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AÇÕES DE ENFERMAGEM NA

PREVENÇÃO DA CÓLERA

Prof. Ms. Iací Proença Palmeira


Características Clínicas e Epidemiológicas

-Doença infecciosa intestinal aguda, pode se


apresentar de forma grave, com diarréia aquosa e
profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e
cãibras.

-É mais comum a infecção assintomática ou


oligossintomática, com diarréia leve.

-A acloridria gástrica agrava a clínica da doença.

- A infecção confere imunidade por tempo limitado


(em torno de seis meses).
Agente Etiológico

O Vibrio cholerae O1, biotipo clássico, ou El Tor


(sorotipos Inaba, Ogawa ou Hikogima) e o O139,
também conhecido como Bengal. Bacilo gram
negativo, com flagelo polar, aeróbio ou anaeróbio
facultativo, produtor de endotoxina.

Reservatório:
-Homem

-Frutos do Mar?
Onde vive o Bacilo?
O vibrião colérico se esconde em água
doce, dos rios, por duas semanas , no
mínimo.

Na água do mar, o bacilo permanece


vivo durante um ano.

Em superfície de frutas, legumes,


verduras cruas e em alimentos, vive
por duas semanas.
Modo de Transmissão
-ingestão de água ou alimentos contaminados por
fezes ou vômitos de doente ou portador.

-Os alimentos e utensílios podem ser contaminados


pela água, pelo manuseio ou por moscas.
Alguns autores demonstraram, para a produção de
infecção, a necessidade de inóculo igual ou maior
que 103 vibriões em alimentos e maior do que 106
na água.

Período de Incubação
Pode variar de algumas horas a 5 dias. Na maioria
dos casos, de 2 a 3 dias.
Período de Transmissibilidade

-Ocorre enquanto houver a eliminação do Vibrio


cholerae nas fezes, o que geralmente acontece até
poucos dias após a cura. Para fins de vigilância, o
padrão aceito é de 20 dias.

-Alguns indivíduos podem permanecer portadores


sadios por meses ou até anos, o que os reveste de
particular importância porque podem ser
responsáveis pela introdução da doença em área
A Doença
A☻A porta de entrada do V. Cholerae é a região
oral.

B☻No estômago, os bacilos podem ser destruídos


pelo ácido gástrico. No entanto, se forem muitos
conseguem transpor esse obstáculo.

C☻Os vibriões que conseguiram sobreviver ao


primeiro obstáculo se instalam no intestino delgado.
O meio alcalino deste órgão favorece a proliferação
do bacilo. A entrada do vibrião no organismo até o
aparecimento dos 1° sintomas, vai de poucas horas
a cinco dias.

D☻O vibrião libera uma toxina que rompe o


equilíbrio de sódio nas células da mucosa intestinal
provocando grande perda líquida. O doente passa a
ter diarréias severas com perda de muco e da
mucosa intestinal: diarréia riziforme (com aspecto
de água de arroz) e odor não fecalóide (salmoura de
Manifestações Clínicas
-Manifesta-se de forma variada, desde infecções
inaparentes até diarréia profusa e grave.

-Além da diarréia, podem ocorrer vômitos, dor


abdominal e, nas formas graves, cãibras,
desidratação e choque.

-Nos casos graves mais típicos (menos de 10% do


total) o início é súbito, com diarréia aquosa,
abundante e incoercível, com inúmeras dejeções
diárias.
-A diarréia e os vômitos, determinam uma grande
perda de líquidos, que pode ser da ordem de 1 a 2
litros por hora.

-Pode evoluir para desidratação, acidose, colapso


circulatório, com choque hipovolêmico e
insuficiência renal. A acloridria gástrica agrava o
quadro clínico da doença.
Formas Clínicas

a) Cólera Siderante ou Cólera Seca- é uma


forma grave que conduz rapidamente à morte. O
doente entra em estado de choque sem o
aparecimento de diarréia, sem exteriorização do
“drama intestinal”. O intestino fica muito distendido
por um líquido com aspecto riziforme ( água de
arroz”) contendo vibriões. A distensão pode ser
resultante de uma paralisia intestinal.
Cólera Clássica: a doença começa de modo
abrupto, com vômitos espontâneos e diarréia;
-Os vômitos inicialmente são biliosos, acabando por
assemelhar-se à “água de arroz”.

