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2.1. Definições
Vómito é a eliminação do conteúdo gástrico ou gastrointestinal pela boca.
Regurgitação é a eliminação de pequenas quantidades de alimentos previamente
engolidos durante
ou imediatamente após a amamentação.
Distensão abdominal é a condição na qual o abdómen aumenta seu volume, devido ao
aumento do
conteúdo de ar, e/ou de líquido ou por aumento do tamanho dos órgãos intra-
abdominais.
2.2. Vómito e regurgitação
A regurgitação e/ou o vómito nas primeiras horas de vida durante as primeiras
tentativas de
amamentação são frequentes e quando não acompanhados de outra sintomatologia
não devem
causar preocupação. Estes podem ser devidos a irritação gástrica por ter engolido
sangue ou mecónio
durante o parto. Uma vez terminada a irritação gástrica param de vomitar.
Vómito persistente (patológico) – É a emissão de conteúdo gástrico ou
gastrointestinal pela boca
que persiste e põe em risco o estado da hidratação da criança podendo vir a afectar o
seu
crescimento.
2.2.1 Etiologia
A regurgitação é fisiológica e acontece geralmente nos primeiros 6 meses de vida; é
devido a
ingestão de uma grande quantidade de ar durante a amamentação, juntamente a
imaturidade da
válvula cárdia (situada entre o esófago e o estômago).
O vómito pode ser devido a uma condição banal ou a uma patologia importante
subjacente.
As causas comuns de vómito no RN incluem:
Infecções neonatais (sépsis, onfalite, infecção das vias urinárias, meningite,
gastroenterite);
Kernicterus – aparece geralmente entre o 5º e o 9º dia numa criança com icterícia
grave;
Hipertensão endocraniana (hemorragia intracerebral, hematoma subdural, edema
cerebral);
Atresia esofágica – na primeira mamada manifesta-se com crises de tosse, cianose
e vómitos;
Estenose pilórica;
Obstrução intestinal alta e baixa
2.2.2 Quadro clínico
As manifestações clínicas para além do
próprio vómito dependem da causa
subjacente, a saber:
Nas infecções neonatais o vómito pode
ser acompanhado de dificuldade em
alimentar-se, hipotonia, icterícia, febre
ou hipotermia;
No Kernicterus – o vómito é acompanhado de dificuldade em alimentar-se
hipertonia, opistótonos e eventualmente convulsões e icterícia;
Na Hipertensão endocraniana – suspeitar em RN com asfixia ou trauma obstétricos
graves, a fontanela anterior está hipertensa e há choro cerebral e às vezes
convulsões;
Na Atresia esofágica – antes ainda de iniciar a amamentação o RN emite
abundante saliva espumosa pela boca. Na primeira mamada manifesta-se com
crises de tosse, cianose e vómitos;
Na Estenose pilórica – o RN tem vómito não biliar em jacto, pode-se palpar uma
tumefacção na região epigástrica – a ogiva pilórica;
Obstrução intestinal alta – o RN apresenta vómito sem distensão abdominal;
Na Obstrução intestinal baixa – o vómito inicialmente é lácteo, torna-se biliar e
finalmente fecaloide. Acompanha-se de distensão abdominal e à falta de eliminação
das fezes.
2.3 Distensão abdominal
2.3.1 Causas
Ingestão excessiva de ar durante a amamentação: o RN que chupa muito
rapidamente pode engolir ar em grande quantidade
Sépsis.
Enteroclite necrosante - sempre pensar nisso no RN de baixo peso e pré-termo.
Meningite.
TORCHES (principalmente a sífilis congénita).
Massas abdominais.
Oclusão intestinal baixa.
Ascite: no caso de hemorragia por incompatibilidade RH (ver bloco 3).
Hipopotassémia - Íleo paralítico
2.3.2 Quadro clínico
As manifestações clínicas para além da
própria distensão abdominal, dependem
da causa
subjacente:
Sépsis – há vómito de conteúdo
alimentar e as vezes biliar, abdómen
tenso e
distendido, hipotonia, hipotermia;
Enterocolite necrosante – a distenção abdominal é acompanhada de vómitos e
regurgitação, e sangue nas fezes, diarreia e letargia;
No caso de sífilis congénita – apresenta hepatoesplenomegália e alteração da
motilidade intestinal;
Massas abdominais;
Na oclusão intestinal baixa – há vómitos inicialmente alimentares que passam
rapidamente para biliares e depois fecaloides. Pode palpar-se a ansa dilatada acima
da obstrução;
Na ascite – sinal de onda líquida positivo.
