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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

INSTITUTO DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL


DISCIPLINA – TOXICOLOGIA VETERINÁRIA

• BASES DA TOXICODINÂMICA

• Profa. Dra. DULCIDÉIA DA CONCEIÇÃO PALHETA

• LABORATÓRIOS DE APOIO – TOXICOLOGIA ANIMAL - - HOVET - ANÁLISES DE


MINERAIS
CONCEITOS

• Toxicodinâmica é o estudo da natureza da ação tóxica


exercida por substâncias químicas sobre o sistema
biológico, sob os pontos de vista bioquímico e
molecular. Dois importantes conceitos de
toxicodinâmica são toxicidade aguda e toxicidade
crônica.
EXEMPLOS DE MECANISMOS DE
AÇÃO AGUDA
EXEMPLO DE MECANISMO DE AÇÃO
CRÔNICA - METILMERCÚRIO

• Chisso Corporation, - empresa química, a fábrica de fertilizantes e


de acetaldeído utilizado na produção de material plástico NO
Japão nos anos 50. Nesse processo foi utilizado sulfato de
mercúrio como catalisador.

Em seu processo fabril despejava os seus dejetos tóxicos na Baía de


Minamata.

A partir de 1953, peixes e crustáceos apareciam mortos boiando na baía.

Sintomas estranhos em gatos da região eram observados. Pareciam


estar afetados por doença de coordenação motora, pois se locomoviam
dançando, daí serem chamados de “gatos dançantes”.
http://gmga.com.br/a-convencao-de-minamata-sobre-mercurio-e-a-mineraca/#:~:text=Ao%20longo%20da
%20d%C3%A9cada%20de,chamados%20de%20%E2%80%9Cgatos%20dan%C3%A7antes%E2%80%9D .
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2. FATORES QUE MODIFICAM A TOXICIDADE ANIMAL

• 2.1. RELACIONADOS COM O ORGANISMO ANIMAL


• 1. Espécie Animal – tamanho, metabolismo e tolerância

Tamanho - onde observa-se quanto menor a espécie animal, mais rápido


seu metabolismo e assim, o processo de biotransformação, o que
aceleraria a excreção do metabólito.
Ex:

camundongos que receberam 15.000 ppb de aflatoxina B1 na dieta, não


produziram câncer hepático, enquanto RATOS que receberam até 15 ppb,
tiveram expressivo aumento dessa malignidade.
2.1. RELACIONADOS COM O ORGANISMO ANIMAL

Quanto à tolerância – EXPOSIÇÃO PRÉVIA

 PELA DIMINUIÇÃO NA QUANTIDADE DE TÓXICO QUE ALCANÇA


O RECEPTOR – EX. INDUÇÃO ENZIMÁTICA QUE ACELERA O
METABOLISMO HEPÁTICO NA FASE I
 PELA DIMINUIÇÃO NA RESPOSTA DO ÓRGÃO ALVO AO TÓXICO.
EX. PRODUÇÃO DE ENZIMAS PROTETORAS COMO
METALOTIONEÍNAS
2. FATORES QUE MODIFICAM A TOXICIDADE ANIMAL

• 2. Idade
• 3. Sexo
• 4. Estado Geral
• 5. Nutrição/dieta
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FATORES RELACIONADOS COM O ORGANISMO
ANIMAL

• 2. IDADE –
• Animais muito jovens ou muito idosos, em geral são muito mais vulneráveis ao
efeitos deletérios dos agentes tóxicos.
• A susceptibilidade dos mais jovens se deve ao pobre sistema de detoxicação,
• Os mais velhos (estado geral mais debilitado), *doenças relacionadas com a idade

 3. SEXO
 Período gestacional, quando a mãe é exposta à compostos teratogênicos em
períodos críticos da gravidez.
 Em ratos machos, a castração determinará uma grande diferença no
metabolismo de importantes drogas, como a ETILMORFINA e a
HEXOBARBITONA, quando a % de atividade enzimática é consideravelmente
menor em castrados do que nos normais.
 A terapia de reposição hormonal garante o retorno à níveis basais.
2. FATORES QUE MODIFICAM A TOXICIDADE ANIMAL

• 4. estado geral
2. FATORES QUE MODIFICAM A TOXICIDADE ANIMAL

 4. estado geral
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BASES TEÓRICO PRÁTICAS DA TOXICIDADE–

