Você está na página 1de 24

Alterações de Proliferação Celular

1. Adaptação Celular
§ As nossas células estão constantemente sendo controladas por sistemas bastante
complexos, mas flexíveis que permitem com que as nossas células possam passar por
processos adaptativos.

§ Constantemente existem demandas celulares que muitas vezes causam stress nessas
células, e elas podem sofrer modificações bioquímicas ou estruturais, mas dentro
ainda de uma normalidade. Então, as nossas células são capazes de se adaptar a
mudanças aceitáveis no seu ambiente pela modificação do seu metabolismo e do
padrão de desenvolvimento.

§ A maior parte dos estímulos são fisiológicos os quais as células são submetidas e
sofrem possibilidade de alterações que podem regredir de uma maneira muito rápida
dentro de um padrão de normalidade.

§ Outras situações as células sofrem estímulos que são patológicos, que vão gerar
patologias ou doenças. A diferença entre o estímulo fisiológico e o estímulo
patológico é que ele depende muitas vezes do tipo celular que sofre essa demanda e
esse stress, a intensidade desse estímulo e a duração do estímulo. Na maior parte
das vezes essas células vão responder de maneira mais favorável ou desfavorável
gerando doenças dependendo dessas situações.

§ As nossas células estão em constante sistemas de homeostasia de controle de


normalidade. Quando existe um aumento do stress, aumentando a demanda, as
células sofrem uma adaptação celular.

§ Quando essa célula é incapaz de adaptar-se ela sofre uma lesão celular, que na
maior parte das vezes é reversível. Ou, de modo geral, esse estímulo pode ser nocivo,
tão intenso e forte, que vai gerar direto a lesão celular.

§ Na maior parte das vezes essa lesão celular é reversível, a célula depois de removido
o estímulo e depois da intensidade do estímulo ser diminuído essa célula consegue
voltar a sua normalidade.

§ Mas por vezes essa célula sofre uma lesão tão grave que nós chamamos de lesão
irreversível. Essa irreversibilidade mais uma vez vai depender do tipo celular, da
intensidade do estimulo e da duração do estímulo.
§ Então, é difícil prever para cada célula, de modo geral, qual será a sua resposta.
Entretanto, a gente sabe que existem células que sofrem menos e que se adaptam
mais facilmente a essas condições de estímulos e de aumento de demanda.

§ Quando essa irreversibilidade não ocorre, lesões são formadas, doenças acontecem,
e o extremo é a morte celular.

1.1. Adaptações Bioquímicas: 1º nível


o As células inicialmente sofrem nos processos de adaptações celulares alterações
bioquímicas.

o Exemplo 1: Nos períodos de jejum prolongado o tecido adiposo é uma fonte


energética, quando o individuo passa por um processo de jejum prolongado, por
uma diminuição de ingesta ou diminuição energética o corpo remove do tecido
adiposo energia para manter as suas funções normais. Então, o tecido adiposo
sofre uma redução do tamanho das suas células e do número das células.

o Exemplo 2: Quando há carência de cálcio a matriz óssea sofre alterações.


Quando o individuo tem uma hipocalcemia, e a partir desse momento, a primeira
fonte de cálcio é o osso. Então, o organismo retira dessa matriz óssea o cálcio
para que os tecidos possam desenvolver suas funções adequadamente.

1.2. Mudanças estruturais: 2º nível


o Quando ultrapassa esse o nível de alteração bioquímica, as mudanças estruturais
nas células podem ser observadas.

o Exemplo 1: Mudanças estruturais que demandam aumento da atividade celular,


fazem com que as células AUMENTEM o seu volume ou o seu número.

o Exemplo 2: Mudanças estruturais que demandam diminuição da atividade


celular, fazem com que as células DIMINUAM o seu volume e o número celular.

o Exemplo 3: Mudanças estruturais que fazem alteração da morfologia celular


quanto a diferenciação
2. Estímulos Patológicos
§ Estímulos patológicos são aqueles que ultrapassam o limite aceitável da normalidade
e promovem mudanças muito drásticas severas no ambiente celular.

