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Toxicologia dos herbicidas

Profa. Viviane M. Maruo


Definição
• São praguicidas capazes de combater e/ou
controlar ervas ou plantas daninhas, que
podem comprometer a produtividade agrícola
ou agropecuária, bem como interferir na
saúde e no bem-estar humano e animal.
Histórico

• 1930 e 2ª Guerra Mundial - Desenvolvimento por


síntese laboratorial
• Herbicidas clorofenóxis (derivados do ác.
Fenoxiacético) utilizados com finalidade bélica pelo
poder desfolhante
• Crescimento da agropecuária –compostos mais
eficientes contaminação ambiental e riscos à saúde
(herbicidas e fungicidas principalmente)
• Resíduos em subprodutos de origem animal e
vegetal
Usos e fontes de exposição
• Uso nas monoculturas agrícolas (prod.de alimentos, pastagem)
• Substituição da capina mecânica (enxada)
• Remoção de folhagens e plantas aquáticas em áreas de
desmatamento, margens de córregos ou rios, rodovias, áreas
industriais, de recreação, linhas de transmissão de energia elétrica,
linhas férreas, canais de irrigação, jardins, parques e praças, terrenos
baldios, etc.
• Destruição de ambiente propício para insetos, an.peçonhentos,
roedores

Arroz
Resistência das plantas aos herbicidas
Vias de exposição
• Oral
• Respiratória
• Dérmica
Características

• Lipossolubilidade maior

bioacumulação

• Resíduos em tecidos animais


• Eliminação Leite

• Cumprir período de carência


ou intervalo de segurança Risco

• Contaminação ambiental para


as populações de an. silvestres
Classificação dos herbicidas
• Química
• Agronômica: pré-plantio, pré-emergentes,
pós-emergentes
• Ação sobre o vegetal: seletivos, de contato,
translocação (após absorção)
Classificação dos fungicidas
• Agronômica:
-foliares
-de solo
-de revestimento (grãos para estocagem)
http://www.cartoonstock.com/directory/h/herbicide.asp
Herbicidas
Classificação
• Subjetiva, segundo o autor
• Vários compostos não apresentam dados
completos e claros sobre as ações tóxicas
• Apresentada com base nas estruturas
químicas de cada grupo e subgrupo
Bipiridílios ou dipiridílios (paraquat e diquat)
• Maior responsável por intoxicações humanas graves
(ocupacional, suicídio)
• Toxicocinética:
-absorção pequena (solventes a )
-paraquat: toxicidade muito alta e predominantemente
pulmonar
-eliminação renal (detecção até 21 dias após exp. oral)
-efeito residual pequeno, degradado com mais facilidade em
contato com solo
-período de carência comparativamente
menor
Bipiridílios ou dipiridílios (paraquat e diquat)

• Toxicodinâmica:
• Vários possíveis mecanismos de ação:
• Principal: produção de espécies reativas de
oxigênio lipoperoxidação nas células
pulmonares
Degeneração, necrose, morte celular
Substituição de tecido lesado por tec. conjuntivo
fibrose (a partir de 10 dias de exposição)
• Depleção de glutationa
Reações de fenton ou Haber-Weiss
Radical hidroxila
Radical superóxido

http://www.sigmaaldrich.com/life-science/metabolomics/enzyme-explorer/cell-signaling-enzymes/superoxide-dismutase.html
Sinais clínicos
Náuseas, vômito, diarréia com fezes fétidas, dores
abdominais, disfagia, ulceração e necrose da cavidade oral
e esôfago, dispnéia, estertores pulmonares, edema
pulmonar, hipóxia, cianose e morte por insuf. respiratória
progressiva (1 – 4 semanas após exposição intensa)
Quadro pode ser acompanhado por insuf. renal e hepática,
irritação da pele com dermatite, deformação, descoloração,
queda de unhas e cascos, queimaduras oculares
Tomografia computadorizada
Bipiridílios ou dipiridílios (paraquat e diquat)

• Achados de necropsia:

