá-los do poder
para a ação. Nada é menos fácil do que penetrar nesses mistérios de Gan-bi-
Héden. Em todas as coisas, é importante, para não se perder em um labirinto de
contradições de vocabulário, ter sempre em mente que Ihôah-Ælohim constitui o
Adão Celestial absoluto – e que Adão representa, no Éden, um órgão vivo de
Ihôah, um Æloha de Ælohim. Como resultado de sua queda, Adão se divide; A
matéria é o instrumento passivo dessa divisão. O homem material e todos os seres
vivos são, (em graus mais ou menos próximos), submúltiplos de Adão caído, cujo
corpo material integral não é outro senão o próprio Universo físico.
298 Berœshith, cap. n, v. 19 (Língua Hebraica Restaurada, Volume II, pp. 85-315).
Demos a versão esotérica do Fabre d'Olivet; transcrevemos o oposto ao quase
literal de M. Sylvestre de Sacy: "O Senhor Deus, tendo então formado a terra (!)
todos os animais terrestres e todas as aves do céu, ele os trouxe diante de Adão;
para que ele pudesse ver como ele os chamaria. E o nome que Adão deu a cada
um dos animais é o seu verdadeiro nome." 299 Threicia, p. 246.
300 Cf. Filosofia Oculta, Dogma e Ritual da Alta Magia de Agrippa, de Eliphas Levi, e
a excelente obra de Papus: Traité élémentaire de Magie pratique. Haverá listas,
muito precisas e satisfatórias, de correspondências planetárias nas quais o
cerimonial Cabalístico é baseado.
301 Cf. Missa e Magia, de Paul Sédir, Chamuel, editor (no prelo).
302 Há apenas uma tradução desta obra alemã, digamos francês? É de alguma forma
ilegível. Apareceu em Frankfurt, sob o título de Miroir temporel de l'Éternité, 1664,
pet. in-8°. Um jovem ocultista do mais sério mérito, o Sr. Paul Sédir, iniciado dos
altos escalões Martinistas e Rosacruzes, prepara da Signatura rerum uma versão
exata e francesa.
303 Publicado em latim sob este título: Basilica Chemica, Francofurti, 1604, in-4°
(muitas vezes reimpresso). A tradução francesa, da qual existem quatro edições, é
de J. Marcel de Boulène. Extraímos, no capítulo I, algumas passagens muito
significativas, tocando o corpo astral e o poder mágico.
304 « ... Os caracteres e assinaturas naturais (diz Crollius em seu Prefácio) que temos
de nossa criação, não marcados com tinta, mas com o dedo de Deus (criatura
chas- que é um livro de Deus), são a melhor parte pela qual as coisas ocultas são
tornadas visíveis e descobertas. Sem desdenhar das assinaturas puramente
astrológicas, Oswald Crollius se liga preferencialmente às indicações medicinais
sugeridas pelas analogias de forma, muitas vezes muito marcantes, que
homologam os produtos da Natureza e, em particular, as plantas (suas flores, seus
frutos, suas raízes), seja ao corpo humano tomado como um todo, seja a tais de
suas partes, a tais de seus órgãos. Quando a semelhança é necessária, o uso da
planta é indicado para a cura de órgãos de tal aparência. Nosso autor dá uma
nomenclatura completa desta farmácia, revelada a nós pelo dedo de Deus e pelo
sorriso florido da Natureza. Às vezes, as induções de Crollius também são
baseadas na analogia dos opostos. O trabalho termina com uma tabela detalhada
da notação hieroglífica dos corpos: esses sinais viciados e bizarros são tantos
pequenos pentáculos, pelos quais o seguidor de Hermes revela aos seus iniciados
as propriedades químicas ou fisiológicas das substâncias, enquanto ele as rouba
ao mesmo tempo da curiosidade profana.
305 Não nos cansemos de repeti-lo: Délohim não criou nada, exceto em princípio,
como um arquétipo. — A missão edenal do Homem universal era exteriorizar os
seres, fazendo-os passar do princípio ideal para a essência real, e da essência
para a manifestação sensível, por esta única magia de sua vontade.
Foi, portanto, Adão o verdadeiro criador, no sentido atribuído a esta palavra; pois ele
produziu seres fora, os patenteou, tirando-os de um princípio oculto, interno e latente. Mas
ele mesmo caiu nos grilhões de sua criação: e, subdividindo-se por sua vez, vestiu-se de
matéria, como seus produtos...
306 História da Magia, pp. 370-371.
307 Curiosités inouïes sur la Sculpture talismanique des Persans, Horóscopo dos
Patriarcas et Lecture des Étoiles, par I. Gaffarel. — Paris, 1629, in-8° (p. 211-212).
308 Isso é perfeitamente correto do ponto de vista oculto. Estes são cascos insanos,
corpos astrais em fase de dissolução, sombras vagando em torno de seus restos
mortais, aos quais eles estão ligados uma afinidade secreta. Essas formas vagas
podem ser ainda algo menos: a fosforescência da vitalidade celular, cadáver
intimamente relacionado (Jiva dos teosofistas budistas). Cf. cap. II, p. 218, e cap.
VI, passim.
309 Curiosidades inéditas, p. 213-214.
310 Ver, inter alia, Volume II do Mundus Subterraneus (Amsterodami, apud Jansonium,
1664, 2 vols. folio), pp. 27-48. Um autor quase esquecido, em quem podemos ver,
tem, em alguns aspectos, o ancestral intelectual de Darwin. J.-B. Robinet,
reproduz a figura de certas produções espontâneas, muito semelhantes a
camaïeux. Ver placa n° IV, na p. 50 de sua notável obra, cujo único título é muito
significativo: Vue philosophique de la gradation naturelle des formes de l'Être, ou
les Essais de la Nature qui apprendre à faire l'homme (Amsterdã, 1768, in-8°, fig).
311 Souvenirs de voyage dans la Tartarie et le Tibet, par le missionnaire Huc. — Paris,
1857, 2 vol. in-12 (tomo II, p. 116-117).
312 Pneumatologia positiva e experimental. — A Realidade dos Espíritos e o
maravilhoso fenômeno de sua escrita direta, demonstrado, pelo Barão L. de
Guldenstubbé. — Paris, Franck, 1857, in-8° (página 68).
313 Ver. Fabart, Histoire de l'Occulte, Appendice (Lettre à M. Focachon, pharmacien à
Charmes), p. 330-337.
314 Ver pp. 489 e seguintes deste volume.
315 É muito provável que Saint-Martin quisesse pintar seu mestre Martinès de
Pasqually sob o disfarce do judeu português Eleazar.
316 O Crocodilo, p. 263.
317 Cf. a descrição da árvore de dez mil imagens, p. 398.
318 Cf. Boehme, os três Princípios da Essência Divina, Volume I, capítulos I e II, e
especialmente pp. 14-15 (a Luz gerada pelo fogo).
319 O Crocodilo, pp. 359-369, passim.
320 Tufão-Seth (Egito).
321 Des Errors et de la Vérité, ou les hommes rrappel au principe universel de la
Science, Edimburgo (Lyon), 1775, in-8° (página 256).
322 V. Elifas, Dogma da Alta Magia, p. 336.
323 Veremos mais adiante, sobre o Signo e sua importância na magia, como definir a
Palavra humana, que é a Vontade formulada e traduzida pelo sinal.
324 Veja o belo livro de M. Édouard Schuré: Les GrandsInitiates, Esquisse de l'histoire
secrète des Religions (Paris, Perrin, 1889, in-8°). Para dizer a verdade, nossas
ideias diferem das do Sr. Schuré em certos pontos; mas não hesitamos em
apontar seu livro como uma das obras mais fortes e abrangentes que propõem
uma solução para esses altos problemas.
325 A missão de Apolônio pode parecer menos frutífera no primeiro exame: era
inteiramente esotérica. Os resultados – imensos de fato – estão na esfera de ação
das sociedades secretas, onde os mistérios de Pitágoras e das fraternidades
platônicas foram perpetuados, para a salvação do mundo vindouro.
326 "Napoleão, (disse Fabre d'Olivet muito notavelmente), um homem fatídico,
dominado pela opinião que ele criou de si mesmo e que ele sabia como impor aos
outros..." (História Filosófica, Volume II, p. 334).
327 Cf. os pontos de vista de Eckartshausen, muito corretos e muito análogos. Aqui
estão alguns fragmentos destacados do último livro que ele publicou: A religião é
dividida em uma religião externa e interna... As escolas de sabedoria também são
divididas em escolas externas e internas. As escolas exteriores possuem a letra
dos hieróglifos, e as escolas interiores o espírito e o significado. A religião exterior
está ligada à religião interior através de cerimônias. A escola exterior de mistérios
está ligada por hieróglifos com o interior... Filho da Verdade, há apenas uma
ordem, uma fraternidade, uma associação de homens igualmente pensantes, cujo
objetivo é adquirir luz: deste centro, a incompreensão trouxe à tona inúmeras
ordens... A multiplicação está no cerimonial de fora, a verdade está apenas no
interior. A causa da multiplicidade de irmandades está na multiplicidade da
explicação dos hieróglifos, de acordo com o tempo, as necessidades e as
circunstâncias. A verdadeira comunidade de luz só pode ser uma... Todos os erros,
todas as divisões, todos os mal-entendidos, tudo o que nas religiões e associações
secretas dão origem a tantos erros, dizem respeito apenas à letra; o Espírito
permanece sempre intacto e santo; tudo se relaciona apenas com a cortina
externa na qual os hieróglifos, cerimônias e ritos são escritos; Nada toca lá
dentro... Nossa vontade, nosso objetivo, nossa carga é dar à vida em todos os
lugares a letra morta e dar em toda parte aos hieróglifos o espírito, e aos sinais
sem vida a verdade viva; tornar os inativos em todos os lugares, os mortos-vivos;
não podemos fazer tudo isso por nós mesmos, mas pelo espírito de luz daquele
que é a Sabedoria, o Amor e a Luz do mundo, que também quer se tornar seu
Espírito e sua Luz. Até agora, o santuário mais íntimo foi separado do templo, e o
templo sitiado daqueles que estavam no pátio; Está chegando o tempo em que o
santuário mais íntimo deve se reunir com o templo, para que aqueles que estão no
templo possam agir sobre aqueles que estão nos pátios, até que os pátios sejam
jogados fora. Em nosso santuário, que é o mais interior, todos os mistérios do
espírito e da verdade são preservados puramente; Nunca poderia ser profanado
pelo profano, nem manchado pelo impuro. Este santuário é invisível, assim como
uma força que é conhecida apenas em ação... Em nossa escola, tudo pode ser
ensinado, porque nosso mestre é a própria Luz e seu espírito... Nossas ciências
são a herança prometida aos eleitos ou àqueles que são capazes de receber luz, e
a prática de nossas ciências é a plenitude da aliança divina com os filhos dos
homens. Agora cumprimos nosso encargo e anunciamos a vocês a aproximação
do grande meio-dia e a reunião do santuário mais íntimo com o templo..." (A
Nuvem no Santuário, ou algo de que a orgulhosa filosofia do nosso século não
suspeita. — Paris, 1819, pet. in-8, p. 67-84, passim.
328 Cf. o Egito Luz, pp. 112 e ss.
329 Iluminismo na França (1767-1774). Martinès de Pasqually, etc., de documentos
inteiramente inéditos. — Paris, Chamuel, 1895, in-12, fig. *** Este livro, no qual o
atual Presidente do Supremo Conselho Martinista implementou, com críticas
sagaz, vários pacotes de importantes avisos e cartas autografadas, vindas em
linha direta de Martinès e seu discípulo Wuillermoz, — este livro realiza uma
revolução na história do misticismo. Ele refuta muitas das noções que se pensava
serem positivas, sobre a doutrina do teosofista, e corrige uma série de imprecisões
geralmente credenciadas que afetam sua pessoa. Assim, Don Martinès, que era
considerado judeu e de origem portuguesa, é de fato católico e espanhol: como
evidenciado por seu próprio nome, por um lado; e, de outro, a certidão de batismo
de seu filho. Este nome, geralmente escrito como Dom Martinez-Pascalis, e que,
na fé de seus discípulos imediatos (São Martinho e Padre Fournié), nós
pessoalmente usamos para escrever Martinetz de Pasquallys, na verdade se
desvia dessas duas transcrições. Don (e não Dom) Martinès de Pasqually de la
Tour, - esta seria a verdadeira ortografia, de acordo com a própria assinatura do
theurge. Deve-se notar também que, na época em que ele viveu, a ortografia dos
nomes próprios não era fixa: muitas vezes víamos dois irmãos assinando de forma
diferente o nome de sua família. F. -Ch. Barlet, em sua criteriosa resenha,
publicada pela Iniciação (outubro de 1895), sob este título: Martinès de Pasqually
et les miroirs magiques, discute o forte e o fraco da teurgia martinesista.
330 O Templo de Satanás, pp. 121-124 e 399-420. — Cf. nesta Chave da Magia
Negra, pp. 76-84, 181-184, 199, 207-211, etc.
331 O Templo de Satanás, pp. 393-427, etc.
332 La Magie dévoilée, ou Principes de Science occulte, Saint-Germain, 1875, in-4°,
fig. (pág. 58).
333 "Um dia, enquanto eu estava escrevendo meu Magic Unveiled, eu me senti
fortemente puxado para trás, pela minha gravata. Eu inevitavelmente levantei a
cabeça e vi três indivíduos agrupados atrás de mim. Tudo estava fechado na
minha casa; Eu não sabia como essas pessoas estavam lá, e meu primeiro
movimento foi me defender. Dei um soco violento naquele que me segurava:
minha mão e meu braço passavam por seu corpo. "Foi um espírito, que então
colocou o dedo sobre a boca e me disse: 'Você diz coisas em seu livro que devem
ser silenciadas'; e depois disso os três homens desapareceram. (Barão du Potet,
citado por M. Dunand, Revolução na filosofia, p. 376).
334 A teoria da Sugestão não é nova, nem as supostas descobertas de muitos
médicos magnetistas. Ouçamos a voz de um monge do século XIII: "Ele é um
prodígio (diz Roger Bacon) que prevalece sobre todos os outros. A alma razoável,
que não pode ser escravizada, uma vez que possui liberdade, pode, no entanto,
ser efetivamente contornada, dominada e disposta de tal forma que mudará de
bom grado seus hábitos, suas afeições, suas volições, de acordo com a vontade
de outro; E não só uma pessoa pode ser dominada, mas também um exército,
uma cidade, um povo inteiro. Aristóteles, em seu livro de Segredos, ensina como
fazer essa experiência, tanto em um povo ou um exército, quanto em indivíduos.
Pode-se dizer que este é o limite extremo da natureza e da ciência." (Lettre sur les
prodiges de la nature et de l'art, traduzido e comentado por Albert Poisson, Paris,
Chamuel, 1893, in-12, p. 40-41). Já que estamos no capítulo das reivindicações
legítimas da ciência do passado, contra o aplomb ingênuo dos inovadores
contemporâneos, vamos produzir mais dois exemplos, picantes, na verdade. O
que diriam o Dr. Bourru e o Dr. Burot, que se julgam inventores muito legítimos da
"ação das drogas à distância", se lessem em Agripa (ou em qualquer outro autor
que o relacione) o caso observado por Guilherme de Paris, de um homem que,
sempre que sentia a necessidade de tomar remédios, contentava-se em olhar para
as drogas, E imediatamente se sentiu expurgado? (Ver, Philosophie occulte.,
cap. LXIV, p. 183 do volume I da tradução francesa de 1721). — Cf. o caso
análogo relatado por Ragon (Orthodoxye maçonnique, Paris, 1853, in-8, p. 501).
Aqui, obviamente, há uma sugestão: não são as drogas, mas a ideia de drogas,
que atua sobre o assunto. No ano passado, falou-se de uma nova descoberta de
Edison, que traria ao seu auge a glória do ilustre inventor. Era um instrumento
muito simples, graças ao qual, de um extremo ao outro do mundo, dois amigos
podiam corresponder telegraficamente: nenhum fio comum; a electricidade secreta
libertada pela vontade do "emissor" deve ser suficiente para accionar o aparelho
receptor. (Essa descoberta – aliás – não é uma reminiscência dos simpáticos
caracóis, que nossos pais zombaram tão calorosamente?) Bem, vamos abrir a
mesma tradução de Agripa, mencionada acima. O que lemos nele, p. 17 do
volume um? Eis que "um homem pode, naturalmente e sem qualquer superstição,
sem a ajuda de qualquer espírito, comunicar o seu pensamento a outro, por mais
distantes que estejam, em menos de vinte e quatro horas, embora o tempo não
possa ser precisamente fixo: é uma coisa que eu vi feita, e que eu mesmo fiz; isto
é também o que o Padre Trithème fez uma vez."
335 Provavelmente Trois-Échelles, famoso feiticeiro sob Carlos IX; Ele foi executado
em 1571.
336 Démonomanie des sorciers (Paris, 1587, in-4, fólio 154).
337 Na magia, chamamos de translúcido, ou diáfano, o instrumento da visão no plano
astral. É, de certa forma, a retina da alma, um espelho onde se refletem as formas
de existência subjetiva – que não têm realidade, ou melhor virtualidade, apenas na
segunda atmosfera. O translúcido pode ser definido como o órgão receptivo das
imagens, o ambiente próprio da imaginação.

I. de Nynauld, de la Lycanthropie, transformation et extase des sorciers, Paris, 1615, in-


8 (p. 59-
339 No sistema de Louis-Michel de Figannières, um místico heterodoxo, iluminado por
flashes repentinos, e que vê para a direita e para longe, quando, por acaso, não vacila,
o "fluido sônico" ocupa o topo da hierarquia das forças naturais; acima, Michel
menciona apenas o "fluido divino". (Cf. Clé de la Vie, Paris, 1858, in-8,. p. 52.) Isso
está de alguma forma de acordo com o sistema do grande Boehme, que se qualifica
(simbolicamente, é verdade) como Som, a 6ª e penúltima propriedade (ou forma
geradora) da Natureza original: ele coloca além na ordem das realizações, apenas a
sétima forma, que é a substância em si, o ser, a coisa, ou melhor, a essência da
realidade.
340 M. Huysmans reuniu em Là-Bas (Paris 1891, in-12) alguns detalhes curiosos e
instrutivos sobre os sinos. (Ver pp. 52-58, 101;103, 187-189, 285-286, 329-331, et
passim.) 341 Dogma e Ritual da Alta Magia, p. 332.
342 Não estamos dizendo que a comunicação direta é magicamente impossível, de um
indivíduo para outro. Mas o adepto que a realiza é daqui de baixo reintegrado à
norma edenal, e exerce as prerrogativas desse estado glorioso.
343 Há sinais absolutos e sinais relativos. — Chamaremos o sinal absoluto daquilo
que a fragrância espiritual espontaneamente empurra para fora de si mesma e
com o qual se veste; sinal relativo, o símbolo mais ou menos adequado que pode
ser imaginado, para complementar o sinal absoluto.
344 Alfred de Musset, Premières Poésies (Suzon).
345 La Thréïcie, pp. 376-377 (passim).
346 Quantius Aucler alude aqui ao terrível arcano do impasse final, que é a antítese da
reintegração na Unidade eterna. É aqui que a cidade dócil se encontra, onde não
há esperança para o senhor perdido. É permitido, além disso, afirmar que este
destino terrível (vamos abordá-lo no Capítulo VI) será a partilha de muito poucos,
daqueles que o quiseram bastante.
347 Threicia, pp. 403-404 (passim). Além de algumas observâncias vãs, Quantius
Aucler dá ritos ocultos de grande lógica, e de uma beleza rica e simples. Citemos,
a título de exemplo: "Não farás qualquer adoração, invocação, sacrifício, sem ser
purificado, lavando o teu corpo ou pelo menos as tuas mãos: a religião é a
expressão do que é, e estes atos são os símbolos que expressam atos invisíveis e
os operam... Se lhe faltar água, purificar-se-á com fogo; Se você não tem água
nem fogo, você se purificará no ar, pedindo que a água que leva tudo, leve embora
sua contaminação. Na água você vai se lavar, você vai colocar sal de sapiência ...
Para adorar, você primeiro se apresentará diante dos deuses, virados de manhã
para o lado do leste, ao meio-dia e à noite, do lado do meio-dia e do pôr do sol: há
o coração do mundo e sua casa... Levarás então à tua boca a mão direita, que é a
mão do poder, com o polegar apoiado no teu indicador, que a designa, à tua boca:
porque é a tua Palavra que deve adorar a Palavra dos deuses e falar-lhes a sua
língua, ab ore orare; então tu te curvarás diante deles; então andarás em círculos,
desenhando um círculo. Os romanos rodopiam da direita para a esquerda: os
celtas, os vossos antepassados, ó europeus, viraram-se da esquerda para a
direita: eu vos diria: escolhei: mas vistes que é os ritos romanos que deveis ter;
Vocês são apenas desmembramentos do Império Romano. Então você verá os
deuses e você será visto deles, e então você se sentará em seu descanso e em
sua unidade. Grande Deusa, eu não acho que estou divulgando seus mistérios
dizendo essas coisas! E, ou você oferece perfumes, ou as partes da vítima que
você deve queimar, que são gorduras e intestinos, você vai acená-los em uma
cruz de leste a oeste, do meio-dia para o norte. Desenhareis uma cruz pela qual
todas as coisas são feitas, que é o símbolo do poder dos deuses, da vida futura e
eterna; A cruz na capacidade do círculo fazendo quatro ângulos retos: isso é o que
os antigos chamavam de ferctum obnovere. (pp. 377-379, passim).
348 Paracelsi ópera ominia... Genevæ, 1636, 3 vol. in-folio, fig, (Tomo II, por Occulta
philosophia, p. 484-485, passim.)
349 No mesmo capítulo, pp. 416-417.
350 A precipitação elétrica provavelmente serviu a Martinès de Pasqually, para projetar
astral os hieróglifos luminosos que ele fez aparecer aos seus discípulos
trabalhando em seu "quarto de círculo". Cf. livro de Papus, Martines de Pasqually,
pp. 92-93, 109 e passim.
351 Encontramos na Opera omnia de Paracelso, publicada em Genebra, em 1636 (3
vol. in-folio), duas coleções de Archidoxes (ou Princípios Doutrinários),
relacionadas a ciências muito distintas. Devemos ter cuidado para não confundir
as Arquidoxes Mágicas, em sete livros, que terminam o Volume II, com as
Arquidoxes Herméticas, em dez livros, que estão no início do mesmo volume.
352 Notamos, nas obras deste rascunho de Etteilla, uma explicação dos talismãs que,
para ser materialista e ingênua em excesso, não deixa nada além de expressar
figurativamente, de maneira bastante marcante, a natureza do talismã e suas
propriedades. Mas é sobretudo aqui que devemos nos precaver contra "a letra que
mata". "EM ETTEILLA. É verdade, senhor, que você faz medalhas chamadas
talismãs, para ter felicidade? Se assim for, passe-me meia dúzia. RESPONDER.
Madame – aqueles que não são profundos imaginam que eu posso, por oito a dez
louis, vender a felicidade à vontade, e dessa consequência, eles chegam ao ponto
de me confessar o poder de fazer o infortúnio dos outros... Para que um talismã, e
não meia dúzia, traga boa sorte, isto é, conduza e avise a pessoa para quem ele
está estabelecido, os desejos do requerente devem estar dentro de sua esfera, e
esses desejos devem ser legítimos e, finalmente, não têm nada contra a ciência e
a sabedoria. Imagine, Senhora, que um talismã é um oco, que recebe puras
influências das estrelas, como o oco recebe a cera que o figurista remove dele;
Que essas influências sejam transferidas para aquele para quem o talismã é feito.
Imagine agora que essas influências talismânicas têm um cheiro agradável que,
carregado pelo homem com o talismã, é sentido por todos aqueles sobre os quais
seus desígnios são lançados; que esse mesmo cheiro poderoso reflete
naturalmente o veneno que quer se aproximar do dono do talismã, daquele que o
joga nele, etc." (Etteilla, Philosophie des hautes sciences, Amesterdão, 1785, pp.
137-138, passim).
353 Talismãs também podem ser feitos e consagrados para os outros. — Os
charlatães do andar mais baixo de bom grado fornecem alguns aos espectadores,
e "por oito ou dez louis", e até mesmo por muito menos... Quando é que estes
excelentes compreenderão que um chamado ocultista que explora a sua ciência
de forma frutífera e cobra, mesmo que um cêntimo, pelos serviços que presta, só
pode ser com certeza um impostor ou... Um pobre diabo? A doutrina e seus
benefícios são dados ou negados, mas nunca vendidos.
354 "Mas não era suficiente tê-lo escrito (este livro de Versos Dourados), ele tinha que
ser impresso, e Napoleão consentiria com isso? Eu o sondei por uma carta
lisonjeira, que, apesar dos obstáculos que ele se opunha ao fato de que nada de
mim poderia alcançá-lo, no entanto, veio a ele por uma estrada muito
extraordinária e fez despertar sua curiosidade. Ele jogou minha carta no fogo
depois de lê-la; e, embora eu o tenha instado a responder sim ou não, ele também
não respondeu." (Noções sobre o Sentido da Audição, pp. 20-21).
355 Dictionnaire de la conversation et de la lecture, Paris, 1837, in-8° (Tomo XLI, p.
16). O aviso relativo ao Fabre d'Olivet foi publicado sob a assinatura de M. Charles
du Rozoir.
356 Espiritismo na Rússia, de W. Eglington (L'Aurore, 15 de julho de 1887, pp. 432-
434, passim).
357 O Espiritismo no mundo. Iniciação e Ciências Ocultas na Índia; Paris, Lacroix,
1879, in-8 (pp. 287-288 e 307-308).
358 Eis a frase atribuída a Jean-Jacques por Balzac e Protat: "Se bastasse, tornar-se o
rico herdeiro de um homem que nunca teríamos visto, de quem nunca teríamos
ouvido falar, e que viveria nas profundezas da China, para apertar um botão para
fazê-lo morrer, quem de nós não apertaria esse botão e mataria esse mandarim?"
É quase em termos idênticos que Chateaubriand formula essa mesma hipótese,
que ele parece apresentar como sua (Gênio do Cristianismo, 1ª parte, VI, 2). Por
outro lado, o Sr. Jutes Claretie, aludindo a este famoso paradoxo, assinala com
razão que nunca se soube exactamente quem o inventou (cf. Jean Montas, pág.
13). Um fato constante é que a frase "matar o mandarim" tornou-se um provérbio,
no sentido de "cometer uma má ação, com a certeza de nunca ser suspeito".
359 L'Illuminisme en France, Martinès de Pasqually, etc., (pp. 80-82).
360 Os discípulos de Martinès designaram sob este nome enigmático o Coletivo
Invisível da Ordem, e geralmente qualquer princípio de manifestações ocultas: "a
Coisa quer (eles disseram de bom grado), a Coisa permite, a Coisa defendeu ...
Obedeçamos à Coisa, etc."
361 "As obras mágicas desses senhores visam principalmente combater demônios e
seus satélites, que estão constantemente ocupados espalhando males físicos e
espirituais sobre toda a natureza por sua magia negra. A luta é particularmente
nos solstícios e equinócios, em ambos os lados. Eles trabalham em tapetes a
lápis, nos quais estabelecem suas cidadelas, que consistem em um grande círculo
no meio para o Grão-Mestre e dois ou três menores para seus assistentes. O líder,
embora ausente, vê todas as operações de seus discípulos, quando eles
trabalham sozinhos, e os apoia." (Memórias de Charles-Henri, Barão de Gleichen;
Paris, Techener, 1868, in-8, p. 152.) Alguns detalhes diferem, se compararmos as
informações fornecidas por Gleichen e as dadas por Papus. Mas estas não são
contradições. O lugar atribuído ao grande círculo certamente variava, dependendo
da classificação do afiliado e da natureza das operações: portanto, não é
surpreendente que um desses autores o localize no centro e o outro no Ocidente.
Quanto aos pequenos círculos mencionados por
Gleichen, eles certamente correspondem aos quartos-de-círculo, ou segmentos, da
correspondência de Martines, editada em substância por Papus. Também é provável, e
esta é a hipótese que aceitamos, que um pequeno círculo foi inscrito em cada segmento, e
assim se tornou a cidadela do neófito. Desta forma, tudo se reconcilia. As obras mágicas
dos discípulos de Martines variavam não apenas de acordo com a classificação, mas
também de acordo com a idiossincrasia oculta de cada discípulo. Alguns deles praticavam
a Saída no corpo astral, como evidenciado pela correspondência de Saint-Martin com
Liebistorff. O Bernês escreveu ao seu mestre, em 25 de julho de 1792: "A Escola pela qual
você. Lembro-me de uma conversa que tive há dois anos com uma pessoa que veio de
Inglaterra e que teve relações com um francês que vivia naquele país, chamado M.
d'Hauterive. Esta M. d'Hauterive, de acordo com o que ela me disse, desfrutava do
conhecimento físico da Causa ativa e inteligente; que ele conseguiu isso por meio de várias
operações preparatórias, e isso durante os equinócios, por meio de uma espécie de
desorganização em que ele via seu próprio corpo sem movimento, como separado de sua
alma; mas que essa desorganização era perigosa, por causa das visões que então têm
mais poder sobre a alma, assim separadas de seu invólucro, que serviam de escudo contra
suas ações, etc." (Corresp., p. 19). — responde Saint-Martin, na data. de 25 de agosto: "M.
de Hauterive, que tinha o mesmo mestre que eu, entregou-se mais do que eu a esta parte
operativa, e embora tenha recebido mais frutos do que vários de nós, confesso, no entanto,
que não vi nenhum em seu caminho que me comprometesse a mudar de ideia. Tem
bastante outros méritos para mim. Olhos." (Ibidem, p. 30). Em uma carta subsequente,
datada de 6 de setembro, Saint-Martin explica que a separação do corpo e da alma só
pode ser absoluta na morte, e que, portanto, "há algo exagerado" em sustentar que M. de
Hauterive se despojou de seu envelope corporal: "a alma não deixa o corpo até a morte;
mas, durante a vida, as faculdades podem estender-se para fora dele e comunicar-se com
seus correspondentes externos sem deixar de se unir ao seu centro, etc." (Ibidem, p. 38).
Aqui, São Martinho está abaixo da verdade, e é claro que ele só sabe por boatos o
fenômeno de que está falando.
362 Cf. Memórias do Barão de Gleichen (pp. 152-153).
363 Ouvimos dizer que falamos de ocultismo, e que não se trata de trancar em círculo
um grande proprietário de terras em disputa com o Conselho Municipal de sua
comuna, nem um caçador furtivo rebelando a guarda rural.
364 Istar, Paris, 1888, 2 vol. in-8 (p. 130). A teoria parece clara e correta, apesar de
alguma imprecisão na expressão científica. O que parece mais censurável é o uso
da hóstia redentora como arma da morte.
365 Outra teoria do feitiço sagrado pode ser lida na obra de um iniciado, além disso
sujeito a dúvidas, o Sr. Adolphe Bertet, que pensou em encontrar no Apocalipse de
São João o ritual completo desta obra de raiva. Esta página, da qual todos podem
pensar o que quiserem, é sem dúvida muito curiosa, e como o volume é muito
difícil de encontrar, vamos reproduzi-lo sem preconceitos. É bom advertir que o
autor comenta o oitavo capítulo do Apocalipse, e que por "o Microcosmo" ele quer
dizer os Magos oficiantes, vigário de Cristo... Aqui (diz M. Bertet), como veremos,
não é uma obra de misericórdia. Pelo contrário, é necessário perturbar o equilíbrio
do equilíbrio que está nas mãos de Deus, forçar o platô que representa a
misericórdia a ceder àquele que representa a justiça, que é acusado de todos os
crimes que cansaram a paciência dos santos. "Para determinar o trabalho mágico
de justiça e vingança, o Microcosmo reúne em seu incensário todo o fogo que
permaneceu na cassoleta no altar de perfumes; então ele a espalha na terra, fora
do círculo mágico com o qual teve o cuidado de se cercar, invocando o braço ou o
apoio do Altíssimo para a punição dos culpados. (Ezequiel, capítulo X, versículo 2;
cap. XXIV, v. 3 e ss.; cap. IV, v. 3). "O círculo deve servir para gravar na memória
dos anjos encarregados da execução da vingança, que em homens em greve, eles
devem poupar todos aqueles que estão marcados na testa com o sinal da
redenção, e que são mentalmente supostos para serem colocados no círculo, sob
a égide e proteção imediata do Microcosmo: esta é a égide ou escudo do Senhor,
que deve preservar toda a sua santa milícia na terra dos ataques do exército de
Satanás. Esta é uma operação análoga àquela que Jesus ensina aos seus
apóstolos, quando lhes diz para sacudir, como sinal de maldição, o pó dos seus
sapatos contra aqueles que os afastarão (Mateus, cap. X, v, 14). "Esta é a mais
formidável e perigosa das operações mágicas; é análogo àquelas pelas quais
vimos anteriormente Ela atrair fogo do céu para o altar, e fazer cair relâmpagos
sobre duas companhias de cinquenta homens cada; Jesus secou a figueira, e os
apóstolos pediram a Jesus permissão para derrubar aqueles que se recusavam a
recebê-los, quando ele os saudou bruscamente sobre o abuso que eles estavam
se preparando para fazer dessa virtude ou poder (Lucas, cap. IX, v. 55). "Se a
oração for aprovada pela justiça de Deus, sinais se manifestarão no momento no
céu: relâmpagos sulcam as nuvens; relâmpagos irrompem; os ventos sopram
impetuosamente dos quatro pontos cardeais; um grande terramoto parece
anunciar o fim do mundo (Lucas, cap. XXI, v. 25)... "Se, ao contrário, a oração é
rejeitada como imprudente, o castigo recai sobre aquele que invocou em vão o
nome e a ira do Altíssimo, de acordo com este preceito do Decálogo: 'Deus em
vão juras ou conjuras...' (Apocalipse do Beato João..., desvelado, por Adolphe
Bertet, Doutor em Direito Civil e Direito Canônico, Advogado no Tribunal de
Apelação de Chambéry. — Paris, Arnauld de presse, 1861, in-8, cap. VIII, v. 5 e
segs., p. 170-172).
366 A Serpente do Gênesis, I. O Templo de Satanás (pp. 185 e ss.).
367 Trecho de um relatório de M.C.D... d, Vice-Residente da França em Donghoï, ao
Superior Residente em Annam (12 de março de 1892, anexo 3); documento
transmitido por M. de Pouvourville.
368 Agrippa, Philosophie occulte, edição francesa de 1727 (tomo I, p. 125).
369 Vaillant, Les Rômes, Histoire des vrais bohémiens, Paris, 1857, in-8° (p. 209).
370 Les Rômes, etc. (p. 408-409).
371 Sempre a vontade expressa e o sinal de apoio; isto é, a forma e a matéria do mal,
como explicamos no volume anterior (O Templo de Satanás, pp. 175-176).
372 Aôd, Od (doa), luz astral positiva: esta é a força psíquica de Crookes. — Rochas
manteve este nome, que M. de Reichenbach atribuiu às efluências de luz.
mencionado acima. Dada a duração desse relacionamento, removemos qualquer
coisa que não vise diretamente o objetivo. Vários pontos, cada vez, sinalizam o
corte.
373 A Serpente do Gênesis, I. O Templo de Satanás, pp. 178-183 e ss.
374 Cf. Thiers, curé de Vibraie, Traité des superstitions qui regardent les sacrements,
Paris, 1741, 4 vol. in-12 (tomo I, p. 132).
375 A Serpente de Gênesis, I, O Templo de Satanás, pp. 180-181.

(SECÇÃO 12)
O Enforcado (doze) = Sacrifício
voluntário = Interferência de
planos. Escravidão Mágica
Capítulo V: Escravidão Mágica

Vamos virar um fólio do Livro de Arcana.


É um enigma desconcertante e bizarro que nos oferece sua
décima segunda chave. A lenda, no fundo do emblema, ingênua e
brutal, não nos ensinará nada: O ENFORCADO.
Mas que carrasco estranho!
Em um monte ergue-se o gibbet improvisado, na forma de um Tau
hebraico. É reduzido a um membro transversal horizontal, mantido
na altura desejada por dois suportes verticais, presos no chão. São
troncos de árvores jovens, ainda providos de casca e
grosseiramente desgalhados: seis galhos, derrubados com um
machado ao nascer, formam tantos nós artificiais em cada suporte.
Ao todo, isso faz doze nós, o número da folha.
Na trave, um homem, de cabeça para baixo, é suspenso pelo pé
esquerdo. A perna direita dobrada forma a cruz com a outra perna.
Dois [514] sacos de dinheiro pendurados de cada lado sob a axila;
escapa dos ecus. Os braços do paciente parecem estar amarrados
atrás das costas, de modo que os cotovelos desenham, com a
cabeça de cabeça para baixo, um triângulo com a ponta para baixo,
um triângulo que a cruz das pernas supera... À primeira vista,
destaca-se o hieróglifo bem conhecido pelos alquimistas376 . É
assim enquadrado no quadrado que forma o gibbet com a linha do
solo:

A décima segunda chave do Tarot nos apresenta as glórias e


misérias da escravidão mágica.
É que existem, na magia, dois tipos de escravidão, a boa e a má, a
do Espírito e a da Matéria: — a escravidão do dever, do altruísmo e
da devoção; a escravidão das paixões, do egoísmo e da rotina.
O adepto da alta ciência é esse torturador simbólico. Mantido entre
o céu e a terra pelas exigências da missão que escolheu,
permanece exilado do Céu por causa do corpo perecível que o
submete à atração física; e os seus pés já não pisarão os caminhos
da ilusão terrena, cujas doces miragens lhe são doravante proibidas,
pois a disciplina [515] que pratica abriu-lhe os olhos. Ele não pode
mais, de boa fé, ficar bêbado com as carícias da encantadora Maïa,
tão deslumbrante no brilho de seu adorno deitado, e tão desejável
para os homens na impostura de sua beleza sorridente!
É o adepto perfeito que aqui pintamos, o ser sobre-humano que,
tendo chegado ao topo do triângulo de sapiência, não tem mais
nada a receber da terra, mas ainda pode ter muito a dar: o que as
moedas de prata aparecem, caindo chuva no chão. Seus braços,
destinados ao mal, ainda estão livres para a beneficência e o amor.
Tão raro é o verdadeiro mago, especialmente em nossa era de
iniciados especulativos ou incompletos e médiuns duvidosos, que
essa interpretação marca mais um ideal a ser perseguido, do que
uma realidade frequente a ser inscrita no livro de visitas dos filhos
da Ciência e da Vontade.
O escravo da matéria abunda, por outro lado.
No que diz respeito a ele, os detalhes do pentáculo XII comentam
sobre si mesmos. Se, no entanto, os nossos leitores estão curiosos
sobre uma decifração analítica, desta vez deixaremos que a sua
engenhosidade satisfaça este exercício, aplicando a conhecida lei
da analogia dos opostos. E então, todo o capítulo, parafraseará
copiosamente a interpretação desastrosa, em vez do significado
pomposo e glorioso do emblema.
No entanto, duas observações parecem essenciais para destacar.
[516]
Sabemos que o Tau t, a última letra do alfabeto sagrado, indica
qualquer período consumido, qualquer operação realizada, e
também cada volta sucessivamente passada de uma espiral sem
fim. O Tau está aqui na forma da forca que significa morte mística e
regeneração; marca o encerramento do ciclo duodenário, o primeiro
a reaparecer para simbolizar, dez lâminas depois, a revolução
integral dos hieróglifos claviculares XXII do Tarô. Note-se que esta
figura do Tau encontra-se, invariavelmente, na figura final de todos
os ciclos menores: é esboçada na forma da carruagem, no arcano
septenário; em apoio à Roda da Fortuna, no arcano denário. Isso é
característico.
Por fim, note que ao examinar o mapa que nos diz respeito, se
completarmos o quadrado, assumindo reta (e não sinuosa) a linha
do chão que fecha o tau pela base, obteremos o símbolo dos quatro
elementos, enquadrando a figura humana, circunscrita na cadeia da
existência elementar.
Sem voltar atrás no que notificamos no Limiar do Mistério,377
parece apropriado enfatizar, portanto, que o Arcano XII diz respeito
exclusivamente ao homem descendente em sua decadência da
carne.
De facto, quando pensamos nos destinos do homem universal
antes da sua queda, ou mesmo no destino do homem individual
[517] nos espaços livres da vida etérea, a encarnação terrena
parece ser colocada em cativeiro prelúdio da mais dura escravatura.
"Do alto do Céu profundo, em direção ao mundo
turbulento, os olhares das almas eternas são
abaixados:
Sentem a intoxicação da vida e do prazer
elevando-se da terra em direção a eles;
Os aromas de baixo secam suas asas,
E, caindo do éter e do círculo leitoso,
Eles bebem, com o esquecimento do Céu deixado,
O veneno do desejo, em copos mortais." 378
A chama viva, esvoaçante em direção a uma miragem
embalsamada com flores maravilhosas, rolou, de repente cativa, na
lama: sua luz parece estar apagada e sua consciência afogada: é
um engolfamento sombrio. As flores sedutoras mascaravam a cola
lamacenta... E eis que! Um anjo morreu no céu, uma criança
nascerá na terra.
Estranho mistério, de fato, que aquele que preside a descida das
almas à fossa da existência material, onde elas devem passar pela
infame encarnação. Estranho mistério, e sombrio. O amor segura as
chaves379.
Considerar o Amor apenas do ponto de vista do Desejo [518] que
o manifesta, não há nada mais insondável do que a essência desta
atração obscura, cujo magnetismo também é sentido em ambas as
margens da Vida?
Esta é a força de Iônah, terrível e doce; Governa o fluxo torrencial
de gerações...
A Iaônah de Moisés é equivalente à Afrodite de Homero, a alma
Vênus de Lucrécio380.
Evocativa de almas na margem da ilusão física, a Charmeuse
cobre com um falso adorno as tristes realidades de carne e osso.
Em todos os níveis da existência, seu papel é seduzir.
Sua fantasmagoria faz a ilusão de um paraíso brilhar no fundo do
abismo do inferno físico, e as almas ficam presas em sua armadilha
da encarnação, pois, uma vez encarnadas, serão pegas em sua
armadilha da união sexual. Vênus precisa exercer em paralelo essa
dupla e complementar função sedutora, a fim de garantir, pelas
sucessivas ondas de geração, a perpetuidade do objetivo transitório.
Se a deusa quer capturar almas ou corpos companheiros, seus
meios dificilmente variam: o desejo é sua voz solicitante, e sua
armadilha divina é a volúuptua.
Porque temos finalmente de formular o que o nosso público já
previu, talvez; é que, ao chamado de Vênus, uma desordem sensual
muito intensa, uma sede irresistível de prazer invade as almas no
declínio de sua vida arômal. Exceto para aqueles de quem a
natureza, [519] inteiramente espiritualizada, já não oferece um
controle sobre o fluxo retrógrado de gerações. Todos os outros,
quando a hora tiver atingido uma nova provação, deixam-se levar
pela torrente: o mundo físico em que ela termina parece-lhes um
Éden de bem-aventurança lasciva; Logo a paixão sucede o desejo e
o centro animico é invadido. O amor incurável com que essas almas
então queimam pela matéria marca a agonia de sua existência
superior. Assim que eles consentiram em seu declínio, a corrente os
arrasta e os rola em seu tumulto: sua mentalidade é obscurecida,
sua consciência entra em pânico, sua substância engrossa.
Encantados com a atração fluídica do planeta predestinado, uma
vertigem indescritível vela deles o horror da degradação iminente, e
quando finalmente a matéria os engole, eles perdem a consciência
na intoxicação da volúpia.
Também é necessário que, em qualquer caso, a incorporação siga
imediatamente a queda. Os Psiques às vezes permanecem por
muito tempo aguardando a encarnação; eles então vagam, em uma
semi-inconciência, para as regiões inferiores do Astral planetário.
Eles podem influenciar médiuns, possuir os fracos e até, felizmente
em casos bastante raros, encarnar de surpresa, como dissemos.
Normalmente, todos tontos e desorientados, a serpente fluídica de
Ashiah (que se envolve ao redor do globo) os carrega em um
círculo; até que, satisfazendo as exigências fisiológicas, elas se
encontram incorporadas, de acordo com leis desconhecidas de
apropriação e simpatia seletiva. [520] Estas leis regem a relação
entre estas almas errantes e os casais humanos que lhes darão
acesso ao mundo material. O mesmo ardor que as almas sentem
para descer à carne, elas o inspiram aos progenitores terrenos
designados para lhes abrir a porta.
"A seleção natural não pode ser explicada por acaso, porque uma
palavra não explica um fato. Se há escolha, há discernimento; Toda
energia pressupõe uma vontade. Mas será que é nosso? Não, é
uma vontade estrangeira;381 O amor não é uma ação, é uma
paixão. Os Poderes cósmicos enviam-nos para trabalhar no seu
trabalho criativo, trazendo almas ao nascimento. O amor é uma
criança que quer nascer; os antigos o chamavam por seu nome real,
Desejo (Eros, Cupido), porque de fato é o Desejo que chama
germes à existência. Há almas ao nosso redor que querem
encarnar: para isso, elas se transformam em desejos e pedem aos
vivos que lhes deem um corpo. A arte grega os representa por
crianças aladas: estes são os desejos que voam em torno dos
amantes.
"A beleza é a mãe do Desejo, de acordo com a mitologia. O que é
beleza? É uma harmonia de linhas, uma ponderação de formas que
anuncia a capacidade de chocar germes e aperfeiçoar a raça. O
tamanho dos quadris, a firmeza da garganta são garantias para a
criança que vai nascer. Almas errantes nos empurram para nossos
complementos; Eles escolhem entrar na vida as condições
orgânicas de que precisam, e impõem sua escolha sobre nós sem
nos consultar. Esta escolha raramente está de acordo com a nossa
conveniência social; não é culpa deles, eles só conhecem a
propriedade fisiológica". 382 [521]
Talvez não devêssemos interpretar muito literalmente a deliciosa e
poética prosa de Louis Ménard383, mais precisa anteriormente,
quando ele cantou. Não pudemos deixar de transcrever estas linhas
para a satisfação dos nossos Leitores; pois são sugestivas e
reveladoras para aqueles que sabem ler e entender.
A preexistência da Alma, seu fracasso e seu naufrágio no abismo
da matéria eram bem conhecidos, na antiguidade, pelos seguidores
de qualquer escola. A Arte Augusta aproveitou essas noções. Para
traduzir em uma linguagem acessível aos profanos a doutrina
universalmente recebida nos templos, os rapsodes iniciados a
transpuseram para emblemas: sua verve esbanjou todos os adornos
da poesia e do ritmo, para as cem fábulas, graciosas ou terríveis,
cujo tema inicial havia sido formulado pelos escribas do santuário,
esses mestres guardiões do Símbolo. Assim, em todos os lugares
foram bordadas, em uma tela teosófica invariável, as múltiplas
imagens de tantas mitologias brilhantes.
Na lenda edenal, que Moisés inscreveu no frontão de seu edifício
de Berœshith, não parece temerário ver o protótipo de todos
aqueles análogos, e relacionados ao mesmo arcano. A queda de
Adão Eva é uma tradição mística, provavelmente emprestada dos
egípcios, que [522] a mantiveram dos hindus. Talvez Moisés até
tenha coletado a noção original na cripta midianita, onde Iétro
piedosamente preservou o tesouro doutrinário das primeiras eras.
Voltaria assim à síntese científica resultante do gênio da raça negra,
e estaria ligada por ela ao simbolismo antediluviano dos atlantes, ao
ciclo primitivo da raça cobre384.
De qualquer forma, esta fábula tem correspondências em todos os
simbolismos. A desobediência de Pandora, a de Proserpina, estão
em estrita analogia com a desobediência de Eva. Aqui, é uma fruta
que não deve ser degustada, lá está uma caixa é proibida de abrir,
ou uma flor cujo caule deve ser respeitado. Mas a curiosidade
feminina prevalece, e a maçã é comida, e a caixa é aberta, e o
narciso colhido. A prevaricação de Eva expulsou o primeiro casal
humano do paraíso terrestre; As chuvas de Pandora sobre os males
do mundo que ele nunca deveria ter conhecido; a de Proserpina
leva ao seu rapto por Plutão, o que o leva aos abismos infernais.
A fábula de Psique contém um significado idêntico, sob um
simbolismo que difere pouco, e a analogia é necessária...
Que outros mitos poderiam ser invocados, expressivos da mesma
doutrina, embora de uma semelhança menos rigorosa entre eles,
quanto à forma? [553]
Em todos os lugares, é a história de uma catástrofe humilhante,
unida à promessa de uma reabilitação do ser caído ou despossuído.
O esoterismo dos antigos mistérios, ainda imutável em seu dogma,
invariavelmente incluía como suporte simbólico uma fábula desse
tipo.385 [524]
Foi, em Elêusis, o rapto de Perséfone (ou Proserpina) e as
andanças infrutíferas de Deméter, (ou Ceres), viajando pelo mundo
em busca de sua filha.
Perséfone, imagem viva da Alma humana, desobedece à sua mãe
(a Natureza celestial). Seduzida pelo conselho do traiçoeiro Eros,
ela pega e traz aos seus lábios o emblema estrelado de narciso do
desejo, lutando para respirar o perfume, que um fracasso a agarra:
o chão treme, abre e entrega passagem para a carruagem de
Plutão, aproveitada por cavalos sinistros com a juba da escuridão. O
deus da expiação agarra Perséfone, deleita-a em sua carruagem de
ébano e tudo desmorona na noite. O abismo fechou386... Esta é, de
facto, a atracção do fogo terreno [545], que, encontrando um aperto
em cada alma sobrecarregada pela concupiscência, arrasta-a para o
fundo do abismo das gerações, para o reino da vida física e da
provação!
Proserpina se casa com Plutão (o princípio da atração ígnea) e se
torna rainha do mundo inferior. Enquanto isso, Júpiter, movido pelas
orações e lágrimas de Ceres (a natureza celestial), decide que
Proserpina será devolvida a ele, se ela tiver sido capaz de se abster
de todo o alimento, na estadia do inferno. A infeliz mulher não levou
nada, exceto três grãos de romã: basta que ela pertença ao deus
negro!... Mas Zeus atenua o rigor da sentença primitiva. Perséfone
dividirá sua vida entre Deméter e Aidoneia: ela viverá seis meses
em Tenare, perto de seu marido, e seis meses no céu, perto de sua
mãe.
O significado oculto da engenhosa alegoria brilhará melhor no
próximo capítulo – A Morte e seus Arcanas. Basta observar que o
alimento é aqui o emblema de uma assimilação das coisas terrenas
à substância pura da alma. Se a alma se materializou plenamente
durante sua prova corporal, os infernos a manterão cativa para
sempre, na saída do corpo; se ele foi capaz de se preservar de
qualquer restolho, ele será para sempre restaurado à vida do Céu.
Mas no caso mais comum em que a alma assimilou, como
Proserpina, apenas uma porção mais ou menos pequena do
alimento proibido, a Terra terá, sem dúvida, direitos adquiridos sobre
ele, sem que sua natureza celestial tenha abdicado por tão pouco.
Os seus destinos [526] serão então divididos, como podemos ver,
entre o céu e a terra, na sucessão das suas existências alternativas:
até ao dia da sua total purificação e do seu regresso à essência.
O mistério da encarnação das almas inspirou Saint-Yves, que lhe
deve uma das suas mais belas páginas, aquelas em que o nobre
poeta recorda que é um grande iniciado. As austeras lições da
ciência são transpostas para a arte com requintado domínio e tato;
E é escrupuloso e quase arrependido para nós que tivemos que
mutilar essa prosa lírica, a fim de extrair extratos lucrativos dela.
A alma desceu à prisão do corpo nos diz a odisseia de sua queda
individual. Aqui está ela na terra.
«... Assim, esta alma nasceu no mundo das efígies e provações; e
ela grita.
Seu elemento era o fluido celeste, a luz interior do Universo, o éter
espirituoso, o interior e o lugar da substância cosmogônica.
"Aqui ela está de cabeça para baixo, do lado de fora, no meio da
noite.
"Ela não vê mais seu corpo celeste: ele desaparece.
"Ela perdeu a ciência, a consciência, a vida real. Sua inteligência
se fecha, sua clarividência difiect não vê mais, sua compreensão
não ouve mais, sua sensibilidade psírgica está em toda parte
sobrecarregada.
"Entre ele e o Universo há um terrível obstáculo: algo obscuro e
limitante, curvo, obtuso, acre e quente, composto estranho que soa
e enxameia, véu inteligente e artisticamente tecido, dobrado sobre si
mesmo e sobre ele, incluindo todas as contexturas animadas,
imagens do Universo, em comunhão precisa com ele, figuras das
faculdades da alma, Em conjunção substancial e específica com
ela, abraçai-a e [527] entrelaçai-a nos meandros tortuosos dos
órgãos e das vísceras: é o corpo.
"Se o corpo clama, é porque a alma está sofrendo.
"Ela quer fugir, mas cai de volta sob uma irradiação que a lembra
da luz viva, Iônah, a Substância celestial: é um beijo materno.
"Às vezes parece que ela está morta. Recorda-se como num
sonho da imensidão desta luz secreta onde se banhava nua em
resplandecentes redemoinhos; as garupas, os vales etéreos de uma
estrela amada, sem atmosfera elementar, sem atração física, mundo
de essências, aromas e perfumes da Vida, do qual ela pretendia
subir e descer as harmonias e melodias interiores dos tempos e
espaços; de onde ela voou, tremendo; à voz íntima do amado, para
contemplar Shamaim, o éter, o mar azul do Céu, as ilhas, as frotas
siderais, os movimentos de seus Gênios animadores e seus
Poderes animadores.
"Como um reflexo (a estrela em uma água trêmula), uma
lembrança cai e ainda treme nela da grande realidade.
"Ela ainda exala a ambrosia celestial dos mistérios eternos do
Espírito Santo, e as fragrâncias do outro mundo apenas evaporam
lentamente de sua essência balsâmica, que a mãe bebe, respira e
fode, com uma embriaguez estranha ao leigo.
"Não voeis para longe, doce reflexo da estrela dos Magos! Imortal,
lembre-se!
"Ela pensa que ainda os vê, o branco, o divino, homens e
mulheres, deusas e deuses, formas diáfanas, luminosas, tipos de
Beleza, cálices da Verdade, em movimento, voando, abraçando-se
nas ondas mágicas do Amor celestial, nas deslumbrantes
comunhões da Sapiência.
"Ainda não são as teorias sagradas, os poemas vivos da Palavra
oculta, os hinos dos pensamentos criativos, as sinfonias dos
sentimentos animadores, os ensinamentos hierárquicos dos círculos
psíquicos, a santa desordem dos grandes Mistérios, os [528]
Deuses, raios do Deus cuja luz é a sombra, o sulco luminoso, o voo
arômal dos Gênios, dos Enviados, Inteligências perfeitas, Espíritos
imortais, Almas vitoriosas e glorificadas.
"Ó vertigem! não é ainda o círculo quádruplo inferior de almas
subindo e descendo, o oceano fluídico e cintilante, sobre o qual
passa a brisa do Amor, no fundo do qual o Nascimento e a Morte
clamam?
"Ainda não é...?" Mas o que eu ia dizer?
"Então, o que aconteceu? Canta, filha dos deuses! "Ouçam!
"Um grande problema, uma vertigem, uma intoxicação súbita, um
peso estranho, um magnetismo distante, uma atração doce e
terrível, um encantamento das estrelas, um slogan, um grito de
esfera em esfera, uma despedida dolorosa da vida superior, do
amado, uma oração, uma cerimônia solene aos ritos fúnebres, um
último abraço, um último beijo, um juramento de lembrar e voltar,
um Gênio com pés alados que toma o Imortal e o arrasta para os
abismos, a imensidão de cima que se fecha, que de baixo que se
abre com um estrondo, o tumultuado oceano de gerações, abismos
de almas ganhando ou deixando o topo ou o fundo da atmosfera de
outro corpo celeste, batalha elétrica das paixões e instintos da
terra... então... Que?
"É o orbe da terra, é o oceano metálico desenrolando seus fluxos,
enrolando seus refluxos.
"Passamos por turbilhões de almas que sobem e descem...
"Eles estão na atmosfera, as nuvens, as grandes correntes
polares, as respirações do leste, as rajadas do oeste, os rios aéreos
sacudindo a espuma das nuvens, enrolando suas cobras elétricas; É
o oceano inferior do ar, com suas quatro regiões, a das águias, dos
grandes migrantes, das cotovias e das pombas.
"Neste último começa o reinado da substância plástica na terra,
com seus quatro nomes: mineral, vegetal, animal, hominal e seus
sete redemoinhos [529] de potências geradoras e gerações
especificadas.
"Depois dos circos e dos anfiteatros vertiginosos das Montanhas
Brancas, depois do deslumbrante encantamento dos glaciares e dos
abismos, chegam ao infinito as suaves ondulações das colinas
verdejantes, o fluxo espumante das torrentes, a serpente escamada
dos rios e rios metálicos, o balançar das florestas circulares, a
imensidão circular do campo gramado, onde correm e brincam com
os calafrios. É a terra, uma das mil cidadelas do reino do homem,
filho imortal e mortal de Deus-osdeuses...
"Aqui estão os círculos de pedra de metrópoles, cidades, vilas e
aldeias, com o zumbido de vozes de latão, que, do alto de cúpulas e
campanários, canta e anuncia, acima da queda das grandes águas
populares, Nascimento e Morte.
"O Imortal pára abruptamente; Ligando-se vigorosamente à clareza
das estrelas, mede o espaço percorrido, a distância que o separa
dos céus...
"Onde estou? Céu, terra, tudo se foi; Mas uma atração invencível
me acorrenta inteiramente.
"Alma imortal, eis tua mãe!
"Em nome de Deus, em nome da Natureza, em nome de Iod e
Hevá, esta é a sua pátria viva aqui na terra.
"Estai unidos a ela por todos os Poderes mágicos da Vida!
"Adeus! —
"Ela ainda se lembra de suas conversas com a alma materna, sua
penetração indivisível e mútua, suas comunhões misteriosas, cheias
de memórias e esperanças sobreterrestres, dores e alegrias,
calafrios, êxtases, música silenciosa; o longo enrolamento dos nove
círculos selônicos, o encantamento da epigênese, então... um
sofrimento crucioso e terrível, um vapor sulfuroso, um eflúvio
ferruginoso que se eleva abruptamente dos abismos ígneos da
terra, rodopiando, arrancando-o da alma materna, pregando-o em
um vazio pneumático, em uma cova pulmonar quente e em
movimento,... Um grito nesta toca, nesta efígie oca, e... A lembrança
[530] entra em suas profundezas com a inata celestial.
"Só será reavivado pela Ciência"387!...
Assim, o nascimento físico é a verdadeira morte das almas, e a
morte física o seu verdadeiro renascimento. A iniciação, — este
despertar da alma no sonambulismo, aqui em baixo, este
Recordado da grande realidade ultra-terrestre, — a iniciação foi
considerada pelos antigos: seguidores como figurativa da morte, e
proporcionando uma antecipação da existência arômal, provisória às
encarnações.
"A alma", diz Stobbée, "experimenta na morte as mesmas paixões
que sente na iniciação, e as próprias palavras respondem às
palavras, como as coisas respondem às coisas. Morrer ou ser
iniciado, é expresso em termos semelhantes: a princípio são apenas
erros e incertezas, corridas laboriosas, caminhadas dolorosas
através da espessa escuridão da noite. Chegado à beira da morte,
— ou da Iniciação, tudo se apresenta num aspecto terrível; é
apenas horror, tremor, medo, medo; mas assim que esses objetos
assustadores passaram, uma luz milagrosa e divina atinge os
olhos388, etc..."