2.1. Fatores relacionados ao desenvolvimento de doenças:


A. Fatores Genéticos
• Alterações em genes

B. Fatores Nutricionais
• Alterações de aumento de ingesta ou diminuição de ingesta de
nutrientes

C. Alterações Imunológicas
• Quando nós temos alterações no sistema imunológico gerando
alterações no nosso organismo

D. Alterações Endócrinas
• De hormônios com aumento ou diminuição da quantidade de
hormônios

E. Agentes Físicos
• Os agentes físicos seriam temperatura; aumento de temperatura; a
diminuição de temperatura; radiações ionizantes

F. Agentes Químicos
• Produtos químicos como agrotóxicos; substâncias como chumbo,
mercúrio
G. Agentes Biológicos
• Como os vírus, as bactérias, os fungos, que interferem também
podendo trazer alterações em que o corpo pode se adaptar, mas
também causando doenças.

H. Anóxia ou Hipóxia
Privação de nutriente sanguíneo, principalmente de oxigênio para as nossas
células.

Respostas Adaptativas

1. Agenesia
§ É uma alteração congênita que causa ausência total ou não formação de um órgão
ou de uma estrutura. Esses eventos são extremamente raros porque eles podem ser
incompatíveis com a vida e trazer grande comprometimento ao organismo e ao ser
humano.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3
1.1. Anodontia Completa
o É a não formação completa dos dentes.

o Exemplo: Displasia Ectodérmica Hipohidrótica, uma condição em que o


indivíduo tem uma diminuição de pelos ou a formação de pelos muito finos,
tem também alterações significativas dos anexos cutâneos, assim como
alterações significativas de outros anexos como por exemplo a formação da
lâmina dentária e consequentemente a não presença dos dentes. Então, é
uma falta dos dentes completa, tanto na maxila quanto na mandíbula.

1.2. Anodontia Parcial


o São mais frequentes e muito mais comuns que a completa
• Hipodontia do 3ºM, 2ºPM e ILS
• Oligodontia falta de 6 ou mais dentes
2. Hamartias
§ Crescimentos focais e excessivos, de determinado tecido de um órgão. Quando
formam tumores são chamados de hamartomas.

2.1. Odontoma
o Anomalias de desenvolvimento dos tecidos que compõem o dente.

Respostas Adaptativas
1. Aplasia
§ É a incapacidade de um órgão de se desenvolver
§ A persistência de um primórdio ou um órgão muito rudimentar
§ Funcionalmente semelhante à agenesia
§ Raro

1.1. Aplasia Pulmonar


o Afeta o desenvolvimento dos brônquios desse pulmão, fazendo com que essa
estrutura seja rudimentar, sem desenvolvimento da forma e do parênquima
desse órgão que é a parte funcional do órgão. E isso acarreta na perda de
função.

1.2. Aplasia da Língua


o Semelhante a Agenesia
o Não é incompatível com a vida, mas traz um transtorno para o individuo.
o Um transtorno no desenvolvimento como a deglutição, alimentação e a fala

1.3. Aplasia de Glândulas Salivares


o As glândulas salivares produzem a nossa saliva, se nós temos aplasia de
glândulas, uma incapacidade dessa glândula de se desenvolver da forma
correta, nós temos problema de função dessa glândula.

2. Hipoplasia
§ Incapacidade de um órgão em alcançar o tamanho e forma normais
§ Pode ou não afetar a função
o Microftalmia
o Microcefalia
o Hipoplasia Dentária (sífilis, trauma, fatores hereditários)
o Hipoplasia dos Maxilares (micrognatia)
o Hipoplasia da Língua (microglossia)
Exemplos de Hipoplasias:

Bebe com a maxila do tamanho normal, mas a mandíbula com formação


dificultada e diminuída. Isso acaba gerando alteração de função, como de
oclusão, mais especificamente afetando a mastigação. E, futuramente pode
ser corrigida por uma cirurgia ortognática.
3. Hiportrofia/ Atrofia
§ Redução dos constituintes celulares e consequentemente da sua função

§ Quando as células diminuem o seu tamanho, todos os constituintes celulares


também irão fazer essa diminuição.

§ Diminuição do volume e numero de células

§ A diminuição do numero de células se dá na maior parte das vezes por processos


apoptóticos (morte celular programada)

§ O órgão ou tecido acometido por essa hipertrofia também sofrerá diminuição.


Consequentemente a isso, terá a sua função diminuída também.

§ Senilidade Celular: durante o envelhecimento, todos os órgãos e tecidos passam


por um processo de hipotrofia. O organismo todo acaba sofrendo esse processo
adaptativo e isso faz com que não exista um grande dano ao organismo como um
todo porque todos os órgãos e todos os sistemas começam a fazer a diminuição
gradativa e a adaptação celular fisiológica.