2.4 Exames auxiliares e Diagnóstico (vómitos e distensão abdominal)
O diagnóstico é baseado na anamnese e no exame físico do RN. É necessário
pesquisar:
Os hábitos alimentares: no caso de uso de leite artificial perguntar a mãe como
prepara/limpa o biberon;
A sintomatologia associada;
A história de alguém com diarreia ou infecções respiratórias em casa.
No caso de suspeita de infecção o clínico pode fazer os seguintes testes:
Hemograma: para avaliar os GB, Hgb;
Bioquímica: para controlar o equilíbrio hidroelectrolítico;
Exame da urina: para avaliar eventual GB e bactérias na urina.
2.5 Diagnóstico diferencial (vómitos e distensão abdominal)
O diagnóstico diferencial tanto dos vómitos como da distensão abdominal é feito entre
as suas
respectivas causas como descrito acima nos pontos: 2.2.2 – sobre os vómitos e 2.3.2
– sobre a
distensão abdominal.
2.6 Conduta (vómitos e distensão abdominal)
O tratamento varia dependendo das causas:
No caso de regurgitação não há nenhum tratamento a fazer, e esta condição vai
passar ao
longo dos meses, durante os quais a mãe é educada a fazer arrotar o lactente após
cada
mamada e a manter uma posição adequada com cabeça acima do resto do corpo e
posição de lado na cama, nas crianças maiores de 1 mês também pode colocar de
barriga
para baixo com cabeça virada para lado;
No caso de ingestão excessiva de ar é necessário mudar a posição da boca do RN,
o ritmo
de sucção
No caso de vómito persistente com suspeita de infecção, deve-se parar a
alimentação oral
e iniciar a hidratação por via EV, tratando a causa subjacente.
No caso de suspeita de outras causas acima mencionadas como a Sépsis, oclusão
intestinal, malformações congénitas e massas abdominais o RN deve ser referido
imediatamente.
3.3. Anemia crónica, por perda de sangue durante a gravidez ou por perdas crónicas
2 pequenas após o nascimento o RN não parece muito grave, mas tem:
Palidez;
Icterícia;
Hepatoesplenomegalia;
Edema generalizado caso a anemia seja grave;
FC aumentada
Na anemia por incompatibilidade RH:
Pode iniciar logo após o parto e o RN pode ter um quadro de anemia aguda (ver
acima) ou pode
iniciar durante a gravidez e o RN ter:
Anemia grave;
Hepatoesplenomegalia;
Hidropes fetal ou seja ascite, edema generalizado, derrame pleural;
Insuficiência cardíaca;
Icterícia.
3.4 Exames auxiliares e Diagnóstico
É baseado na história da gravidez, parto e perinatalidade e no exame físico do RN.
O hemograma pode confirmar a anemia e seu grau:
No caso de anemia aguda o valor de HGB pode ser normal, diferentemente se for o
caso da anemia
crónica; no caso de CID há anemia, trombocitopenia, fragmentação dos GV no
esfregaço.
3.5 Diagnóstico diferencial
Anemia aguda: palidez e descompensação rápida da FC e TA.
Anemia crónica: palidez e função cardiocirculatória compensada,
hepatoesplenomegalia e
icterícia.
As diferentes causas devem ser suspeitadas pelos elementos da anamnese e
achados
físicos.
3.6 Conduta
Todos os casos de suspeita de anemia no RN o TMG deve transferir ou referir
imediatamente para o
nível superior. Mas antes ou enquanto aguarda a transferência deve fazer o seguinte:
No caso de hemorragia visível é necessário parar a hemorragia;
Administrar oxigénio se necessário;
No caso de doença hemorrágica do RN aplicar injecção IM de vit K: 0,5mg no RN de
baixo
peso e 1mg no RN de peso normal.