Apuleio fala em termos análogos.389


Um insider do velho mundo, quando perguntado [531] sobre sua
idade, prontamente respondeu: Eu morri em tal e tal ano (o de seu
nascimento corporal); Em tal e tal data (a de sua iniciação), eu
renasci em espírito. E ele contou sua idade, não de acordo com sua
posição, como nossos maçons costumam fazer, mas a partir da data
de sua admissão aos mistérios dos deuses. Então, como em nossos
dias, não era incomum ouvir um homem bem feito, mesmo um
homem velho, anunciar que ele tinha três anos de idade. Esta
resposta enigmática, que significa em nosso tempo: Veja em mim
um simples aprendiz, então significava: Eu fui iniciado por três anos.
Mas voltemos aos mistérios do Nascimento.
A incorporação material da Psique de modo algum compromete as
relações que a fizeram participar da harmonia dos mundos
invisíveis; mas este acidente forçou o Imortal a uma comunhão
indireta com o Universo físico, cujas servidões.
As almas humanas pertencem em essência à região animica do
grande Todo, este organismo colossal cujo universo material é
apenas o corpo visível. Ao tomarem forma elas mesmas, as almas
caem no reino apropriado da natureza da Natureza, e sob o jugo
mais apertado do Destino que a governa.
Doravante, o universo possui inteiramente o ser humano: as
relações de anatomia e fisiologia oculta conectam e homologam o
indivíduo como um todo ao Cosmos total, e cada detalhe da
constituição humana [532] ao detalhe correspondente do organismo
universal.
Vemos em que fundamentos, tanto místicos quanto racionais, os
antigos teosofistas construíram seu sistema de analogias, quando
descreveram o homem na terra como um Microcosmo (ou pequeno
mundo), rigorosamente assimilável, em sua totalidade como em
suas partes, ao grande mundo ou Macrocosmo390.
Essa posse do indivíduo humano pela Natureza caída afirma-se no
exato momento da concepção, e é confirmada a cada novo estágio,
na evolução e desenvolvimento do feto.
Pode-se dizer que esse rudimento corporal, gradualmente
elaborado sobre o padrão fluídico do corpo astral, é o terreno onde
um compromisso entre os Poderes do Céu e da Terra é
estabelecido. Enquanto as virtualidades latentes da espécie e do
indivíduo se esforçam para produzir um envelope o mais apropriado
possível ao ser que toma forma, parece que o Gênio do universo
físico, controlando essa autogênese, cuida de controlá-la por todos
os lados, ou pelo menos de distribuir sua livre expansão. Assim, à
medida que cresce, conecta por ligações invisíveis cada célula,
cada fibra, cada órgão nascente [533], às várias regiões do Universo
que são análogas e correspondentes a elas; distribui
harmoniosamente em lugares úteis as influências das estrelas, dos
elementos e dos orbes magnéticos do planeta, e regula, em relação
ao feto, a jurisdição natural dos Poderes ocultos que presidem a
atividade formativa, sob os vários modos aplicáveis ao plano
material.
O conhecimento dessas relações, e a implementação
fundamentada das leis que elas testemunham, constituem a ciência
e a arte que os autores antigos abrangiam sob o nome de Magia
Natural. Essa magia seria, para ouvi-los, aquela que permite ao
homem realizar obras aparentemente milagrosas, pelo uso das
únicas forças da Natureza, e sem recorrer à evocação dos Espíritos,
ou, ainda, convivendo com o limite do "Sobrenatural".
Definição incorreta, que se baseia em uma concepção muito
defeituosa do Universo, seu princípio, suas leis e seu fim. Tal
linguagem seria, nos lábios de um seguidor, a marca segura de uma
iniciação fundamentalmente errônea, se as duras exigências de
tempos de perseguição e fanatismo não justificassem
suficientemente os melhores teosofistas, para que tivessem adotado
a terminologia recebida dos escolásticos então pontificantes.
Nossos Leitores já sabem que o Sobrenatural não é, uma vez que
a Vontade do homem e a própria Providência, esses fatores de
milagres, constituem a alma e a inteligência da Natureza espiritual,
como o Destino constitui a lei da Natureza corpórea. [534]
A Natureza Total é a grande Ísis dos santuários egípcios. Sua
imagem gloriosa paira através dos três mundos: sua cabeça irradia
para o Céu inteligível; o seu divino coração bate no Céu das almas,
os seus augustos flancos geram no Céu etéreo o esboço das
aparências; O mundo elementar lhe dá um pedestal... E os filósofos
que limitam a Natureza à ordem das coisas sensíveis, nem sequer
vêem os calcanhares da Grande Deusa, mas apenas a sombra que
eles lançam.
Fora do espelho manifestativo Natureza da Divindade, a mente
concebe apenas o Absoluto, isto é, Deus em sua essência
inescrutável.
Todos os seres finitos, mesmo os anjos das hierarquias mais
sublimes, vivem e se movem no seio profundo da Natureza. Assim,
quaisquer que sejam os auxiliares espirituais que o mago evoque
em seu auxílio, por mais surpreendentes que sejam os milagres que
ele opera com a ajuda deles, sua teurgia não é sobrenatural.391
A estrutura arbitrária de uma "Magia natural" e lícita, em contraste
com a Magia ilícita e demoníaca, resulta dessa falsa concepção do
Sobrenaturalismo, da qual muitos ainda estão entusiasmados. Em
suma, a Magia Natural dos autores antigos é apenas ciência positiva
(ou a chamada ciência), aplicada à justificação de certos fenômenos
desconcertantes e paradoxais.
"Esta magia (declara Porta), dotada de um delicioso [535] é
poderosa, abunda em mistérios ocultos e dá contemplação de
coisas que jazem sem apreendido, e qualidade, propriedade e
conhecimento de todos os tipos, como o ápice de toda a filosofia.
Ainda ensina que, com a ajuda das coisas e com a aplicação
recíproca e oportuna, realiza obras que o mundo considera um
milagre; superando toda admiração e a capacidade de todo
entendimento humano". 392
A instrução não foi uma vez tão generosamente prodigalizada
como é hoje. Os experimentos cuja curiosidade de nossos filhos é
animada sob o nome de Física da Diversão (das maiúsculas
elementares da química ou da eletricidade, à finura dos copos, que,
em última análise, pertencem à ciência da óptica, uma vez que são
baseados em uma ilusão dos olhos), todos esses experimentos
teriam passado por maravilhas de Satanás, ao capricho dos
espectadores da Idade Média, (veja o bom rabino Jechiel e a lenda
de seu maravilhoso prego e lâmpada encantada) 393. No entanto,
nem tudo era cor-de-rosa então, no caráter, além de considerável,
do feiticeiro. Quando os físicos pensaram em publicar alguma
receita surpreendente, não curiosos para coletar na fogueira a
pequena mudança de uma reputação de nigromans, eles tiveram o
cuidado de catalogar sua descoberta sob a rubrica de magia natural,
ou física oculta.
É sob este último título que o abade de Vallemont [536] preenche
seiscentas páginas de sua prosa, para exonerar de diabolismo os
praticantes da famosa varinha divinatória, ainda hoje contestada:
conheça, um garfo de costura, influenciável, na mão dos sensíveis,
por certas emanações, como as fontes de aura e minas. O
experimentador agarra os ramos bifurcados da haste e a mantém na
horizontal: a outra extremidade flexiona no momento certo e gira
bruscamente na direção da massa líquida ou veia metálica a ser
descoberta. Há, sem dúvida, um fenômeno de atração objetiva394;
mas há provavelmente um fenômeno muito subjetivo da psicometria,
uma vez que a varinha é sensível apenas em certas mãos; — e que
Jacques Aymar, para citar apenas um caso famoso e excepcional,
foi capaz, com a sua varinha, de seguir um assassino, em terra e no
mar, de Lyon a
Beaucaire, depois de Beaucaire a Gênova (1692)395. [537]
Será difícil explicar tal fato pela ação direta dos corpúsculos da
aura no garfo de costura.
Além disso, embora a varinha divinatória tenha sido
frequentemente eleita como o tipo de aplicações da Magia Natural
(como os antigos autores entendiam), somos da opinião de que
poderíamos escolher melhor.
A influência do mundo externo sobre os sentidos, uma ação mal
definida, cujos efeitos poderosos são tão banais que nenhuma
atenção é dada a ela, pareceria um exemplo melhor. A harmonia
cativante das formas, o encantamento de perfumes, sons, jogos de
luz e cores, esta magia permanente da grande Maia (a ilusão física),
são muitas maravilhas de uma magia não só natural, mas
espontânea.
Nenhuma ciência humana foi capaz de desmascarar o prestígio do
encantador; nenhum Poder ainda a destronou, a Rainha das
aparências fantásticas!
Quando, nos primeiros sóis da primavera, todas as coisas criadas
tremem e brilham sob a carícia do céu azul, os organismos mais
cansados tomam sua parte do grande jubileu de Eros e Cibele. A
natureza, pródiga das seduções, exala toda a sua poesia latente
com suas energias ocultas; Ela nos sitia com todos os nossos
sentidos. Nem o velho, nem o valeditador, nem mesmo o
hipocondríaco se defendem: é irresistível. O corpo sente os
fermentos reacionários da vida e do desejo trabalhando dentro dele;
uma indefinível definhamento o invade, feita de bem-estar e
opressão, de vertigem latente e volúpia difusa [538]; O coração está
cheio, a alegria transborda. Toda animalidade vibra em uníssono
com o homem; A natureza vegetal responde da melhor forma
possível participando do concerto. Um poderoso aumento da seiva
faz com que os botões e folhas floresçam. Sob o impulso do
eretismo universal, seres e coisas confraternizam-se, fundem-se de
certa forma, e sente-se positivamente nesta hora o que o elo oculto
e profundo os une e assimila, confusos na unidade viva! Este é o
lado lúcido deste êxtase singular, tão fértil para todos na ilusão e
para muitos em desordem.
Os laços místicos e fisiológicos ao mesmo tempo, que ligam o
homem ao grande Divino vivo como ele, são então impostos; eles
são intuitivamente percebidos. O acordo das esferas celestes é
sentido, — como no
O sonho de Cipião. Revela-se, então, a erudita orquestração de
influências que nos envolve, seres e coisas, nas malhas sonoras do
Destino; enquanto, cortado sobre este fundo harmônico, o
encantamento universal das vontades faz com que o que é livre no
homem participe do concerto providencial dos mundos. Em nenhum
lugar, de fato, de cima para baixo da escala, a homogeneidade da
Natureza pode ser negada: sua essência é uma, se seu modo
variar. Ela contém todas as coisas, e nada manifestado é concebido
à parte dela. Assim, dos cumes livres da apoteose aos abismos da
decadência e da servidão, tudo vibra e dá sua nota, espontânea e
constrangida, consciente ou não. Assim, as próprias dissonâncias
[539] do inferno contribuem para a sinfonia do Cosmos Total.
Tal êxtase, benéfico para o homem degradado, pelo testemunho
das gloriosas correspondências cujo império inalienável trai,
apresenta, no entanto, do ponto de vista das comunhões inferiores
que denuncia óbvias, o sintoma inconfundível da posse do homem
pela natureza.
Esta é a escravidão mágica, em sua expressão natural e
espontânea.
Essa escravidão se traduz, dia a dia, nas exigências do corpo e
em todas as sugestões da matéria: fome, sede, sono, apetites
brutais, etc.
É muito claro, no jogo de simpatias e antipatias, do qual somos de
bom grado os fantoches. O raciocínio conta muito pouco em nossas
determinações habituais: às vezes é um "movimento do coração"
que nos leva embora em seu impulso irresistível e irracional, ou
alguma repugnância que bloqueia nosso caminho, súbito cheiro
brotando das profundezas misteriosas do instinto. Dóceis a esses
impulsos obscuros e repentinos, sem sequer ter perguntado sobre
seu porquê, modificamos nossa rota moral para a direita ou para a
esquerda e, no entanto, permanecemos convencidos de que
optamos livremente a favor ou contra. Tão frequente é a confusão
entre a nossa própria vontade e a do nosso Inconsciente, que é
[540] outro eu, ou melhor, contém dois396! Não parece duplamente
escravo, a criatura que, compelida a agir, acredita em sua franca
iniciativa?
Sem dúvida, como dissemos, a liberdade é investida no homem,
aqui embaixo, por cerca de um terço de seus atos, enquanto, para
os outros dois, ele obedece a determinações estrangeiras. Mas esta
relativa liberdade só lhe pertence no poder, cabe-lhe passá-la em
acção, pelo exercício e esforço constante da vontade: só então o
homem goza do terço da iniciativa que lhe é concedida. Mas se ele
negligencia a conquista de seu domínio legítimo, o destino o invade
e o toma.
Suponha, por outro lado, um homem que tomou posse de sua
herança, e
— como os Béarnais, — duas vezes mestre em casa,
"E por direito de conquista e por direito de nascimento."
Que este homem evoque dentro de si a ação providencial e se
refira às inspirações que dela receberá: não só graças a tal aliança,
ele terá dobrado o escopo de sua atividade e, assim, restringido a
um terço o feudo do destino adverso; [541] Mas ele será capaz,
mesmo em território inimigo, de escapar de algumas das armadilhas
fatídicas, se não de enfrentá-las de frente e reduzi-las com grande
luta. Este é o sentido em que se pode motivar este adágio de um
tanto paradoxal e que não é menos preciso: "A verdadeira liberdade
consiste invariavelmente em cumprir o próprio dever; A verdadeira
servidão consiste em libertar-se dela". É, além disso, na essência da
Inspiração providencial propor-se ao assentimento, e é por escolha
deliberada que se acede a ela; pelo contrário, o jugo do Destino,
infligindo-se ao ser que lhe deu um controle, de repente pousa sobre
ele.397
Assim, sem se retirar inteiramente dos grilhões da natureza, que
ele conseguiria romper apenas com os laços da existência física, o
homem pode, no entanto, afrouxar esses grilhões e reduzi-los a um
impedimento mínimo.
É o primeiro trabalho, e o mais difícil, dos adeptos.
Entre todos os constrangimentos que compõem a servidão do
homem aqui em baixo, a homenagem sexual merece uma menção
especial.
O despotismo de que ela testemunha é ainda mais significativo do
nosso declínio, uma vez que, em suma, não é materialmente
impossível contrariá-lo. A fome, a sede e a necessidade de sono
são brutalmente inevitáveis, que a morte é incorrida [542] negando-
lhes satisfação periódica; Toda a resistência que pode ser feita é
reduzir, pelo menos, o maior número possível de concessões
forçadas. Portanto, o sábio pode restringir as exigências desses
tiranos e regular o imposto diário que eles cobram: de modo algum
abolir em si mesmo a norma sujeita; Embora com um bom método
de treinamento e muita força de vontade, o sábio dominará o instinto
sexual.
Esse instinto repousa, no entanto; como outras necessidades
somáticas, em uma função especial do organismo. Basta dizer que
negar-lhe para sempre toda a satisfação seria uma séria
imprudência; muito mais, um ultraje à Natureza: e mencionamos os
múltiplos perigos da continência absoluta398. Mas o homem pode
escapar do jugo sexual, no sentido de que, em vez de obedecer à
carne, ele o comandará e até mesmo imporá silêncio a ele por um
período indefinidamente prorrogável.
Ele é muito poderoso, então, tendo percebido nele a condição da
grande obra esotérica. Ele triunfou sobre uma exigência fisiológica
de seu organismo, e frustrou a armadilha da virtude demiúrgica
[543] que liga o espírito à matéria. Na sedução oculta que ele
conquistou, reside a própria essência de Maia, a grande Ilusão, cuja
permanência faz toda a realidade do universo físico.
Isso revela a verdadeira razão, ou pelo menos a principal, que
legitima essas prescrições de continência, tão frequentes em todas
as páginas de Rituais, mágicos ou sacerdotais. O sacerdote ou o
epopta, antes de cruzar a fronteira dos mundos além, deve ter
dominado a carne, não que "a inocência seja agradável ao Senhor",
nem que "o Altíssimo seja irado" de um ato congruente com a atual
ordem das coisas e com a economia da Criação; O sacerdote ou o
iniciado deve fazê-lo por razões muito específicas, ousamos dizer,
do positivismo transcendental, É passando em letra morta, que
esses preceitos assumiram o caráter de sentimentalismo pietista
que os conhecemos hoje.
Foi o mesmo para a abstinência de certos alimentos, prescritos no
período de preparação algumas obras místicas.
Temos insistido várias vezes em nossas obras sobre a virtude
magnética do sangue, e subsidiariamente da carne que está
impregnada com ele. O sangue atrai as larvas e os gênios do mal,
ansiosos para adquirir, pelo próprio fato de beberem dele, a força
para se manifestarem por um momento no plano objetivo. É por isso
que os judeus, obedecendo ao preceito de Moisés, têm como
abominação qualquer carne que não seja rigorosamente sangrada.
Quanto à defesa solene de provar a carne de animais imundos
[544], da qual o Pentateuco fornece a meticulosa nomenclatura,
esta proposição parece justificável à luz de outro arcano, bem
conhecido pelos hierofantes da gentileza.
"Os teólogos (diz Porfírio) observaram com grande atenção a
abstinência de carne. O egípcio descobriu-nos a razão que a
experiência lhe tinha ensinado. Quando a alma de um animal é
separada de seu corpo pela violência, ela não se afasta dele e fica
perto dele. O mesmo se aplica às almas dos homens que uma
morte violenta fez perecer; Permanece perto do corpo: esta é uma
razão que deve evitar matar-se. Mesmo quando os animais são
mortos, suas almas se deleitam nos corpos que foram forçados a
deixar; nada pode afastá-los dela; eles são mantidos lá por simpatia;
Vários foram vistos suspirando perto de seus corpos. As almas
daqueles cujos corpos não estão no solo, permanecem perto de
seus cadáveres: é destes que os Magos abusam para suas
operações, forçando-os a obedecê-los, quando eles são os mestres
do corpo, ou mesmo de uma parte. Teólogos que são instruídos
nesses mistérios... proibiram, com razão, o uso da carne, para que
não sejamos atormentados por almas estrangeiras, que procuram
reunir-se com seus corpos, e para que não encontremos obstáculos
de gênios malignos em querer se aproximar de Deus.
"A experiência frequente ensinou-lhes que no corpo há uma virtude
secreta que atrai para ele a alma que um dia o habitou. É por isso
que aqueles que querem receber as almas dos animais que
conhecem o futuro, comem as principais partes dele, como os
corações de corvos, toupeiras, gaviões. As almas dessas bestas
entram em seus lares ao mesmo tempo em que fazem uso desses
alimentos, e fazem com que eles tornem oráculos como
Divindades." 399 [545]
Esta citação de Porfírio parece picante e instrutiva, embora o
absolutismo dos termos em que é expressa beira a ingenuidade. Os
teosofistas de Alexandria frequentemente ultrapassavam a Verdade,
pelo fato de uma intransigência fortemente em desacordo com seu
ecletismo; — intransigência que, além disso, se manifestava muito
mais na expressão do que na doutrina. Além disso, não há dúvida
de que esta proposta bastante suspeita, de "animais que sabem" e
cuja carne "faz os oráculos renderem", foi quase universalmente
recebida na tradição exotérica dos santuários. Aruspicin,
Ornithomancy e as outras práticas augurais das nações eram algo
diferente de artes ocultas degeneradas, passando dos magos da
ciência secreta para os sacerdotes do culto externo?
Quanto ao excedente de opiniões de Porfírio, a Alta Magia sempre
ensinou: — (1) que o sangue atrai larvas e lêmures, que bebem dele
e tomam emprestada dele a virtualidade temporária de se tornarem
visíveis; (2) que um elo secreto liga as almas recentemente
desencarnadas aos seus restos materiais, de modo que essas
almas possam ser atraídas ou mesmo evocadas, por operações
mágicas celebradas nos cadáveres; (3) que, alimentando-se
habitualmente da carne de um animal, existe o risco de se apropriar,
em certa medida, das paixões e instintos dominantes que formaram
a base de sua naturalidade. Assim, este último contrairia uma
tendência à hipocrisia, crueldade, luxúria, que consome ao seu [546]
comum a carne de animais astutos, ou ferozes, ou lascivos por
temperamento.
Este é, sem dúvida, o segredo do motivo que determinou. Moisés
para proibir a carne de um certo número de seres vivos, atingidos
em sua forma externa com os estigmas do princípio do mal. Pois é
muito notável que o Legislador dos Hebreus baseie claramente na
teoria das assinaturas naturais sua distinção dogmática entre
espécies puras e impuras.400
Consulte sobre este ponto a doutrina esotérica das nações pagãs,
da qual o estudioso Quantius Aucler fez de si mesmo, no final do
século passado, o órgão escrupuloso, e você verá pouca diferença
nela.401
A justificação dos preceitos da continência e da abstinência,
inscritos em rituais sacerdotais ou mágicos, exigiria, para serem
completos, desenvolvimentos para conter um volume inteiro. Os
requisitos do nosso quadro forçam-nos a muitas reservas:
estabelecemos acima de tudo os princípios para a aplicação, o leitor
poderá consultar as obras especiais, que não faltam.
A letra morta, tomando o regime racional de abstinência, atolou
sob uma pilha arbitrária de regulamentos infantis e proibições
excessivas. Daí o celibato eclesiástico, cujo princípio,
essencialmente excepcional, como dissemos em outro lugar, não
deveria ser generalizado de forma alguma. Daqui decorre [547] a
obrigação de jejum e abstinência, periódica para os fiéis,
permanente para o uso de um grande número de religiosos e freiras
(cartuxos e trapistas, bernardinos, clarissas e carmelitas, etc.).
Austeridades equivalentes são praticadas em todos os lugares,
entre os dervixes maometanos e os faquires da Índia; pois, em
todas as religiões, como em todas as épocas, o culto externo
corrompeu o espírito da Ciência secreta, no que diz respeito à
abstinência e ao seu uso normal, com base nos requisitos
passageiros das obras místicas. O sacerdócio sempre universalizou
esse regime excepcional, fazendo um mérito piedoso do que era
apenas uma condição para o sucesso, e promulgando a doutrina
sentimental e fundamentalmente errônea – nós iríamos colocar
escandalosos, "sacrifícios meritórios" e "mortificações agradáveis a
Deus!"
Todos sabem quão importante Pitágoras, este grande gênio do
esoterismo, atribuiu à escolha dos alimentos; os Versos Dourados
de Lise testemunham isso e o comentarista Hierócles detalha os
motivos402. A principal delas dizia respeito à elaboração do corpo
espiritual ou "carruagem sutil da alma", cuja gênese, comprometida
por uma dieta defeituosa, pode ser favorecida por uma dieta
adequada. Sem nos determos na confusão que apontomos, nos
próprios pitagóricos, entre o corpo astral perecível [548] e a forma
gloriosa que eles chamavam de carruagem sutil, observemos que a
faculdade plástica, sua matriz para ambos, pode, na condição
terrena, eclodir a forma imaculada, somente quando a forma astral é
eliminada. É esse duplo trabalho, inversamente proporcional, que o
homem sábio realiza durante sua vida terrena, com vistas à
libertação imediata e ao retorno à essência, assim que esta vida
cessar. Ele alcança esse resultado, diz Hierócles, pela purificação
progressiva e paralela da alma e do corpo luminoso. A alma
sublima-se adquirindo ciência, e o corpo luminoso purificando-se
das impurezas contraídas em sua união com o corpo material403. A
primeira condição para esta purificação consiste em uma dieta
apropriada, que proíbe todos os alimentos impuros.
Moisés, que dá uma classificação tão meticulosa [549] de animais
mundanos e imundos, não parece ter estendido essa nomenclatura
aos espécimes dos reinos vegetal e mineral.
Pitágoras certamente preencheu essa lacuna, em favor de seus
iniciados; mas permanecem exotericamente apenas certos
preceitos, formulados em frases enigmáticas. Exemplos:— «Fabis
abstina. — Herbam molochinam feie, ne tamen edas404». O
primeiro desses preceitos, que proíbe o uso de feijão, prova que
essa nomenclatura, que permaneceu oculta, baseava-se, como a do
Pentateuco, na teoria dos hieróglifos naturais. Isso ocorre porque
(diz Aucler, um intérprete tardio de uma antiga tradição pitagórica),
"os feijões fazem ler em suas flores os próprios portões do
inferno405".
Os produtos perigosos dos três reinos têm inscrita em sua forma
externa a admissão de sua malícia latente. Que naturalista que é
surdo o suficiente para a linguagem silenciosa das coisas vai
contestar isso? A fisionomia revelando as virtudes boas ou más, é
uma realidade em cada passo da vida ascendente. De baixo para
cima, a escuridão das almas brilha nos rostos. Todo Caim usa um
sinal na testa.
O aparecimento do polvo e do escorpião, da hiena [550] e do
crocodilo denuncia a sua natureza; Evocando medo e náusea todos
juntos, esses monstros exalam um horror de advertência. Não há
erro. Outras bestas assassinas inspiram apenas medo, em que o
estigma da violência não exclui um fascínio nobre, às vezes uma
beleza real: como grandes felinos, leão, tigre ou pantera; tais aves
de rapina, águia, gavião, ordicado de águia e condor. Ostentam o
selo da ferocidade, mais do que da ignomínia; mas tudo, no seu
rosto e no seu gesto, diz tudo ao observador: Cuidado!
Espécimes perigosos do reino vegetal não têm uma aparência
mais enganosa, para aqueles que sabem observar e ver. Esbeltos,
ou baixos e atarracados, os venenosos Solanées não sabem mentir:
o aviso está em seu porte, em sua folhagem escura ou pálida. Veja
Belladonna, Mandrake e Datura: flores lívidas, maçãs espinhosas ou
bagas sem graça. Observe o henbane com folhas peludas e
serrilhadas, com um cheiro viroso e repulsivo: que ameaça
eloquente nos lábios de suas corolas! — Umbelliferae tóxica não
parece mais envolvente. Ciguës florescem folhagem agressiva;
máculas roxas sangrentas seu caule; o Ciguë vireuse e o açafrão
Oenantha espalham, quando quebrados, um suco amarelado como
pus. Todas essas plantas se detectam mal pela fetidez de sua
respiração. — Euphorbiaceae, sinistra à vista, esguicha ao menor
arranhão um leite corrosivo. — Provenientes de duas famílias muito
distantes, Sabine e Rue traem [551] de várias formas, pela sua
fisionomia antipática e pelo cheiro que exalam, o seu emprego como
antigos abortistas. — Os reis irregulares do Acônito, de um verde
quase preto e lívido de baixo, emolduram bem a flor elegante e
triste, de um azul venenoso de azotato de cobre. A Luva Raposa
Roxa também é singularmente sombria, apesar de seus encantos:
sua folha em relevo, escura e peluda impressiona nada menos do
que a tigridment interna de suas corolas. — O Cólquico do outono
mostra ao nível do solo a sua flor arroxeada, sem caule nem
folhagem: é a "luz da noite" do próximo luto. O obsceno Arum
espalha seu falo doente em madeira, com um lilás manchado. —
O buttercup rasteja para o chão e se esconde meio sob a grama e o
musgo, como uma cobra. Outras plantas mortais afetam uma
aparência menos cínica, uma fisionomia mais composta; Mas, para
estudá-los em detalhes, todos eles carregam estigmas de
desaprovação.
Não é nem mesmo o reino mineral, menos expressivo em favor do
homem, porque está mais distante dele, onde o decifrador de
assinaturas espontâneas não pode descobrir os caracteres
benéficos ou malignos, e ler na casca as propriedades das
essências. A quebra de minerais, as formas cristalinas e seus
modos de agrupamento, as cores, o sabor, o cheiro até mesmo são
pistas. Pergunte ao mineralogista se as amostras de laboratório
sabem como recusar ao seu instinto a admissão tácita de suas
propriedades, mesmo antes de ele tê-lo testado! [552]
Até recentemente, a toxicologia fazia parte das ciências ocultas,
menos talvez por causa de fari nefas, do que porque os únicos
intuitivos se faziam especialistas nela, guiados pela leitura de
hieróglifos naturais, tanto e mais do que pela própria experiência.
Livros sobre discernimento de venenos eram raros na época, e
muitas vezes mistificadores. Para adquirir essa doutrina
amaldiçoada, era preciso ir em frente e pagar com a pessoa.
Deixamos fragmentos significativos de um poema de Heliodoro
sobre venenos; O início solene assemelha-se ao juramento de um
insider:
Non mihi, per sacram venerandæ Palladis artem,
Não para luciferum Solem, mortalibus æquum
Não para você, divas cui subsunt, Juppiter,
omnes, Muneribus quisquam, nec vi, nec gratiâ
amoris, Adduxit me aliis lethalia prodere versu.
Sed sacras palmas spiendentia ad æthera
tendo, Tullius atque mali mens est sibi conscia
nostra406!
Mas a toxicologia, como a entendemos hoje, era apenas uma
seção da ciência dos venenos, como foi ensinada nas criptas do
antigo esoterismo. Todos os iniciados do velho mundo – Moisés e
Pitágoras em particular – pensavam que a gnose dos venenos não
se limita àqueles que destroem a saúde física. Como existem
substâncias nocivas ou insalubres para o corpo, há, segundo elas,
espalhadas nos três reinos, substâncias não menos fatais [553] para
a alma e para o espírito. Teoria singular, mas. o que de modo algum
repugna a lógica de sua doutrina: pois, como consequência da
queda, os três mundos penetram uns nos outros por interseções de
planos, e muitas vezes se fundem. Em virtude dessa teoria, esses
teocratas proibiram o uso de certas carnes consideradas muito
saudáveis hoje, e até mesmo substâncias vegetais, que, como o
feijão, estão entre os nossos vegetais mais apreciados.
Os médicos contemporâneos classificam certos produtos sob a
rubrica de venenos da inteligência ou da vontade; mas, na medida
em que podem, ou ferem os órgãos materiais pelos quais essas
faculdades se manifestam, ou causam distúrbios fisiológicos
imediatamente apreciáveis. Esta não era a visão dos antigos sábios,
para quem o corpo astral, esse elo regulador da vida, esse
intermediário entre a essência do homem e o homem material,
constituía uma realidade perpetuamente à mercê de sua análise
sutil. Eles classificaram os produtos da Natureza, sejam eles
medicinais ou simplesmente alimentares, de acordo com a ação,
não aparente e manifestada, mas interna e profunda, que esses
produtos exerciam sobre o mediador plástico.
Assim, guiados a priori pela indicação de assinaturas espontâneas,
cuja linguagem lhes era familiar, e apoiados a posteriori pelo
controle que lhes é oferecido pelo estudo do corpo astral407, um
aparato de [554] precisão capaz de ser refinado ou sofrido, de
acordo com o regime ao qual o corpo material é submetido, — os
Adeptos tinham sido capazes de estabelecer uma nomenclatura de
seres e coisas, sob a dupla rubrica de puro e impuro, isto é, de
pompa ou dano à tripla saúde física, moral e intelectual do homem.
É modificando o corpo astral que o maior número de substâncias
assimiladas ao corpo físico reage de forma duradoura sobre ele;
Exceto aqueles cuja ação é mecânica, portanto imediata, não
fisiológica e, portanto, mediata.
O corpo astral está sujeito a habitar ou a sutileza, o primeiro ponto
que requer monitoramento. É então sujeito à fusão de larvas e
almas animais, que não apenas engrossam sua substância, mas de
alguma forma a distorcem. Os leitores do próximo capítulo sentirão
a importância primordial dessa possível alteração do perispírito.
Finalmente, determinamos, em uma nota acima408, como a
aquisição aqui abaixo do corpo de glória (ou carruagem sutil da
alma) está subordinada à reabsorção progressiva e lenta do
Perisprit no corpo visível: esta é a grande obra da imortalidade, da
qual o homem é ao mesmo tempo a matéria, o ovo filosófico e o
athanor, enquanto sua Vontade age como o fogo secreto. Esta
crisópeia mística e sublime do envelope luminoso exige, para atingir
a sua perfeição, [555] um regime de excepcional gravidade; Porque
a forma astral sofre as repercussões de uma fonte de alimentação
defeituosa. Sua substância então engrossa: turva de misturas
estranhas e pesada com aquisição lemuriana, ela se apega bem ao
organismo material, homologando-se com ele: mas não pode mais, -
como um licor sutil, - impregnar esse organismo até a saturação;
nem então quintessenciá-lo, nele, fazendo com que suas moléculas
grosseiras sejam eliminadas à medida que avança.
Assim se explicam os diferentes graus de abstinência prescritos ao
iniciado, de acordo com a obra a que ele se dedica, e tal é
justificado o regime escrupuloso imposto pelos antigos Sábios ao
postulante do arcano supremo alcançável na terra: o da auto-
criação, que leva à apoteose póstuma.
Se fosse necessário enumerar e distribuir normalmente os
produtos da Natureza, de acordo com se assimilados ao corpo do
homem, eles exercem sobre sua alma, seu espírito, sua vontade ou
seus instintos uma influência de repercussão, dificilmente um
tratado especial seria suficiente.
O leitor encontrará, disperso no volume anterior, noções
interessantes e geralmente pouco conhecidas sobre as
propriedades ocultas de algumas produções dos reinados inferiores;
não voltaremos a eles aqui. Temos todas as razões para acreditar
que esta informação tem sido apreciada como curiosa e informativa;
porque ela foi desenhada extensivamente: tivemos o prazer de reler
a nossa prosa sob a assinatura de tais dos nossos confrades, que
nos fizeram [556] a honra dos empréstimos textuais409; faltavam
aspas e a indicação de origem do texto que haviam transcrito...
Se quisermos refletir sobre essas propriedades secretas dos
simples sobre as faculdades superiores do homem, concordaremos
que todas elas são sintomas que denunciam a escravidão hominal
neste mundo, uma vez que essas virtudes implicam uma sujeição,
pelo menos indiretamente, da inteligência, da vontade, da
sensibilidade, ao despotismo da matéria410.
A escravidão mágica, como o homem está acostumado a sofrer
aqui na terra, é concebida quatro vezes e pode ser formulada:
elementar, hiperfísica, hominal, finalmente espiritual.
I. A escravidão elementar, sobre a qual insistimos [557], afirma-se
como a consequência fatal da encarnação. A alma humana,
envolta na matéria; sofre todas as exigências do organismo
carnal e todas as seduções da ilusória Maïa: ela emprega o
prestígio de sua magia fantasmagórica, para se debruçar mais
sobre a criatura caída, o jugo da Natureza natural.
II. A escravidão hiperfísica aparece como resultado do Karma
terreno; seu principal instrumento é o hábito. Sabemos como as
imagens astrais que povoam o nimbus individual e constituem
por sua sequência os arquivos dos pensamentos, volições, atos
de cada um, reagem sobre aquele que lhes deu à luz e o
inclinam a perseverar em seu caminho411. A iniciativa está
ainda mais acorrentada, e é, portanto, limitando o
desenvolvimento do livre-arbítrio, o passado de um ser controla
seu futuro, em uma extensão muito significativa.
III. A escravidão hominal resulta da alienação do indivíduo
Ascendente, em benefício de outro indivíduo, ou de uma
coletividade humana. Nosso público sabe o que queremos dizer
com esses termos. A eliminação pode ser parcial e temporária,
ou total e permanente. É o magnetismo (seja exercido instintiva
ou conscientemente, abertamente ou por processos
clandestinos) que se mostra o principal instrumento dessa
ordem de escravidão.
IV. — A escravidão espiritual, por fim, consiste na sujeição de um
homem a um Poder invisível, que o domina, obceca ou possui,
como vemos muitos exemplos. A medianidade é a forma mais
comum que esse tipo de servidão afeta.
Diremos algo sobre esses vários modos de escravidão mágica. A
distribuição que propusemos pode servir como um fio condutor de
Ariadne, no labirinto de influências que se cruzam e se entrelaçam
no caminho da iniciativa humana, e que às vezes a impedem e às
vezes a distorcem. No entanto, tal classificação não rima com nada
exclusivo, como veremos por dois exemplos.
Os magos, para ajudar suas manobras magnéticas, muitas vezes
usam os segredos da magia natural: eles sabem muito melhor como
pesar sobre os outros os grilhões da ilusória Maïa, que eles mesmos
conseguiram evitá-la. A servidão que eles infligem ao próximo,
portanto, cai na primeira e terceira categorias juntas. — Por outro
lado, é muitas vezes difícil marcar a fronteira entre os fenómenos
em função da segunda e da quarta rubricas. A interação das
paixões humanas, de fato, resulta na geração no nimbus individual
de verdadeiros Poderes invisíveis; o homem pode até evocar, por
simpatia e sem saber, Espíritos que doravante se apegarão ao seu
destino. Por sua vez, os Seres espirituais, que conseguiram
apoderar-se [559] de um homem, têm por vezes o cuidado de não
manifestar a sua dependência e de aparecer aos seus olhos: só
influenciarão a sua escravidão encarnada por sugestões anónimas,
ou por trazer, no espelho das suas imagens translúcidas e astrais,
que ele pode tomar para os reflexos do seu próprio pensamento.
Das duas primeiras formas que a servidão mágica afeta, já
falamos o suficiente. As páginas anteriores descreveram os grilhões
com os quais o Destino da Natureza material nos sobrecarrega e
nos impede do ventre de nossas mães. Alguns capítulos antes, os
Mistérios da Solidão haviam dado para ouvir como a atmosfera
individual de cada um, todos assombrados pelos reflexos vivos de
seus conceitos, paixões e sonhos, reage sobre a inteligência, sobre
a alma e a imaginação que deram ser a esses fantasmas: de modo
que, para limitar a iniciativa de cada homem aqui, Seu futuro
psicológico muda o máximo possível para o modelo de seu
passado.
Pode-se dizer que a terceira forma (escravidão hominal) envolve
virtualmente as outras três. É que o homem, colocado na fronteira
dos mundos físico e espiritual, participa de um por seu corpo, no
outro por sua alma; Para ambos, seu corpo astral serve como um
"mediador plástico", para facilitar as transições. Assim, o homem,
ativo em todos os níveis, pode usar por sua vez, e mesmo ao
mesmo tempo, os vários instrumentos que ele encontra lá. Nada,
portanto, parece variável e complexo, como a dominação [560] que
ele é capaz de adquirir sobre seu próximo e da qual as práticas do
magnetismo nos oferecem o tipo mais comum e marcante.
Primeiro, e isso é magia psíquica em toda a sua pureza, a alma
pode agir diretamente sobre a alma, desafiando as distâncias; Pode
dominá-lo, restringi-lo e até mesmo atingi-lo com paralisia, para
substituí-lo.
Sabe-se que as almas humanas, embora originalmente iguais,
uma vez que são de essência idêntica, de fato passaram por um
desenvolvimento mais ou menos avançado; Tornamos a lei
reguladora conhecida em outros lugares. Eles aumentaram ou
diminuíram, fortaleceram ou enfraqueceram, de acordo com se o
Vouloir, instrumento de sua elaboração, os sublimou no reino da
inteligência, ou os engoliu no reino do instinto. Esta alternativa, que
estabelece a condição de perfectibilidade das almas, ou o seu
declínio, denuncia ao mesmo tempo a razão da sua actual
desigualdade.
Essas diferenças animicas favorecem o fenômeno da substituição
da personalidade, um modo superior de magnetismo que é
conhecido e praticado, no Ocidente, apenas por uma elite de
experimentadores psicológicos, e geralmente confundido com
sugestão pura e simples.
Que diferença, porém!
Sugerir é dar origem, por um meio ou outro, no cérebro de um
sujeito (acordado ou adormecido), a um pensamento de origem
estrangeira, – pensamento [561] potencial, ou não; seja de um ato,
ou de uma série de atos a serem realizados. Não é esta a definição
mais ampla desse fenômeno, tal como concebida e explicada pelos
estudiosos oficiais? Voltaremos a esse modo de ver, a fim de
controlá-lo e esclarecê-lo, na tocha do ocultismo.
Substituir-se a um sujeito é expropriar o organismo dos outros, do
ponto de vista tríplice da vontade, da inteligência e do sentimento,
para instalar a própria vontade, o próprio pensamento, o próprio
sentimento, em vez das mesmas faculdades que se despojava.
Parecem, portanto, atingidos pela letargia, se não em si mesmos,
pelo menos em suas funções corporais, isto é, na relação normal
que os ligava ao organismo. É a um estranho que este organismo
obedecerá, durante a duração deste estado extraordinário. Digamos
melhor: o corpo do sujeito não estará apenas sujeito ao
experimentador, mas é o próprio experimentador que agirá, neste
corpo e por este corpo expropriado.
Ele até agirá à distância, desde que, tendo previamente
estabelecido o contato simpático, uma cadeia invisível de
comunicação conecte sua pessoa à do sujeito, a quem ele se
propõe a invadir. Ausente, ele possuirá o sujeito pelo mero ato de
sua vontade distante e, sem uma palavra e sem um gesto, o fará
falar e se mover.
Tal poder, raro no Ocidente e quase [562] ignorado pelos
estudiosos europeus, não é menos cultivado e conhecido pelos
orientais, nomeadamente na Índia, onde tantos pandits e até
fanáticos procedem ao treinamento do faquir, por exercícios diários
dificilmente críveis: eles praticam assim o desenvolvimento, a
educação, a ascensão onipresente da vontade; Às vezes é em
detrimento da inteligência e, portanto, da verdadeira liberdade,
sempre proporcional à espiritualização da vontade humana.
O prodígio da substituição psíquica não escapou a Júlio Verne,
este engenhoso contador de histórias dobrou como um estudioso,
cujo trabalho permanecerá como as Mil e Uma Noites da Ciência
Exata. Ele desenhou em Matthias Sandorf o esboço do fenômeno
em questão, e seus leitores não esqueceram o audacioso sequestro
do traidor Carpena, que o Dr. Antekirtt, um simples visitante da
prisão de Ceuta, possui, anima: e se move à distância: ele o faz cair,
no momento certo, do topo de um penhasco no mar, onde um barco
o recolhe. Para todos os funcionários do presidente, o bandido se
afogou; As correntes varreram seu cadáver para o mar... A evasão
passa por um acidente, e tudo é dito.
Uma variedade muito menos rara de "magnetismo" humano
consiste na própria sugestão.
Nossos leitores já sabem que "todo pensamento humano
sobrevive como uma inteligência ativa, como uma criatura
engendrada do espírito, por um período mais ou menos longo [563],
e proporcional à intensidade da ação cerebral que o gerou". Estas
são as palavras de Koothoomi412: vamos especificá-las ainda mais,
acrescentando que esses seres potenciais se perpetuam, perenes e
persistentes, porque diretamente por causa do verbo volitivo,
consciente ou obscuro, que presidia sua emissão. De fato, o
Conceito, energizado pela vontade do pensador, é vivificado pela
combinação com um Elemental de grau variável, mas sempre em
afinidade com a essência do conceito.
Se a volição geradora é consciente, ela está aberta ao transmissor,
não apenas para aproximar, corrigir e refinar de uma forma o Ser
espiritual que assim se gera, mas também para modalizá-lo como
quiser, dotando-o de propriedades particulares, ou virtualidades que
se desenvolverão mais tarde, seja de forma súbita ou de forma lenta
e progressiva.
Teremos o cuidado de não confundir essas criações premeditadas
e desejadas da Palavra humana, com as larvas e o lêmure
propriamente ditos, que são abundantemente gerados, como
sabemos, em paixões cegas aleatórias superexcitadas ou
satisfeitas. Temos sido bastante explícitos sobre essas
distinções.413
Seja como for, sejam os Poderes muito diversos, cujo homem de
despertar astral povoa e magnifica seu Karma terreno, eles têm isso
em comum de que são transmissíveis de um indivíduo para outro,
[564] e aí está fundado o princípio, comumente ignorado por
qualquer sugestão... Vimos como os lêmures, as imagens astrais e
os conceitos vitalizados, reagem ao seu autor, seja que assombram
seu nimbus oculto (modo indireto), seja que assimilem sua
substância psíquica (modo imediato). — Essas entidades podem, da
mesma forma, desde que nelas seja empregada a vontade humana,
passar para a atmosfera astral de outro indivíduo; e, além disso,
invadir seu ser interior e carregar o antagonismo dentro dele.
Obsessão externa ou posse interior.
A sugestão nada mais é do que o ato de penetrar, seja no nimbus,
seja na substância psíquica de outra pessoa, uma daquelas
entidades de hierarquia mais ou menos alta, que, resultantes do
funcionamento instintivo, ou passional, ou mental do
experimentador, foram energizadas por sua vontade, consciente ou
não.
Os contrastes que diferenciam tais seres parasitas explicam a
diversidade de sugestões, seja na natureza, no poder ou na
duração.
O fenômeno auto-sugestivo distingue-se do fenômeno da sugestão
transmitida apenas pela intra-gênese dos pensamentos vivos, em
oposição à sua extra-gênese e sua transferência de um indivíduo
para outro.
Invocaremos a gravidade dessas noções e o significado perigoso
de suas consequências práticas,[565] como desculpa para nos
mantermos, pelo menos aqui, na aridez das definições abstratas.
Os teóricos do hipnotismo estranhamente se enganam sobre a
causa e as condições latentes do fenômeno sugestivo, cujo
mecanismo aparente eles têm, graças a uma análise tão paciente e
meticulosa.
Sobre o papel secundário do sono induzido, em relação ao fato
capital da sugestão, autores informados e competentes nessas
questões agora concordam.
O fenômeno da hipnose oferece, em seus vários graus, uma série
de peculiaridades fisiológicas de grande interesse; pode, sem
dúvida, do ponto de vista terapêutico, merecer as honras dos
primeiros planos; Por fim, não há dúvida de que, na maioria dos
sujeitos, o sono promove o desenvolvimento da sugestão. Nos
vários estágios da hipnose, o sujeito parece apresentar a sugestiva
modelagem de uma argila mais maleável para amassar. Dito isto, é
certo, no entanto, que a sugestão é maravilhosamente bem
sucedida em assuntos perfeitamente despertos; Além disso, de
acordo com os cientistas modernos que rejeitam a hipótese do
fluido, o sono artificial é obtido apenas pelo efeito de uma sugestão,
expressa ou tácita. O fenômeno sugestivo não implica
necessariamente como condição a da hipnose.
Em todos os momentos da vida cotidiana, as práticas sugestivas
são exercidas nas relações do homem [566] com o homem, quase
sempre sem o conhecimento de quem faz a sugestão, bem como
sem o conhecimento de quem se submete.414
Se fosse suficiente, a fim de imprimir uma sugestão na mente de
outro indivíduo, para dar-lhe conselhos ou mesmo para instruí-lo,
todos os conselhos seriam recebidos em boa parte, de onde quer
que viessem; Todas as ordens seriam obedecidas. Vemos todos os
dias que é diferente.
— Mas os homens, dir-nos-ão, revelam-se mais ou menos
domináveis; As idiossincrasias morais diferem entre si por uma
maior ou menor receptividade à influência sugestiva, assim como os
temperamentos físicos se distinguem por sua suscetibilidade
variável à ação fisiológica das drogas.
— É fácil responder que, na verdade, se assim fosse, Pedro, muito
acessível e muito maleável à sugestiva influência de Paulo,
obedeceria igualmente às sugestões que lhe vêm de João, e não
diferiria nem na ideia apresentada, nem na expressão que a traduz.
Pedra, de fato, muito sensível (ou muito refratária) à ação do xarope
de cloral, ingerido em doses constantes, não sofrerá essa ação
igualmente intensa (ou negligenciada), seja o medicamento
proveniente desta ou daquela farmácia?
"Sem dúvida", respondeu nosso adversário; e o mesmo seria
verdade para os grânulos [567] de Aconitina, por exemplo: porque o
cloral e a aconitina são substâncias fixas e claramente definidas.
Mas tomemos, por favor, a tintura de Acônito, sujeita a muitas
variações qualitativas, dependendo do clima onde a planta cresceu,
da data e das condições de colheita, do ponto de secura das folhas
durante sua maceração em álcool, da própria qualidade do álcool
usado, etc. Tal sugestão, você diz, eficaz em Pedro na voz de Paulo,
falhou totalmente sobre ele na voz de João; no entanto, não diferia
nem em ideia nem em expressão. Da mesma forma, esta tintura
difere de uma farmácia para outra, seja pela planta que fornece sua
base, ou pelo veículo apropriado; quanto a como, o Codex regula
cuidadosamente os detalhes. A ação, no entanto, variará no mesmo
organismo, dependendo se a droga foi preparada em condições
favoráveis ou ruins, e por um farmacêutico cuidadoso ou negligente.
Isso é tão verdadeiro, que os praticantes quase abandonaram essa
preparação infiel. Eles preferem o uso do ingrediente ativo, o
alcaloide, finalmente a Aconitina, administrada em graus invariáveis
de esmagamento, como em doses precisas ... A sugestão é
comparável aos produtos galênicos e mal definidos da antiga
farmacopeia, não aos produtos químicos fixos e constantes da nova.
— (EN) É certo que a analogia não é semelhança, como diz
Molière, e que a nossa comparação, retomada neste novo aspecto,
parece dar [568] vitória ao adversário que introduzimos. Para dizer a
verdade, não estamos longe de nos dar bem...
As sugestões variam em qualidade, embora idênticas em
aparência, em pensamento e expressão, isto é, em substância e
forma. Apesar dessa dupla paridade, o fato é que elas se mostram
eficazes ou sem virtude sobre o mesmo assunto, dependendo da
fonte da qual emanam.
A partir dessas premissas, deve-se necessariamente concluir que
na sugestão, formulada ou tácita, há algo diferente de uma mera
ideia, expressa ou significada. Há uma força.
Por trás da ideia transmitida, pulsa uma Energia viva que,
inseparável dessa ideia, a anima e a esforça. Este é o Daïmon, o
potencial de que estávamos falando anteriormente. Ele obcecará ou
possuirá a pessoa, na atmosfera ou no centro psíquico do qual será
transferido. O "fluido magnético" será o instrumento, o interlúdio, o
veículo desse transporte.
Para que uma sugestão seja bem-sucedida, é necessário:
1° Que o pensamento que o faz a base seja vitalizado, ou seja,
duplicado por uma alma vivente, de hierarquia mais ou menos
elevada, de vontade mais ou menos intensa, de natureza mais ou
menos efêmera ou consistente, e que atuará de forma variada, de
acordo com sua posição e destinos originais, em conformidade com
as intenções de seu criador adâmico. [569]
(2) A vontade do "sugestionário" deve superar em energia, decisão
e autoridade a do paciente; ou, pelo menos, que é mais ativo do que
o seu, no momento em que o fenômeno está sendo realizado.
Excepcionalmente, supondo que o sujeito consentido permaneça
em um estado de receptividade passiva, uma sugestão pode vir de
um homem cuja vontade seria inferior à sua.
3° É importante que a relação fluídica seja estabelecida
previamente entre o agente e o paciente. O impulso magnético
(manifestado ou não por passes, ou por qualquer outra prática
mesmeriana) constitui o veículo usual do pensamento vitalista, o
canal de que necessita para a sua transferência, de quem emite a
sugestão para quem a recebe.
O sono, que em princípio não é essencial provocar em um sujeito,
para torná-lo acessível à sugestão, no entanto, promove esse
fenômeno, na maioria dos casos.
Pode-se ver na hipnose, em seus vários graus, o resultado de uma
espécie de intoxicação astral; o sonâmbulo afunda, enquanto
dorme, a luz magnética que ele digeriu em excesso. Pois não é
suficiente, para colocar um sujeito para dormir, projetar uma certa
quantidade de fluido em direção a ele, com a intenção de atingi-lo
com o sono: também é necessário que o mediador plástico, desse
indivíduo, assimile esse fluido e o digere. E como está aberto à
vontade do homem influenciar seu próprio corpo astral, a fim de
torná-lo receptivo, ou para mantê-lo inescrutável e [570] rebelde a
influências externas, segue-se que, especialmente nos primeiros
casos, um magnetizador só pode colocar um sujeito para dormir
com seu consentimento, a menos que o praticante abuse de um
prestígio inato.415 ou de uma superioridade volitiva que é
necessária. Pode ser também que ele recorra a certas práticas
ocultas que é melhor manter calado, a adjuvantes conhecidos e
muito explorados em Goétie ...
Muitas vezes encontramos assuntos absolutamente refratários à
hipnose. Não é que persistam no desejo de inibição; mas, sem
esforço de sua parte e naturalmente, seu perispírito permanece
impermeável a impulsos externos.
Outros homens, por outro lado, possuem um perispírito
constantemente acessível a tais impulsos; para que esses
sonâmbulos predestinados se tornem presas do primeiro
magnetizador do encontro que vai querer colocá-los para dormir.
São também naturezas estúpidas, que se deixam investir e dominar,
por sua vez, pelos primeiros a chegar, na hipótese da vida
consuetudinária. Escravos natos, tecem com as mãos as malhas de
seus grilhões: pensamentos simples, emitidos sem esforço volitivo,
tornam-se sugestões para eles, porque estão sujeitos a vitalizar-se
os conceitos que lhes são transmitidos. Felizmente, o verbo
incontinente e difusível [571] desses sonâmbulos sendo de fraca
virtualidade, as sugestões geradas dessa forma têm pouco futuro.
Então eles abundam, contraditórios e adinâmicos, e neutralizam ou
abolem um ao outro.
Qualquer sugestão, portanto, resulta na posse ou obsessão – de
um indivíduo por uma entidade parasitária. Mas essas entidades,
esperamos que tenha sido bem compreendidas, profundamente
diferentes em seu poder e duração, também diferem no modo de
tirania que exercem, infinitesimal ou completa, periódica ou
contínua, efêmera ou perene.
Um hipnotizador sugere sobre ele que, ao abrir a gaveta de sua
secretária no dia seguinte, ele verá um chickadee voar para longe.
Se o anúncio se torna realidade, se o sujeito vê ou pensa que vê o
que foi previsto, é porque o experimentador foi capaz de energizar o
conceito e o transmitiu ao sujeito na forma de uma imagem astral
vitalizada. Essa imagem astral, sob pena de sugerir falhar, possui no
mais baixo grau uma consistência ontológica essa imagem constitui
um ser potencial, latente e indescritível, até a hora do prefixo em
que se manifestará, passando do poder ao ato. Mas isso é tudo
sobre seus destinos. A entidade oculta, portanto, morrerá no exato
momento de sua manifestação, sendo cumprido o papel que lhe foi
atribuído pelo ato de vontade consciente que presidiu seu
nascimento. — Eis um exemplo de possessão, toda episódica e
[572] transitória, pelo facto de um ser infinitamente instável e
efémero.
Por outro lado, muitos casos de loucura, monomania,, são
exemplos de possessão pelo fato de um poderoso e duradouro
daimon.416 As lesões encontradas na autópsia do infeliz insano não
invalidam nossa teoria, porque os cientistas contemporâneos
entendem mal, em nossa opinião, quem vê nessas lesões a causa
do mal: muitas vezes são apenas o resultado. Não é confuso notar,
de passagem, que o termo recebido de insanidade parece conter
etimologicamente uma confissão tácita bem em conformidade com a
tese hermética, na medida em que sanciona a desapropriação do
organismo humano em benefício de um estrangeiro, — alienus.
Às vezes, o déspota estrangeiro, o formidável agente possuidor
que aliena para seu próprio benefício um corpo humano, cuja alma
legítima ele expulsa, paralisa ou atormenta, pode ser gerado por
uma sugestão ou uma operação mágica, de um feitiço moral.
Às vezes, também, em alguns casos descritos sob o título de
"personalidade dividida", o intruso não é outro senão uma alma
humana à espera da encarnação: entrou de surpresa num corpo
temporariamente abandonado do legítimo possuidor. Foi durante
uma fase de hipnose ou letargia que esse misterioso estupro foi
consumado; ou [573] novamente em favor de um desmaio, após
alguma emoção relâmpago, algum tremor do sistema nervoso: todas
as circunstâncias em que a alma do sujeito é abmaterializada astral.
Confie nos comentários dos homens da arte: se alguma lacuna
comprometesse a sequência de suas deduções, eles logo a teriam
preenchido com palavras derivadas do grego. Quanto aos clichês
que vão satisfazer o público, você os ouve daqui: "Que pobre X!
Curioso sobre estranhos experimentos, ele não havia se colocado
nas mãos desses charlatães de magnetizadores? Sua razão não
resistiu a tais práticas". Ou: — "Quando o infeliz soube da morte
súbita de seu único filho, caiu em síncope; Quando ele acordou, ele
estava louco!" Ou finalmente: "Sabe o acidente, aconteceu com Z...?
Ele caiu de suas escadas, e tão infeliz, que foi encontrado
inconsciente. Ele não sucumbiu no local, mas o choque nervoso foi
terrível: uma lesão cerebral deve ser temida. Estamos falando de
internamento em uma casa especial..." Na realidade, a catástrofe
que é designada para a causa do mal foi apenas a ocasião417.
Duas almas competem por um corpo, esse é o fato. É agora um
antagonismo contínuo ou intermitente entre o antigo proprietário e o
novo ocupante. [574]
Este fato anormal constitui um distúrbio na natureza. Muitas vezes,
depende de uma aliança sombria: quando as almas que correm,
atordoadas e em pânico, às portas da vida terrena, se deixaram
contornar pelos emissários dos círculos, mal constituído no Invisível,
paralelo ao areópago dos magos negros que funcionam aqui
embaixo. Os Elementais e os malvados Daimones, ávidos por
objetividade, também fazem uso da incorporação de surpresa para
si mesmos. Os mestres Cabalistas designam, sob o termo bastante
equívoco de embrionário de almas, a anomalia calamitosa que
resulta dela.
Casos de possessão radical e definitiva, felizmente bastante raros,
não são o fato, indiscriminadamente, de todos os bandidos do plano
astral. Sabe-se que os lêmures parasitas de certa origem
permanecem no nimbus obsessivamente ou amalgamam com a
substância da alma, que eles pesam e distorcem a longo prazo, mas
sem entrar em luta aberta com a personalidade legítima. Isto é o
que já ouvimos, e ao qual voltaremos sobre os mistérios da morte
(capítulo VI).
De que maneira o homem pode indiretamente se tornar escravo de
seu semelhante? Eles estão se multiplicando a tal ponto que não
vamos empurrar nenhum. sem mais nomenclatura.
A servidão na qual os espíritos podem reduzir a natureza humana
é, por vezes, por sua parte, um fato espontâneo [575]; Outras vezes,
a tirania espiritual é exercida apenas por instigação de um mago.
Não esquecemos que, de fato, é permitido ao homem, ativo em
todos os níveis da natureza, implementar todas as fontes que o
fazem agir.
Mas prestes a encerrar este discurso com algumas observações,
tocando na escravidão mágica em seu modo espiritual,
recordaremos para registro a soberania exibida pelos seres
coletivos, que chamamos de Egrégora. Essas Dominações invisíveis
do Céu humano possuem e movem as coortes de seus escravos
terrestres, sem que eles suspeitem na maioria das vezes que seu
livre arbítrio está acorrentado. É a servidão inconsciente e
mecânica, a subordinação da parte ao todo, do membro isolado à
vontade que governa todo o corpo. Já dissemos o suficiente no
capítulo sobre a geração, a essência e o papel desses grandes
coletivos humanos (Cf. A Roda do Devir).
Atualmente informado sobre a natureza do fluido astral e os
poderes determinantes de seus fluxos e refluxos, o Leitor, com
certeza, não terá o cuidado de confundir correntes cósmicas
espontâneas com correntes artificiais que operam no circuito de
cadeias simpáticas. Ambos estão saturados com lêmures e imagens
flutuantes; mas esses seres sucedem-se uns aos outros sem ordem,
no primeiro caso, de acordo com suas vontades obscuras, ou de
acordo com as múltiplas combinações, resultantes de simpatias e
antipatias mútuas; enquanto, no outro caso, lutaram, durante as
correntes [576] dos impulsos, pela vontade do reitor Egrégora,
esses seres são agrupados, vivendo reflexos de seu pensamento, e
são distribuídos harmoniosamente com vista a uma ação comum,
eles se tornam mensageiros, artesãos ou soldados. Por um lado, o
reino da desordem e do antagonismo é a anarquia espectral; Por
outro, a distribuição das energias sintetizadas é a hierarquia
dinâmica, usando até mesmo os latidos da existência, até mesmo os
esboços da ideia.
Isto é o que o magista deve levar em conta, quando ele afirma
usar as várias correntes do Astral: pois ele pode usar as duas, e
assim fazer muito bem, ou muito mal... Só que ele fará isso de forma
diferente, dependendo do caso.
Ele mesmo joga um grande jogo. — Se ele enfrenta correntes
cósmicas, o perigo a ser evitado para ele é o desmoronamento, a
desintegração parcial ou mesmo total; se ele entra no circuito de
uma cadeia poderosa, o perigo que o ameaça é a escravização, a
absorção (às vezes inconsciente!) de sua personalidade na da
Egrégora que governa a cadeia. Mas se, imprudentemente, ele se
opõe à corrente para combatê-la, sem ter tomado o cuidado prévio
de esticar uma cadeia magnética oposta, e pela força neutralizar a
primeira, ele até corre o risco de ser derrubado, no sentido mais
positivo deste termo. — (EN) Esqueçamos os comentários aqui
referidos: depois do que já afirmámos, esta tríplice indicação será
suficiente.
O capítulo ni esclarece o sistema [577] de cadeias de simpatia e a
gênese dos seres coletivos. Pensemos nisso, e a escuridão se
dissipará.
Ao mesmo tempo, penetraremos em vários arcanos, relacionados
à vida intelectual das sociedades. Será melhor explicado, não só o
enorme crescimento que um ato isolado, um livro ou um discurso
público imprime todos os dias na opinião e até na moral; mas
também o surgimento espontâneo de novas ideias, de repente
germinando em mil cérebros de uma só vez.
Em certos tempos, novos pensamentos, novas visões emergem de
repente na superfície da opinião: em todos os lábios, sob todas as
penas são encontrados, sem saber por que, tais conceitos até então
muito ignorados. Crédito e autoridade são dados ao que se
despreza; É formulado por todos os lados o que nunca havia sido
oferecido à mente no dia anterior. E comumente os pensadores, que
se ignoram, mostram as mesmas preocupações imprevistas: ambos
pronunciam, defendem ideias idênticas e, mais estranho ainda, as
vestem com as mesmas palavras. Parece que, a serviço de novas
ideias, tão abruptamente eclodidas, uma nova linguagem surgiu...
Essas ideias estavam no ar, opinou a sabedoria das multidões. E
as pessoas boas não estão erradas; É raro, além disso, que seus
clichês mais ingênuos não envolvam altas verdades.
Mudanças repentinas de opinião são detectadas para o esotérico
como resultantes de influências ocultas. Não sabe ele que as
irmandades da luz e os [578] círculos de magos negros lutam
incessantemente no Céu do invisível humano, e que a liderança
política está menos imediatamente no coração desses campeões do
que o governo das inteligências? O antagonismo é imprescritível
entre Satanás e São Miguel Arcanjo, representados por suas
milícias terrenas e espirituais.
Se a opinião de repente evolui para a direita ou para a esquerda,
se é purificada ou depravada, é no areópago oculto que o gesto
inicial foi desenhado. do novo movimento. Do que tantas pessoas
acreditam andar ao acaso, que, sem saber que estão sendo
conduzidas, são duplamente ignorantes de onde estão indo, não se
segue que aquele que as faz andar não saiba para onde as leva.
Agimos sobre a ascendência global das multidões como sobre a
ascendência adequada dos indivíduos: correntes de ideias são
determinadas, círculos de imagens são criados; basta que a
atmosfera seja receptiva à semente invisível. Assim, graças às
cadeias simpáticas, as formas intelectuais se desenvolvem em
abundância e os conceitos vitalizados se espalham. Assim se
justifica o clichê das ideias que estão no ar... Acrescentemos que
um dos segredos do poder, tanto sobre multidões como sobre
homens isolados, encontra a sua fórmula noutro provérbio, não
menos popular, não menos profundo, e que se segue: tome cada
um pelo seu lado fraco... Depois de ter discernido através das
estrias do fluido astral, as entidades erráticas que povoam suas
ondas, a menção nos é imposta dos Invisíveis localizados, [579]
governadores das energias latentes da matéria. Eles são os genii
loci do esoterismo antigo; eles incluem várias classes de
Elementais, conscientes, semi-conscientes e puramente instintivos.
Nem uma pedra, diz a Cabalá, nem uma folha de grama no
mundo, sobre a qual um Espírito não reina.
Um escritor de raça, que tinha a intuição desses misteriosos
Poderes e que morreu sua vítima, Gérard de Nerval os celebra em
seus Versos de Ouro, (o décimo segundo soneto do surpreendente
poema das quimeras).
"E aí? Tudo é sensível!"
(PITÁGORAS)

Homem, livre pensador, você acha que só você pensa


Neste mundo onde a vida explode em tudo?
Das forças que dispões a tua liberdade,
Mas de todos os seus conselhos, o universo
está ausente. Respeite na besta um espírito
ativo:
Cada flor é uma alma para a natureza florescente;
Um mistério de amor no metal repousa,
"Tudo é sensível", e tudo sobre o seu ser é
poderoso. O medo na parede cega um olhar que te
espiona;
À matéria em si está ligado um verbo...
Não o tenha usado para qualquer
propósito ímpio!
Muitas vezes, no escuro, habita um deus oculto,
E, como um olho nascente coberto por suas
pálpebras, um espírito puro cresce sob a casca
das pedras.
1845
Esses agentes ocultos, dos quais falamos [580] acima418, ricos
em variedades muito diversas, são difíceis de circunscrever em uma
definição geral. Distribuídos por todos os degraus da Natureza
manifestada, eles formam um contraste com a moral, tanto quanto
os objetos sobre os quais reinam são pouco parecidos com o físico:
relâmpagos e flores, carvão e zoófilo, etc.
Os espíritos elementais, tornados famosos pelos popularizadores
de uma Cabalá exteriorizada, representam apenas o menos
sedentário desses Agentes: eles são os Gnomos, os Undins, os
Silfos, as Salamandras, etc.
Outros mais ou menos intimamente ligados às coisas materiais
que deles dependem, não lhes são imanentes de modo rigoroso,
uma vez que podem, principalmente, nas condições exigidas para a
objetivação dos Invisíveis em geral, manifestar-se nas proximidades
desses objetos. Estranhamente no primeiro exame, mas lógico se
alguém se der ao trabalho de pensar sobre isso, quanto mais alto
esses seres sobem na escada evolutiva, menos eles se tornam
livres para se afastar do corpo que tende cada vez mais a se tornar
seu envelope.
A antiguidade mitológica personificava poeticamente alguns deles;
tornou-os incontáveis semideuses (Faunos, Silvaínas, Dríades,
Nereidas, Ciclopes, etc.). Quanto aos nomes que esses seres
receberam na Idade Média, em países cristãos e muçulmanos, cujos
nomes eles atrapalham.
Lendas, preenchíamos várias páginas para justapô-las. [581]
A maioria dos Elementais é hostil ao homem apenas enquanto ele
invadir seu domínio e, consciente ou inconscientemente, trabalhar
para desapropriá-los.419 Explosões no laboratório, deslizamentos
de terra na mina, acidentes na fábrica podem então ser as marcas
de sua raiva. No entanto, o homem nasce seu senhor: ele os
escraviza pela Ciência e, como o império que esses seres exercem
sobre a matéria está subordinado a leis reguladoras que eles não
podem transgredir, o observador de quem essas leis são conhecidas
consegue, com prudência e compostura, afastar neles qualquer má
vontade.
O cientista não age diretamente sobre os Elementais; É
manipulando a matéria que ele os força a vir e elaborá-la, de acordo
com um plano preconcebido por ele. [582]
O feiticeiro prossegue na direção oposta; ele procura reconciliar a
boa graça e a simpatia desses arcontes inferiores, e às vezes os
leva a trabalhar em seu benefício: ele assim dispõe sobre a matéria
de um poder indireto, cujas manifestações parecem maravilhosas e
inexplicáveis para o profano. A lenda designa vários feiticeiros, a
quem a colaboração de gênios foi abertamente adquirida. A que
custo? Isto é o que marcamos acima, dando uma ideia da servidão
humilhante que resultará para o mago, se ele vier a ceder.
O adepto liberto, por outro lado, não desdenha da ajuda dos
elementais; Só que ele os domestica em seu serviço, longe de se
entregar à mercê deles, como faz o mago negro. A Alta Magia
ensina procedimentos sólidos para esse propósito e prescreve um
método de treinamento que é um dos arcanos da Doutrina.420 Este
livro contém conceitos claros e positivos, que serão reconciliados
para conseguir isso. Mas não se engane: outra coisa é encontrar um
método eficaz; Outra coisa para colocá-lo advantageously.in prática.
A ciência tem coroas [583] para tais seguidores especulativos, que
nunca foram capazes de forjar para seu benefício o cetro do
domínio operativo...
É tratado no primeiro volume da inteligência do relâmpago421: os
Elementais do fogo, — salamandras vulgô, — estão entre os mais
poderosos e os mais perigosos. — Eles colaboram com os Undins
e os Silfos, para despertar tempestades, trombas d'água e ciclones,
quando o furacão se casa com relâmpagos, no respingo da baba do
mar. Eles ainda podem animar e mover fogos traidores, guias infiéis
do viajante perdido, em direção aos precipícios ou pântanos.
Os Espíritos Elementais, dissemos, não sofrem facilmente por
serem invadidos por seus domínios. Pereça o intruso! dão-lhe
armadilhas. A vertigem das altitudes é o chamado traiçoeiro dos
Silfos; a atração da água, a das ondinas, simbolizada nas fábulas
gregas de Narciso e Hylas. Quanto aos gnomos das cavernas
subterrâneas, eles convidam o homem ao suicídio, inspirando-o com
desespero sombrio.
Além disso, nada é mais real do que a fatalidade [584] inerente a
certos lugares, assombrados por larvas instigando o suicídio.
Quem nunca ouviu falar, sobre o acampamento de Bolonha, esta
famosa portaria que Napoleão teve que queimar, porque várias
sentinelas, golpe após golpe e sem motivo aparente, se mataram
lá?... Na mesma época, também se falava de uma certa sala de
quartel, onde era "tradicional" enforcar-se na espagnolette. O
imperador, que instintivamente sentia coisas misteriosas, se nem
sempre as conhecia, tinha a sala murada, e essa epidemia singular
da corda cessou imediatamente.
Conhecemos uma família onde o suicídio por imersão parece estar
na ordem do dia, de pai para filho. Homens desse sangue acabam
se afogando, mais cedo ou mais tarde, e sempre na mesma curva
no mesmo rio. Estranhamente sombrio! O último que se atirou nela,
há apenas alguns anos, há muito tempo enrugara contra o impulso
mortal; mas não se escondia que a fatalidade hereditária o
apoderaria um dia ou outro, imperioso demais para que ele pudesse
evitá-la. Escusado será dizer que ele evitou as abordagens ao
banco de onde o seu avô, e depois o seu pai, tinham corrido; mas
em certos dias sentia-se empurrado, arrastado para este lugar por
uma força tão irresistível como o Destino, e passava horas
hipnotizando-se, perdido na contemplação silenciosa das estrias,
agitando o fio da água profunda. Às vezes agarrava-se à vegetação
rasteira, para afastar [585] a tentação que ressoava dentro dele;
Mas um dia, finalmente, ele deu o salto e se afogou.
Esse exemplo, do qual somos garantes422, parece curioso por
dois motivos, pois a influência nociva está localizada duas vezes:
por um lado, ela se liga aos machos de uma linhagem, apenas aos
machos; por outro lado, num ponto claramente definido no espaço...
Essas influências singulares e sinistras são frequentes o suficiente,
se você pensar sobre isso? Estava a lenda completamente errada
em personificá-los, poetizando-os, nos contos de Nixese de Sirènes,
de Dames blanches; na história do pequeno Sauteret (ou Sauteriot)
e outros gênios cujas atribuições dificilmente variam, mas que têm
nomes diferentes, de acordo com o tempo e o país?... No entanto,
diante dos desastres mais significativos, os caprichos da loucura,
hereditária ou espontânea, são invocados. É uma resposta para
tudo.
Quando refizemos, há cinco anos, no primeiro volume deste livro,
o impressionante episódio do presbitério de Cideville, estávamos
longe de prever que a aventura de Valence-en-Brie (1896) ofereceria
a reedição. Nosso amigo Dr. Papus seguiu essas Saturnálias de
fenômenos, que ele analisa em suas principais aventuras, com a
sagacidade de um ocultista erudito e a autoridade de uma
testemunha ocular. Será suficiente remeter o leitor para os termos
do relatório [586] publicado na Iniciação423, sem que seja
necessário resumir novamente o caso. Os fenômenos parecem ser
modelados nos de Cideville, e atestados, aqui e ali, por centenas de
observadores. Em ambos os casos, a infestação vem de uma
maldição; mas em Valência, o médium era um pobre orador, cujos
feiticeiros, presentes embora invisíveis, sugavam a vida extravasada
como larva astral. É à intervenção de Papus e de outro ocultista
experiente, o Padre Schnebelin, que a paciente deve sua
recuperação. Todos os remédios prescritos pelos médicos tinham
sido ineficazes: o tratamento mágico foi um sucesso completo.
Zombe de quem vai! O uso de espigões metálicos libertou a casa de
seus visitantes impalpáveis, e podia-se, em várias ocasiões,
observar os fenômenos luminosos que sinalizam a ruptura de um
coagulado fluídico. Os golpes na direção onde a Voz foi ouvida
causaram chuvas de faíscas... Eventualmente, os fenômenos
cessaram completamente – e a mulher doente foi curada.
Teve-se por um momento que em Valência o principal autor da
assombração fosse um Elemental odioso, ou um Daimon maligno: a
coisa teria sido pior; pois então estaríamos lidando com uma
coalizão de magos negros, ramificados no Invisível com alguns dos
círculos malignos; em outras palavras, aos bandidos ocultos ainda
vivos, amarrados [587] por um pacto com uma sociedade de
bandidos do além-túmulo.
Esta hipótese, baseada em algumas indicações ambíguas, mas
que, felizmente, não foi confirmada, leva-nos naturalmente ao
exame de um problema de maior interesse: a oportunidade parece-
nos propícia para corrigir certas noções incorrectas, mas fortemente
a favor, que respondem ao termo, muitas vezes usado cegamente,
de pacto com o Diabo.
O pacto! Não há obra ocultista mais famosa e lendária; nem há
uma mais desfigurada na opinião do povo e mesmo dos educados.
No entanto, isso não é por falta de uma fórmula adequada,
revelando a natureza do pacto. A palavra parece clara em si
mesma; Além disso, a definição dada pela teologia e a distinção que
ela faz deles expressam perfeitamente a realidade da coisa: resta
compreendê-los e interpretá-los adequadamente.
O pacto, de acordo com a doutrina da Igreja, forma a base e o
ponto de partida de toda a magia. É um acordo livremente firmado
entre o mago e o Diabo, com ou sem um cronograma assinado
pelos empreiteiros, ou um deles.
O pacto é expresso ou tácito. — No primeiro caso, diz o Padre
Ribet, «conclui-se com palavras dirigidas ao Demónio, ou com a
aceitação de uma fórmula proposta pelo próprio Diabo, quer que
apareça e ofereça a sua assistência, quer [588] que seja evocada
por abjurações e promessas»424 — Quanto ao pacto tácito,
conclui-se implicitamente, pelo simples facto de empreender,
mesmo a título experimental, uma operação cujo resultado deve
estar fora do curso natural dos acontecimentos; porque é duvidoso
que só o Diabo possa fazer tal obra; E, quem quer o fim também
deve querer os meios...
Esta, em toda a sua intransigência, é a doutrina ortodoxa sobre
este ponto: é formidável e translúcida. Assim, — pois deve ser
lógico, — o menor experimento de mesa giratória, o menor controle
da medianidade, qualquer tentativa de estudar forças, não
sobrenaturais (não há nenhuma), mas ainda não catalogadas pelos
bonzes da ciência positiva; qualquer tentativa curiosa de
implementar Agentes ou Poderes "acima. das forças da natureza",
para usar a linguagem detestável em andamento; qualquer
empreendimento desse tipo envolve necessariamente pelo menos
um pacto tácito com o inferno!
Qualquer que seja o rigor de tal doutrina, o ocultismo adota in toto
os termos da definição, exceto para delimitar o verdadeiro e
científico significado das palavras Diabo e Inferno.
Já sabemos que repudiamos a existência do Espírito Maligno,
como o absoluto do Mal e antítese de Deus, o absoluto do Bem.
Mas, como podemos ver, nós [589] não contestamos a existência de
espíritos malignos no mundo oculto mais do que a de homens
perversos no mundo visível.
Além disso, temos o cuidado de não negar a formidável realidade
do grande Agente Mágico cuja cobra é o emblema. Negamos tão
pouco, que a maioria de nossos livros se baseia no conhecimento
experimental e racional desse Proteus universal, sem o qual não
ocorreria um fenômeno, mágico ou não, da ordem sensível.
Em nossa opinião, o Diabo deve ser considerado em dois
aspectos: no corpo e na alma; como Força ou substrato dinâmico,
por um lado425, e, por outro, como Espírito de perversidade ou
perversão, de acordo com a etimologia de seu próprio nome
Diaboloj426.
Recordemos em duas palavras o que os nossos leitores já sabem.
O Diabo, considerado como um agente, é a Luz astral, correlação
de forças físicas e síntese de forças hiperfísicas do Cosmos. Quem
entra em contato direto com a Luz astral, cujo envoltório material do
homem serve para isolá-lo até certo ponto, cria um vínculo
duradouro entre sua pessoa e esse Poder multiforme, "do qual se
tornará o senhor ou o escravo, o diretor ou o brinquedo"427 . —
Este é o pacto tácito, [590] fluindo irresistivelmente de cada
experimento imprudente que foi bem-sucedido.
O Diabo, considerado como um Espírito de perversidade, constitui
o tipo abstrato e a síntese ideal de Inteligências e Vontades,
encarnadas ou não, que se valem de forças hiperfísicas, em direção
a um objetivo de egoísmo a satisfazer ou crime a perpetrar, Não é
incomum ver um homem interferir nas grandes correntes de
egoísmo e malícia, e concluir, com os Espíritos reitores de icelles,
ou um pacto implícito pelo fato do desejo e da adesão moral, ou um
pacto expresso pelo fato de uma evocação e concordância
explícitas e formuladas. Mas o pacto expresso ou formal consistirá,
nove vezes em cada dez, nos compromissos recíprocos que
resultam da afiliação a algumas sociedades secretas nesta terra, ou
a essa comunidade mística do mundo ultra-terrestre: em outras
palavras, incorporação em círculos mágicos, visíveis ou latentes,
quase sempre ambos. um dos mais ousados exploradores do
magnetismo contemporâneo, descreve-nos de modo inesquecível,
numa página comovente e vivida da sua Magia desvelada, a
conclusão do pacto fácil. Preste atenção a essa confiança, uma das
mais certamente significativas e reveladoras que ele registrou, no
decorrer deste compêndio de sua pesquisa, tocando a essência e as
propriedades da força oculta que entra no magnetismo: [591]
"Que uma tromba d'água derrube e espalhe habitações, que
arranque árvores centenárias e as leve embora, quem está surpreso
agora?
"Mas que um elemento, desconhecido em sua natureza, abale o
homem e o torça como o furacão mais terrível feito do junco, jogue-o
fora, atinja-o em mil lugares de uma só vez, sem que lhe seja
permitido ver seu novo inimigo e desferir seus golpes, sem que
nenhum abrigo possa garanti-lo dessa violação de seus direitos, à
sua liberdade, à sua majestade; que este elemento tem favoritos e
ainda parece obedecer ao pensamento, a uma voz humana, a sinais
traçados, talvez a uma injunção; isto é o que não pode ser
concebido, é isso que a razão rejeita e repelirá por muito tempo. No
entanto, é nisso que acredito, no que aprovo; Isto é o que eu tenho
visto, e, eu digo resolutamente, o que é uma verdade para mim para
sempre demonstrada.
"Senti os ataques desse poder formidável. Um dia, cercado por um
grande número de pessoas, eu estava fazendo experimentos
dirigidos por novos dados que eram pessoais para mim, essa força,
– outro diria esse demônio, – evocava, agitava todo o meu ser;
parecia-me que o vazio era feito ao meu redor, que eu estava
cercado por uma espécie de vapor levemente colorido. Todos os
meus sentidos pareciam ter dobrado com a atividade, e o que não
poderia ser uma ilusão, meus pés se enrolaram em sua prisão, de
modo a me fazer sentir uma dor muito aguda; e meu corpo, movido
por uma espécie de redemoinho, foi, contra a minha vontade,
compelido a obedecer e a se curvar. Outros seres cheios de força,
que se aproximaram do centro de minhas operações mágicas – para
falar como um feiticeiro – foram mais severamente afetados: eles
tiveram que ser agarrados no chão, onde lutaram como se
estivessem perto de desistir de sua alma.
"A ligação foi feita, o pacto consumado; Um poder oculto acabara
de me dar sua ajuda, havia se soldado com a força que era minha e
me permitido ver a luz. [592]
"Foi assim que descobri o caminho para a verdadeira magia.428
Se nossos leitores tiverem o cuidado de percorrer o relato das
experiências que precederam o fenômeno descrito por du Potet,
eles se convencerão de que, em vão, procurar-se-ia um exemplo
mais marcante do pacto tácito, como o definimos acima.
Basta dizer, a respeito do pacto formal, que o compromisso escrito
sempre foi de rigueur nas sociedades de iniciação mais sérias: este
ato, além de seu caráter de garantia exotérica, constitui um sinal de
apoio, que magicamente corrobora e formula a vontade do neófito.
Cada associação terrena é duplicada, no Invisível, por um círculo
correspondente, e governada por uma Egrégora, como temos, em
várias ocasiões, peremptoriamente exposto. Quanto às
Fraternidades invisíveis que não têm organismo material conhecido
– queremos dizer um grupo humano paralelo e conforma-se aqui
abaixo, a elaboração é exigida de um compromisso escrito, e
queimada depois com certos ritos: além do valor do sinal de apoio,
no qual já insistimos, a incineração do contrato é equivalente à
projeção em Astral dito sinal, confirmando o cartel adepto. Não é
implausível que a Comunidade invisível responda com o fenômeno
da pressa de escrever, bem conhecido pelos espiritualistas e pela
comitiva de Madame [593] Blavatsky. — Trata-se da troca da
agenda escrita em dupla parte, e da garantia recíproca ou sanção
mágica, como observamos mais de um exemplo na ata dos
julgamentos de bruxaria.
Todas essas coisas parecem concordar de uma maneira muito
marcante com os ensinamentos da teologia romana. Seus Doutores
nos dirão que, na aparição perto do Maligno, cujos chifres e garras
não perfuraram visivelmente, nossas "confissões" corroboram
singularmente as doutrinas exotéricas da Igreja!...
Bem, voltaremos a conceder a esses senhores os chifres e garras
aos quais eles parecem tão fortes; pois, em fenômenos evocativos.
o que equivale ao desnudamento de uma parte do Astral, as
silhuetas mais congruentes com a definição diabólica são perfiladas
de aventura. Não há nada aqui para surpreender os seguidores do
Oculto. Não é suficiente, de fato, que uma forma seja imaginada
pelo homem, de modo que, assim que é esboçada astral, seja
preservada nos arquivos da segunda luz? E uma centena de
gerações ascéticas não sonhou com o inferno? Agora, todos os
lêmures, todas as dominações teúrgicas, bem como todas as
miragens errantes podem ser evocadas e aparecer.
Assim, nossos adversários triunfarão. Depois desta confissão,
(dirão), nada falta na confirmação de que trazeis apesar de vós
mesmos as verdades indefectíveis do Dogma, tocando o Diabo e o
seu reino... [594]
Conhecemos essa linguagem, e esse processo de polêmica,
assimilação, em favor de uma tese preconcebida, argumentos que
serviriam para arruiná-la; mas ao que bastará bocejar a entorse,
para que venham em confirmação da tese contrária. Tal método é
triunfante: tem algo infalível e peremptório, pelo menos ao capricho
dos convencidos do viés. Não é apoderar-se das peças do inimigo,
fazê-lo virar-se e colocá-lo em bateria contra os regimentos que
deveriam cobrir e defender? Mais fácil de realizar, caneta na mão,
do que no campo de batalha.
É graças a esse engenhoso sistema que M. de Mirville uma vez
encontrou, nas páginas mais fortes de Eliphas Levi contra a
existência do Diabo pessoal, a irresistível confissão e prova de que
o Diabo, para Eliphas, era de fato uma pessoa. O mesmo método foi
usado recentemente, contra os ocultistas atuais, por outro
historiógrafo do Demônio, autor de dois enormes in-4°429, onde sua
imaginação muito espaçosa se iluminou das quimeras que o
sobrecarregavam: Chimœrœ in vacuum bombinantes! Este
prodigioso médico aparece ao mesmo tempo, tanto do ponto de
vista filosófico quanto anedótico, o Nonotte e o Ponson do Terrail da
Magia.
Não vamos nos debruçar sobre esses ridículos...
O ocultismo, tão valentemente renovado na França por três
séculos, não poderia ganhar a atenção [595] de mentes sérias e os
votos de uma elite, sem que várias causas de descrédito
comprometessem seu progresso e manchassem sua fama. Ele
sofreu a provação da mediocridade generalizada dentro, os ataques
de difamação e zombaria do lado de fora.
Quantos fracassos literários ou científicos, ignorantes além dos
princípios elementares do ocultismo, reivindicaram em voz alta o
seu crédito espiritual, correndo o risco de desacreditar a Alta
Ciência, abrigando sob a sua bandeira a sua mercadoria
contrabandeada!
Quantos intrusos famintos estavam ansiosos para cunhar dinheiro
na credulidade dos espectadores, explorando a prática frutífera da
Astrologia, da Palmistria e de outras artes divinatórias, que o
renascimento do Esoterismo pareceu galvanizar por um tempo,
mesmo em mãos ignorantes, suspeitas ou venais! Quantas
difamações copiadas, beneficiando-se da moda adquirida nesses
estudos, foram capazes de improvisar um meio de vida mais
lucrativo, no comércio de revelações caluniosas, sob o pretexto de
arrancar a máscara de capangas hipócritas do inferno?
Recordaremos apenas para o registro aqueles que foram iniciados
no Iluminismo, para trair seus juramentos, seus irmãos e seu Deus.
Além disso, essas misérias estavam previstas.
É um aforismo na magia, que não pode ser feito em certos
arcanos, sem imediatamente [596] despertar uma oposição
formidável por parte das forças opostas... O Leitor que, tendo
chegado ao ponto em que estamos, não compreenderia
imediatamente o porquê e o como dessa reação fatal, pode fechar
o livro e renunciar ao estudo das Altas Ciências.
A cada renovação do pensamento, sempre que o mundo
intelectual se inclina a seguir uma orientação sem precedentes,
essa lei do antagonismo daria origem a subversões fatais, se o
Fatum (aquele Poder que desempenha o efeito para a causa) não
mantivesse, em certa medida, no futuro, como garantia regulatória,
a escravidão íntima do passado.
Um constrangimento salutar, embora por vezes muito cruel para os
inovadores da arte, da ciência e da acção.
"Os mortos agarram o rápido" pronuncia a antiga Lei: a morte reina
sobre a vida e inflige-lhe a sua lei; embora seja Ontem, domina
sobre o amanhã, por causa do respeito religioso inspirado por seres
e coisas que não existem mais.
A rotina é apenas a regra morta imposta ao futuro pela autoridade
do passado, à vida pela majestade da morte.
Como no corpo humano, as células são justapostas e agrupadas
na localização daquelas que murcham à medida que vão e
desaparecem: assim, o efeito de uma causa torna-se causa, por sua
vez, para reproduzir seu semelhante; assim, o que será é modelado
e cortado no que foi. É a força subjugadora do Destino, a norma da
morte que regula o desenvolvimento da vida! [597]
Contra o Destino, as vontades e a própria Providência têm que
lutar, improvisar outra coisa, renovar as velhas formas, finalmente
garantir a variedade do Belo, uma das condições para que o Belo
seja amável: mas, novamente, esse terrível poder da Fatalidade é
necessário ao mundo como ele é. Sem ela (força morta), as forças
vivas reagiriam muito impetuosamente umas sobre as outras,
desprovidas de qualquer obstáculo que regulasse sua ação, pelo
próprio fato de que ela a impediria. Com as transições não mais
poupadas, o mundo seria transformado por tremores desastrosos;
Seria renovado por uma série de cataclismos, em vez de evoluir
com uma lentidão inteligente...
Estamos longe do pacto e do escaldulo em questão, quando a
nossa pena se desviou para considerações gerais que não nos
arrependemos de ter afirmado. No entanto, devemos pôr fim a esta
digressão que, sem repugnar o carácter deste capítulo, nos distraiu
por um momento das possíveis relações entre o homem e os
Poderes de um mundo mais subtil.
Esses relatórios geralmente parecem infelizes ou prejudiciais ao
homem. Pelo contrário, infelizmente! é a exceção.
Se pensarmos sobre isso, talvez nos perguntemos que vantagem
certas classes de Invisíveis encontram em molestar os vivos,
inspirando-os com horror, baço ou terror, e até mesmo empurrando-
os para o suicídio [598], como relatamos vários casos.
Quando a infestação é a consequência de um feitiço, seja porque
os malfeitores agem sozinhos em corpos siderais, ou porque
envolvem os lêmures evoluindo na esfera de sua ação magnética,
ou outros colaboradores espirituais que são dedicados a eles, a
explicação é fácil. É à iniciativa humana que o mal é imputável; É
uma vontade humana, individual ou coletiva, que é o autor, se não o
ator da tragicomédia.
Mas há tais circunstâncias em que o Invisível entra em competição
em seu próprio nome: eles aspiram a possuir o homem, ou obcecá-
lo. Nem todas as naturezas humanas oferecem acesso igualmente
fácil à invasão espiritual. No ponto da evolução em que o homem se
encontra aqui na terra, seu corpo material constitui, em
funcionamento normal, uma fortaleza que garante a alma, não
apenas uma prisão que a abriga. A grande maioria dos homens está
a salvo de influências espirituais, ou pelo menos eles não estão
cientes delas.
Enquanto os seres do plano astral não adquirirem alguma
objetividade temporária, o mediador plástico do homem torna-se,
exteriorizando-se, o único ponto de contato que é possível entre
eles e a alma encarnada.
Os médiuns fortes, que estão sujeitos a extravasar em todos os
momentos seu fluido nervoso, até saturarem a atmosfera astral que
os banha, devem [599] ser considerados doentes. Em homens
comuns, a força nervosa é abmaterializada apenas muito
excepcionalmente, em alguns casos, fisiológica ou patológica430.
Vamos revelar uma das coisas mais misteriosas e menos
conhecidas sobre isso, a resposta a muitos pontos de interrogação.
Muitas paixões amargas e sensações violentas e dolorosas,431
especialmente a tristeza moral, a dor física, o medo, etc., têm como
consequência imediata, no ser que as sofre, uma exteriorização,
tudo junto e um abandono do fluido vital. A força nervosa, em tais
casos, flui como o sangue de uma ferida. A vida já não se defende;
Ela se oferece, pelo menos se deixa pegar. Podemos adivinhar o
que pode resultar: banditismo espiritual. O ser que provocou nos
outros o paroxismo difusivo, pode fisiologicamente se beneficiar
dele: fonte para ele de um delicioso bem-estar.
Seria fácil multiplicar os exemplos. Os três [600] que escolhemos
parecem mais impressionantes, porque manifestam a razão
insuspeita do luto moral, após a perda de entes queridos; o porquê
do medo, tão natural ao homem, diante de uma súbita corporização
do Invisível; O porquê, finalmente, daquela paixão estranha e
selvagem que liga o desejo carnal ao instinto de ferocidade, e
intrigava tantos psicólogos modernos, sob o nome de sadismo.
Olhe nas profundezas da natureza para a razão dessas coisas,
algumas tão normais, outras tão estranhas?
Por que terrores vagos e irrelevantes, especialmente o medo de
fantasmas? Porque os nativos do Astral, para se manifestarem no
plano físico, precisam de força nervosa, e o pavor que eles inspiram,
consciente ou instintivamente, é uma maneira segura de roubar
essa força do primeiro a chegar. Quanto mais uma aparição é
alimentada por fluido nervoso, mais ela se torna precisa e envolta na
realidade física: aí reside a razão oculta para o aumento da
intensidade dos fenômenos aterrorizantes, em proporção direta ao
susto. Nas sessões dos médiuns materializadores, a sensação
gelada experimentada pelo espectador, nas proximidades das
aparições fluídicas, deve-se à súbita perda de força nervosa, cujo
espectro se apodera avidamente 432. A nitidez do fenômeno
aumenta gradualmente. Além disso, em casos comuns, os Invisíveis
não precisam aparecer [601] aos olhos, a fim de infundir o homem
com terror, dispensando para seu benefício a bebida da
objetividade433.
Por que esse instinto monstruoso de sadismo, que às vezes
ressoa nas profundezas das melhores naturezas? — Repousa sobre
a intuição latente desse fato, que ao fazer a vítima sofrer de sua
brutalidade, o carrasco sensual causará uma hemorragia desse
sangue invisível, dessa força vital, cuja abdução e apropriação
multiplicarão o prazer físico nele, exacerbando a ponto de delírio as
repercussões cerebrais do ato venéreo434.
Por que, finalmente, essa tribulação moral, essa angústia
persistente que nos faz chorar por muito tempo os entes queridos
que foram atingidos pela morte? — Nada, com certeza, que seja
melhor explicado ao coração do homem; Mas uma lei providencial
intervém, para usar em benefício do falecido a desolação, tão
natural para aqueles que permanecem. Assim, por uma admirável
economia de transições, poupada de um mundo para outro, é no
auge da provação póstuma que a energia psíquica, emanada da dor
dos entes queridos, ajudará o recém-nascido de uma vida futura!...
Sem esclarecer este mistério de solidariedade efectiva. família,
que examinaremos mais de perto no sexto capítulo [602], basta
enfatizar aqui o uso, útil ou voluptuoso, ao qual a força nervosa ab-
materializada se presta indiscriminadamente. Interesse e volúpia!
Estes são dois motivos poderosos: molestamento espiritual e
infestação, atribuíveis a ambos, podem até envolver ambos.
No que diz respeito ao lucro que os Pervertidos Invisíveis podem
obter do suicídio humano, é bastante óbvio que, no indivíduo que se
resigna à morte no vigor de sua plena saúde, a disponibilidade da
força nervosa será total, em vez de parcial, e isso, para o benefício
de qualquer um que queira aproveitá-la.
Além disso, o ódio, a vingança ou o ciúme podem determinar e
mover certos seres da Outra Vida, bem como eles movem e
determinam os homens de carne e o Lêmure do Abaixo (sub-
humanidade).
Escusado será dizer que os Invisíveis cuja possível intervenção
apontamos, nas obras egoístas e obscuras, seja como atores
principais ou como cúmplices do malfeitor, não podem ser as
Inteligências Superiores, as Almas glorificadas ou os Anjos
missionários. Pretendemos reservar para outra obra as noções
relativas a esses Espíritos emancipados.
Suas relações imediatas com o homem são excepcionais e menos
frequentes do que se imagina. Houve mal-entendidos e [603]
decepções sobre este ponto. Satanás (está escrito) às vezes é
transfigurado como um anjo de luz: isso é o que muitos místicos
esqueceram.
O discernimento infalível dos Espíritos nem sempre foi seu
privilégio; e tais, que estavam desapontados com os Poderes da
sombra ou do crepúsculo, acreditaram em uma fé robusta os
missionários do Deus sol!
Quanto aos casos comprovados de liderança angélica, alta
medianidade e até embrionato celestial, eles implicam por parte dos
privilegiados alguma deferência à Voz de cima; mas quem gostaria
de rotular essa sujeição voluntária de escravidão espiritual? — A
menos que interpretemos esta palavra no sentido adepto, como
fizemos no início deste capítulo.
Isso nos leva de volta ao décimo segundo fólio do Livro Hierático
de Thôth, onde vemos um homem, de cabeça para baixo e
tornozelo garroteando na trave de uma forca. "O enforcado (diz
Elifás Levi) é, portanto, o adepto, vinculado por seus compromissos,
espiritualizado ou com os pés voltados para o Céu; é também o
antigo Prometeu, sofrendo em tortura imortal a pena de seu glorioso
roubo". 435
..........................
O templo da verdade esotérica tem um pátio a partir do qual seus
raios podem ser vislumbrados, e um santuário onde sua presença
real brilha.
O pátio é para todos, o tabernáculo é acessível a poucos. [604]
Mil caminhos levam ao templo; Mas só se entra no santuário da
Iniciação Suprema por duas saídas: a porta da ciência e da luz, e a
da provação e do amor.436
Os iniciados especulativos e voluntários, guiados pela casta, mas
fria ambição de saber por conhecer, não necessariamente
renunciaram às pompas de Maia, a deusa da Ilusão terrena, nem
sofreram e se desesperaram por ela. Só que aprenderam a traduzir
o nome da Feiticeira: sabem que ela não é a realidade substancial,
mas a miragem. Não podem mais deixar-se seduzir pela
fantasmagoria de seus encantos, tão deliciosos para outros
homens... Como se estivessem em uma dança macabra,
vislumbraram o esqueleto, sob a gaze e as falbalas da bailarina.
Essa acuidade clarividente, prerrogativa da Ciência pura, torna-se
de certa forma sua punição.
O adepto intelectual ainda pode tomar sua parte de ilusões
terrenas, mas como um cético desiludido, e sem acreditar nisso
agora. Ele se assemelha ao ator, que traduz no palco as paixões
violentas da ambição, do ódio e do amor, e que pode por um
momento ficar febril no jogo, até parecer sincero consigo mesmo.
Veja-o, florescendo em alegria, ou contraindo-se em dor... Mas
adeus [605] emoção, tão pouco que ele pensa! Ele então riu de suas
lágrimas fáceis e, ainda mais triste, riu de sua risada.
Os Eleitos entraram no santuário pela outra porta, a do Amor,
conheceram toda a amargura e renunciaram às alegrias enganosas
da existência. Pois devem ter esgotado o cálice dos reveses
temporais, de modo que, desencantados com a cidade terrena,
voltaram-se para a Jerusalém celeste, pátria eterna da Ciência, da
Justiça e do Amor.
São as pombas mais puras, que assim caem, feridas, no limiar do
refúgio imaterial.
Que sublime desencanto é deles!
O desespero nessas almas nobres é apenas uma mudança de
esperança.
Não veio do Céu, porque ali ascendeu, o Anjo das tribulações que,
brutalmente, no coração destes corações ternos, limpou o parterre
do otimismo ilusório, cujos aromas carregavam miragens felizes, e
transfiguravam a realidade terrena, reflectiam nela a ilusão do
paraíso.
Rosas incandescentes de amor! Lírios de franqueza intangível!
Sensível ao orgulho doloroso! Suas sementes desorientadas não
estão aqui. Alguns semeadores de seis asas437 deixaram-nos cair
dos mundos da luz, no tumultuado caos da carne e do sangue [606].
Nesta mesma lama, o serafim surpreso viu-os germinar, crescer e
florescer. Sem dúvida, ele não quer que as flores ideais sejam
profanadas, tão anormalmente chocadas para o atoleiro do coração
humano. Mas ele os arranca apenas para transplantá-los para um
solo melhor, – onde seus pares florescem – lá em cima! [667] [668]
M
376 Poderíamos, a este respeito, dizer algo sobre a Grande Obra; mas o Capítulo VII
do presente volume, Magia das Transmutações, pareceu-nos mais qualificado para
notas desse tipo. A Chave para a Magia Negra será encerrada com alguns dados
muito precisos da própria Alquimia.
377 Páginas 137 e seguintes da 5ª edição.
378 Louis Ménard, Rêveries d'un païen mystique, Paris, Lemerre, 1890, 3ª edição, p.
30. Quem disse então que o verbo poético era repugnante à enunciação da
austera Doutrina? Parece impossível formular melhor o ensinamento sobre este
ponto, em menos palavras e mais sobriamente expressivo.
379 Cf. Au Seuil du Mystère, p. 143-144.
380 Note que Vênus é a esposa de Vulcano, o princípio do fogo terreno.
381 Estranho ao homem individual que a sofre. — Cf. cap. III, p. 372 e ss.
382 Devaneios de um Pagão Místico, pp. 80-81.
383 Almas que "se transformam em desejos" e "escolhem as condições orgânicas de
que necessitam"; A beleza reduzida a uma promessa de fecundidade, etc.,
constituem expressões aproximadas de expressão; mas as teorias não parecem
menos belas e profundas.
384 Cf. Fabre d'Olivet Histoire philos. du genre humaine, tomo I, pp. 326-327; — e
Saint-Yves, Mission des Juifs, p. 414 e segs.
385 "Em toda parte é um Deus morto, rasgado, desmembrado por gigantes; é uma
deusa que o procura; que, ao procurá-la, percorre o mundo; que, ao atravessá-la,
dá modos, leis, funda cidades, dá alimento, dá artes, culto, ritos: é um Deus,
morto, desmembrado por gigantes, que, depois de muita luta e dor, ressuscita e
permanece triunfante e vitorioso finalmente. É, na Frígia, Cibele desolada pela
infidelidade de Atys, que viaja pelo mundo furioso, e o obriga a mutilar-se em
desespero pela infidelidade que lhe fez. No Egito, foi Ísis, desculpe a morte de
Osíris, a quem Tifão matou em traição, fazendo-o julgar seu caixão; que os
gigantes rasgaram em pedaços; que viaja pelo mundo para reunir os seus
membros, que os reúne a todos, excepto o membro viril do qual consagra uma
imagem; e, ao viajar pelo mundo, dá-lhe as leis, as artes, o culto, o alimento; e
Osíris, depois de muita dor e luta, é vitorioso sobre Tifão e os gigantes, e
ressuscitou para a felicidade do mundo. Na Fenícia, é Vênus desolada pela morte
de Adônis, a quem o cruel Marte matou, disfarçado de javali; que viaja pelo mundo
para encontrar o seu corpo; mas Adônis finalmente mata o animal imundo, glorioso
ressuscita e consola Vênus. Na Assíria, são Salambo e Belus, com quem as
mesmas aventuras acontecem. Na Pérsia, é Mythras e Mythra. Entre os
escandinavos, é Freya e Balder, com quem os mesmos acidentes acontecem. Em
Samotrácia, em Tróia, na Grécia, em Roma, é Ceres, desolada, do rapto da sua
filha, que viaja pelo mundo, que só pode consolar-se quando viu o abismo através
do qual Plutão a levou. É Baco morto, rasgado, desmembrado pelos gigantes, cujo
coração Pallas encontrou ainda palpitante, cujos membros Ceres reúne, que se
levanta, viaja por todas as nações, enche o mundo com suas façanhas,
permanece vitorioso e toma seu lugar entre os deuses. (P. Aucler, Trécia, pp. 34–
36.) É perfeitamente concebível que o deus desmembrado pelos gigantes (forças
brutais da Natureza física) seja o princípio ontológico do homem, que se
desintegra pela submultiplicação, através do tempo e do espaço. A deusa que vem
em seu auxílio, e que prepara sua apoteose reunindo seus membros dispersos, é
a Humanidade celestial e providencial, descendente em auxílio do sofrimento e da
humanidade terrena, enviando-lhe Messias, ensinando-lhe a integração social
durante a existência e a reintegração mística após a morte. Finalmente, a
ressurreição do deus, sua apoteose, é o retorno dos submúltiplos à Unidade, da
matéria diferenciada à primeira substância, do tempo à Eternidade, do espaço ao
Infinito: é a síntese do homem devolvida à glória de seus destinos divinos.
386 Leia nos Grandes Iniciados (p. 422 e seguintes), a cena do rapto de Perséfone,
muito habilmente aperfeiçoada pelo Sr. Édouard Schuré, de acordo com o espírito
das Fábricas dos Dedos.
387 Le Testament Lyrique, par Alexandre Saint-Yves, Paris, 1877, in-8 (p. 5 à 10,
passim).
388 Stobbée, citado pelo abade Richard, Recherches sur les initiations anciens et
modernes, Amsterdã, 1779, in-8, p. 42-43.
389 Cf. A Bunda de Ouro, em multa.
390 Parece que uma luz pode brotar da aproximação dessa teoria com aquela
previamente emitida de assinaturas espontâneas, que definimos: hieróglifos onde
a Natureza das coisas registra suas propriedades e revela sua origem. Talvez os
pensadores reconheçam, justapondo as duas teorias, que elas são uma no total;
mas que estas são duas maneiras diferentes de afirmar a mesma verdade.
391 Ver prefácio, pp. 14 e ss.
392 Magia Natural, que são os segredos e milagres da natureza, ambientada em livros
IV, de Jean-Baptiste Porta, napolitano. À Lyon, par Jean Martin, 1565, in-8, p. 2.
393 Cf. No Limiar do Mistério, p. 60.
394 Jean Bodin é o garante de que a varinha divinatória era conhecida e usada, mais
de um século antes. E este demonógrafo, que no entanto vê o diabo em toda
parte, conclui com um fenômeno físico: "Ainda há a Fitoscopia, que é a previsão
de coisas ocultas por plantas, como a vara de coryles ou Coudres, dividida pela
metade, segurada na mão, inclinada na parte onde há metais. E isso é bastante
experimentado pelo metal. Todas as suas predições conhecidas pela experiência,
embora as causas sejam ocultas e ignoradas, no entanto, são naturais, e a busca
por elas descobre a grandeza e a maravilha das obras de Deus. (Démonomanies
des Sorciers, Paris, 1587, in-4 (fólio 38 b e 39 a, passim).
395 Voy. la Physique occulte ou traité de la baguette divinatoire, Paris, 1793, in-12, fig.,
p. 37. et seq.
396 Isso significa que é preciso ficar surdo à voz dos dois Inconscientes, inferiores e
superiores, a saber: às advertências do Instinto, por um lado; e, por outro, à
inspiração da Providência? — Está tão longe disso que devemos, pelo contrário,
aprender a discernir estas vozes, a estudá-las e a testá-las, se necessário, para
saber sempre quem nos fala. Pois, falhando em compreender a respectiva
linguagem desses dois conselheiros ocultos, estaríamos propensos a negligenciar
as opiniões lucrativas de um, como a sofrer sem controle o despotismo às vezes
intempestivo do outro.
397 Cf. Histoire philos, du genre humaine, tomo II, p. 107, — e Caim, p. 247.
398 Cf. Capítulo II, Mistérios da Solidão, pp. 234-248. A continência é tão pouca regra
inflexível na alta magia, que tais obras teúrgicas de uma ordem muito alta
implicam) o ato venéreo como uma condição expressa de sua realização. O amor
sexual, não sofrido, mas voluntário, revela-se uma das forças mais eficazes cujo
uso magiste pode ritualizar, com vista a certos resultados excepcionais. Além
disso, estes são arcanos que o esoterismo deve envolver em seu tríplice véu:
tenhamos cuidado para não colocar uma mão escandalosa sobre eles.
399 Porfírio, De l'Abstinência, tradução Burigny, 1767, in-12, p. 153-155.
400 Cf. Levítico, cap. XI, e Pentateuco (passim.) 401 Cf. Threicia, pp. 343-347.
402 Cf. Hiéroclès, tomo II de la Bibliothèque des anciens philosophes de Dacier, p.
230-246.
403 Vemos que o próprio Hiérocles não escapa da confusão que dissemos. O corpo
glorioso é para ele apenas o corpo astral purificado que, como resultado,
conquistou suas asas. A Verdade é que o Sábio, a fim de elaborar seu glorioso
corpo aqui embaixo, deve de alguma forma trazer o corpo astral perecível para o
organismo material, que, longe de sofrer, se tornará mais sutil. Essa reabsorção só
pode ocorrer muito lentamente e, por assim dizer, átomo por átomo. Como uma
molécula astral foi assimilada em um corpo físico, ela removerá uma molécula de
sua substância mais grosseira. Por outro lado, à medida que o corpo astral é
absorvido, a forma gloriosa, desenvolvendo-se pouco a pouco, ocupará o lugar
deixado livre. Com a morte do Sábio, tudo o que é perecível, o organismo material
e o corpo astral fundidos se dissolverão, e a alma, revestida na forma gloriosa dos
eleitos, será imediatamente assumida no reino do Éter puro.
404 Pythagoreus Philosophi Symbola (fólio 37a, traduções latinas de Marsilius Ficino,
sob este título: lamblichus de Mysteriis, etc., Venetiis, in ædibus Aldi et Andræ
soceri, 1516, in-folio).
405 Trécia, p. 347. As flores de feijão afetam a forma de cteína. Mas o Ctéis feminino é
a porta para o engolfamento das almas, a porta para o inferno terreno.
406 Apud Galenum.
407 A ciência oculta ofereceu-lhes, mesmo além do êxtase, vários critérios muito
certamente revelando as variações do corpo astral.
408 Página 548.
409 Mencionemos, entre outros, o estudo altamente recomendável de M. Peter
Davidson, sobre visco e sua Filosofia (Cap. II, Plantes mystiques et leurs
properties), 1893, (traduzido para o francês por P. Sédir, Paris, Chamuel, 1896, in-
8). Não ficamos medianamente lisonjeados em lê-lo novamente, sob a assinatura
do mais alto oficial do H.B. of. L., páginas inteiras de nossa Serpente de Gênesis,
Volume I, traduzido textualmente, sem a menor menção de empréstimo. — Seja
como for, desse método americano de apropriação silenciosa de ideias e até
mesmo de frases colhidas de outros, nos encontramos em tão excelente
companhia, que haveria ingratidão para reclamar.
410 Essas propriedades do simples são certamente devidas às virtualidades dos
Elementais que os governam; mas esses Elementais são os arcontes obscuros ou
inferiores da teurgia alexandrina (Voy. Jamblique): pertencem à esfera da
natureza, onde o homem não estava originalmente destinado a viver. Se ele se
engoliu até agora, é a consequência da queda adâmica.
411 Veja nossos Mistérios da Solidão (Capítulo II deste volume).
412 Eu vou. P. 203-204, em Nota.
413 Ver capítulos II e III.
414 O que é, então, a educação das crianças, senão a implementação de um método
aprendido de sugestões graduadas?
415 Prestígio ainda é um termo mágico, muito apropriadamente adaptado à linguagem
usual. A capacidade de impor aos homens é um dom muito complexo: alguma
virtualidade magnética destaca vantagens corporais que podem impressionar e
deslumbrar, mas quase sempre uma arte instintiva é adicionada a ela, o que
contribui para a sedução.
416 Quanto aos idiotas e idiotas desde o nascimento, há um mistério de substituição
psíquica durante a gravidez. Apontamos isso, sem fingir insistir nisso.
417 Não queremos dizer que a insanidade nunca possa resultar de uma lesão cerebral;
Pensamos apenas que o efeito foi muitas vezes tomado pela causa, como
marcamos.
418 Ver capítulo II, e passim.
419 Devemos ler no Lotus (segundo ano, pp. 650-658) o notável estudo onde, sob o
título de Magie, M. Guymiot aborda, com grande certeza de intuição, o problema
que tocamos aqui. "O mundo astral", escreve ele, "não é menos variado do que o
mundo físico; Assim como este, é povoado por uma série de seres que têm dentro
de si suas condições de existência, como temos as nossas no mundo material.
Imagine um ser subterrâneo, que vem para tirar do homem seus meios de
existência. O que faz o homem? Ele procura matar esse ser que lhe causa sérios
danos. O fato acontece todos os dias. A toupeira procura as raízes das plantas e
as come, sem distinguir entre aquelas que crescem livremente e aquelas que o
homem semeou. O jardineiro, cujos vegetais ela devasta, a observa e mata. O
inventor às vezes desempenha o papel da toupeira no mundo astral. Tudo o que
existe neste mundo tem a sua utilidade; o inventor, ao apreender as forças do
mundo astral, pode prejudicar os seres que usam essas forças para seu uso;
Quando o pegam operando, fazem o que o jardineiro faz com a toupeira: uma pá,
e acabou; À medida que a toupeira é colocada no ar que não procurava, o inventor
é atraído para o mundo astral e permanece lá..." (pág. 654).
420 A prescrição tradicional de sigilo, na realização de obras mágicas, está
misteriosamente relacionada ao papel dos Elementais auxiliares. "Todo
experimento de magia (diz o autor da Filosofia Oculta) abomina o público, quer ser
escondido, tem sucesso pelo silêncio e aborta pela divulgação, e o efeito total não
se segue... Portanto, é necessário que o operador das obras ocultas permaneça
secreto, se quiser que elas sejam frutíferas. É importante que ele não revele a
ninguém nem a natureza da operação, nem o lugar, nem o tempo, nem o que ele
deseja, nem o que ele quer: exceto ao seu mestre, seu coadjutor ou seu
associado, a quem ele deve escolher fiel, confiante e taciturno, finalmente digno da
ciência por seu valor inato ou por sua educação adquirida. De fato, a tagarelice de
um colaborador, seu ceticismo ou sua indignidade impedem o resultado do
trabalho e o reduzem a nada. " (Cornelli Agrippoe de Occultâ philosophiâ, lib. III,
cap. il, em multa).
421 O Templo de Satanás, pp. 210-218.
422 Poderíamos mencionar o nome da família, e também o nome do rio.
423 N.º de Agosto de 1896.
424 O Divino Místico e suas Falsificações Diabólicas, etc., Volume III, p. 291.
425 Força inseparável da substância indiferenciada. Cf. cap. I, p. 122.
426 Ver Volume I de A Serpente de Gênesis, pp. 57-58 (nota de rodapé).
427 No Limiar do Mistério, p. 23.
428 Barão du Potet, la Magie dévoilée, Saint-Germain, 1875, in-4, fig., p. 161-162.
429 O Diabo no Século XIX, do Dr. Bataille. Paris, s.d., 2 vol. em 4.
430 No capítulo III, pp. 337-339, falamos do êxtase deste ponto de vista: quanto ao
sono, que liberta o ser psíquico dos grilhões da carne, o modo segundo o qual
essa abmaterialização é realizada garante ao homem uma garantia muito séria
contra os ataques dos nativos do Astral. O sono não é um estado excepcional, é
uma das funções naturais da vida humana. Cf. cap. II, pp. 186-187.
431 No auge de sentimentos e sensações agradáveis – mencionaremos o amor, por
exemplo, e o prazer físico – há uma troca de fluidos, adequada para compensar as
perdas. Ainda assim, algumas naturezas são absorventes, a ponto de receber sem
dar. Veja, abaixo, o que dizemos sobre o sadismo.
432 Cf. O Templo de Satanás, p. 402.
433 Quem poderia ler sem emoção a Horla de Maupassant, onde tais intuições
singulares estão surgindo, tocando esses mistérios?
434 Cf. nossa teoria, da polaridade humana, cap. III p. 260 e ss.
435 Dogma da Alta Magia, p. 256
436 Estas duas portas correspondem simbolicamente aos dois modos que demos a
conhecer, para a reintegração na Unidade: o modo ativo e o modo passivo. É a
este último, especialmente, que alude a décima segunda lâmina do Tarô.
437 Angelus sex alas habens nunquam mutatur". (Aforismos Cabalísticos, na coleção
de Pistorius.)
(SECÇÃO 13)
Morte (treze) = Desintegração = Despojamento = Morte e seus
Arcanos
Capítulo VI: A Morte e seus Arcanos

