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HIPERÊMESE GRAVÍDICA

Yone Mara – Enfermeira Obstetra


Enfermeira- UNIFSA
Esp. Enfermagem Obstétrica- IESM
A êmese gravídica, vômitos simples do início da gestação, e a hiperêmese
gravídica, vômitos incoercíveis da gravidez, diferem apenas na intensidade e na
repercussão clínica de seus efeitos. Trata-se do mesmo processo, no entanto, a
hiperêmese configura a forma grave.

 A êmese gravídica caracteriza-se pela ocorrência de náuseas e vômitos


ocasionais até cerca de 14 semanas de gestação, e pode ser considerada normal.
Sua forma grave, a hiperêmese gravídica (HG), conceitua-se pela ocorrência de
náuseas, sialorréia e vômitos incoercíveis antes de 20 semanas e na ausência de
outras causas que não a própria gravidez.

 Na presença de náuseas e vômitos em gestações após a 20ª semana ,deve-se


pesquisar outras etiologias.
Não há definição única para a hiperêmese
gravídica, sendo a mais aceita aquela que
considera a perda ponderal de, no mínimo, 5%
do peso pré-gravídico; anormalidades como
desidratação e desnutrição (cetonúria) costumam
estar presentes.

 A etiologia de náuseas e vômitos da gravidez


ainda é imprecisa. Especula-se como candidatos
prováveis os hormônios placentários,
gonadotrofina coriônica humana (hCG) e
estrogênios, talvez inter-relacionados.
Relação entre o pico da gonadotrofina coriônica humana (hCG) e
o pico dos sintomas das náuseas e dos vômitos da gravidez.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é eminentemente clínico, sem critério uniforme e feito por
exclusão. É marcado pela presença de vômitos incoercíveis além de:

• Perda de peso corporal maior que 5% da massa corpórea pré-gravídica;


• Sinais de desidratação grave;
• Distúrbios hidroeletrolíticos (hipocalemia);
• Cetose;
• Cetonúria (a deficiência de carboidratos acelera indiretamente o metabolismo
lipídico, levando ao aparecimento de corpos cetônicos na urina).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Em virtude do diagnóstico da hiperêmese gravídica ser de exclusão, a lista de
diagnósticos diferenciais é de suma importância. Do ponto de vista obstétrico, a
neoplasia trofoblástica gestacional e a gemelaridade são obrigatórios, visto que hCG
e estrogênios têm seus níveis elevados nas gestações gemelar e molar. Segue
abaixo, a lista de diagnósticos diferenciais:
• Gastroenterocolite aguda; • Obstrução intestinal
• Síndrome dispéptica; • Uremia
• Hérnia hiatal; • Tumores cerebrais
• Colecistite; • Distúrbios psiquiátricos
• Hepatite; • Cetoacidose diabética
• Esteatose hepática; • Intoxicação medicamentosa
• Apendicite; • Neuropatias
• Pancreatite;
COMPLICAÇÕES

Em casos de diagnóstico tardio ou tratamento inadequado, casos graves podem


aparecer em virtude da hiperêmese gravídica, tais como:

• Encefalopatia de Wernicke- deficiência de tiamina;


• Hipoprotrombinemia - deficiência de vitamina K;
• Lacerações de Mallory-Weiss, sangramento, pneumotórax, pneumomediastino,
pneumopericárdio;
• Lesão renal aguda - pode necessitar de diálise;
• Ruptura diafragmática
• Ruptura esofágica - Síndrome de Boerhave
CRITÉRIOS DE GRAVIDADE
Baseado no escore PUQE (Pregnancy Unique Quantification of Emesis) idealizado por koren
em 2005.

Por quanto tempo se sentiu nauseada nas últimas 24 horas?

Nunca (1)- até 4 horas (2)- até 8 horas (3)- até 12 horas (4)- > de 12 horas (5)
Quanto episódios de vômitos apresentou nas últimas 24 horas?

Nenhum (1)- um episódio (2)- até 3 episódios (3)- até 4 episódios (4)- mais de cinco (5)

Em quantos momentos observou intensa salivação e esforço de vômitos nas últimas 24 horas?

Nenhum (1)- até 3 vezes (2)- até 5 vezes (3)- até 8 vezes (4)- todo tempo (5)

Classificação - pontuação ≤ 6 forma leve; entre 7 e 11 forma moderada; ≥ 12 forma grave


CONDUTA
Cuidados Gerais:

• Internação hospitalar;
• Suspender alimentação nas primeiras 24 horas;
• Introduzir dieta branda, pobre em lipídeos e rica em carboidratos, conforme aceitação da
paciente (dieta seca e fracionada);
• Avaliar a necessidade de nutrição parenteral nos casos prolongados, refratárias à
terapêutica instituída**.

Exames laboratoriais:

•Hemograma, Na, K, uréia, creatinina, glicemia, amilase, TSH e T4 livre, TGO, TGP,
Bilirrubina total e frações.
• Urina (elementos anormais e sedimentos) e urocultura
• Ultrassonografia (descartar gestação múltipla e mola hidatiforme)
É razoável tentar inicialmente a alimentação enteral (ACOG, 2004).

A hidratação intravenosa é indicada para pacientes que não toleram a alimentação


oral ou com sinais clínicos de desidratação. A hidratação intravenosa é feita com
solução fisiológica ou Ringer com lactato, com aporte de glicose e de vitaminas,
especialmente tiamina (vitamina B1) (100 mg de tiamina/litro de solução).

A reposição de potássio raramente é necessária.

A nutrição parenteral causa risco significativo de 25% de infecção no cateter de


administração.

A retomada da alimentação oral deve ser gradual, e após cessados os vômitos por, no
mínimo, 48 h.
TERAPÊUTICA:

A. Hidratação parenteral
• hidratação com soro glicofisiológico -2500 a 4000ml\24h, avaliar caso a caso.

B. Antieméticos (1ª escolha)


• Metoclopramida(antagonista da dopamina) - 1amp (2ml) de 10 mg EV 8\8 h
• Ondansetrona - 1amp (4ml) de 8 mg+ 30 ml AD EV 8\8h

Caso persistam os sintomas, suspender os antieméticos e introduzir:

C. Sedativos (2ª escolha)


• Levopromazina (fenotiazídico) - 3 a 5 gotas VO 8\8h (3mg- solução 4%)
• Diazepam(benzodiazepínico)
OBSERVAÇÕES

 Em casos extremos e refratários a tratamentos anteriores:


• 5 mg (comprimido) VO 8\8h
• 10 mg (ampola-2 ml) EV 8\8h

NOS CASOS COM MELHORA DOS SINTOMAS:

• Dieta seca e fracionada pobre em lipídeos e rica em carboidratos.


• Metoclopramida - 1 comprimido (10mg) VO 8\8h
OU
• Ondansetrona - 4 mg sub-lingual 8\8h
• Tratamento complementar com psicoterapia
OBRIGADA!!!

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