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PRAGUICIDAS

PROFª NANCY DOS SANTOS BARBI

DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS


FACULDADE DE FARMÁCIA UFRJ
nancybarbi@yahoo.com.br
DEFINIÇÃO:
- São produtos químicos ou quaisquer substâncias
destinadas à prevenção, destruição ou ao controle de
qualquer praga, incluindo os vetores de doenças humanas
ou de animais, que causam prejuízo ou interferem de
qualquer outra forma na produção, elaboração,
armazenamento, transporte ou comercialização de
alimentos, produtos agrícolas, madeira e produtos da
madeira (FAO).
DEFINIÇÃO:
- inclui também as substâncias reguladoras do crescimento
das plantas, desfolhantes, agentes para reduzir a densidade
ou evitar a queda prematura dos frutos, e as substâncias
aplicadas nas culturas, antes ou após a colheita, para
proteger o produto durante o depósito ou o transporte.

praguicidas = pesticidas = agrotóxicos


(substituição de defensivo agrícola)
CARACTERÍSTICAS
• Substâncias naturais ou sintéticas;
• Agentes químicos ou biológicos (vírus ou bactéria);

• Utilizados em diversas formas de seres vivos:


◦ insetos, ervas daninhas, pássaros, micróbios.

• Seus comportamentos dependem:


◦ das propriedades físico-químicas e biológicas do solo e
◦ de fatores climáticos;
BENEFÍCIOS

•Aumento da longevidade de estruturas físicas (como móveis


e embarcações)

•Redução das doenças provocadas por pragas


BENEFÍCIOS

•Estabilização da produção agrícola


•Economia durante o plantio e colheita
•Aumento de qualidade
•Aumento da safras
•Redução de perdas durante a estocagem e transporte
EFEITOS NOCIVOS
• O uso de agrotóxicos deve ser moderado, pois pode causar:
- contaminação; - desertificação do solo;
• O uso intenso pode levar :
- degradação dos recursos naturais, em alguns casos de forma irreversível,
levando a desequilíbrios biológicos e ecológicos, entre eles a contaminação dos
aquíferos.
• Ambientes aquáticos são muito afetados pelo uso de pesticidas.
• O uso de pesticidas afeta diretamente a qualidade do solo e podem apresentar
perigo para os consumidores.
• Oferecem ameaças também durante a manufatura, o transporte, durante e/ou
depois de seu uso.
CLASSIFICAÇÃO
- principais classes de praguicidas:
➢de acordo com o tipo de praga
• inseticidas: controle de insetos
• herbicidas: controle de ervas daninhas
• fungicidas: controle de fungos
• raticidas: controle de ratos e outros roedores
....
CLASSIFICAÇÃO
➢de acordo com o categoria:
• químicos:
• organosfosforados,
• carbamatos,
• organoclorados,
• piretroides...
• biológicos: microbianos (bactérias) e bioquímicos (feromônios)
• instrumentos/dispositivos para controle de pragas
CLASSIFICAÇÃO
➢de acordo com o grau de toxidade
a) classe I – extremamente tóxico, faixa ;
b) classe II – altamente tóxico, faixa ;
c) classe III – medianamente tóxico, faixa ,e
d) classe IV – pouco tóxico, faixa .

A classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2009) considera três
fatores: A dose letal média (DL50) do agrotóxico; a forma de contato do agrotóxico
(oral, dérmica); e o tipo de formulação (sólida, líquida).
No Brasil, a classificação toxicológica está a cargo do Ministério da Saúde, sendo que,
por determinação legal, todos os produtos devem apresentar nos rótulos uma faixa
colorida indicativa de sua classe toxicológica
Pesticidas no ambiente
Processos que podem ocorrer com os pesticidas ao entrar em contato com o solo :

- retenção;
- - transformação e
- transporte.

escoamento

Pode ser de até 90%


PERSISTÊNCIA
• -persistentes ou ligeiramente
residuais (1-2 semanas):
organofosforados, carbamatos,
piretroides (praticamente
nenhum poder residual)
• -moderadamente persistentes
ou moderadamente residuais (1-
18 meses): herbicidas derivados
da uréia
• -persistentes ou altamente
residuais (2-5 anos):
organoclorados
objetivo: avaliar, continuamente, os níveis de resíduos de
agrotóxicos nos alimentos de origem vegetal que chegam à
mesa do consumidor.
PARA - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos

NPC – não permitido para a cultura


LMR – limite máximo permitido
Alimentos com agrotóxicos
proibidos ou acima do limite
no relatório divulgado em
2019 (último relatório)
ORGANOCLORADOS
DDT

• estruturas cíclicas
Volatilidade limitada
propriedades físico-químicas semelhantes
estimulantes do sistema nervoso central.