Décima terceira chave do Tarô: MORTE.


O livro de Thoth nos oferece, em seu décimo terceiro fólio, a
imagem de um grande esqueleto ceifador, através das planícies da
existência. Corta tudo o que animava o sopro da vida: corta ervas,
flores, pell-mell e cabeças humanas. Mas, à medida que a
Destruição é exercida no campo ilimitado que lhe é aberto pela
Natureza física, o solo fértil do espaço cresce à luz de novas
produções. Tornar-se fermenta inesgotavelmente nele. Reagiu pela
morte, ele cria a vida novamente; A podridão a fertiliza, de modo
que gera seres organizados.
Duplo movimento, inverso e complementar, de dissolução e
geração universais. Este emblema simboliza a Morte e seu arcano.
Como nas campanhas da Cólquida, onde Jasão semeou os dentes
do dragão abatido, aqui surge uma colheita [610] de homens,
armados para a batalha da vida... Mas o campo está apenas
começando a subir; Jovens brotos de carne humana estão saindo
deles por todos os lados: são mãos e pés438. Hieróglifo revelando
um profundo mistério, que notaremos no início. Relaciona-se com a
inviolabilidade da iniciativa humana, cuja Morte, destrutiva dos
indivíduos no plano físico, não pode paralisar ou mesmo interromper
a marcha.
Trocar os planos de negócios onde esta iniciativa está ocorrendo é
tudo o que a Rainha dos Terrores pode fazer. Por insubmissa à sua
lei, a Vontade do homem assemelha-se ao caráter misterioso do
qual Moisés disse: Quem tentará subjugar Lameque, multiplicará
setenta e sete vezes as forças vivas.439 Assim, a morte, longe de
servir aos projetos do déspota que gostaria de torná-la um dos
instrumentos de sua política, favorece em seu trabalho, pelo
contrário, os homens que ela cortou do mundo visível. Motiva, no
plano físico, o súbito surto de germes cujas inteligências eles
estavam trabalhando para semear; E tal pensamento, semente [611]
de um futuro distante, que estava amadurecendo lentamente talvez
no cérebro de um filósofo, crescerá uma colheita apressada, sob o
orvalho fertilizante de todo o seu sangue derramado.
Serás belo, esqueleto ceifador, pisarás na cabeça humana que
acabaste de abater, e pisarás com ela o diadema do pensamento
que aparece em sua testa: do chão, regado de púrpura viva,
levantar-te-ão de todos os lados mãos que agirão e pés que
andarão. O pensamento é encarnado e atuado. Este é o verbo
íntimo desta alegoria.
Uma vez que, antes de considerar a morte em seu aspecto
universal (que, além disso, se explica), um detalhe pentacular já nos
conteve, vamos completar o que deve ser dito.
A morte violenta que atinge o pensador não destrói o pensamento;
mas amadurece-o, fertiliza-o e apressa a sua realização prática.
Resta saber de onde vem esta ajuda da virtude cristã, dedicada ao
martírio. Decorre de uma lei oculta que Fabre d'Olivet conhecia bem:
mas ele a toca apenas de uma maneira muito indireta, em poucas
palavras relutante. O rápido e total colapso do imenso edifício
construído por Carlos Magno fornece-lhe o pretexto:
"Se Carlos Magno (ele diz) tivesse interessado a Providência em
seu trabalho, seu trabalho teria persistido por causa da ação
providencial que ele teria evocado lá. Quer saber como? Dir-vos-ei e
desvendarei um grande mistério; Preste atenção a isso. Seu
trabalho [612] teria persistido, porque ele teria continuado a dirigi-lo."
440 anos
Bem, sofrer a morte pelo que se acredita ser o Justo ou o
Verdadeiro é o rito evocativo mais infalível da ação celestial aqui na
terra.
A prerrogativa que Carlos Magno adquiriu ao fazer um pacto com a
Providência torna-se a partilha de quem morre por uma ideia. Esta
ideia, selada com seu sangue, viverá doravante em sua vida, que
ele infunde nela ao perdê-la.
Até então uma simples abstração, a doutrina que defendia funde-
se com o seu ser transfigurado; ele a coroa de imortalidade; ele se
torna seu anjo tutelar, melhor ainda — o Espírito Reitor.441
Assim se legitima, diante da razão, este instinto aparentemente
irracional, que, nos apóstolos de toda fé proibida, muitas vezes se
traduz na sede do martírio. Assim, o aparente absurdo justifica-se
erguendo-se sublime.
Além disso, o falso sublime beira perigosamente o verdadeiro; A
própria proximidade do absurdo faz dele o perigo. A inclinação é
escorregadia de um para o outro, e é necessário um exemplo aqui,
o que vai dar muito o que pensar!
A vã esperança de perpetuar seu esforço de realização não fez
com que um dos mais ilustres mestres da doutrina esotérica [613]
tropeçasse na armadilha do suicídio? Pouco se sabe sobre o fato.
Que ela sirva de lição eterna aos admiradores deste grande homem,
que obras incomparáveis sem dúvida designam para a imortalidade,
mas cuja obra de restauração teocrática, precisamente aquela que
ele se orgulhava de eternizar com um sacrifício sangrento, foi
congelada em seu germe e talvez esterilizada de acordo com seu
princípio442.
É que o teosofista em questão (qualquer que seja o seu nome
reverenciado) confundiu deploravelmente a morte voluntária com o
suicídio. A diferença é um abismo que nada pode preencher.
Jesus Cristo pôde fugir na noite do Jardim das Oliveiras; mas quis
beber o cálice da agonia e sofrer a morte infame, para que toda
palavra profética recebesse seu cumprimento. — Joana d'Arc
triunfante podia e queria primeiro retornar a Domremy, uma vez que
Carlos VII foi coroado em Reims: mas, a pedido de seu rei, que a
conjurou a permanecer e depois a traiu covardemente, a Criada
sacrificou sua vida; e, no entanto, a sua missão não foi além da
coroação, e as suas Vozes tinham-no advertido [614]443. A partir de
então, e de certa ciência, foi-lhe prometida a traição e dedicada ao
cadafalso!... Aqui está de fato a morte voluntária, no heroísmo de
seu sacrifício antecipado e livremente consumado, na soberania de
sua irrefutável virtude póstuma, na apoteose antecipada de sua
vitória dolorosamente conquistada sobre o "dragão do limiar"! —
Então o Cristo ressuscitado subjugou o mundo; assim a grande
sombra de Joana d'Arc expulsou da França o inimigo do exterior.
Tal é a lei dispensadora de uma futura realeza, em favor daqueles
que consentem com o holocausto livre de sua existência aqui na
terra: enquanto o homem a quem uma aberração, por mais
generosa que seja, condena ao suicídio propriamente dito; longe de
coroar a Inteligência do Reitor de um ciclo vindouro, associando a
Providência a partilhar as suas prerrogativas; este duplica o seu
destino maligno com um destino pior que é a sua obra; ele pesa seu
Karma com uma nova bagagem fatídica, correndo o risco de ser
sobrecarregado.
Certamente uma alma bem-nascida nunca conheceu aqueles
terrores baixos que a mera ideia de morte inspira nos covardes. É
preciso saber fazer uma boa cara diante da morte, iminente ou
apenas possível. Isso significa que é nobre professar desprezo por
ela ou desviá-la tonta?
Enigma obscuro e solene, que surge no final deste outro enigma,
— existência, — a morte [615] parece uma coisa séria e séria, da
qual é confuso aproximar-se com um sorriso nos lábios. Mas correr
para o seu abismo, como Curtius, é uma suprema imprudência que
terá de ser paga caro e por muito tempo.
Ou um desertor em pânico das lutas deste mundo, ou um
teosofista envelhecido na contemplação de mistérios e vítima de
uma armadilha de Naás, ou um jovem "atordoado por uma fé
instintiva na outra vida, combinada com o desdém mortal desta
última, leva a saltar através do abismo que os separa: A ciência
oculta não desculpará esse desespero desesperado em busca de
pior desespero, nem esse algebrista culpado dos problemas da
Outra Vida, nem esse enfant terrible da imortalidade.
Mas vamos fechar esse parêntese. — O Théâtre de la Nature
convida-nos a um dos seus espectáculos de certa emoção.
As fantasias dos corajosos não são menos detonantes do que o
riso dos céticos, diante do grande drama da morte física. Não
mencionaremos, para melhor intimidar o editor e dobrar seu terror,
nem o Inferno e seus fogos, nem o Diabo e seus chifres: cenários
antigos com bariolages caretas, cores berrantes, fora de uso por um
longo tempo!
A formidável nudez da ação será mais intensa em seu cenário
realista... Mas a cortina está subindo.
O que é a morte?
É, em qualquer ser organizado, a ruptura do vínculo simpático das
vidas. O governo centralizador [616] vindo a enfraquecer, a anarquia
se declara entre os átomos que mantinha juntos.
É, do ponto de vista material, imediato, a vitória do individualismo
molecular sobre o estado de unitarismo coletivo, para o qual esses
elementos até então associados contribuíram. A dissociação
começa.
Do ponto de vista do ser que se diz morrer – a morte consiste na
libertação da alma e do corpo astral, fora do organismo que os
mantinha cativos, daremos abaixo um estudo detalhado desse
êxodo.
Mas, para compreender, em todas as suas operações, esse
complicado problema da morte, será bom recordar aqui o esboço
daquele Proteus infinito que é a vida – e do qual nossos cientistas
positivistas, indiferentes à essência, se dignam registrar apenas os
sintomas físicos, pois sabem analisar apenas os resíduos materiais.
Óbvia é a impotência de nossos métodos atuais para surpreender
a natureza da vida (energia onipresente ou onilatente) e as leis que
governam suas manifestações. Esta impotência é admitida por um
dos mais eruditos pensadores contemporâneos, filósofo e químico
de igual distinção; muito mais, um dos poucos que souberam
levantar um canto do véu sagrado de Ísis.
"Eu escolho", disse Louis Ménard, "um ramo carregado de folhas,
flores e frutos; Eu separo uma semente dela e a peso. Na outra
bandeja da balança, coloco o mesmo peso de outra parte da planta:
[617] folha, flor ou caule. Estas são duas massas iguais de matéria
organizada; Eles são formados pelos mesmos elementos: carbono,
hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, com um pouco de cal e sílica. A
proporção desses elementos é a mesma, e eles parecem ser
agrupados de maneira idêntica. No entanto, se eu colocar no solo
esses dois pesos iguais da mesma substância, um se resolverá, por
decomposição sucessiva, em moléculas mais simples: água, ácido
carbônico, amônia; A outra, a semente, extrairá do solo esses
mesmos produtos: água, amônia, ácido carbônico, para agrupá-los
em moléculas complexas, apesar de suas afinidades, e fazê-los
servir para a germinação de uma planta. Há aqui uma energia
oposta às forças químicas e evasiva a todos os nossos meios de
análise; é a Vida". 444
Depois de ter, graças a um controle experimental tão simples e ao
mesmo tempo peremptório, destacado a inadequação de nossos
métodos científicos e tocado nas deficiências do ensino
contemporâneo, Louis Ménard coloca este aforismo:
"A vida não é um resultado, é um princípio. De seus atributos, o
mais característico é sua faculdade de individuação"... "A
individuação (ele continuará em breve) é primordial. Vida é um
termo abstrato que representa o modo de atividade dessas energias
particulares que residem dentro dos germes. Somente eles são
reais e observáveis, não em si mesmos, mas em suas
manifestações, o objeto imediato da ciência. São centros de ação e
reação, de atração e repulsa,445 verdadeiras causas; pelo menos
somos obrigados a considerá-los [618] como tal, uma vez que não
conhecemos a sua origem e não podemos voltar para além da sua
aparência.
"Permitir-me-eis chamar-lhes almas"446?...
Considerar a vida em modo de individuação fisiopsíquica, e atribuir
a cada indivíduo radical o nome de alma, já é ver muito claramente
e ir muito longe. Mas este é apenas um aspecto da verdade.
A vida não é concebida apenas individualmente: — acima dos
indivíduos de cada raça terrena, bem como de cada hierarquia
celestial, ela aparece coletiva, universal e de essência; — da
mesma forma [619] que abaixo, seria melhor dizer dentro dos
indivíduos corpóreos, esta vida afirma-se molecularizada (se
ousarmos escrevê-la) numa subdivisão de múltiplas energias,
inerente às inúmeras células constituintes dos corpos vivos;
Finalmente, durante a decomposição das próprias células, a vida
ainda se acusa em cada átomo de matéria. Qualquer afinidade,
química ou não, pressupõe vida instintiva e reflete uma vontade
sombria... A cristalização é uma das formas sensíveis de animação
mineral, poderíamos dizer exotericamente: os cristais são corpos
onde as almas minerais vivas estão aprisionadas447.
Esta, então, em um homem, por exemplo, são quatro vidas
distintas: a vida universal, em primeiro lugar: ela está conectada a
ela pela vida da espécie; — a sua própria vida, então, aquilo que é
inerente ao seu ser individual448; em seguida, a vida particular
(refratada) de cada uma das células cujo grupo orgânico constituía
seu corpo; — finalmente, no grau inferior, a vida química [620] dos
átomos de matéria, que se agruparam para formar a célula.
Devemos conceber nesta hora por que, buscando definir a morte,
formulamos: a ruptura do vínculo simpático DES VIES.
Este elo é o corpo astral, o envelope da alma humana.
Como é que o êxodo definitivo de ambos (alma e corpo subtil) para
fora da terra do cativeiro, queremos dizer, do organismo físico, é
realizado – vamos vê-lo em poucas páginas.
Assumimos que a morte consumada.
A alma (com sua tripla vida de análise: instintiva, apaixonada,
mental, e sua vida unificadora de síntese, volitiva, que leva o
ternário à unidade absoluta, pelo quaternário, essa unidade
contingente), a alma se foi, a alma está em outro lugar.
O corpo astral, esse freio agregador do triplo e quádruplo
dinamismo vital, em suas relações com o organismo material, ou
aglomerado de células cada uma vivendo com uma centelha de vida
por reflexão, o corpo astral é exalado, está em outro lugar.
O corpo físico permanece. As células que o constituem são todas
pequenas garrafas de Leiden, tendo armazenado fluido biológico
refletido. Essas células são carregadas apenas por influência, como
dizemos na eletricidade estática449. [621]
Os sistemas cefalorraquidiano e ganglionar nervoso, onde a forma
astral estava fisiologicamente localizada nesta hora desaparecida,
são, portanto, esvaziados de seu fluido luminoso circulatório. Esses
dispositivos morreram como dispositivos; A única vitalidade
molecular ainda reside lá, da mesma forma provisória que em todas
as outras partes do cadáver recente450.
Esgota-se rapidamente, como qualquer disposição que já não se
renova, e a decomposição é declarada em toda a parte, com
intensidade desigual...
É necessário que as afinidades químicas sejam os únicos artesãos
dessa ruína corporal. Larvas horríveis vêm para colaborar lá, que os
Cabalistas conhecem e se referem como Masikim. Assim que a
morte começa, diz Isaac de Loria, esses monstros competem pelo
cadáver: eles caem sobre ele [622] por trombas d'água e muitas
vezes se acumulam no lugar onde ele descansa, "a uma altura de
quinze aunes acima dele". Enfim, sobre essa imagem... romântico,
Masikim são fermentos especiais de
putrefação; Eles vêm para apressar a restituição que deve ser feita
ao orbe planetário, de todos os materiais que o arquiteto invisível
havia tomado emprestado dele, para seu trabalho de edificação
corporal.
Masikim são os vermes, corvos e hienas do Invisível... As células
orgânicas são suas presas: ao desintegrá-las, liberam a força
fluídica passiva que ainda retinham, e que logo converge com o
reservatório oculto da vitalidade terrestre.
Parece que em algumas variedades de células, o fluido é
acumulado em tensão mais alta do que em outras; Pelo menos a
vitalidade, preservada ali por muito mais tempo, ainda manifesta,
muito depois da partida do corpo astral, o impulso que recebeu dele.
Exemplo: unhas e cabelos, tão resistentes à destruição, que não é
incomum vê-los continuar a crescer: o que significa que, longe de se
dissolverem, suas células ainda secretam matéria.
Mas, finalmente, como explicamos acima, a influência esmagadora
de Héreb (o princípio constritivo do Tempo) faz triunfar em toda
parte o jogo químico de afinidades dos átomos, que tende a
dissolver, mais ou menos rapidamente, todas as construções das
quais a Vida havia sido a arquiteta.
Não parece errado recordar aqui, ao [623] complementá-las, as
noções que apresentámos, sobre a natureza e o papel deste
amargo e misterioso Herebe, nas suas relações com Iônah, o seu
doce inimigo. Esses dois Poderes exercem ação decisiva neste
mundo hiperfísico, onde em breve seguiremos a odisseia dos
elementos que sobrevivem ao corpo.
Ao longo da provação terrena, o ser humano é protegido dos
fluxos e refluxos da substância universal viva, cujas ondas
incoercíveis borbulham através da imensidão. O corpo físico, como
o traje de mergulho de nossos mergulhadores, protege o homem
dos ataques desse oceano coletivo, a alma em movimento do
cosmos vivo,451 e reservatório tumultuado de seres de todos os
tipos, durante o intervalo de suas sucessivas existências452. [624]
Ora, essa imensidão psicofluídica é movida sem pausa, como
nossos leitores já viram, por dois agentes ocultos, reitores de suas
correntes; uma força adstringente (bru Hereb) e uma força
expansiva (hnwy Iônah); a primeira constritiva ao longo da cadeia
do Tempo, a outra, abundante nas planícies do Espaço.
Sabe-se que um (Iônah) governa o amor, a geração e a vida: é o
sorriso da Natureza e a atmosfera do paraíso; o outro (Herebe) pesa
como déspota sobre os seres que aflige, sob as espécies
lúgubremente evasivas de decrepitude, morte e segunda morte;
acressumamos, do ponto de vista místico, sob os de provação,
Purgatório e inferno.
Deixamos claro no primeiro capítulo, ao revelar as respectivas
ações dessas duas forças nupticamente hostis,453 que tal afinidade
conecta o amante Iônah ao elemento luminoso, e o Hereb devorador
às trevas, que onde quer que a luz domine, Iônah vence, enquanto
Herebe triunfa onde reina a escuridão.454 [625]
Comparada a nós, cidadãos do mundo terrestre, Iônah exerce sua
fecundidade nos raios solares que inundam um dos flancos do
planeta, enquanto o outro flanco é presa de I'Hereb, cuja dureza
está localizada no cone de sombra que a terra arrasta em seu
reboque, gravitando pelos céus.
Que tempestade astral, com suas correntes e redemoinhos, gera o
formidável antagonismo entre Hereb e Iônah, é o que os iniciados
sabem por experiência; mas todos podem compensá-lo por indução
analógica. Os redemoinhos mais violentos de um líquido nas garras
de dois impulsos contrários oferecem uma pequena imagem.
Pode-se facilmente imaginar a impressão de vertigem e pavor com
que a alma é tratada, quando, já atordoada pelo seu cruel divórcio
com a matéria cujos grilhões [626] quebrou, esta alma quer nascer.
Aterrorizada, diante do mero pressentimento do abismo voraz e de
suas hostes monstruosas, ela recuou; Seu primeiro passo foi
retornar ao abrigo protetor que ela havia abandonado como uma
habitação em ruínas, e que lhe parecia naquela hora o mais
desejável dos refúgios.
Quando, em circunstâncias bastante raras, a alma consegue
recuperar o império sobre o organismo, os mortos são
ressuscitados: então os cientistas, intimidados por esta palavra de
ressurreição, preferem gaguejar os da letargia enganosa e do
despertar inesperado.
Mas quase sempre, ou que o organismo, danificado por meios
patológicos ou traumáticos, é agora incapaz de sustentar a
existência; ou que a força psíquica, exausta durante a agonia,
carece da vontade de tomar o governo do corpo (onde antigamente
tantas fontes ocultas obedeciam à menor injunção volitiva); A alma,
em ambos os casos, se esgota em esforços infrutíferos para reaver
o naufrágio que acaba de deixar.
Não há remédio para o mal na primeira hipótese. A lesão de algum
órgão essencial é equivalente à rachadura em um decanter de
cristal: o licor sutil da vida não pode mais ser preservado lá. Mas, no
outro caso, se se trata apenas de complementar a extrema
debilitação dinâmica, o trabalho do chamado à existência pode ser
tentado por um milagreiro. O sucesso, embora muito raro, não é
sem exemplos bem comprovados. [627]
Os grandes teocratas fundadores das religiões comumente
realizaram esse prodígio, talvez o mais maravilhoso de todos,
porque requer em seu autor qualidades quase contraditórias: tanto
entusiasmo quanto frieza e amor como vontade.
A Bíblia, o Evangelho, os Atos dos Apóstolos, a Vida dos Santos
especificam um número bastante grande de casos de ressurreição:
relatos de eventos, certamente, e não alegorias. É Elias e filho de
uma viúva de Sarepta, Eliseu e filho do sunamita, Jesus Cristo e
Lázaro e a filha de Jair, São Pedro e Dorcas, São Paulo e Eutiques,
para não deixar os livros canônicos do cristianismo.
Em nenhum caso mais recente que pudéssemos invocar o
organismo do sujeito, irreparavelmente afetado em suas obras
vívidas, se opôs ao milagreiro com um veto peremptório: a morte
veio por congestão, síncope, asfixia ou pela reação de um tremor
excepcional dos nervos.
O Faubourg Saint-Antoine ainda é citado como um exemplo de um
Sieur Candy, lembrado à vida em 1799 por um ferrador local, um
discípulo da filosofia hermética, e em cujas mãos a medicina
universal foi considerada um milagre. Seu nome era Leriche, e
generoso e prestativo, foi abençoado com poucos sentidos.
Chamado à cabeceira de Candy, a quem os médicos consideraram
morto por seis horas, ele pensou que percebeu uma aparência de
calor em relação ao diafragma do cadáver, [628] em todos os outros
lugares de gelo. Leriche tirou um presságio favorável e arriscou o
teste. Um remédio universal à parte (o seu próprio era questionável),
os meios que ele implementou são uma reminiscência daqueles
usados pelos hindus para acordar seus faquires, depois de várias
semanas, muitas vezes vários meses de enterro455. No entanto, a
amante do falecido chorou por seus restos mortais; Ela falou com a
alma fugitiva, evocou-a de certa forma, por suas carícias unidas às
mais ternas súplicas. Em poucas horas, o "doente" foi salvo, e por
um longo tempo, porque "em 1845, (diz Eliphas), ele ainda estava
vivo, e permaneceu lugar du Chevalier-du Guet, No. 6. Ele contou
de sua ressurreição a qualquer um que quisesse ouvir, e riu dos
médicos e dos prud'hommes da vizinhança. O homem consolou-se
à maneira de Gaulée e respondeu: oh! Ria o quanto quiser. Tudo o
que sei é que o médico dos mortos tinha vindo, que o enterro era
permitido, que dezoito horas depois eu estava sepultado, e que aqui
estou." 456 anos
A dupla condição a ser satisfeita457 em tal caso é: — (1) colocar à
disposição da alma no corredor a força nervosa de que ela
necessita [629] para recapturar os guias da vida corporal; — 2°
resgatar a sua vontade vacilante, envolvendo-o num círculo de
desejo e amor, ou estendendo-se em direcção a ele uma cadeia de
vontades amigáveis (como a tábua de salvação à qual se agarra a
um miserável que se afoga).
Escusado será dizer que a corrente mágica satisfaz todos juntos
estes dois desiderata, como uma pilha que gera fluidos vivificantes,
por um lado; e, de outro, como um aparato energizante de desejos
unificados em direção a um objetivo a ser alcançado. A colaboração
de um bom médium, generosamente resignado ao sacrifício de uma
parte de sua força nervosa, poderia ser de ajuda decisiva.
Se o milagreiro estiver sozinho, ele recorrerá ao processo de
incubação magnética, como São Paulo implementou com sucesso
para ressuscitar Eutiques. Deitado de mãos dadas com o cadáver,
as extremidades em contato com as suas, o adepto praticará
lentamente a insuflação, boca a boca, com uma extrema tensão de
vontade.
A oração, juntamente com os sinais, — melhor ainda, com os
sacramentos da religião comuns ao falecido e ao psiclórge — seria
uma ajuda inestimável nestas tentativas supremas. Ninguém ficará
surpreendido com isso, que terá penetrado na doutrina dos
hieróglifos de apoio, e na da corrente mágica, ligando-se à
comunhão integral dos seus correligionários, qualquer um que faça
uso dos sinais sacramentais de um culto em vigor.
Não podemos deixar de transcrever nesta página o simples relato
de uma ressurreição que [630] não temos medo de suspeitar; data
de cerca de trinta anos, no máximo. Aqui estão os termos em que o
magista Eliphas, no nono livro de sua Íntima Correspondência com
seu pupilo, Barão Spedalieri, conta como ele foi dado a chamar de
volta à vida seu próprio filho, uma garotinha, infelizmente, que já
morreu.
"A criança", escreveu ele, "estava fria; O coração e o pulso não
batiam mais... Eu carrego o pobre corpo em uma cama; Abro
minhas roupas, coloco meu peito com segurança; Eu sussurro tanto
em sua boca quanto em suas narinas: Sinto que ela começa a se
esticar. Então tomo um pouco de água morna e exclamo,
derramando suavemente em sua testa: Maria! Si quid est in
baptismate catholico resurrectionis et vite, vive christiana: ego enim
te baptizo, in nomine † Patris et † Filii et † Spiritus sancti. Amém!
Meu amigo, eu não estou lhe dizendo sonhos aqui. A criança
imediatamente abriu seus grandes olhos azuis de espanto e
começou a sorrir. Levantei-me apressadamente com um grande
grito de alegria e a carreguei para os braços de sua mãe, que não
podia acreditar em seus olhos. Note que eu não acredito em
milagres, como o vulgar entende; mas há, no entanto, algo em tais
fatos que passa a inteligência do homem." 458 anos
Todas as principais religiões tiveram ritos relacionados ao
ressurreicionismo; Mas esses ritos nunca poderiam ser mais do que
excepcionais, dada a extrema raridade de casos em que esse
trabalho taumatúrgico parece oferecer alguma chance de sucesso.
Era uma tradição sacerdotal em todas as épocas tentar [631]
apenas com quase certeza o milagre, ou o que deve passar por
tal459. O pontífice age em nome de Deus: ele não tem o direito de
estar errado, e sempre estará relutante em arriscar o fracasso.
Portanto, ele não tentará, pelo menos oficialmente e em público,
uma obra tão aleatória, se não for de grande interesse para a sua
Igreja. Ele também terá o cuidado de subordinar os ritos solenes do
ressurreirismo aos de uma cerimônia ocultista anterior, que lhe
concede ou recusa a indicação de um resultado feliz.
Se nos perguntassem de onde obtemos a substância de uma
informação tão precisa, diríamos, sem maiores explicações, que é a
reserva esotérica, – sempre uma e invariável fonte dos múltiplos
simbolismos e cultos contraditórios de aspecto que se sucederam
uns aos outros na terra. [632]
Não há autoridade legitimamente iniciática da qual tenhamos que
temer uma negação. Os professores que poderiam nos contradizer
perderam a chave de seus próprios mistérios. Quanto àqueles que
sabem, a única censura que nos seriam tentados a fazer, por acaso,
é ter-nos mostrado demasiado explícitos. Mas eles não ignoram,
aqueles, que nenhum compromisso nos une, e que, no entanto,
somos um deles, devotados à mesma obra e tendendo ao mesmo
Céu!...
A veste da Verdade muda, mas a deusa permanece, e seu espírito
irradia, eternamente imutável, sob as variações temporais da letra.
É do próprio culto católico que pediremos um exemplo
confirmatório das alegações que o nosso público talvez tenha
tomado como paradoxais.
O rito que traremos à luz nos proporcionará a oportunidade de
expor à medida que avançamos sobre os mistérios póstumos aos
quais ele se relaciona, e dos quais reservamos os detalhes para as
páginas que se seguem.
A História das Capelas Papais afirma:
"Assim que o papa deixou de viver, o cardeal Camerlingen,
advertido pelo mestre de cerimônias, foi, em PÚRPURA HABIT, ao palácio
e ao pé da cama onde repousa o augusto falecido, com o rosto
coberto por um véu branco. Os genuflexos cardeais e uma breve
oração; ele se levanta, e os adjuvantes da câmara descobrem a
figura do papa; então, aproximando-se do corpo, ele bateu três vezes na
cabeça do pontífice com um pequeno martelo de prata, e [633] CHAMOU-O TRÊS
VEZES PELO SEU NOME. Ele então se virou para os assistentes e disse:
'O PAPA ESTÁ REALMENTE MORTO460'".
O que, na verdade, é essa cerimônia bizarra?... Que gargantas
quentes para os incrédulos! Nunca um rito mais singular e menos
justificável enriqueceu a história das práticas supersticiosas?
É uma superstição, de fato, isto é, uma forma religiosa que
sobrevive a si mesma, e como um resíduo da ciência sacerdotal
esgotada; é um símbolo extinto, viúvo da chama viva que era sua
alma; é a tira finalmente de uma obra maravilhosa, de virtude eficaz
sem dúvida nas eras da ciência e da fé, mas que se petrificadou na
materialização geral dos dogmas, na negligência dos mestres e na
indiferença dos fiéis.
Ah! a planície dos ossos, na profecia de Ezequiel! Dogmas e ritos,
cadáveres dispersos de uma religião que era universal461, eles
mentem, atolados [634] na letra morta como esqueletos na areia do
deserto: a alma vivente se foi, e o espírito vivificante não está mais
lá. — Mas venha soprar este espírito que sopra com os quatro
ventos do céu, e os ossos se aproximarão, de repente revestidos de
músculos e carne; e o ressuscitado se levantará com um lembrete
do alto, glorificando o Senhor e vermelhão com todos os fluidos de
sua vida renovada!
Ó velhos ritos, ó símbolos que partiram, para que a vossa alma
vos seja restituída, quando o cristianismo, embebido nas ondas da
sua fonte, sair transfigurado; quando a religião eterna que ele
manifesta, emitindo o sopro restaurador de seu íntimo esoterismo,
ressuscitará a Carta Morta ao beijo do espírito imortal.
Este milagre, que os nossos corações unânimes esperam com
esperança, talvez só pertença ao Sumo Pontífice para o realizar,
quando a hora da Providência tiver batido no relógio. O ciclo de
Pedro, terminado, marcará o advento do ciclo de João; a era do
Cristo doloroso será então encerrada, e veremos no horizonte o
alvorecer do Santo Paráclito, inaugurando o reino do Cristo
glorioso,... na terra como no céu... Amém!
Apresse estes tempos abençoados, Santo Padre. Nas vossas
mãos estão as duas chaves que, seguindo uma tradição venerável
pela sua época, comandam as portas do Céu e do Inferno. Palavras
equívocas e formidáveis sublinham o seu emblema: "Ele abre, e
ninguém mais fechará; Ele fecha, e ninguém mais será capaz de
abrir. Aperit et nemo claudet, claudit et nerno [635] aperiet» Se
tendes todo o poder espiritual, também vós tendes toda a
responsabilidade, sendo Aquele que une e desfaz!
Apresse-se nestes tempos, Santíssimo Padre. A Providência só é
apresentada onde é evocada. É Ela que vos inspirará a abrir a nova
era, onde a Ciência e a Fé reconciliadas caminharão juntas,
apoiando-se uma na outra; mas, para que a Providência vos ilumine,
deveis saber torná-la presente nos vossos conselhos... Apresse
estes tempos abençoados!
Nesta expectativa da vinda do Paráclito, que é precisamente este
Espírito de que fala o Profeta, se não for dado à ciência secular
ressuscitar os mortos, pode pelo menos galvanizar os cadáveres.
Este é o experimento que tentaremos, eletrificando este antigo rito
na corrente do esoterismo tradicional.
O rito do martelo de prata e o chamado triplo é uma cerimônia
mágica em primeiro lugar. — Não é que parecesse difícil apontar em
todas as páginas dos rituais católicos outras cerimônias tão
notoriamente ocultas; Mas, finalmente, se observarmos este de
preferência, temos em vista o alcance singular de seu espírito, não
menos do que a adequação dos comentários que exigirão sua
elucidação.
Para justificar o uso do martelo de prata, dois [636] mistérios muito
profundos devem ser despojados de seus véus; um pouco
Cabalístico: a possibilidade, em alguns casos, de trazer um cadáver
de volta à vida, ou pelo menos o que é chamado assim; — o outro
bastante religioso, porque os Doutores do Catolicismo o ensinam
sob o símbolo do julgamento das almas por Jesus Cristo, no
momento da morte. Tal é a conexão desses dois arcanos, que um
seria muito impedido de esclarecer completamente o primeiro, sem
ter feito um dia no outro.
Expusemos, em poucos traços rápidos, o que é, no sentimento dos
seguidores, a Morte concebida sinteticamente, em todos os seus
elementos constituintes. Agora é importante indicar como se realiza
o fenômeno da amaterialização póstuma (ou libertação da Psique):
em outras palavras, o divórcio entre o homem psíquico que
sobrevive e o homem material que morre e se decompõe, fenômeno
que coincide com a cessação das funções vitais.
Dizemos indevidamente que esses dois fenômenos coincidem:
trata-se de tomar um caminho do meio. Pois às vezes o êxodo
animico precede imediatamente a cessação dos órgãos principais,
às vezes – e na maioria das vezes – essa parada precede e
determina o êxodo.
De fato, imagine, por um lado, um meio cataleptizado em sessão
de materialização, ou um ocultista na fase de duplicação (saída do
corpo astral) uma imprudência tenha sido cometida; A ruptura do
vínculo simpático [637] causa a morte462. A outra parte, suponha
que um soldado seja baleado no coração. — No primeiro caso, o
êxodo provoca ou, pelo menos, precede o encerramento funcional;
No outro caso, é o desligamento funcional que determina o êxodo.
Ainda é necessário estacionar, em assuntos tão delicados; de
termos demasiado absolutos ou demasiado rápidos para pintar o
consumo de fenómenos lentamente desdobrados e de realização
progressiva.
Temos de recordar aqui aquilo de que todos talvez estejam
cientes. Um corpo está lá, lívido, congelando: os pulmões não estão
mais respirando, o coração parou de bater; Para todos, é um
cadáver, ou seja, os restos mortais de um homem que morreu... No
entanto, o fígado ainda secreta bile; A menor excitação elétrica
resulta em uma contração acentuada dos músculos. Em suma,
algumas funções orgânicas ainda são exercidas.
Alguém erraria ao definir a morte como uma cessação instantânea
e decisiva de todas as funções corporais. Veremos mais adiante que
não é mais justo apoiar o imediatismo do êxodo ânimo e astral.
É mesmo sobre a lentidão concomitante e a progressão recíproca
[638] dos dois fenômenos, que toda a teoria do ressurreirismo, como
anteriormente era transmitida oralmente nos templos para iniciados
de um nível superior, é fundada.
O programa deste capítulo inclui o esboço, em suas características
essenciais, dessa teoria taumatúrgica, ela mesma indissoluvelmente
ligada ao arcano místico do primeiro julgamento das almas por
Cristo; Traduzamos: à lei providencial da justiça e do equilíbrio, que
fixa o destino e a localização póstuma dos vários elementos,
anteriormente constitutivos do homem individual.
Quais são esses elementos? Já sabemos disso. A Cabalá sagrada
da Cabalá tem quatro principais: [Wg Goûph, o corpo; ?pn
Nephesh, o corpo astral; — hWr Rouach, a alma e hm?n
Neschamah, o espírito463. [639]
Somente a alma, de acordo com os ensinamentos da tradição
ortodoxa, somente a alma464 pertence a nós por direito próprio: ela
constitui nossa substância individual.
O espírito, a essência iluminadora, é uma centelha divina, irradiada
com o Princípio masculino, que, fertilizando a alma, o Princípio
feminino, gera nela inteligência465, ou consciência superior de sua
individualidade. [640]
Quanto ao corpo astral, a expressão atual da faculdade plástica,
imanente à alma, não é outro senão o padrão sobre o qual nosso
corpo físico é determinado, informado e modelado. Assumimos que
este terceiro elemento é bem conhecido, que tratamos longamente
neste livro e até mesmo neste capítulo. Uma vez que as metáforas
por si só podem nos fazer suspeitar da natureza de entidades
ocultas, como o corpo astral, digamos também que podemos ver
nele o andaime virtual, graças ao qual essa construção de carne,
músculos e ossos chamada corpo humano é lentamente construída
e se eleva; — numa palavra, o molde invisível da forma visível.
Vamos envolver o nosso leitor para concentrar a sua atenção; O
objeto que é oferecido à sua visão mental vale a pena. Nunca, ao
que parece, nenhum ocultista esclareceu com uma caneta um tanto
clara a seguinte distinção. Também é bastante delicado de entender.
Uma vez que o espírito puro é de essência divina, universal, e a
forma material é reduzida a uma agregação de moléculas vivas,
agrupadas no padrão do duplo etéreo, nenhuma delas pertence a
nós. É, por um lado, a luz celestial que se reflete em nós; por outro,
um simples empréstimo que fazemos do planeta, e que na morte lhe
devolveremos até ao último átomo: — descartamos por um
momento a mente e o corpo.
A alma e o corpo astral permanecem: eles constituem aqui abaixo
a substância individual do homem.466 [641]
Bem, dizemos que a verdadeira personalidade é restrita à alma
propriamente dita; e que o corpo astral serve como um envelope e
molde para a falsa personalidade.
A verdadeira personalidade é a substância própria do ser
individual, consciente e livre. - A falsa personalidade é a substância
da superfetação, da eventual aquisição: uma assimilação pseudo-
psíquica, ambígua, e susceptível de se fundir com a alma,
temporariamente, é verdade; No entanto, de uma forma
suficientemente íntima que, enquanto durar a vida terrena, torna-se
difícil, se não radicalmente impossível para o psicólogo mais
informado, distingui-los uns dos outros.
Mas a Morte vem mais cedo ou mais tarde, denunciando essa
homogeneidade ilusória; A morte vem, árbitro impecável desta
distinção, e pode-se acrescentar: artesão implacável de uma
separação violenta entre a alma verdadeira e a alma falsa.
Deve ser assim, não apenas por causa do submúltiplo hominal,
cuja reintegração na Unidade divina seria singularmente
comprometida se tal fardo viesse a agravar sua bagagem a cada
nova existência: ele desceria, em vez de ascender; — mas também
para [642] um motivo de ordem universal e interesse cósmico,
estranho ao objeto do presente volume. Não esqueçamos que o
homem é o grande demiurgo, o portador de peso e o intermediário
dos reinos espirituais e sensíveis; a sua queda baniu-o do Éden,
mas este exílio chegará ao fim...
Continuemos o nosso estudo, sem nos afastarmos do ponto de
vista especial do nosso planeta. E sem preocupação, por enquanto,
do papel que lhe foi confiado ao Homem na harmonia das coisas,
nem do porquê da sua missão, nem do como da sua presença aqui
na terra, — tomemos nele este ser individualizado, no ponto de
evolução que ele alcançou na terra, e no preciso momento em que
este fenómeno bastante complexo chamado morte tem lugar nele.
A morte, dissemos, consiste essencialmente em dois fatos
concomitantes: a cessação dos órgãos corporais e a expulsão do
ser invisível e subjetivo, de seu envoltório objetivo e concreto. (Um
terceiro fenômeno logo se seguiu, que observamos separadamente:
a dissociação dos átomos de matéria que se agruparam para formar
o corpo.)
Cessação das funções orgânicas e liberação dos princípios que
sobrevivem ao corpo: a competição é necessária dessas duas
condições (a segunda, de um controle tão difícil!) para que
possamos dizer que a morte é consumada, definitivamente
adquirida... Sem dúvida, um desses fenômenos, quando
prolongado, tem como consequência muito próxima a realização do
outro, mas ainda é apropriado, — na ausência do diagnóstico de
decomposição, que fornece o contra-teste [643], — pronunciar-se
apenas sobre um exame cuidadoso e tardio: a frequência de
exemplos de morte aparente, em casos devidamente verificados de
catalepsia, de vampirismo ou mesmo simplesmente de sair em
corpo astral, prega circunspecção suficiente.
Seja como for, suponhamos a morte real, em um sujeito
normalmente constituído. — Na esfera animica, o que vai
acontecer?
O divórcio inevitável entre a verdadeira personalidade, isto é, a
alma, inseparável de sua eficiente faculdade plástica, e a falsa
personalidade, da qual o corpo astral constitui a base
pseudopsíquica, ou o molde efêmero.
Este é o juízo de que fala a Escritura; é também a agonia da
segunda morte, ou a dolorosa provação, mais ou menos longa e
difícil, que, sem prejuízo do ciclo cármico vindouro, já realiza para
nós o purgatório para o inferno. O trigo separado do joio, está
espalhado aos quatro ventos do céu...
Como se formou a falsa personalidade e a superfetação? Formou-
se, na matriz do corpo astral, como uma concreção calcária em uma
garrafa, em camadas infinitesimais; ou como depósito de silte em
um reservatório: por aluvião imperceptível.
Gota a gota, o vinho turvo da existência física depositou sua
escória no fundo do vaso; Ele se despiu nas paredes. Agora é a
grande limpeza! [644]
Chegou a hora do julgamento supremo e da sentença solene: no
tribunal da alma coletiva, a alma individual julgará e condenará a si
mesma, confessando as ilusões tolas, a intoxicação da falsa
fantasmagoria onde sua vaidade foi desapontada, durante o
julgamento terreno.
É uma confissão verdadeira, e o confessionário do Abismo
também pode ser chamado de tribunal da penitência!... A confissão
final, onde a alma (constitutiva da verdadeira personalidade),
descarrega uma a uma aquelas moléculas heterogêneas e
pecantes, cujo acúmulo na forma astral gerou a falsa personalidade,
parasitária, incapaz de sobreviver ao corpo material, e que deve se
dissolver com ele467. Eis a restituição à substância universal de
tudo o que lhe restou devido468; a expulsão dessas [645]
Larvas469 de impostura assimilável: substâncias pseudo-animicas,
geradas do dia a dia até a carícia impura da matéria, no deleite dos
sentidos bestializados e no mau uso do livre-arbítrio.
As volições, já dissemos em outro lugar, não são apenas criativas
fora do homem, mas dentro do próprio homem. O verbo da
perversidade contamina tanto a luz externa do homem quanto sua
luz interior: seu nimbus e seu corpo fluídico.
Ao capricho do leitor preocupado com localizações fisiológicas,
pode-se especificar por que ocorre a desintegração ânima e astral: é
pelo topo [646] da cabeça, ao redor da sutura craniana. As tradições
secretas do santuário são confirmadas a este respeito pela
experiência dos videntes.
A lógica das coisas dita-o. É necessário fazer referência ao
Capítulo III, que se abre com esta teoria simples e grandiosa da
polarização, que é a chave para tantos mistérios? O pesquisador
atento não tomará a iniciativa de usar essa chave? A lei da
bipolaridade cerebrogenital justificará o problema por uma analogia
que é necessária. — A que porta conduz a grande corrente de
gerações, através da qual as almas descem à matéria? Por que
saída, necessariamente oposta a esta, as almas emancipadas da
carne devem se juntar à grande corrente (oposta e complementar à
primeira), aquela através da qual as almas sobem ao Céu?
O polo cerebral parece normalmente designado para a saída da
entidade psíquica, uma vez que a entrada foi feita através do órgão
genital, contrapolaridade do cérebro.
Agora, é no topo da cabeça que o cardeal Camerlengo vem
desferir três golpes com seu martelo de prata. O leitor não perderá
de vista esse detalhe... Quanto ao significado oculto desta
misteriosa cerimônia, o resto do nosso exame irá revelá-la em toda
a profundidade de seu esoterismo.
Enquanto o corpo astral, pesado com a falsa substância psíquica,
pesa sobre a alma vivente, esta, prisioneira do cadáver, operada
pelo horror de [647] sua crescente decomposição, esgota-se em
esforços estéreis para se libertar desses restos odiosos, doravante
inertes e rebeldes às injunções da vontade. Este terrível tormento
durará todo o tempo necessário para a eliminação lenta e
consecutiva das muitas formas lemurianas cuja fusão efêmera, com
o perispírito de um lado, com a verdadeira alma, por outro,
modificou a última, dobrando a verdadeira personalidade de uma
falsa personalidade e toda a contribuição.
Esta é, portanto, uma primeira sanção da existência terrena, reta
ou perversa, espiritual ou bestial. O número e a tenacidade das
larvas a serem extraídas são um resultado direto da extensão em
que a alma se tornou engolida pelo vício e pela mentira. Para as
almas honestas e verdadeiras, a confissão no tribunal do abismo é
reduzida ao mínimo de julgamento: tais homens foram enganados,
seu sedimento de ilusão é facilmente desprendido, porque eles se
apegam apenas à verdade e estão prontos para repudiar tudo o que
não é isso. O mesmo não pode ser dito do homem que se
entrincheirou na satisfação de instintos vis. Com ele, o vício e o erro
tornaram-se tão uma segunda natureza que, ao renunciar a eles, ele
pensaria que estava renunciando a si mesmo. No entanto, ele sente
isso, então o imobiliza, o prega na putrefação. Sua salvação é que
ele se separe dessas queridas larvas; Mas toda vez que ele rasga
uma de suas substâncias ofegantes, é um terrível desgosto.
A lamentável Odisseia que detalhamos [648] não é uma
responsabilidade – preciso dizer? — ao destino das almas daqui na
terra completamente purificadas. Estas são as exceções, das quais
o espelho psíquico não permaneceu manchado, pela névoa da
matéria. Que caminho rápido e fácil deve levá-los à meta, veremos.
Mas a maioria dos homens morre contaminada por alguns vícios, e
a série de provações que nos diz respeito torna-se, em proporções
variadas, pelo menos, a partilha de naturezas ou bestiais, ou
perversas, ou simplesmente materiais. O tipo de obstáculos é o
mesmo para todos: mas o que parece às almas imperfeitas um
passo difícil e doloroso de atravessar, torna-se um tormento tão
terrível para as almas cruéis, criminosas e deliberadamente más,
que conseguiremos dar aqui apenas uma ideia muito fraca disso.
Especialmente os magos negros, e todos estes sofrem mil mortes
em vez de uma, que se poluíram, a sua existência, em
promiscuidade espectral. Ah!como são caras, então, as
prerrogativas do pacto médio! No entanto, a angústia é muito menor
para tais homens, se eles levaram suas vidas suspeitas sem
malícia; Mas o grande perigo que a provação do além-túmulo lhes
reserva, reside na ajuda que lhes pode vir de fora. As naturezas
midiáticas, facilmente dominadas, são uma presa preciosa a ser
aproveitada para os affidés (vivos ou póstumos) dos círculos
malignos. Os médiuns não suspeitam da armadilha, quando na hora
de [649] o terror, eles se agarram à mão amiga que lhes é estendida
deste lado. No entanto, eles correm o risco de serem arrastados
para um beco sem saída do qual dificilmente voltamos, e jogando
em um rolo de dados seu legado imortal. Quanto aos feiticeiros
conscientes e voluntários, perdoe-nos por abrir um parêntese sobre
uma dificuldade que por si só é proposta a toda mente atenta. Uma
vez que esses artesãos da infâmia permanecem pregados em seus
cadáveres até que tenham dolorosamente evacuado, molécula por
molécula, o lastro esmagador de sua falsa personalidade, como eles
poderiam, durante suas vidas, projetar sua forma astral, mensageira
da morte ou do mal? Se eles fossem então capazes, o que agora os
impede de escapar, como um corpo fluídico, para longe desses
restos inanimados?... A objeção parece muito forte; é especioso em
qualquer caso. Mas não contaremos para nada o terrível golpe da
morte, que paralisa a energia moral, enquanto a luta de uma agonia
muitas vezes muito longa esgotou as forças propriamente ditas? E,
em todas as coisas, pois esta é a resposta decisiva, esqueceremos
que ponto de apoio forneceu ao magista em estase de bilocação um
organismo vigoroso e saudável, athanor de fluido nervoso
constantemente renovado; um organismo com o qual, tão distante
que se projetava, o corpo astral permanecia em relação simpática?
A corrente que se estendia de um para o outro os fazia viver um
pelo outro; Serviu como uma alavanca para a forma sideral, em
[650] ao mesmo tempo que este último o corpo físico serviu como
um ponto fixo e suporte.
Finalmente, a alma individual confessou sucessivamente seus
pecados ao tribunal da Alma coletiva: tantas larvas, tantas bolhas de
sabão que escapam e tremulam por algum tempo, antes de
explodir470, no nimbus oculto do indivíduo que lhe deu à luz; no
ambiente que era sua atmosfera, astral, onde já estão (outras
larvas) os simulacros lemurianos dos atos passados do falecido,
suas volições, seus desejos e até mesmo os fantasmas de seus
pensamentos costumeiros.
No entanto, a verdadeira alma é libertada por último, sangrando,
por assim dizer, das mil lágrimas que sua substância acaba de
sofrer, em seu divórcio do falso. Psique. O terrível golpe da morte,
sacudindo sua inteligência, não lhe deixa mais sentimento do que o
suficiente para saborear a tortura de sua dupla agonia; terrestre e
póstumo.
Mas um instinto lúcido persiste nela, o que a obriga a fugir o mais
rápido possível da podridão crescente de seus restos abjetos.
Assim, a alma corre para a frente, perdida em horror, angústia e
nojo. Uma corrente fluídica vertiginosa, cuja fúria ela pressiona mais
do que ela sente ainda, a levará embora como uma flecha. Aqui
náusea, lá terror: a alma decide pelo terror, já que ela [651] sempre
terá que passar por ele.
Cega, surda471, ela corre para a frente, vestida com seu corpo
sideral que, ferido como ela mesma, se sente pelo menos iluminado,
finalmente!...
Problemas perdidos: um vínculo simpático ainda a conecta a esses
restos desfigurados, um vínculo que terá que ser dolorosamente
quebrado. É o cordão umbilical de um novo nascimento; Leva a
essa matéria deliquescente, placenta da gestação da
imortalidade472, caput mortuum que é importante despir no limiar
da vida eterna.
E enquanto a pobre alma está exausta em esforços tumultuados
para quebrar o jugo que a mantém cativa, que provação de um novo
tipo ainda derrete sobre ela? O que, agora, é esse halo pálido, ao
mesmo tempo obscuro e claro, que o rodeia? Esta atmosfera de
sinistra umidade fosforescente, onde formas vagas de monstros se
movem confusamente para atacá-lo? Ela não os vê, mas os cheira e
adivinha. Que novo horror! O ser desintegrado luta e luta, tanto
quanto um cego garroteou pode... Pressionam contra ele, essas
aparições hediondas; Eles a dominam por todos os lados: parece
que querem fundir-se com a sua essência, fundir-se nela!
Estas são as larvas de seu astral externo e [652] interno: 1°
aquelas que, ao longo da vida, foram geradas dia a dia em sua
atmosfera fluídica e povoaram seu ascendente, - 2° aquelas que ele
mesmo acabou de expulsar uma a uma, e cuja aglomeração
transitória constituiu a substância de sua falsa personalidade. Eis o
ser abmaterializado, forçado — numa alternativa desolada — a
procurar refúgio nos seus restos inanimados e frios, e que a
crescente decomposição torna mais inabitável de hora em hora,
enquanto uma corrente magnética ainda o liga a ela num estado de
cativeiro temporário; — ou decolar ao longe, depois de quebrar esta
corrente, e fugir através de uma tempestade fluídica, levando
consigo esta atmosfera hostil que é sua, e cheia de vampiros dos
quais ele pode se tornar a presa...
É neste momento crítico, acima de tudo, que os mortos precisam
ser resgatados. Venha ajudá-lo ou de cima ou de baixo, do lugar ou
do reverso da Natureza universal, do plano astral, em uma palavra,
ou do plano terreno: o paciente de tal provação se sente perdido se
não receber subsídio da força psíquica; Ele se desespera, se não vê
nenhum vislumbre para se guiar na noite e na tempestade de seu
terror.
Apressemo-nos a constatar que este é muito raramente o caso:
uma situação que é tão dolorosa só se prolonga em circunstâncias
muito excepcionais. [653]
As tradições secretas da antiguidade permitem que isso seja dito,
e o estudo do simbolismo religioso confirma isso. O rio Estige é
apenas um ponto de passagem. Sem dúvida, o Tártaro reserva
tormentos proporcionais a todos os crimes; no entanto, como um
criminoso como um homem com costas escuras se apresenta,
assim que os ritos de sepultamento foram fielmente realizados,
Caronte o recebe em seu barco para um obolo, e o faz passar pela
água negra.
Uma influência benéfica, portanto, intervém, para ajudar a alma
em dificuldade a quebrar seus grilhões. O alívio consiste em um
suprimento suficiente de força psíquica; Em breve veremos de onde
vem...
Mas a provação não acabou. O vínculo simpático finalmente se
rompeu, a onda estígia agarra e arrasta a pobre Psique, vestida em
seu corpo astral e envolta em seu nimbus vingativo. Assim é o barco
de Caronte. A passagem não dura muito. Levado como uma flecha
sobre a torrente, o viajante já tocou a outra borda.
Aqui está o império sombrio de Erebi. É a permanência da
provação onde todas as almas insuficientemente purificadas
permanecem, a fim de consumir sua segunda morte, despojando a
forma astral. Pitágoras, como geralmente todos os seguidores do
helenismo oculto, chamou esse lugar de abismo de Hécate ou
campo de Prosérpina473. É o cone de sombra [654] da terra; em
seu cume brilha Hécate, a lua infernal, dispensando a luz negativa,
Aôb, e o influxo avassalador de Herebe (Erebe). Enquanto o sol,
pátria celeste das almas glorificadas, ousa com seus raios a amante
Iônah, atraente do puro elemento psíquico; A influência esmagadora
de Hereb mantém invencível cativa, neste abismo sublunar,
qualquer alma ainda vestida em seu corpo astral contaminado. A lua
nos mostra a face pálida do gênio da expiação. Ela é a sentinela do
inferno terreno, o esotérico Cerberus observando não apenas na
entrada, mas especialmente na saída de Tenare. Um ilustre
teosofista que é, além disso, um poeta inspirado, M. de Saint-Yves
descreveu, em modo lírico, o papel providencial atribuído ao nosso
satélite gelado, na jornada cósmica das almas. Este é o belo Hino à
Lua, do qual citaremos as últimas estrofes:
O POETA
«... Eu quero a Verdade! Em seu templo de opala
Se você é apenas estéril,
Que propósito você está perseguindo no Céu,
virgem pálida, ao redor deste globo habitado?
Em nome da Magia, em nome do Tetragrama,
fale!...
DIANE

"Filho de Apolo, guardo a passagem para sempre.