Congestão, hemorragia, edema e áreas de


fibrose pulmonar
Exp. oral: ulcerações e necrose da cavidade oral
e faringe, hemorragias da mucosa estomacal
ou ruminal
Tratamento
• Medidas de desintoxicação: Terra de Fuller
(adsorvente de argila)-mais adequado
• Suporte: Ventilação assistida, oxigênio é contra-
indicado pois pode exacerbar os danos oxidativos
nos pulmões.
• Função renal deve ser monitorizada
• Antídotos específicos não estão disponíveis, mas
antagonistas bioquímicos são recomendados:
-Superóxido dismutase: sequestram os radicais livres
superóxido
-acetilcisteína: redução de radicais livres
-ácido ascórbico: antioxidante geral
Derivados do ác. Fenoxiacético
(2,4-D e 2,4,5-T)
Derivados do ác. Fenoxiacético (2,4-D e 2,4,5-T)

• Toxicocinética:
Maior risco via oral, demais vias menos
representativas para os animais
2,4-D é o mais utilizado, mesmo em pastagens
estudos experimentais-
pouco efeito cumulativo
2,4,5-T mais tóxico(mais lipossolúvel
e meia-vida 3 X maior – reabs. renal)
Toxicodinâmica
• Mecanismo-Não foi completamente elucidado
• Hipóteses:
-dano às membranas celulares
-desacoplamento da fosforilação oxidativa
-interrupção do metabolismo da acetilcoenzima-
A (interferência nas vias metabólicas
celulares)
Sinais clínicos
• Alteração no metabolismo de carboidratos e
função muscular esquelética
• Quadro diabetiforme transitório, miopatia e
neuropatia periférica
• Náuseas, vômitos, disfagia, redução da
motilidade gastrintestinal (atonia ruminal),
irritação de pele e mucosas, depressão do SNC,
fraqueza muscular (membros posteriores),
letargia, apatia progressiva, paresia, rigidez
muscular, ataxia, claudicação
Impurezas: dioxinas
• Extremamente tóxicas, grande contaminação ambiental
• Podem surgir durante o processo industrial da fabricação se as
temperaturas não forem controladas
• Guerra do Vietnã – Agente Laranja
• Imunotóxico, mutagênico, embriotóxico, teratogênico e
carcinogênico, alteração do sist. hematopoiético
• Desregulador endócrino – transtornos reprodutivos graves
• Acumula-se no tec. adiposo, meia-vida de 7 anos
• Eliminada pelo leite
Importante
• 2,4-D pode:
• aumentar a toxicidade de algumas plantas
tóxicas
• Aumentar o conteúdo de nitritos de plantas
• aumentar a palatabilidade de certas plantas
tóxicas
Diagnóstico
• -fosfatase alcalina, lactato desidrogenase e creatina
fosfoquinase (CPK) são consistentes com lesões
hepáticas, renais e musculares.
-análises químicas de forragens, urina ou tecido renal
confirmam a exposição
-análise hematológica não revela qualquer alteração
característica
Tratamento
• Suporte: diarréia e atonia devem ser tratados,
função renal deve ser monitorizada, animais
convalescentes requerem alimentação branda
de alta qualidade.
• Alcalinização da urina com bicarbonato de
sódio para aumentar a excreção.
• Antídotos não estão disponíveis.
Clorofenóis (pentaclorofenol)
• Toxicocinética
“pó-da-china” – conservante e
preservante de madeira –
herbicida, fungicida,
acaricida, inseticida,
moluscicida e algicida
Risco de intoxicação elevado,
absorção rápida por todas
as vias e meia-vida de 20
dias (pH urinário alcalino
favorece eliminação renal –
em bovinos meia-vida - 2
dias)
Toxicodinâmica
• Rápido desacoplamento da fosforilação
oxidativa nas mitocôndrias, provocando
aumento do metabolismo basal
• Órgão-alvo principal: fígado
• Pode afetar também rins e medula óssea
Sinais clínicos
• Anorexia, náuseas, vômitos, perda de peso, aumento
da temperatura, sede, sudorese, desidratação, dor
abdominal, dispnéia, taquicardia e taquipnéia
• Casos graves: inquietação, convulsões, colapso e
morte
• Fígado: alterações nos níveis das enzimas do
citocromo P-450 e outras e glicogênio, hiperplasia,
fibrose, vacuolização, degeneração e necrose
• Exposição prolongada: irritação de pele e mucosas