• década de 1970
– uso proibido ou severamente restrito em muitos países por apresentarem
bioacumulação, biomagnificação e persistência por várias décadas, e
consequentes danos aos seres vivos e ao ambiente em geral.
ORNANOCLORADOS
- Em 1948, Paul Hermann Müller, químico suíço ganha o Prêmio Nobel pelas
pesquisas com DDT no combate de insetos

- Baixa volatilidade, estabilidade química, alta lipossolubilidade,


baixa taxa de degradação (bioacumulação e biomagnificação)

- depósitos lipídicos subcutâneos ou em outras partes do


organismo – longo período de meia vida.

década de 1970
– uso proibido ou severamente restrito em muitos países por apresentarem
persistência por várias décadas, e consequentes danos aos seres vivos e ao meio
ambiente em geral.
ORGANOCLORADOS
- principais organoclorados:
1. Diclorodifeniltricloroetano
(DDT) e análogos;
2. Hexaclocicloexano (lindano);
3. Ciclodienos (aldrin, dieldrin,
endrin, endossulfan, clordano,
heptacloro e mirex);
4. Toxafeno e compostos
relacionados.
Bioacumulação e
biomagnificação
ORGANOCLORADOS
Toxicocinética
• absorção: dérmica, oral e respiratória.
- pode ser modificada por:
• veículo (solventes)
• presença de gorduras
• estado físico do praguicida
- DDT é pobremente absorvido pela pele
- a volatilidade destes compostos é limitada, mas partículas suspensas no ar podem ser
inaladas e/ou ingeridas e absorvidas.
ORGANOCLORADOS
• distribuição: são altamente lipossolúveis, sendo distribuídos e depositados no
tecido adiposo.
• DDT, na sua forma inalterada ou na forma de DDE e ppDDE, deposita-se em
todos os tecidos, como: medula óssea, fígado, rins, coração, sistema nervoso
central e, em maiores proporções, no tecido adiposo.
• alguns podem permanecer acumulados no organismo indefinidamente.
• atravessam a barreira hematoencefálica e placentária.
• Concentram-se no leite materno e no tecido fetal.
ORGANOCLORADOS
• biotransformação:
- indutores das enzimas do sistema microssomal hepático.
- reações de decloração, oxidação e conjugação.
• eliminação:
- quase todos os metabólitos dos organoclorados são eliminados na urina e também
pelo leite materno.
- as substâncias não-biotransformadas são reabsorvidas no intestino (circulação
enterohepática), retardando a excreção pelas fezes.
ORGANOCLORADOS
Toxicodinâmica
• mecanismo de ação:
- alteram as propriedades eletrofisiológicas da membrana dos neurônios e das enzimas
relacionadas como a Na+-ATPase e K+-ATPase, modificando a cinética do fluxo dos íons Na+
e K+.
- promovem distúrbios no transporte do Ca ou na atividade da Ca++, Mg++-ATPase.
- o DDT atua particularmente na membrana axonal, prolongando a abertura dos canais de
sódio, impedindo a saída de K, provocando a redução do limiar da membrana e estímulo do
SNC.
- os ciclodienos, o mirex e o lindano atuam nos terminais pré-sinápticos. O lindano, o
toxafeno e os ciclodienos promovem inibição do fluxo nos canais de cloro regulados pelo
ácido g-aminobutírico (GABA), presente no sistema nervoso central.
Em casos crônicos podem ocorrer lesões no miocárdio, degenerações hepáticas e renais.
ORGANOCLORADOS
• Quadro clínico:
- induzem a um estado de hiperexcitalidade do sistema nervoso central (SNC).
- intensidade do quadro clínico: depende da natureza da substância, da via e do
grau da exposição e do tipo de diluente utilizado na formulação.

