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MICOTOXINAS E MICOTOXICOSES

Profa. Dra. Viviane M. Maruo


EMVZ-UFT
Conceitos
• Micotoxina
• Myco = fungo
• Toxina = toxicante de origem biológica
• Metabólito secundário, produzido por fungo
• Micotoxicose = Doença produzida pela
micotoxina
Histórico
• Conhecidas desde os tempos bíblicos
• Interesse maior a partir de 1950
• Ucrânia – Aleucia tóxica alimentar
• Nova Zelândia – eczema facial em ovinos
• 1960 – Doença X dos perus – Aspergillus flavus
no amendoim - aflatoxina
Fatores envolvidos
• Estimativa de
contaminação de
alimentos – 25%
• 50 micotoxinas já
foram identificadas
• Não há tratamento
específico
• Suspender alimento
contaminado
Aflatoxinas
Aflatoxicose
• Fungos causadores: Família Moniliaceae.
• A. parasiticus Speare, A. nomius Kurtzman
(Aflatoxinas séries B e G) e
• A. pseudotamarii, Aspergillus flavus Link
(Apenas Afs B)
Aflatoxinas
• Fatores que favorecem a ocorrência:
– Umidade relativa do ar superior a 80%
– 25 a 30oC – temperatura ótima para síntese, mas pode
ser produzida entre 13 - 42oC
• Fonte: amendoim, milho, sorgo, arroz, trigo,
castanhas e rações
• Identificadas 23 aflatoxinas
• Baixo peso molecular, solúveis em compostos de
polaridade intermediária, pouco solúveis em
água
http://www.fao.org/docrep/x5036e/x5036E27.GIF
Toxicidade
• Altamente tóxicas
• Poderosos hepatocarcinógenos naturais
• AFB1 > AFM1 > AFG1 > AFB2 > AFG2
• Suscetibilidade: mais jovens, aves mais
sensíveis que mamíferos
Toxicocinética
• São lipossolúveis, facilmente absorvidas e
distribuídas
• Fígado: biotransformadas por oxidases de
função mista
• Passam por reações de fase I e fase II
• Metabólitos são tóxicos
http://www.inchem.org/documents/ehc/ehc/v011eh02.gif
Efeitos

• Fígado – órgão-alvo
• Dano hepático agudo ou crônico
• Efeitos relacionados a ligação com proteínas celulares
• Infiltração lipídica até morte celular
• Perda das funções hepáticas: coagulopatia, icterícia,
redução de proteínas (ex: albumina)
• Anorexia, depressão, fraqueza, prostração, dispnéia,
vômito (sanguinolento e com muco)
• Cães: convulsões
Necropsia
• Coloração marrom na superfície e no
parênquima hepático, hemorragia intestinal,
subcutânea e do tecido cardíaco
Microscopia
• Tecido hepático:
• Vacuolização do citoplasma, edema celular,
congestão centrolobular, necrose e infiltração
leucocitária
• Crônica: proliferação de ductos biliares
• Citoplasma do hepatócito granuloso e
vacuolizado ou ausente
Fig. 1
A) fígado de frango de corte afetado pela aflatoxina (AFL); B) fígado são.
Foto: David Ledoux, Universidade de Missouri, EUA.
Alterações bioquímicas
• Gama glutamil transferase
• Sorbitol desidrogenase
• Fosfatase alcalina
• Aspartato aminotransferase
• Alanino aminotrasferase
Outras alterações
• Quantidades baixas de AF-Redução da taxa de
crescimento e queda na produção
• Carcinogênese e teratogênese
• Alterações na resposta imune - depressão
Diagnóstico
• Sintomatologia clínica
• Achados anatomo-histopatológicos
• Presença de aflatoxinas no alimento
• Histórico de introdução de nova fonte de
alimento
• Métodos CCD, CG-MS, HPLC, ELISA e colunas
de imunoafinidade
Aflatoxinas em CCD Aflatoxinas em HPLC