• FATORES RELACIONADOS COM A SUBSTÂNCIA


• 1. Dose quanto maior a dose, maior o efeito
FATORES RELACIONADOS COM A SUBSTÂNCIA

• 2. COMPOSTO TÓXICO –
• 2.1. ORGÂNICO – MAIOR ABSORÇÃO; MAIOR
ARMAZENAMENTO
• 2.2. INORGÂNICO – MENOR ABSORÇÃO; PRESENÇA DE
CARREADORES ESPECÍFICOS

mioglobina
TOXICODINÂMICA
BASES TEÓRICO PRÁTICAS DE
TOXICIDADES

RENAL
HEPÁTICA
NEURAL

DRA. DULCIDÉIA DA CONCEIÇÃO PALHETA

TOXAN – LABORATÓRIO DE TOXICOLOGIA ANIMAL

ISPA - UFRA
HEPATOTÓXICOS
1. LOCALIZAÇÃO É FATOR CRÍTICO,
2. ELEVADA CAPACIDADE DE BIOTRANSFORMAÇÃO QUE ALTERA A
HOMEOSTASIA HEPÁTICA;
3.ELEVADO METABOLISMO; SÍNTESE PROTEICA
HEPATOTÓXICOS- PRINCIPAIS
ALTERAÇOES PATOLÓGICAS

Esteatose –aumento na síntese ou esterificação dos ácidos graxos, diminuição


oxidação de ácidos graxos, acúmulo de gordura no parênquima hepático.
HEPATOTÓXICOS
Tipo de Lesão Toxico, drogas

Esteatose CCl4, etanol, ácido valpróico

Morte celular Acetaminofeno (paracetamol), Cu, dimetilformamide,

etanol, Fe, microcistina

Colestase canalicular Clorpromazina, ciclosporina A, 1,1-dicloroetileno,

estrógenos, etanol, Mn, faloidina

Dano de ducto biliar ANIT(-naftilisotiocianato), metileno de dianilina,

esporidesmina

Cirrose Arsênico, etanol, alcalóides pirrolizidínicos, vitamina A

Desordens vasculares Arsênico, alcalóides pirrolizidínicos, microcistina

Tumores Aflatoxina, andrógenos, cloreto de vinila


HEPATOTOXICIDADE EM BOVINOS

Aflatoxina B1
produzida pelo
fungo Aspergilus
flavus é substância
carcinogênica,
levando a baixo
escore corporal
com redução de
massa muscular
AFLATOXINA B1 PRODUZIDA PELO FUNGO
ASPERGILUS FLAVUS É SUBSTÂNCIA
HEPATOTÓXICA, LEVANDO A DIARREIA
ESVERDEADA
ESTEATOSE HEPÁTICA – ASCITE
EM CANINOS

ESTEATOSE

ASCITE

ICTERÍCIA
HEMOSSIDEROSE
• Acúmulo anormal de hemossiderina nos tecidos,
especialmente nos macrófagos da derme, do fígado, do baço,
da medula óssea, linfonodos e pulmões.

Grânulos brilhantes dourados ou pardacentos, azul da Prússia


positivos, de tamanhos variados, entre as células – Tecido hepático
de peixe Leporinus ellongatus da APA do Igarapé Gelado-PARÁ
INTOXICAÇÃO POR COBRE

manifestação de anorexia e apatia, seguida por posição em


decúbito esternal
A superfície de corte do fígado era caracterizada por áreas vermelhas
brilhantes, levemente deprimidas e entremeadas por áreas
amareladas (fígado em noz moscada)
Cienc.
Rural vol.43 no.10 Santa
Maria Oct. 2013
AVALIAÇÃO DA HEPATOTOXICIDADE

• AST
• ALT
• AMINOTRANSFERASE
• GLUTATIONA
NEFROTOXICIDADE

• 1. Anatomia Funcional – três áreas anatômicas:


córtex, medula e papila. O córtex representa a maior
porção dos rins e recebe uma porcentagem
desproporcional (90%) do fluxo quando comparado
com a medula (6 a 10%) e a papila (1-2%). Desta
forma, uma substância tóxica circulante no sangue,
irá alcançar principalmente a área cortical em
relação as outras áreas.
1.1. GENERALIDADES SISTEMA RENAL
EXCREÇÃO DE METÁBÓLITOS VIA
URINÁRIA