Para onde as almas vão para o Céu.
Você vê apenas um lado do meu rosto duplo:
o outro olha para os Deuses! [655]
Eu comprimi aqui abaixo o eflúvio da terra;
Com todo o peso da minha cratera
Pressiono Espíritos, Almas e Corpos; E
tudo se eleva sob o meu peso,
Tudo entra no meu ritmo e sofre o orvalho
dos meus acordes silenciosos.
"Eu entro e eu me desassocio, eu me reúno e me oponho.
Tudo: polos, sexos,
elementos; Eu sou o feminino
latente de tudo:
Eu atraio movimento para mim mesmo;
Eles se rendem, em sua forma, às leis das minhas semanas:
Feras, plantas, multidões humanas,
Fluidos, ventos, nuvens, mar,
Tudo flui para mim em sua maré,
Do fogo central estrondoso em direção ao
Empíreo, Aos confins sutis do Ar.
"Eu presido a Morte, regulo o Nascimento,
pois nascer é morrer encor.
Gerações rolam sob o meu poder: eu
tenho as chaves de prata e ouro;
Eu envio almas imortais de volta ao Sol
Cujo Espírito ganhou suas asas
Para escapar da torrente de gerações;
Caso contrário, no fundo do espaço,
Eu os amarro à mulher, e seu destino passa
de volta para o jogo dos meus
redemoinhos.
«... Ah! Se você os viu, as almas invisíveis
Saindo dos túmulos em enxames,
Vacilando e subindo em meus raios pacíficos,
deslizando em multidões sobre as
águas!
Alguns, pelos campos tomando sua corrida louca,
Mais rápido que a fala,
Passem, raspem o chão, lancem-se no ar,
Pendure-se em nevoeiros vagos,
Recaia nos mares e dance nas ondas,
Ou sonhe em rochas desertas. [656]
"Os outros, atravessando a esfera das nuvens,
treinam-se para voar em minha direção,
Subindo o éter, subindo em minhas miragens,
Caindo, tremendo de emoção,
Subindo, vindo a mim emocionante com sonhos,
Jogando por rebanhos em minhas greves,
Mergulhando em meus vulcões, procurando um pelo outro,
chamando um ao outro,
Reunir-se, formar seus grupos,
E caminhando seus coros dos meus vales até as
garupas do meu grande circo cintilante.
"Mas a Terra te leva embora, adeus! Fale com as Estrelas:
Estou perdendo você no horizonte.
Bardo, quando do seu corpo você vai deixar as velas
Em sua prisão funerária,
Não temais: vinde, apoderai-vos dos meus corcéis de luz,
Creia, — e à fonte primária
Do qual saístes, para o Deus soberbo, com o arco vermelhão,
Olhando fixamente para seus pensamentos,
Vai! Eu te deixarei, da minha esfera gelada
Subindo desobstruída para o Sun474!..."
............................
A "linguagem dos deuses" não deve ser tomada em seu rigor mais
literal; Mas os admiradores deste hino libertarão facilmente a pura
verdade, dos peplos cintilantes de metáforas que o envolvem sem
disfarçar os seus contornos divinos...
Aqui está o papel hierático da lua. Sentinela do éter puro, não
sofre que nada sujo se aproxime. Dispensa aqui abaixo o influxo de
Herebe, o agente constritor que opõe seu veto centrípeto [657] à
ascensão de toda alma ainda imbuída de manchas terrenas.
O cone de sombra é, dependendo do caso, verdadeiro inferno ou
purgatório. — As almas, prisioneiras do corpo astral e da sua
atmosfera fluídica, sofrem o martírio, presas do assalto das larvas
dolorosamente expulsas do cadáver, e que, tendo fixado residência
no nimbus, procuram prolongar a sua existência parasitária,
devorando Psique toda viva. Este último deve dissolver esses
coagulados um após o outro, pela força de sua vontade,
renunciando interiormente aos vícios dos quais eles são os
fantasmas todos juntos e os símbolos. É uma guerra até a morte,
pois o perispírito é um lar que eles pretendem reintegrar, e é isso
que Psique deve ficar em seu caminho com toda a sua vontade. Se
[658] da guerra fosse cansada, ela se deixasse invadir (e tudo o que
é necessário é um momento de fracasso ou consentimento tácito),
os esforços de desassimilação dolorosa teriam que começar de
novo.
O maior número de almas infectadas, sentindo que a alternativa
suprema está em jogo para elas, – ser ou não ser, lutar com
coragem e conseguir dissolver suas larvas muito rapidamente. E se
algum fracasso os condena à recorrência do esforço doloroso,
essas almas estão apenas passando pelo estado de Elemental.
Outras almas, em menor número, não reagem; mas aceitando, sem
um esforço para sair dela, a condição miserável que lhes é feita,
eles perpetuam sua provação passageira, e aspiram apenas a se
alimentar de exalações terrenas, para saciar a sede do fluido
humano deste corpo astral, que eles geralmente permitiram que
fosse invadido novamente pelos lêmures do nimbus. Estes são os
Elementais que às vezes se manifestam em sessões espíritas. Eles
assombram de bom grado os lugares onde levaram sua existência
material e satisfizeram suas paixões dominantes. Assim, o espectro
de um avarento guardará o tesouro que uma vez enterrou; ou que o
fantasma de um infeliz louco de amor obcecará com suas
assiduidades póstumas a mulher que, uma vez amante, perseguiu
com suas declarações e processos.
Além disso, para se manifestarem objetivamente, os Elementais,
como todos os outros lêmures, precisam da força psíquica que
normalmente lhes falta [659]475; então eles bebem o máximo
possível da fonte equívoca e muitas vezes lamacenta da
medianidade.
Se, apesar da ajuda que lhes chegará da humanidade celestial
(que envia em seu auxílio, para o fundo do abismo de Hécate,
missionários da misericórdia), esses lamentáveis Elementais
persistirem indefinidamente em uma existência degradante, eles
correm o risco de levar, depois de séculos desse lento suicídio ao
embotamento, ao total obscurecimento da centelha divina; arriscam-
se mesmo, [660] afirma certa Escola, a reencarnar em forma animal!
Em princípio, o cone das sombras é apenas uma passagem pela
provação, um purgatório; Para aqueles que voluntariamente
permanecem lá, torna-se um abismo de tortura sem fim, um
inferno476.
Além disso, nos raros casos em que uma vontade excepcional,
unida a esses seres a um vigor animico incomum, não lhes serviu
para se libertarem desse "vale da sombra da morte" que lhes foi
atribuído como purgatório, eles podem, como vimos acima477,
trocar sua herança imortal por um feudo de iniquidade no reino do
"Satélite das Trevas", e tornar-se os legionários da Sombra, os
malignos Daimons do orbe magnético inferior.
Os Elementais resignados e os Daimons perversos se deleitam
nas regiões inferiores do cone de sombra; mas as almas com dor,
que lutam bravamente, esforçam-se para sair dela e se levantam à
medida que perdem seu peso terreno.478 Quando não têm mais
nada a despir além de sua forma astral, elas são dadas a
permanecer na escuridão, onde algum vislumbre de esperança as
alcança. [661]
Hereb perdeu para eles sua brutalidade, e a carícia de Iônah já é
sentida: de modo que a penumbra é apenas um purgatório muito
amolecido, no que diz respeito ao inferno do cone.
Finalmente, todas as larvas sendo dissolvidas no halo, como elas
foram eliminadas do corpo astral, um torpor gradualmente agarra a
alma com dor; é o fim do teste, é o alvorecer da liberdade! A
segunda morte é consumada: a psique desnuda sua forma astral,
cuja substância emprestada ou assimilada à atmosfera oculta do
planeta479, deve retornar ao último átomo.
E, sua nudez celestial finalmente reconquistada, Psique emerge
com a ajuda de seus guias etéreos, no topo [662] do cone de
sombra: liberta da influência herébica e unificada 480 pela virtude
lunar, ela desfrutará da vida etérea nas praias livres de Antichtone;
até uma provação subsequente, culminando para ela na purificação
definitiva, assegura-lhe o direito de cidade na divina cidadela, solar
e central, que é o paraíso das almas glorificadas do nosso sistema
planetário.
Esses mistérios, bem conhecidos por Moisés, foram cobertos por
ele com um véu triplo. [673]
A SEGUNDA MORTE
(Décima TERCEIRA CHAVE DE UM TARÔ ANTIGO)
Esta impressão muito singular difere da impressão XIII de todos os outros Tarot (edições de
Marselha e Besançon, edições italianas, etc.). É legível no fogo, que o espectro da Morte,
acima figurou; Corta as cabeças de homens e mulheres: emblema cuja interpretação não é
obscura. As almas passageiras do purgatório astral estão no final de sua provação
póstuma. — Desintegração do corpo astral e libertação da Psique, até então cativa no cone
da sombra ou nos setores da penumbra. (Veja nosso diagrama, algumas páginas acima).
[664]
Nada está mais claro agora, se bem fomos seguidos, do que uma
página tão enigmática, onde o autor da Missão dos Judeus,
comentando sobre seu grande hinerógrafo, intrigou tantos amadores
apaixonados das ciências secretas.
Era a próxima de Lia e sua posteridade esotérica.
"Zelpha (disse M. de Saint-Yves), a próxima de Lia,.... significa a
caverna de gapping, a abertura da profundidade, o bocejo de baixo,
a voz do silêncio, o brilho das trevas, a aspiração do vazio.
"Ela é o Orbe do Cone das Sombras da Terra, ela é a Rainha do
Terror, que, no entanto, sorrirá um dia.
"Ela tem dois filhos, como Raquel, sua antítese.
"O primeiro é Gad, a Entrada e a Invasão, o Portão e a Cordilheira,
o Estreito e o Offshore, o Golfo e o Engolfamento.
O segundo, o fundo ou cume do Cone, é Azher, o Limiar da
Mestria, o Pilar da Apoteose, o Pedestal da Vontade de Dominação,
o Resultado Celestial da Alma vitoriosa da Segunda Morte, a
Entrada apoteológica em Akasa481.
"Nos mistérios de Elêusis e Ísis, esse resultado foi chamado de
Coroa das Asas." 482
Este quadro do êxodo póstumo e das suas vicissitudes, que não
tardaremos em aperfeiçoar, já está suficientemente esboçado para
justificar o rito singular do qual prometemos justificação.
Agora, poucas linhas podem ser suficientes. [665]
O que é a lua na Cabalá Hermética? Que metal, evoluído sob sua
influência direta, tem para os alquimistas o conhecido hieróglifo:
? O aluno menos avançado responderá sem hesitação: dinheiro.
A escola de Geber não ensinou que a condensação dos raios
lunares gera a flor argentina; Essa rainha espagírica, assim como a
convergência dos raios solares germina ouro, esse rei dos metais?
A correspondência analógica do martelo não é menos óbvia. Na
liturgia oculta, bem como na magia cerimonial (pois é tudo um), o
martelo de prata será o símbolo da virtude secreta da lua, como
pesado, compressivo e avassalador.
Agora, é hora de dizê-lo, para aqueles que não adivinharam: a
ação selênica não se manifesta exclusivamente nas hostes do cone
de sombra; Sente-se nos mortos antes mesmo de chegarem.483 É
à lua, dispensando Herebe, que se deve ao sequestro da alma no
cadáver, desde que não tenha eliminado sucessivamente as
moléculas heterogêneas sobre as quais o corpo celeste carcereiro
tomou, mesmo durante o dia; pois exerce seu peso sobre toda
substância pseudopsíquica, coagulação dos fluidos espessos da
astralidade terrena... E muito mais, no segundo ato do drama da
agonia póstuma, [666] quando o ser abmaterializado permanece
sujeito ao cadáver por uma cadeia de solidariedade humilhante, é o
influxo lunar que prolonga esse constrangimento.
A lua ousa, em uma palavra, o poder adstringente e ligatório das
formas astrais no plano material, – ao contrário do sol, agente
libertador, então atraentes essências espiritualizadas, no reino do
éter puro.
O significado oculto está se tornando mais claro, desde a
cerimônia em uso até o leito de morte dos pontífices soberanos.
Trata-se de saber se o corpo do augusto falecido está nas
condições necessárias, de modo que a tentativa taumatúrgica do
chamado à vida possa oferecer algumas chances de sucesso.
Todos os detalhes da cerimônia sugerem que a morte ainda não é
considerada definitiva. A cabeça do papa é coberta com um véu
branco, a cor emblemática da influência lunar484; O Cardeal
Camerlengo está vestido de púrpura: esta é uma indicação de um
luto temporário e de uma esperança mista. Quanto às palavras do
cardeal, no final da tentativa frustrada, elas são claras o suficiente
para dispensar o sublinhado.
Que se visse neste rito, ainda hoje praticado mecanicamente,
apenas uma mera formalidade equivalente à visita do médico
municipal, para obter dele uma licença para enterrar: [667]
concederíamos que esta é, sem dúvida, a opinião de muitos
intérpretes contemporâneos, e — tememos muito — do próprio
Cardeal Camerlengo! A partir daí, realmente, para concordar que
este era todo o objetivo dos autores do ritual muito antigo, há um
longo caminho. No caso em disputa, o médico seria solicitado, em
preferência ao prelado, para uma constatação que, sem dúvida,
pertenceria à pessoa qualificada. Então, a aproximação de um ferro
vermelho nas solas dos pés pareceria de um critério mais certo do
que três golpes levemente desferidos na cabeça com um martelo de
prata! Porquê dinheiro?... Mas estaríamos relutantes – acrescente-
se a isto: alguma vergonha – em discutir tal tese por mais tempo.
Mencionamo-lo de passagem apenas porque foi apoiado diante de
nós, o mais sério do mundo, por um sacerdote que também é
erudito e sincero.
Os três golpes desferidos, juntamente com o triplo chamado que
os enfatiza, equivalem a uma evocação precisa da alma falecida,
inspirada pelo milagreiro sacerdotal a dar um sinal, caso a tentativa
da lembrança da existência ofereça alguma esperança de sucesso.
Três é o número sacramental da Palavra, da Ressurreição e da
Vida.
Os adjuvantes da câmara, familiares respeitosamente dedicados à
pessoa do papa, serviam, com toda a probabilidade, como
elementos negativos, para a improvisação de uma corrente mágica,
ou figuravam o cardeal camerlingen, como uma natureza positiva.
Por um lado, o milagreiro eclesiástico entregou [668] ao falecido um
cabo de vontades fluidas e unidas, pelo qual ele colocou um
subsídio de força nervosa à sua disposição, para retomar as rédeas
do organismo; Por outro lado, a relação Cabalística do signo com a
coisa significada deu ao chamado nominal triplo uma eficiência
suprema, enquanto a mesma lei aumentou dez vezes e concentrou,
por assim dizer, em um ponto a virtude sujeitadora e ligadora da lua,
simbolizada pelo uso do martelo de prata. Era paralisar por um
tempo o esforço da alma cessante, acumulando sobre ela a
influência herética em sua intensidade máxima, que multiplicava e
energizava a vontade conforme do milagreiro e o veto de seu verbo
de inibição. Caso a alma, ainda cativa, lutasse para se livrar de sua
falsa personalidade, o rito do martelo de prata tinha que interromper
a "confissão no tribunal do Abismo".
Se algum sinal, - um movimento muscular do cadáver, ou
espancamentos, ou qualquer outra pista, tivesse manifestado a
presença da augusta alma e prefigurado seu possível retorno, sem
dúvida o cardeal pontificador não teria então implementado alguns
dos procedimentos do ressurreicionismo, bem conhecidos pelos
apóstolos e os primeiros seguidores da religião cristã, e que
mencionamos acima. Por outro lado, a cerimônia sem o seu efeito,
permaneceu aberta aos oráculos do sacerdócio para acusá-la de
uso piedoso, ou para fingir ver nela apenas uma formalidade de
observação solene.
Notemos, para pôr fim a este rito estranhamente significativo, que
os golpes são desferidos no topo [669] da cabeça, porque é lá, um
pouco atrás da sutura craniana, — através do buraco de Brahma,
diriam os mestres hindus, — que a desassimilação e o êxodo
ocorrem na morte. Mas se quiséssemos usar o martelo de prata
para provocar o despertar de um médium ou adepto cataleptizado,
na fase de bilocação, teríamos que agir também sobre as regiões do
coração e do grande simpático; uma vez que neste experimento
perigoso, agregados fluídicos notáveis são exteriorizados na altura
desses órgãos. Nesses casos de letargia, a influência compressiva
evocada pelo uso do martelo de prata não agiria mais de forma
idêntica como no leito da morte: é apertando a cadeia simpática que
promoveria a reintegração do corpo astral.
Vemos que entre o estado póstumo e o que resulta da projeção do
duplo corpóreo, é apropriado notar diferenças muito essenciais, não
apenas nas relações que conectam a alma aos seus restos físicos,
mas também no modo de duplicação, como no que diz respeito aos
resultados pelos quais esse fenômeno é realizado.
O mago na fase bilocativa pode chamar a si mesmo a força
nervosa de seu organismo, pelo veículo da cadeia que permanece
esticada de um para o outro; — enquanto a alma em dor, que
esgotou a sua reserva dinâmica durante a dupla agonia que acaba
de sofrer (terrena e póstuma), só pode contar com outros para
renovar o suprimento de forças disponíveis, que lhe é indispensável
[670] para sair vitoriosa das provações do seu purgatório.
Às vezes, dissemos, tais subsídios podem ser concedidos pelos
goites dos círculos malignos, que querem monopolizar uma alma e
fazê-la pagar caro por ajuda temporária. Mas essa armadilha
bastante rara pode ser frustrada. Como regra geral, é de uma fonte
declarada que o benefício procede: a lei da solidariedade humana
interveio ...
Prometemos, recorde-se, voltar a este adorável mistério de amor
póstumo e beneficência; pois é na hora do desespero que a alma,
sobrecarregada por uma provação que passa por suas forças,
sentirá que não está sozinha e receberá o penhor da mais terna
solicitude.
Mas de onde virá essa ajuda à alma desencarnada? — Daqui e de
cima: da dor dos pais terrenos e da piedade, digamos melhor, do
amor dos pais celestes. A alma não começou seu purgatório no
abismo de Hécate, que já, no luminoso Antichtone, sua vinda é
anunciada e seu lugar prefixado.
Por mais estranha que essa teoria pareça, que alguém se digne a
pensar sobre ela; e talvez não seja considerado desprovido de
lógica ou plausibilidade.
A família é uma realidade no nível subjetivo, bem como na terra.
Quando uma criança encarna aqui na terra, quem nos diz que um
grupo de pais não chora a morte de uma alma lá em cima? [671]
"Outra estrela que gira,
Quem corre, gira e desaparece?..."
Mas, ao perder uma família para o mundo da vida empírea, essa
alma que nascerá adquire outra no mundo da vida carnal. Armas
estarão lá para recolher o anjo no final de sua queda; Uma inefável
solicitude velará doravante sobre ele. Seus pais gradualmente o
ensinarão a fazer uso de seu corpo, uma massa opaca da qual sua
luz vem para engolir e extinguir; mas cujos órgãos mais tarde serão
tantos instrumentos de controle a seu serviço, para explorar e
conhecer este estranho mundo ao qual ele desceu. Assim, sem
dúvida, o recém-nascido da vida arrofara encontra uma família
pronta para recebê-lo além do rio escuro; pais ternos que
gradualmente o iniciarão em sua nova vida.
Será que a família consistirá dos mesmos indivíduos lá em cima
como aqui na terra, ou vice-versa? Os anciãos que acolherão o
neófito dos ancestrais da vida celestial são literalmente? Queremos
dizer – indivíduos da mesma família terrena que morreram antes
dele? — (EN) Esta é outra questão, e tudo o que podemos dizer é
que parece consolador supor que sim.
O exame desta hipótese irá, além disso, fornecer a ocasião para
uma observação, omitida por nós até agora: a saber, que na maioria
das vezes nesta terra; sabemos de um homem apenas a sua falsa
personalidade, aquela que ele vai despir nos estertores [672] da
morte e da segunda morte, e que está, condenada a dissolver-se,
mais ou menos rapidamente, Junto ou paralelo ao corpo astral,
perecível também. A verdadeira entidade, a individualidade
duradoura, a alma em uma palavra, geralmente não aparece
marcada por aquele selo de originalidade ou particularismo que
comanda e fixa a atenção: a verdadeira entidade nos escapa
totalmente. — O que nos impressiona a cada momento, na grande
maioria dos homens, é a virada da mente, bem como a aparência
externa: é a casualidade ou a timidez, o modo de ser, de se
expressar, de se levantar; Acrescente-se a isso as minúcias de
caráter, humor bom ou infeliz, pequenas manias, fraquezas
pitorescas ou ridículas... todas essas coisas, finalmente, cuja soma
forma um total que representa o "Sr. Fulano". Isto é o que constitui a
personalidade terrena. Bem, todas essas coisas, características aos
nossos olhos, de um ser que consideramos conhecido, pelo próprio
fato de que as observamos; — todas essas coisas, bens proibidos
de bagagem imortal, não excederão a segunda atmosfera do
planeta do qual são produtos: permanecerão, é verdade, o próprio
da pessoa falecida, enquanto ele permanecer na condição de
Elementar; mas uma vez que a entidade real esteja livre de seus
grilhões e sublimada para um novo modo de existência, todas essas
coisas, inseparáveis da falsa substância animica, permanecerão
cativadas do Astral terrestre. Finalmente, a Sombra (ou casca
fluídica em processo de dissolução) atraindo-os para si mesma,
acolherá o reflexo [673] em sua luz moribunda, para manter por
algum tempo a marca indecisa! Assim, ou com a ajuda de um
médium, os habitantes do nosso planeta evocam o elementar
humano, ou conseguem reagir à Sombra Insana, que não é mais do
que um resto, um resíduo, uma escória: será, em ambos os casos, a
personalidade terrena, — aquela que conhecemos — que se
manifestará, perfeita ou imperfeita.
A consequência é que a maioria dos seres que viveram na terra
em íntima intimidade, se cruzarão em Antichtone sem se
reconhecerem, uma vez que seus traços de semelhança terão
desaparecido, com a memória de tudo o que não residiu, ou no
intelectual puro, ou nos sentimentos dos nobres Eleitos da alma.
Poucos humanos poderiam encontrar-se lá em cima como se
conheciam, que, a partir de sua existência física, fervorosos de
altruísmo e espiritualidade, se manifestaram aqui na terra pelos
mais sublimes atributos da inteligência e do coração. A faculdade
excepcional de se reconhecer no outro mundo tornar-se-ia, assim, o
privilégio aristocrático das almas. Seria ali recompensado com os
mais puros adelphats intelectuais, afeições altamente
desinteressadas, devoções absolutas, amores belos e santos:
porque está escrito que o amor é mais poderoso do que a morte. —
Quanto ao homem comum, se eles se encontrarem lá em cima, eles
nem sequer suspeitarão um do outro. No máximo, eles
experimentarão às vezes a vaga impressão de [674] déjà vu, que
sentimos na presença de certas pessoas, que, à primeira vista, nos
parecem familiares e comandam nossa amizade imediata, ou
despertam em nós antipatias ferozes e repentinas. E isso será
tudo...
Basta dizer que, supondo que os ancestrais terrenos se tornem os
pais antictônicos, essa identidade seria de consequência medíocre
para o maior número de nós, uma vez que provavelmente não nos
seria dada, nem para sermos reconhecidos por eles, nem para
reconhecê-los.
Quem quer que sejam, estes pais, — assim que o indivíduo
falecido inicia o seu caminho, uma respeitável tradição mostra-nos
atentos, que já o vigiam, de perto ou de longe, e o ajudam na luta
que ele apoiará. Mas eles o tocam, que os novos mortos não os
veriam mais do que um recém-nascido ainda vê o médico que o
ajuda a devolver o mecônio, ou corta o cordão umbilical que liga a
criança à sua mãe. A Psique póstuma, à medida que seus próprios
órgãos se desenvolvem, se tornará consciente do mundo sutil ao
seu redor.
No entanto, uma profunda dissimilaridade deve ser apreendida,
entre o recém-nascido e o novo morto485. A alma do primeiro é
uma página em branco, por assim dizer, pelo menos as escrituras
cármicas, como traçadas na tinta da simpatia, não se desenvolverão
até mais tarde [675] para os reagentes temporais; Às vezes, que o
outro precisa de sua consciência e vontade terrenas, para sustentar
a provação que o espera. É somente uma vez que a segunda morte
tenha sido consumada, e o corpo astral despojado como uma túnica
em farrapos, que o ser humano, antes de sua assunção sobre o
Antichtone, perderá a consciência na água de Lethe: batismo de
uma nova vida e absolvição da velha!
Mas se é permitido sentir o acolhimento feito ao ser
abmaterializado no limiar da vida arômal, e a influência tutelar da
qual ele talvez se beneficie, sem senti-la ainda; É daqui de baixo
que pode e deve emanar a ajuda decisivamente eficaz, e mais ou
menos prontamente libertadora.
Todos os teocratas entenderam isso, e todas as religiões
solenizam, regulam, consagram, pelos ritos fúnebres e pelo culto
dos mortos, a emissão desse subsídio benéfico. Que ajuda são as
orações, os símbolos e as cerimônias religiosas, para os
moribundos e depois para os falecidos: isto é o que é desconhecido
para aqueles que são indiferentes, céticos, até ateus por um instinto
vivaz e sublime, de adorar os mortos. Por um notável afastamento
de seus hábitos, os vemos, sob o pretexto de um funeral ou de uma
cerimônia comemorativa, pisando novamente o pátio de igrejas há
muito abandonadas por eles. Rotina, eles dizem a si mesmos, e
sacrifício à propriedade; Mas que influência secreta os subjuga ao
capricho de uma rotina, ao respeito da propriedade da qual eles
[676] inescrupulosamente se libertam em qualquer outra conjuntura?
eles se perguntaram?...
A cerimônia fúnebre é uma orquestração erudita da dor de amigos
e parentes, exalada em um concerto de soluços altos ou suspiros
mudos.
Desvendamos, no capítulo V, o esoterismo de certas causas
apaixonadas, aquelas em particular do medo sem razão apreciável
e do instinto sádico. Ao mesmo tempo, demos um vislumbre da
função providencial das lágrimas choradas em um caixão.
Não há paixão intensa da alma que não resulte, em seu clímax,
em uma abdicação da vontade inconsciente486 no governo da vida.
Então, as ligações compressivas do organismo oculto vindo a se
flexionar, o reservatório da força nervosa disponível libera seu
precioso licor. A vida, no grau de perfeição que atinge no homem,
não se difunde, portanto, [677] sem um destino natural, ou pelo
menos sem emprego imediato: tantos seres, autónomos ou
parasitas, estão insaciavelmente ansiosos por ela! Bebida mágica, a
vida dá até mesmo a ilusão de imortalidade para aqueles lêmures
inconsistentes que povoam o nimbus, e são apenas as blasfêmias
da palavra inferior, as mentiras da própria Existência rápidas em se
decepcionar! Ainda mais será que tal elixir será um conforto para
Entidades menos minúsculas de uma posição notável na escala
evolutiva.
Na maioria das vezes, a hemorragia fluídica da fonte apaixonada
se volta para o benefício dos Elementais, como no caso do medo
irracional, – ou serve para alimentar as larvas, como no caso do
ciúme. Mas para usar as dores do desespero, após a perda de um
ente querido, intervém uma lei providencial, que reserva para o
benefício dos mortos este derramamento vivificante; e, tributo
supremo da terra à criança que acaba de fugir dela, aquele subsídio
dinâmico de que falamos, que corrobora a alma em dor na mais
dura das provações póstumas, não tem outra origem.
Que se alguém indaga sobre o veículo intercósmico, próprio do
transporte dessa força assim liberada; se alguém pergunta que
canal o represa e o leva ao pobre falecido que beberá dele: é,
responderemos, a afinidade simpática e secreta que, da terra ao
Céu e de uma vida a outra, conecta todos os membros da mesma
família, o caule virtual que trazia todas as flores do mesmo sangue.
— [678] Afinidade tão real, que para dizer a verdade, só ela explica
o fenómeno, muito estranho e frequente, das mortes em série, que
desconcerta os eruditos, mas cujo significado oculto o ingénuo
popular compreendeu de imediato, que ele traduziu e consagrou por
um provérbio: os mortos são chamados!
O que poderia ser menos raro, de fato, o que poderia ser mais
impressionante do que ver uma família prosperar vinte anos ou
mais, protegida, não apenas de uma catástrofe, mas da menor
desgraça do destino, ganhando terreno pelo nascimento, sem
perder pela morte; sem que um único de seus membros deixasse de
chamar o censo de aniversários!... Finalmente, depois de uma luta
prolongada, um deles sucumbe, e muitas vezes é o ancestral. Como
um carvalho sob a batida, sofreu longa e valentemente as aflições
do mal que prevalece. Ele cai, e o espectro da Morte, tantos anos
ausente, não deixa mais de pairar sobre o lar; E sucessivamente,
em poucos meses, tantos caixões se alinham no jazigo funerário,
como tínhamos visto berços se multiplicarem na casa. Às vezes, o
contágio atinge os ramos laterais... Parece que uma corrente
invisível conectou todos esses pais, e que um deles, desmoronando,
arrastou todos os outros para sua queda. É verdade que a cadeia
existe, e o povo, que, ao eleger uma opinião, opta preferencialmente
pelo menos complexo, opina que o primeiro a ir fez um sinal aos
outros para segui-lo: os mortos são chamados! [679]
Todas essas noções de solidariedade familiar e reversibilidade
dinâmica, ligando aos encarnados aqueles que acabaram de fugir
da prisão do corpo, eram perfeitamente conhecidas e postas em
prática nos templos da antiga Sabedoria.
Sobre esses dados ocultos, um monumento estava por todos os
lados, sanção da vida imortal na própria morte, promessa de
eternidade feliz no tempo! Era a religião dos enterros, tão famosa no
Egito e na Assíria; culto aos antepassados, ainda tão vivo em todo o
Extremo Oriente, e que no século passado os missionários
dominicanos haviam proscrito pela Igreja Romana como ímpio e
supersticioso. Mais hábeis, os missionários da Companhia de Jesus
há muito toleravam o cerimonial entre seus catecúmenos: de modo
que, sob a direção dos bons Padres, os chineses, para quem este
culto ancestral é tudo, adotaram em número a fé de Cristo, na qual
pensavam ter visto um novo Buda. Mas os pregadores dos Frades,
invejosos dos sucessos de seus rivais seculares, obtiveram de
Roma uma bula de condenação contra o processo jesuítico487: a
fonte das conversões secou de repente e, a partir daquele dia, foi
feita do catolicismo no Extremo Oriente.
Hoje, que a flagrante hostilidade da Ciência e da Fé parece ter
determinado como um cisma [680] na verdade indivisível, reduzido à
antinomia de dois aspectos contraditórios, é difícil conceber até que
ponto, nas criptas do esoterismo, o controle científico mais rigoroso
foi exercido anteriormente, para a verificação das doutrinas
religiosas: longe de se contradizerem, então, o positivismo
experimental e a intuição mística foram emulados para a descoberta
e consagração mútua da Verdade488. Nossos contemporâneos
achariam difícil imaginar que elos de correspondência imediata os
antigos sacerdócios tinham sido capazes de cuidar, de uma margem
de existência para a outra, do inverso para o lugar da substância
cosmogônica; e que relações hierárquicas, precisas e indiscutíveis,
mantinham com almas libertas dos grilhões do corpo.
A comunhão com o Céu antichtônico, ou mesmo com a cidadela
solar das almas glorificadas, é proibida apenas aos homens cuja
personalidade, restrita nas regiões inferiores da Psique apaixonada
e instintiva, deve, consequentemente, dissolver-se na morte, como
explicamos na p. 672. Mas há homens que dominam a carne do alto
o suficiente para se manterem conscientes e ativos na região
espiritual de seu ser: estes podem negociar com as almas vitoriosas
da segunda morte. Esta foi a base do glorioso culto dos
antepassados, eruditos e hierárquicos, [681] dos quais a religião dos
Manes já era em Roma nada mais do que um remanescente
degenerado, uma reminiscência quase mecânica, enquanto o
espiritismo anárquico de nossos dias apresenta a lamentável
falsificação e a caricatura burlesca489.
Mas desde os tempos antigos, quando a magia elevada e divina
era a própria alma do sacerdócio, os seguidores dos goeti
parodiavam, na escuridão profana, os impulsos do santuário.
Quanto mais brilhante e pura uma luz brilha, mais negra e mais
precisa é a sombra dos objetos que ela banha em seus raios. Fora
do recinto consagrado, as verdades ocultas são quase sempre
traduzidas em superstições degradantes; e as cerimônias de agosto
degeneram em práticas subversivas, ambíguas e às vezes
hediondas. Esta é uma consequência fatal da imperfeição humana –
e acrescentaríamos, a única desvantagem do Método Esotérico, se,
no catolicismo moderno, do qual o esoterismo é excluído; A mesma
materialização supersticiosa não foi notada, não obstante a
publicidade [682] dos mistérios... A característica das formas
religiosas assim desfiguradas pela refração em um ambiente menos
puro é fazer caretas em excesso.
A alta psiquidade limitava-se a solenizar a dor de amigos e
parentes, a fim de implementar, em benefício dos mortos, o subsídio
da força nervosa que deve ser tão útil para ele. A bruxaria afirmava
fazer mais.
Os seguidores da magia negra, para multiplicar o show dinâmico,
imaginaram adicionar dor física à tristeza moral e misturar sangue
com lágrimas. Eles prescreveram parentes para fazer incisões em
todo o corpo, lamentando os mortos: uma prática selvagem, que
alguns sacerdócios degenerados adotaram posteriormente, e que se
tornou muito habitual na Ásia Menor, na época de Moisés, porque
ele teve que proscritá-la expressamente em sua Lei. Vamos citar um
versículo muito curioso do Sepher Waîkerâ arqyw rps (tratado mais
conhecido pelos modernos sob o título de Levítico); um versículo
cujo verdadeiro significado escapou aos comentaristas:
Wntt al uquq tbtkw <kr?bb Wntt al?pnl fr?w . hwhy yna <kb
"Uma incisão para uma alma (falecida) não chegará à carne de vós; Marcas
estigmatizadas
(tatuagens), ninguém vai fazer em você: Eu Ihôah!"
(Levítico, capítulo XIX, v. 28).
A Bíblia de Osterwald, de acordo com todas as versões exotéricas,
interpreta este versículo da seguinte forma: "Não farás incisões na
tua carne [683] por um homem morto, e não imprimirás caracteres
em ti: Eu sou o Senhor."
M. S. Cahen, autor de uma boa tradução literal da Bíblia, traduz
por "um cadáver" a palavra que Osterwald traduz por "um homem
morto", e que achamos necessário traduzir como "uma alma": pois
este é, de fato, o significado esotérico do termo: ?pn Nephesch490.
Mas assumindo o significado credenciado pelos tradutores, nossa
tese não sofreria.
O Sr. Cahen observa esta observação, que "os povos orientais, e
até mesmo os romanos, costumavam fazer incisões nos funerais de
seus parentes em diferentes partes do corpo. Esse uso (ele
acrescenta) ainda existe entre os árabes... Vemos em Jeremias que
essa proibição foi mal observada entre os hebreus. Ver Jeremias,
491 cap. XVI, v. 6; cap. XIII, v. 5; cap. XLVII, v. 5, etc."
As tatuagens, ou estigmas, que Levítico também proíbe, são
magicamente algo mais do que meras incisões: simbolizam [684] a
evocação dos Invisíveis, e sancionam o pacto com esses Poderes,
pela inscrição indelével do hieróglifo evocativo, na carne dos
evocativos.
Moisés não condenou injustificadamente esses ritos abusivos, e
muito mais proveitosos para as larvas impuras do que para qualquer
outra classe de invisíveis. Não só tais cenas de intoxicação astral e
selvagem são prejudiciais para os assistentes, que multiplicam em
seu ambiente os espectros parasitas e atraem o lêmure errante,
oferecendo-lhes banquetes sangrentos; além disso, essas práticas
são concebíveis apenas fatais para a alma em perigo, à qual
derrama uma corrente de fluido orgiástico, saturado de larvas
malignas, cego e brutal.
Realizar ritos sangrentos em um túmulo semiaberto é fazer pior,
talvez: é sugerir à alma ainda impedida nos grilhões magnéticos do
cadáver a tentação de não quebrá-los; É tender para ela o
abominável cálice do vampirismo.
Agitamos, no volume anterior, a questão dos vampiros; o que nos
isenta de nos determos neste sobre as turpitudes de um crime
póstumo, felizmente bastante raro, embora existam muitos
exemplos devidamente comprovados. Temos o direito de manter o
nosso Leitor suficientemente informado sobre a questão dos factos;
além disso, a Magia posthuma de C.-F. de Schertz492 e o Tratado
sobre as [685] aparições dos Espíritos e dos Vampiros do P. Dom
Calmet493 catalogam uma certa quantidade de histórias a que se
pode referir. Foi especialmente no século passado que o problema
do vampirismo, colocado em voz alta e variadamente resolvido,
cansou os triplos ecos da Europa acadêmica, filosófica e religiosa;
mas os revenants assassinos sempre foram conhecidos pelos vários
nomes de Broukolaques, Stryges, Ghouls e Lamies.494
Estes últimos nomes aplicavam-se ora a espectros
sanguinários,495 e ora a monstros com rostos humanos, que,
famintos e libidinosos todos juntos, violavam as sepulturas e,
convidados do verme e do corvo, celebravam os frenéticos ágapes
da putrefação e as orgias silenciosas da morte. Esta dupla
depravação, que não é, como sabemos, sem exemplo hoje em dia,
pertence mais à patologia mental do que ao [686] ocultismo
propriamente dito. Não vamos parar por aí.
Uma verdadeira doença póstuma, às vezes hereditária e até
epidêmica, o vampirismo também seria responsabilidade da
medicina: mas cai principalmente sob a competência do magiste. É,
além disso, geralmente contestado pelos oráculos da ciência, que
recorrem, para explicar os fatos garantidos por tantas testemunhas
oculares, a um edifício infinitamente complicado de alucinações
recíprocas e delírios concomitantes. Dr. Calmeil, que, para definir a
causa de outros fenômenos, a seu gosto puramente subjetivo,
costumava nos falar de distúrbios histero-demonopáticos, desta vez
extrai de seu saco de travessuras o vocabulário, tão luminoso
quanto a espectropatia peremptória496.
A ciência é linda!...
É necessário que o assassino revenant se apresente às suas
vítimas em um corpo astral, já que ele entra nas casas, todas as
portas e janelas fechadas, e de repente desaparece quando ele
apareceu. Ele mata em duas ou três visitas, às vezes em uma, os
seres vivos que ele ataca: ele os esgota roubando-lhes sua
vitalidade, por uma espécie de sucção fluídica. Seria supérfluo
insistir na analogia que homologa o caso que nos preocupa com os
mistérios dínamo-espirituais abordados no capítulo V497, como com
o enigma da Licantropia, que abordaremos no capítulo VII, sob o
título de Magia das transmutações.
O vampiro acidentalmente ataca animais domésticos. Entre os
homens, ele se aproveita daqueles em cuja familiaridade viveu; de
preferência, aos seus entes queridos. Uma tradição, além disso
sujeita a disputa, é que as pessoas que morrem do beijo vampírico
se tornam vampiros por sua vez.
Muitas vezes, seus cadáveres não têm sinais de violência. No
entanto, há casos em que o vampiro, praticando uma ferida no
pescoço de sua vítima, teria bebido de seu sangue.
"Ele estava (escreve o Dr. Calmeil) entre os vampiros, a quem o
Conde de Cabréras havia cortado a cabeça, em 1728, um homem
que estava morto há mais de trinta anos, que havia retornado três
vezes à sua própria casa, na hora das refeições, e tinha sugado
sangue de seu pescoço, a primeira vez para seu próprio irmão, o
segundo para um de seus filhos, o terceiro para um manobrista;
Todos os três haviam morrido no local, ele queimou um terceiro
vampiro, que havia sido enterrado por mais de dezesseis anos, e
havia sugado o sangue e causado a morte de seus dois filhos.498
Os fatos são constantes, certificados por inúmeras e autênticas
atas. O que é uniformemente observado na exumação dos
cadáveres acusados, podemos ler os detalhes no primeiro volume
da Serpente de Gênesis499. Quanto à justificação oculta desses
fenômenos anormais, certamente a vemos... Não é de surpreender
que R. [688] Pai
Calmet, que não suspeitava da teoria Cabalística do corpo astral,
fica surpreso com a conservação e a vida vegetativa dos cadáveres,
devidamente enterrados.
"Esta não é a principal dificuldade que me impede", disse ele; É
saber como saem dos seus túmulos: como regressam para lá, sem
que seja a paróquia que tenham movido a terra, e que a tenham
restaurado ao seu primeiro estado: como aparecem vestidos com as
suas roupas, como vão, vêm, comem. Se sim, por que voltar para
seus túmulos? O que eles não permanecem entre os vivos? Por que
sugar o sangue de seus pais? Por que infestar e cansar as pessoas,
que lhes devem entes queridos e que não as ofenderam? Se tudo
isso é apenas imaginação por parte daqueles que são molestados,
de onde vem que esses vampiros estão em seus túmulos sem
corrupção, cheios de sangue, flexíveis e manejáveis; Que seus pés
são encontrados esfregados no dia seguinte a correrem e
assustarem as pessoas do bairro, e que não notamos nada parecido
nos outros cadáveres enterrados ao mesmo tempo, no mesmo
cemitério? De onde vem que eles não retornam mais, e não
infestam mais, quando foram queimados e empalados? Será ainda
a imaginação dos vivos e seus preconceitos que os tranquilizarão
depois que essas execuções tiverem sido feitas? De onde vem o
fato de que essas cenas se repetem com tanta frequência nesses
países, que esses preconceitos não são devolvidos e que a
experiência cotidiana, em vez de destruí-los, só os aumenta e
fortalece500?"
Vemos que, sobre o fato da realidade dos fenômenos, o estudioso
beneditino responde, com mais de um século de antecedência, às
teorias de cientistas como o
[689] Dr. Calmeil, que vê em seres vampirizados apenas as vítimas
de uma imaginação doentia. A doutrina delineada por nós no volume
anterior (pp. 232 e 392) parece resolver a maioria das dificuldades
que afligem a lógica do bom Pai.501 O assassino do além-túmulo
não é um cadáver galvanizado por um tempo por uma sede
monstruosa de púrpura humana, depois retornando ao seu poço
para cobrir essa bebida sangrenta, como um bêbado cuba o seu
vinho. Não, o revenant seria um Elemental antecipado – a alma do
falecido que, vagando em corpo sideral em torno de seus restos
mortais, não tem custódia para quebrar o elo de umbilicação fluídica
que o liga ao cadáver, cuja vitalidade vegetativa ele mantém e
retarda a desintegração molecular, por um fenômeno excepcional de
nutrição hiperfísica.
Mas para alimentar a morte, a vida deve ser exausta e destruída.
— O malfeitor impalpável mistura-se [690] com os vivos, aterroriza-
os para que se apoderem do seu fluido vital exteriorizado pelo
pavor; e esse fluido, ele o transmitirá ao cadáver, ao qual sua
existência está ligada... — Imagine um polvo, emboscado em sua
caverna subaquática; ele se espalha para fora de seus oito
tentáculos armados com sucelas: como o cadáver assassino em seu
túmulo; A ventosa de espectro vagueia por aí:
... Tumulum circumvolat umbra!
Aqui, em toda a sua sujeira, está o infame mistério da erraticidade
vampírica.
A intuição popular há muito sentia isso, já que era costume, na
Grécia e em outros lugares, plantar espadas, apontar no ar, no
túmulo dos vampiros, depois que suas cabeças tivessem sido
cortadas ou o coração de um espinho tivesse sido cortado. Talvez
algum mago tivesse revelado a eficácia de tal prática... Tournefort
esteve em Mycone (uma das Cíclades), uma testemunha muito
incrédula desta cerimônia singular, que ele relata em suas Viagens.
Agora, sabemos a virtude que as pontas de metal possuem, para
aniquilar fantasmas quebrando toda a coagula fluídica. Eles extraem
e quebram a eletricidade viva em suas condensações anormais. No
poço dos vampiros, as espadas foram usadas para dissolver o nó
que se conecta ao cadáver errático do falecido - imediatamente
arrastado para o abismo de Hécate. É ali, nesta escuridão externa
de que fala o Evangelho, que esta alma prolongará, [691] com toda
a probabilidade, a sua triste condição de Elemental extralado do
caminho luminoso, esperando tornar-se um legionário das sombras,
um Daimon perverso.
M. Jules Lermina, em seu Elixir da Vida, dramatiza de modo
apreendido a hipótese de um Vampiro por antecipação: imagine um
velho que encontrou, apesar da idade, o segredo de uma
manutenção perpétua de suas reservas nervosas, que ele renova
sem fadiga assimilando as forças elaboradas por outros organismos.
É das crianças, necessariamente dotadas, no período de seu
crescimento, com uma seiva superabundante da vida, que o herói
sinistro do romancista toma emprestado o fluido da juventude
imortal. Embora a fabulação do Sr. Lermina seja puramente
fantasiosa, sua hipótese reivindica uma teoria muito curiosa e sólida,
cuja afirmação tomaremos emprestada dele.
"Ouça-me (esta é a confissão do vampiro). — Há três períodos
distintos no homem: um de radiação é a infância até os extremos da
adolescência; o segundo do consumo, que vai até o final da meia-
idade; depois a terceira, de redução, que é a velhice e termina em
morte.
"Do organismo vivo, especialmente do homem, que é até agora a
expressão mais completa da vida, o excesso de vitalidade é exalado
durante o primeiro período. A criança absorve mais fluido vital do
que consome, e de todo o seu ser irradia um excesso de força. No
segundo período, o ser consome tanto quanto absorve: este é o
equilíbrio do forte. Na velhice, esse equilíbrio é quebrado; A
reabsorção é menor que [692] o consumo, o gasto vital maior que a
aquisição, daí a fraqueza, daí a morte.
"Agora, no estado atual da ciência, parece impossível para você,
não é verdade? que um homem, um homem velho, pode quebrar
essas leis da natureza e, por práticas especiais, roubar da criança,
por exemplo, aqueles eflúvios vitais que estão em excesso, e até,
por uma espécie de endosmose, atrair para si todo o fluido, uma
parte, a externa, estaria à sua disposição imediata? Mas essa é a
verdade. Sim, sou um criminoso; Sim, eu sou um assassino; por
quarenta anos eu prossigo, novo Eson, para um rejuvenescimento
perpétuo de mim mesmo. Sim, eu matei crianças, mas não como os
ignorantes poderiam acreditar, ou como Jean-Henri Cohausen tinha
inventado loucamente, em seu Hermippus redivivus, absorver o ar
que escapa dos pulmões da criança, ou mesmo, à maneira dos
lendários Vudoklaks, sugando seu sangue... Não atraindo para mim
o fluido vital que escapa em excesso de todo o seu organismo.
"Ah? Se eu tivesse tido a coragem de deixar por isso mesmo! Mas,
confesso, não há embriaguez mais profunda, mais atraente, mais
loucamente feliz do que isso! Quando nos membros resfriados
penetra este fluido quente e revigorante; Quando é realizado,
penetrando nos poros, rastejando em todos os órgãos, é o prazer
inédito, inteiro e absoluto!... É a sensação da ressurreição, se um
cadáver pudesse renascer...
"E sempre eu gritava para mim mesmo: 'Pare, mas pare então!' e
sempre todo o meu ser continuava a beber esses aromas... E eu
estava matando! E eu estava assassinando!... retendo para todos os
remorsos apenas uma sede insaciável!
"Pelos dedos, pelo olhar, "ah! Pelo look especialmente! — exerce-
se esta atracção, que dá à vítima uma sensação de autoabandono,
não dolorosa, mas deliciosamente inebriante!...
"Ele estava falando! Ele sempre falava, o velho miserável, tendo
em sua voz, em seu gesto, em seus olhos, a voluptuosidade de um
espasmo!... 502 | 693]
Este é o vampirismo antecipado, verdadeiramente prático, aquele
que perpetua a vida e não a morte. Alguns feiticeiros transmitiram o
segredo, como evidenciado pelas tradições, vestido de forma vaga e
fantástica de propósito, coletado por Cohausen, o autor citado por
Lermina503. A hipótese [694] dramaticamente historicizada no Elixir
da Vida não tem mais nada que choque a mente, desde que não
seja levada ao extremo; e não surpreenderemos ninguém ao afirmar
que a tais práticas não se limita o que um mago negro pode
perpetrar, nesta ordem de magnetismo oculto.
Mas de volta às coisas da morte e da imortalidade.
Anteriormente, ao exaltar o culto aos antepassados, cujos ritos
respondiam esotericamente aos mistérios mais profundos do
santuário, deixamos de insistir no famoso e complexo problema da
Necromancia. É porque indiretamente já abordamos essa questão
de vários lados, e que nos reservamos o direito de fixar aqui os
termos com sobriedade. [695]
Não se espera que enumeremos todos os ritos e processos
evocativos que estão em uso hoje ou estavam em outros tempos,
citamos vários deles e até descrevemos alguns neste trabalho.
Quanto ao excedente, é suficiente, e a Chave da Magia Negra não
pode ser um ritual. Explicamos, não prescrevemos... O que é
necromancia? Onde vão parar as suas práticas?
Geralmente é definido como a arte de evocar os mortos: um
enorme mal-entendido reside nessa fórmula equívoca.
Os mortos! De fato, o que queremos dizer com isso? Vimos que o
ser psíquico, despojado de seu organismo, se desintegra mais ou
menos rapidamente. Elementar, ela ainda agrupa em si todos os
princípios que sobrevivem ao seu corpo; mas, depois de uma estada
variável no abismo de Hécate, a alma real, sede da verdadeira
personalidade, rejeitando o lastro impuro da falsa personalidade,
unirá na Antichtone (ou terra espiritual) os anciãos de sua raça. A
partir de então, permanece, na atmosfera do planeta, apenas a
Sombra, ou o astral permanece eliminado, presa da lenta e
progressiva desintegração; pois o espectro fosforescente da
vitalidade inferior, que não se afasta do cadáver da carne, já se
dissolveu com ele.
Em que consistirão os mortos , que a arte do necromante se
orgulha de evocar? — A alma antictônica responde às evocações?
Raramente. [696] — Pode o Elementar manifestar-se? Às vezes. —
A Sombra da Reação pode aparecer? Raramente.
Mas, como de costume como experimentos de necromancia, os
seres que ocorrem são perfeitamente estranhos à raça humana.
Nem sempre foi assim. As condições não são o que costumavam
ser. Uma reserva é necessária em relação a uma Necromancia,
costumeira dos sacerdotes do velho mundo, e que poderia ser
descrita como ortodoxa, porque se baseava na gnose hierárquica
dos estágios póstumos, e era parte integrante da síntese científica e
religiosa que casou a terra com o Céu. Nomeamos o culto
ancestral...
Nas religiões unitárias, um vínculo constantemente tenso, do lugar
ao reverso da substância cosmogônica, ligava o luminoso
Antichtone à terra da provação e da objetividade. As comunicações
eram normais e fáceis na época, que agora são estabelecidas
apenas em uma base excepcional, e pelo esforço de algumas
iniciativas isoladas. Quando evocado não manifestava sua presença
real, pelo menos ele podia, graças à simpática cadeia intermediária,
florescer sua glória em uma forma de empréstimo, – imagem astral
vitalizada por ele, e sempre dócil ao magnetismo de sua vontade
distante.
Conservaram-se hoje tais relações teúrgicas entre os povos do
Oriente que, como hindus e chineses, conservaram piedosamente a
tradição [697] da antiga Aliança, e que praticam ritos ancestrais com
um religioso escrupuloso? "Não podemos dizer. Nesses países
asiáticos, o esoterismo vivo do dogma e do culto é perpetuado à
sombra de fraternidades adeptas, e não há dúvida de que a cadeia
de comunhão intercósmica não funciona para esses iniciados. Mas
nas casas de família, onde o altar evocativo dos antepassados
originalmente estava, é difícil avaliar até que ponto a superstição e a
rotina podem ter comprometido a eficácia de sua adoração.
Lá, pelo menos, se o elo taumatúrgico se afrouxou, ele não está
quebrado. A letra morta é como a cinza que cobre brasas ardentes e
a esconde sem extingui-la: um punhado de galhos e uma lufada de
ar seriam suficientes para ressuscitar a chama viva, para liberá-la
esvoaçando do lado de fora... Este é o caso das religiões de
essência esotérica, não exceto, mesmo as mais atoladas na
materialização dos símbolos: sob a sua casca está o espírito, que
esta pilha literal não sufocou. Onde quer que o sacerdócio oficial
consagre o culto dos mortos, a virtude sugestiva e milagrosa pode
muito bem ter desaparecido dos ritos degenerados, mas a
comunhão de amor dos vivos e dos mortos não deixou de ser
providencialmente garantida. Mesmo na ausência de consagração
religiosa, toda a solidariedade não seria abolida: restariam os Seres
coletivos, aquelas sínteses humanas, que, abrangendo em sua
unidade as almas e as do alto, ainda serviriam, como hífens finais,
da terra ao céu. [698]
Mas entre essas necessidades, obscuras e latentes, e as relações
manifestas, luminosas e livres que a Alta Magia dos sacerdócios
unitários proporcionou de um mundo para outro, brilha o mesmo
contraste que opõe o Inconsciente ao Consciente, o instinto à
inteligência.
A maravilha evocativa dos templos antigos não se limitou a uma
transfiguração da arte neoromântica, sob o pretexto de cerimônias
ancestrais. A previsão dos seus Magos precedeu a encarnação das
almas: eles conjuraram e fizeram falar os Invisíveis, das
profundezas do limbo esperando a existência, antes da provação
terrena; como, depois do julgamento, eles ainda questionavam as
almas emancipadas e as forçavam a responder, do próprio coração
do Céu reconquistado. Assim, o nascimento e a morte entregaram
alternadamente a esses previlegés do conhecimento humano os
mistérios do futuro e os do passado. Através das duas saídas da
existência, através do aparente caos que circunda os mundos
materiais, os Magos tinham sido capazes de desvendar e agarrar a
corrente de ouro da qual Homero fala, a cadeia de efeitos e causas!
Se o pensamento do Leitor nos seguiu, atentamente, no limiar das
duas portas do nascimento e da morte, é sob o aspecto simbólico de
um fluxo e refluxo desenfreado, que ele deve ter percebido as duas
correntes das almas (inversamente análogas) da geração física e da
emancipação espiritual. Que tumulto tumultuado! E se
acrescentarmos ao quadro a evocação do grande rio astral, que,
[699] como a serpente OÚrobÒroj, circunda o planeta e, ligando o
cone da sombra herébica ao caminho luminoso de Iônah, rola em
suas ondas torrenciais, (meia-escuridão e esplendor), as
expectativas de nascimento e os retardatários da imortalidade: não
obtemos o próprio padrão do caos?... No entanto, essa confusão é
apenas ilusória, e nós fizemos o nosso pensamento muito mal, se
pudéssemos estar enganados por um momento: através deste
labirinto em movimento, de fato funciona um dinamismo admirável,
regulado por leis inflexíveis e justas.
Este espetáculo ideal tem dois aspectos. Visto de baixo, sob a
aparência desordenada da Natureza fatídica, evoca a imagem de
um turbilhão gerado pelo choque de duas torrentes; — mas
abraçado do alto, sob o ponto de vista harmônico da Natureza
providencial e restauradora, o mesmo espetáculo traz à mente a
visão emblemática de Betel: Jacó viu em um sonho uma escada
colossal, que se erguia da terra e cujos degraus supremos se
perdiam na altura dos céus; escada dupla, onde da esquerda e da
direita, paralelamente, ele viu os anjos do Senhor descerem e
subirem!...
Tais são as sublimes realidades contempladas, praticadas e, até
certo ponto, governadas pelos sacerdócios do esoterismo integral,
enquanto a Unidade ainda triunfava em sua tríplice afirmação,
intuitiva, experimental e dogmática. O antagonismo (aquele verme
roedor) ainda não se insinuara no belo [700] fruto do Conhecimento:
sob a diversidade de simbolismos externos, a alma oculta irradiava
sua luz íntima, imparável e imutável. A síntese foi feita; a Aliança
reinou...
É concebível que tais harmonias favoreçam as possíveis relações
de um plano para outro, aquelas em particular do Antichtone para a
terra, e vice-versa. Não nos surpreendamos com o culto aos
antepassados; Naqueles tempos que marcaram o seu florescimento
e a sua maior fortuna, mostrou-se mais fértil nas taumaturgias do
que nos dias de hoje, onde, petrificado na materialização dos seus
dogmas e na degeneração dos seus ritos, parece irreconhecível.
O esoterismo integral incluía obras das quais apenas a memória
permanece, nos arquivos secretos dos sacerdócios degenerados.
Houve um tempo em que as mãos papais dispensavam
maravilhas, que logo seriam concedidas apenas às iniciativas
ousadas dos adeptos excepcionais, e ainda à santa violência da fé
solitária ou cenobítica. Os sacerdotes não oficiavam apenas no
altar: operavam...
O comércio desse homem com almas vitoriosas e até mesmo
restabelecidas foi então hierarquicamente mantido e
sacerdotalmente garantido; que frequentemente mensagens,
admonitores, vozes augurais, até aparições de Antepassados
trazem aos órfãos da terra as marcas da solicitude paterna além do
sepulcro, aos cativos os testemunhos de libertação, aos
predestinados da morte a sanção da imortalidade: isso não é
duvidoso. Mas o que era a regra de séculos de harmonia e síntese
hierárquica não é o das eras da anarquia espiritual e do
antagonismo.
Tais resultados praticáveis não estão mais abertos desde a ruína
da Unidade e, para falar como os Cabalistas, desde o advento do
Binário impuro. As portas do nascimento e da morte, que se
prestavam complacentemente às relações excepcionais entre os
dois mundos, já nem sequer desempenham o seu ofício ordinário
com a regularidade do passado: pelo menos as funções normais da
encarnação e do êxodo póstumo já não funcionam sem alguma
perturbação, à passagem do impasse. Eles sofreram as
consequências do desastre.
Se nos perguntassem como tais distúrbios nos parecem ser
atribuíveis ao colapso da unidade científica e religiosa aqui na terra,
a resposta seria fácil. Basta mencionar, como consequência dessa
ruptura, a abolição dos santuários femininos, onde aos jovens
iniciados foi mostrada a arte de arrancar o Amor de sua venda e
corrigir, pelo chamado da Vontade consciente (e com a ajuda da
Providência) a seleção fatídica que as almas fazem, em busca de
progenitores em conformidade com suas respectivas disposições:
Era uma licença concedida às mães, para evocar a vida das almas
de sua escolha. Quanto às coisas da morte, a psichurgia póstuma
(precedida, como [702] diz energicamente SaintYves504, pelo
tratamento da agonia), teve o resultado de proteger o emigrante
contra os perigos da estrada. O que resta de todos esses ritos
efetivos da primitiva Religião-Sabedoria?... De há muito tempo, os
mistérios inseparáveis do amor, do nascimento e da morte, não são
mais suspeitos.
Portanto, é apropriado relegar de lado as antigas maravilhas do
culto aos antepassados. Seu esplendor quemúrgico pertence ao
passado...
Atualmente, as práticas de Necromancia fazem parte da Magia
Negra.
Ou o operador realiza, como o rei de Ítaca, 505 sacrifícios de
sangue; ou procede com a assistência de um médium, à maneira
dos espiritualistas contemporâneos; A evocação dos mortos
denuncia uma obra de trevas. Além disso, o empreendimento do
magiste, que, consciente dos mistérios, se esforça, com a melhor fé
de seu coração, para galvanizar o cerimonial de um culto abolido, é
uma tentativa, se não suspeita, pelo menos imprudente. Já
explicámos este ponto noutra parte; Parece supérfluo voltar a ela.
Mas, além das almas glorificadas, tão habitualmente resistentes ao
chamado do necromante, passemos por uma revisão sumária dos
seres que suportam o peso das manifestações. [703]
Escusado será dizer que primeiro descartamos alucinações
puramente subjetivas, cujo critério real, que incidentalmente
constitui um trabalho perigoso, consiste no teste de pontos
metálicos506.
Os fenômenos apresentam alguma realidade objetiva? — Nove
vezes em cada dez, elas procederão de larvas modeladas nos
moldes do pensamento humano, ou de elementais mistificadores e
multiformes, ou finalmente imagens astrais, atraídas e movidas pela
vontade, conscientes ou não. — Se a operação for realizada na
esfera magnética de um ser coletivo, todos os Lemures podem
aparecer, que evoluem em sua alma em movimento, ou que se
apressam para o circuito da cadeia simpática da qual é o reitor da
Egrégora. Pode acontecer, mas raramente, que os Elementais do
cone das sombras ou os malignos Daimons do Astral inferior,
tornando-se visíveis, manifestem uma personalidade original e uma
vontade própria; mas, quer tenham evocado conscientemente pelo
que são, responderam ao verbo do desejo ou da vontade humana,
ou se se apresentarem como uma mentira, sob o disfarce de alguma
outra alma relutante ao chamado, o Evocador e o médium correrão
os mais graves riscos. Infinitamente ávidos de objectividade, estes
tipos de Invisíveis ligam-se à pessoa que teve a má sorte de os
atrair para a sua atmosfera: voltam a beber constantemente na
fonte, mediática ou sangrenta, que uma vez os regou; E se a fonte
de sangue ou fluido parece ter secado, eles não terão problemas
para reabri-la...
Em certos casos excepcionais, os seres vivos, deixando o corpo
astral, podem ser consagrados no nimbus de um bom meio
materializador507. [705]
Finalmente, a Sombra de um falecido, sua casca astral moribunda
provavelmente aparecerá; reagiu por um tempo pela vontade do
evocativo, nutrida pela força psíquica do médium, esforçando-se
pelo desejo e amor da assistência unânime, a Sombra se
apresentará como um pálido reflexo da pessoa de quem tem sido o
envelope sideral. — Quanto ao fantasma eletrovital, fosforescência
vagamente em conformidade com a silhueta humana, Ele mostra-
se, por acaso, nas proximidades de uma sepultura, os [706]
primeiros dias após o enterro de um restos carnais: mas ele não
pode se afastar dela. Esse espectro é, além disso, perfeitamente
incapaz de manifestar o menor reflexo do intelecto ou da memória,
nem mesmo o instinto. É um conjunto inerte de moléculas, emitindo
um brilho pálido...
Finalmente, alguma alma celestial foi vista, em circunstâncias de
grande raridade; com uma missão temporária, – assumida ou aceita
– escolher um médium, a cuja pessoa esta alma permanece ligada,
durante o seu período de manifestação. Mas esse mistério não tem
mais nada em comum com a Necromancia.
Talvez nosso público esperasse encontrar neste capítulo
comentários sobre o problema da Metempsicose, tão famosa no
esplendor místico da antiguidade. Mas concordamos, esses arcanos
são de responsabilidade exclusiva de nossos terceiros Setenta.
Talvez até nos antecipássemos, insistindo, como fizemos, na vida
póstuma do que sobrevive ao animal humano, ou seja, o ser
psíquico emancipado do orbe terreno. Pelo menos foi uma invasão
necessária, e de acordo com o espírito deste capítulo.
A doutrina órfica e pitagórica da jornada cósmica das almas foi,
como a expusemos, a base do ensino oculto em todos os santuários
do velho mundo. Examinemos os emblemas mitológicos das nações
[707] e reconheceremos a universalidade desta doutrina, imutável
apesar das muitas fabulações que serviram de véus.
No início da era cristã, este dogma fundamental foi introduzido,
com a Gnose, no esoterismo medular da nova Religião.
Infelizmente, as revelações indiscretas do gnosticismo, as suas
desordens eruditas, as suas escandalosas orgias de espiritualidade
fizeram-no proibir e repudiar in toto e em todas as suas formas,
enquanto só era apropriado fazer uma selecção criteriosa, neste rico
tesouro de elementos heterogéneos.
Que magnífico manto poderia a Igreja esculpir para os seus
hierofantes, no precioso pano dos mistérios da bondade?
Os gnósticos tinham sentido isso. Seu primeiro erro foi confundir
sincretismo eclético com síntese unitária. Seu segundo erro foi
multiplicar as formas simbólicas da Verdade e abrir, em detrimento
da grande Assembleia, muitas pequenas capelas. — Sua terceira
falha (um crime de luz!) foi revelar, em frente ao templo, o que
permaneceria secreto nas criptas iniciáticas do santuário.
Os gnósticos foram condenados: tinham de o fazer; o ser. Mas,
com o joio, a Igreja Romana rejeitou o trigo puro...
Sob o pretexto da purificação, o catolicismo empobreceu;
poderíamos dizer que ele se arruinou a si mesmo, no entanto,
quando chegar a hora da Providência, que a Igreja questione o
espírito dos seus dogmas vulgarizados [708], e o seu esoterismo lhe
será devolvido. A reserva de riquezas espirituais a que ela
renunciou ainda existe, enterrada sob os escombros da letra morta.
Viena, oh! venha o Pontífice imortal que desenterrará o tesouro!
As heresias dos primeiros séculos consistiam em adaptações mais
ou menos felizes, mais ou menos oportunas do antigo ocultismo
renovado. Tomaremos emprestado um exemplo da notável doutrina
de um grande mago cristão, cujos erros deploramos, enquanto
magnificávamos sua ciência e virtudes.508
Ao mesmo tempo, voltaremos ao nosso tema. O erudito heresiarca
Manès, ou Manichée, alimentado pelas tradições mais secretas dos
templos, parece-nos muito revelador sobre a questão da jornada
cósmica das almas. O seu génio austero e poderoso revestiu estes
altos arcanos de um simbolismo inesquecível [709], na sua
estranheza simples e grandiosa. Ele os golpeou em sua forma com
um selo indelével... Os oponentes do hierofante, obstinados em
tomar todos os seus dogmas literalmente, não tiveram dificuldade
em trazer à tona sua extravagância, como noções positivas509; Mas
o esotérico, que os estuda como símbolos, admirará sua
profundidade lúcida: pois são de grande ciência e beleza.
É assim que Manes representa o ciclo do zodíaco sob a figura de
uma imensa roda, na circunferência da qual estão suspensos doze
vasos, cheios de almas viventes. À medida que a roda gira, elas se
esvaziam umas nas outras: assim, as almas giram em torno do ciclo
universal. É a máquina da salvação. A melhor epígrafe para este
pentáculo está em uma bela palavra de Jean Reynaud: "Lembro-me
de ter praticado o Universo por um longo tempo..."
Continuemos, sem comentários, a exposição dos emblemas de
Manès. Seus contemporâneos, Arquelau em particular, e São
Epifânio, os interpretaram com a mão esquerda; eles até jogaram
alguma bagunça em sua suíte normal; Mas não importa. Eis (quanto
ao objeto que nos diz respeito) o resumo essencial do simbolismo
maniqueísta: — É pela virtude de Cristo, tipo e síntese da
humanidade, que as almas são regeneradas, poluídas durante a sua
permanência no corpo. — Cristo é [710] Amor e Sabedoria:
Sabedoria. de Cristo concentra-se na lua, e a sua Virtude (ou Amor)
no sol. — Estas grandes estrelas510 são dois navios que navegam
pelo éter sem limites: a lua está cheia de água sutil e translúcida; Do
sol irradia um fogo muito puro. São como dois banhos, onde as
almas se revezarão despojando-se das máculas terrenas511.
Eles primeiro habitarão na lua, para serem amamentados pela
água (Udw, unda, mundus) e pela Sabedoria (ou gnose da
Verdade); depois no sol, onde serão purificados pelo fogo (pàr
purus) e pelo Amor (virtude essencial de Cristo).
— A nave selênica (barca de Ísis) recebe todas as almas que se
levantam da terra; ela gradualmente se enche de sua substância
etérea. — Quando está cheio de almas, a lua as descarrega no sol;
Então ele se enche novamente e se esvazia novamente do precioso
licor. — A plenitude do seu disco é um sinal de que está cheio de
almas passageiras; depois que o Sol recebeu a entrega, a Lua, em
seu primeiro trimestre; apresenta apenas o perfil de um barco
egípcio: um fraco crescente prateado. Assim, no sistema de fases,
da lua, está inscrito o hieróglifo de sua função providencial.
— O sol é o paraíso do nosso sistema planetário [711]... Mas o
estado mental glorificado na cidade solar representa o último termo
da evolução adâmica? Tanto para isso. "Do sol", ensina Manes, "as
almas serão transferidas para o ar perfeito ou para o pilar de luz e
glória, que não é outro senão a Via Láctea. Esta estadia, a pátria
original das almas, é o seu Céu perdido e recuperado...
Esta é a doutrina do Sonho de Cipião: Não está formalmente
declarado que as almas, que deixaram o caminho do leite, serão
reintegradas lá um dia? "Hinc profecti (animi) huc revertuntur."
Esta é, além disso, a figura universalmente recebida, nos templos
da antiguidade, para nos fazer prever os destinos finais do homem,
no seio da Unidade reconquistada. O Sonho de Cipião apenas
resume as noções unânimes a esse respeito.
Uma analogia impressionante e significativa deve ser notada, entre
essas doutrinas formuladas em Roma e as dos filósofos gauleses,
que seus colegas romanos prontamente descreveram como
bárbaros. No sistema dos bardos druídicos, as almas humanas,
purificadas por sucessivas transmigrações, acabam na Via Láctea,
que esses mistagogos chamam de cidade de Gwyon (a cidade do
homem arquetípico). — Esta é Adamah de Moisés, a pátria celestial
da Unidade, em sua localização simbólica.
Embora não nos caiba abordar neste volume o mistério da
reintegração definitiva,[712] de que falaremos no volume III,
quisemos fixar neste ponto com uma canetada a doutrina esotérica
dos santuários. Baseamos essa doutrina na identidade dos
emblemas que a expressavam: pois obteremos a mesma resposta,
quer vamos à Pérsia para questionar Manes, herdeiro cristão de
Zoroastro e Pitágoras renovado, ou que nas profundezas das
florestas da Gália e da Bretanha, ouvimos a voz distante dos
druidas, esses intérpretes inspirados no velho gênio do Ocidente.
[712] [711]
C
438 Como resultado das alterações que os cartereiros desajeitados submeteram a
certos tarôs, pode-se confundir a colheita humana que germina do solo, com os
detritos da carnificina. Um erro é muito possível no primeiro exame. No entanto,
para consultar a maioria das edições de usuários, a de Marselha, entre outras, o
pé esquerdo do esqueleto esmaga ao passar a cabeça da mulher; A cabeça do
homem coroado, que sua foice acabou de atirar, está deitada em sua bochecha
esquerda. Originalmente, não há dúvida de que mãos e pés cresceram do chão,
enquanto as cabeças se espalhavam pelo chão, cortadas pela foice do Skeleton
Time.
439 Gênesis, cap. IV, v. 24.
440 História Filosófica da Raça Humana, Volume II, p. 90.
441 Cf. esta tradição com a nossa teoria dos seres coletivos, no capítulo III: a
aproximação não será estéril.
442 A palma do martírio é, de fato, o cetro de uma realeza póstuma; Mas são
necessárias mãos puras para tocá-lo. Um exemplo notável de eventos atuais nos é
oferecido pela Escola de Anarquistas Militantes. Sua "propaganda pelo fato"
continua sendo um crime, e de qualquer heroísmo que seja então testemunhado
por sua atitude diante do cutelo, eles se lisonjeariam em vão para imortalizar seu
dogma subversivo sacando-o no cadafalso. É que eles deram a morte, antes de
recebê-la. Nosso erudito amigo Papus explicou muito bem como o Karma os
sobrecarrega com um fardo que deve paralisar sua ação do além-túmulo.
443 Daquele dia em diante, Joana d'Arc não passou de um soldado heroico. Seu
mandato celestial estava desatualizado.
444 Devaneios de um pagão místico, de Louis Ménard. Paris, Lemerre, 1886, in-12, p.
76-77.
445 Cf. o Prefácio desta Chave da Magia Negra, pp. 59-69.
446 Rêveries d'Un païen mystique, p. 77-78, passim. Almas Nunca, Sr. Ménard, os
fisiologistas do positivismo "permitirão" tal terminologia. O que estou dizendo? Eles
nunca vão perdoá-lo. "Almas?" Onde você viu, por favor? Sob a lente de qual
microscópio?... Como? É você, um cientista imbuído de nossos métodos modernos
e "nutrido pela medula dos leões", é você quem emitiu esse termo insalubre? Mas
você seria um renegado, se você não fosse um fantasioso, um sonhador, um
místico, um poeta, e vamos dizer isso imediatamente: um ARTISTA! Esta é a
palavra que vos absolve e vos condena sem apelação; Você não é sério. Você
não concordou com a boa graça, quando você chamou suas ilusões: Devaneios de
um pagão místico? "Devaneio místico", você é julgado aos olhos da ciência
positiva e da filosofia sã: (você que deu tão belas esperanças, você o inventor do
colódio!... Em quem confiar agora?) "Pagão"! Então tudo bem! Os católicos
indignados farão coro com os estudiosos sem alma e os filósofos ímpios, para
repreendê-los e amaldiçoá-los. Ah! Sr. Ménard, se o seu livro profundo e forte não
fosse um desafio, (a manopla lançada contra todo o sectarismo por um cavaleiro
da Tradição), você teria escolhido seu título tolamente o suficiente!...
447 Somente no reino mineral, a lei da individuação é exercida apenas
excepcionalmente e de modo pouco distinto. No reino vegetal, já é muito mais
compreensível, sem ainda se tornar a regra absoluta; É o mesmo para as menores
espécies do reino animal. Mas nas raças superiores da animalidade, como no
reino hominal, cada espécime de uma espécie constitui um ser individual bastante
separado, uma personalidade perfeitamente clara.
448 Esta vida individual, ou vida da alma, é em si mesma quaternária: as três vidas
intelectuais, apaixonadas e sensíveis encontram a sua síntese na vida volitiva,
que constitui a sua unidade tonalizante (ver Fabre d'Olivet).
449 Se fosse uma corrente, como na eletricidade dinâmica, ser-se-ia tentado a
escrever que a vitalidade celular é gerada pela indução. Mas a imagem, mais
marcante de um ponto de vista, seria menos precisa do outro, já que é na verdade
a corrente que falta centralizar todas essas energias dispersas. Da mesma forma,
se, desviando a visão das analogias que a eletricidade nos oferece, procuramos
outros nas leis que governam a luz, chegamos apenas aproximadamente:
recorremos, dependendo do ponto de vista, aos epítetos de refletidos ou
refratários, para definir o fluido nutritivo das células.
450 Essa vitalidade das células, refletida e passiva, forma, adicionando seus átomos
sutis justapostas, uma fosforescência oculta, inseparável do corpo físico vivo e
perfeitamente distinta do corpo astral que pode, contra, sob certas condições, sair
de seu envelope material. Tenhamos cuidado com esse contraste. Assim, a
vitalidade celular, estática e passiva, nunca se torna abmaterializada, enquanto
durar a existência; Enquanto a forma astral, esta síntese da força nervosa ativa (ou
vida dinâmica do corpo) está sujeita à aglutinação. O primeiro é Jiva dos hindus,
inerente a Rupa (o corpo material); o segundo é Linga Sharira.
451 Ouvimos – sua alma inferior e instintiva.
452 Isso significa que, de uma encarnação material para outra, as almas são
constantemente varridas para longe da deriva dessas ondas ígneas e torrenciais?
Provavelmente não. Existem estrelas etéreas (incluindo várias invisíveis aos
melhores telescópios), corpos celestes que constituem, para cada planeta de
existência opaca, a antítese luminosa, que Platão chama em algum lugar (Fédon)
de Antichtone ou a terra espiritual. É a morada da vida agatho-fluídica, onde as
almas vitoriosas da segunda morte esperam, vestidas de um corpo sutil, para o
teste de uma futura reencarnação em um planeta mais denso. Pois a maioria das
Psiques não é pura o suficiente para ganhar diretamente ao sol, esta morada
abençoada de almas glorificadas, definitivamente salvas do refluxo de gerações.
Os cidadãos de Antichtone certamente não são atraídos para sua estrela pela
atração física: eles podem correr para a luz astral, para ajudar a morte da segunda
morte, como será indicado mais tarde. Mas para que eles habitem
permanentemente na atmosfera fluídica de nossa terra, é necessário que, mortos
ou morrendo para a vida antichtônica, eles mesmos estejam no processo de
encarnação terrestre. É por isso que escrevemos acima: "durante o intervalo de
suas sucessivas existências", e não "de suas sucessivas encarnações".
453 No universo físico, Iônah se manifesta implantando força centrífuga; — Hereb,
opondo-lhe a força centrípeta: daí a gravitação das estrelas e toda a economia do
Equilíbrio Universal.
454 A força letífera (Hereb) também é obviamente inerente à escuridão noturna, já que
a força vivificante (Iônah) está relacionada à radiação do dia. Intuitivos não se
enganam. O conde José de Maistre parece tê-lo sentido com maravilhosa
sagacidade: "O ar noturno", disse ele, "não vale nada para o homem material; Os
animais nos ensinam isso por todos se abrigando para dormir. Nossas doenças
nos ensinam isso por todos os furiosos durante a noite. Por que você manda de
manhã, para o seu amigo doente, perguntar como ele passou a noite, em vez de
você enviar à noite para perguntar como ele passou o dia? Tem que haver algo
ruim na noite." (Les soirées de Saint-Pétersbourg, Paris, 1821, 2. vol. in-8, t. II, p.
82). O missionário Huc detalha as cerimônias bizarras em que os chineses se
envolvem, na esperança de salvar um homem moribundo: elas são mais
frequentemente celebradas à noite, porque é um preceito da doutrina que "a alma
está no costume de aproveitar a escuridão para ir embora". (Cf. O Império Chinês,
do Sr. Huc; Paris, 1857, 2 vol. em 12. — Tomé, II, p. 243).
455 Cf. A Serpente de Gênesis, I, O Templo de Satanás, pp. 228-232.
456 A Chave dos Grandes Mistérios, p. 305.
457 Não dizemos uma palavra sobre cuidados materiais que seja muito óbvia, como
aquecer o corpo, praticar, se possível, a respiração artificial, etc. O trabalho não
está, estritamente falando, no uso de tais adjuvantes: no entanto, eles são tão
necessários, que negligenciá-los perderia tudo.
458 Correspondência de Éliphas Lévi com M. le baron Spédalieri. Mss. inédit, IXe
cahier, p. 23, passim.
459 Não nos oponhamos às grandes peregrinações, aos milagres de Lourdes e La
Salette. — Lá, é a multidão dos fiéis que implorará à Santíssima Virgem: e não o
sacerdote que ordena o milagre e o anuncia antecipadamente em nome do Céu.
Em Lourdes e em santuários similares, o papel do sacerdote limita-se a dizer:
"Rezai, tende fé; fazei brotar dos vossos corações um impulso supremo de
confiança e de amor para a Santíssima Virgem! Talvez você seja respondido,
como muitos já foram." E os milagres, bastante frequentes, são sempre devidos
diretamente aos impulsos coletivos de entusiasmo e resignação mística à Vontade
do Alto. Quanto aos milagres, e especialmente às ressurreições, realizados por
personagens santos, numa irresistível jaculação de caridade e fé, temos o cuidado
de não os contradizer. Exemplo: São Francisco Xavier na Índia. Estas são obras
espontâneas e individuais, de modo algum sacerdotais e ritualizadas; o segredo
permanece entre o próprio Deus e o instrumento humano que Ele escolheu.
460 História das Capelas Pontifícias, p. 477.
461 Toda religião considerada como adoração é, estritamente falando, a adaptação da
Verdade eterna a uma época, a uma raça, a um país; é a sua encarnação de uma
forma mística mais ou menos adequada, gerada em tal ponto de interseção do
Tempo e do Espaço: portanto, relativa e transitória da mesma forma que todas as
coisas ligadas por essas duas condições de existência manifestada. Assim, toda
religião necessariamente se concebe particularmente, no que diz respeito aos
seus símbolos, porque eles variam de um para outro; mas pode ser concebida
universalmente, no que diz respeito ao Espírito imutável que esses símbolos
traduzem. Enquanto a luz interior irradia através dos emblemas do culto, e o
esoterismo imortal, esta alma das religiões, anima as suas formas externas,
podemos falar de religião universal: este é o verdadeiro significado da palavra
católica.
462 Eliphas Levi cita um caso de morte súbita, atribuível à mesma causa do exemplo
escolhido por nós. O êxodo fluídico é obviamente anterior à cessação das funções
vitais. Seja como for, este primeiro termo da alternativa é muito mais raro do que o
outro; (Veja o Chave para os Grandes Mistérios, pp. 137-138).
463 Os hindus chamam o corpo de Rupa ou Sithula-Sharira; o corpo astral, Linga-
Sharira; a alma humana, Manas, e o Espírito puro, Atma. Por subdivisões, –
analíticas e opcionais, alguns diriam arbitrárias, – os seguidores da teosofia
budista obtêm uma constituição septenária do homem, sobre a qual se pode ler
nos intermináveis debates de Lótus, difusos e inconclusivos: unânimes sobre o
princípio de uma classificação septenária, as várias escolas esotéricas da
península não podem concordar inteiramente com os detalhes dos sete elementos,
sua ordem hierárquica ou suas respectivas funções. Em termos de classificação
analítica, a Cabalá nos oferece, além do corpo físico, uma subdivisão dos três
princípios superiores em nove elementos, uma nomenclatura que parece ter lógica
para isso. No entanto, poderíamos, de acordo com o Sr. Sinnett, e sem contradizer
a Cabalá ou o Fabre d'Olivet, estabelecer uma classificação plausível em quatro
entidades e sete elementos, da seguinte forma:
464 Ela mesma vive, como já marcamos várias vezes, três vidas intelectuais, psíquicas
e instintivas (vulgo: espiritual, apaixonada e sensível). A vida psíquica e
intermediária é, por assim dizer, a vida de sua própria substância; em sua vida
intelectual reflete-se a Natureza providencial e naturante; em sua vida instintiva
resume-se a Natureza fatídica e naturalizada. Uma quarta vida, a da própria
Vontade, envolve as outras três, das quais constitui o elo aglutinativo, e realiza a
síntese unitária (Voy. Fabre d'Olivet).
465 Quando os Cabalistas consideram Neschamah como pertencente ao homem
individual, eles não se referem mais ao Espírito puro, mas à inteligência que o
reflete.
466 Ainda assim, poderíamos dizer que o corpo astral é um empréstimo do meio
fluídico ambiente, (esta alma inferior do planeta), e será restaurado a ele
gradualmente, depois de ter, em seguida, a partir de seu divórcio com a alma
individual, desfrutado por mais ou menos muito tempo um vago reflexo da vida, e
uma aparência falsa de personalidade. Mas, falando do ponto de vista terreno, o
corpo astral é, como veremos, parte integrante da personalidade humana.
467 Que sejamos perdoados novamente por uma imagem hedionda e trivial. À medida
que esses crustáceos, lagostas ou caranguejos, extraídos de seu elemento, se
esvaziam com um som de dissolução lenta e gradual, a alma se esvaziará assim...
Terrível e laboriosa desintegração da falsa substância psíquica! Aqueles que,
capazes de perceber as coisas da vida subjetiva, e intuitivos de seus mistérios,
cuidaram do cadáver de um parente ou amigo, entenderão e não rirão... Outros
vão chorar alucinação, hipocondria, loucura. Haverá alguns que nos chamarão de
um mistificador sombrio, um sacrilégio, talvez. Preferimos, considerando todas as
coisas, às primeiras imputações: como nomear essas pessoas presunçosas que
pensam ter aberto os olhos e os ouvidos, onde os outros não tinham sido capazes
de ver ou ouvir? — Concordou-se em chamá-los de loucos.
468 Alguns Mestres querem que o homem despoje a alma instintiva na morte (o que
eles chamam de alma animal, Kama-Rupa dos hindus, condenada, eles afirmam, a
se dissolver em Kama-Loka). Para nós, seguindo o exemplo do Fabre d'Olivet,
consideramos o homem essencial como um princípio de vontade, englobando e
dominando as três vidas intelectuais, psíquicas e instintivas. A alma é, portanto,
ternária e quaternária: evolui pelos mundos, sem rejeitar nada além da casca,
material e fluídica, de suas sucessivas e imperfeitas existências cada vez menos;
Mas gradualmente purifica seus elementos constituintes e sublima-se à medida
que avança. O instinto se tornará intuição; a psique, o amor; inteligência,
espiritualidade. Todas as faculdades secundárias serão transmutadas de forma
semelhante, paralelas às principais.
469 A palavra Larva deve ser entendida aqui em seu sentido mais amplo. Não estamos
inventando a doutrina formulada acima. Todas as Escolas de Esoterismo o
conheceram. Os gnósticos basilidianos até a ensinaram abertamente. São
Clemente de Alexandria acrescentou que o Espírito de Deus separa da alma os
seus apêndices demoníacos, bem como a palha do grão bom. — Cf. Beausobre,
Histoire de Manichéisme, tomo II, p. 22.
470 Essas larvas só se dissolverão, é claro, se seu pai adotivo deixar de mantê-las,
emprestando-lhes subsistência: ver p. 657.
471 "Sua clarividência luminosa permanece atingida pela cegueira pelo hábito dos
olhos; o seu entendimento, da surdez, pelo hábito dos ouvidos..." (Saint-Yves,
Testamento Lyrique, la Mort).
472 Cf. Eliphas Levi, O Grande Arcano da Morte. (Chave para os Grandes Mistérios,
pp. 306-309).
473 Voy, Hiéroclès, Comentários sobre Versos Dourados (passim).
474 Le Testament lyrique, de Alexandre Saint-Yves, p. 384-387.
475 A força psíquica está faltando no elementar humano, por uma razão muito simples.
É que o estado de Elemental é, para dizer a verdade, apenas uma transição entre
duas existências: o corpo material não está mais lá para secretar a força psíquica
sob sua modificação terrena do fluido nervoso; e somente mais tarde, no
Antichtone, um novo corpo, adequado para uma nova existência, elaborará a força
psíquica sob a modificação adequada para a vida etérea. É por isso que, como
regra geral, o Elemental precisa, a fim de se manifestar no plano terreno, do
ministério de um médium. Se, por exceção, ela pode aparecer espontaneamente,
graças a uma proporção significativa de fluido nervoso que preservou de sua
existência material, é como consequência de certos casos de morte súbita, quando
o homem caiu trovejado em seu vigor. Quanto aos daimones malignos – aqueles
Elementais que fizeram da persistência póstuma da falsa personalidade o
sacrifício eterno do verdadeiro – eles se tornam os mestres e iniciadores dos
magos negros aqui na terra, e podem, graças à assistência de seus cúmplices que
vivem na terra, manter provisões constantemente renovadas de força disponível. O
acesso é, portanto, garantido a eles no nível físico, onde eles se tornam livres para
executar, mesmo na ausência de um meio em transe no local de sua
manifestação. Esses seres perversos, sabendo que estão condenados
antecipadamente à destruição total (uma vez que imolaram, Eternidade no
Tempo), não têm preocupação mais séria do que perpetuar, a todo custo, sua
existência egoísta e miserável.
476 É de outro ponto de vista, que nosso diagrama na p. 657, designa o cone da
sombra como o inferno, e as regiões da penumbra como a morada do purgatório:
esta é uma localização, relativa às fases decrescentes da provação póstuma.
477 Voy. cap. II, p. 217-218.
478 Devemos alertar nossos leitores de que esses termos, emprestados do
fenomalismo patente do mundo físico, só podem estar praticamente aqui .
479 O corpo astral, como dissemos em outro lugar (p. 375), realmente existia antes da
concepção do feto; mas, em seu trabalho de edificação orgânica, é incorporado
com a matéria tão íntima, que sua própria substância etérea é profundamente
transmutada e adquire a qualidade terrena: é por isso que, doravante, o corpo
astral não poderá mais se libertar da atração física desse orbe. De acordo com
outra escola, que acreditamos no erro, o corpo astral seria formado somente após
a concepção e paralelo ao corpo físico: seus elementos, portanto, seriam
literalmente emprestados do fluido terreno. É certo que o corpo físico vindouro não
existe em poder imediato na alma, mas no corpo astral. Este último, portanto,
existiria apenas no estado potencial na alma (digamos, na faculdade plástica de
apropriação)? Tal é concebido o estado duas vezes condicional que Fabre d'Olivet
definiu: poder contingente do ser, em um poder do ser. Esse mesmo mistagogo
sustenta que este, no pensamento de Moisés, é o verdadeiro significado do
hierograma whb w wht que tem sido objeto de tanta controvérsia, e que
literalmente passou para a nossa língua, como sinônimo de caos, desordem:
agitação e agitação.
480 Os antigos seguidores distinguiam a mondificação da purificação; isto é, a lavagem
com água, graças à qual se torna mundus (rac. unda, Ûdwr), (com a limpeza pelo
fogo, graças à qual se torna purus (rac. pár). — Cf. Fabre d'Olivet, Langue hébr.
rest., tomo II, p. 208. A mondificação é superficial, por assim dizer; a água
dissolve a impureza externa; — a purificação é profunda: o fogo devora as
impurezas no próprio coração das substâncias submetidas à sua ação. A lua,
emblema da água, era considerada a deusa da mondificação ou lavagem ao ar
livre. Sua influência despoja a alma de seu corpo astral; Mas ainda mantém, em
sua faculdade plástica, o estigma de repercussão das impurezas contraídas
durante a existência terrena. Além disso, depois de uma estadia feliz no planeta
etéreo que Platão chama de Antichtone, ou contra-terra, ou terra espiritual, a alma
simplesmente mundana passará por um novo teste reencarnando, seja na terra,
como a escola hindu quer, ou em outro planeta, e em melhores condições, como a
maioria dos seguidores ocidentais ensina. Para purificar a substância íntima da
alma, ela fará a prova de fogo, da qual o sol é o emblema: só então, — a
faculdade plástica absolutamente deteriorada de toda mácula interna — a alma
não oferecerá mais aperto às torrentes de gerações; Mas agora glorioso, poderá
saborear na cidadela solar as alegrias da comunhão universal dos eleitos.
481 O Akasa dos hindus é o éter puro, a luz da glória.
482 A Missão dos Judeus, pp. 371-372.
483 Quando a morte atinge o homem durante a noite, a ação selênica se desenrola
sobre o cadáver com maior intensidade; e se a alma consegue quebrar sua
corrente antes do nascer do sol, ela é "toda entregue" ao campo de Proserpina,
onde a segunda morte a espera.
484 Talvez o branco seja a cor das vestes papais, para implicar que o vigário de Jesus
Cristo é sua imagem e reflexo na terra escura, como a lua é a imagem noturna do
sol, e sua claridade branca um pálido reflexo da estrela gloriosa?
485 A analogia seria mais precisa, o que homologaria o estado póstumo da alma com
o que ela experimentou no intervalo de sua queda à sua encarnação (Voy. pp. 517
e ss.).
486 Não ignoramos que a vontade do indivíduo consciente, quando é exercida nas
esferas de sua inteligência ou compreensão, não é mais assim quando age dentro
dos limites de sua psique apaixonada ou no domínio de seu instinto. Agora, o
Poder que comanda sobre o corpo astral, e através dele, sobre o sistema
ganglionar e suas reservas de força nervosa, é a vontade inconsciente, isto é, que
quer em nós sem que estejamos conscientes de querer, e deixa de querer em nós,
sem que saibamos que não queremos mais. A arte de levar a luz para esta porção
escura da vontade é um dos arcanos mais profundos da magia. Dissemos algo
sobre isso, mas em termos discretos, no Capítulo IV deste livro.
487 A disputa durou cem anos, entre os herdeiros espirituais de São Domingos e os de
Santo Inácio de Loyola. Foi Bento XIV quem, no século passado, pronunciou a
condenação definitiva do método jesuítico na China.
488 É verdade dizer, além disso, que o positivismo experimental dos hierofantes
conhecia outros critérios além da ciência positiva de nossos médicos
contemporâneos e sabia como abrir um campo mais amplo de observação.
489 "Um espírita encontra outro." O que há de novo, querido amigo, já que tive o
prazer de vê-lo na evocação da Madre Moreau na casa do Padre X?... — Não
muito, exceto que minha tia morreu. Ela está morta? Fantástico! "Meu Deus sim,
morto e sepultado." Ela está indo bem, a propósito?" "Mas perfeitamente;
Obrigado. Ela vem me ver todas as quintas-feiras. "Ah! Este é o seu dia de
recebimento? — Apenas para os mortos; Recebo os vivos na segunda-feira." (O
Siècle, nº 15 de julho de 1853.) Essa protrusão espirituosa de um jornalista
dificilmente é um fardo; Conhecemos espíritas que falam seriamente assim!
490 Pelo hierograma ?pn, Nephesch, Moisés quase sempre quer dizer a alma em sua
natureza tríplice, e em todas as suas operações. (Ver Fabre d'Olivet, Língua
Hebraica Restaurada, Volume II, p. 5153). Mas os Cabalistas entendem de
preferência, por este termo, o corpo astral e o facullté plástico que serve como seu
substrato: em uma palavra, a vida fluídica da alma, em oposição a hWr Rouach,
sua vida apaixonada, e hm?n Neschamah, sua vida espiritual. Este sentido é
precioso de notar, do ponto de vista que nos diz respeito.
491 A Bíblia, nova tradução com o hebraico na frente, por S. Cahen, Diretor da Escola
Judaica de Paris, etc. Paris, 1832, in-8, tomo III, p. 89.
492 Olomouc, 1706, in-8.
493 Paris, 1751, 2 vol. em 12.
494 Pausânias, citado por M. de Mirville (Des Esprits et de leurs manifestations
diverses, tomo IV, p. 392), menciona um artigo da legislação dos cretenses, que
ordenava "queimar os cadáveres que saíam de seus túmulos para retornar às suas
famílias, ou perfurar suas cabeças com um prego". Assim, não só o vampirismo
era conhecido pelos antigos, mas eles já estavam praticando o remédio usado
desde a Grécia, Morávia, Polônia, Hungria, para parar os estragos do flagelo.
495 Muitas vezes, por extensão, os ocultistas chamam os vampiros de entidades
fluídicas parasitárias que, mais consistentes do que as larvas propriamente ditas,
perpetuam sua existência às custas do indivíduo complacente para alimentá-los.
— É nesse sentido que no Capítulo IV falamos de devorar vampiros (p. 437).
496 Calmeil, de la Folie, Paris, 1845, 2 vol., tomo II, em multa.
497 Ver pp. 595 e ss. — Veja também nossa teoria das Larvas, capítulo II da Chave da
Magia Negra.
498 Dr. Calmeil, de Folie, tomo II, p. 432.
499 Páginas 225-228.
500 Dom Calmet, Traité des apparitions et des vampires, tomo II, p. 211-212.
501 O único detalhe que parece repugnante a esta doutrina é a lama da qual os pés do
cadáver parecem sujos, e que testemunharia o êxodo extra-sepulcral, em carne e
osso. Não arriscaremos a suposição, — implausível no caso em apreço — de uma
transferência por reversibilidade, do fantasma para o cadáver. Mas, além do fato
de que é bem possível, em tais circunstâncias, confundir com lama qualquer outra
mancha, na qual seremos isentos de insistir (a limpeza não era costumeira, então,
especialmente nas Missas Baixas), talvez mencionemos os pés esfregados para
mais admiração, ou mais plausibilidade da hipótese a favor naquele momento. Por
mais que o fato essencial seja imposto, provado como é por tantas testemunhas,
sob a sanção das autoridades locais, parece suposta que a tradição tenha bordado
algum detalhe fantasioso, na tela da história original.
502 L'Iniciação, 2º ano, tomo II, p. 263-265.
503 Hermippus redivivus, ou O triunfo dos sábios sobre a velhice e o túmulo, contendo
um método para prolongar a vida e a saúde do homem, traduzido do inglês, em
homenagem ao Dr. Cohausen, por M. de la Place. — Em Bruxelas, e está em
Paris em Maradan, livreiro, 1789, 2 vol. in-8, retrato. Transcrevemos, como
curiosidade, a receita que pode ser lida no Volume II do Hermippus, pp. 129-130:
"Que uma pequena sala seja preparada bem fechada, e que cinco pequenas
camas sejam estabelecidas lá, cada uma para uma pessoa. Que cinco jovens
virgens sejam obrigadas a dormir nessas cinco camas, isto é, com menos de treze
anos de idade e de boa constituição. Que na primavera do ano, no início de maio,
um buraco seja perfurado na parede desta câmara, e através do qual o pescoço
de uma matras será passado, cujo corpo de gelo será exposto ao frescor do ar
exterior, É fácil conceber que, quando a pequena câmara é preenchida com a
respiração e a matéria respirada por essas jovens virgens, os vapores passarão
continuamente do pescoço das matras para o corpo do vaso, onde, através da
frescura do ar com que está rodeado, se condensarão numa água muito límpida,
isto é, num corante da mais admirável eficiência, e que pode muito justamente ser
chamado de verdadeiro Elixir Vitae..." Esta fórmula de alquimia biológica parece,
admite-se, de um vampirismo bastante inocente. Gostaríamos de acreditar que o
licor resultante é mais revigorante do que apetitoso; Mas sua eficácia como um
elixir da vida ainda precisa ser estabelecida. A fórmula do elixir vital fascinou vários
séculos de pesquisadores, e os discípulos de Hermes dividiram seus laboriosos
esforços entre a busca da pedra filosofal e a busca da medicina universal. Os
antigos seguidores nunca conheceram o elixir da vida, no sentido em que o vulgar
o imagina, segundo as lendas. Nada no mundo pode conferir imortalidade a um
corpo feito de matéria putrescível; ou só pode atrasar sua dissolução, regenerar o
organismo pela luz astral, que concentra suas virtudes no ouro potável dos
espagíricos... A medicina universal operou milagres nas mãos de Paracelso e dos
Rosacruzes, e Cagliostro possuía, se quisermos acreditar em testemunhos
imponentes, um elixir da vida "que instantaneamente restaurou aos velhos o vigor
e a seiva da juventude. Esta composição (diz Eliphas), foi baseada no vinho
Malvasia e foi obtida pela destilação do esperma de certos animais com o suco de
várias plantas. Temos a receita e vamos entender por que temos que mantê-la
escondida." (Dogma da Alta Magia, p. 287). Cf: a História das pessoas que
viveram vários séculos e que rejuvenesceram com o segredo do
rejuvenescimento, tirado de Arnauld de Villeneuve, por M. de Longueville-
Harcouet. — Paris et Bruxelles, 1716, un vol. in-12, frente.
504 Testamento lírico, Morte.
505 Cf., no volume anterior (O Templo de Satanás), pp. 218-221.
506 Voy. cap. II, p. 205-206.
507 Este será um pretexto para transcrevermos, a partir do curioso trabalho do Sr.
Yveling Ram Baud (Força Psíquica), detalhes de grande interesse sobre o Sr.
Eglington, o meio mais extraordinário do nosso tempo. Lembramos que já
introduzimos esse personagem, sobre uma sessão de levitação na corte russa.
(Cf. cap. IV, pp. 468-469). "Este é o caminho a seguir do famoso meio
materializador. Requer acima de tudo, para operar, uma semiescuridão: abaixamos
a chama do gás, até o momento em que chegamos à luz azul, a luz azul .. Os
espectadores sentam-se, e a experiência acontece, não preciso dizer, em qualquer
sala, de modo a remover qualquer ideia de engano, maquinaria ou preparação. Se
o gás não está no apartamento, escurecemos e escurecemos a vivacidade da luz,
rodeada de papel, como fazem os comerciantes de laranja em nosso país, a
lareira de lâmpadas ou velas. "Tendo feito isso, o médium Eglington começa a
entrar, de acordo com a expressão inglesa, em transe; ele vai e vem, anda, fica um
pouco irritado, como dervixes, pisa no local, esfrega e torce as mãos furiosamente;
Então, de repente, ele para, cruza os braços e fica imóvel. "Neste momento, em
várias partes da roupa do meio, aparecem placas luminosas e brancas, que não
podem ser comparadas à fosforescência produzida pelo atrito de um fósforo em
uma parede no escuro, mas sim à 'poeira lunar'. Em seguida, essas placas
luminosas desaparecem para se reunir no peito do sujeito, de onde caem
lentamente em uma toalha de mesa transparente seguindo o corpo, até o chão.
Imagine a pesada fumaça do cigarro, que, uma vez que chega ao chão, venta em
evoluções nubladas, engrossa e sobe, cada vez mais opaca, até o topo da cabeça
do médium. Então ele profere um grito alto, cai duro no chão, em um estado de
catalepsia absoluta, e, em seu lugar, a fumaça luminosa de repente se
materializando, toma a forma de algum ser, ou há muito morto, ou simplesmente
ausente. Essa materialização é completa; O indivíduo cuja imagem vemos é a
mesma, visível para todos: fala, anda, é palpável. Às vezes, a experiência sendo
prolongada, acontece que o meio, sem lugar em movimento, sempre deitado no
chão, se materializa, e aparece por sua vez ao lado do espectro evocado. "Essas
materializações ainda são de duração relativamente longa; A única prova disso é
que um dia M. Tissot viu uma jovem que lhe era querida aparecer na casa de
Eglington, que havia morrido alguns anos antes. Ao vê-la, ele gritou no início: "É
realmente ela! Em seguida, recuperando-se gradualmente, ele acrescentou: "Eu
não acreditava em seu queixo tão pequeno quanto isso. Ele então pegou seus
pincéis, imediatamente esboçou sua imagem, que se dividiu, e atrás da qual
apareceu a de Eglington, cujo retrato ele também fez. Ele questionou seu ex-
amigo, mas não obteve resposta. Somente as mãos da aparição tornaram-se
luminosas, do lado da palma da mão, como se escondesse uma luz pálida. Tudo o
que o pintor conseguiu foi um beijo que a aparição lhe devolveu. Então a mulher
evocou e se materializou, e o médium que a dividia desapareceu enquanto
desaparecia uma bolha de sabão cheia de fumaça de tabaco que estouraria de
repente. (Force psychique, Paris 1889, in-4, p. 6-8).
508 Cf. nosso volume I (o Templo de Salan), pp. 141-142, (em nota de rodapé), e
passim. Tivemos o erro, neste primeiro setenta, de não distinguir suficientemente a
doutrina pura de Manès, daquela que lhe foi atribuída por controvérsias hostis. O
esoterismo de Manes estava errado em alguns pontos; mas a monstruosa doutrina
dos dois Princípios, que se tornou famosa sob o nome de maniqueísmo, é
atribuível apenas aos adversários traiçoeiros que tiraram conclusões falsas dos
ensinamentos do Mestre e aos discípulos tolos que os apoiaram. "Nada está
menos provado", diz Fabre d'Olivet, "que Manès teria de fato admitido dois
Princípios opostos do Bem e do Mal, independente, eterno e detentor de si mesmo
sua própria e absoluta existência..." (Versos dourados de Pitágoras, p. 221).
509 Era ainda mais fácil, ainda mais traiçoeiro, porque a realidade está intimamente
ligada ao Símbolo.
510 Major, — do nosso ponto de vista terreno.
511 No mesmo sentido místico, está escrito que depois de ser batizado pela água, o
cristão deve ser regenerado no fogo e no Espírito Santo.