http://www.ars.usda.gov/research/docs.htm?docid=16816
FUMONISINA

Milho contaminado por Fusarium


FUMONISINA
• Fungo: gênero Fusarium,
principalmente F. verticilloides
(moniliforme), algumas
linhagens não são produtoras
de toxinas
• Fonte: milho e forrageiras
(Brasil e Nova Zelândia)
• Temperatura desenvolvimento
do fungo: 5-40oC. Temp. ótima
para fungo e prod. toxina 20-
25oC
FUMONISINA
• Fumonisinas B1 e B2 têm estrutura semelhante
à esfingosina, constituinte dos esfingolipídeos
no tecido nervoso
• Fumonisina B1, produzida em maior
quantidade, é a mais tóxica
• São termoestáveis – resistem à fervura por
30min
• Informações escassas sobre a toxicocinética
3-cetoesfinganina Esfinganina
Efeitos biológicos
• Leucoencefalomalácia equina
• 8ppm de fumonisina B1
• Sinais: 3-6 dias
• Hipersensibilidade, ataxia, fraqueza do trem posterior,
convulsão, cegueira, incapacidade de deglutição e
morte
• Lesões: edema cerebral severo e liquefação da
substância branca cerebral
• Hepatotoxicidade pode estar presente – edema facial e
icterícia
• Possível efeito carcinogênico
Leucoencefalomalácia equina

http://www.apsnet.org/edcenter/intropp/topics/Mycotoxins/Article%20Images/Fig09_leuko.jpg
http://agronomyday.cropsci.illinois.edu/2002/fumonisin/figure1.jpg
Sinais-Edema pulmonar suíno
• Evolução subaguda, geralmente letal
• Sinais: insuficiência pulmonar, dispnéia,
cianose
• Lesões hepáticas – vacuolização
citoplasmática e necrose
• Necropsia: edema pulmonar e hidrotórax
• Histopatologia: fluido claro no tec. Conjuntivo
e ao redor dos vasos, brônquios e septo
interlobular
Diagnóstico
• HPLC e ELISA

• Taxa de esfinganina e esfingosina no soro e


tecidos
ZEARALENONA
ZEARALENONA
• Fungo: Fusarium roseum, F. tricinctum, F.
gibbosum e F. oxysporum
• Fontes: milho, trigo, sorgo, cevada, aveia e
silagens de milho e rações
• Condições ótimas: 12-14oC, umidade 45%
• Alta lipossolubilidade
• Biotransformação hepática: α e β-zearalenol (pela
ação da 3α – hidroxiesteróide desidrogenase)
• Suínos mais sensíveis, aves resistentes
• Ciclo entero-hepático
• Estrogênica- liga-se a receptores de estrógenos
Efeitos

http://en.engormix.com/images/e_articles/1635_448.jpg
Efeitos
• Porcas adultas: ninfomania e pseudo-prenhez
• Cachaço jovem: edema de prepúcio, atrofia
testicular, crescimento da gl mamária, queda
da libido e da quantidade de esperma
• Alta morbidade e baixa letalidade
OCRATOXINA E CITRININA
OCRATOXINA E CITRININA
• Fungo causador: Aspergillus ochraceus e
outros Aspergillus e Penicillium spp., família
Moniliaceae.
• Fontes: milho, trigo, cevada, aveia, café, soja e
coco, assim como certos produtos animais,
como carne de porco e de aves.
• Nefrotóxicas e hepatotóxicas
• Imunossupressão e carcinogenicidade
Toxicocinética
• Ocratoxina
– Melhor absorvida em meio de pH ácido
– Liga-se à proteínas plasmáticas
– Metabolizada no fígado
• Citrinina
– Rapidamente absorvida no TGI, concentrações
séricas podem ser detectadas até 3 dias após
ingestão
Toxicodinâmica
• Interferência nas enzimas do metabolismo da
fenilalanina;
• Inibição da produção de ATP na mitocôndria
• Estimulação da peroxidação lipídica
• Sinais: Gastroenterite, êmese, desidratação,
depressão
• Pequenas quantidades: comprometimento da
função renal - poliúria
fontes
• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/fe/Aspe
rgillus2.jpg/300px-Aspergillus2.jpg
• http://www.knowmycotoxins.com/pt/pdairy.htm
• http://www.ces.ncsu.edu/depts/pp/notes/Corn/corn001.htm
• http://www.maisadour-semences.fr/maitriser-les-fusarium-gestion-
du-risque-mycotoxines/images/en-d-maize-fusarium.gif
• http://www.iaqm.com/toxins.html
• http://www.infobibos.com/Artigos/2008_3/aflatoxina/index.htm
• http://jared-ipm.blogspot.com.br/2009/07/glowing-corn.html
• http://www.mycolog.com/21-7_aflatoxin_fluorescence.jpg
• http://bulletin.ipm.illinois.edu/photos/aspergillus.jpg
• http://www.ift.org/~/media/knowledge%20center/science%20repo
rts/scientific%20status%20summaries/food%20mycotoxins/figure_
2.jpg
fontes
• http://ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-
S157002320900378X-gr1.jpg
http://www.fao.org/WAIRDOCS/X5012O/X5012o00.GIF

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