• Estudos experimentais:
Teratogênico, fetotóxico, carcinógeno
• Pode apresentar impurezas TCDD (dioxina)
Tratamento
• Não há antídoto.
• Descontaminação.
• Sintomático.
Dinitrofenóis (dinoseb)
• Farmacocinética:
• Via oral e respiratória
• Insolúveis em água e solúveis em solventes
orgânicos
• Eliminação lenta
Toxicodinâmica
• Rápido desacoplamento da fosforilação
oxidativa nas mitocôndrias, provocando
aumento do metabolismo basal
• Aumento do consumo de oxigênio e
diminuição da formação de ATP
hipertermia
Sinais clínicos
• Náuseas, vômitos, cólicas, irritação da pele,
aparecimento de cor amarelada na pele, urina
e esclerótica (pode surgir catarata),
hipertermia, sudorese, desidratação, fraqueza,
taquipnéia, agitação, tremores, convulsões,
inconsciência, alterações hepáticas e renais,
colapso e morte por insuficiência
cardiorrespiratória ( graves de 24-48h)
Dinitrobenzenamínicos (trifluralina)
• Toxicocinética
• Insolúveis em água, solúveis em solventes
orgânicos
• Pouco absorvido por VO e dérmica
• Eliminação biliar
• Toxicidade relativamente baixa
• Risco – solventes que aumentam a absorção por
via dérmica
• Persistência moderada no solo e estáveis durante
armazenamento
Toxicodinâmica
• Indução de metahemoglobinemia
• Hemoglobina na qual existe um íon férrico na
molécula heme (oxidação do íon ferroso)
incapaz de carrear oxigênio
anemia funcional – hipóxia celular
Sinais clínicos
• Anemia, leucopenia, metahemoglobinemia,
aplasia medular
• Taquicardia, hipertensão arterial, dispnéia,
náuseas, vômitos, dor abdominal
• Agitação, convulsões, arritmia, cianose,
choque, coma e morte
• Impureza: nitrosamina – mutagênica e
carcinogênica e desregulador endócrino
Triazínicos (atrazina, simazina, cianazina)
• Toxicocinética:
• Bastante utilizado, também para controle de plantas
na água
• Absorção VO, dérmica e respiratória
• Toxicidade aguda comparativamente baixa
• São pré-emergentes e não tem boa retenção no solo
contaminação meio aquático
Toxicodinâmica
• Mecanismo não está esclarecido
• Em ratos revelou-se desregulador
endócrino e carcinogênico
• Atuação no SNC reduzindo a
liberação de gonadotrofinas
hipotalâmicas, consequentemente
diminuindo a taxa de LH e prolactina
manutenção do estro
• Experimentos não publicados
feminilização de sapos
Sinais clínicos
• Anorexia, sialorréia, estimulação do SNC,
tremores, fraqueza muscular, ataxia, apatia,
decúbito, alteração das funções hepática e
renal (quadro agudo)
• Dermatite e trombocitopenia (crônico)
Derivados da uréia (diuron, tebutiuron,
linuron)
• Muito utilizados, podem estar associados a
outros como o paraquat e glifosato (altera a
toxicidade que normalmente é baixa)
• Farmacocinética:
• Absorção VO e respiratória
• Moderadamente persistentes no meio
ambiente
• Decomposição gera derivados da anilina
Indutores do citocromo P450 e outras enzimas
responsáveis pela biotransformação
Toxicodinâmica
• Ainda não esclarecido
• A biotransformação hepática pode gerar
subprodutos derivados da anilina, capazes de
causar metahemoglobinemia (homem)
Sinais clínicos
• Anorexia, depressão e ataxia
• Metahemoglobinemia
• Impurezas semelhantes ao TCDD
glifosato
• Um dos mais utilizados
• Efeito curto, ecologicamente seguro – degradação
rápida
• Absorção pequena
• Eliminação na forma intacta, via biliar predominante
Toxicodinâmica
• Mecanismo de ação não é conclusivo
• Desacoplamento da fosforilação oxidativa
mitocondrial
• Toxicidade decorrente de componente
surfactante bioativo (polioxietilenamina)
• Larga margem de segurança
Sinais clínicos
• Inespecíficos
• Dermatite de contato
• Irritação ocular e da mucosa do TGI
• Graves: hipotensão, choque vascular,
convulsões, coma e morte
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Fontes
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