(SECÇÃO 14)
Temperança (quatorze) = mutações = mudanças = combinações =
Intercâmbios
Magia das Transmutações
Capítulo VII: Magia das Transmutações

Quer se examine a sucessão de aparências, quer se busque a


entidade psíquica através da cadeia de suas manifestações, sempre
se vê as novas formas crescendo no estrume das velhas formas
abolidas. É, portanto, de acordo com a ordem natural e a ordem
espiritual todas juntas, que após a imagem da morte, os
engenhosos autores do Tarô gravam o emblema das transmutações
e metamorfoses.
Este é o significado principal da décima quarta figura, que, como
resultado de um erro óbvio, carrega esta menção defeituosa,
perpetuada de desenho em desenho: Temperança.
Uma figura celestial está de pé, asas meio abertas: o sorriso da
eterna placidez floresce seus lábios. Em sua testa, como uma joia,
brilha o signo hermético do Sol . [716]
O anjo solar, erguendo com a mão direita uma urna de ouro,
transfere o licor para a urna de prata que ele sustenta a partir da
esquerda512. Seus dois braços, nessa atitude, esboçam com o
peito o décimo quarto hieróglifo do alfabeto hebraico moderno513, a
Freira g.
O emblema sofre de interpretação complexa; Mas o significado
imediato, que se impõe ao primeiro exame, é a identidade da
essência, sob a disparidade de formas sensíveis.
O vaso muda; Mas o licor continua o mesmo.
O vaso é a aparência externa; é o envelope da patente, da
proteína e da matéria múltipla; Este é o corpo transitório. — O licor é
o ser íntimo; é a única e invariável substância, que serve de
portador para toda a matéria; É a alma perene finalmente.
Metamorfoses, ou mutações de formas, são aparentes; elas não
podem de forma alguma alterar a essência. Os modos por si só
variam, [717] externos ou interiores, visíveis ou não: daí o termo
modificação, sinônimo de metamorfose.
Objetar-se-á, no entanto, que, se a essência é uma só, não
precisamos discutir, em nosso prefácio, a geração de essências.
Mas é por extensão que as naturezas dos seres típicos têm sido
chamadas de essências, diferenciadas dentro da alma universal
pelo pensamento criativo. Há, de fato, dois tipos de modificações,
integrais e extremas: essências são apenas modificações internas
da alma universal; como matéria são modificações externas da
substância universal, a única base de todas as coisas, incluindo esta
mesma alma.
O que está acima é como o que está abaixo; o que é oculto, bem
como o que é manifesto. Assim, a única Essência se modaliza
dentro em múltiplas essências, como a Substância se modaliza fora
em matéria múltipla.
Somente o Pai e a Mãe universais – somente Deus e a Natureza
naturante que emana Dele – são eternamente imutáveis em si
mesmos.
Os seres espirituais finitos evoluem, é verdade; eles estão,
portanto, sujeitos, em certo sentido, à lei do Devir; mas eles
possuem a imortalidade como seres; e, consequentemente, eles são
ao mesmo tempo que se tornam. — O mesmo não pode ser dito das
formas materiais, que se passam e se sucedem, sem que nada
reste da matéria que os compõe, depois de ter regressado à
unidade da substância [718]. Formas externas existem, mas não
são.
Toda coisa sensível existe sem ser, e está fundamentalmente
sujeita à lei do Devir; o que equivale a esta fórmula ultrajante de
aspecto: toda coisa sensível consiste em uma aparência de
fantasmagoria mais ou menos duradoura; para chegar a este
corolário: toda metamorfose é, portanto, reduzida à passagem de
um modo ilusório para algum outro modo de ilusão.
A unanimidade das Escolas místicas denunciou as mentiras da
matéria, e logo veremos que esta era também a doutrina dos
alquimistas.
Uma vez estabelecidos esses princípios, não vemos mais nenhum
problema em sacrificar ao vocabulário que prevalece neste mundo
transitório, nem em chamar de reais os objetos que parecem
estáveis, e ilusórios os fenômenos que sua inconstância subtrai do
critério dessa realidade contingente, que o verbo existe. Tal
distinção, no entanto, repousa inteiramente sobre uma diferença de
mais ou menos; isto é, em um contraste de relatividades, que
desaparece diante do absoluto do Ser.
O que, em última análise, é a Ordem Temporal? — Um Devir,
tecido de metamorfoses perpétuas, incluindo um triplo dinamismo
(providencial, volitivo e fatídico) estabelece a sucessão.
Basta dizer que um capítulo, intitulado magia das transmutações,
incluiria o estudo integral do [719] Universo manifestado! Menos
ambiciosos, pretendemos limitar o tema deste discurso à
interpretação mais restrita que pode condizer ao seu título, e limitar-
nos ao breve exame de alguns fenômenos excepcionais da física
secreta, comumente descritos como transmutatórios.
Podemos primeiro distinguir os casos de metamorfose objetiva,
quando a matéria é modificada em si mesma, a ponto de aparecer
a todos sob o aspecto de um novo corpo, como em combinações
químicas, por exemplo; – e aqueles de metamorfose subjetiva,
quando as formas sensíveis do objeto não sendo de forma alguma
alteradas, o fenômeno é reduzido a uma ilusão do sujeito: Esta é a
maravilha do fascínio, que explicamos acima.
Que se observasse que neste último caso não há metamorfose:
seria fácil responder que, uma vez que as próprias formas ditas
reais equivalem a uma ilusão geral e de alguma forma
consolidada514, pode-se ver, como dissemos, entre a transmutação
real e a transmutação imaginária [720], apenas uma diferença da
mais ou menos na ordem do parente.
Mas deixemos esta linguagem transcendental: portanto, entende-
se que falaremos a da vida positiva e costumeira. No entanto, do
ponto de vista das aparências, tudo muda de aspecto; E em nenhum
lugar Contraste é mais óbvio do que reunir transmutações objetivas,
aquelas que existem apenas na imaginação515 do sujeito
"alucinado".
Entre esses dois modos claramente distintos de fenômenos
objetivos e subjetivos, vem um terceiro: o modo misto de
manifestações fluídicas.
Esses fenômenos, que seriam atribuíveis à primeira classe, como
perceptíveis aos sentidos de várias pessoas ao mesmo tempo, ou mesmo de todos os
espectadores presentes, esses fenômenos também apareceriam na segunda, por causa do
caráter não apenas fugaz, mas ambíguo que eles afetam.516

Neste capítulo, examinaremos dois exemplos muito


surpreendentes, reversíveis nesta categoria intermediária:
Licantropia e Palingênese.
Estas são metamorfoses semi-objetivas, fenômenos transitórios da
ordem física; — [721] enquanto a transmutação de metais (que
trataremos em um aviso separado, que terminará este capítulo VII e
o volume II juntos) constitui um fenômeno da ordem química: é uma
metamorfose objetiva, se é que alguma vez houve uma.
Ao abordar esses três problemas, por sua vez, teremos fornecido
exemplos de transmutações nos reinos animal, vegetal e mineral.
O enigma da Licantropia517 não representa um desafio menos
paradoxal ao ceticismo dos modernos do que o enigma congênere
do vampirismo, que é sua contraparte.
Em ambos os casos de bilocação (muitas vezes pseudo-mórfica),
as causas parecem substancialmente semelhantes, assim como os
resultados. A diferença essencial, dizemos em outro lugar, "consiste
precisamente nisto, que o lobisomem, enquanto sua forma astral
vagueia fora, é um feiticeiro vivo que dorme em sua cama; e que o
Vampiro, ao contrário, é um feiticeiro morto que vegeta em seu
túmulo"518" (2).
A analogia é muito notável; ela continua em cada detalhe. Nossos
Leitores, construídos sobre o fenômeno genérico da saída em um
corpo etéreo, que constitui a base operacional e denuncia a
condição primordial dos dois modos de erraticidade assassina que
colocamos em paralelo (a saber: Licantropia, da vida do feiticeiro
[722], e Vampirismo após sua morte), – nossos Leitores notarão a
identidade do objetivo perseguido, a paridade dos meios
implementados, e até mesmo a semelhança das formas externas
que a aparição assume.
É, de fato, em ambos os casos, um roubo de força vital, realizado
pela violência sobre a pessoa de um ser vivo. A consumação do
roubo é facilitada, como vimos519, pelo terror que o espectro inspira
em sua vítima. Este último é finalmente atacado - pelo Lycanthrope
ou pelo Vampiro, - às vezes sob um aspecto humano, às vezes sob
a aparência de um animal selvagem.
Uma perda dinâmica muito perceptível será, para a vítima, a
consequência deste assalto, por vezes assassino na primeira vez, e
que, em qualquer caso, se for renovado, leva ao consumo e à
morte.
O Vampiro às vezes procede por exaustão fluídica e sem derramar
sangue: pessoas boas então dizem que ele sufocou sua presa; às
vezes praticando uma sangria, a fim de beber a matéria hemática:
então corre o boato de que a vítima foi, "sugada". — O lobisomem,
uma vez que se concorda em usar este termo misnomer520 tanto
quanto ridículo, mata igualmente destas duas maneiras: seus
ataques são sangrentos ou não-sangrentos521.
Nem sequer são as falsificações patológicas do Licantropo, que
não combinam com as do Vampiro: os arquivos judiciais atestam
casos comprovados de antropofagia, em tais andarilhos
emboscados em madeira, à procura de caça humana. Lobisomens
reais em carne e osso, a existência desses frenéticos deve ser
alegada, em relação à de outros maníacos, Ghouls, Stryges e
Lamies, - esses abomináveis convidados do sepulcro, mencionados
no capítulo anterior522.
Esses exemplos de vesanias especiais, que bastava generalizar,
serviram aos fisiologistas para reduzir às façanhas monomaníacas
todas as inegáveis aventuras da Licantropia. Isso, eles disseram, é
o que é constante e positivo, no fundo de todas essas "lendas"
populares: um louco furioso ou um idiota feroz, monstruosamente
disfarçado, costurado em uma pele de animal maluco!... Finalmente,
entre as próprias pessoas, "história de lobisomem" tornou-se um
clichê, uma frase proverbial, sinônimo de "conto para dormir em pé".
Devemos ser alegres, não hesitaremos em manter, ao lado da
licantropia natural dos autores antigos, o que eles chamaram de
[724] licantropia diabólica. Para explicar esse fenômeno, não nos
importamos mais com a intervenção dos Amaldiçoados; mas o
fenômeno permanece, e acreditamos na existência do espectro
licantropo, assassino. Aos nossos olhos, os casos de bilocação em
forma animal são casos patológicos, digamos mesmo epidêmicos,
embora as crises tenham sido promovidas por certos processos...
Esta doença oculta e voluntária, a licantropia espectral, parece ter
desaparecido em nosso tempo, como tantas outras epidemias
misteriosas que aterrorizaram a Idade Média e até séculos mais
recentes. Mas suponhamos por um momento que, comprovado por
uma centena de testemunhos, tal fenômeno ocorreu em nossos
dias, perguntamos, em consciência, o que os "homens da arte"
opinariam? — Um homem infeliz acaba de ressuscitar, meio morto
na floresta; Ele afirma ter lutado contra um lobo fantástico... E vinte
pessoas viram o fantasma... — Ataque de hipocondria? Alienação
parcial, provavelmente devido a algum acidente epileptiforme...
Quanto às divagações das pessoas boas que viram o lobo...
Fantasma, o terror deu-lhes o tolo. — A vítima sangrou? Um animal
feroz colocou-o neste estado. — encontrado morto na mata, sem
vestígios de qualquer violência? É ainda mais simples: ela foi
atingida pela apoplexia... E a causa do ataque pode ser adivinhada:
medo, sem dúvida? No país, todas as cabeças tinham sido viradas
de cabeça para baixo, por essas histórias de lobisomens... Não é
assim que alguém [725] raciocinaria, na verdade? Desta forma,
esses senhores, os homens sérios, sempre teriam a última palavra...
O que nos interessa mais particularmente entre os Lycanthropes é,
por um lado, a questão das pomadas especiais e, por outro, os
problemas da metamorfose animal e das repercussões traumáticas.
Jean de Nynauld, doutor em medicina no início do século XVII,
curiosamente pesquisou a natureza das pomadas alucinatórias, do
ponto de vista da licantropia e do transporte para o sábado. Demos
em uma nota de rodapé, (pp. 172-174) um resumo de seu panfleto
muito raro e singular. Será lembrado que ele descreve três
pomadas: porque a droga muda de acordo com se o feiticeiro deseja
se deliciar com o ar em seu aspecto natural, ou para executar os
chifres em forma animal. Nynauld distingue cuidadosamente a
composição dessas pomadas, que ele diligentemente perguntou.
Com relação ao sábado, nosso leitor está ciente de que havia
muitas maneiras de assisti-lo. Os feiticeiros podiam ir lá fisicamente,
como em um compromisso comum; eles poderiam se transportar
para lá por veículo astral; Eles poderiam evocar as cenas em sua
imaginação...
O primeiro modo, o mais simples de todos, dispensava recorrer à
virtude mágica de qualquer droga; mas os outros dois exigiam que o
mago se colocasse em uma segunda condição, em favor de um
legítimo [726] eleitorado ou pomada. Nynauld especifica as
substâncias integradoras das duas pomadas, o que permitiu àquele
que havia untado a si mesmo, ou evocar no espelho de seu diáfano
as cenas da tragicomédia infernal, ou ir pessoalmente ao referido
espetáculo; — contudo, o Diabo tinha na cama dos ausentes uma
aparência de corpo em todas as coisas semelhantes às suas, de
modo que ninguém no mundo, nem mesmo marido ou mulher,
pudesse suspeitar da escapada. Esta é pelo menos a hipótese da
boa demonografia, que reluta em assumir a bilocação.
Finalmente, Nynauld revela uma terceira pomada, especialmente
destinada a lobisomens. Aqueles que se esfregam contra eles,
imaginando-se metamorfoseados em feras, correm a floresta de
forma quadrúpede, atacam transeuntes, estrangula-os, sugam-nos
ou devoram-nos. É por uma ilusão satânica em dupla parte, –
objetiva e subjetiva, – que este Doutor explica o caso das bruxas
licantrópicas, ou melhor, dos licóginos:
"Pois primeiro (ele diz) seus sentidos internos são enganados com
impressões violentas da mesma figura, e são até mesmo movidos
com fúria, que naturalmente os excitam tais pomadas e poções, de
modo que eles se acham realmente estúpidos, andam de quatro,
usando as mãos em vez de pés dianteiros. Finalmente, estando
assim arranjado, o Diabo os envolve com um ar engrossado, que
exteriormente representa para todos os espectadores a forma de um
lobo, e assim carrega [727] a Bruxa nesta forma por colinas e vales.
523
Ele estava curioso para saber a opinião de nosso autor, por mais
grosseira que parecesse hoje; pois, de todas as teorias propostas
por seus contemporâneos para explicar o Lobisomem, a do médico
Nynauld ainda é a menos chocante.

Foi no século XIX que Eliphas Levi trouxe pela primeira vez o
problema à sua verdadeira luz, esboçando, com sua habitual
garantia de mão, uma visão geral da doutrina hermética sobre esse
ponto obscuro e contestado.
"A forma do nosso corpo (escreve Eliphas) está em conformidade
com o estado habitual de nossos pensamentos e modifica, a longo
prazo, as características do corpo material. É por isso que
Swedenborg, em suas intuições sonâmbulas, muitas vezes via
espíritos na forma de vários animais.
"Ousamos agora dizer que um lobisomem nada mais é do que o
corpo sideral de um homem, cujo lobo representa os instintos
selvagens e sanguinários, e que, enquanto seu fantasma caminha
assim no campo, dorme dolorosamente em sua cama e sonha que
ele é um verdadeiro lobo.
"O que torna visível o lobisomem é a superexcitação quase
sonâmbula causada pelo medo de quem o vê,524 ou a disposição,
mais peculiar aos simples do país, de se colocar em comunicação
direta com a luz astral[728], que é o meio comum de visões e
sonhos. Os golpes no lobisomem realmente machucam a pessoa
adormecida, pelo congestionamento ódico e simpático da luz astral,
pela correspondência do corpo imaterial com o corpo material.
Muitas pessoas pensarão que estão sonhando quando lerem tais
coisas e nos perguntarão se estamos acordados; mas só pediremos
aos homens de ciência que reflitam sobre os fenômenos da gravidez
e as influências da imaginação das mulheres na forma de seus
frutos. Uma mulher que havia testemunhado o tormento de um
homem que foi espancado vivo deu à luz uma criança cujos
membros estavam todos quebrados. Que nos explique como a
impressão produzida na alma da mãe por um espetáculo horrível
poderia alcançar e quebrar os membros da criança, e explicaremos
como os golpes realizados e recebidos em sonhos podem realmente
quebrar e até mesmo ferir seriamente o corpo daquele que os
recebe na imaginação, especialmente quando seu corpo está
sofrendo, e sujeitos a influências nervosas e magnéticas.525
Por mais desconcertante que seja o enigma das repercussões
traumáticas, durante as demonstrações bilocativas, ele cobre uma
realidade que não pode mais ser duvidada. O evento decisivo do
presbitério de Cideville (1851)526 e, mais recentemente, o de Valence-en-Brie
(1896)527 trazem a confirmação mais marcante para os fenômenos

de feridas por contragolpe, que já eram apoiados por tantos


testemunhos nos casos de bruxaria (e em particular licantropia) dos
quais abundam as coleções de demonógrafos. Quantos casos mais
modernos [729] poderiam ser invocados! Não há "meio
materializador" que as desventuras, ou pelo menos algum incidente
do tipo repercussão, não tenham avisado, em diversas ocasiões,
para garantir de qualquer ataque seu duplo exteriorizado, com ainda
mais solicitude do que cercam de precauções seu corpo material em
catalepsia. — Por último, as experiências do Coronel de Rochas,
relatadas no nosso quarto capítulo, são demasiado demonstrativas
a este respeito para considerarmos oportuno insistir. Premissas
sugestivas, são sóbrias, muito além de suas conclusões imediatas e
rigorosas...
Os debates jurídicos da Licantropia baseiam-se em uma base
indiscutível de fenômenos observados. Que muitas vezes os
exageros encontraram um lugar na narrativa dos fatos reais não
está em dúvida. O princípio comprovado está nos detalhes de que o
erro inevitável se refugia...
Neste caso, a realidade das contusões e feridas refletidas pelo
fantasma astral no organismo físico, encorajou nossos pais a
embelezar, com algumas maravilhas que nos são suspeitas, as
anedotas de lobisomens. — Como este conto improvável recolhido
por Boguet, de um cavalheiro caçador, em Auvérnia, que, atacado
por um lobo, o perde com um arcabuze. Puxando então seu cutelo,
é corpo-a-corpo que ele se envolverá na luta, quando o animal
conseguir escapar: mas uma de suas pernas jaz, baleada; O
caçador pega-o e aperta-o no seu carnívoro. No seu regresso,
passa a [730] um senhor do seu conhecido, a quem prometeu a sua
caça: abre o seu saco; mas ele encontra, por meio de pata, a mão
de uma mulher fofa, muito bem cortada, e o mestre da habitação
reconhece com horror, com um dos dedos desta mão, o anel de
noivado de sua própria esposa! Este, verificado feito, é bem
amputado do pulso: a ferida ainda sangra, e a mão, confrontada, se
adapta maravilhosamente. Sem mais dúvidas! Foi de fato a nobre
chatelaine que, correndo floresta na forma de uma loba,
traiçoeiramente agrediu o hóspede de seu mestre e senhor.
Denunciada por ele como bruxa, ela subirá na estaca528.
Seja qual for o maravilhoso apócrifo que atinge com
implausibilidade certos detalhes de histórias perfeitamente
verdadeiras no fundo, é apropriado escolher de passagem essa
tradição de bruxaria (que é encontrada em todos os lugares), o
encanto diabólico quebrado pelo derramamento do sangue do
encantador. Nossos antepassados acreditavam que o mal sendo
abolido, se uma gota de sangue pudesse ser retirada do lobisomem,
a ilusão caía e que imediatamente o encantador metamorfoseado
retomava sua forma natural.
Há nesta convicção verdadeira e falsa. A metamorfose cessa, na
verdade; mas o encantador não é desmascarado no local.
O que deve acontecer em tal caso, aqui está: assim que ele é
apaixonado, o fantasma se desintegra, não sem molhar o solo [731]
com um traço sangrento, se a condensação foi completa o
suficiente. Aqui está o monstro desaparecido ... Mas na maioria das
vezes o boato público denuncia um feiticeiro do bairro, suspeito
desses selvagens equipados. Imediatamente se apressa: invade-se
o retiro do solitário com uma reputação conturbada, que passa a
frequentar os sábados, a correr como um lobo pelo país e a
acasalar com os animais selvagens nas profundezas da floresta...
Encontramo-lo deitado, todo ensanguentado, em seu aspecto
natural, em sua forma humana, talvez mais hediondo do que seu
puro empréstimo! Suas feridas ainda estão sangrando,
precisamente aquelas com as quais sua larva errante foi
espancada... Negar? Qual é o objetivo? O crime aparece flagrante;
O amigo do diabo nem sequer tenta se defender. Atiram-se a ele;
Ele é garroteado, em agonia, para o magistrado e o carrasco. A
menos, no entanto, que as pessoas boas preferissem fazer justiça a
si mesmas, completando esse miserável, em um primeiro e
irresistível impulso de vingança ou misericórdia. Ele é assim
poupado da tortura, da estaca...
Entre a cena real que acabamos de retratar e as lendas da
metamorfose, não apenas realizadas na hora, mas no local, – não
há, ao que parece, nenhuma diferença, exceto na adição de uma
imprecisão relacionada a um detalhe ... Percebe-se como, no fundo
autêntico, a fantasia popular bordou tais ornamentos acessórios,
que distorcem a verdade.
Voltando à tradição mágica do encanto, que é revogada pelo
menor ataque ao encantador [732], é uma crença geral e não se
limita ao caso do licantropo. Richard Wagner interpretou e destacou
essa tradição no poema imortal de Lohengrin. "O defensor de Elsa
triunfou sobre o seu valor apenas por feitiço", sussurra ao Conde de
Telramund, a víbora Ortrude. Deslize até Lohenyrin, e bata!... Pois
se você conseguir derramar, mesmo uma gota de seu sangue
amaldiçoado, o encanto será quebrado que o tornou invencível...
Mas não é em um encanto vulgar que reside a força do herói de
Montsalvat. Telrarnund acredita na bruxa, e morre vítima da
emboscada que ele armou.
Acabamos com o trauma da repercussão, que pretendemos apoiar
com um exemplo contemporâneo.
Quanto ao pseudomorfismo espectral, há duas maneiras de
explicá-lo: ou pela modificação temporária do corpo astral
amaterializado, ou através de algum lêmure do nimbus, um
fantasma feito objetivo sob a influência do mago.
Nossos leitores estão suficientemente conscientes dos fenômenos
desta última ordem, que parece inútil insistir neles. Não o discutimos
copiosamente e em pormenor? A bilocação pseudo-mórfica do
duplo humano, por outro lado, requer algum comentário.
As legendas de Nabucodonosor transmutado em um boi,
companheiros de Ulisses degenerado em [733] porcos, nos
oferecem símbolos reveladores de uma verdade profunda. A efígie
astral do homem é, em alguns casos, suscetível à metamorfose:
pode assumir a forma animal, seja de um tipo completo, mas
temporariamente, ou mais perigosamente, embora de um tipo
parcial, e como uma degeneração lenta e duradoura. As
características do corpo material, gradualmente modificadas, então
participam dessa alteração típica, pois é fácil justificar
esotéricamente.
Se alguém achar estranho que o perispírito possa assim ser
modelado em semelhanças bestiais, insistiremos em que um
mistério ontológico, dito acima, seja lembrado.529 Seu significado
íntimo está pronto para ser resumido na seguinte fórmula: O
homem, a expressão superior do Pensamento divino na carne,
constitui a síntese harmônica dessa animalidade, cujos tipos
excessivos representam as diversas tendências e vícios
apaixonados, no paroxismo de seus significados analíticos, ou seja,
nos pontos extremos de suas divergências; enquanto o tipo
humano, evoluído à perfeição, ocupa, hieróglifo central, o meio feliz
do equilíbrio: simboliza, em suas proporções simétricas e perfeitas,
o fim último do reinado, e como o objetivo de seu esforço sublimado.
Modelos animais equivalem a assinaturas de paixões ultrajantes e
desordenadas. A partir de [734] estes, cada homem traz a sua sorte
por nascimento. As diferenças são apenas mais, pelo menos... A
inata da alma encarnada a condena às paixões ou a inclina a vícios
que a distanciarão do tipo ideal de humanidade? O corpo fluídico já
carrega a marca, e o organismo nascente é modelado de acordo.
Assim se explica a fisionomia, de alguma forma desviada, que
recorda, de forma mais ou menos distinta e por vezes marcante, as
particularidades deste ou daquele animal. Nós dissemos isso: essas
assinaturas espontâneas não são falsas, para aqueles que se
aplicam para decifrar o alfabeto ... Quanto mais um homem
persevera no caminho de suas paixões dominantes, mais acentuada
em astral sua semelhança com o animal, ou animais, cujo selo
original ele carrega. E sabemos que o corpo material não é apenas
moldado no mediador plástico no período de formação, mas que as
células desse corpo, perpetuamente renovadas, são justapostas a
esse padrão móvel e acusam à medida que ele muda: de modo que
as assinaturas impressas na prova interna e oculta são reforçadas
ou apagadas ao mesmo tempo na cópia externa e visível.
Escusado será dizer que o corpo fluídico, de elasticidade superior,
presta-se, mais maleável do que o corpo material, a estas mutações
de forma: afectam-nas apenas gradualmente e a longo prazo;
enquanto é instantaneamente que a efígie astral às vezes está
sujeita a contraí-los. [735]
Em certos estados passivos, de fato, e que fazem parte do sono
ou do êxtase, a imaginação, cúmplice ou não da vontade
consciente, reage sobre o duplo etéreo com uma espécie de
onipotência: a faculdade imaginativa substitui por um tempo a
faculdade plástica e amassa ao seu capricho o envelope fluídico
exteriorizado. É excepcional e temporário; Seria necessário que
essas duplicações pseudomórficas fossem muitas vezes renovadas
e prolongadas excessivamente, de modo que a fisionomia visível
contraísse permanentemente a marca. A modificação da
repercussão dificilmente influencia os traços corporais, apenas
como consequência dos estados mentais usuais e contínuos.
No entanto, mesmo nessas horas excepcionais e nesses casos
anormais, quando a lacuna se torna tão perceptível entre a forma
emprestada do corpo astral errante e a forma adequada do corpo
material deserto, uma simpatia tão estreita os faz comungar uns
com os outros, apesar das distâncias, e viver um pelo outro, por
meio da cadeia fluídica intermediária, que é impossível atacar um
sem que o outro sofra a reação. Alcançar um é ferir ou matar o
outro.
Pode-se ler, na revista l'Initiation530, o relato de um fato moderno
muito próximo dos casos conhecidos de Licantropia. Papus a
reproduziu, em extenso, em seu Tratado Elementar sobre Magia
Prática531, [736] ao qual convidamos o Leitor a se referir para obter
detalhes; pois resumiremos o máximo possível.
O autor do relatório, o Sr. Gustave Bojanoo, um oficial do exército
austríaco, nos conta sobre a morte violenta de uma bruxa, que vivia
em uma mansão longe da pequena aldeia de P., onde ele próprio
possui uma fazenda e vários edifícios adjacentes.
A mulher B. mal tinha passado dos quarenta; seu rosto
desagradável e um tanto bestial inspirava desafio, e os habitantes
locais a temiam e odiavam. Eles a acusaram de mil feitiços e, entre
outras coisas, de peregrinações noturnas sob a aparência de uma
luz pálida: essa mulher tinha, por causa disso, sido apelidada de
Lanterna.
O Sr. Bojanoo havia testemunhado vários fatos de natureza
suspeita, pelo menos muito estranhos, nos quais essa criatura
estava envolvida, quando, enquanto permanecia na aldeia durante
um feriado, ele teve que passar uma combinação fortuita de
circunstâncias, para passar a noite no primeiro andar de uma
cabana abandonada, que tocou a casa do mago.
Assim que sua luz foi apagada, um barulho perturbador soou na
porta do primeiro quarto, que dava acesso àquele onde sua cama
havia sido erguida. Parecia o arranhão imperioso de um cachorro
grande, tentando forçar a porta. Isso significa que esse arranhão
atingiu uma intensidade particular. O Sr. Bojanoo acredita que seu
cachorro se esgueirava atrás dele para a casa, sem que [737] ele
percebesse; Ele a chama pelo nome: ponto de resposta, mas uma
redobrada do ruído misterioso. O oficial faz luz, o barulho pára
imediatamente. O oficial visita escrupulosamente todos os cantos da
casa e não descobre nada de incomum. Ele finalmente volta para a
cama, depois de fechar a porta do quarto de entrada atrás dele, e
tudo volta para a escuridão. Mas o barulho recomeça. Muito irritado,
para não dizer um pouco emocionado, o Sr. Bojanoo coloca sabre
na luz, e corre para a primeira sala, onde o barulho foi ouvido,
contra a porta da frente, mas – coisa estranha – do lado interno
desta porta. É aqui que ele pensa que discerne uma sombra
luminosa, em vez de coçar.
"Sem pensar, eu apenas dei um salto para a frente, e levei um
formidável golpe de sabre na direção da porta.
"Uma chuva de faíscas irrompeu da porta, como se eu tivesse
tocado um prego cravado em um painel. A ponta da espada tinha
passado pela madeira, e eu tive dificuldade em remover a arma.
Corri de volta para o meu quarto para acender a vela, com a espada
na mão, fui primeiro ver a porta.
"O sinal foi dividido de cima para baixo. Comecei a procurar o
prego que eu achava que tinha tocado, mas não encontrei nada que
o lado afiado da espada não parecesse ter encontrado ferro
também.
"Desci as escadas de novo; Visitei todos os lugares, mas não
encontrei nada de anormal.
"Voltei para o meu quarto; Era um quarto para a meia-noite..."
[738]
Na manhã seguinte, o Sr. Bojanoo descobre que a Mulher B. está
deitada em sua cama, inconsciente e ensanguentada. Eles
correram, seguidos por várias pessoas da aldeia, já informadas do
acidente.
"Chegou a B. um espetáculo terrível se apresentou..
"A mulher, delirante, deitada em sua cama, tinha o rosto quase
inteiramente coberto de sangue coagulado, os olhos fechados e
presos com sangue, que ainda estava emergindo lentamente de
uma ferida fatal na testa. A ferida, feita por um instrumento afiado,
começava dois centímetros acima da borda do cabelo e se estendia
em linha reta até a raiz do nariz, percorrendo assim sete centímetros
e meio. O crânio estava literalmente dividido, e a massa cerebral
estava saindo através da fenda." 533
Na noite do mesmo dia, por volta das sete horas, a bruxa morreu.
Seu triste "acidente" inspirou pouca simpatia. Finalmente, chorou
uma vizinha, B... pegou o que merecia. Era tudo a sua oração
fúnebre...
À história da mulher B... Mingle são as aventuras de um grande
cão pastor, a quem ela parecia odiar e que, por sua vez, mostrou
uma aversão singular a ela. Por mais romântica que seja, na
verdade, a seguinte observação possa parecer, não a deixaremos
passar em silêncio, uma vez que o autor a registrou seriamente em
seu relato. Os dois inimigos – a mulher e o cachorro – tinham a
mesma peculiaridade e muito estranhos. Seus olhos não eram de
cor idêntica: em um como em [739] o outro, "o olho direito era cinza;
o olho esquerdo em sua parte superior, era de um azul muito claro,
esverdeado; a parte inferior era castanho escuro." 534 — Onde
estava o segredo dessa hostilidade implacável, entre dois seres de
raças diferentes, mas marcada com uma assinatura estranha e
semelhante? Não nos atrevemos a explicá-lo!...
Há, especialmente no estado de natureza, afinidades e antipatias
entre o homem e o animal na razão confusa. Algumas operações
mágicas podem até criar entre si uma solidariedade fluídica até a
mais estrita reversibilidade. O elo é uma entidade invisível e, na
maioria das vezes, parasita. Aqui, a memória nos impõe, os
surpreendentes exemplos de nagualismo, que demos a conhecer no
primeiro volume desta obra535. Não voltaremos a isso...
O que nos preocupa neste capítulo é o milagre das transmutações
e metamorfoses.
No entanto, o reino vegetal nos oferece, nesse sentido, um
fenômeno notável, cujo segredo prático parece perdido, mas que
vários químicos dos últimos séculos conheciam perfeitamente e
reproduziam à vontade, sob os nomes de palingênese e fênix
vegetal536. [740]
Esta maravilha está muito próxima dos mistérios da biologia
vegetal, e Jacques Gaffarel, que já tivemos ocasião de citar várias
vezes, explica muito claramente, em sua linguagem ingênua, "que,
embora sejam picados, quebrados e até queimados, não deixam
para segurar o suco, ou as cinzas, por um poder secreto e admirável
da natureza, tudo a mesma forma e figura que tinham antes: e
embora não o vejamos, podemos, no entanto, vê-lo, se pela arte
soubermos excitá-lo" em apoio à sua declaração, Gaffarel537
refere-se às obras de M. du Chesne, Sieur de la Violette, "um dos
melhores químicos que nosso século produziu, relatando que ele
tinha visto um polonês muito habilidoso, médico de Cracóvia, que
mantinha em frascos as cinzas de quase todas as plantas das quais
se pode ser conhecido, de modo que quando alguém por
curiosidade queria ver, por exemplo, uma rosa nesses frascos, ele
pegava aquela em que as cinzas da roseira eram mantidas, e
colocou-a em uma vela acesa, depois de ter sentido um pouco o
calor, As cinzas estavam começando a ser agitadas, e tendo subido
e espalhado no frasco, eles notaram como um pequeno nu escuro,
que dividido em várias partes, veio finalmente para representar uma
rosa tão bonita, tão fresca e tão perfeita, que teria sido julgado [741]
palpável e perfumado como o que vem da roseira. Este homem
erudito diz que muitas vezes se esforçou para fazer o mesmo, e não
tendo sabido pela indústria, o acaso finalmente o fez ver este
prodígio: pois enquanto se divertia com M. de Luynes, dit de
Formentières, conselheiro do Parlamento, para ver a curiosidade de
várias experiências, tendo tirado sal de certas urtigas, e colocou a
roupa serena no inverno, de manhã encontrou-a congelada, mas
com a maravilha de que as espécies de urtigas, sua forma e seu
rosto estivessem tão ingenuamente e tão perfeitamente
representados no gelo, que os vivos não fossem melhores. Este
homem, estando como que encantado, chamou o dito Senhor
Conseiller para dar testemunho deste segredo... Agora, esse
segredo não é tão raro, pois M. de Claves, um dos excelentes
químicos do nosso tempo, faz com que ele veja todos os dias." 538
Deve-se concluir a partir deste segundo experimento, já relatado
acima, que a forma astral das plantas deposita voluntariamente sua
marca em substâncias naturalmente impróprias para a Vegetação.
Quem nunca se preocupou em admirar as improvisações
cristalinas da frieza, tão finamente cortadas em caules e folhas, de
acordo com um padrão variável, mas sempre correto e meticuloso,
de modo a formar essas árvores perfeitas, esses grupos de orelhas;
essas folhas de samambaia de um desenho impecável, e de um
porte tão verdadeiro, que a cor e a opacidade por si só não têm a
ilusão? É quase sempre em algum tipo vegetal que condensa e
congela, no inverno, na superfície das janelas, a névoa da
atmosfera interior dos apartamentos. Um grupo molecular análogo
[742] preside a cristalização de sais de escalada, que escalam as
paredes dos vasos de laboratório; ou guirlanda em seu orifício.
Não cabe à natureza metálica, que não contrai a aparência
vegetativa, em certos casos favorável à interseção de planos
dinâmicos, de mineral para vegetal. Sem dúvida, hesitarão em nos
contradizer, que examinamos com uma lupa a folhagem brilhante
afetada pelas árvores de Diana e Saturno, cujas formas típicas são
facilmente estendidas e modificadas, variando a origem ácida e
graduando a concentração de banhos (alquimistas diriam
menstruação) com base em prata ou chumbo.
Muitas substâncias liquefeitas pelo calor, e em particular alguns
metais fundidos, tornam-se muito adequadas para contrair, por
resfriamento, a marca e como a garra das virtudes lemurianas da
atmosfera. As Larvas e os Elementais intervêm por acaso em tais
casos, e atacam com seus hierogramas esses materiais, receptivos
no momento em que se materializam. Em outras palavras, um selo
impresso em cera macia e endurecedora.
Isso explica o processo de alguns feiticeiros de cura, que,
consultados para uma doença, querem saber antes de tudo se a
origem é uma maldição. Em um vaso de água saturado com os
fluidos do valeditório, eles despejam chumbo derretido, gota a
gota... Neste tiro improvisado, as influências mágicas [743] vêm
para assinar sua presença e, assim, trair a vontade do "feiticeiro".
Estes são gráficos para decifrar. O feiticeiro diagnostica e pronuncia,
seguindo essa provação bizarra.
Essas práticas estavam em uso no tempo de Bodin, e até mesmo
de Sprenger: terapeutas negros eram frequentemente usados para
o levantamento de jitches e a cura de feitiços.
"Mas quanto às doenças que ocorrem de outra forma que não pelo
destino, os feiticeiros confessam que não podem curá-las. E para
descobrir se ele saiu, Spranger escreve que eles estão provando
isso, colocando chumbo derretido em um recipiente cheio de água
no paciente539...
"E, de fato, o Inquisidor Spranger recita um exemplo, que ao fazer
o julgamento aos feiticeiros da cidade de Isprug, na Alemanha,
havia um Feiticeiro Potter, que viu uma pobre mulher que seu
vizinho afligiu extremamente, como se ela tivesse sido esfaqueada
com facas nas entranhas: Eu saberei", disse ele, "se você estiver
enfeitiçado, e eu vos curarei. E tomando chumbo derretido, ele o
derramou em um prato cheio de água, segurando-o sobre a mulher
doente. E depois de dizer algumas palavras, que não vou
apresentar, ele viu com chumbo gelado certas imagens, pelas quais
ele sabia que ela estava enfeitiçada. Feito isso, ele conduz o marido
dessa mulher, e os dois juntos vão olhar sob o limiar da porta, onde
encontraram uma imagem de cera do tamanho de uma palma, tendo
duas agulhas presas em ambos os lados, com outros pós, sementes
e ossos de cobras, e jogaram tudo no fogo: e a mulher curou,
tendo entregado sua alma a Satanás e aos feiticeiros a quem ela
buscava a cura. "540 [744]
Essas tábuas de metal onde os Invisíveis vêm para "grafá-los",
esse chumbo derretido atingido com a marca de sua malícia, nos
trariam de volta aos mistérios das assinaturas, que já esclarecemos
suficientemente (capítulo IV, da Vontade)... Devemos limitar-nos aos
exemplos de palingênese vegetal, sobre os quais Gaffarel nos falou
anteriormente, a saber: a lixívia de urtigas queimadas que contrai,
por congelamento, as finas esculturas de folhas de urtiga em relevo,
e as cinzas da roseira, revivendo, pelo calor, a imagem fugaz de
uma rosa natural.
Aqui estão os termos em que um estudioso do século XVII, Guy de
la Brosse, um famoso botânico e médico de Luís XIII, relata esta
última experiência. O texto que transcrevemos, próximo ao de
Gaffarel, completará a descrição do fenômeno.
"Um certo Polo (escreve o Pincel) sabia como envolver as
fantasias das plantas em frascos; de modo que, sempre que
quisesse, faria uma planta aparecer em um frasco vazio. Cada navio
continha sua planta: no fundo apareceu um pouco de terra, como
cinzas. Foi selada com o selo de Hermes. Quando ele queria expô-
lo à vista, ele gentilmente aqueceu o fundo do navio. O calor
penetrante fez com que uma vara, galhos, saísse do seio da
matéria; depois folhas e flores, de acordo com a natureza da planta
cuja alma ele havia fechado. A coisa toda parecia tão longa aos
olhos dos espectadores quanto o calor existente durava." 541 [745]
Não é de estranhar mais uma vez que, hoje em dia, a química e a
física oficiais, tão ricas em descobertas maravilhosas, não só
abandonaram tão curiosas pesquisas sobre a vitalidade dos seres e
a perpetuidade de suas efígies potenciais; mas ainda perdeu o
segredo de experiências repetidas muitas vezes e bem sucedidas
pelos estudiosos da época, e que tantas passagens dos autores
mais sérios denunciam como costumeiras e, por assim dizer, banais
no
Século XVII.
Além disso, o termo palingênese não havia passado para a
linguagem comum da filosofia e da ciência: a tal ponto que vemos,
no século passado, o grande naturalista Charles Bonnet intitulou
Palingênese filosófica sua obra-prima mais admirada (1769), e no
limiar do século atual, o ilustre e azarado Ballanche reunir suas
obras completas sob a significativa rubrica de Ensaios sobre
Palingênese Social?
Talvez seja dado a alguns intrépidos batedores da ciência não-
sectária, como o Dr. Gibier ou o Coronel de Rochas, reproduzir e
explicar os fenômenos descritos por Gaffarel, e que estão na lógica
das coisas da natureza, estudados na tocha do esoterismo.
A mesma lei se manifesta em atos, para tornar possíveis ambas as
experiências, que relatamos de acordo com o astrólogo do grande
Cardeal. É invariavelmente no padrão mórfico da planta, em seu
corpo sideral ou potencial, — [746] substrato da matéria visível
(reduzido, ele próprio o estado de caput mortuum), — que o
fantasma vegetal emerge, em objetivação efêmera no primeiro caso;
e que, no outro, preside, em modo vegetativo, o agrupamento
molecular do gelo nascente.
Encontramos no Grande Livro da Natureza542: publicado no
século passado pelos cuidados de um capítulo de Rosacruz, todas
as fases da operação espagírica, necessárias para obter a fênix
vegetal. O autor designa, por esta metáfora, o vaso preparado para
o teste da palingênese. Quanto às manipulações essenciais, está
sujeito a reservas de que levantaremos a ordem; na tentativa de
resumir os detalhes das prescrições meticulosas formuladas da p.
15 à p. 19 ...
(1) Quatro quilos das sementes maduras da planta cuja alma deve
ser cuidadosamente batida; em seguida, mantenha esta pasta no
fundo de um vaso muito transparente e arrumado.
2° Uma noite, quando a atmosfera estiver pura e o céu sereno, o
produto será exposto à umidade noturna, de modo que seja
impregnado com a virtude revigorante que está no orvalho.
(3) e (4) Deve-se tomar o cuidado de coletar e filtrar oito litros
deste orvalho, mas antes do nascer do sol, que sugaria a parte mais
preciosa do mesmo, que é extremamente volátil; [747]
5° Em seguida, destilaremos o licor filtrado: do resíduo ou fezes, é
necessário saber extrair um sal "muito curioso e muito agradável de
ver".
6° As sementes serão regadas com o produto da destilação que
terá sido saturado com o sal obtido. Em seguida, o vaso,
hermeticamente selado com bórax e vidro triturado, será enterrado
em esterco de cavalo.
7° No final de um mês, "a semente ter-se-á tornado como geleia; O
espírito será como uma pele de várias cores que nadará acima de
toda a matéria. Entre a pele e a substância siltosa do fundo, há uma
espécie de orvalho esverdeado que representa uma colheita543."
8° Neste ponto de fermentação, a mistura deve ser exposta, em
seu frasco exatamente fechado, dia ao calor do sol, noite à
irradiação lunar. Durante os períodos chuvosos, a embarcação é
devolvida a um local seco e temperado até que o bom tempo
retorne. — Demora vários meses, muitas vezes um ano, para que a
operação seja perfeita. Vemos, por um lado, o material a formar
bolhas e a duplicar de volume; por outro, o filme desaparece? Este é
um sinal claro de sucesso.
9° O material, em sua última etapa de elaboração, deve aparecer
em pó e de cor azul.
«... É dessa poeira que o tronco, os galhos e as folhas da planta se
elevam, quando o vaso é exposto ao calor suave. É assim que a
Fênix Vegetal é feita. [748]
"A palingênese das plantas serviu apenas a um objeto de diversão,
se essa operação não desse um vislumbre de plantas maiores e
mais úteis. A química pode, através de sua arte, reavivar outros
corpos; Ela os destrói pelo fogo e, em seguida, os devolve à sua
primeira forma. Transmutação de metais; A pedra filosofal é uma
continuação da palingênese metálica.
"Fazemos aos animais o que fazemos às plantas; Mas tal é a força
dos meus compromissos, que não posso explicar abertamente.544
"O grau mais maravilhoso de palingênese é a arte de praticar
sobre os restos de animais. Que delícia desfrutar do prazer de
perpetuar a sombra de um amigo, quando ele não existe mais!
Ártemis engoliu as cinzas de Mausolo: ela não sabia, infelizmente,
o segredo de enganar sua dor. 545
O valor dessa indicação rápida é concebido? A homogeneidade da
Natureza universal autoriza o homem a inferir por analogia: e se ele
raciocinou corretamente, a experiência sempre confirma suas
induções. Ora, o que acontece no reino vegetal deve ocorrer ao
mesmo tempo nos reinos inferiores e superiores a ele: é justificar,
em um, a transmutação de metais; no outro, o reavivamento
póstumo das formas abolidas.
Admiremos, além disso, que unidade de doutrina em todas as
escolas de esoterismo. Seguindo os passos de um alquimista do
século passado, aqui nos juntamos a Porfírio e aos
alexandrinos546. [749]
Jacques Gaffarel, que citamos anteriormente, sentiu perfeitamente
o significado dessas correspondências, uma vez que, depois de
mencionar esses fenômenos palingênicos, ele procede ao exame
das manifestações espectrais e conclui que o caráter perfeitamente
natural dos fantasmas que às vezes assombram os locais de
sepultamento. As Sombras dos Mortos que vemos nos cemitérios
são reduzidas, segundo ele, à silhueta, ao esboço fluídico dos
corpos falecidos: mas não são nem a alma dos mortos547, nem
espectros de origem diabólica. Transcrevemos a passagem em
outro lugar.548
O bom Padre Gaffarel nem sempre é tão feliz. O medo de se
passar por mago às vezes o faz cambalear no meio do caminho do
verdadeiro: o que prejudica a autoridade de sua palavra, sem proibir
os amantes de Diablerie, de encontrar neste sacerdote astrófilo um
sabor de pacote. — Assim, algumas linhas depois, ele tem a má
sorte de atacar Paracelso, "que diz que o Mumie contém todas as
virtudes das plantas, pedras, etc., e que há uma força oculta
magnética, que atrai os homens para os túmulos daqueles que são
considerados santos, onde, em virtude do mesmo Mumie, vemos os
efeitos que são chamados de milagres; sendo mais frequente (ele
diz) no verão do que em qualquer outra estação, por causa do calor
do sol,[750] que desperta e excita o humor que está na Mumie;
devaneios que refutamos..." Agora, pelo termo bastante estranho de
Mumie, Paracelso expressa a ação de Iônah sobre os cadáveres,
isto é, a força de expansão vivificante que age na luz astral, em
torno das capitais mortua, para dissolvê-los; e que fertiliza a matriz
da Morte, para fazê-la produzir Vida inesgotável! Talvez Paracelso
às vezes deduza conclusões ousadas demais dos princípios
naturais que ele foi capaz de trazer à luz tão felizmente. Mas se o
autor das Curiosidades tivesse aprendido na escola de Paracelso a
ciência da Múmia, em nenhum lugar o veríamos envergonhado de
dar um relato científico e rigoroso de todos os mistérios
palingênicos.
Nós próprios não iremos comentar mais sobre este ponto. Explicar
mais detalhadamente a Palingênese, depois de tudo o que
produzimos sobre a Licantropia, e as muito diversas modalizações
das quais os corpos fluídicos parecem suscetíveis, não seria sequer
abusar das repetições, e não pareceríamos colocar uma confiança
medíocre na sagacidade do Leitor?
O título deste capítulo — A Magia das Transmutações — convida-
nos a dizer uma palavra sobre os talismãs da invisibilidade; mas não
vamos parar por aí. O anel de Giges é apenas um símbolo, e as
teorias anteriormente apresentadas devem ser suficientes para
explicar todos os fenômenos justiciáveis de [751] este título de dupla
entrada: aparições e desaparecimentos misteriosos.
Além dos casos extremamente raros e, no entanto, comprovados
de eterização de corpos materiais vivos, a invisibilidade corporal
pode depender de um fenômeno subjetivo de fascínio ou do
intermediário real de um véu opaco, interceptando a visão. Esse
artifício, que parece ser a competência exclusiva da conjuração, é
em alguns casos Magia propriamente dita: quando o obstáculo
interposto consiste em uma modificação molecular do ambiente
atmosférico, pelo efeito da vontade adepta sobre o Akasa.
É esse fenômeno, bem conhecido dos iniciados de todos os
tempos, que o abade de Villars aponta de passagem, em suas
entrevistas instrutivas com o Conde de Gabalis:
"Neste lugar, um lacaio veio me dizer que um jovem senhor estava
vindo me ver." Não quero que ele me veja", disse o conde. "Peço-lhe
perdão, senhor", eu disse; julgais bem, em nome deste Senhor, que
não se pode dizer que não sou visto: dar-vos ao trabalho de entrar
neste gabinete. "Não vale a pena, vou me tornar invisível." Ha!
Senhor", exclamei, "chega de diabos, por favor! Não ouço zombaria
disso. "Que ignorância", disse o Conde, rindo e encolhendo os
ombros, "não saber que para ser invisível só é preciso colocar
diante de si o oposto da luz! ... Ele passou para o meu escritório,
etc.549..." [752]
Além disso, nada é mais frequente e mais fácil de produzir em
sujeitos hipnóticos do que a alucinação negativa. Quantas vezes
vimos, no Dr. Liébeault, também em outro lugar, uma sugestão para
destruir, para um indivíduo, a noção de vinte pessoas reunidas na
mesma sala, conversando e circulando, e que o sujeito costura sem
sequer suspeitar de sua presença!
Falam-lhe, mas ele não ouve nada; Eles o tocam, ele não os sente.
Eles o ameaçaram fortemente com a mão, ele andou entre eles,
impassível e sem pestanejar.
Já descrevemos, em discursos anteriores, vários casos de fascínio
ou metamorfose subjetiva. Neste capítulo, os mistérios da licantropia
e da palingênese nos apresentaram dois exemplos mistos de
metamorfose real, mas transitória. Finalmente, com os fenômenos
da grande obra, examinaremos a transmutação objetiva e duradoura
ao mesmo tempo. Estas últimas páginas formarão uma nota
separada, e como um resumo da ciência de Hermes.
Assim, teremos estudado os diferentes modos de metamorfose, de
acordo com a distinção que fecha nosso documento de posição, no
início deste capítulo. E esses fenômenos terão aparecido para nós
sucessivamente em atos, nos três reinos da natureza física, animal,
vegetal e mineral.
[753] [754]