§ Coração Atrófico: o coração, por algum motivo sofreu atrofia, principalmente em


situações de redução de nutrientes. Logo, esse órgão vai sofrer atrofia, ele vai
diminuir de tamanho, com isso, diminuindo a sua função. Esse coração não será
mais capaz de exercer a manutenção de todas as funções do organismo, e esse
organismo irá sofrer um impacto dessa hipotrofia patológica.

3.1. Causas da Hipotrofia:


§ POR FALTA DE NUTRIENTES:
A. DESUSO
• A musculatura esquelética imobilizada
• Quando alguém fratura um órgão, por exemplo, um membro
inferior, e fica por algum período imobilizado, essa
musculatura sofre um processo de hipotrofia ou atrofia
porque não recebeu o estimulo para se manter funcional.
Então, esse órgão fica menor. Em tamanho e volume.

B. REDUÇÃO GRADUAL DO SUPRIMENTO SANGUÍNEO


• Quando se tem uma obstrução em alguma artéria, o órgão ou
estrutura que estava sendo alimentada por aquela artéria
pode sofrer um processo degenerativo, mas a primeira
resposta é diminuir a sua função diminuindo a sua exigência.
Nesse caso, uma aterosclerose cerebral pode ser uma causa
de hipotrofia.

C. INANIÇÃO (CAQUEXIA)
• Por diminuição de nutrição, inanição, caquexia, o individuo
subnutrido por algum motivo tem uma diminuição da sua
função. Tem uma diminuição da quantidade e do volume das
suas células. Então, o tecido adiposo fica reduzido e o tecido
muscular esquelético também sofre consequências em
relação a isso.

D. COMPRESSÃO
• Uma das consequências das neoplasias benignas são
compressões em alguns tecidos ou órgãos adjacentes. E,
essas compressões fazem com que aquele órgão e aquele
tecido diminua o seu volume por um processo de adaptação
e de preservação sofrendo hipotrofia.
4. Hipertrofia
§ Aumento dos constituintes celulares, das organelas e de todos os componentes
celulares e consequentemente aumento da função. Também mantendo a
conformação do padrão morfológico de normalidade.

§ Aumento do volume das células por uma maior exigência


5. Hiperplasia
§ NÃO tem aumento de volume da célula
§ Aumento da quantidade de células (número) e consequentemente das funções
§ Mantém o padrão morfológico normal
§ Quando nós temos um estímulo a quantidade destas células aumenta, mas
continuam do mesmo tamanho, não tem alteração de tamanho.
§ Para que uma célula sofre hiperplasia, ou um tecido sofra hiperplasia, as condições
necessárias são iguais as da hipertrofia que são: integridade celular e morfológica
além de fluxo sanguíneo adequado.

§ Quando ultrapassa essa condição, quando não tem fluxo sanguíneo adequado,
quando não tem integridade celular e morfológica, nós ultrapassamos o limite da
capacidade hiperplasia e essas células sofrem lesão.
Gengivite Hiperplasia Crônica:
• Decorrente de acúmulo de cálculo e biofilme. É uma alteração devido a má
higienização bucal e esse excesso de sujidade faz com que a gengiva inflame e os
produtos do processo inflamatório estimulam os fibroblastos a proliferar e a depositar
fibra colágena. Então a gengiva fica aumentada de volume e dificultando mais ainda a
higienização pelo paciente.

• Resumindo, existe um processo inflamatório na gengiva desencadeado por cálculo


dentário, esse biofilme patogênico estimula a inflamação nos tecidos gengivais e essa
inflamação aumenta a proliferação dos fibroblastos e acarreta em aumento, além da
proliferação das células dos fibroblastos, no depósito de fibras colágenas. O
tratamento é de profilaxia sendo ele a raspagem supra e sub gengival e muitas vezes
remoção cirúrgica periodontal também.
Hiperplasia Gengival Medicamentosa:
• Causada por alguns medicamentos, principalmente os medicamentos antiepiléticos
que fazem com que também haja um estímulo da proliferação dos fibroblastos no
tecido gengival e aí a coroa desses dentes começa a ser encoberta por esse
crescimento gengival.

