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DIARREIA

Definição: é definida por aumento do número de evacuações (mínimo 3 vezes/dia), diminuição


da consistência de fezes, e um terceiro critério (> 200 g/dia).
Epidemiologia: segunda maior causa de mortes em crianças < 5 anos em países em
desenvolvimento, com 1,7 bilhão de casos de doenças diarreicas/ano.
Classificação:
- Tempo de evolução: aguda (até 15 dias) e crônica (>4 semanas), persistentes (16 a 30 dias).
- Mecanismo fisiopatológico:
1. Diarreia osmótica – presença de moléculas solúveis em água que levam à retenção osmótica
da água.
2. Diarreia secretória – aumento da secreção dos fluídos isotônicos da mucosa intestinal.
3. Diarreia exsudativa – áreas inflamadas do intestino podem causar secreção de substâncias
como pus, soro, muco, causando diarreia.
4. Diarreia motora – ressecção intestinal ou fístulas enteroentéricas.
- Etiologia:
Diarreias Infecciosas:
Vírus:
1. Rotavírus, norovírus: manifestam-se por gastroenterite aguda, fezes aquosas, e presença de
vômitos, duração curta (máximo de 72 horas).
2. citomegalovírus: pode se apresentar de forma persistente (entre 15 e 30 dias) e disentérica.
Bactérias:
1. Campylobacter (possibilidade de desencadear síndrome de Guillain-Barré, 1 de cada 1.000
infectados);
2. Clostridium difficile (Manifesta-se como diarreia aquosa em indivíduos com história de uso
recente de antibióticos (3 ou mais dias).
3. Clostridium perfringens (Transmitida por alimentos contaminados, e bloqueia a absorção de
água através de enterotoxinas, provocando diarreia aquosa).
4. Escherichia coli (transmitida por alimentos e água contaminados com fezes humanas ou de
animais, raramente se transmite pessoa a pessoa. Possui 5: enteroinvasiva (EIEC),
enterotoxigênica (ETEC), enteroagregante (EAEC), enteropatogênica (EPEC) e entero-
hemorrágica (EHEC). Estimula secreção de cloro e reduze a absorção de sódio, e de citotoxinas,
que agridem o epitélio intestinal, alterando sua estrutura).
5. Salmonella (Transmitido por ovos, aves domésticas, leite e outros alimentos contaminados.
Produz enterotoxinas que estimulam secreção de cloro, e invadem a mucosa, ativando eventos
inflamatórios).
6. Staphylococcus: relacionada à contaminação de alimentos e produção de toxina
termoestável, cuja ingestão causa diarreia e vômitos. Os sintomas surgem 2 a 8 horas após a
ingestão e tendem a regredir espontaneamente em até 48 horas. As fezes apresentam aspecto
aquoso.
Fungos:
1. Candida albicans: fungo comensal, presente habitualmente no trato gastrointestinal. Torna-se
patogênico em situações específicas que envolvem imunodepressão, uso de corticosteroides e
uso de antibióticos.
Protozoários:
1. Cryptosporidium: ingestão de oocistos presentes em água e alimentos contaminados,
podendo ser transmitido também de uma pessoa para outra e
de um animal para uma pessoa.
2. Giardia lamblia: ingestão de cistos em água contaminada, podendo ser transmitido de pessoa,
locais com más condições de higiene. Pode se tornar crônica, causando má absorção e perda de
peso.
3. Entamoeba histolytica: ingestão de cistos maduros a partir de água, alimentos ou mãos
contaminadas. Produz enzimas proteolíticas que provocam
ulcerações, hemorragia e, até mesmo, perfuração.
- Diarreias Não infecciosas: pode ser de origem intestinal e extraintestinal
Diagnóstico da Diarreia Aguda: boa história clínica e o exame físico.
1. Avaliar tempo de evolução; Características físicas das evacuações; Presença de outros
sintomas: febre, náusea, vômitos, dor abdominal; Dados epidemiológicos: contatos, viagens, uso
de medicamentos, refeições em ambientes que não o domicílio, ingestão de alimentos crus;
Antecedentes patológicos pessoais e familiares.
2. Exame físico: Avaliação do nível de desidratação através do turgor da pele, da frequência
cardíaca e da mensuração da PA. O exame do abdome avaliará distensão e sensibilidade
abdominais.
3. O paciente com diarreia aguda deve ter tratamento sintomático. Poderão ser solicitados alguns
exames complementares no caso de manifestações mais severas.

Diagnóstico da Diarreia Crônica: boa história clínica, exame físico e exames complementares
(específicos e inespecíficos).
Inespecíficos: Hemograma (sugerir infecção bacteriana), Ureia e creatinina (avaliar função
renal devido à desidratação), Sódio e potássio séricos (correção de desequilíbrios
hidroeletrolíticos) e Albumina sérica (quando associada à má absorção provoca a queda de
níveis séricos).
Específicos: são direcionados pelas hipóteses diagnósticas aventadas durante a coleta dos
dados da história e do exame físico.

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