512 Nas edições modernas, o ofício das duas mãos é transposto; mas o Tarot mais
antigo (veja o baralho de Jacques Gringonneur, dito das cartas de Carlos VI) nos
mostra o anjo derramando do alto na urna de prata (senestra) o licor do vaso de
ouro inclinado à sua direita (Placa X da obra de Merlin, Origem das cartas de
baralho, etc. Paris, s.d., in-4).
513 Várias letras do alfabeto hebraico moderno encontradas muito apropriadamente
nas figuras correspondentes dos tarôs atuais, bem como vários sinais de
hermética e Cabalá, nos levam a acreditar que algumas edições do Livro de Thoth
sofreram as alterações de algum rabino iniciado.
514 "A matéria existe, mas não de uma existência como a vulgar a imagina; Ela existe,
mas não tem essência independente das percepções intelectuais: pois existência e
perceptibilidade são, neste caso, termos conversíveis. O homem sábio sabe que
as aparências e suas sensações externas são puramente ilusórias, e que elas
desapareceriam no nada, se a energia divina que os sustenta sozinho fosse
suspensa por um momento. (Trecho de Vedanta, citado por Fabre d'Olivet, Versos
Dourados de Pitágoras, pp. 306-307).
515 O órgão apropriado da imaginação, será lembrado, é o translúcido ou diáfano dos
magistas ocidentais.
516 Já explicamos em outro lugar a natureza e as causas. (Cf. Prefácio, pp. 76-84, e
passim, no decorrer deste livro).
517 Ver Volume I, O Templo de Satanás, pp. 232-237.
518 O Templo de Satanás, p. 233.
519 Cf. cap. V, p. 599-600.
520 Cf. O Templo de Satanás, p. 233.
521 Eliphas Levi avança um pouco ("que ninguém foi morto por um lobisomem, a não
ser por asfixia, sem derramamento de sangue e sem feridas" (Dogma of High
Magic, p. 227); de que maneira os anais judiciais provam que ele está errado.
522 Sem reproduzir aqui as informações incluídas no Volume I, deve-se lembrar que os
fatos da licantropia real, certificados, como os do vampirismo, por testemunhos
concordantes e sancionados por numerosos julgamentos, abundam nas coleções
de processos e atos autênticos em uma extensão muito maior. O vampirismo
tornou-se localizado, em alguns países, bem como em certos momentos. A
licantropia era de todos os países, e muito mais frequente no decorrer do tempo.
523 Nynauld, De la Lycanthropie et extase des Sorciers, Paris, 1615, in-8, p. 56.
524 Parece haver um círculo vicioso aqui; mas conferindo o que dissemos em nosso
Prefácio (pp. 76 e ss.), bem como no capítulo V (p. 600), podemos completar o
pensamento de Elifas.
525 Dogma da Alta Magia, pp. 278-280.
526 Cf. Volume I, O Templo de Satanás, pp. 395-405 e 414-415.
527 Voy. cap. V, p. 585-586.
528 Cf. Boguet, Discurso dos Feiticeiros, pp. 341-343. — Transcrevemos no primeiro
volume o relato literal do Juiz de São Cláudio (O Templo de Satanás, pp. 234-235).
529 Voy. cap. IV, p. 378-381.
530 N° de Abril de 1893.
531 Paris., Charnuel, 1893, gr. in-8, p. 184-195.
532 Tratado Elementar de Magia Prática, p. 190.
533 Tratado Elementar de Magia Prática, p. 191.
534 Ibidem, p. 185.
535 O Templo de Satanás, 377-378.
536 "Coxe fez alguns testes muito curiosos na Inglaterra sobre esse assunto. Digbi
experimentou os milagres da palingênese. O famoso Padre Kircher falou muito
sobre isso. J. Daniel Majer dá um tratado sobre palingênese. Padre Ferrari, um
jesuíta, Jean Fabre, Hannemann, Paracelso, Libavius, Bary, em sua física; etc.,
todos lidaram com essa operação" (Le Grand Livre de la Nature , p. 15).
537 Curiosités inouïes sur la sculpture talismanique des Persans, horóscopo dos
patriarcas, et lecture des Étoiles, par I. Gaffarel. — Paris, 1629, in-8, p. 209.
538 Gaffarel, ibidem, p. 209-211.
539 De la Démonomanie des Sorciers, par I. Bodin, angevin, — Paris, 1587, in-4 (f°
143).
540 Demonomania dos Feiticeiros (fol. 145, a e b).
541 Sobre a natureza, virtude e utilidade das plantas e desenho do Jardim Real da
Medicina. — Paris, 1664, in-fol., (capítulo VI, p. 44 e segs.).
542 O Grande Livro da Natureza ou o Apocalipse Filosófico e Hermético, etc., visto por
uma Sociedade de Ph... Inc..., Let publicado por D... — Au Midi, et de l'Imprimerie
de la Vérité (1790), in-8.
543 O Grande Livro da Natureza, pp. 17-18.
544 "Este estudo (diz o autor mais tarde) é o de Ph... Inc... (Filósofos desconhecidos).
É deles que guardo as verdades que registro nesta obra" (p. 22).
545 O Grande Livro da Natureza, pp. 18-19.
546 Cf. cap. V, pp. 544 e ss.
547 Gaffarel sabiamente distingue aqui a Sombra passiva, da alma espiritual e até
mesmo do corpo sideral.
548 Voy. Cap: IV, p. 392.
549 O Conde de Gabalis. — Londres, 1742, 2 vol. in-12, (Volume I, pp. 135-136).

ALQUIMIA
A Arte da Crisopeia550

A maioria dos estudiosos contemporâneos chama o problema da


Crisopeia de quimérico.
A teoria da unidade da matéria é timidamente defendida, como
hipótese, por alguns deles, que, sem negar a priori a possibilidade
de obter ouro artificial um dia, esboçam um sorriso lamentável,
assim que lhes é dito de transmutações no passado: (agora, há
históricas, nosso amigo Papus a estabeleceu vitoriosamente)551 .
"Você acha que houve algum? Na verdade [756]?... (uma pausa). É
possível. Não há, em princípio, nada que nos impeça de admiti-lo."
E eles derramaram essas palavras condescendentes. Obviamente,
eles seriam derrogados, para insistir. No entanto, estes formam a
vanguarda extrema da ciência.
Mas os outros não querem ouvir nada. Em vão produzem o
testemunho de observadores sérios e sagazes, que, cépticos ou
ardentes opositores do dia anterior, exclamam: Vi, experimentei com
as mãos e, doravante, sou forçado a crer! Em vão, talvez fossem
obrigados a tocar com o dedo, como anteriormente a Van Helmont
(1618), a Berignard de Pisa (1643), a Helvetius (1666)552, - a virtude
transmutatória da pedra. Nossos estudiosos seriam capazes de
fechar os olhos, enquanto tapavam os ouvidos.
Nenhum testemunho válido contra a sua opinião, uma vez que eles
desafiam testemunhas. Nenhum experimento conclusivo aos seus
olhos, uma vez que eles reivindicam para si mesmos, se for bem
sucedido, os de alguma evasão sutil. Exemplos abundam de tal
obstinação nos arquivos do Magnetismo Animal. O dogmatismo
científico é pior do que o dogmatismo religioso. Uma coisa não é,
porque é impossível. Um círculo vicioso do qual a lógica positivista
não se digna a emergir...
Um argumento peremptório, e do qual ninguém parece ter
conhecimento ainda, em favor da alquimia, é a enunciação de um
fato simples, indiscutível para todos: a própria existência de ouro no
planeta. – A menos que nos atenhamos à hipótese anticientífica
(porque anti-unitária) de uma matéria complexa, múltipla e pré-
existente no sistema solar e tendo que sobreviver a ela; a menos
que se proclame os chamados corpos simples, irredutíveis e
eternos, diferenciados da gênese da nebulosa, assim como estão na
estrela resultante de sua condensação, – devemos admitir o máximo
possível a síntese de ouro, uma vez que a Natureza o produz.
Resta saber como...
Que a Natureza tenha meios de ação que passem pelo escopo
atual da ciência humana é mais do que provável. Que para produzir
ouro, são necessárias condições, calor, luz, eletricidade, pressão,
além do que o professor Z. pode reunir no laboratório, ainda é
provável, vamos tomar óbvio se você quiser. Mas a Ciência está
expandindo seu império a cada dia: o que parecia impossível ontem,
agora é facilmente alcançado; Realizaremos amanhã, como se
jogando uns contra os outros, o que parece impossível hoje.
Quaisquer que sejam as conquistas científicas do futuro, somos
forçados a considerar a arte transmutatória como uma realidade do
passado.
Não mencionaremos a sombra desses hierofantes das teocracias
antigas, proporcionando às custas de uma guerra decretada justa e
santa: eles abriram ao monarca da Justiça, ele próprio um filho do
santuário, as criptas onde dormiam as [758] enormes reservas de
barras de ouro, empilhadas lá em cima por várias gerações de
sacerdotes dedicados à arte. — Os seguidores da Idade Média
cristã não haviam perdido essa tradição dos antigos templos,
desde que vemos, no século XIII, Raymond Llull de Palma fechar-se
na Torre de Londres, e fabricar lá de uma só vez por seis milhões de
lingotes: enorme massa de ouro para a época. O rei Eduardo, a
quem Llull se lisonjeou, por essa generosidade oculta, para levar à
cruzada, pelo menos atingiu esse ouro em homenagem à
memorável transmutação: tal foi a origem dos nobres com a rosa, da
qual ainda permanecem alguns espécimes raros, que os
colecionadores disputam sob o nome de Raymondines . —
Lembraremos apenas para o registro os gestos de Nicolas Flamel,
humilde escritor público no século XIV, que, tendo alcançado o
objetivo de sua obra hermética, dotou igrejas, hospitais, construiu o
portal de Saint-Jacques-la-Boucherie, depois o de Sainte-
Geneviève-des-Ardents, restaurou as igrejas de Saint-Côme e Saint-
Martin-des-Champs; ergueu dois arcos na vala comum dos Santos
Inocentes, distribuiu magníficas esmolas e morreu deixando uma
fortuna principesca.
Tais problemas históricos podem impressionar a mente, mas sem
convencê-la. Enquanto experimentos como os que tiveram sucesso
com as mãos Erigardo de Pisa, Helvécio e Van Helmont,
determinados oponentes da alquimia e competentes demais no
laboratório para serem enganados; projeções como Lascaris e seus
emissários em [759] multiplicaram-se por toda a Europa no início do
século passado, e que são atestadas tão solenemente quanto os
eventos históricos já foram; Estes são os fatos que achamos difíceis
de superar. E quando eles são apertados com força, a realidade do
elixir transmutatório segue brutalmente.
A pedra existe; e testemunhos ilustres sempre confirmaram sua
existência e ampliaram suas virtudes. Mas os seguidores nunca
trataram a arte sacra como vulgar: os arcanos são defendidos por
toda uma muralha de símbolos. É uma língua para aprender e um
labirinto para penetrar. Que insônia estudiosa, para decifrar esses
emblemas! Tanta tentativa e erro, para descobrir o verdadeiro
caminho!
Os alquimistas nem sempre parecem concordar, tocando na
classificação dos fenômenos da grande obra. Eles se esforçam para
dar aos inleigos a mudança, por um luxo bastante variável de
divisões e subdivisões arbitrárias553.
Com ciúmes, de nossa parte para estender a sinceridade até os
últimos limites do possível, é importante para nós [760] combinar a
extrema precisão dos detalhes com a extrema simplicidade do plano
geral – e podar para esse fim qualquer visão teórica, bem como
qualquer especificação operativa, cuja afirmação não tenderia
diretamente ao objetivo.
Breves observações preliminares caracterizarão primeiro o espírito
geral do hermetismo e as bases fundamentais de sua doutrina.
Então, sob os auspícios da classificação mais normal e menos
complexa, o Resumo das Operações da Grande Obra será
elaborado. Alguns desenvolvimentos encontrarão seu lugar como
resultado desse esquema: retomaremos com mais detalhes o
trabalho da Crisopeia, a partir da primeira manipulação essencial
para chegar à última, que nenhum dos antigos seguidores se
permitiu esclarecer.
Estes últimos, de fato, falando de acordo com sua própria
experiência espagírica, ou de acordo com a doutrina que lhes fora
transmitida sob o selo do juramento adepto, acreditavam-se ligados,
seja para os outros ou para si mesmos, a uma reserva que não
poderia nos constranger, — explorador desinteressado dos
mistérios, que fizemos uma convicção, após um longo e paciente
estudo comparativo dos trabalhos publicados pelos seguidores, e
sob o controle do conhecimento que pudemos adquirir
pessoalmente no laboratório.
Já o dissemos: não muito crédulos às transmutações de outrora,
os mestres avançados da química moderna já não estão, pelo
menos, a apoiar a irredutibilidade dos chamados corpos simples;
Muitos [761] preveem, como a hermética, a unidade da matéria (ou
melhor, da substância), sob a multiplicidade de aparências
fenomenais. Mesmo os membros mais perspicazes dessa elite já
sinalizaram o retorno da ciência adulta a teorias que considerou por
muito tempo serem os sonhos que uma vez flutuaram. em torno de
seu berço.
Não era uma tarefa precipitada acusar doutrinas herméticas de
sonhos infantis? A química atual expandiu muito a área de
explorações e descobertas positivas, é uma justiça a ser feita a ela;
e, para citar apenas um exemplo de suas conquistas mais ilustres, é
indubitável que Lavoisier, por sua teoria da oxidação, lançou sobre o
estudo analítico dos corpos uma luz esplêndida, da qual os antigos
alquimistas teriam sido os primeiros a deslumbrar. O trabalho
avançado de Louis Lucas, Sir William Crookes, Srs. Newland,
Lothar-Meyer e Mendeleef terá sido as gloriosas fundações do
monumento sintético em construção. Quanto à implementação
prática e industrial das recentes descobertas, pode o gênio da
ciência contemporânea se cansar da admiração?
Seja como for dessas maravilhas, os alquimistas veriam ali, tanto
na teoria quanto na aplicação, apenas o estudo cuidadoso da casca
material, os resíduos do trabalho biológico, a ciência do caput
mortuum universal. Em suma, Raymond Llull, Henry Khunrath ou
Paracelso censurariam o cientista moderno por trabalhar apenas em
cadáveres. [762]
Ele não supõe que a matéria morta, ou pelo menos ele trata toda a
matéria como se fosse: a Vida, a Alma, os Poderes animadores e
formativos dos corpos escapam absolutamente a ele. Assim, nosso
cientista observará os fenômenos de cristalização; Ele estudará
comparativamente as formas geométricas dos diferentes cristais, e
as condições necessárias para obtê-los: feito isso, ele se lisonjeará
por ter penetrado nas leis dessa ordem de fenômenos. Mas o
agente interno que é a causa real, mas cuja vida latente
testemunham as afinidades que presidem os grupos moleculares,
mas a alma mineral, em uma palavra, o cientista contemporâneo
não apenas a ignorará, mas terá a temeridade de negar sua
existência.
Ora, a ciência da Vida, em todos os seus graus, é o tesouro
inestimável do qual os filhos de Hermes poderiam se orgulhar. O
substrato universal de formas sensíveis era conhecido por eles, eles
estudavam a matéria em seu estado nascente; uma vez produzida,
ou melhor dizendo, gerada, eles a manipulavam viva, com mil
escrupulosos cuidados para não matá-la. Além disso, provocavam à
vontade a eclosão, regulavam suas energias; Tais passagens de
poder em ação lhes eram familiares; e não deixaremos de sustentar
que eles conheceram, praticaram, usaram certos estados latentes
de substância, inseparáveis de tais forças secretas da natureza,
estados e forças que são totalmente desconhecidos para nossos
maiores mestres da época, ou mal sentidos pelos mais intuitivos
deles. [763]
A filosofia de Hermes era para seus seguidores tanto uma ciência
positiva quanto uma doutrina mística, quase diríamos – uma religião.
Sem voltar ao seu símbolo554, que traduzimos e comentamos
acima, vamos apertar aqui em poucas linhas os cânones essenciais
de seu dogma cosmogônico.
Como todas as escolas de ocultismo, elas ensinavam, dissemos, a
unidade da substância sob a multiplicidade de aparências
fenomenais.
A matéria sensível, diversa e multiforme, era para eles apenas
uma ilusão mais ou menos duradoura, prolongada em vários modos
conversíveis: as transmutações, em seu sistema, consistiam na
passagem de um desses modos para o outro.
Eles conheciam três princípios que geravam coisas manifestadas e
quatro elementos de manifestação.
Enxofre Mercúrio e Sal: assim eles chamavam seus três
princípios; - Fogo, Ar, Água e Terra: estes eram os emblemas de
seus quatro elementos.
Enxofre, Mercúrio e Sal correspondiam ao que ainda chamavam:
fogo inato, radical úmido e base essencial dos corpos555.
Traduzamos: Enxofre, princípio da forma; — Mercúrio, o princípio da
fundamentação [764]; — e o sal, o princípio misto da manifestação
objectiva. Na correspondência oculta: a substância é o Éter
cósmico, cuja polarização dá ao positivo o Aôd doa, a Força ou o
Aagente; — ao negativo o Aôb boa, o
Resistência ou Paciente ; — no centro do equilíbrio, o Aôr roa ou
luz astral, o substrato de toda a matéria .
O princípio do enxofre será, portanto, de acordo com o dito
ingênuo de um antigo alquimista556, "o fogo celestial que, entrando
nas sementes inferiores, desperta e faz parecer a forma interna da
matéria mais profunda, com todo o seu ornamento e tripulação: e é
assim que a geração é feita por meio desse fogo celestial, e como
todas as coisas elementares aqui na terra dependem dele, como
sua verdadeira fonte e origem". 557
Este velho autor não é menos explícito, quando define o princípio
de Mercúrio: "O radical úmido de todas as coisas que em Química é
chamado de Mercúrio, é a substância úmida, primogênita na
semente de todas as coisas; sobre o qual o fogo natural ou o
enxofre vital atua para empurrar as formas mussadas e escondidas
no tesouro de seu abismo. Chamo de abismo, as virtudes e
propriedades deste espírito de vida que ele tem quase infinito, para
extrair de si mesmo todos os tipos de formas558. [765]
O princípio do sal, diz Jean Fabre, "é a sede fundamental de toda
a natureza em geral e em particular; É o ponto e o centro onde
todas as virtudes e propriedades celestiais e elementais terminam e
terminam. Princípio da corporificação, que é o nó e o elo dos outros
dois princípios enxofre e mercúrio, e dá-lhes corpo, e assim os faz
aparecer visivelmente aos olhos de todos. 559 anos
Assim, – é importante entendê-los – os três Princípios, em seu
significado universal, não são nem os corpos vulgarmente
chamados de Enxofre, Mercúrio e Sal, nem qualquer substância
análoga, que cai sob nossos sentidos. Devemos ver neles os três
aspectos complementares da mesma essência, geradores de coisas
materiais; os três termos de polarização do virtual oculto, prestes a
se manifestar, passando do poder para o ato.
Concebidos em sua síntese operativa, os Princípios representam;
entre eles, a energia realizadora dos corpos. Considerados
separadamente, eles são reduzidos a abstrações puras, porque
existem apenas um através do outro.
Observemos, de passagem, que os discípulos de Hermes
designam às vezes por , e os três

Princípios universais que dissemos, e às vezes sua incorporação no


reino mineral, a saber: corpos que podem ser manipulados em
réplicas e balões, e que, no trabalho preparatório, são as misturas
através das quais esses três princípios radicais, especificados em
[766] estágio mineral, respectivamente fazem sentir a sua própria
ação.
Não importa sensível ao mundo, que não é composto dos três
Princípios Unidos. Como resultado, o licor mercurial do trabalho
preliminar, para dar um exemplo, também contém sal e enxofre. Mas
Mercúrio está em excesso, o que quer dizer que a Substância
passiva, o Princípio feminino, a polaridade negativa do Ser
(resistência) se manifestam particularmente ali. — A mesma
observação pode ser feita em relação às preparações designadas
como sulfurosas ou salinas.
No laboratório, e em seu sentido mais amplo, o mercúrio é uma
fumaça branca, o enxofre uma gordura aglutinante e o sal um ácido.
O Azoth dos Sábios, síntese dos três, consiste em um período
menstrual, o Alkaest ou solvente de metais, que os traz de volta à
sua primeira substância e coloca seu esperma andrógino em
liberdade.
Finalmente, sempre em laboratório, e em seu sentido restrito à
natureza metálica, o enxofre dos metais será o ponto fixo560,
seminal, que, [767] determinando o mercúrio metalogênico,
especifica cada metal em uma natureza característica, onde cada
estágio de maturidade está inscrito; - O mercúrio será a primeira
substância dos metais, variadamente especificável por este ou
aquele enxofre, e o sal será o material do trabalho.
Com estas distinções estabelecidas, continuemos a nossa
apresentação.
Os três Princípios Universais da substância geram misturas
através dos quatro Elementos, estes quatro tipos fundamentais de
manifestação objetiva.
Os corpos aparecem no plano físico, de acordo com quatro modos,
dos quais os Elementos dos antigos oferecem a assinatura
espontânea e o símbolo imediato: esses corpos parecem sólidos
(Terra), líquidos (Água), gasosos (Ar) ou ígneos (Fogo).
A quintessência, ou médio prazo radical das formas sensíveis,
encontra-se no ponto central de equilíbrio dos quatro modos
elementares, assim como na Substância absoluta reside a síntese
de equilíbrio dos três Princípios.
Quanto ao problema da Crisopeia, segundo o qual devemos
restringir este curto prazo, sua solução teórica não apresentará mais
nenhum obstáculo à compreensão, se alguém for bem penetrado
por isso:
A natureza metálica é uma só: todos os metais são formados de
enxofre e mercúrio, especificados para o mineral, unidos em
proporções variáveis de peso a partir da maturidade recíproca, e
condensados [768] em um corpo salino mais ou menos puro, isto é,
em um modo de incorporação molecular mais ou menos adequado.
Variações qualitativas e quantitativas dos Três Princípios Unidos, e
mais ou menos intimidade na mistura, – estas são as causas da
diferenciação mineral.
Os metais são frutos de maturidade mais ou menos avançada, na
árvore de natureza metálica. Os metais inferiores são frutos brandos
e crus, que se separaram da árvore, isto é, da vida de crescimento,
antes que o enxofre e o mercúrio que os constituem se
combinassem e amadurecessem em proporções salinas justas.
Encontre um fermento que compense esse defeito, submetendo
novamente esses materiais inanimados e resfriados à fermentação
da vida mineral: a natureza retomará seu trabalho de elaboração e,
imperfeito, esses metais se tornarão perfeitos; ou seja, levarão, nas
séries negativa e feminina, à Lua ou prata, e na série masculina e
positiva, ao Sol ou ao ouro.
A pedra filosofal não é outra senão aquele fermento que leva à
maturidade os frutos azedos ou mal digeridos de natureza metálica.
Essa transmutação ocorre em um tempo muito curto, que varia de
alguns minutos a algumas horas, dependendo se a projeção da
massa azeda metálica é feita em um metal derretido, mais ou
menos longe do ponto de perfeição a ser alcançado. [760]
Todo o trabalho está, portanto, na elaboração do fermento, branco
ou vermelho. Esta é a questão claramente colocada...
"Os metais (diz Eliphas Levi) são formados nas entranhas da terra
como os planetas no céu, pelas especialidades de uma luz latente,
que se decompõe através de vários meios.
"Apreender o assunto em que a luz metálica é latente, antes de ser
especializada, e empurrá-la para o extremo positivo, isto é, para o
vermelho brilhante561, por um fogo emprestado da própria matéria,
tal é o segredo da grande obra.
"Entende-se que esta luz positiva, em seu grau extremo de
condensação, tornou-se a própria vida e pode servir como um
solvente universal e remédio para todos os reinos da natureza." 562
Que, se meditarmos sobre essas palavras de um grande mestre,
estaremos convencidos de que elas expressam tanto uma realidade
quanto um símbolo. Por esta dupla razão, positiva e analógica, vale
a pena compreendê-los. Nós [770] não os transcrevemos sem
razão, para concluir as preliminares gerais que eles eram
importantes para enunciar.
Passemos à descrição da grande obra.
Vamos primeiro esboçar o esquema quaternário; pois a Crisopeia é
racionalmente dividida em quatro grupos distintos de operações e
fenômenos.
Resumo da obra da Grande Obra

I. — Acções preparatórias

Todo o arcano encontra-se na preparação de Mercúrio philosophai,


ou Solvente Universal, ou Azoth of the Sages
Deduct%c3%a9e.jpeg. É obtido por uma sublimação misteriosa,
aplicando à matéria-prima o fogo secreto, que é o Aço dos filósofos.
Para preparar este Aço, é necessário conhecer e saber como usar o
seu Ímã.
A característica do Azoth é dissolver todos os metais, neste caso
particular, ouro e prata, e trazê-los de volta à sua primeira
substância mercurial, abolindo o nó górdio que uniu este Mercúrio
elementar de metais ao seu Enxofre.
O metalogênico Enxofre e o Mercúrio assim separados
recuperam sua qualidade vegetativa; de combinados e mortos que
eram, eles se tornam livres e vivos novamente. [771]
II. — A própria Obra
(preparação da pedra)

Ao dissolver o ouro vulgar e a prata no Azoth ou Mercúrio dos


Sábios, o seguidor de Hermes libertou o Sol brilhante e a Lua
Viva , o Rei e a Rainha, o homem e a mulher, cujo casamento
produzirá o Menino Real, o milagre da Natureza e da arte: a pedra
filosofal.
O agudo não é outro senão o enxofre metalogênico evoluído
à perfeição no ouro vulgar; - o mercúrio metalogênico e
metalogênico563 (1), levado à sua mais alta perfeição em prata
vulgar. (Todos os outros metais são formados pelos mesmos
princípios especificados, minerais; mas em combinação
desarmônica ou estado impuro).
O e os metalólogos, isolados no estado de pureza perfeita, e
revivificados (os seguidores dizem recrutados) pelo Azoth dos
Sábios (ou combinação do e do universal em uma prisão salina),
constituem o próximo material da obra: os dois fermentos cuja
competição (Rebis) forma o esperma puro dos metais.
Nada mais deve ser cortado pela raiz e submetido à dieta
graduada do Athanor. O calor de uma única lâmpada deve levar o
trabalho à sua perfeição.
No entanto, sob a influência combinada do calor e do tempo
[772], uma série de fenômenos perfeitamente determinados se
manifestam no início. As fases de volatilização parcial, fixação e
deliquescência do material se alternam conforme apropriado,
enquanto este material afeta sucessivamente matizes
característicos, cuja aparência na ordem desejada atesta ao adepto
que ele não se desviou do caminho certo.
As cores principais seguem-se na seguinte ordem: preto (
corrupção, cabeça de corvo), branco ( ablução, terra branca
frondosa, pequeno Elixir) e vermelho (grande elixir ou pedra
filosofal). — Existem muitos tons secundários ou transitórios: "Antes
do preto, há uma mistura bastante confusa de cores; entre preto e
branco é cinza; entre branco e vermelho, verde e azul, as cores do
arco-íris ou do espectro solar; depois amarelo, laranja e, finalmente,
vermelho564. »
O material que atingiu a brancura perfeita constitui o pequeno
Elixir, ou pedra transmutatória para branca, que transforma metais
imperfeitos em prata; — tendo atingido o vermelho, constitui o
grande elixir ou pedra semi-vermelha; É a pedra filosofal perfeita,
que transmuta metais em ouro.
III. — Multiplicação da pedra

A pedra é multiplicada, não só em quantidade, mas em virtude, por


sua digestão e coção em [773] dez vezes o seu peso,
aproximadamente, do filósofo de Mercúrio ou Azoto dos Sábios
Caduc%c3%a9e.jpeg. Esta operação não vai menos do que
começar de novo toda a obra, cortando pela raiz um assunto que é o
Reis Exaltado tem o segundo poder. Na preparação deste material,
os fermentos são substituídos por uma quantidade igual do Elixir
que se afirma multiplicar. As cores seguem-se na mesma ordem
invariável; Mas o trabalho evolui muito mais rapidamente; Quando
toda a matéria é fixada ao vermelho, a pedra não é apenas
aumentada dez vezes em volume, mas em potencialidade
transmutatória. Uma segunda multiplicação, idêntica à primeira,
resulta em cem vezes da pedra, não apenas quantitativamente, mas
também qualitativamente. E assim por diante, nessa proporção, 10,
100, 1000 10000, etc.
e
Outros filósofos multiplicam a pedra de forma muito mais simples,
projetando-a sobre ouro derretido vulgar, que ela reduz à sua própria
natureza de pedra.
IV. — Projecção

Sendo obtida a pedra filosofal (ou fermento maturativo), o


fenômeno da transmutação (ou maturação) de metais imperfeitos
ocorre em um curto espaço de tempo.
Basta projetar na massa liquefeito do metal que você deseja
enobrecer (mercúrio, estanho ou chumbo derretido) uma pequena
quantidade da pedra, reduzida a um pó fino e cuidadosamente
revestida com um pouco de cera, em forma de pílula. Após uma fase
de fusão [774] geralmente muito brevemente, o cadinho é deixado
esfriar, e toda a massa de metal é transmutada em ou ,
dependendo se o pó transmutatório branco ou vermelho foi usado.
Resta-nos completar as indicações do Resumo que acabamos de
ler, enfatizando os pontos deixados nas sombras pelos Mestres.
Poucas palavras serão suficientes.
Toda a dificuldade reside nas operações preparatórias. "O resto",
dizem os Adeptos, "é apenas um jogo para crianças e mulheres. No
entanto, este trabalho preliminar é limitado à preparação de Azoth
ou Mercúrio dos Sábios.
Já sabemos que não é o mercúrio comum . Acrescentemos que
ele não se safa disso, o que muitos teóricos da grande obra
disseram.
O que é, então, o Mercúrio dos Sábios, esta amante-chave do
magistério, sob pena de ninguém poder entrar no palácio do Rei
Sol?
Concebida abstratamente, isto é, com a exclusão de substâncias
materiais onde é incorporada para o uso do alquimista, está toda
unida a Luz astral, com sua dupla polaridade e seu centro de
equilíbrio onde reside a quintessência dos elementos.
Como manuseado pelos filhos de Hermes, isto é, no estado de
leite virginal ou vinagre muito azedo, ou solvente universal de
metais, o Mercúrio ou Azoto dos Sábios é um licor mágico, pode-se
dizer, onde o radical úmido (Mercúrio [775] feminino), fertilizado pelo
princípio vivificador (ou enxofre masculino), tomou forma, em favor
do princípio salino, — esta base de coisas sensíveis, que Boehme
define, por uma barbárie feliz, a "causa da apreensão"565.
A matéria-prima, Magnésia ou Marcasita ou Mineração dos Sábios,
da qual é extraída, não é, estritamente falando, nem um metal nem
um sal. É um mineral conhecido pelos filhos de Hermes e difundido
na natureza. É da Serva Vermelha, a Virgem hermafrodita da
natureza, "a rocha que contém um mar e cujo espírito é
sublimado..." Este mineral é formado, como todos os corpos
sensíveis, de enxofre elementar e mercúrio, acorrentado em uma
prisão salina. Mas o que a distingue de seus congêneres é que,
além desses dois princípios conjuntos e especificados, ou seja,
morta, ela está impregnada de enxofre e mercúrio não combinados
e não especificados566, ou seja, vivos.
Em outras palavras, este marcasita é um ímã de luz metálica
potencial, ou especificação preliminar de Aôr bipolarizado, cujo
extremo positivo (Aôd) constitui o enxofre masculino da natureza, e
o extremo negativo (Aôb) o mercúrio feminino.
Uma vez que a única mina é bem conhecida, e colhida em
condições favoráveis, trata-se de [776] extrair separadamente o
mercúrio e o enxofre livres, cada um condensado no veículo que
lhes convém; purificá-los, juntá-los em Azoth des Sages, em um licor
salino que é leite virginal e solvente dos alquimistas.
Mas ninguém pode libertar Mercúrio de suas amarras, sem cortá-
los com o Aço dos filósofos, e para possuir seu Aço, é preciso saber
como atraí-lo para si mesmo pelo artifício de seu Ímã.
Este é o grande arcano de Hermes: nós o afirmamos abertamente,
revelando a natureza do Aço dos Sábios, que não é outro senão a
eletricidade e o de seu Ímã, símbolo da pilha da qual ele emana.
Antes de nós, Eliphas Levi já havia apontado o uso do agente
elétrico nas operações da grande obra; Não sem se misturar com
visões muito questionáveis sobre o uso paralelo do magnetismo
humano. Ao falar de "eletricidade magnetizada", Eliphas estava
confundindo, talvez deliberadamente, duas ordens muito distintas de
realizações herméticas.
Ouvimos acima567 como um adepto treinado, tornado poderoso
no Astral por intermédio do mediador plástico dócil à sua vontade,
pode objetificar a matéria a partir do zero, sob um modo de prefixo.
O mago pode, assim, fazer ouro, assim como qualquer outra
substância corporal: seu trabalho é uma transferência de poder em
ação, uma verdadeira criação. Alquimia positiva, mas superior. [777]
Por outro lado, se qualificarmos como Magnetismo, a misteriosa
Força que permite à vontade humana agir sobre o Prótilo e
diferenciá-lo objetivando-o: podemos certificar, portanto, que o
milagreiro fez uso do magnetismo na alquimia. Concordar-se-á, no
entanto, que tal arte hermética difere sensivelmente da prática
operativa da grande obra, que nos ocupa nesta hora: estamos
lidando com Spagyia, e não mais com Magia.
Portanto, rejeitaremos o uso do magnetismo humano na alquimia
propriamente dita e manteremos o uso da eletricidade, que Eliphas
denunciou diante de nós. Será suficiente especificarmos esta
utilização e limitarmos o minuto adequado.
Este minuto é o das águias voadoras ou a sublimação de Mercúrio,
centro essencial ou central do trabalho preliminar da obra. É então
que, tendo atraído do Céu o Aço dos Sábios por meio de seu Ímã, o
artista branqueia este Aço, para a libertação do Mercúrio cativo.
"Nosso aço", diz Philaletha, "é a verdadeira chave para toda a
obra, caso contrário, é inútil acender a lâmpada ou a fornalha
filosófica. É a mina de ouro; é o espírito mais puro da natureza; É
um fogo infernal e secreto, e até mesmo em seu tipo extremamente
volátil. É o milagre do mundo e a reunião das virtudes superiores
nos seres inferiores. É por isso que o Todo-Poderoso o distinguiu
por um caráter especial. Os Magos e os Filósofos conheceram o seu
nascimento no Oriente, e notaram com admiração que um grande:
rei nasceu no mundo. "Imite-os, então, e [778] quando você tiver
visto sua estrela568, siga-o até o seu berço." 569
A pilha é claramente designada, em vez de descrita, no próximo
capítulo pelo mesmo autor. Vamos mencionar algumas
características.
"... Tendo dito que o nosso Aço é a mina de ouro, também deve ser
notado que o nosso Ímã é a verdadeira mineração do Aço dos
Sábios. Saiba que o nosso Ímã tem no seu centro mais íntimo, uma
abundância de sal maravilhoso... Este centro naturalmente se volta
para o polo, onde a virtude do nosso aço é reforçada aos poucos. É
neste polo que se encontra o coração do nosso Mercúrio, que é o
verdadeiro fogo onde o seu Senhor repousa, e (este fogo) nadando
sobre este grande mar, chegará às duas Índias, desde que se tenha
o cuidado de regular o seu curso pela visão da Estrela do Norte570,
que o nosso Íman fará aparecer571."
Mas não é suficiente para libertar Mercúrio de suas ligações, ele
deve ser fixo, ou ele é perdido na fumaça branca. Alquimistas
abundam em imagens mais ou menos mitológicas; para retratar a
virtude fugaz de seu Mercúrio, que escapa, se um personagem,
normalmente adornado com os atributos de Saturno, não cortar
seus calcanhares alados com um golpe de uma farsa. [779]
Um exemplo muito semelhante é fornecido pelo nascente Amônio.
Quando o cloridrato de amônia umedecido com água é quebrado
pela bateria, o metal complexo que tende a se formar no eletrodo
negativo só pode ser fixado combinando-o com mercúrio. A prata
viva incha, bolhas, assume a consistência amanteigada e, assim, a
amálgama de amônio é obtida. — Suponhamos por um momento
que o amônio seja o Mercúrio feminino da hermética: não serão eles
tentados a designá-lo dos seguidores enquanto o escondem do
leigo, sob o próprio nome do metal que serve para fixá-lo, para
torná-lo compreensível572?...
O acima é apenas um exemplo; Menos ainda, se quiserem, uma
comparação. O solvente ou leite virginal não é uma amálgama; é
necessariamente um líquido, uma "menstrue vegetal", obtida pela
combinação de Enxofre e Mercúrio, extraído do mesmo marcassita,
que ainda dá por purificação o sal vivo, onde estes dois princípios se
encontram incorporados.
Não percamos de vista o fato de que estes são os três princípios
mineralizantes, ainda não especializados: [780] eles representam
uma mesma substância em três modos diferentes, e é de um
mesmo material que eles foram extraídos: no polo positivo, ígneo,
manifesta-se o polo negativo, molhado; o
; no centro do equilíbrio, o surge da união dos dois.
O enxofre universal é invariavelmente visto como o pai. De certa
forma, Mercúrio é a mãe, e Sal é a criança.
Outros dirão que Sal é a mãe e Mercúrio a criança. É que tal
designa por andrógino Mercúrio não de princípio, mas o Solvente
(pseudônimo, o Azoth dos Sábios), que é gerado de Sal; —
enquanto o mesmo adepto qualificará o Sal da mãe ou do princípio
feminino, porque considerará este último como material e passivo,
em oposição ao Enxofre universal, que é invisível e ativo. — Vemos,
É uma questão de ponto de vista...
Para que o leite virginal (ou removedor mercurial) se torne
adequado para o banho do Rei e da Rainha, ele deve ser purificado
por um certo número de águias, leia-se as sucessivas sublimações.
Philalethe prescreve de sete a nove; Mas, embora muito claro em
alguns aspectos, devemos ter cuidado para não tomar sempre este
autor literalmente: alguém ficaria facilmente desapontado com ele
como com todos os outros. Sua atribuição de sinceridade brutal é
frequentemente uma ilusão, e encontramos em seu livro muitas
operações inúteis, descritas com a última meticulosidade, com o
único propósito de enganar o leigo. [782]
Como ao dissolver todo o metal, o licor azotáctico separa o
Mercúrio do Enxofre, e que restaura a vida e a liberdade a estes
dois princípios até agora fixos e mortos na sua combinação
metálica, é concebível que bastasse, a uma pitada, para o trabalho
em vermelho, dissolver o ouro em Azoth, como basta, para o
trabalho em branco, para dissolver dinheiro lá. Pois, para o grande
magistério, o ouro re-incrustado pelo Mercúrio do Sábio fornecerá
separadamente os dois fermentos essenciais, metalógeno e
vermelho, ambos no estado de perfeita pureza: como também a
prata, para o pequeno magistério, fornecerá separadamente, em
favor do mesmo reagente, os dois fermentos necessários, a saber,
o metalógeno e o branco, ambos muito puros. — É por isso
que os seguidores costumam dizer, com Basílio Valentim, que para
Argyropeia573 são necessários dinheiro e azoth; e, para Crisopeia,
574 ouro e azoto.
Como resultado, muitos artistas trabalham apenas no ouro e no
azoto dos sábios: e, repetimos, esses dois produtos são suficientes
para constituir o Rebis, o material espermática do óvulo... Mas se o
ouro e a prata forem derretidos em leite virginal, como alguns
seguidores recomendam, os dois fermentos, estranhos de origem,
combinam-se mais amorosamente e, dizem os filósofos [783],
"nosso filho real será mais belo e melhor virá". O que parece certo é
que, ao fazê-lo, a duração do trabalho é encurtada e uma colheita
mais rica e abundante é preparada.

Uma vez que os fermentos tenham sido obtidos e confrontados,


pela dissolução sem efervescência dos dois metais perfeitos no
banho real, o licor é submetido a congelamento, ou seja,
cristalizado.
Tel Rebis está se preparando. É a massa amorfa ou cristalina, mas
sempre de aparência homogênea, que o artista definitivamente sela
no ovo; Ele só sairá no estado de elixir realizado, isto é, de pedra
filosofal.
O período de trabalho preliminar, difícil ou perigoso está
encerrado. A arte de Hermes ainda requer muita paciência e um
espírito de continuidade, qualidades mais raras do que pensamos;
Mas o trabalho não envolve mais cálculos sutis ou manipulação
delicada: é nesse sentido que o que resta a ser feito foi descrito
como brincadeira de criança e trabalho de mulher.

Duas palavras do Atanor, ou fornalha imortal, assim chamada


porque o fogo deve queimar lá sem pausa, até a perfeição do elixir.
Vamos entrar no santuário da Vesta filosófica
"O verdadeiro Athanor... (chamado Albert Poisson) é uma espécie
de forno de reverberação, que pode ser desmontado em [784] três
partes. A parte inferior continha o fogo; Foi perfurado com buracos
para permitir o acesso ao ar e tinha uma porta. A parte do meio,
também cilíndrica, oferecia três projeções dispostas em um
triângulo, sobre o qual repousava a tigela contendo o ovo. Esta
parte era perfurada, de acordo com um de seus diâmetros, por dois
orifícios opostos, fechados por discos de cristal, o que permitia
observar o que estava acontecendo no ovo. Finalmente, a parte
superior sólida, esférica, constituía um dogma ou refletor,
reverberando o calor. Tal era o athanor geralmente em uso." 575
O adepto enche a tigela com areia peneirada ou cinzas finas.
Nesta camada bem unida, ele põe o ovo philosophai, que deve
afundar nele em apenas cerca de um terço. Alguns artistas preferem
o banho de água ao banho de areia. Esta não é uma consequência
decisiva. Outros, mais criteriosos, usam ambos sucessivamente:
começam por submeter o ovo ao bainmarie, que distribui um calor
mais suave e uniforme; Então, quando o trabalho avançado requer
um fogo mais ardente, eles substituem a tigela de areia ou cinzas
finas pelo recipiente por água.
O ovo, do qual o material nele incluído não deve ocupar mais de
um quarto, é geralmente um balão de vidro selado pelo pescoço, ou
o aludel da química antiga, que é obtido atraindo duas matras,
aninhadas uma na outra, na forma de um haltere. Este último
aparelho tem a vantagem de promover a circulação de bebidas
espirituosas: os vapores condensam-se facilmente no vaso superior,
[785] mantidos a baixa temperatura; A partir daí, chovem sobre a
matéria, que detergentam e regeneram por essa destilação perpétua
de si mesmo sobre si mesmo. Isso é o que os mestres chamam de
ablução do fixo pelas lágrimas do volátil. Este fenômeno marca
particularmente o fim do regime de Saturno, e pressagia a brancura
ou o regime de Diana, anunciado pelo aparecimento de suas
pombas.
O governo do fogo (regimen ignis) tem sido mantido em segredo
pela maioria dos filósofos, que o tornam a mais insígnia do
magistério. A grande malícia dos autores, ansiosos por desconcertar
o leigo, reside em confundir, por um lado, o fogo secreto do trabalho
preparatório (eletricidade, que não é mais necessária), com o fogo
da lâmpada necessário para amadurecer os fermentos e aperfeiçoar
o trabalho; — por outro lado, o fogo externo do athanor com o fogo
interno de Rebis, a energia química do composto. A partir daí, há
mal-entendidos até onde os olhos podem ver... e paciência.
No entanto, muitos se expressam abertamente sobre esse ponto.
Em primeiro lugar, é inútil obter suprimentos de carvão: somente os
Sopradores arruínam os Patronos de seu empirismo; e a desculpa
desses pobres demônios, se é que há uma, é que eles se
arruinaram primeiro neste exercício. Nenhum bêbado é mais
insaciável de álcool do que o forno de um soprador é de carvão. Ele
salta combustível, ronca noite e dia, e dá fumaça. Um espetáculo
delicioso e fascinante a tal ponto, que nosso homem [786], tendo
esgotado sua propriedade, seu crédito e a complacência dos outros,
torna-se um bandido, não para enriquecer, mas para manter seu
fogo de carvão. Improvisa indústrias variáveis e surpreendentes,
cultiva prestidigitação laboratorial; ele captura alguns, por um
trompel'oeil inócuo de multiplicação de prata e ouro; Em suma,
depois de mil dormentes, ela falha hoje em dia na polícia
correcional: benigna destinada, se compararmos ao destino de seus
precursores em engano, ao tempo ainda não distante quando os
foram executados. Mesmo assim, essa perspectiva não acalmou o
frenesi do soprador, acostumado a essas multiplicações frutíferas.
Ele soprou tanto e se multiplicou tão bem, que terminou, de acordo
com o agradável ditado de um médico de Luís XIV, sendo soprado
ele mesmo no final de uma forca, ou multiplicado em um
cadafalso576!
Então, nada de carvão no athanor. O ardor excessivo desse
combustível mataria a matéria, queimando o esperma metálico
andrógino do qual a criança real deve nascer. É somente uma vez
que a pedra tenha sido adquirida e multiplicada, que, tendo chegado
a hora da projeção, o fogo de carvão será útil, não no athanor, mas
em um simples fogão, para a fusão do metal imperfeito que o elixir
amadurece e regenera.
Toda a obra, como dissemos, é executada no calor de uma única
lâmpada, a modesta lâmpada a óleo do adepto e do filósofo. O
pavio, [787] de preferência tecido de amianto, é de quatro fios no
início, até que a escuridão apareça; depois quatorze, finalmente
vinte e quatro, para obter a cor branca. Isto é o que os autores têm
feito tanto mistério. (Ver Hapélio, Aforismos Reais)577.
Quanto às modificações fenomenais e às cores que a matéria
apresenta sucessivamente, todos os filósofos herméticos estão em
perfeito acordo: quebrando sua relutância, eles se expressam em
termos positivos, sinceros e concordantes578. Sem dificuldade
agora, sem mais ambiguidade.
Portanto, não vamos insistir em conceitos que são encontrados
idênticos em todos os lugares. Nas primeiras semanas de
calcinação, a matéria afeta várias tonalidades instáveis e mal
definidas (regime de mercúrio ). Em seguida, fica verde, escurece
e se liga ao preto. A negritude, a princípio superficial (cabeça de
corvo) não demora muito para invadir toda a massa sólida; é então o
nigrum nigro nigrius (regime de Saturno ), a fase em que os
seguidores querem ver a corrupção, a morte do sujeito, qualificar-se
a este grau como composto filosófico. Preto, longo estável, torna-se
branco lentamente, através de toda uma série de colorações
fugazes e não muito nítidas (em tons de castanho, cinza e neutro);
No entanto, os vapores são liberados, [788] cada vez mais
abundantes e tumultuosos, e, condensando-se contra a parede
superior, caem de volta em chuvas, que dissuadem a matéria cada
vez mais
(Regime de Júpiter ). Por fim, aparece a brancura, anunciada
pelas pombas de Diana, que acabamos de descrever579:
observamos primeiro, cortando contra o fundo escuro; filamentos
calcários que, do centro para as paredes, irradiam para a superfície;
então a brancura ganha toda a massa, que, após várias alternativas
de deliquescência e aridez, seca inteiramente e descama: aqui está
a terra branca frondosa, logo resolvida em granulações de uma
franqueza brilhante (dieta de Diane ). Neste estado, a matéria,
evoluída em modo passivo, constitui o elixir ou pó transmutatório
para branco, capaz de transformar metais imperfeitos em uma Lua
muito pura (Prata) e talvez em uma Lua fixa (Platina). O pequeno
magistério está terminado, e se o artista só trabalhou no Azoth e, o
dinheiro, ele só tem que quebrar o vaso, para recolher a sua pedra
branca.
Mas se o artista reembutiu no solvente mercurial os dois metais
perfeitos, Sol e Lua (ou até, como explicamos, o único Sol, que
basta fornecer os dois fermentos): então o elixir com branco
(embora aparentemente igual ao do pequeno magistério, evoluiu à
perfeição na série feminina), O elixir é [789] provável, na série
masculina, de uma evolução nova e complementar da antiga. Digne
o Leitor a prestar atenção em nós; De fato, a distinção é difícil de
entender... A pedra branca do grande magistério, idêntica em ato à
do pequeno, é diferente dela em poder; pois um chegou ao fim de
sua transformação, o outro é virtual de uma transformação
subsequente: de modo que, mais uma vez colocado na chama
graduada do athanor, ele "empurrará todo o seu corante para a
superfície", isto é, tornar atual e manifesto por fora, — patente, — o
que era apenas potencial e oculto por dentro, — latente.
Que se continuarmos o trabalho ativando o fogo, a matéria do ovo,
depois de uma estação para o branco (e várias alternativas do
líquido para o sólido, e vice-versa), verdes, depois azuis, então fica
vermelho escuro (regime de Vênus
V%c3%a9nus.jpg); — clareia e afeta a tonalidade alaranjada,
depois apresenta de uma só vez todas as cores do arco-íris: os
mestres designam este estágio sob os nomes de rabo de pavão e
lenço de íris (regime de Marte ). Finalmente, a grande obra está
chegando ao fim: o vermelho aparece; Os vapores do bueiro rolam
no céu filosófico suas volutas pesadas, e a matéria, a princípio
delicada, seca, entra em fusão e será fixada pelo resfriamento em
pequenos grãos da cor da papoula.
É o fim do período final (regime, do Sol ou de Apolo ): nasce o
filho da glória, obtém-se a pedra filosofal.
Emocionante de emoção, o operador pode finalmente quebrar
[790] o selo de Hermes. Ele lida com "o milagre da arte" e controla
alegremente os personagens externos que testemunham sua
perfeição.
A pedra é um pó cristalino muito pesado, vermelho brilhante e
cheiro de sal marinho carbonizado. Alguns grãos deste pó,
aquecidos em uma lâmina de metal, derretem como cera sem
espalhar vapores.
Finalmente, projetada dez vezes o seu peso de mercúrio fundido
ou chumbo, a pedra transmutaria, após duas horas de ebulição ou
mais, o metal imperfeito em ouro muito puro.
Mas essa força de transmutação parece ridícula, em comparação
com a que a pedra deve adquirir, uma vez fermentada e
multiplicada.
Já dissemos o suficiente sobre os métodos de propagação: o mais
simples e rápido é, como lembramos, aquecer o pó extraído do ovo
com cem vezes o seu peso de ouro, que rapidamente reduz à sua
própria natureza. O outro processo, mais longo, consiste em retomar
todo o trabalho: o pó é dissolvido em leite virginal, em vez de
derreter Lua e Sol; então este Reis exaltado é submetido ao regime
do athanor.
"E assim (ensina Artéphius) a virtude aumenta e se multiplica em
quantidade e qualidade; de modo que, se, em sua primeira obra,
uma parte de sua pedra tingiu cem, a segunda vez tingirá mil, a
terceira dez mil, e assim, se você continuar, sua projeção chegará
ao infinito [791], tingindo real e perfeitamente e olhando para
qualquer quantidade que seja580..."
O que quer que possa parecer dessa afirmação hiperbólica, muitos
mestres sustentam que ela deve ser tomada literalmente;
duvidamos dela de nossa parte. Mare tingerem, gritou Raymond
Lull de Palma, talvez um pouco espanhol demais em seu
entusiasmo adepto: mare tingerem, si mercurius esset!
A pedra multiplicada, branca ou vermelha, torna-se pó de projeção.
Para transmutar, em prata ou ouro, chumbo ou mercúrio, basta
"projetar" nesses metais fundidos uma pequena quantidade de pó,
cuidadosamente revestida em um pellet de cera comum: que se o
adepto negligencia essa precaução, o experimento está em pura
perda, como Helvécio teve que deplorar no primeiro teste que fez
dele.
"Deve-se observar", escreve Marc Pompey Colonne, "que a
fixação de mercúrio em prata foi feita em um quarto de hora...; mas
que para o de ouro, levava pelo menos duas horas e que o fogo era
muito forte: o que não era necessário para a prata. Perguntei (ao
meu mestre) a razão dessa diferença: você deve entender", ele me
disse, "que para forçar o mercúrio a apagar todo o seu corante, e
fazê-lo adquirir a fixidez do ouro, é necessário um fogo e maior e
mais longo; e, pelo contrário, para fixá-la em prata, só é necessário
engrossá-la: não é, portanto, necessário [792] dar-lhe um fogo nem
tão grande nem tão violento; Você só tem que aquecê-lo um pouco
duro. De fato, as fixações de mercúrio prateado, como já vi várias
vezes, foram feitas com maior facilidade e mais rapidamente do que
o coalho engrossa o leite em climas muito quentes. Finalmente,
notei que a prata que vinha da fixação do mercúrio era mais pesada
do que a prata comum, e que a gravura não causava nenhuma
impressão, ou pelo menos muito pouco; mas não fazia nada,
quando havia um pouco mais de pó do que o necessário. Era,
portanto, uma verdadeira lua fixa, e tal que eu não acho que possa
ser feito de outra forma." 581
Não podemos deixar de pensar aqui na Platina, quando
comparamos estas duas propriedades características deste metal, a
saber: uma densidade muito superior à da prata (é dupla), e a
inalterabilidade aos ácidos em geral, ao ácido azótico em particular.
Marc Pompey Colonne não era um farsante, e ele fala de sua
própria experiência... A platina seria, portanto, a verdadeira lua fixa,
o último termo de perfeição nas séries femininas e negativas, já que
o ouro é o último termo nas séries masculinas e positivas?...
Tudo sugere que a pedra filosofal é um metaloide desconhecido,
potencial para a maturação mineral.
Os autores antigos atribuem à sua Fênix, o emblema ordinário do
elixir vermelho, várias propriedades adjacentes, das quais
mencionaremos apenas para o registro as duas principais: uma,
mais do que hipotética, é transmutar em pedras preciosas as pedras
coloridas mais comuns; a outra é servir de base para a Medicina
Universal , que repara e regenera a vitalidade comprometida dos
espécimes vegetais e animais, e a do próprio homem, tão facilmente
quanto, no reino mineral, empurra à perfeição a vida de crescimento
da natureza metálica.
Embora esta última hipótese seja de consequência, como
evidenciado por muitos trabalhos erguidos em sua homenagem, não
podemos nos debruçar sobre esses corolários do grande teorema
hermético: nosso quadro estreito é limitado à afirmação do problema
da Crisopeia.
Mas sendo o nosso livro intitulado Key of Black Magic, não vamos
largar a Pena sem ter tocado uma palavra da busca do Homúnculo.
Tantos nobres discípulos de Hermes se desviaram, entre falsos
brilhos, nesta trilha imprudente e ambígua, onde, faltando de
repente o pé, rolaram para o precipício indescritível, nas lamas e
colas da goetia escura!
O que poderia ser uma quimera mais sedutora? Erigir a alquimia
em uma ciência vertiginosa, não mais apenas evocativa da vida,
mas formativa dos seres vivos, – em uma palavra, para competir
com o Criador! Infelizmente, os seguidores que, interpretando ao pé
da letra uma engenhosa alegoria de Paracelso, imitaram-se [794]
para realizar o Homúnculo, não pensaram na catástrofe do Éden.
Por ter querido se apropriar da essência demiúrgica, seiva da raiz
escura dos seres, o imenso Adão foi pulverizado pelo Tempo e pelos
Espaços; ele afundou nas profundezas da matéria, arrastando em
seu declínio o Universo colapsado com o peso de seu Destino. E
nós, infinitas emanações obscuras deste glorioso arcanjo, a quem
uma tentativa extravagante reduziu a pó, conseguiríamos aqui na
terra a obra que Adão lá não poderia realizar!
Não importa!...
E para obrigar a Natureza a infundir a vida com algum simulacro
artificial de ser, desafiando as leis que ela nunca transgride; para
informar e animar o Homúnculo, não há mistura estranha, nenhuma
prática abominável ou imprudente, insultante para a terra como para
o Céu, o que faz com que esses sacrilégios pontífices da Natureza
profanada recuem!
Como os sacerdotes de Moloque, eles sacrificam vítimas ao Ídolo
de sua aberração mística, e casam o holocausto poluidor com a
oferta estercorária, a oblação sangrenta; desespero de arrebatar
seu arcano das albuminas secretas onde o limbo da vida animal
chega ao fim, eles evocam com ajuda os espíritos malignos e
combinam imprecação com observância vã, blasfêmia com oração.
Tolo! Eles às vezes conseguem [795] ligar algumas larvas a
mandrágoras582 embebidas em sua sensibilidade e galvanizadas
com sua vontade. Este é o máximo em seu hermetismo equivocado.
Finalmente, não há torpeza ridícula onde sua engenhosidade não se
esgota – em vão. Seria inútil voltar atrás no que notificamos no
volume anterior583.
Os curiosos desses tristes mistérios se referirão a ela. Vamos
rápido e longe, neste caminho de opróbrio e perdição; É apenas o
primeiro passo que custa... Jacques Gaffarel relata uma passagem
do erudito rabino Mosei, tocando nas práticas dos feiticeiros
hebreus, para o enxerto de árvores frutíferas: "Dixerunt ergo quod in
horâ in quâ inseritur ana species aliam, oportet ut ramus inserendus
sit in manu alicujus multeris pulchrœ, et quod vir aliquis carnaliter
cognoscat eam, prœter morem naturalem. Et dixerunt quod in
tempore illius actûs debet mulier inserere ramum in arbore584."
Assumindo que isso é de fato o enxerto de árvores, e que o rabino
citado por Gaffarel não quer fazer ouvir nada além do que ele
parece dizer, – pode-se entender até que ponto os goètes tiveram
que acentuar seus ritos priápicos, quando em vez de [796] preparar
cirurgiões de ordem vegetal, eles agitaram o problema prático da
bioengenharia artificial ...
A presunção de orgulho desenfreado conduz inevitavelmente, de
facto, às monstruosidades de uma depravação que é a
consequência e o castigo natural.
Poucos hermeticistas, deve-se dizer, exceto até mesmo os mais
aventureiros, poucos hermeticistas engoliram a si mesmos até essas
turpitudes experimentais.
É errado que esses homens tenham sido pintados sob as cores do
vício e da rapacidade. A sede de ouro e a ambição de poder eram
os motivos de apenas alguns deles: e aqueles, mesmo educados,
erravam miseravelmente; enquanto o amor altruísta pela ciência –
aquela estrela do Oriente – guiou os verdadeiros Magos à Belém
Cabalística, ao berço da Criança Real.
Os poucos seguidores que alcançaram o objetivo invariavelmente
deram o exemplo de beneficência e virtude: não vemos que
ninguém tenha abusado das prerrogativas verdadeiramente
soberanas que lhes são conferidas pela ciência do elixir. Alguns,
como Raymond Llull, deram esmolas aos reis, enquanto o bure
franciscano pesava sobre seus ombros; — os outros, como Flamel,
viviam na mediocridade mais burguesa, esbanjando boas obras e
fundamentos piedosos com munificência principesca; — outros,
finalmente, como Cosmopolitan e Philaletha, dedicaram-se ao
apostolado hermético [797], desafiando os perigos, as provações e,
muitas vezes, as torturas que lhes são reservadas pela ganância
insaciável dos grandes; e atravessaram a Europa, distribuindo o seu
pó e multiplicando as transmutações como demonstrativo.
Longe de acumular ou acumular milhões, esses seguidores têm,
apenas duas ou três vezes em suas vidas, praticado as operações
da grande obra. É porque eles entenderam que a riqueza não é
nada; que a verdade e a caridade são toda a fortuna de um homem
sábio. O amor pela ciência, por si só, e a ambição de espalhar em
torno de dois alguns benefícios, poderiam por si só induzi-los a
repetir a experiência hermética e a renovar suas reservas de pó
transmutatório. Mas, doravante, a grande obra da imortalidade
exigia-os: a Crisopeia interior sorria para eles mais do que a outra,
externa, – e a pedra filosofal a que aspiravam a partir de então era a
da sua própria regeneração moral e espiritual.
Petra de carro erat Christus.
P.S. — Concluamos repetindo as nossas observações iniciais. A
Chave da Magia Negra, dissemos, é também a do arcano sagrado;
pois o domínio astral pertence à Magia luminosa, da mesma forma
que depende do Ocultismo perverso... Nosso primeiro conceito
[798], pegar a caneta, volta para nós confirmado neste momento em
que a apresentamos.
Para relê-la, esta observação é necessária, e ficamos
impressionados com ela, de que, apesar do título desta obra, o
magiste encontrará muito mais para colher do que o catecúmeno
dos goeties escuros.
A doutrina exposta por nós é sintética: se tais lacunas são óbvias,
é importante que saibamos que elas foram destinadas; mas também
encontramos, não muito longe delas, muitos materiais dispersos,
capazes de preenchê-las. Não tendo sido capaz de dizer tudo, o
recurso foi deixado para a gente dar tudo para ouvir. Pelo menos
nós tentamos...
Para o público deste Segundo Setenta, o Templo de Satanás se
ilumina sob uma nova luz, e o ídolo bárbaro deslumbra sob
reflexões inesperadas.
Resta construir o volume III. — É à sua filosofia que o Ensaio
Científico de hoje só deve ser dado o seu verdadeiro valor; e a
última escuridão se dissipará, se for permitido que traduzamos
nosso pensamento como lúcido para todos, que ele irradie a partir
de agora apenas para nós.
Que possamos, de um ângulo favorável, apresentar o espelho ao
sol de
Verdade que decora o Céu ancestral da Tradição, – esta jovem
deusa dos velhos tempos, evocada e tornada presente ao chamado
da nossa fé! [799]

550 A ciência de Hermes reduzida à arte da Crisopeia, seu problema mais famoso,
pode parecer um objetivo bastante mesquinho: alguns lamentarão ver horizontes
tão magníficos se estreitando dessa maneira. Mas temos apenas algumas
páginas, ou vários capítulos não seriam muitos; e dois volumes dificilmente seriam
suficientes para um tratado geral sobre filosofia hermética. O resumo de alquimia
acima, nossos leitores se dignarão a observar, deve se encaixar em uma
subdivisão deste capítulo VII, intitulado Magia das Transmutações. Observemos,
além disso, que se os vocabulários variam de uma Escola esotérica para outra, a
concordância é perfeita, basicamente, entre as doutrinas generalizadas da
Espagria e os ensinamentos dessa ciência oculta, à qual dedicamos nosso
volume. É ao ponto de os seguidores usarem estes termos: Ocultismo, Hermética,
Magia, Cabalá, como verdadeiros sinônimos.
551 Papus, la Pierre philosophale, preuve irréfutables de son existence, Paris, 1889, in-
8. — Cf. Traité méthodique de science occulte, pp. 643 e segs.
552 Papus, Tratado Metodológico, pp. 653-658.
553 O que cria um caos ainda mais inextricável, para o estudante em seus primórdios,
é a massa de escritores ou presunçosos ou mistificadores, que enchem as
avenidas da Ciência com um amontoado de teorias muitas vezes absurdas, em
qualquer caso errôneas, e que professam em nome de uma experiência que não
adquiriram, ou promulgam os oráculos de um Deus que não lhes falou. Na
alquimia, o discernimento e a escolha dos autores parecem mais difíceis do que
em qualquer outro estudo. É prudente ater-se aos senhores indiscutíveis; No
entanto, especuladores intrigantes às vezes colocam rapsódias ineptas sob o
patrocínio desses nomes famosos.
554 Esta é a Tabela Esmeralda (ver cap. I, pp. 114-119).