-A diarréia toma rapidamente o aspecto


característico de “água de arroz”, incolor, com
restos mucosos flutuando à superfície. Há perda do
controle esfincteriano anal e as fezes têm um cheiro
característico de peixe cru ou salmoura, não
fecalóide.
-Se instala a oligúria, rápida perda de peso, voz débil
quase áfona (vox cholerae), câimbras musculares no
MMII e abdome, astenia progressiva até o colapso,
delírio, estado comatoso.
-Os sintomas ocorrem num intervalo de 5 a 12
horas. O doente fica prostrado com olhos
encovados e olhar parado, nariz afilado, pele fria,
viscosa, sendo a dos dedos seca e apergaminhada
(“mãos de lavadeira”). A perda líquida pode chegar
de 15 a 24 litros/dia, ocasionando desidratação,
choque hipovolêmico, desequilíbrio ácido-base e
morte em poucas horas decorrente da acidose
metabólica e hipocalcemia.

-Ocorre hipotermia, pulso filiforme e rápido e


hipotensão.
Complicações

As complicações decorrem, fundamentalmente, da


depleção hidrosalina imposta pela diarréia e pelos
vômitos e ocorrem mais freqüentemente nas
pessoas idosas, diabéticas ou com patologia
cardíaca prévia.

-A desidratação não tratada levará a uma


deterioração progressiva da circulação, da função
renal e do balanço hidreletrolítico, produzindo dano
a todos os sistemas do organismo.

-Em conseqüência, sobrevém choque hipovolêmico,


necrose tubular renal, íleo paralítico
Vigilância Epidemiológica
1- Definição de Caso:
1.1- Suspeito
-qualquer indivíduo, independente de faixa etária,
proveniente de áreas com ocorrência de casos de
cólera, que apresente diarréia aquosa aguda até o
décimo dia de sua chegada (tempo correspondente
a duas vezes o período máximo de incubação
da doença);

•comunicantes domiciliares de caso suspeito,


definido de acordo com o item anterior, que
apresentem diarréia;
Vigilância Epidemiológica
1- Definição de Caso (Continuação):
• diarréia, independente de faixa etária, que coabite
com pessoas que retornaram de áreas endêmicas
ou epidêmicas há menos de 30 dias (tempo
correspondente ao período de transmissibilidade do
portador somado ao dobro do período de incubação
da doença);

• todo indivíduo com mais de 10 anos de idade que


tenha diarréia súbita, líquida e abundante. A
presença de desidratação rápida, acidose e colapso
circulatório reforça a suspeita.
1.2-Confirmado

-Critério clínico-epidemiológico

-Em áreas sem evidência de circulação do


Vibrio cholerae:

•individuo = ou > 5 anos de idade, oriundo de área


com Vibrio cholerae, com diarréia aquosa aguda até
o décimo dia de sua chegada. Este caso será
considerado caso importado para a região onde foi
atendido, e autóctone para a região de onde veio.
Em áreas com circulação do Vibrio cholerae:
-qualquer indivíduo, com 5 ou mais anos de idade,
que apresente diarréia aguda, desde que não haja
diagnóstico clínico e/ou laboratorial de outra
etiologia;

• menores de 5 anos de idade que apresentem


diarréia aguda e história de contato com caso de
cólera, num prazo de dez dias, desde que não haja
diagnóstico clínico e/ou laboratorial de outra
patologia.
Portador – indivíduo que, sem os sinais e sintomas
ou com forma subclínica, elimina o vibrião por
determinado período. É de particular importância
para a vigilância epidemiológica porque, muitas
vezes, é o responsável pela introdução da epidemia
em área indene e manutenção da endemia.
Medidas a serem Adotadas

Assistência médica ao paciente - a maioria dos


casos (sem desidratação ou com desidratação leve
a moderada) pode ser tratada no nível ambulatorial.
Os casos graves deverão ser hospitalizados. Os
pacientes com fatores de risco associados
(diabetes, hipertensão, cardiopatias, crianças com
desnutrição grave, etc.), idosos, gestantes,
residentes em locais distantes, e aqueles sem
tolerância oral plena, devem permanecer em
observação até a remissão do quadro. Se
necessário, realizar a internação.
Proteção individual - seguir as normas de
precauções entéricas para casos hospitalizados ou
ambulatoriais, com desinfecção concorrente de
fezes, vômitos, vestuário, roupa de cama e
desinfecção terminal. Orientar os pacientes quanto
aos cuidados com fezes e vômitos no domicílio.

Proteção da população - em situações de surto,


iniciar imediatamente a distribuição de sais de
reidratação oral, hipoclorito de sódio a 2,5%, quando
indicado para tratamento da água no nível
domiciliar, bem como ações de educação em saúde
para alerta à população.

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