1. FILTRAÇÃO - Glomerular
2. REABSORÇÃO – Substância
Lipossolúveis Não Ionizadas
3. SECREÇÃO – Tubular Ativa
4. EXCREÇÃO TUBULAR – Difusão
Passiva De Compostos
Hidrossolúveis
1. FILTRAÇÃO – CAPILARES
GLOMERULARES TEM POROS DE
70 nm - deixam passar proteínas
menores que a ALBUMINA. EX.
PROTEÍNAS PLASMÁTICA +
XENOBIÓTICOS não são filtrados

2. EXCREÇÃO TUBULAR – Difusão Passiva De Compostos


Hidrossolúveis
1. REABSORÇÃO – Substância Lipossolúveis Não
Ionizadas –

2. SECREÇÃO – Tubular Ativa


NEFROTOXICIDADE

PATOLOGIAS

MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
NEFROTOXICIDADE
1.2. AVALIAÇÃO DA NEFROTOXICIDADE –
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR

URIANÁLISE
QUÍMICA DO SORO

VOLUME OSMOLARIDADE
 UREA PH
ELETRÓLITOS

 CREATININA GLICOSE
PROTEÍNAS
NEUROTOXICIDADE
• Consiste na capacidade que diversos agentes tóxicos apresentam para ocasionar
lesões diversas, desde degenerações reversíveis até necroses celulares e distúrbios
bioquímicos graves no sistema nervoso central de mamíferos
ENCÉFALO
DE
MAMÍFEROS
CORTEX CEREBRAL EM TRÊS
ESPÉCIES
1.4.NEUROTOXICIDADE

METILMERCÚRIO
• CEREBELO
Camada granular e células de Purkinje

• CÓRTEX VISUAL
Fissura calcarina
Espongiose Constrição do
campo visual
DOENÇA DE MINAMATA

• DISTÚRBIOS SENSORIAS - ataxia, disartria, constrição


do campo visual, distúrbios auditivos e tremores

Disartria é definida como a dificuldade de utilizar os músculos da fala,


ou então a fraqueza destes também foram observados..
LESÃO CEREBRAL NA INTOXICAÇÃO
MERCURIAL EM HUMANOS
LESÃO
CEREBRAL
NA
INTOXICAÇÃO
MERCURIAL EM
HUMANOS

HTTPS://MARSEMFIM.
COM.BR/CONSUMO-
DE-PEIXES-E-CICLO-
DO-MERCURIO/
DOENÇA DE MINAMATA EM GATOS

https://www.youtube.com/watch?
v=QK8qT5G_hRY
TOXICOCINÉTICA E DINÂMICA
MERCURIAL
INTOXICAÇÃO EXPERIMENTAL POR ARSÊNIO EM
PEIXE AMAZÔNICO COLOSSOMA MACROPOMUM
EXPOSTO AGUDAMENTE.

Os neurônios das células retinianas dos


peixes do grupo controle mostraram
aspecto poligonal preservado, citoplasma
abundante, contorno nítido e material
protéico homogêneo, diferenciado das
retinas do grupo tratado que apresentaram
as alterações morfológicas.
TECIDO RETINIANO COMO BIOMARCADOR
DE NEUROTOXICIDADE

FIGURA 2 (A e B) – Camada de células ganglionares de retinas


de Colossoma macropomum do grupo controle mantidos em
aquário durante 96 hours. Size 2.500 X.
TECIDO RETINIANO COMO MARCADOR
DE NEUROTOXICIDADE

FIGURA 1 (A e B). Camada de células ganglionares de retinas


de Colossoma macropomum que receberam 0,2
µgAs2O3/L/aquária durante 96 horas. Size 2.500 X.
1.4.1.NEUROTOXICIDADE MERCURIAL EM CEREBELO
DE TAMBAQUI – COLOSSOMA MACROPOMUM

ML: CAMADA MOLECULAR; CCP – CAMADA DE CÉLULAS DE


PURKINJE; CCG – CAMADA DE CÉLULAS GRANULARES
BIOACUMULAÇÃO DE METILMERCÚRIO NA BIOTA
AQUÁTICA

• CONCENTRAÇÕES DE Hg no PESCADO NA BAIA DE


MINAMATA foi de 5.61 a 35.7 ppm

 CONCENTRAÇÕES DE Hg no PESCADO na
AMAZÔNIA >5.61 ppm

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