555 Ou Archaeus, Azoth e Hyle.


556 Jean Fabre, l'Abrégé des secrets chimiques. — Paris, Billaine, 1636, in-8.
557 Fabre, Segredos Químicos, p. 20.
558 Segredos Químicos, pp. 23-24.
559 Segredos Químicos, p. 34 (passim).
560 Assim, em princípio de naturação, o enxofre é um fogo sutil, oculto e indescritível;
tudo o que é mais etéreo, mais espirituoso; — na aplicação natural, este mesmo
enxofre, incorporado e especificado em natureza metálica, torna-se a semente fixa
e inalterável de metais, o padrão do seu tipo siciliado no seu material: tudo o que
pode ser concebido do mais denso e mais permanente. Sempre a analogia dos
opostos, tornada perceptível no cruzamento de influências exercidas do Céu para
a Terra; Interversão que já apontamos (nota das páginas. 128-129) e cujo
emblema natural está inscrito no reflexo invertido de uma imagem na água.
561 "Tudo é regenerado pelo solvente universal, que é a matéria-prima. Este solvente
concentra sua força na quintessência, isto é, no centro de equilíbrio de uma dupla
polaridade. "A vibração da quintessência em torno dos reservatórios comuns é
manifestada pela luz, e a luz revela sua polarização pelas cores." O branco é a cor
da quintessência. Em direção ao seu polo negativo, essa cor se condensa em azul
e se fixa em preto; mas em direção ao seu polo positivo, condensa-se em amarelo
e fixa-se em vermelho. A vida radiante, portanto, sempre vai do preto ao vermelho
e ao branco; e a vida absorvida desce do vermelho para o preto através do mesmo
ambiente". Éliphas Lévi, Histoire de la Magie, p. 536-537.
562 Eli p tem Levi, Hist. de Magia, p. 537.
563 Chamamos de metalogênio o enxofre e o mercúrio especificados para o mineral,
e cuja combinação, em proporções apenas de sal, dá origem aos vários metais.
564 Teorias e símbolos de alquimistas, de Albert Poisson (Collection d'ouvrages
relatives aux sciences hermétiques). — Paris, Chacornac, 1891, petit. in-8 square,
fig., p. 129.
565 Não fixado em uma combinação definida, queremos dizer, mas, no entanto, já
tendendo a especificar o mineral.
566 Voy. cap. IV p. 461-462 et passim.
567 A faísca elétrica.
568 A faísca elétrica. (2) Irineu Philalethus, Introitus apertus, III, 2, 3 (Entrada para o
palácio fechado do rei), tradução de Lenglet Dufresnoy, em sua História da
Filosofia Hermética. Paris, Coustelier, 1742, 3 vol. in-12, (t. II, p. 19-21 da segunda
paginação).
569 Sempre a faísca.
570 Introitus apertus, IV, 1, 2 (Hist. do Philos Hermético, Volume II, pp. 21-23).
571 Assumindo – hipótese pura, – que uma analogia desse tipo resultou em nomear
Mercúrio a substância feminina do coito elementar, na preparação do azoto dos
sábios: será melhor explicado que, tendo sido enxertadas outras analogias no
primeiro, os alquimistas chegaram, por sucessivas generalizações e
correspondências entre os vários planos, a qualificar nomes como material como
Mercúrio e Enxofre abstrações puras, como termos de polarização geral da
substância indiferenciada.
572 Arte de ganhar dinheiro.
573 Arte de fazer ouro.
574 Teorias e Símbolos dos Alquimistas, p. 106.
575 Voy. o Túmulo da Loucura, de Ir. de la Martinière. Paris, s.d., petit in-8, p. 74.
576 Citado por Poisson, Teorias e Símbolos dos Alquimistas, p. 109.
577 Eles diferem apenas na interpretação, e nós diríamos a metafísica das operações;
Mas na questão de fato, a unanimidade prevalece.
578 As pombas de Diane sobem e descem: simbolizam a agitação da parte volátil da
matéria. Essa agitação, que atingiu seu auge, prelúdio ao regime de Diana e
sinaliza o alvorecer da branquitude.
579 Filosofia natural de três filósofos antigos, Artephius, Flamel e Synesius. Paris,
1612, in-4, figuras, p. 34.
580 Os segredos mais escondidos da filosofia dos antigos, descobertos e explicados,
seguindo uma história muito curiosa, por M. Crosset de la Haumerie (pseudônimo
de Marc Pompey Colonne). Paris, 1722, in-12, p. 11-12.
581 Cf. Volume I de nossa Serpente de Gênesis: O Templo de Satanás, cap. V (O
Arsenal do Feiticeiro, pp. 341, 374-375, com as palavras Android, Mandrake e
passim).
582 O Templo de Satanás (passim, e em particular nos caps. III e V).
583 Gaffarel, Curiosités inouïes, p. 313-314.
584 São Paulo (Ire Corinto, cap. X, v. 4).
APÊNDICE
I — O corpo causal segundo o
esoterismo vedantino

M. Paul Sédir, que está preparando um estudo completo sobre a


teosofia vedantina, deu-se ao trabalho de resumir para nós, em um
breve e substancial aviso, os dados dispersos nos Upanishads,
sobre o corpo causal, - esse substrato imutável da forma etérea
efêmera; este princípio latente do ser humano, que é, para os
corpos siderais de encarnações sucessivas, o que Moulaprakriti é
para Prakriti.
Seremos capazes de ver que analogia próxima homóloga ao que
os vedantinos chamam de corpo causal, com esta Faculdade
plástica cuja natureza e atribuições temos, talvez pela primeira vez,
talvez, claramente especificadas neste trabalho.
S. POR G.
As teorias vedantinas sobre o homem só se tornam
compreensíveis se, com uma mente engenhosa, nos esforçarmos
para compará-las em todos os seus aspectos e extrair, pelo esforço
de múltiplas analogias, os significados três vezes secretos, véus
com os quais a austera deusa da Gimnosofia se envolve.
No tabernáculo mais secreto do ser humano paira o eterno, o
imutável, o onisciente Atma, Parabrahm. Em contraste com este
indescritível, as inúmeras células do corpo físico desenvolvem [800]
suas mutações perpétuas. No entanto, estes procedem deste, por
meio dos dois termos médios do Quaternário universal. Esses
termos foram chamados, na Andrônia Adwaitista, de Corpo Causal
(Karana Sarira) e de Corpo Sutil (Sukhsma Sarira).
O corpo causal, ensina o estudioso Mohini585, é o reflexo do
Atma; Jacob Boehme diz, de maneira semelhante: a Virgem Sofia é
o espelho onde o Santo Ternário contempla a si mesmo.
Soubba-Rao, outro Brahme, escreve em substância em suas
palestras Pour ou o Bhagavad Gitâ, que a luz do Logos
(Daïviprakriti), agindo com base na Natureza-Essência
(Moulaprakriti), gera o corpo causal. Este corpo é a individualidade
consciente, produzida pela corrente da vida que move toda a
evolução e aumentada por várias formas subsidiárias, geradas pelas
condições especiais do espaço e do tempo; É o elo entre as
encarnações e, consequentemente, aumenta como resultado das
experiências do indivíduo que são análogas à sua natureza: como
movimentos intelectuais, altas emoções da alma e aspirações
místicas.
— Contém o germe do corpo astral e o do corpo físico; na morte,
ele entra no plano Solar: ele vive lá, e as energias que ele
desenvolve lá, reverberando nos dois planos inferiores: astral e
material, novas encarnações ocorrem.
Anatomicamente, este corpo causal é constituído pelo grande
Mistério cuja desocultação confere a Imortalidade.
Queremos falar sobre o que os hindus chamam de Força da
Serpente.
(Koundalini Sakti); é ela, diz o mesmo Soubba Rao586, "que produz
essa adaptação contínua das relações internas às relações
externas, que é a essência da vida de acordo com Herbert Spencer,
e essa adaptação contínua das relações externas às relações
internas, que é a base da transmigração [801] (almas). É a sede do
Logos no homem, é a chave que abre as portas da "Cidadela
ígnea", é o circulo do Ego; cuja fixação é a Grande obra psíquica.
O estado de consciência que é próprio do corpo causal é o do
sono profundo e sem sonhos.
Assim como a Ísis cósmica está revestida de todas as formas,
nomes e organismos, o corpo causal gera no homem o princípio
animador do ser, o corpo sutil ou astral. Este corpo é o duplo
resultado das sublimações da existência física e dos latidos da
existência espiritual; A sede da natureza inferior do homem, é o
Livro do Karma, onde os desejos instintivos e as paixões animais
são registrados.
No atual estado de evolução do Reino Hominal, o corpo sutil é
constituído pelos cinco elementos que percebe e implementa pelos
cinco sentidos, os cinco órgãos de ação e os cinco órgãos dos
sentidos.
Todo o animismo humano é centralizado em um lugar nomeado
por Boehme o centro da Natureza, e pelos hindus, o egoísmo
(Ahankara); neste ponto de síntese, a Mente (Manas), centro
receptivo de sensibilidade, registra percepções; o princípio da
compreensão (Buddhi) as compara, as digere e elas chegam à
consciência (Chilta ). ) que, concentrando-se em seu próprio
interesse, eleva-se à noção de subjetivo e objetivo, a fim de permitir
à vontade uma determinação futura.
Os Upanishads dão noções muito detalhadas sobre a anatomia e
fisiologia do corpo astral; mas, além do fato de que a transcrição de
tais ensinamentos seria muito longa, a pouca experiência que
possuo da literatura mística da Índia foi, no entanto, suficiente para
me induzir a aceitar somente após cuidadosas palestras o ensino de
textos que, infelizmente, não tiveram, que muitas chances de ser
alterado.
P. SÉDIR.
[802]
II — Um estranho tormento no
Extremo Oriente

Devemos o seguinte relato ao Sr. Albert de Pouvourville, ex-adido


militar na Indo-China. Os fatos que ele relata parecem curiosos o
suficiente, apesar das reservas expressas pelo narrador, para que
não hesitemos em reproduzir esta nota no Apêndice, como
relacionada aos mistérios do Encantamento – e talvez do
Vampirismo.
O infeliz condenado de Ma Ho foi, de acordo com o julgamento,
sofrer a morte sem a aproximação do ferro587... O caráter muito
estranho da execução, juntamente com a encenação com que foi
cercada, testemunham o suficiente de que era uma obra oculta, ou
pelo menos que os autores da tortura energeticamente queriam
passá-la como tal. Além disso, deixamos a palavra para o nosso
gentil correspondente. O público poderá extrair de sua história.
Tais conclusões serão.
S. POR G.
Em Janeiro de 1889, encontrei-me, em consequência dos deveres
especiais que me tinham ligado à missão de M. Pavie, cônsul-geral
de França no Sião, [803] na aldeia de Ma Ho, perto das montanhas
de Loïsot, na estrada que, do rio Negro, leva a Mé Khong, por
Muong Bang e Muong Mouen.
O chefe do distrito, nomeado pelo Quan Phong (aposentado hoje
em Van Ban Creek, perto de Luong Qui), tinha um preso no corredor
da morte, que sofreria seu destino especial na mesma noite que
passei em Ma Ho.
O condenado estava firmemente amarrado; Ele ficou com apenas
um cinto em torno de seus lombos. Ele foi levado solenemente para
uma cabana de barro, coberta de folhas mais latanier, em uma
extremidade de Ma Ho, e perfeitamente separado das outras casas
da aldeia.
O chefe do distrito; e o "Sorcerer588" permaneceram sozinhos
com ele por alguns momentos, e saíram por último. Em seguida, a
cabana foi guardada a noite toda, nos quatro cantos, por quatro
soldados das milícias indígenas de Quan Phong.
O feiticeiro retirou-se, depois de fazer alguns truques, alguns sinais
e dizer algumas palavras, ao redor e fora da casa. Este feiticeiro é
precisamente da classe e da experiência daqueles aludidos nos
relatórios oficiais dos comissários franceses no Laos589.
Na manhã seguinte, quando as facções foram levantadas e
entraram na cabana, vi o prisioneiro morto, já frio, completamente
sem sangue e, embora a carne ainda estivesse macia ao toque,
parecendo perfeitamente ressequido de um corpo embalsamado de
estilo egípcio.
Não quero tirar daí quaisquer conclusões, porque não estava em
boa posição para conhecer os pormenores ou para [804] controlar a
operação. Eu não tinha tido tempo de lidar com isso seriamente: eu
estava saindo no dia seguinte, e eu não tinha sido informado sobre
isso como uma coisa notável de se ver. Eu simplesmente apresento
aqui este fato bizarro, do qual as mentes analógicas serão capazes
de extrair as consequências que elas gostariam de assumir
prováveis.
A. DE POUVOURVILLE.
[805]

Um dos autores anônimos de Man, fragmentos da história esquecida (Londres, 1887,


in-
586 Em. Cit.
587 Esta fórmula é comumente usada na Indo-China, para todos os casos em que a
tortura não envolve o derramamento de sangue.
588 Assim são os nomes dos sacerdotes do Pi, culto rude, no Laos, objetos notáveis
da Natureza ...
589 Citamos esses relatos, cap. IV, pp. 453-454, sobre a maldição da lança presa à
sombra da vítima.

CATÁLOGO DAS PRINCIPAIS OBRAS


ONDE O LEITOR É ENCAMINHADO
PARA A CHAVE DA MAGIA NEGRA590
Anónimo e colectivo
AURORE (O). — Revue théosophique, editada por Madame la duchesse de Pomar,
presidente da Société théosophique d'Orient et d'Occident. — Paris, Carré, grand in-
8.
Em 17 de fevereiro, o grande Advento, precedido por um grande prodígio!!! Comprovado
pelo comentário... de la célèbre prophétie d'Orval, par E.P. — Bar-le-Duc, imprimerie
ComteJacquet, août 1873, in-8.
BIBLE (O Santo). — Traduções de Ostervald e Le Maistre de Sacy. (A edição não importa).
DICIONÁRIO DE CONVERSAÇÃO E LEITURA. — Paris, 1837-38, 60 vol. in-8.
GRANDE LIVRO DA NATUREZA (O), ou o Apocalipse Filosófico e Hermético; obra curiosa,
na qual lidamos com a filosofia oculta, a inteligência dos hieróglifos dos antigos, a
Sociedade dos Irmãos do Rosacruz, a transmutação de metais e a comunicação do
homem com os seres superiores e intermediários entre ele e o Grande Arquiteto.
Visto por uma Sociedade Filosófica... Inc... e publicado por D. De 1, até o ano de
1790. Au midi, et de l'imprimerie de la Vérité, in-8.
HISTÓRIA DAS CAPELAS PAPAIS. — Em 8.
*INITIATION (L'), revisão em-18.
*LOTUS (Le), revista em-8 (1887-1888).
LIVRO DA SANTÍSSIMA TRINDADE (O). — S.L.N.I.), Fólio grande, miniaturas reforçadas a
ouro. Manuscrito original de alquimia, ensinado sob emblemas místicos e misturado
com noções astrológicas muito precisas. — Esta magnífica obra, caligrafada na
primeira metade do século XVII, termina com uma série de miniaturas sobre pele de
velino, de gosto requintado, e um brilho offline. Muitos deles são muito estranhos; ou
[806] pode ver, na p. 754, um esboço de uma dessas composições. Para dar aos
amadores uma ideia da singularidade desta mss., transcrevemos as primeiras linhas:
"Este Livro não é uma doutrina nova: é um grande conhecimento de Deus e da
Virgem S. — Aos olhos do meu mestre, direi tanto quanto pude aprender com ele,
que ele não aprendeu com ele copiou este Livro da Santíssima Trindade de nenhum
outro eu. Pois Deus Pai e o Espírito Santo deram-lhe por uma ciência infundida,
através da contemplação das estrelas. Então ele a escreveu com um dom especial
do Espírito Santo. Assim, essas maravilhas de Deus foram verdadeiramente
comunicadas e descobertas a Ele. "É um Livro de Milagres. Existe a pura verdade.
— Quem encontrar este Livro não o esconde: seria condenável no corpo e na alma;
este Livro de Deus deve ser levado diante dos maiores Senhores e Mestres (sic) da
cristandade e da Santa Igreja. Portanto, aprenda que este Livro é um novo dom de
Deus e do Céu. Sobre isso, os grandes Senhores e Doutores devem pensar
cuidadosamente... etc. Quem ouvir bem este Livro de Deus e digerir bem as suas
operações lá, receberá dele grande recompensa da sua Doutrina, a saber, o mais
fino ouro e prata..."
LUZ DO EGITO (La). Paris, Chamuel, 1895, em-4, fig.
ORVAL (A Profecia de). A profecia autêntica chegou da América. — Paris Poussielgue, S.
D., 16 p. in-8 sem título).
SABEDORIA DIVINA (A) DE ABRAÃO, O JUDEU, dedicada a seu filho Lameque, no ano
de 1347. — 2 vol. pet., in-8. Manuscrito do final do século XVIII, de uma bela escrita.
Cada página é emoldurada por uma rede vermelha. Abraão (diz o Aviso) era um
nativo da cidade de Worms, na Alemanha. Ele escreveu vários livros sobre as
ciências ocultas, que ele possuía perfeitamente. Deixou ao seu filho Lameque, como
um tesouro, o manuscrito composto em alemão, do qual dou aqui a tradução. Seu
filho mais velho, José, já havia recebido a cabala dele..."
SÉCULO (O). — Periódico diário, in-fol. — Ver a coletânea desta revista, ano de 1853. (N.°
de 15 de Julho).
TAROTS. — Veja as edições de Marselha e Besançon, os antigos jogos de Jacquemin
Gringonneur, Mantegna, e as chaves XXII restauradas por O. Wirth. (Cf. O Templo
de Satanás, pp. 388-390).
*TRINUM MAGICUM. Francofurti, 1629, animal de estimação. em-12. (Cf. le Temple de
Satan, p. 42, artigo Longinus).
Um
AGRIPPÆ (Henrici Cornelii ab Nettesheym) OPERA, etc.
— Lugduni, per Beringos fratres, dois volumes em 3 vols. in-8, fig. Impresso em itálico. É a
melhor edição latina, a mais rara e a mais completa.
— La Philosophie occulte (trad.fr.). — Haia, 1827, 2 vol. in-8, fig.
APULÉE (Obras completas de), traduzido para o francês por V. Bétolaud, (com o latim
oposto). — Paris, Garnier, 1883, 2 vol. in-12. [807]
ARTÉFIO. - Filosofia natural de três renomados filósofos antigos, Artephius, Flamel e
Synesius, lidando com a arte oculta e a transmutação metálica. Aumentado por um
pequeno tratado sobre mercúrio e pedra pelos Filósofos de G. Ripleus, etc. — Paris,
chez Laurent d'Iloury, 1682, in-4, fig. Edição mais completa, com uma grande placa
que se desdobra.
AUCLER (Quantius). — Threicia ou o único caminho das ciências divinas e humanas, do
verdadeiro culto e moralidade. — À Paris, chez Moutardier, an VII de la Républ.
franç., in-8.
B
BACON (Roger). — Carta sobre as maravilhas da natureza e da arte, traduzida e
comentada por A. Poisson. — Paris, Chamuel, 1893, em-12.
BARRUEL (o abade).— Memórias para servir a história do jacobinismo. — À Hambourg,
chez Fauche, 1803, 5 vol. in-8.
*BAUDELAIRE (Charles). — Les Fleurs du Mal, in-8 (retrato).
BEAUSOBRE (M. de)., — História crítica de Manichée e do maniqueísmo. — Amesterdão,
chez J. Frédéric Bernard, 1734 et 1739, 2 vol. in-4.
BELOT (Jean). — Instruções familiares para a aprendizagem das ciências da Palmistria e
da Fisionomia, etc.; com um Traité des Divinations, Augures et Songes, par Jean
Belot, curé de Mil-monts, maître ès-sciences divines et célestes. — Em Paris, às
custas do autor, e é vendido em Nicolas Bourdin, 1624, em 8, placas e figuras.
BŒHME (Jacó). — Dos três Princípios da essência divina, ou do eterno gerado sem
origem, etc.; por Jacob Boehme (sic), do Velho Seidenburg, chamado de filósofo
teutônico, trans. do alemão; no Édito de Amsterdã de 1682; pelo Filósofo
Desconhecido (L.- Claude de Saint-Martin). — Paris, an X (1802), 2 vol. in-8.
BERANGER. — Les Chansons de Béranger, Paris, Perrotin, 1834, in-8.
BERTET (Adolphe). — O Apocalipse do Beato João desvelou... — Paris, 1861. in-8.
BODIN, João. — De la Démonomanie des Sorciers. — Paris, 1587, in-4.
BOGUET, Henrique. — Discours des Sorciers, etc. — Lyon, 1610, in-8. [808]
BOISSARD (Jano-Jac.). — De divinatione et magicis prætigiis, — Oppenheimi, typis Hier.
Galleri (absque anno), in-fol., fig.
BOURRU e BUROT (professores da Escola de Medicina de Rochefort). — Sugestão
mental e acção remota de substâncias tóxicas e medicamentosas. — Paris,
Baillière, 1887, in12, fig.
BULWER-LYTTON. — The Haunted House, conto inglês, traduzido por R. Philipon. —
S.L.N.D., in-8.
— Zanoni, roman anglais, (traduzido por M. Sheldon), — Paris, Hachette, 1867, 2 vol. in-12,
Fig.

C
CAHAGNET. —(L.-A.) Magia magnética, ou tratado histórico e prático de fascínios,
espelhos cabalísticos, contribuições, suspensões, pactos, talismãs, encanto dos
ventos, convulsões, posses, feitiços, magia da fala, correspondência simpática,
necromancia, etc. Paris, Germer-Baillière, 1858, grande em 18.

CALMEIL (Dr.) — De la Folie, Paris, 1845, 2 vol. in-8.


CALMET (R. P. Dom Augustin — abade de Sénones). — Tratado sobre as aparências dos
espíritos, e sobre os vampiros ou fantasmas da Hungria, Morávia, etc. — Paris,
Debure l'aîné, 1751, 2 vol. in-12. (Edição mais completa).

CHAZARIN (Dr.). — Découverte de la polarité humaine.— Paris, Doin, 1886, in-18.


CHAUBARD (L.-A). — O Universo explicado por Apocalipse, ou Ensaio de Filosofia
Positiva. — Paris, Debécourt e Baillière, e no autor, 1841, em-8 (placas).
CHATEAUBRIAND (François René, visconde de). — Le Génie du Christianisme, Paris,
1802, in-8.
CHESNELONG (Cap.). — La Campagne monarchique d'août 1873. — Paris, Plon, 1896,
in-8.
CLARETTE (Jules).. — Jean Mornas (romana), in-12.

COHAUSEN (Dr.) — Hermippus redivivus ou le triomphe du Sage sur la vieillesse et le


tombeau, contenant une méthode pour prolongation la vie et la vigour de l'homme,
tradução do inglês..., por M. de la Place. — Bruxelles et Paris, chez Maradan, 1789,
2 vol. in-8
(retrato).
*COURT DE GEBELIN. — Le Monde primitive, 9 vol. in-4, fig.
*CROLLIUS, Oswald. — La Royale Chimie, traduzido para [809] francês por I. Marcel de
Boulene. — À Lyon, chez Pierre Drodet, 1624, in-8, frontisp. (Edição original).
Segue-se o Tratado das Assinaturas, ou anatomia verdadeira e vívida do grande e pequeno
mundo.
CROOKES (Guilherme). — Recherches sur les phénomènes du Spiritualisme, tradução do
inglês por J. Alidel. — Paris,. Librairie des Sciences psychiques, s.d., in-12, fig.
CROSSET DE LA HAUMERIE (pseudônimo .de Fr.-M.Pompey Colonne). — Os segredos
mais escondidos da Filosofia dos antigos, descobertos e explicados, seguindo uma
história muito curiosa. — Paris, d'Houry fils,. 1722, in-12, fig.

D
Biblioteca dos filósofos antigos, contendo a Vida de Pitágoras, seus Símbolos, a Vida de
Hierócles e seus Versos Dourados. — Paris, 1771, 2 vol. in-12. Dacier deu um
seguimento a esta coleção, que compreende um total de 9 vols.
DAVIDSON (Peter). — Le Gui et sa philosophie (trans. do inglês, por P. Sédir). — Paris,
Chamuel, 1896, in-8.
DEBAY (A.). — História das Ciências Ocultas, da Antiguidade aos Dias Atuais (3ª edição).
Paris, Dentu, 1883.
DELORMEL. — O grande período, ou o retorno da idade de ouro, obra na qual
encontramos as causas das desordens passadas, as esperanças para o futuro e o
germe do melhor plano de governo eclesiástico, civil e político. — Paris, Blanchon e
Belin, 1790, in-8, fig. Delormel, cuja morte súbita parecia misteriosa, é dito ter sido
vítima da vingança dos Iluminados, cujos mistérios ele teria revelado em seu Grande
Período.
DRACH (o cavaleiro P.L.B.). — Harmonia entre Igreja e Sinagoga, ou perpetuidade e
catolicidade da religião cristã. — Paris, Mellier, 1844, 2 vol. in-8. O autor, Cabalista e
rabino, motiva, nesta obra, sua conversão ao catolicismo.
DUNAND. — Revolução na filosofia, 1 vol. in-8.
DURVILLE (H.). — Traité expérimental et thérapeutique du Magnétisme. — Paris, 1895, 2
vol. in16. fig.
Origem das descobertas atribuídas aos modernos, onde se mostra que nossos filósofos
mais famosos extraíram a maior parte de seu conhecimento das obras dos antigos,
etc. (2ª edição, a mais completa). — Paris, Veuve Duchesne, 1776, 2 vol. in-8.
E
ECKARTSHAUSEN (O Conselheiro de). — A Nuvem no Santuário, ou algo de que a
orgulhosa filosofia [810] do nosso século não suspeita. (Tradução do alemão). —
Paris, Maradan, 1819, pet. em-8, frontisp.
ÉLIPHAS LÉVI (Padre Alphonse-Louis-Constant). — *Dogma e Ritual de Alta Magia. —
Paris, 1855, 2 vol. in-8, fig. (Edição original).
*— Chave (A) dos grandes mistérios. Paris, 1861, in-8, fig.
— Correspondance inédite d'Éliphas avec son pupil, M. le Baron Spédalieri, 9 vol. in-folio,
mss.
*— Histoire de la Magie. — Paris, 1860, in-8, fig.
— La Sagesse des anciens, coleção de figuras simbólicas, com lendas e explicações, de
Éliphas Lévi, professor de ciências ocultas, 1874. — Mss. in-4 maciça, inteiramente
inédita.
Coleção curiosa e certamente única, executada por Elifas, um ano antes de sua morte:
(nascido em 1810, Eliphas morreu em 1875). Esta coleção contém, além de um
grande número de figuras trazidas do Calendário Mágico de Duchenteau e outros
volumes preciosos e raros, vários desenhos a caneta, bem como aquarelas originais
assinadas por Éliphas Lévi; a reprodução fotográfica das 32 placas proféticas de
Paracelso (Ex Prognosticatione, 1536), etc.; Tudo enriquecido com comentários
copiosos, inteiramente pela mão do famoso ocultista. — Eliphas Levi, em 23 de
janeiro de 1874, escreveu a seu pupilo Barão Spedalieri: "... Ainda espero que
retomemos nossas aulas regulares e terminemos nosso curso, que permaneceu
inacabado. O álbum em que estou trabalhando vai complementá-lo e gostar do
Atlas." Não há dúvida de que esta alusão não diz respeito à Sabedoria dos Antigos,
(álbum composto em 1874).
*— La Science des Esprits. — Paris, 1865, in-8.
ETTEILLA (Alliette). — Obras completas.
As seguintes obras são geralmente coletadas, sob este título ou sob o de Tharoth (sic),
divididas em 2 vols. in-12. Les Sept nuances de l'œuvre hermetique, suivi d'un traité
de la perfection des métaux, (1777, fig.). — Philosophie des Hautes Sciences, ou la
Clef donné aux enfants de l'art, de la Science et de la Sagesse (1775, fig.). —
Maneira de se recriar com o jogo de

cartas chamadas Tarots (1783-1785, fig.), 4 cadernos com seus Suplementos. —


Fragmento sobre as altas ciências, seguido de uma nota sobre os três tipos de
medicina, etc. (1785, fig.). — Ciência. Leçons théoriques et pratiques du Livre de
Thoth (1787, fig.). — Aperçu d'un rigoriste sur la Cartonomancie et son auteur (sic),
etc. — As obras do seu sucessor, M. d'Odoucet (3 vol. pet. in-8), são frequentemente
anexadas à colecção de Etteilla. (3 vol. pet. in-8).

F
FABART (Félix). — História filosófica e política do ocultismo; Magia, Feitiçaria, Espiritismo,
com prefácio de Camille Flammarion. — Paris, Marpon, S. D., in-12.
FABRE (Pierre-Jean, de Montpellier). — A abreviação dos Segredos Químicos, em que
vemos a natureza dos animais, plantas e minerais inteiramente descoberta, com as
virtudes e propriedades dos princípios que compõem e [811] preservam o seu ser, e
um, Tratado de Medicina Geral. Paris, Pierre Billaine, 1636, in-8.
FABRE D'OLIVET. — *Caim, 1823, in-8.
*— Histoire philosophique du genre humaine, 1824, 2 vol. in-8.
*— La Langue hébraïque restituée, 1815-1816, 2 vol. em 4.
— Notions sur le Sens de l'ouïe, en général, et en particulier sur le développement de ce
sens, opéré chez Rodolphe Grivel et chez plusieurs autres en fans, sourd-mutes de
naissance; segunda edição, aumentada... — À Montpellier, veuve Picot, 1819, in-8.
*— Les Vers dorés de Pythagoras, 1813, in-8.
POURMONT (o mais velho): — Reflexões sobre a origem, a história e a sucessão dos
povos antigos: caldeus, hebreus, fenícios, egípcios, gregos, etc., até o tempo de
Ciro. — Paris, de Bure rainé, 1747, 2 vol. in-4.
FRANCK (Adolphe). — A Cabalá, ou a filosofia religiosa dos hebreus. — Paris, Hachette,
1843, in-8.

G
*GAFFAREL (Jacques). Curiosidades encontradas, na escultura talismânica dos persas,
horóscopo dos Patriarcas e leitura das Estrelas. — À Paris, chez Hervé du Mesnil,
1629, in-8, fig. Primeira edição, com dois planisférios dobrados.
GASPARINA (Conde Agenor). — Toca-discos, o Sobrenatural em geral, e Espíritos. —
Paris., Den-tu, 1855, 2 vol. grand in-18.
GASSENDI (Pierre). — Obras completas, Lyon, 1658, vol. in-fol.
JOGO (Dr. Paulo). — Le Spiritisme, Fakirisme occidental, étude historique, critique et
expérimentale. — À Paris — Doin, 1887, in-12, fig.
— Fisiologia transcendental. Análise das coisas. Ensaio sobre a ciência do futuro, sua
influência nas religiões, filosofias, ciências e artes. — Paris, Dentu, 1890, em-12.
GLAUBER (Rodolphe). — Miraculum mundi, sive plena perfectaque descriptio admirabilis
Naturœ, etc, ab antiquis Menstruum uni vernale, sive Mercurius philosopharum dicti,
etc. — Amsterodami, apud Joh. Janssônio, 1653, em-12.
GLEICHEN. — Souvenirs de Charles-Henri, barão de Gleichen, precedido por um aviso de
Paul Grimblot. — Paris, L. Techener fils, 1868, pet. in-8. [812]
GOUGENOT DES MOUSVAUX (O cavaleiro). — Os altos fenômenos da magia. — Paris,
1864, em-8.
GRÆSSE (J.-G.Theodor).— Bibliotheca magica et pneumatica, ou Bibliografia
cientificamente ordenada dos mais importantes no campo da magia, milagres,
espíritos e outras superstições... Obras, etc. — Leipsig, Engelmann, 1843, grande
em-8.

GUAITA (Stanislas de). — Ensaios de Ciências Amaldiçoadas. Au seuil du Mystère (3ª


edição expandida). — Paris, Carré et Chamuel, 1895, in-8, com duas placas
desdobradas.
GULDENSTUBBE (Barão L. de). — Pneumatologia positiva e experimental. A Realidade
dos Espíritos e o maravilhoso fenômeno de sua escrita direta. — Paris; Franck, 1857,
em-8, com placas.
H
HEDELIN (François, mais tarde abade de Aubignac). — Des Satyres, brutes, monstres et
démons, etc., Paris, Buon, 1627, in-8.
HUC (O Abade). — Souvenirs d'un voyage dans la Tartarus et le Tibet, pingente les années
1844, 1845 et 1846, par M. Huc; ex-missionário apostólico (3ª edição). Paris, Gaume
frères, 1857, 2 vol. em 12.

— L'Empire chinois, suite aux Souvenirs d'un voyage dans la Tartarie et le Tibet (3ª ed.) —
Paris, Gaume frères, 1857, 2 vol. in-12.
HUYSMANS (Joris-Karl). — Lá (romance). — Paris,. Tresse e Stock, 1891, em 18.

Eu
IAMBLICHUS. — De mysteriis ægyptiorum, Chaldæorum, Assyriorum, Proclus... Porfírio....
Psellos..., Mercuris Trismegisti Pimander e Asclepius, etc. — Lugduni, John apudk.
Tornœsium, 1570, em 16.

K
*KHUNRATH (Heririci). — Amphitheatrum Sapietiæ
æternæ, solius veræ, etc. — Hanoviæ, 1609, in-
fol., fig.

L
O Pincel (Guy de). — De la nature, vertu et utilité des plantes, et dessin du Jardin royal de
Médecine. — Paris 1640, in-fol., fig.
LACURIA (Padre P.-F.-G). — As Harmonias do Ser, expressas por números, ou as leis da
Ontologia, [813] Psicologia, Ética, Estética e Física, explicadas entre si e reduzidas a
um único princípio. — Paris, 1847, 2 vol. in-8, fig.
*LANCRE (Pierre de). — *Tableau de l'inconstance des mauvais anges et démons, etc. —
Paris, Buon, 1612 ou 1613, in-4, (avec la planche du Sabbat, que nous reproduzir).
— A Incredulidade e a Mescréance do Feitiço, plenamente convencido, onde é
ampla e curiosamente tratado, da verdade ou ilusão do Feitiço, do Fascínio, do
Tocar, do Scopelism, da Divination, de la Ligature ou liaison magique, des
Apparitions: et d'une infinité d'autres rares et nouveaux sujets, par P. de L'Ancre,
conseiller du Roi en son Conseil d'État. - À Paris, chez Nicolas Buon, 1622, in-4,
(muito raro).
LENGLET DUFRESNOY (O abade). - Histoire de la Philosophie hermetique,
acompanhada por um catálogo raisonné dos escritores desta ciência; com o
verdadeiro Philalethe, revisado sobre os originais. — Paris, Coustelier, 1742, 3 vol.
em 12.
LERMINA (Jules). — Ciência Oculta. Magia prática. Revelação dos mistérios da vida e da
morte. — Paris, Kolb, S. D., em -12.
— L'Elixir de vie (conto). — Paris, Chamuel, grand in-18.
História de pessoas que viveram vários séculos e que rejuvenesceram o segredo do
rejuvenescimento, tirado de Arnauld de Villeneuve, e regras para se manter saudável
e para atingir uma grande idade. — Paris, veuve Carpentier, 1716, in-12, frontispício
de Harrewyn.
*RENT (Vereador Pierre le). — Discours et Histoires des Spectres, visions, etc. — Paris,
Buon,1605,2 vol. in-4.

M
MAISTRE (Conde José de). — As Noites de São Petersburgo, ou Conversações sobre o
Governo Temporal da Providência: Seguidas de um Tratado sobre Sacrifícios, etc.
— Paris, 1821, 2 vol. in-8, retrato.
MARTINIÈRE (o Sieur de la). — Túmulo da Loucura, no qual vemos as razões mais fortes
que podem ser trazidas para dar a conhecer a realidade e a possibilidade da Pedra
Filosofal, e outras razões e experiências que tornam possível ver o seu abuso e
impossibilidade. — Paris, chez l'Auteur, S. D., pet. in-8, retrato.
MAUPASSANT (Guy de). — Le Horla. — Paris, P. Ollendorff, 1887, in-12. [814]

MÉNARD (Louis). — Rêveries d'un païen mystique (2ª edição). — Paris, Lemerre, 1886,
petit in12.
MERLIN (R.).— Origem das cartas de jogo; nova pesquisa sobre os Naïbis, os Tarots e
outras espécies de cartas, com um álbum de 74 placas, etc. — Paris, chez l'Auteur,
1869, in4.
MERY (Gaston). — O vidente da rue de Paradis. Prefácio de E. Drumont. — Paris, Dentu,
1896, in-8.
MICHEL DE FIGANIÈRES (Louis). — Chave da Vida: Homem, Natureza, Mundos, Deus,
etc. Révélation de la Science de Dieu, etc. — Paris, 1858, em-8.
MIRVILLE (J.-E. de). Pneumatologia. Espíritos e suas diversas manifestações. Mémoires
adresses aux Académies. - Paris, Vrayet de Surcy, 1863, 6 vol. grand in-8.
MOLITOR (Ulrich). — De Lamiis et phitonicis mulieribus, ad illustrissimum principem
dominiim Sigismundum archiducem Austrie (sic) tractatus pulcherrimus. —
Impressum Lypzick, per Arnoldum de Colonia. Anno M. CCCC. XCV, pet. em-4, fig.
Raríssima edição gótica do século XV, decorada com oito curiosas xilogravuras, de uma
execução bastante primitiva. — Oferecemos, p. 170, dois exemplares notáveis.
* MOESES. — A Bíblia, nova tradução com o hebraico ao lado, etc. — Le Pentateuque, par
S. Cahen. — Paris, chez l'auteur, 1831, 5 vol. in-8.
MUSSET (Alfred de). — Poemas completos. — Paris, Lemerre, 2 vol. em-12.

N
NAUDE, Gabriel. — Instruction à la France sur la vérité de l'histoire des Frères de la Rose-
Croix. — Paris, P. Iulliot, 1623, in-8.
NERVAL (Geraldo (le). — Les Illuminés, récits et portrait. — Paris, V. Lecou, 1852, in-12.
— Poemas completos de Gérard de Nerval. — Paris, Calmann Lévy, 1877, in-12.
NYNAVLD (I. de). —De la Lycanthropie, transformation et ecstase des Sorciers, etc. —
Paris, N. Rousset, 1615, in-8 (raro).
— Os Truques e Decepções do Diabo descobriram, sobre o que ele afirma ter para com os
corpos e almas dos feiticeiros, juntos a composição de seus ungidos, por I. de
Nynauld. - Paris, 1611, em-8 (muito raro). [815]

Ou
ORFEU. - Orphica (Hinos Órficos). — Leipsig, 1805, in-8.

P
PAPUS ( Dr. Gérard Encausse). — L'Illuminisme en France (1767-1770). Martinès de
Pasqually: sua vida, suas práticas mágicas, seu trabalho; seus discípulos, seguidos
pelos catecismos dos Cohens eleitos, de acordo com documentos inéditos. — Paris,
Chamuel, 1895, in-12.
— A Pedra Filosofal, provas irrefutáveis de sua existência, por Papus. — Paris, Carré,
1889, in-8.
— O Sepher Jezirah, os 32 Caminhos da Sabedoria e as 50 Portas, da Inteligência,
tradução inédita, de Papus. — Paris, Carré, 1888, grande em 8, fig.
— Traité élémentaire de Magie pratique; adaptação, realização e teoria da magia, etc., por
Papus. — Paris, Chamuel, 1893, grand in-8, fig.
— Tratado metódico sobre ciência oculta, de Papus; prefácio de A. Franck. — Paris, Carré,
1891, grande em-8, fig.
*PARACELSE. — Opera omnia, Genebra, 1636, 3 vol.
PATRÍCIO (Francisco). — Magia philosophica, hoc est, Francisci Patricii summi philosophi
Zoroaster et ejus 320, Oracula Chaldaïca, Asclepii dialogus et Philosophia magna
Hermetis Trismegisti, etc. — Hamburgi, 1593, 1 vol. pet. in-8, retrato.

PÉLADAN (Dr. Adrien). — Anatomia homológica. A Tripla Dualidade do Corpo Humano e a


Polaridade dos Órgãos Esplâncnicos, com prefácio de Joséphin Péladan. — Paris,
J.-B. Baillière, 1886, in-8, retrato.
*PÉLADAN (Joséphin). — Istar, Paris, 1888, 2 vol. in-8, frontisp.
*PEUCER (Gaspar). — Les Devins ou commentaire des principaux types de devinations.
— Antuérpia, 1584, in-4.
PHILALETH (Irineu).— Introitus apertus, etc. (ver. Lenglet Dufresnoy).
*PISTORII (Ioannis), Artis cabalislicæ... Tomo I. Basileæ, 1587, in-folio (raro).
*POISSON( Albert). — Teorias e Símbolos dos Alquimistas. Le grand œuvre, suivi d'un
Essai sur la bibliographie alchimique au XIXe siècle. — Paris, Chacornac, 1891, pet.
in-8, placas.
*PÓRFIRO. — Traité de Porphyre, touching l'abstinence [816] de la chair des animaux, etc.
— Paris, de Bure l'aîné, 1747. in-12.
PORTA (J.-B.). — Magia Natural, que é os Segredos e Milagres da Natureza, ambientada
em quatro livros, de Jean-Baptiste Porta Napolitan, etc., recém-traduzidos do latim
para o francês. — Em Lyon, de Jean Martin, 1565, pet, in-8.
* POTET (Barão do século XIX). — Magia desvelada, ou princípios da Ciência Oculta. —
Saint-Germain, 1875, grand in-4, placas e figuras.
R
RAGÃO (J.-M.). A Missa e seus mistérios, comparados aos mistérios antigos, ou
complemento da Ciência iniciática, de Jean-Marie de V... - Paris et Nancy, 1844, in-8
(rara primeira edição).
— Ortodoxia Maçônica, seguida pela Maçonaria Oculta e Iniciação Hermética, por J.-M.
Ragon. Paris, Dentu, agosto de 1853, in-8.
RAM-BAUD. — Force psychique, de Yveling Ram-Baud (livro ilustrado por A. Besnard).
Paris, L. Baschet, 1889, in-folio.
RENAN (Ernesto). — Histoire du peuple d'Israël. — Paris, Calmann Lévy, 1887, 5 vol. in-8.
RIBET (Padre M.-J.). — A distinta Mística das falsificações diabólicas e das analogias
humanas. Paris, Poussielgue, 1879-1883, 3 vol. in-8.
RICHARD (O abade). — Recherches sur les, Initiations anciens et modernes. — Em
Amsterdã, e está em Paris, em Valleyre, o velho, 1779, em -12.
ROBINET — Visão filosófica da gradação natural das formas do Ser, ou seus Ensaios da
Natureza que aprende a fazer o Homem. — Amsterdã, Van Harrevelt, 1768, in-8,
placas.
ROCHAS (Coronel de) — Os Estados Profundos da Hipnose. Paris, Chamuel, 1895, gr. in-
8, fig.
— L'Extériorisation de la Motriité, recueil d'expériences et d'observations, por Albert de
Rochas. — Paris, Charnuel, 1896, in-8, fig.
*ROSENROTH. (Saia de Knorr). — Kabbalah denudata, etc. — Sulzbaci, 1677, Francofurti,
1684, 3 vol. in-4, fig.

S
*SAINT-MARTIN (Louis-Claude de). — Correspondência inédita, com Kirchberger de
Liebistorff. — Paris, 1862, in-8, retrato. [817]
— Le Crocodile, ou la guerre du Bien et du Mal, etc. — Paris, an VII de la Républ., in-8.
— Erros e Verdade, ou homens recordados ao princípio universal da Ciência, etc., por um
Ph... Inc... (São Martinho). Edimburgo (Lyon), 1775, in-8.
— O Ministério do Homem-Espírito, do Filósofo Desconhecido. — Paris, imprimerie du
Migneret, an XI (1802), in-8.
— Tabela natural das relações que existem entre Deus, o Homem e o Universo. —
Edimburgo (Lyon), 1782, 2 vol. in-8.
SAINT-YVES D'ALVEYDRE (MARQUÊS DE). — Joana d'Arc vitoriosa, épica nacional,
dedicada ao exército francês. Paris, Sauvaître, 1890, em-8.
*— Mission des Juifs, Paris, Calmann Lévy, 1884, grande em-8, retrato.
— Testamento lírico, dedicado... aos civilizados da cristandade e do Islã, diante de Israel
como testemunha, por Alexandre Saint-Yves. — Paris, Didier, 1877, in-8 (raro).
SALVERTE (Eusébio). — Des Sciences occultes, ou Essai sur la Magie, les Prodiges et les
Miracles. — Paris, Sébillot, 1829, 2 vol. in-8. Obra curiosa, reimpressa em 1856, com
um importante prefácio de Littré, e um retrato de Salverte.
SCHERTZ (C.-F. de). — Magia posthuma. — Olomouc, 1706, in-8.
SCHURÉ (Édouard). — Os grandes iniciados. Esboço da história secreta religiões. —
Rama, Krishna, Hermes, Moisés, Orfeu, Pitágoras, Platão, Jesus... — Paris, Perrin,
1889, in-8.
SEDIR (Paulo). — Os Espelhos Mágicos. Adivinhação, clarividência, royaumes de l'Astral,
evocações, etc. — Paris, Charnuel, 1895, in-12.
SINNETT, A.-P. — Budismo Esotérico, ou Positivismo Hindu, traduzido do inglês pela Sra.
Camille Lemaitre. — Paris, Bailly, 1890, in-12.
SINISTRARI D'AMENO (Rev. Louis-Marie). — De Demonialidade e animais incubus e
súcubo, onde se prova que existem na terra criaturas razoáveis além do homem,
tendo como ele um corpo e uma alma, nascidos e moribundos como ele, redimidos
por N.S. Jesus Cristo, e capazes de salvação e condenação; obra inédita publicada
no MSS. original, e traduzido do latim. — Paris, Liseux, 1875, in-8. [818]

T
TRITHÈME (Padre João). — Ioannis Trithemii abbatis
Spanheymensis, de Septem Secundæis, id est, Intelligentuis, sive Spiritibus orbes
post Deum moventibus, reconditissimæ scientiæ et eruditionis Libellus... addictœ
sunt aliquot epistolæ Trithemii... — Coloniæ, apud Ioannem Birkmannum, 1567, pet.
in-8, fig. Edição rara do Tratado sobre Segundas Causas, com oito bosques muito
curiosos, depois de Sebald Beham.
THIERS (Jean-Baptiste, pároco de Vibraie). — Tratado sobre superstições que olham para
os sacramentos, segundo a Sagrada Escritura, os Decretos dos Concílios e os
sentimentos dos Santos Padres e Teólogos, (4ª edição, a mais completa). — Paris,
1741 (ou Avignon, 1777), 4 vol. in-12.

Em
VAILLANT (J. A.) — Les Rômes. História verdadeira dos verdadeiros boêmios. — Paris,
Pentu, 1857, in-8.
VALENTIM (Basílio ). — As Doze Chaves da Filosofia do Irmão Basílio Valentim, religioso
da ordem de São Bento, tratando da verdadeira medicina metálica. Mais Azoth, ou a
maneira de fazer o ouro escondido dos filósofos. Tradução para o inglês. — Paris,
Pierre Moët, 1660, pet. em-8, números.
Anexado a esta obra está o Traité de la Nature de l'Œuf des Philosophes, composto por
Bernard, Conde de Trèves, allemand (le Trévisan), Paris, 1659, pet. in-8. — Esta
edição das Doze chaves contém catorze gravuras em taglio e algumas figuras em
madeira, de uma execução estranha e ingênua. Reproduzimos vários deles no final
do nosso volume.
*VALLEMONT (Pierre le Lorrain, dit de). - La Physique occulte, ou Traité de la baguette
divinatoire, et de son utilité pour la découverte des sources d'eau, des mines, des
trésors cachés, des thileurs et des meurtriers fugitives; com os princípios que
explicam os fenômenos mais obscuros da Natureza. — Paris, J. Annisson, 1693, in-
12, fig. em madeira. (Edição original).
*VILLARS (L'abbé de Montfaucon de). — Le Comte de Gabalis, ou entretiens sur les
Sciences secrètes, etc. — Londres, 1742, 2 vol. in-12.
VIRGILE. — Ópera Publii Virgilii Maronis. Obras de Virgílio (edição latino-francesa), de M.
Félix Lemaistre, precedidas de um estudo de Sainte-Beuve. — Paris, Garnier, 1877,
in-8.

590 As obras marcadas com uma estrela já estão no catálogo do nosso primeiro volume (
o Templo de Satanás). — Limitamo-nos aqui, no que diz respeito a uma simples menção;
uma vez que, para os títulos exatos e todos os detalhes bibliográficos, o Leitor precisa
apenas se referir ao volume anterior da Serpente de Gênesis.

ÍNDICE DA EDIÇÃO ORIGINAL


Prefácio
I. — S Tentativa de uma explicação científica dos fatos e lendas apresentados nos
primeiros setenta. — (EN) Este volume comenta e corrige o anterior. —
Restituição normal dos horizontes invertidos. — Teoria sintética das forças
ocultas. — Como a Magia Negra difere da Alta Magia. — A Chave da Magia
Negra, estudo do plano astral. — O duelo de São Miguel Arcanjo e Satanás-
Panteia. — A bifurcação átral e ígnea de Satanás; espada de fogo de Keroub.—
As teorias deste volume também dizem respeito à Alta Magia e ao Ocultismo
Negro. — Elas dão acesso ao templo, mas não ao santuário; por que. — Nem
tudo pode ser dito. — Uma página decisiva do Fabre d'Olivet. — Jacob Boehme
queria divulgar os últimos mistérios: sua caneta atingida pela impotência e sua
língua pela gagueira. "Ele pagou muito caro por sua temeridade?" [7]
II. — Mal-entendidos que devem ser evitados. — O sobrenatural existe? — De
forma alguma. Nada está acima da Natureza. O que é a Natureza? —
Significado impreciso atribuído a esta palavra. — Uso abusivo dela. — Para dar
sentido à palavra Natureza, é necessário ir muito longe na interpretação do
arcano. — Os mistérios de Kadôm e os de Wherelam. — Quadro estreito deste
volume; o horizonte deve alargar-se com o Volume III. — Antecipação forçada. —
Duas fontes de ensino oculto. — Escolas do Oriente e do Ocidente.— Não há
nada absoluto nestas denominações. — Contraste de ensinamentos
contraditórios, tocando a origem do Universo e seus destinos futuros. O universo
físico é, de acordo com a escola ocidental, apenas um desvio acidental e
transitório do universo arquetípico. — A Queda e a Redenção. — Naás e a Raiz
escura dos seres. — Queda de Adão; tempo e espaço (Caim e Abel); a base de
Sete. — Triplo dinamismo universal. — Sub-multiplicação de Adão-Eva; sua
integração redentora. — Houve duas quedas sucessivas e relacionadas? Adão
e Lúcifer. — Eternidade do universo físico, de acordo com a escola hindu. —
Dinamismo eterno, feito de duas forças opostas e complementares. — Involução
e Evolução. — O indestrutível Maya, ogresso de um pesadelo sem despertar. —
O universo, uma máquina; o homem, um escravo da tortura; e Deus inconsciente,
o autor do mal eterno! — O fim do mundo , de acordo com o esoterismo cristão.
— A natureza pode ser considerada em dois aspectos: 1° a Natureza Eterna, que
é uma, e 2° a natureza temporal e cósmica, triplicada como o Universo, do qual
é a lei. — Por que a palavra sobrenatural é absurda? — Imutabilidade das
grandes leis da natureza. — Papel fisiológico da Providência, essa inteligência da
Natureza. — Lógica e reversibilidade do dinamismo universal. — Deus não é
suscetível ao erro, hesitação, ou variação no exercício de sua vontade. [14]
III. — Resposta antecipatória a possíveis objeções. — A estes dois axiomas: o
sobrenatural não é; o Ser Supremo não é suscetível a hesitação ou remorso, nos
oporemos ao relato do Dilúvio e ao versículo da Vulgata, onde podemos ler que
Deus se arrependeu de ter criado o homem. — Primeira objeção, o Dilúvio. . —
Inundações universais, inundações parciais. — O Dilúvio Universal é uma
realidade do passado? — Vamos discutir o fato considerado possível, bem como
um fato consumado. — O Dilúvio, o efeito lógico das causas naturais. — Alguns
hierogramas hebraicos. — Ambas as forças, compressivas e dilatadoras. — Na
remoção do agente compressivo, que neutralizou a força de expansão, a água
elástica se expande com extrema violência. — "A grande intumescência." —
Causas metafísicas deste cataclismo. — O pacto com a Morte. — Segunda
objeção, a Renúncia Divina. — Moisés traduziu mal. — Ver Fabre d'Olivet:
homenagem a este admirável pensador. — Discussão sobre o verbo hebraico
Innachem, que São Jerônimo traduz por pœnituit. — Versões incorretas de
Gênesis. — Outras interpretações burlescas. — A esposa de Ló se transformou
em uma estátua de sal. — O "dedo de Deus". — O milagre , um efeito natural
cuja causa ainda nos escapa. [33]
IV As ciências naturais abundam em milagres desse tipo: — Fenômenos imprevistos,
que aparentemente violam uma lei conhecida, apenas para obedecer a outra lei, de
ordem superior e mais geral. — Exemplos retirados da química: a lei da formação de
sais duplos, paralisando a lei da dupla decomposição dos corpos. — Cianargirato de
iodeto de potássio. — "Não há ciência oculta; só há ciências ocultas" (Saint-Yves). —
Fenómeno da vegetação anormal; Isso nos permitirá compreender no local o poder
da criação. - "Nada está perdido, nada é criado", um axioma errôneo, no sentido de
que geralmente é entendido. - Experimento significativo controlado pelos cientistas
Schrader, Greef e Braconnol. - Sementes de agrião semeadas em flor de enxofre e
regadas com água destilada . - A planta cresce; é incinerada, e metaloides e metais
(cálcio, alumínio, ferro, manganês, potássio, fósforo, etc.) são encontrados nas
cinzas, que não podem vir do enxofre ou da água, — Discussão química sobre este
assunto. — As sementes continham esses "corpos simples"? Eles os continham, em
qualquer caso, apenas em quantidades infinitesimais. — Deve-se, portanto, concluir
que todas as partes foram criadas, ou que a matéria se multiplica, em certos casos
anormais. — Ciência contemporânea, suas glórias e conquistas. — Seus limites e a
inadequação de seus critérios. — Ciência moderna, analítica demais. — Para
explicar o fenômeno da vegetação anômala, é necessário recorrer à Tradição
Teosófica. — Dois tipos de seguidores, esboçado de passagem. — Neste caso,
houve uma transferência de poder em ação; houve criação. — Verdadeiro
significado da palavra hebraica bara (creavit). — Mecanismo da criação. — Série de
externalizações criativas. — O princípio, a essência, o poder de ser germinal. —
Papel materno da vida. — Centros de atividade potencial: os indivíduos do Eu. —
Involução, evolução, metempsicose. — As duas gêneses complementares:
principado de ordem inteligível, origens de ordem sensível. — O germe e a célula-
mãe. — Nó de união da matéria e da vida. — O germe e a semente. — Força
desconhecida de seleção e assimilação de materiais, para a formação de um corpo
de defesa. — Esta energia eficiente de cada ser, a qualquer reino que pertença, é a
sua alma volitiva; seu eu virtual, tendendo a realizar-se em ação. — Almas minerais,
vegetais, animais e nominais. — A Alma da Vida Coletiva, Nephesh-ha-haiah. —
Iônah, faculdade generativa e expansiva. — Princípios ou arquétipos; Deve ser visto
como os garanhões das raças. — Exigências das sementes de hortaliças, para
germinar e crescer. — Três condições gerais essenciais. — Condições específicas
de cada espécie. — Do ar ambiente e do solo nutritivo, do qual as plantas
normalmente extraem materiais de seu crescimento. — Insuficiência desta lei da
nutrição, para explicar a presença de certos corpos nas cinzas do agrião, empurrado
na flor de enxofre. — Onde é que o agrião encontrou estas substâncias estranhas?
Em nenhum lugar eles foram criados para ele. — Por que caminho? — Objetivação
da alma do mundo. — Fluidos imponderáveis são especificados e condensados. — A
Mesa Esmeralda, traduzida no capítulo I, nos dirá como. [47]
V Lutamos contra o conceito de Sobrenatural. — Outro mal-entendido a evitar: os
prefácios são usados apenas para isso. — Concepção incorreta, tocando a Alta
Magia. — Não é a arte de produzir "fenômenos". — O fenômeno interessa ao
ocultista apenas excepcionalmente e muito indiretamente. — Por que. — Valor
exagerado, atribuído aos fenômenos. — O ocultista, admitido a estudar as várias
realidades, nos planos físicos, Astral, psíquico e espiritual, pouco se preocupa com
manifestações instáveis e ambíguas. — O fenômeno é reduzido a uma ilusão fugaz,
às vezes produzida por uma fase de problemas, no ponto de interseção de dois
planos. — Onde quer que se manifeste, houve profanação, ou arcanos de
nascimento, ou arcanos de morte. [74]
VI O ocultismo tem um tríplice objeto de estudo: Deus, o Homem e o Universo. — As
duas colunas do Templo, Iakin e Bohaz: os dois métodos complementares de
aquisição de conhecimento; pela experiência, ou pela tradição. A experiência por si
só, ou apenas a tradição, torna os iniciados incompletos. Ambos são necessários.—
Nos planos astral, psíquico e espiritual, correspondem três níveis do ser humano:
Nephesch, Rouach e Neshamah, — Através desses três níveis, o homem pode ter
acesso experimental nesses três planos. — O ternário humano e a Unidade relativa
que constitui o Quaternário. — "O reino hominal contém em si todo o universo."
(Fabre d'Olivet). — Experiência mística, nos planos superiores. — Para conhecer
estes planos, é necessário desenvolver em si mesmo os órgãos de receptividade
que lhes correspondem. — Ninguém aperfeiçoa a sua iniciação, apenas de si
mesmo. — Quem desenvolveu os seus órgãos latentes, em todos os planos da
Natureza, pode dizer que foi reintegrado: — Videntes e Inspirados. . — O homem de
gênio é um adepto intuitivo e espontâneo, dotado de faculdades particulares de
transposição estética: essas faculdades não são adquiridas. — Tornando-se
artificialmente um gênio. — O Deus desce ao homem de gênio; o adepto ascende ao
Deus. Entre a experiência e a tradição, existe um método intermediário de aquisição
da verdade. — Método analógico, misto; é muito frutífero e pode complementar os
outros dois, até certo ponto. — Método analógico, duplo: indutivo ou dedutivo. —
Exemplos. — Analogia, especialmente valiosa para os estudantes no caminho [84]
VII. — Conclusão. — A árvore da ciência do bem e do mal. — A Virgem de Apolônio. — O
Pentáculo de Tritema. — Duas variantes deste pentáculo, restauradas de acordo com a
descrição de Elifas. — A ideia que ele simboliza serviu de base para a construção
deste volume II. [97]

Capítulo I: Equilíbrio e seu Agente


Oitava chave do Tarô: Justiça. — Têmis, com sua balança, representa o equilíbrio em todos
os mundos; sua espada simboliza o Poder e seus meios de ação. — O grande agente
do Equilíbrio Cósmico. — Seus diferentes nomes. — Ele é o mediador plástico
universal, este robur mysticum das obras de magia, o Diabo dos feiticeiros. — Retrato
do Diabo, por Piron . — Os evocativos do Diabo percebem sua imagem em astral. —
O fantástico Satanás e o verdadeiro Demônio, ou Dragão do Astral. [107]
O equilíbrio e seu agente são habilmente retratados na Mesa de Esmeralda de Hermes
Trismegisto. — Tradução integral deste documento de primeira linha. [114]
Origem disputada e autenticidade da Mesa de Esmeralda. — Resume as tradições do
antigo Egito. — Comentários sobre este texto. — A lei da analogia, o fio de mistérios de
Ariadne. — O grande mediador de seres e coisas, pai de Telesmo ou a perfeição dos
corpos. — O magistério do soleil, ou a ciência e a arte da Crisopeia . — Em todos os
aspectos, e em todos os planos, o propósito da Crisopeia é extrair o puro do impuro, e
o ouro da escória. — Os diferentes tipos de ouro.— Ouro hiperfísico, ou luz astral, a
médio prazo de todo o outro ouro. [119]
O que é a Luz astral, ou o grande agente. — Um em princípio, de natureza andrógina,
quádruplo em suas modalidades manifestativas, este ser proteano é infinitamente
múltiplo em suas especificações finais. — Torna-se, dependendo do caso, o corpo do
Espírito Santo ou o corpo do Demônio. — É o suporte latente do universo físico, o
substrato de toda realidade fenomenal. — Tanto a substância quanto a força, é errado
que muitos queiram ver nele a abstração do movimento. — Ele é a expressão
temporal de Adamah. — Nephesch-ha-Chïah, o sopro da vida, a anima. — Refluxo e
fluxo da substância viva, entre Rouach Ælohim e Nahash. [121]
Dupla polaridade do lúmen astral, determinada pelo antagonismo das duas forças
constritivas e dilatadoras, Hereb e Iônah.— Significado desses hierogramas em
mosaico. — O corvo e a pomba de Noé. — A antítese é rigorosa entre Hereb e Iônah.
— Singularidades etimológicas e segredos de mistério denunciados pelas raízes
dessas duas palavras. — Sexualidade dinâmica. — Cruzamento de influências. — O
Hereb de Moisés e o Erebus de Orfeu. — O abismo de Hécate. — Localização de
Herebe e Iônah. — Sua afinidade com a escuridão e a luz. — Localização cósmica
dessas duas forças. [125]
As duas propriedades opostas da substância universal: a chamada volatilização fixa,
fixação do volátil. — Hereb, agente centrípeto, princípio do Tempo; Iônah, agente
centrífugo, princípio do Espaço. — Luta criativa das duas forças hostis. — Vitória da
força compressiva, que subjuga sua complementaridade: a concretagem material. —
Essa vitória se manifesta em seu auge na semente, que mantém fechada, em um
espaço tão pequeno, potencialidades tão grandes. — Reação; Vingança do agente
expansivo: crescimento e desenvolvimento dos seres. — A ação de Hereb, criativa
sobre a substância que compacta, é destrutiva sobre a matéria sensível. —
Decadência e desgaste das coisas: resposta de Herebe ao verbo universal de Iônah.
— Ação corrosiva do Tempo. — É sentida nos seres, diretamente por causa de sua
vitalidade. — Os vários modos de vida: vida da alma, vitalidade do corpo. — A alma
constitui o paládio da preservação efêmera do corpo. — A força herébica do Tempo
fomenta a vida química dos átomos, e, assim, tende à dissolução corporal. —
Fermentos especiais de putrefacção. [131]
Aôd e Aôb, correspondem a Iônah e Hereb. — A luz astral equilibrada, Aôr. — Papel de
Naás, princípio da divisibilidade e do egoísmo. — A luta universal pela vida.— "Criar
novamente para destruir e destruir para criar." — Naás, déspota do Astral. — Naás
personificado em Satanás. — O vórtice ou o turbilhão de angústia de Boehme: este
vórtice não é outro senão Naás, a terceira propriedade do seu abismo virtual. — A
matriz oculta dos fechamentos. — A atração original. — Naás é de facto o tentador do
Éden. — É «este egoísmo que leva cada ser a tornar-se centro».— Nahash Harym, ou
Ahriman. — O fermento do fluido universal [138]
Uma citação curiosa de Q. Aucler, sobre este fermento e sobre a biologia sideral. — O
Universo é animado; unanimidade de doutrinas antigas a este respeito. — A animação
do Universo de modo algum contradiz a lei da atração universal. — Os antigos
conheciam o sistema do mundo antes de Copérnico e Galileu. Uma página decisiva do
Zohar. — O equilíbrio dos mundos. — Comentários de Eliphas Levi sobre a Mesa
Esmeralda. — Aôb, Aôd e Aôr, de acordo com a etimologia radical: os três movimentos
do Desejo. [144]
Desejo, a primeira raiz de todas as coisas. – Desejo, criador e Vontade, da qual é apenas
uma forma obscura. – Papel do fogo secreto, este meio do Desejo. [151]
A luz astral é especializada e fixa, dependendo do ambiente. — Atmosferas astrais. — O
corpo sideral e o nimbus. — Sugue e expire. — O corpo astral com cem nomes: —
Extrato notável de Crollius. — Localização do corpo astral. [153]
O hieróglifo de Mercúrio, expressivo da luz astral. — Comentário secreto sobre a palavra
HRMHS. Nota inédita de Saint-Yves. — Outras explicações do hieróglifo mercurial.—
Sentido alquímico e sentido astrológico. — (EN) Três métodos de interpretação
diferentes conduzem ao mesmo resultado. [159]
Conclusão do Capítulo I. — Observações do autor. — Pulsate, et uperietur vobis . [161]

Capítulo II: Os Mistérios da Solidão


Nona chave do Tarô: O Eremita. — Arcanos da solidão. — Descrição e significado geral
do emblema. — O solitário pode ser um sábio ou um tolo. — O magista e o feiticeiro.
[167]
O feiticeiro, que vive separado dos homens comuns, busca a companhia de seus
companheiros. — Razão principal para assembleias ou sinagogas. — O sábado em
casa. — Curiosa aventura contada por Gassendi : um filósofo no sábado.— Eleitorados
e pomadas mágicas. — As três pomadas do feiticeiro, após detalhes pungentes e
instrutivos de Nynauld. — As andanças de Gassendi. — Experiência semelhante,
sucedida por André Laguna, em 1545. — Axon demonizado.
— Receita infalível. — Alucinações induzidas. — Imaginação, do ponto de vista
mágico. — Do diáfano ao translúcido [169]
Independentemente das alucinações subjetivas, alguns fenômenos exibem objetividade. —
Da saída no corpo astral. — Os experimentos de W. Crookes. — Atitude indescritível
de seus contemporâneos. — Muitos estudiosos se converteram à verdade
espiritualista, ou pelo menos à realidade dos fenômenos. — A famosa investigação da
Sociedade Dialética, em Londres. — Conclusões inesperadas. — Katy King, o
fantasma que se compactou no laboratório de Crookes , era uma mulher real. —
Fotografias de aparições, onde vemos o cientista, o fantasma e o médium,
perfeitamente distintos. — Um enrolamento do cabelo do "fantasma". — W. Crookes, o
grande químico, não é nem um tolo nem um alucinado [177]
A projeção do duplo sideral (saída no corpo fluídico). — Morte aparente do
experimentador. — A ligação simpática intermediária: sua ruptura causaria morte
imediata. — Dissolvendo a virtude dos picos metálicos. — Hemorragia vital. — A saída
no corpo astral é uma experiência imprudente. — O adepto que a pratica vive tanto
terrestre quanto postumamente. — Equilíbrio instável. — Por que, durante o sono, o
ser abmaterializado geralmente não está em risco. — Os caminhos achatados da
natureza. — Além dos perigos já relatados, o adepto da saída do corpo astral corre
outros perigos mais estranhos. — A cobra de Ashiah. — As "grandes rodas negras." —
Sugando Iônah, oprimindo de Hereb. — Perigo da invasão de uma Larva. — O adepto
não pode mais reintegrar seu corpo, ou deve viver em partilha com o Invisível que se
estabeleceu lá. — Chances de loucura, possessão, idiotismo ou morte. — Insanidade.
— O Insanidade descida ao inferno dos antigos. — Por que, nos templos antigos, este
formidável teste poderia ser tentado sem perigo. — O Dwidja ou nascido duas vezes.
— "Aquele que vive apesar da morte." — O Mentor e Telêmaco do Mistério. — O beijo
do Dragão de Fogo. — O Manto de Apolônio. — O P'your-b'u, instrumento sagrado, em
Thibet, para dissolver as larvas [184]
Os fantasmas da solidão. — Por que os Magos e os Feiticeiros buscam a solidão. —
Abstrai-se da humanidade apenas para viver com Deus ou com Satanás. — Na
solidão, vive-se diante do próprio Karma. — A troca de ideias, de vontades, de fluidos,
não faz mais o indivíduo comungar com a humanidade. — A solidão tempera o caráter;
a pessoa é moldada indomável, também incorrigível [194]
Origem fabulosa das larvas: os rabinos querem ver os filhos da solidão de Adão. — Por
que era proibido na Grécia expor aos panos de chama poluídos ou manchados de
sangue. — Virtude expansiva do sangue; transborda com uma vida enfática. — Os
fantasmas do sangue. — As larvas apaixonadas; sua geração e sua influência sobre o
ser que as gerou. — Arcana reverussivo. — Larvas do nimbus individual, ou a
atmosfera secreta de todos. — Essência do hábito. — Obsessão, possessão e
vampirismo das larvas. — Larvas da medianidade. — Falsas caretas do ser, blasfêmias
incoerentes da vida universal. — Apêndices astrais. — As Larvas não são nem os
Elementais nem as Cascas (Kliphôth). — Natureza parasitária das Larvas. — Cada
uma é como o fantasma de um vago Sósia. — Arcanos da solidão. — Doenças da
languidez. — As Larvas, Micróbios e vibrios dos invisíveis; missionários de Hereb e
Nahash [196]
"Todo pensamento é uma alma." — Criações mágicas de bons e maus solitários. — Os
anjos do Baixo Céu. — Os demônios da malícia. — O Pensamento energizado torna-se
um ser, por sua fusão com um Emmental (Koot-Hoomi). — Aparições, em geral. — Os
picos de metal destroem as coagulas do Astral. — Dissolução dos lêmures. — Certo
critério de manifestações espectrais [203]
As próprias larvas carecem de um tipo genérico e, portanto, de sua própria forma. Eles são
deslocados para o padrão de seus autores, ou para o modelo de seus pensamentos.
Como o médium treinado pode dar todos os tipos de formas às manifestações astrais.
— Moderação do duplo etéreo. — Os Invisíveis evoluem no nimbus dos médiuns,
saturados com sua vitalidade expansiva. "Eles se deleitam com esse banho de vida
extravasada. — Seus artifícios para prolongar as sessões. — Meios passivos e meios
activos. — Fraude mediana; a sua causa. — A medianidade é uma doença [206]
Diferentes espécies de Invisíveis, sujeitas a manifestação. — Nativos do Astral e
passageiros do Astral. — Missionários excepcionais [211]
Os nativos do Astral. — Miragens errantes, meros reflexos desprovidos de personalidade e
consciência; e o "Livro do Juízo" de que fala a Escritura. — Elementais, esses
aborígenes de elementos ocultos. — Diferenciação de espécies elementais. — Os
animais do Invisível e os animais do Invisível. — Fonte de contradições entre os
autores. — Papel dos elementais na magia. — Bons servos, Amigos perigosos, os
Elementais são mestres deploráveis e tirânicos. — A Vingança dos Elementais. — Os
Elementais, seres humanos desencarnados. — Eles sofrem, neste estado, os
tormentos do purgatório. — Sombras ou berbigões inanes, esses cadáveres fluídicos.
— Sombras são os restos de Elementais emancipados. — A Sombra, atraída para a
atmosfera astral de um médium, pode aparecer e fazer caretas sobre algumas das
atitudes familiares aos falecidos. — Os Maus Daimons , finalmente, são almas
irremediavelmente cruéis, privadas da centelha divina, e que prolongam o estado
estéril de Elemental. — A sua vontade de viver a todo o custo. — Estes Daimons não
são menos mortais. — Os perigos de mencioná-los. — Para os nativos do Astral, é
necessário assimilar os produtos da criação humana, evoluída no mesmo nível: os
Conceitos vitalizados, os Poderes coletivos fusionais e as Dominações teúrgicas [212]
Os passageiros do Astral: almas humanas à espera da encarnação, almas glorificadas e
anjos missionários [220]
Os contrastes do sugestivo Cerimonial [220]
O bom solitário geralmente visa mais alto do que um comércio com os Espíritos. — Ele
prefere a prática do Êxtase à Magia Cerimonial. — Reintegração do submúltiplo
humano na Unidade divina. — Ambas as reintegrações, no modo ativo ou no modo
passivo. — Este último requer uma abdicação do Ser, que se funde no Eu divino. — O
estado primordial do Éden, a espada de Elohim e o gozo do Aôr Ain-Soph. — A
reintegração passiva dos santos; a reintegração ativa dos Titãs. — Jesus Cristo e
Moisés. — É permitido desfrutar de ilusões terrenas? Prazer. — «Homo sum et humant
nil à me alienuin.» — A reintegração activa é a única que sofre com o parente. —
Perigos da reintegração passiva. — Razão profunda do perigo dos claustros. — Pedra
de toque das vocações contemplativas [220]
O Yogi reintegrado (unido em Deus); o Dwidja iniciado (nascido duas vezes): Definições.
— Os dois graus de êxtase ativo. — A que modo extático corresponde a Saída no
corpo astral: informações inéditas. — Que "animais vivos" Agripa aconselha o adepto
na fase de bilocação a temer a aproximação, pois seu corpo em catalepsia. — Graus
correspondentes de Êxtase, em modo passivo. — A Voz que fala dentro . — Como
consentir com o Absoluto? — O sussurro do Eu revelador. — Intoxicação espiritual. —
O caminho do Éden. — O "Mestre Impessoal" ou o "Abismo". — A voz da vertigem. —
Várias maneiras de evocar as iniciações Supremas do Guru. — Sob que símbolo as
obras da Alta Ciência comumente ensinam este arcano? — Evocação das Inteligências
Celestiais. — Exemplos. — Comércio com os Espíritos Superiores e as Almas

Glorficadas: esta é apenas a Iniciação ao


2º grau. — No 3º grau, os Espíritos
desaparecem, para dar lugar ao Espírito puro. — Todas as barreiras desaparecem. —
Um texto de Abraão, o judeu. [226]
Filhos da Solidão Sexual: Incubio e Succubus. — As advertências da Mãe Natureza. — Os
detratores da lei dos sexos. — Promiscuidades degradantes do Invisível. — As
consequências do celibato radical: atrofia ou obsessão. — Cada verbo cria o que
afirma. — Poluição noturna e pesadelo. — Mistério do Ephialtus: doença "epidêmica",
de acordo com Pierre Le Loyer. — Lugares assombrados, loca infesta do Padre
Thyraeus. — Claustros, deste ponto de vista. — A Idade Média vivia em galhardia
regulada com os Invisíveis.— Histeromonopatia do Dr. Calmeil. — A "doença do diabo"
no Extremo Oriente; relação dos missionários. — O livro do Padre Sinistrari d'Ameno,
sobre Desmonialidade e animais incubus e súcubo. — Teses análogas do Conde de
Gabalis e dos Sátiros Brutos. — Possibilidade de coito com os Elementais. — Mistérios
da iniquidade [234]
Arcanos ambíguos da antiga Teurgia: comunhão de amor com os Deuses. — Visões
opostas dos Padres da Igreja primitiva e dos hierofantes da gentileza. — Uma página
muito estranha de Quantius Aucler. — A alcova nupcial da oitava torre, na Babilônia: a
amante do deus Belus. — Aventura de Paulina, vendida ao libertino Mundus pelos
sacerdotes de Anúbis. — A autópsia dos antigos mistérios. — Estado pneumático dos
eleitos . — A posse dos deuses do Hades. — O beijo da serpente de fogo. — Um texto
de Moisés, relativo aos amores entre anjos e filhas dos homens. — Lei universal dos
sexos; em que casos pode ser evitada. O universo andrógino. — Cheio e vazio. — O
Pai Divino e a Mãe Celeste, o Iod e o Hey, o Espírito e a Vida. — A inanidade
respectiva dos dois Princípios, abstraídos um do outro. — Os dois lados do Livro do
Mistério. — Um texto sublime do Zohar. — Os Dois que são um. — O grande arcano
da morte eterna. [241]