• Nessa situação deve ser realizada a remoção da medicação. Muitas vezes é difícil de
fazer porque o individuo precisa fazer esse uso de anticonvulsivantes e por vezes ele
consegue se adaptar com outra medicação que não faça tanta hiperplasia, mas via de
regra uma boa parte desses medicamentos fazem essa hiperplasia gengival
medicamentosa. O tratamento é cirúrgico, é feita a remoção do tecido e o controle do
biofilme que aumenta ainda mais pela sujidade.
Nas hiperplasias de boca, as inflamatórias, quando existe a proliferação dos fibroblastos e a
neoformação conjuntivo vascular, elas precisam ser removidas cirurgicamente porque existe além
da proliferação celular uma deposição conjuntivo vascular. E essa deposição conjuntivo vascular não
regride após remoção do estímulo porque as hiperplasias assim como todos os outros processos
adaptativos, como a hipertrofia e as outras condições, removido o estimulo é um processo
reversível.

A hiperplasia regride após cessado o estímulo, por exemplo a hiperplasia de mama durante
o aleitamento, depois de passado esse estímulo do aleitamento do processo pós gestação, reduz a
carga hormonal para a proliferação das células da glândula mamária e a mama volta ao volume
normal e não produz mais o leite, não tem mais esse estímulo, então a hiperplasia regride. A mesma
coisa na hiperplasia do útero ou até uma hipertrofia do útero, nessa condição de estimulo no tecido,
volta ao normal. Exceto a hiperplasia que tem deposição de tecido conjuntivo pelos fibroblastos.

A diferença da hiperplasia para a neoplasia benigna é que após removido o estímulo a


hiperplasia volta ao normal, a células e a função do órgão voltam ao normal. Na neoplasia benigna
não é assim que acontece, existe um estímulo inicial para a proliferação dessas células, para a
multiplicação dessas células, entretanto a partir de um dado momento, a partir desse processo
iniciador de proliferação celular existe a manutenção da proliferação celular mesmo que um
estímulo seja removido.
Alterações da Diferenciação e Proliferação Celular

1. Metaplasia
§ Resposta adaptativa

§ Após removido o estimulo, o epitélio volta ao normal, ao epitélio de origem

§ Dependendo da intensidade do estimulo pode acarretar em danos nos tecidos,


perdendo assim a capacidade de reversibilidade nesses casos. Além disso, além de
acarretar danos aos tecidos como a dificuldade de função pode existir um potencial
maior para a malignização desse tecido.

§ Metaplasia escamosa, o epitélio pode ser queratinizado na superfície ou não. O


epitélio que se transformou em escamoso perdeu a sua capacidade ciliar, mas ele é
bastante resistente aos processos de agressão.

§ Comum em processos irritativos crônicos de mucosas bucais, mucosas de colo de


útero e mucosas do trato respiratório.
§ Pode existir um estímulo intenso e duradouro e que promova alteração maior nesse
epitélio e que faça com que esse epitélio tenha um potencial de malignidade. Essa
metaplasia é bastante comum em epitélios do trato respiratório. O tabagismo faz
com que esse epitélio bastante diferenciado e que tem a função ciliar de proteção
perca suas funções anteriores por uma necessidade de uma maior resistência desse
epitélio. Mas esse novo epitélio ainda tem capacidade de proteção, aumentando essa
proteção em relação ao estimulo do tabaco. Quando existe a suspensão desse
estimulo, esse epitélio com o tempo retorna a ser o epitélio anterior.

2. Displasia
§ Alteração da diferenciação e proliferação

§ Conjunto de atipias celulares, alterações morfológicas

§ Variações de forma, volume e diferenciação

§ Células e núcleos aumentados

§ Nucléolos grandes e proeminentes

§ Relação núcleo-citoplasma aumentada

§ Núcleos hipercromáticos (coloração excessivamente escura)

§ Células e núcleos pleomórficos (com formato anormal)

§ Disceratose (ceratinização prematura de células individuais)


§ Atividade mitótica aumentada (número excessivo de mitoses)

§ Figuras de mitose anormais (mitoses tripolares, mitoses em formato de estrela


ou figuras de mitose acima da camada basal).

§ Cristais epiteliais em formato bulbar ou em forma de gota de orvalho

§ Perda da polarização (falta de maturação progressiva em direção à superfície


epitelial)

§ Pérolas de ceratina ou epiteliais (agrupamentos focais arredondados de células


ceratinizadas organizadas em camadas concêntricas)

§ Perda de coesão típica entre as células epiteliais


3. Anaplasia
§ Alteração da diferenciação e proliferação

§ Neoplasia maligna – câncer

§ Alteração celular profunda

§ Irreversível

§ Pode perder totalmente a semelhança morfológica com o tecido de origem

§ Proliferação celular desordenada

Você também pode gostar