Capítulo III: A Roda do Devir


Décima chave do Tarô: a Roda da Fortuna. — A plataforma da Esfinge e a roda do Devir:
Tifão desce para a esquerda; para a direita Hermanúbis sobe. — Os gênios
antagônicos de Maio e do bem. — Involução e evolução; desintegração e reintegração
universais. — Outro ponto de vista, para a explicação do mesmo símbolo; constituição
ternária de todos os seres: Espírito, alma e corpo. Polarização do Ser. [251]
Arcanos de polarização quaterne; cerebrogenital e andrógino. — Lei da síntese geralmente
desconhecida. — Crítica de um artigo de Lotus sobre polarização humana. —
Informações detalhadas; lei geral. Desconhecido. — Esta grande lei, mantida em
segredo em
Os templos da antiguidade. Para quê? — Clichê esotérico. - Enunciação geral: o
masculino, positivo na esfera sensível, negativo na esfera inteligível ; o feminino
negativo na esfera sensível, positivo na esfera inteligível. Ambos, neutros, na esfera
intermediária do psíquico. Aplicação ao homem terreno: no homem, o órgão genital é
masculino ou positivo, o cérebro feminino ou negativo; nas mulheres, o sexo é feminino
ou negativo, o cérebro masculino ou positivo. Em ambos, o plexo solar é o ponto de
equilíbrio central. — Definições e desenvolvimentos. — O cérebro masculino da mulher
dá germes de ideias, que os cérebros femininos do homem gesticulam e elaboram. —
Primeiras sementes de civilização sempre semeadas pela mulher. — Diagrama da
polarização quaternária do ser humano. — Aplicações à fisiologia, bem como à
psicologia, Da lei bem conhecida na física: os opostos se atraem, como repelir uns
aos outros. — Mistério das Simpatias e Antipatias. — A esfera intermediária do
psíquico: — Do Amor, no homem e na mulher: nuances que o distinguem:
consequências fecundas e decisivas do princípio exposto acima. — Exemplos
convincentes. — Amor, instrumento de reintegração. — Fusão do complementar;
restituição do homem à sua plenitude ontológica.— O andrógino perfeito torna-se um
ímã quaternário, cujo esquema esboçamos. — A lei acima enunciada é chamado, em
magia, a lei da composição dos ímãs. — Fabre d'Olivet alude a ela em termos velados.
— Página misteriosa de Eliphas Levi, tocando essa lei secreta cujo esoterismo ele
reserva. — Como o Binário gera o Quaternário, que se resolve pelo Ternário, para
retornar à Unidade. — Mecanismo de transformação de esquema. — Senha oculta;
chave que abre todas as portas. [255]
Outra interpretação da roda da fortuna. — Todo o ciclo temporal está simbolicamente
inscrito nele. — A roda gira e o Devir é gerado no orbe de sua rotação. — Descida do
Espírito à matéria; sublimação da série material para a recuperação da vida espiritual.
— Seres adjacentes, de vida dupla e tripla. [270]
P£nta reˆ, diz Heráclito; tudo flui. — Nada é, tudo se torna. — Tornar-se é de fato a
condição deste mundo caído; vejamos como o Devir é gerado. — Dos três Poderes,
geradores do Futuro, geralmente apenas um é admitido. — Providencialistas,
voluntariosos e fatalistas. — Os primeiros vêem a mão de Deus em todos os lugares;
os últimos atribuem tudo à iniciativa humana; o terceiro, Os defensores do
determinismo estrito, sustentam que tudo é necessário pelo Destino, essa lei que
acorrenta o efeito à causa. — Providência, Vontade e Destino (ver . Fabre d'Olivet)
colaboram na geração do Futuro: todo o mistério do futuro reside na regra da sua
fecunda mutualidade. — Argumentos sumários das três escolas exclusivas. [272]
A alma humana, colocada aqui embaixo entre a mente e o corpo, como entre um cônjuge
legítimo e um sedutor do encontro, determina, segundo a sua conduta, o ritmo da sua
vida futura. — Até que ponto a Vontade está limitada à espiral do Destino, que é a
consequência da queda. — Mutualidades, constrangimentos, repercussões,
intercâmbios. — Evitar multiplicar os pontos de contacto com o Destino. — Governar
em conjunto com a Providência, fugindo das armadilhas do Destino. — Os três
sistemas que mencionamos estão certos em parte. — O futuro atribuível a um terço à
fatalidade do Destino, a um terço à iniciativa da Vontade, a um terço à ação da
Providência. — Por que a ação providencial é sempre disfarçada. — Ilusão de ótica
mental. — Exemplos. [276]
Previsão de coisas futuras. — Somente a Providência pode prever com certeza os
eventos vindouros, mas somente no poder de ser, não em um ato cumprido. —
Profecia ou inspiração do alto. — Exemplo curioso, à parte das profecias canônicas; A
profecia de Orval. — Autenticidade e atribuição da ilha. — Texto e comentário sobre a
profecia de Orval. — Impressionante previsão de eventos, de 1797 a 1873. — Por que
cessa, a partir dessa data, a concordância entre os acontecimentos e as previsões. —
Teria o Conde de Chambord, chamado ao trono em 1873, quebrado a trama fatídica,
permanecendo surdo ao chamado combinado da Providência e do Destino? — A
campanha monárquica de 1873. — Acordo perfeito sobre a constituição. — O pretexto
da bandeira branca. "Por que Henrique V não quis reinar?" – Hipótese para o crédito
deste príncipe. "Será que ele acreditava no direito do Naüiendorff? — Discussão sobre
este assunto. [278]

La Voyante de la rue de Paradis. — As previsões da senhorita Henriette Couédon. —


Lúcida ou missionária celestial? — Identidade ainda duvidosa de sua Inspiração. [292]
Artes divinatórias, reduzidas aos seus princípios. — Somente a Providência infunde o
espírito de profecia, puro de toda mistura; mas a Palavra providencial é incontrolável.
— A Vontade do homem emite oráculos contraditórios; Por que? — É ao Destino que
todas as artes divinatórias conhecidas aparecem. — Nomenclaturas de Pierre de
Lancre e Jean Belot. — Classificação quaterne des arts divinatoires: 1° pela evocação
ou consulta dos Invisíveis; 2° pela interpretação das assinaturas naturais; 3° pelo
estudo das combinações artificiais (jogos de fortuna, etc.); (4) por fixação prolongada
de certos objetos. — (EN) Estas divisões, de modo algum arbitrárias, não são, no
entanto, absolutas. — Exemplos; Astrologia e o estudo do Tarô. [294]
O devir particular das aparências físicas. — Mutabilidade corporal, em seres organizados.
— Trabalho ininterrupto do tecido celular na tela instável do corpo astral. [299]
Geração e mistérios de seres coletivos. — Fenômenos curiosos de toca-discos e
conversas. — Formação da corrente, essa pilha gerando influências. — O ímã mágico
de Paracelso, "os magnitos interiores e secretos". — Impregnação da vida na madeira
da mesa oracular; integração do Oráculo coletivo. — Ecce Deus! — Um ser invisível
está lá: ele pensa, ele raciocina; ele fala, ele responde. — Este Invisível não "veio" ele
foi formado do zero, em síntese efêmera das pessoas presentes; Não vai "sair": vai se
dissipar, essa disputa vem para cessar. — Representa nem mais nem menos do que a
soma das inteligências cooperantes, somadas a uma só. — "Os espíritos são ecos"
(Gasparin). Termômetro psíquico e mental, o Oráculo dá a temperatura moral dos
ambientes humanos. — Constituição da cadeia fluida: eficiência máxima, mínima e
média. — Elementos negativos, agrupados e esforçados sob a predominância de um
elemento positivo. — Desenvolvimento de pensamentos rudimentares. [300]
Teoria do Oráculo Mensal. — Unificação de atmosferas secretas individuais: é neste meio
fluídico que o oráculo nascerá, viverá e morrerá. — Do nimbus individual, povoado por
lêmures, miragens e larvas parasitas. — O ascendente astral de Paracelso não é outro
senão esta corrente de imagens vivas, assinaturas das paixões e ideias dominantes de
cada um. — Relações de homem para homem: atmosferas fluídicas penetram; Luta
secreta dos ascendentes. Como uma personalidade pode absorver outra, e (como
dizemos em magia) arrastá-la para o seu redemoinho. — Imaginação, base negativa
do Ascendente. — A força do ascendente não reside na abundância de imagens, mas
na vontade que as seleciona e agrupa. — Meio inconsciente do oráculo mensal. [308]
Muitas variedades de seres coletivos. — Nem todos são efêmeros e instáveis como o
Oráculo mensal. — Palavra Criadora de Adão, o homem universal, antes da queda. —
Adão pensa nos seres. — Ele só poderia cair subdividindo-se: ele reconquista seus
privilégios através da integração social. [312]
Entidades coletivas de poder e duração incalculáveis, criadas na ordem política ou social.
— Exemplo: Nimrodismo. — Uma página reveladora de Saint-Yves (Missão dos
Judeus). — Os Coletivos contrastam por seu poder, como por sua duração; Mas todos
desfrutam de sua própria existência e consciência, sem que os indivíduos cuja síntese
eles formam percam nada de suas respectivas personalidades. — Arcanos da
multidão. — Colectividades de ordem intermédia. [312]
A geração e a luta dos grandes Coletivos explicam muitas anomalias no que diz respeito às
assembleias políticas. — Como uma reunião de homens pessoalmente justos e
humanos pode ser uma assembleia iníqua e feroz. — "Senatores boni viri, senatus
vero mala bestia". (Tácito). — Estranhas inversões das almas das multidões. —
Eugene Sue conhecia bem essa instabilidade do camaleão popular: episódios de O
Andarilho Judeu e os Mistérios de Paris. — Popularidade. — Como unificar multidões
múltiplas e divergentes. — O segredo da cadeia mágica. — O grande arcano. — Como
a corrente mágica gera Coletivos poderosos. — O segredo da cadeia mágica. — O
grande arcano. — Como a cadeia mágica gera Coletivos poderosos. — O Egrégoras.
— Coletivos reitores de agregações impessoais: poderes políticos, ordens religiosas,
sociedades secretas. Como as Egrégoras cujas milícias humanas são aniquiladas
criam, sob um novo nome, um novo corpo social. [316]
Retomada de um exemplo já produzido no volume anterior. — A sobrevivência da Ordem
do Templo. A ordem sendo destruída, a alma coletiva está lá observando, guardiã de
uma palavra de ordem. — O duplo lema dos Templários: L. P. D. (Lilia pedibus destrue.
— Latro pontifex deleatur). — Os artesãos da vingança templária. — Primeira tentativa:
Adam Weishaupt e a Ordem dos Iluminados. — Dispersos na Alemanha, os herdeiros
de Jacques Molay reformaram-se na França. — Tremenda explosão da Revolução
Francesa. — Que evolução está em andamento: o mundo tende a um novo equilíbrio.
— Realização do duplo programa templário: antimonárquico e anticlerical. — A
Revolução é marcada pelo conflito dos grandes coletivos humanos. — A alma
templária encarna-se no grande Sociedade Jacobina. — Encarnação apressada de
outras Egrégoras; elas são derrotadas no plano terrestre: os Feuillants se dispersam e
a Gironda é sacrificada. — Batalhas das Egrégoras na Convenção Nacional. —
Esmagamento dos girondinos; queda inesperada de Danton; Robespierre finalmente
sucumbe; Reação devoradora de Thermidor. Vontades individuais não são nada,
quando vontades gerais colidem e quebram no éter tempestuoso. — Peões de carne
no tabuleiro de xadrez social. — Papel secundário das iniciativas individuais, em tais
tempestades colectivas. — Motivos complexos obedecidos pelas almas das multidões.
— A vida individual na vida colectiva. — Os indivíduos que permanecem livres podem,
por agrupamento, gerar novas egrégoras. — Uso consciente ou inconsciente da cadeia
simpática. — Exemplo peremptório: a tentativa de Babeuf e o berço do socialismo.
[320]
Entidades coletivas na Ordem Religiosa. — Relutância e reservas do autor. — Dominações
Teúrgicas. — Teurgia: uma página notável de Elifas. — Teurgia decadente e alta
teurgia de Porfírio e Jamblichus. — A teurgia da luz condena sacrifícios sangrentos,
característicos de mistérios degenerados. — Teurgia clerical; magos políticos da
antiguidade oriental. — Os deuses da luz condenam sacrifícios sangrentos,
característicos de mistérios degenerados. — Teurgia clerical; magos políticos da
antiguidade oriental. — Os deuses da Antiguidade Oriental. — Os deuses da luz as
nações tinham uma existência real: eram as entidades coletivas das religiões. A
primeira função do sacerdócio era criar, nutrir, manter deuses. — O verdadeiro
significado da palavra ídolo... "Omnes dii gentium dæmonia." (Salmos). — Cadeia
mágica de volições de adoração, energizada pela fé. — A grande obra teocrática é
apenas a transposição religiosa e a extensão desta cadeia de simpatia, na qual vemos
nascer o oráculo das Mesas Falantes. — A bateria psicodinâmica. — Formação e
desenvolvimento do potencial de cadeias simpáticas sustentáveis. "Os deuses residiam
em ídolos de madeira ou metal?" – O corpo fluídico das Entidades Coletivas. [327]
Aparições dos deuses, nos templos antigos. — Por que os sacerdotes velavam suas
cabeças. — Os "Imortais" do politeísmo não eram mesquinhos com manifestações. —
Visões radiantes e espectros aterrorizantes. — Sombras que povoavam os santuários
e pareciam ligadas ao altar. — Formas lemurianas evoluindo na atmosfera oculta da
Egrégora coletiva. — Nos templos e criptas da antiguidade, Visitantes espirituais de
todas as hierarquias encontraram um asilo adequado para suas naturezas. — Os
demônios inferiores encontraram pano em sangue condensado, os visitantes de além
do céu podiam tecer um corpo de luz, música e incenso. — Utilidade prática dos
sacrifícios: o vapor do sangue pode suplementar o fluido dos médiuns, para permitir
que os Invisíveis apareçam. Quanto aos perfumes, eles só podiam revestir os visitantes
com um contorno fugaz e falacioso, com a aparência de um corpo sem vida. — Só que,
provocando o êxtase no sensível, os perfumes consagrados improvisavam os médiuns.
— A exteriorização da sensibilidade e as experiências do Coronel de Rochas. — A
força psíquica exala do corpo de êxtase. — Neste fluido disponível, os Seres da vida
após a morte se banham e se manifestam. — Raridade da apoteose autêntica. [334]
Lei dos sacrifícios sangrentos, universalmente sancionada pela antiguidade sacerdotal. —
Moisés, a este respeito, não inovou: o seu culto parece, em primeiro lugar, um culto ao
sangue. — Ritos sangrentos da lei mosaica. Jeová reserva para si o monopólio do
sangue derramado, que é "uma oblação de cheiro muito agradável." — Sacrifícios
humanos frequentes em Israel, desde o sacrifício de Abraão, até o de Jefté. —
Numerosos exemplos para apoiá-lo. — O déspota implacável que comanda esses
horrores não pode ser Ihoah Ælohim. [340]
Missão excepcional de Moisés. — Moisés, um titã ainda mais do que um santo. — Na
degeneração universal, o seu papel é amassar o barro humano, imprimir nele o selo
divino. — Obra colossal desta teocracia: improvisar o povo de Deus! Não foi uma tarefa
medíocre, nem que possa ser realizada pela mansidão e pela caridade. — Moisés era
o cirurgião do velho mundo: garantiu, com uma operação violenta, a cura da
humanidade. "Por que essa adoração de sangue em Israel. — Poderia Adonai
chafurdar no sangue derramado em seu altar? — Maravilhas e Mistérios da Teurgia
Mosaica. — Magia cerimonial de Moisés. — Construção secreta da Arca e do
santuário. — Ciência colossal e domínio operacional.— O Aliado celestial de Moisés ,
seu Interlocutor celestial. — Entidade coletiva da grande Comunhão dos Santos (visão
do Sinai). — Vícios e virtudes da raça judaica.— Israel manifestação radiante de Deus.
— Os sucessores de Moisés: eclipse da luz de Elohim. — A abominação no Santo
Lugar. — Múltiplas relações religiosas de Moisés com o Invisível. — O Absoluto divino.
— Ihôah Ælohim, o Verbo eterno. — A Egrégora da grande Comunhão Doriana. —
Colunas de Elementais e Lêmures , destinadas às obras de magia sacerdotal. —
Sombras das quais Moisés não envergonhou seu povo. — Reservas esotéricas de sua
Doutrina. Para o povo hebreu, tudo, bom ou mau, sai da justiça de Jeová. —
Centralização divina: vantagens e desvantagens deste sistema. — O verdadeiro nome
da Egrégora: Michael. — In sole posuit Deus tabernaculum suum. — Identidade do
homem ideal e de Deus manifestada. — Substituição divina. — Deifificação exotérica
do Aliado celestial. — A pedra cúbica. [343]
Moisés e Jesus Cristo. — Queixas do Sepher Toldos. — A Comunhão dos Santos é
combatida pela Sinagoga dos Pervertidos. — Diante de Miguel está Samael. — O
Coletivo Cacopsíquico. — O que pode ser o corpo astral totalizado de uma entidade
coletiva humana. — Curiosas estrofes de Saint-Yves [356]

Capítulo IV: Força de Vontade


Décima primeira chave do Tarô: Força. — Uma jovem fecha, com as duas mãos, a boca de
um leão furioso. — Detalhe curioso do emblema. — Uma correção de Etieilla. — A
fabricante de perucas Alliette, que se tornou a astróloga Etteilla, "astro-phil-star e
restauradora da Cartonomia dos Egípcios". — Etleilla e o Tarô: um expurgado edição
arcana. — Significado esotérico do emblema. — Poder da vontade sobre o Astral, do
qual o leão é um dos hieróglifos mais antigos. — O oito reclinado e o símbolo da vida
universal. — Fronteiras cósmicas da acção volitiva. [363]
A Vontade, um dos três grandes Poderes Retificadores do Universo. — Soberania do
homem universal no Éden, antes da queda. — A Vontade de Adão realizou todos os
seus pensamentos: ele povoou a esfera de sua atividade com criaturas, e ele podia,
por uma única volição, "Trazê-las do ser para o nada e do nada para o ser". Citação
essencial de Fabre d'Olivet. — A queda do homem aparentemente tirou dele essa
prerrogativa quase divina; ele pode, no entanto, a partir daqui de baixo, recuperá-la até
certo ponto. — Eva, símbolo da faculdade volitiva.— "Desse à luz com dor";
interpretação esotérica desta frase. — Diminuição qualitativa e quantitativa da força de
Adão, pela disseminação e obscurecimento de seus envelopes. [367]
A força da Vontade é detectada até mesmo na elaboração do corpo físico, esta prisão do
submúltiplo humano. — Edificação inconsciente do corpo. — O Consciente e o
Inconsciente Céus. — O arquiteto e os trabalhadores. — O empreiteiro do edifício é o
corpo astral. [372]
Da faculdade plástica, esta matriz psíquica do corpo astral. — Contradições nas noções
relativas ao corpo astral. — A faculdade plástica, instrumento de desenvolvimento da
alma, para os diferentes ambientes que atravessa.— Enquanto uma alma não
encarnar, seu corpo astral se condensa ou sutilmente, de acordo com o meio. — Na
labuta da encarnação, O corpo astral torna-se naturalizado, compatriota do
organismo: doravante compartilhará seus destinos. Quando a alma a despoja, o corpo
astral se desintegrará em paralelo. É então que a faculdade plástica terá que tecer à
alma deixada nua, um novo corpo sutil, adequado ao novo ambiente em que penetra.
— Alguma escola quer que o corpo astral não preexista ao feto. — Do corpo glorioso,
que não é o corpo astral. — A "carruagem sutil da alma." — A faculdade plástica, ao
tecer o corpo astral, obedece à vontade coletiva da espécie para traços gerais, a
vontade individual para traços particulares. [373]
O homem essencial constitui a alma do Cosmos integral: toda a vida emana dele, toda a
substância emana dele, de modo direto ou indireto. — Um texto de Moisés: Adão
nomeia os animais; significado do símbolo. — Todos os seres inferiores vêm de Adão.
— Átomos dispersivos de sua substância corrompida. — A humanidade terrena,
emergindo da animalidade, retira violentamente a anima bruta. — O orbe do "Satélite
Impuro" ( Luz do Egito). [378]
Teoria das assinaturas naturais. — A linguagem das assinaturas (Q. Aucler). —
Assinaturas e a escola de Paracelso. — Oswald Crollius e sua Anatomia Verdadeira e
Vívida do Grande e Pequeno Mundo. — Crollius apreciado por Eliphas Levi. — As
artes divinatórias, como um estudo de assinaturas espontâneas. — Palmistria eleita
como exemplo: crítica da quiromancia ; seus limites racionais. [382]
Virtude configurativa do Astral, cada onda da qual é uma página reveladora do Livro
Universal das Vidas. — Os habitantes do Astral inferior; almas à espera da
encarnação. — Estas Almas procuram escalar a cidadela física; Eles deixam no
material a marca de sua escalada. — Experimentos de Aksakoff: moldes fluídicos de
mão. — Experiência de Sieur de la Violette: impressões cristalizadas de folhas de
urtiga no gelo de uma lixívia de cinzas de urtiga expostas ao frio. — Gaffarel e sua
teoria das Sombras dos Mortos. — Gaffarel e os Gamahés ou Camaïeux. — Descrição
e exemplos desse fenômeno. — Milagre divino ou milagre diabólico? — Teoria do
gamahé: fotogravuras de miragens errantes. — Iconogenia espontânea. —
Impressões de assinaturas naturais na matéria modificadas ou tornadas receptivas
pela eterização. — Outras impressões de assinaturas misteriosas. — A árvore de dez
mil imagens e a história do Padre Huc. — O Barão de Guldenstubbé e a assinatura
direta dos Espíritos. — Eugênio Vintras e o prodígio de seus hospedeiros
estigmatizados e sangrentos. — Os estigmas do êxtase. — Maravilhas de fé e desejo.
— Reunindo a descoberta de MM. Focachon e Liébeault (instalação de um vesicatório
por sugestão) e a de M. de Rochas, (exteriorização da sensibilidade), conseguimos
explicar a produção de estigmas místicos. — Mais uma palavra sobre os grandes
coletivos humanos. [389]
Toda força, na magia, reside essencialmente na Vontade e na Fé. — O herói, o homem da
vontade; o místico, o homem da fé; o adepto, o homem da fé e da vontade todos
juntos. — O próprio desejo é criativo, como uma forma obscura da vontade. [403]
Um episódio instrutivo do Crocodilo de Saint-Martin, um épico pouco conhecido e pouco
apreciado do teosofista de Amboise. — Significado simbólico dos personagens
principais: Madame Jof, Sédir, Ourdeck, Rachel, finalmente Eleazar. — O Crocodilo,
emblema egípcio de Nahash e do baixo Astral. — Uma cidade afundada (Atalanta). —
Peregrinações de Urdeck. — Revelando alegoria. [405]
Os mistérios de Atalanta (por Saint-Martin). — Palavras preservadas. — Pregador em um
templo. — Corrente dupla de palavras blasfemas. — O hierofante. — O covil do mago
negro. — A mesa pentagonal, a poltrona e os quatorze assentos. — Os acólitos e o
mestre ausente. — O Livro de Ferro. — Pacto de iniquidade. — Manifestação do nome
de Eleazar. — Retorno inesperado do hierofante. — Multiplicação de macacos: os
homens do mastro são devorados. — Os macacos estão se devorando. — Urdeck
milagrosamente salvo [407]
Explicação dos mistérios da Atalanta, relacionados ao mau uso da Vontade, em magia. —
A máquina infernal disposta em um porão. — Os cinquenta passos de sombra. — O
pentágono e o pentagrama. — A estrela boa e a estrela má. — Instrumentos e móveis
de ferro. — A lanterna pentagonal, a pedra negra luminosa e os hieróglifos da
abominação. — A plataforma e os macacos de ferro. — A mesa elíptica, emblema do
círculo do mal. — A cadeia mágica e seus mistérios. — Aplicação da cadeia mágica. —
Grandes iniciados e grandes magos. — O livro de sangue, sempre aberto, do
Iluminismo Negro. — A "Sociedade dos Independentes". — (O templo, o pátio e o
santuário, segundo o místico Eckartshausen). — Multiplicação de macacos de ferro: o
mal abunda dentro dos recintos do próprio mal. — A broca de repercussão e o choque
em troca. — Suicídio dos satélites do mal. — Esta página de Saint-Martin mostra-o
muito competente em magia cerimonial. — Saint-Martin, seu mestre Martinès de
Pasqually e o livro de Papus. [415]
Da Vontade , na magia. – A magia é praticada diretamente (pela ação do corpo astral
sobre fluidos imponderáveis); indiretamente (pelo império da Vontade sobre os
Invisíveis). — Magos, mediadores ativos e médiuns, magos passivos. — Magnetismo:
ele também pode ser projetado em modo ativo ou passivo; por último, apenas a
responsabilidade deste capítulo é "a chave para a Ciência oculta"? ( Potet). — Mesmer
e seu sistema. — Resumo teórico das XXVII Proposições. — Os herdeiros de
Mesmer. — Puységur e o olmo de Duzancy; advento do sonambulismo. — Faria, o
encantador. — Maravilhas adjacentes do magnetismo.— Liébeault, Focachon e
Rochas. — A escola de Nancy. — A sugestão não é nova. — A ação dos
medicamentos à distância, na Idade Média. — Uma descoberta de Edison — O porquê
e o como da sugestão (cf. nosso capítulo V). — Todo pensamento é uma alma. —
Responsabilidade incorrida pelos praticantes da sugestão. [430]
Fascinação, um fenômeno sugestivo. — O sacerdote e seu breviário (fenômeno relatado
por Bodin). — Teoria do fascínio. — O tambor encantado e a primavera milagrosa
(fenômeno narrado
por Nynauld). — Sugestão mental e virtualidade dos signos analógicos. — Milagres do
som na magia: lendas instrutivas; os Faquires e a força dos mentras; a gaita dos
Iluminados: sinos e carrilhões; o gerador de Keeley e a força "interetérica". — O
fenômeno do pandeiro.[438]
Teoria dos sinais de apoio, complementar à das assinaturas espontâneas. — O verbo, no
ocultismo: vontade definida, apoiada por um emblema que a confirma. — A doutrina do
signo, segundo Elifas. — Pedra angular da magia cerimonial e dos cultos religiosos. —
Possível abuso da teoria do Signo Mágico. — Tradução e transmissão da ideia pelo
signo. — Telepatia, telegrafia psíquica e precipitação da escrita. — Magia da fala e do
gesto. — O poder do clichê. — "A religião é apenas um gesto" (Musset). — Uma vez
que o pensamento é fixado e traduzido pelo sinal, Isso é usado para projetá-lo. —
Virtude suprema do sinal: dinamização do esforço solitário, pela evocação de vontades
conformes. — O uso do sinal estica a corrente mágica e evoca a Egrégora. — O
pentagrama e o círculo de evocações. — Minúcias ritualísticas, na magia como na
religião; inflexibilidade do cerimonial. — Citações notáveis da Trécia. — Corrente de
ouro que liga a terra ao céu. — Guirlandas de sinais evocativos. — Os ritos são
promovidos apenas por causa da natureza imperfeita da humanidade, sobre a qual o
magista quer agir.— Os iogues podem prescindir do sinal externo entre si. —
"A mente se veste para descer e se despe para ascender" (axioma Cabalístico). [413]
Novamente o sinal de apoio. — Os Pentáculos. — Paracelso reduz-os a dois elementos
essenciais: as estrelas do Macrocosmo e do Microcosmo. — Tradução inédita de uma
página de Paracelso (Filosofia Oculta). — Uso das duas Estrelas, em magia. — Quod
superius, sicut est quod inferius. — Virtude dos pentáculos, na mão de um seguidor.
— Sinal de reconhecimento de um mundo para outro. — Precipitação, em astral, dos
pentáculos queimados no altar de perfumes. — Precipitação eléctrica: esboço ígneo de
pentáculos, obtido com a máquina de Holtz. — Estrela Brilhante de Salomão,
permanentemente eletrificada; Estrela flamejante, eletrificada por. - "Ignescunt signa
deorum." — Amuletos e talismãs. — Teoria materialista de Etteilla. — Os
monogramas médicos do Arco Mágico (Paracelso). — Fabricação e teoria de uma
medalha talismânica do sol. — A origem dos talismãs pode ser gamahés. —
Exploração industrial de talismãs. — Supostos ocultistas operando por dinheiro. — A
Doutrina e seus benefícios são dados ou recusados; mas nunca vendem. [454]
Magia é o exercício do poder criativo, recuperado daqui de baixo. — Produção a partir do
zero de objetos materiais, por objetivação de ProtyIe. — É o máximo em magia terrena.
— Objetos invisibilizados pela eterização. — Descrição e explicação do fenômeno. —
Contribuições; O objeto, etéreo durante o transporte, torna-se visível novamente no
ponto de chegada. — A matéria passa através da matéria. — Flores desintegradas e
reintegradas. — Eherização do corpo humano: o Lar médio, desaparecido no limiar de
uma porta fechada, vê-se desmaiado do outro lado. — Fenómenos reais e
verdadeiramente ininteligíveis. — Nunca se apresse a gritar absurdo. — Mago Fabre
d'Olivet: uma carta ao Imperador, "em corpo astral". — Fabre d'Olivet therapist;
desafio de M. de Montalivet; A luva é levantada. — Fabre d'Olivet Sybarite: seus livros
vêm encontrá-lo em sua poltrona. [461]
Levitação; movimento visível e suspensão, objetos aéreos. — Levitação do corpo humano;
Experimentos de Home. — Eglington mostra ao czar o fenômeno da autolevitação;
relato detalhado do meio. — O czar "sob os pés" de um inglês. — Experiências
frequentemente observadas na Índia: a elevação dos faquires. [467]
A vontade no mal. — Não ritualizamos magia negra. — A justiça imanente das coisas. — A
ameaça de choque em troca. — O paradoxo do mandarim, atribuído a Jean-Jacques.
— A hipótese louca pode se tornar realidade. — O escudo oculto. — A espada de
Dâmocles. [470] Vontades individuais ou colectivas, no bem e no mal. — Verbos
criativos. — Bênçãos, anátemas. — Excomunhão é o ato de expulsar um homem de
um grupo vivo do qual ele era uma célula. — Excomunhão, sentença capital. — Para
afastar o verbo de desaprovação, é preciso se filiar, de fato ou intenção, a outro grupo.
— Mistério das correntes mágicas. — Martinès de Pasqually e suas batalhas ocultas,
nos solstícios e equinócios. — Detalhes sobre o ritual dos Martinesistas (memórias do
Barão de Gleichen).— Os "quartos de círculo" e o círculo de recuo". — As experiências
de M. d'Hauterive, criticado por Saint-Martin. — M. de la Chevallerie, tendo
imprudentemente se engajado na luta no plano astral, está prestes a sucumbir. Seu
mestre ausente (Martinès) o salva, inspirando-o na hora do perigo. "Não devemos
desafiar a opinião pública. — A cadeia simpática e as leis da eletricidade. — Da
virtude do círculo à magia [474]
Excomunhão solene, uma espécie de maldição sagrada. — Terríveis efeitos da
excomunhão, nas eras da intransigência e da fé militante. — O feitiço sagrado, depois
de Adolphe Bertet (Apocalipse desvelado). — As "condenações capitais" da Igreja,
segundo Joséphin Peladan (Istar): correntes monásticas bissexuais. — As chaves de
Hermes cruzaram-se com as de São Pedro . "A espada mágica é feita para o braço do
Servo dos Servos?" — Ele só poderia legitimamente usá-la para a defesa de uma
ordem social onde a Ciência e a Fé seriam reduzidas à sua unidade de síntese [481]
Encantamento, que é a maldição por excelência. — Descoberta do Coronel de Rochas. —
Serão as descobertas de Rochas como magnetismo: a Ciência oficial as apreenderá,
para desbatizá-las. — Vários modos de encantamento. — A Jettatura e o mau-olhado.
— Enfeitiçamento em Annam: a lança presa na sombra da vítima. — Sombra corporal,
de um ponto de vista mágico. — Enchantement des bohémiens: "para cravar a faca"
(Les Rômes, de J. A. Vaillant). — Escopo. "Esta é uma pedra no meu jardim": origem
deste ditado. [488]
Experimentos de Rocha sobre o encantamento. — Relação do autor. — A chapa fotográfica
sensibilizada. — A boneca de cera. - Fenômeno do estigma por repercussão (15 de
outubro de 1892). — Físico de Rochas. Ele verificará, uma a uma, as noções
tradicionais de ocultismo. — Perigos deste tipo de experiências. — Feitiço imediato:
feitiço de longo prazo. — Acidente imprevisto, contado por Rochas: água sensibilizada
espalhada por uma noite de inverno. — Possível reversibilidade e fatal para o sujeito,
no caso de sensibilização de placas fotográficas. — Experimentos do Dr. Luys:
transferência de um estado neurológico para um sujeito saudável, ao qual os remédios
são aplicados. — "Uma cauterização em uma perna de madeira ", provérbio
justificado pela medicina paracelsica. — Teoria do Encantamento. — Teoria da lei do
choque em troca. — Venefício, ou feitiço por fluidos envenenados. — Com que líquido
misterioso os feiticeiros de Brie aspergiram seus gogues. — Exemplo de feitiço popular,
relatado por Cahagnet. — Como afastar maldições. [494]
Fenômenos compostos, onde as forças da natureza obedecem à palavra humana. — O
Ministério do Homem-Espírito. — Sinais de alerta da apoteose adâmica [508]

Capítulo V: Escravidão Mágica


Décima segunda chave do Tarô: o Enforcado: significado do emblema. — As glórias e
misérias da escravidão mágica. — Dupla interpretação: escravidão do espírito,
escravidão da matéria. — O sagrado Thau; no Tarô, este hieróglifo reaparece, no final
de todos os ciclos, maiores e menores. — O Arcano XII relaciona-se com o homem
descida à decadência da carne [513]
A encarnação das almas; cativeiro prelúdio da mais dura escravidão Julgamento da Psique:
sua chama viva parece se apagar na lama terrena. — A armadilha de Vênus, Afrodite
ou Iônah. — Sob esses vários nomes, a Grande Sedutor exerce suas duas funções
paralelas. — Para capturar almas, acasalar corpos, seus meios dificilmente variam; O
desejo é a sua voz acariciadora, e a sua armadilha é a Voluptuosidade [517]
Agonia da existência aromática: uma desordem sensual invade as almas; elas se deixam
levar pela torrente de gerações. Uma vertigem voluptuosa encobre o horror de seu
declínio. "Sua encarnação é sempre imediata?" — Almas que aguardam encarnação;
elas se tornam o brinquedo da Serpente fluídica de Ashiah. — Eles podem influenciar
os Médiuns. — Eles obcecam casais apaixonados, designados para dar-lhes um corpo.
— Uma Página Curiosa de Louis Ménard [518]
A pré-existência da alma, seu fracasso, seu naufrágio no abismo da matéria, bem
conhecida, em todos os momentos, pelos seguidores de todas as escolas. — Como a
arte se aproveitou dessas noções, para traduzi-las em mitos e símbolos. — A lenda
mosaica do Éden; até onde remonta sua origem. — Mitos análogos: Pandora,
Prosérpina, Psique, etc. — As fábulas simbólicas da decadência formam a base de
todos os mistérios Antigo. — É em toda a parte a história de uma catástrofe infame,
unida à promessa de reabilitação. - Mistérios de Elêusis: o rapto de Perséfone
(Proserpina), por Aidoneia (Plutão). Intervenção de Deméter (Ceres); suas viagens. —
Perséfone no Submundo: Ela comeu três grãos de romã. — O Julgamento de Zeus (
Júpiter). — Perséfone viverá seis meses do ano no inferno e seis meses no Céu:
Símbolo de existências alternativas [521]
Mistério do Nascimento. — A provação terrena e a encarnação das Almas. — Uma bela
página de Saint-Yves [526]
A iniciação, este despertar de renas no sonambulismo aqui embaixo, figurativo da morte e
da existência póstuma. — O adepto (de acordo com Stobbée) dá um antegozo de
reintegração. — Nascimento, verdadeira morte; iniciação, renascimento em espírito. —
A era dos iniciados [530]
A incorporação material da alma não compromete suas relações com os mundos
superiores; mas a condena às servidões do mundo material. — O jugo do Destino. —
Posse da alma pela Natureza-raturada. — Macrocosmo e microcosmo; analogia. —
Formação do corpo físico; compromisso entre os Poderes do Céu e da Terra. —
Ligações invisíveis conectam cada célula, cada fibra, cada órgão, às várias regiões do
Universo análogas a elas. — Conhecimento desses relatos; sua implementação: Magia
natural dos antigos autores. — O sobrenatural não é; o que é a Natureza total, a
grande Ísis dos santuários. — É no seio profundo desta Mãe universal que todos os
seres finitos vivem e se movem, mesmo para os arcanjos mais sublimes [531]
Magia Natural de acordo com Porta. — Prestígios. — Física oculta. — A varinha divinatória
e o livro do abade de Vallemont.— As maravilhas de Jacques Aymar. — O prestígio de
Maia, o encantador, a Rainha das aparências. — A intoxicação da Natureza na
primavera; o grande jubileu de Eros e Cibele. — Sentim-se então os vínculos místicos
e fisiológicos, que ligam o homem ao grande Todo — Sinfonia do Cosmos total. —
Revelando o êxtase [534]
Escravidão mágica, em sua expressão natural e espontânea. — Como se traduz para nós:
sugestões da matéria: fome, sede, sono, apetites brutais. — Simpatias e Antipatias.—
O homem pensa que está optando livremente, quando as obedece. "Quão livres
somos?" – Liberdade potencial, para apenas um terço: ela deve ser desenvolvida.
Aliando-se à Providência, o homem duplica o seu domínio livre original.
Para quê. — Os obstáculos da natureza; O homem não pode quebrá-los. — Pode
minimizá-los [539]
O tributo sexual: pode ser evitado? — O Sábio comanda a carne. — Ele derrotou Maia. —
Relativa onipotência que resulta [541]
Prescrição de continência (mágica ou sacerdotal). — Razões positivas, não sentimentais,
para esta prescrição. — Abstinência de certos alimentos; Moisés e os hierofantes da
bondade, concordam em proscritá-los. — O sangue serve como um elo entre corpo e
alma: citação curiosa de Porfírio. — Crítica às opiniões de Porfírio. — Ensinamentos
de alta magia, sobre as virtualidades da carne e do sangue. — As espécies mundanas
e imundas, de acordo com Moisés e Pitágoras. — Classificações baseadas em
assinaturas naturais [543]
Regime racional de abstinência: a letra morta agarrou-o. — Regulamentações infantis e
proibições excessivas. — Generalização das regras excepcionais. — Jejuns e
macerações. — Celibato eclesiástico. A adoração externa corrompeu em toda parte o
espírito da Ciência secreta. —Doutrina errônea de "sacrifícios meritórios" e
"mortificações agradáveis a Deus" [546]
Pitágoras, muito grave para a escolha dos alimentos. Para quê? — O corpo astral e a
"carruagem sutil". — Mecanismo de elaboração do corpo glorioso. — Mal-entendidos
sobre este ponto, mesmo entre os discípulos de Pitágoras. — Classificação esotérica
de alimentos permitidos ou proibidos. — Pitágoras completou Moisés a este respeito.
— Fabis abstina: assinatura ketin de flores de feijão. — Os "Portadores do Inferno"
[547]
Visão geral das assinaturas espontâneas. — Os produtos perigosos dos três reinos têm
inscrita em sua forma externa a admissão de sua malícia latente: todo Caim usa um
sinal na testa. — Exemplo: polvo e escorpião, etc.; aves de rapina, grandes felinos. —
Análise rápida das formas vegetais: — Beladona, Mandrake, Datura, Maximiame : —
Ciguës e o açafrão Oenantha ; — a Euphorbia; — a Rua e a Sabina; Acônito,
digitálico, colchicus de outono; — Arum maculatum; Scoundrel buttercup, etc. —
Assinaturas minerais: quebra reveladora; formas cristalinas, etc. — O adepto sabe ler
na casca as propriedades das substâncias [549]
A toxicologia fazia parte das ciências ocultas. — Fari nefas. — Um horror sagrado envolvia
os mistérios desta ciência. — O juramento de Heliodoro. — A toxicologia, como a
entendemos, era apenas uma seção da antiga ciência dos venenos: — Os venenos da
alma; do espírito, da vontade. — Ação benéfica ou prejudicial dos produtos naturais
sobre o corpo astral este elo regulador das vidas. — A ciência das assinaturas é a do
corpo Astral: duplo controle, a priori e a posteriori. — O puro e o impuro. — Variações
do corpo fluídico; sutilmente ou engrossa; às vezes é distorcido. — Lacepoeia do
envelope humano. — A grande obra da imortalidade; Apoteose póstuma [552]
As quatro formas de escravidão mágica: ela é concebida elementar (sujeição à matéria),
hiperfísica (repercussão dos lêmures do nimbus, força do hábito), hominal (servidão
magnética), finalmente espiritual (servidão mediática).— Esta divisão em quatro
classes não é absoluta; exemplos. — Já lidamos anteriormente com os dois primeiros
modos de escravidão; vamos abordar os dois últimos [556]
A escravidão hominal envolve praticamente todas as outras; por que. — O homem ativo em
todos os níveis. — As práticas do magnetismo nos oferecem o tipo mais comum de
domínio que o homem pode adquirir sobre seu próximo [559]
Magia psíquica; A alma age diretamente sobre a alma, apesar das distâncias. —
Ilegalidade atual das almas. — O fenômeno incomum da Substituição da
Personalidade. — Como esse fenômeno difere da Sugestão. — No primeiro caso, não
é o ser influenciado que age, é o experimentador que age nele e através dele. —
Substituição psíquica na Índia. — O rapto de Carpena, em Matthias Sandorff, por Júlio
Verne. [560]
Sugestão propriamente dita. — Todo pensamento é uma alma. — Dinamização do
pensamento; sua vitalização, por seu casamento com um Elemental. — As entidades
muito diversas que evoluem no nimbus do homem, são transmissíveis de um indivíduo
para outro. — Esta é a base do princípio da sugestão. — Obsessão e possessão
Sugestivo. — Sugestão automática. — O papel secundário do sono induzido, em
relação à sugestão transmitida. — A hipnose não é essencial, para que a sugestão
tenha sucesso. — (EN) A sugestão não consiste apenas numa ideia transmitida: por
detrás da ideia, há uma força. Daimons de sugestão [562]
Condições para que uma sugestão tenha sucesso: pensamento vitalizado; — será mais
enérgico do que o do sujeito; — relação fluídica estabelecida de antemão [568]
O fenômeno da hipnose, não essencial para o sucesso da sugestão, mas adjuvante. —
Intoxicação astral. — Assuntos refratários. — Sujeitos predestinados [569]
Obsessão ou posse de um indivíduo por uma entidade parasitária. — Tirania infinitesimal
ou completa, periódica ou contínua, efêmera ou duradoura. — Exemplos. — Seres
potenciais que morrem enquanto se manifestam. — Possessão total: casos de loucura,
monomania, idiotasmo. — Um intruso se instala no coração da alma. — Alienação
Mental. — Antagonismo entre o antigo proprietário e o novo ocupante. — Mistério da
iniquidade. — Encarnação de surpresa. — O "embrionato das almas" [571]
Digressão sobre as correntes do Astral. — Ainda os Seres coletivos. — Servidão
inconsciente e mecânica; subordinação da parte ao todo. — Poderes determinantes do
fluido astral. — Correntes cósmicas espontâneas; correntes artificiais, em torno das
cadeias mágicas. — Hierarquia espectral e anarquia. — Perigos que ameaçam o
banhista que enfrenta essas correntes: dispersão ou absorção psíquica. — Amor à
primeira vista. — Vida intelectual das sociedades. — Correntes novas Idéias. — Novos
vocabulários.— "Ideias que estão no ar." — Súbitas mudanças de opinião. "De onde
eles vêm?" Influência das aeropáginas ocultas. — O eterno antagonismo: Satanás e
São Miguel Arcanjo. — Ascendência individual , ascendência global das multidões
[574]
Escravidão espiritual. — Entidades localizadas. Genii loci. — Nem uma pedra, nem uma
folha de grama, sobre a qual um Espírito não reina. — "Teme na parede cegar um olhar
que vos espia?.... — Os Espíritos Elementais; raças variadas e diferentes. — Gnomos,
Undins, Silfos e Salamandras. — Faunos, Silvaínas, Díades, Nereidas, etc. —
Elementais hostis ao homem que invade seu domínio (Guymiot).— A vingança dos
Elementais. — Como o cientista, o feiticeiro, o adepto se comportam em relação a eles.
— Segredo das operações mágicas, relacionadas a essa classe de Invisíveis. —
Tempestades, trombas d'água e ciclones. — Follet fires. — A vertigem é o chamado
dos silfos ; a atração da água, o chamado das ondinas, etc. [578]
Larvas instigando o suicídio. — Portaria que Napoleão queima, quartel que ele murou,
porque eles cometeram suicídio. — Família predestinada ao suicídio por imersão:
todos os machos desta linhagem se afogam, mais cedo ou mais tarde, na mesma
curva no mesmo rio. — Contos de Nixes, Sereias, Damas Brancas, etc. — Little
Sauteret [533]
Infestações; Casas assombradas; — O caso Valence-en-Brie é a contrapartida do de
Cideville.
— Intervenção de Papus e do Padre Schnebelin. — O uso de espigões de metal. —
Chuva de faíscas. — Os fenômenos cessam; a mulher doente, que serviu como
médium, cura [585]
Pacto com o Demônio. — Acordo livremente consentido. — Pacto formal, pacto tácito. —
Toda experiência precipitada pressupõe um pacto tácito. — Doutrina da Igreja. — O
ocultismo adota em
Todos os termos da definição teológica, exceto delimitar seu verdadeiro significado. —
O Diabo, absoluto do mal, não é. — Espíritos malignos existem. — Do Diabo,
considerado como Agente. — Do Diabo, como Espírito de perversidade. — Sociedades
secretas; Compromisso recíproco, cedule. — O pacto que se seguiu ao Barão du Polet
— Fraternidades Invisíveis; cronograma cremado; precipitação em Astral. — Inferno
criado em Astral; aparições diabólicas. "Concordamos com a teologia?" – Processos
peremptórios de polêmica. — Sr. de
Mirville e Eliphas Levi. — O Diabo no Século XIX e os Ocultistas Contemporâneos. —
Chimœra in vacuum bombinans [587]
Renascimento da Magia. — Sucessos e pequenos contratempos do ocultismo renovados.
— Ele passa, por dentro, ao teste da mediocridade generalizada, ao fora, ao teste da
difamação e do escárnio. — Intrusos. — Os exploradores, — Os apóstatas. — Misérias
fáceis de prever. — A oposição fatal das forças opostas. — A lei de Fatum. — "Os
mortos agarram o rápido." — A rotina é a regra morta, imposta ao futuro pela
autoridade do passado, à vida, pela majestade da morte. — Renovação sempre lenta
das formas envelhecidas. — Transições [591]
A familiaridade dos Invisíveis, normalmente prejudicial. Eles agem em nome de outros
(como resultado de uma maldição), ou em seu próprio nome. "Que interesse eles têm
em ficar obcecados, em possuir? — Mistérios Mediáticos. — Os Invisíveis, ávidos por
força nervosa. — Abandono do fluido vital no paroxismo das paixões. — Bandido
espiritual. — Razões profundas para o medo, — para o instinto sádico, etc. — Papel
providencial das lágrimas, pela morte de um ente querido. — Por que alguns Invisíveis
levam o homem ao suicídio [597]
Relacionamentos excepcionais com inteligências superiores, almas glorificadas, anjos
missionários. — Mal-entendidos e decepções. — Direção angélica. — Embrionato
celeste. —
Isso nos leva de volta ao significado auspicioso da escravidão mágica (décima
segunda chave do Tarô) [602]
A Verdade Esotérica.—O Templo e o Santuário. — As duas portas do santuário: Ciência e
Amor. — Iniciados especulativos: Ciência pela Ciência. — Os desencantados da cidade
terrena. — A Jerusalém celestial. — O desespero, nas almas mais nobres, é apenas
uma mudança de esperança[603]

Capítulo VI: A Morte e seus Arcanos


Décima terceira chave do Tarô: Morte. — O ceifador de esqueletos de cabeças. —
Dissolução universal e geração. — Jovens brotos de carne humana: são mãos e pés.
— Significado do emblema. — Inviolabilidade da iniciativa humana. — O pensamento é
encarnado e agido. — A morte que atinge o pensador não destrói o pensamento. — A
virtude vivificante do martírio. — O homem que morre por uma ideia a imortaliza
infundindo-a com sua própria vida. — A armadilha do suicídio. — A sublime sacrifício
de morte voluntária: Jesus Cristo e Joana d'Arc. — A palma do martírio torna-se o cetro
de uma realeza póstuma. — A morte, coisa grave e sagrada. — Nada desculpa o
suicídio [609]
O que é a Morte? — Ruptura do vínculo simpático das vidas. — Vitória do individualismo
molecular sobre o unitarismo coletivo. — Libertação da Psique. — A vida é ilusória para
nossos métodos científicos. — Opiniões notáveis de Louis Ménard. — Os diferentes
aspectos da vida: a vida universal, a vida coletiva da espécie, a vida própria do
indivíduo, a vitalidade celular, a vida química dos átomos [615]
O lugar simpático da vida é o corpo astral, freio agregador do dinamismo vital triplo e
quádruplo, em suas relações com o organismo. — A vitalidade das células; fluido
biológico refletido. — O espectro fosforescente. — Masikim, larvas de dissolução
corporal. — Células que sobrevivem por algum tempo: crescimento póstumo de unhas
e cabelos. — O corpo, um verdadeiro traje de mergulho, preserva o ser humano, sua
vida, contra os ataques do oceano fluídico universal Ebb e fluxo do Astral. — Hereb e
Iônah, na sua relação com a luz e a sombra. — Atmosferas pomposas e nocivas [620]
A tempestade astral aterroriza o ser humano, na saída do cadáver. —A alma quer voltar. —
Quando ela consegue? — Possibilidade excepcional de retorno à vida, quando o corpo
não sofreu danos irreparáveis. — A grande obra da ressurreição. — A Bíblia, o
Evangelho, os Atos dos Apóstolos, a Vida dos Santos relatam vários casos de
ressurreição milagrosa. — Lembrete da vida de Sieur Candy, por Leriche, adept de la
philosophie hermétique (1799). — Eficácia da cadeia mágica, para o chamado à vida.
— Incubação magnética. — Práticas religiosas e sacramentos. — Eliphas Levi lembra
sua neta da existência (carta inédita de Eliphas a M. le Baron Spédaliéri). — Ritos do
ressurreicionismo, em todas as grandes religiões. — Tradição sacerdotal. — O
pontífice realizará o milagre apenas com certeza. — Milagres espontâneos: Lourdes e
a Saiette; obras pessoais dos santos. — Onde o autor obtém as suas informações
[625]
Cerimonial muito estranho, no leito de morte dos papas. — O rito do martelo de prata e o
chamado triplo. — Superstições ou ritos extintos. — Revivificação religiosa. — O ciclo
de Pedro e o ciclo de João. — As chaves do Céu e do Inferno. — A hora da
Providência. Apelo ao Sumo Pontífice [632]
Para explicar o uso do martelo de prata e a cerimônia do chamado triplo, é necessário
esclarecer dois mistérios relacionados: o arcano Cabalístico do ressurreirismo e o
arcano religioso, do julgamento das almas, por N.S. Jesus Cristo. — Da morte,
concebida sinteticamente. — Abmaterialização póstuma. - Divórcio entre o homem
psíquico que sobrevive e o homem material que se decompõe. — Cessação das
funções vitais. — Coincidência relativa destes fenómenos: exemplos. — Se o corpo
morrer em pormenor. — Algumas funções corporais ainda são exercidas há algum
tempo. — Base racional da teoria do ressurreirismo [636]
Princípios constitutivos do homem. — Classificação ternária e classificação septenária. —
Guph, Nephesh, Rouach e Neschamah. — Doutrina cabalística e doutrina hindu: uma
tentativa de conciliação. — O que pertence ao homem individual? — O Espírito,
iluminando a essência (impessoal) e o corpo, emprestado da matéria terrena, devem
ser descartados; permanecer a alma e o corpo astral. — A alma constitui o verdadeiro
personalidade; o corpo astral é o molde da falsa personalidade. — Como se forma este
último, na matriz do corpo astral? — Alúvio fluídico e entrada de lêmures. — Fusão das
larvas e do corpo astral. — A falsa Psique deve se dissolver. A morte separa a
personalidade emprestada da personalidade legítima. — Considerações gerais [638]
O divórcio entre a verdadeira e a falsa Psique. — Este é o julgamento de que fala a
Escritura. — O joio separado do grão bom. — No tribunal, da alma coletiva. — O
confessionário do abismo. — Expulsão das Larvas, constitutivas da falsa
personalidade, dessas moléculas heterogêneas e pecantes. — O depósito de
pensamentos e volições. — Os Apêndices da Alma (Basílides) [643]
Localizações fisiológicas. — Por onde, na morte, ocorre a libertação animica e astral? —
Pelo topo da cabeça, contrapolaridade do órgão genital, pelo qual a encarnação foi
realizada. — Analogia dos opostos. — É no topo da cabeça que o Cardeal Camerlengo
desfere três golpes com o seu martelo de prata [645]
O corpo astral pesa sobre a alma enquanto ela não tiver descarregado, uma a uma, as
larvas da falsa personalidade. — A alma permanece cativa durante todo esse tempo do
cadáver. O sedimento da ilusão é facilmente separado das Almas sinceras, que amam
apenas a Verdade e estão prontas para negar a mentira. — Teste fácil; terrível
provação, dependendo do caso [646]
Como é paga a dívida dos magos negros.— O pacto do meio. — A armadilha póstuma:
influência dos círculos malignos. — Reparação prejudicial. — Legado imortal
comprometido. — Digressão sobre os mistérios da saída no corpo astral [648]
A alma finalmente libertada do cadáver. — Larvas expelidas, larvas de Nimbus. — Toda
sangrando de seu divórcio com a falsa Psique, a alma corre para frente e quer fugir. —
Novas provas.— O verme do abismo. — O golpe da morte. — O vínculo simpático, que
deve ser quebrado. — O ataque de monstros devoradores. — Angústia suprema [650]
Este é o momento crítico; a alma sucumbiria se não fosse resgatada. — O rio Estige. — O
barco de Caronte. — O tio estígio leva a alma, vestida em seu corpo astral e envolta
em seu nimbus vingativo. — O império de Erebi; O abismo de Hécate ou Campo de
Proserpina. — É o cone de sombra da terra. — A Lua simboliza o Gênio da Expiação.
— O belo hino à Lua, de Saint-Yves. — O esotérico Cérbero; a sentinela do Éter puro
[652]
O cone de sombra é, dependendo do caso, o purgatório ou inferno das almas. — As dores
da segunda Morte. — A alternativa suprema: ser, ou não ser. — A condição do
Elementar; detalhes em movimento. — Os legionários das sombras; os maus daimons
do orbe magnético inferior. — A apoteose da segunda Morte. — Mondificação pela
água; purificação pelo fogo. — O Antichtone, ou a terra espiritual de Platão. — A
cidadela ígnea. — Uma página enigmática da Missão dos Judeus [657]
O que significa o martelo de prata do cardeal, no leito de morte dos Papas? — Pourq uoi de
prata? — Dinheiro, símbolo do gênio lunar, que governa o Herebe e empurra a alma de
volta à terra. — Lua e Sol: Antagonismo de influências.— Ressurreiismo. — Tentativa
taumatúrgica.
— Significado dos três golpes e do triplo chamado. — Cardeal vestido de púrpura: luto
misturado com esperança. — Improvisação da corrente mágica. — A Sutura Craniana
e o Buraco de Brahma [664]
O subsídio benéfico. — De onde vem essa ajuda à alma desencarnada? — Daqui e de
cima. — A alma não começou seu purgatório no cone da sombra, que no Antichtone,
seu lugar é marcado. — Parentes celestiais no antichtone. — Parentes celestiais no
antichtone. "Será que a família vai consistir lá em cima dos mesmos membros que aqui
embaixo? — Resposta hipotética. — Geralmente conhecemos um homem apenas sua
falsa personalidade. Como? — Mercadorias proibidas de bagagem imortal. — O
cadáver da segunda Morte; a sombra, ou a concha inan. — A maioria dos homens,
íntimos na terra, não se reconhecerá como seu antichtone. — Exceção em favor dos
mais nobres deles. — Privilégio aristocrático das almas. — Tradições consoladoras. —
O recém-nascido e os novos mortos. — A página em branco e as escrituras cármicas
[670]
Na provação da segunda morte, é daqui de baixo que a influência decisiva, auxiliadora e
libertadora deve emanar. Emissão do subsídio benéfico. — O culto dos mortos. — Os
indiferentes, os próprios ateus, não são insensíveis a ela. — Instinto sublime. — O
papel providencial da dor de amigos e parentes; Daí a rescisão. — O cerimonial
fúnebre, a orquestração erudita da dor.— Hemorragia fluídica, no paroxismo das
paixões violentas. — A força perdida na dor é colocada à disposição da alma na dor.
"Como?" – O veículo intercósmico. Afinidade familiar. — Lei das mortes em série. "Os
mortos são chamados! [675]
O Culto dos Antepassados, tão vivo no Extremo Oriente. — A guerra dos jesuítas e dos
dominicanos na China, sobre este assunto. — Em que condições se torna possível a
comunhão dos homens com os cidadãos de Antichtone e as almas glorificadas da
Cidadela Solar? — Deformações exotéricas do culto aos antepassados. — A
característica das superstições é fazer caretas em excesso. — Os seguidores da magia
negra, Para multiplicar a transmissão dinâmica, em favor dos mortos, misture sangue
com lágrimas, dor física com tristeza moral. — Incisões funerárias e tatuagens. — Um
texto incompreendido de Levítico. — O pacto hieroglífico ao coração da carne humana.
— O Cálice do Vampirismo [679]
Realizar ritos sangrentos em um túmulo é sugerir à alma com dor que se torne um vampiro.
— Crime póstumo. O livro de Schertz e a obra do Padre Calmet. — Vampiros
encarnados. —

Doença póstuma; casos comprovados. — A Espectropatia


do Dr
. Calmeil.—
Pausânias fala de vampiros. — O assassino espectro. — Cadáveres apodrecidos;
texto curioso de Dom Calmet.— O polvo emboscado no poço. — Tumulum circumvolat
timbra! — Vampirismo para Mycone. — Espadas fixas, o ponto no ar, no túmulo dos
vampiros. Para quê? — Vampirismo Antecipado: Elixir da Vida de Jules Lermina. —
Perpetue a vida, não a morte. — Hermippus redivivus de Cohansen. Receita
maravilhosa [684]
Novamente o Culto dos antepassados. — Práticas de Necromancia. — Para evocar os
mortos... O que queremos dizer com isso? — Mal-entendido a evitar. — Que seres
respondem aos apelos do necromante? — (EN) As condições não são as que
costumavam ser. — Religiões unitárias. — Relações intercósmicas, antes fáceis. —
Taumaturgia de templos antigos. — Dois pontos de vista. — As duas torrentes, o caos
e a escada de Jacó. — Realidades sublimes. — Síntese. — O fruto do Conhecimento e
o verme roedor do Antagonismo. — Reinado do Binário impuro. — As Portas do
Nascimento e da Morte. — Funções conturbadas. — Tais saídas praticáveis se
fecharam. — O ponto morto. — Abolição dos santuários femininos, onde as mulheres
aprenderam a arte de evocar a vida das almas de sua escolha. — O esplendor
taumatúrgico do culto ancestral pertence ao passado [691]
Atualmente, as práticas de necromancia fazem parte da Magia Negra. — Tentativas
imprudentes; esforços isolados... — Mistérios da medianidade. — Várias aparições e
manifestações. — Enumeração dos seres susceptíveis de responder ao apelo
necromântico. — Papel nocivo dos Elementais. — Raridade das manifestações
superiores [702]
A Jornada Cósmica das Almas. — Dogma Órfico e Pitagórico. — Uma verdade; Vários
símbolos. — Manto sacerdotal esculpido no rico tecido dos mistérios antigos. —
Gnose; Erros e verdades do gnosticismo. — Por que a Igreja Católica condenou essas
tendências. — O joio e o grão bom. — A hora da Providência. — Gnosticismo do
futuro. — As heresias dos primeiros séculos. — Renovações esotéricas. — A glória de
Manes; suas virtudes e seus defeitos. — Interpretação errônea de sua doutrina. — O
profundo simbolismo de Manes, relativo à jornada cósmica das almas. — A roda de
doze vasos, ou a máquina da salvação.— Lua e Sol, Amor e Sabedoria. — Fases
lunares; A lua, cheia de almas, deságua no Sol. — As duas naves do Éter. —
Reintegração. — Pilar de glória e luz.— Analogia com o Druidismo: a cidade de Gwyon.
— Unidade esotérica do dogma [706]

Capítulo VII: Magia das Transmutações

Após o emblema da morte, o Tarot nos apresenta o das metamorfoses. — XIV chave,
Temperança (menção defeituosa). — O anjo solar, segurando um vaso em cada mão,
derrama o conteúdo de um na outra. — O vaso muda, o licor permanece o mesmo
[713]
As metamorfoses são aparentes: elas não atingem a essência. — Da gasolina e essências.
— Intus e extra. — Ser. Existir. — Toda coisa sensível existe sem ser, porque se torna.
— Toda metamorfose é a passagem de um modo ilusório para outro modo de ilusão. —
Unanimidade das escolas místicas, a este respeito [716]
Este capítulo deve limitar-se a examinar alguns exemplos de transmutações. —
Metamorfoses objetivas. — Metamorfoses mistas (fenômenos fluídicos. —
Examinaremos um caso de transmutação em cada um dos reinos da Natureza:
Licantropia (reino animal). — Palingênese (reino vegetal). — Crisopeia (reino mineral).
— O estudo da Crisopeia formará uma exata à parte da Ciência Hermética, que
fechará tudo junto a este capítulo e a este volume [718]
O enigma da Licantropia é a contrapartida do enigma já estudado do vampirismo. — O
lobisomem, um feiticeiro vivo, que dorme em sua cama; O licantropo, um feiticeiro
morto, que vegeta em seu túmulo. — A analogia continua em todos os detalhes. —
Roubo da força vital. — Ataques sangrentos ou sem derramamento de sangue do
assassino espectro. —Falsificações patológicas do licantropo. — Licantropia natural e
licantropia diabólica. — Hipóteses dos "homens da arte". "A questão das pomadas
mágicas. — As três pomadas, segundo Jean de Nynauld. — A pomada do sábado e a
da erraticidade licantrópica. — As curiosas teorias de Nynauld. — A Teoria Hermética
do Lobisomem, de acordo com Eliphas Levi [721]
Repercussões traumáticas, em casos de Licantropia. — O corpo do feiticeiro é ferido por
golpes que atingem sua larva astral. — Certeza dos fenômenos de repercussão. — Os
médiuns que se materializam sabem algo sobre isso. — Experimentos decisivos de
Rochas. — O que é verdade nos contos da Licantropia, sobre a repercussão. —
Exemplos. — O encanto destrói, pelo derramamento do sangue do Charmer. —
Telramund e Lohengrin [728]
Pseudomorfismo espectral, no lobisomem. — Nabucodonosor e os companheiros de
Ulisses, etc. — Como pode o corpo fluídico modelar-se às semelhanças animais? —
Homem, síntese da animalidade. — Formas animais divergentes. — O tipo humano
encontra-se no ponto central de equilíbrio. — Metamorfoses de desvio, em direção às
formas ultrajantes da animalidade. — Transmutações transitórias ou duradouras. — O
mistério de revelar a fisionomia. — Bilocação pseudomórfica da teoria oculta. —
Origem pseudomórfica da teoria oculta. [732]
Feito de Licantropia, muito curioso, relatado pelo Sr. Bojanoo. — Morte da lanterna. — A
mulher e o cão. — Simpatias e antipatias do homem para com o animal. — Nagualismo
[735]
Metamorfose vegetal. — Palingênese ou a Fênix Vegetal. — O fantasma de uma rosa que
se ergue das cinzas de uma roseira. — Urtiga, exposta ao frio: o gelo, quando tomado,
mantém a marca de folhas de urtiga. — Opiniões de Gaffarel. — Improvisações
cristalinas de frieza. — Árvores e folhas de samambaia nas janelas, por geleia. —
Cristalizações pseudo-vegetais: guirlandas de sais trepadeiras. — Árvores metálicas de
Diana e Saturno , etc., todos os grupos moleculares com formas vegetais. — Vários
hieróglifos, obtidos pelo resfriamento de certas substâncias liquefeitos. — Assinaturas
espontâneas das larvas, em tiro de chumbo: elas denunciam as maldições. — Métodos
tradicionais de cura de magos. — Uma anedota contada por Bodin. — Testemunho do
naturalista Guy de la Brosse Sobre o fenômeno da palingênese [739]
Lamentável abandono deste tipo de investigação, lugar comum em séculos anteriores. —
Quanto ao termo
Palingênese, familiar aos escritores do século XVIII. — Charles Bonnet e Pierre-Simon
Ballanche. — O corpo sideral das plantas. — Manifestação de fantasmas vegetais. —
Preparação detalhada da Fênix Vegetal, segundo o Grande Livro da Natureza, ou o
Apocalipse Hermético. — As cinzas de Mausolo. — Teorias às vezes aleatórias de
Jacques Gaffarel. — A Munia de Paracelso [745]
Talismãs da invisibilidade, — O anel de Giges. — O Conde de Gabalis : «Tornar-me-ei
invisível... — Alucinações negativas [750]
ESPECIFICIDADES DA ALQUIMIA. — Metamorfoses minerais. — A Arte da Crisopeia. —
Considerações gerais. — Ouro artificial e cientistas. — Intransigência do dogmatismo
científico nos dias de hoje. — A síntese de ouro é possível, uma vez que a Natureza o
produz [755]
A arte transmutatória é uma realidade do passado. — A alquimia dos santuários. —
Tesouros sacerdotais. — Raymond Lull na Torre de Londres: origem dos raymondinos
ou nobres com rosas. — Nicolas Flamel. — A pedra filosofal, nas mãos dos oponentes
da alquimia: Erigardo de Pisa, Helvécio e Van Helmont. — Transmutação do emissário
Lascaris [757]
O arcano hermético, defendido por uma muralha de símbolos. — Aparentes contradições
dos Mestres. — Por que seremos explícitos. — A unidade da substância e a quimera
dos chamados corpos simples. — Grandeza e misérias da ciência contemporânea. —
Estudo cuidadoso das "cascas". — A ciência do caput mortuum universal. — A alma
mineral escapa aos modernos. — Os antigos alquimistas trabalhavam na matéria viva;
Nós lidamos com cadáveres. — Bioengenharia mineral [759]
O Credo Alquímico. — Unidade substancial, sob multiplicidade fenomenal. — Os três
princípios e os quatro elementos. — Enxofre, Mercúrio e Sal: Aôd, Aôb, Aôr. —
Definições de princípios, segundo Jean Fabre, de Montpellier. — A energia realizadora
dos corpos; seus três aspectos. — Os 3 princípios, considerados separadamente, são
reduzidos a abstrações puras. — O ponto de vista metafísico e prático ponto de vista.
— Geração de misto, através dos elementos [763]
A natureza metálica é uma só. — Os metais são frutos de maturidade mais ou menos
avançada, na árvore metalógena. — Metais imperfeitos são equivalentes a frutos
maduros. — A pedra filosofal é o fermento susceptível de levar à maturidade estes
frutos azedos, e destacados antes do final da vida útil do crescimento. — Todo o
trabalho reside na elaboração do fermento, branco ou vermelho. — A Arte de Hermes,
segundo Eliphas Levi [767]
Resumo da obra da grande obra: quatro divisões. — I. Operações preliminares. —
Preparação do Azoto dos Sábios. — Sublimação misteriosa. — O Aço dos Filósofos e
seu Ímã. — O solvente dos metais. — Re-inclusão" de ouro e prata. — Rebis.— II. O
trabalho em si. — Libertação do Sol brilhante e da Lua viva. — O Rei e a Rainha, cujo
casamento produzirá a Criança Real. — Enxofre e mercúrio metalogênicos se casam.
— Os dois fermentos. — Nada além de Rebis deve ser mordido no ovo e submetido à
dieta graduada do athanor. — Fenómenos sucessivos no ovo. — As cores. — A pedra
filosofal. — O III. Multiplicação da pedra. — Dois processos. — IV. Projeção. —
Transmutação metálica [770]
Comentários. — (EN) A dificuldade reside nos trabalhos preparatórios. — O resto,
brincadeiras infantis e femininas. — O Mercúrio dos Sábios. — A matéria-prima:
magnésia, marcassita ou filósofos da mineração. — Somente o Aço dos filósofos pode
libertar Mercúrio de suas ligações. — Para obter esse aço, ele deve ser atraído por
meio de seu ímã.— Eletricidade e bateria. — O magnetismo é usado na alquimia?—
Objetivações do prótilo. — As águias voadoras de Philalethe . — Dois textos decisivos
deste adepto. — Amónio e Mercúrio dos Sábios. — Hipótese e analogia. — A
"menstruação vegetal". — O pai, a mãe e o filho. — O banho do rei e da rainha. — O
grande e o pequeno magistério. — Para o grande magistério, é necessário trabalhar
sobre o ouro e o azoto; para os pequenos, em dinheiro e Azoth. — O ouro e a prata re-
incrustados dão os dois fermentos, enxofre e mercúrio. — Por que tais mestres
aconselham a tomar ouro, prata e Azoth para o grande magistério, quando ouro e
Azoth seriam suficientes. Congelamento de Rebis [774]
O verdadeiro Athanor; sua descrição (A. Poisson). — Banho de areia ou banho de água?
— aludel e circulação de espíritos. — A destilação de si mesmo sobre si mesmo. —
Regime ignis. — O "fogo secreto"; confusão e mal-entendidos sobre este ponto. —
Carvão e sopradores [783]
Calcinação do ovo. — Alternativas de volatilização e fixação, deliquescência e aridez. —
Regime de Mercúrio. — Dieta de Saturno: a "cabeça de corvo" e o "nigrum nigro
nigrius". — Regime de Júpiter. As "pombas de Diane" anunciam a branquitude. — O
regime de Diana: a "Pedra Branca". — Em que diferença a pedra se transmuta para o
branco, nos dois magistérios: idêntica em ato, é diferente no poder. — Continuação do
trabalho. — Regime de Vênus. — Regime de Marte: a "cauda de pavão" e o "lenço de
íris". — Regime solar: a pedra filosofal obtida. — Suas propriedades físicas.— Seu
poder. [787]
Os dois métodos de multiplicação da pedra. — "Mare tingerem: si mercurius esset." — O pó
de projeção. — A bola de cera. — A verdadeira lua fixa. — Um metaloide
desconhecido? — O. Medicina Universal [790]
O problema do Homúnculo. — Quimera sedutora. — O ídolo de Moloque. — Animação
artificial de uma mandrágora. — Turpitudes supremas da ciência desviadas para a
esquerda. — Obscenidade dos feiticeiros hebreus, de acordo com o erudito rabino
Moisés [793]
Apologia dos grandes seguidores da ciência de Hermes. — O apostolado hermético. — Os
grandes seguidores acumularam? — A Crisopeia exterior e a Laceéia interior. — "Petra
autem erat Christus" [796]
Post-scriptum . [797]

Apêndice
I. O corpo causal, de acordo com a
teosofia vedantina, por P. Sedir [799
II. Um estranho tormento no Extremo
Oriente, por A. de Pouvpurville [802]

CATÁLOGO DAS PRINCIPAIS OBRAS 614

Tabela de gravuras
FRONTISPÍCIO: O Pentáculo do Tritema, reconstruído por M. Oswald Wirth, sobre a
descrição dada por Eliphas Levi (de uma cópia manuscrita do Traité des Causes
seconds de Trithème, da biblioteca de M. le Comte Branitzki) [4]
Diagrama da Constituição do Homem (cf. Fabre d'Olivet) [87]
Variante do pentáculo de Trithème, desenhado por M. Wirth, em um esboço pela mão de
Eliphas, anotado em uma de suas cartas a M. le Baron Spédaliéri [99]
Justiça (oitava chave do Tarô), desenho de M. Wirth [106]
Antagonismo nupcial da Água e do Fogo dos opostos (símbolo hindu, recolhido por Malfatti
de Montereggio) [125]
O Eremita (nona chave do Tarô), desenho de M. Wirth [166]

No caminho pour le Sabbath (reprodução fototípica de duas madeiras muito estranhas do


século XV, extrato de Ulrich Molitor's de Lamiis, 1495, in-4). Magos em forma humana e
animal, um montado em um lobo, os outros atravessando o lendário cabo de vassoura.
— Gravuras curiosas de uma execução completamente ingênua e primitiva [170]
A p'your b'u, lança tibetana usada por lamas para dissolver larvas e afastar espíritos
malignos (Phototypy) [193]
O sábado, depois de Pierre de Lancre. (Reprodução fototípica de uma placa interessante
que está faltando em quase todas as cópias do Tabela de Inconstância. Paris, 1612 ou
1613, em-4) [211]
A Roda da Fortuna (décima chave do Tarô), desenho de M. Wirth [250]
Padrão de polarização cerebrogenital do andrógino humano [263]
Segundo esquema de polarização andrógina [268]
Os três Parques suavizando o Futuro: Providência, Vontade, Destino. (Reprodução
fototípica de uma composição original, assinada pelo Padre Constant (Éliphas Lévi). —
Trecho de um antigo manuscrito do Clavículas de Salomão, intitulado: O Segredo dos
Segredos. Esta mss. pertencia a
Elifas, que o adornou com numerosas composições em aquarela e desenhos otimistas)
[272]
A Força (décima primeira chave do Tarô), desenho de M. Wirth [362]
O Pentagrama Bom e o Mau (o homem e a cabeça do bode) [417]
A Estrela Brilhante do Macrocosmo e a Estrela Flamejante do Microcosmo, (da descrição
de, Paracelso) [456]
O Enforcado (décima segunda chave do Tarô), desenho de M. Wirth [512]
O Pacto: Schemata diabolica. (Reprodução fototípica de uma composição original,
assinada por Elifas, — Trecho do mesmo manuscrito das Clavículas, de que falamos)
[590]
Morte (décima terceira chave do Tarô), desenho de M. Wirth [608]
O Cone das Sombras e o Caminho Luminoso (Diagrama Cósmico Relativo às Condições
Póstumas da Alma) [637]
La Montagne des douleurs (desenho original devido à pena do Abade Constant, extrato de
um manuscrito inédito do mestre, a Sagesse des Anciens), 1874, in-4. — (Aqui estão
as poucas linhas, da pena de Elifos, que comentam esta composição: "Os réprobos,
amontoados em uma montanha de tristeza, sobem uns sobre os outros para sugar os
úberes estéreis da Morte, que os repele descobrindo a sua testa onde resplandece a
terrível e indelével palavra: Eternidade! Esta terrível ficção é a encenação hiperbólica
da eterna oposição que deve existir entre o bem e o mal. ") [660]
A Segunda Morte (décima terceira chave de um antigo Tarô. Impressão muito singular)
[663]
Temperança (décima quarta chave do Tarô), desenho de M. Wirth [714]
O Grande Andrógino Alquímico (esboço em linha de uma miniatura admirável, fantástica e
simbólica; extrato do Livro da Santíssima Trindade, mss. de alquimia do início do
século XVII, 1 forte vol. grande fólio, caligrafado, com 25 grandes miniaturas em pele
de velino, página inteira, de uma arte saborosa e ingênua, e de um frescor excepcional)
[754]
Rebis, os dois elixires e o septenário de natureza metálica. (Reprodução fototípica de três
figuras em madeira, muito curiosa, extraída do Doze Chaves da Filosofia, do Irmão
Basílio Valentim. — Paris, 1659, in-12, fig.) [733]
A Sereia e as duas fontes de natureza metálica ; o Composto filosófico ou estase da
corrupção (Reprodução fototípica de duas outras madeiras estranhas da mesma obra)
[787]
FIM DA CHAVE DA MAGIA NEGRA 630

Você também pode gostar