• Intoxicação Aguda:
- após exposição oral, os sintomas surgem num período de 30 minutos a várias
horas.
- exposição dérmica: baixa toxidez
ORGANOCLORADOS: Intoxicação Aguda
- Sintomas iniciais: náuseas, vômitos, diarréia, mal estar, tosse e dermatites.
SNC: tremores, cefaléia, tontura, vertigens, irritabilidade, desorientação, agitação
psicomotora, distúrbios de memória, parestesias (especialmente face, lábios, língua
e extremidades), espasmos e algumas vezes convulsões tônico-clônicas Pode
ocorrer arritmia pela sensibilização miocárdica.
A morte é frequentemente decorrente de depressão respiratória.
- Convulsão: pode ocorrer em menos de 20 min após a ingestão, pode ser a
primeira manifestação para lindano, aldrin, dieldrin e toxafeno.
As convulsões causadas pelos ciclodienos podem se repetir durante dias.
ORGANOCLORADOS

• Intoxicação Crônica: perda de peso, anorexia, fraqueza


muscular, ataxia, cefaléia,

irritabilidade, insônia, anemia, alterações hepáticas, hiper


excitabilidade, nervosismo,

alterações na espermatogênese, efeitos estrogênicos,


rachaduras na pele, alterações no EEG.
ORGANOCLORADOS
• Tratamento: - não há antídoto específico.
- controle das funções vitais (assistência respiratória: intubação, oxigênio) e monitorização
cardíaca.
- controle das convulsões: benzodiazepínicos e fenobarbital (quando preciso)
- descontaminação dérmica
- contraindicado provocar vômito (risco de convulsões e depressão do SNC)
- lavagem gástrica e doses repetidas de carvão ativado (durante 12horas)
- não usar catárticos à base de óleo (aumentam a absorção)
- diálise, a diurese forçada e a hemoperfusão não são efetivas devido ao grande volume de
distribuição destes produtos;
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
Os compostos organofosforados e os carbamatos são amplamente utilizados no
controle e no combate a pragas:

• como inseticidas (agrícola, saúde pública – doméstico e veterinário)

• como acaricidas, nematicidas, fungicidas e herbicidas

• no controle de parasitas em fruticultura, horticultura, cultura do algodão,


cereais, sementes e plantas ornamentais.
ORGANOFOSFORADOS

são rapidamente hidrolisados, tanto no meio ambiente, como nos meios biológicos

• - altamente lipossolúveis, com alto coeficiente de partição óleo/água

➢derivados do ácido fosfórico (monocrotofós, naled, clorpirifós)

➢do ácido tiofosfórico (diazinon, fenitrotion, fention, paration, pirimifós, profenofós, vamidotion)

➢do ácido ditiofosfórico (dimetoato, dissulfoton, etion, etoprofós, fentoato, forato, fosmet, malation,
metidation)

➢análogos do ácido fosfônico (acefato, metamidofós, fenamifós)


ORGANOFOSFORADOS
HISTÓRICO
Os ésteres de ORGANOFOSFORADOS foram sintetizados em 1937
- químicos alemães - Gehard Schrader, da Farbenfabriken Bayer AG.
- empregados como armas químicas na Segunda Guerra Mundial, pelo regime
nazista alemão.

Ex.: de arma química


• Sarin (O-isopropilmetil-fosfono-fluoridrato) usado na Guerra do Golfo (1988)
pelos iraquianos e no atentado ao metrô de Tóquio(1995).

“Gases de nervos”
2017
Paration

bromofós
CARBAMATOS
• formado por derivados do ácido N-metilcarbâmico e dos ácidos tiocarbamatos
e ditiocarbamatos.
obs.: estes últimos não são inibidores das colinesterases, portanto, têm usos e
toxicidade diferentes.

• derivados do ácido N-metil-carbâmico:


- N-substituídos ou metil-carbamatos (carbaril);
- carbamatos fenil-substituídos (propoxur)
- carbamatos cíclicos (carbofuran)
Apresentam alta eficiência praguicida, principalmente, atividade inseticida, baixa
ação residual e baixa toxicidade em longo prazo, com amplo espectro de uso.
CARBAMATOS

Estrutura geral
A presença de grânulos escuros de Temik
(Aldicarb), vulgarmente conhecido como
"chumbinho", na lavagem gástrica, pode certificar
o diagnóstico.
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
Toxicocinética
• absorção: pele, trato respiratório e gastrintestinal.
- absorção favorecida pelos solventes presentes na formulação.
- absorção cutânea é maior em temperaturas elevadas ou quando existem lesões na pele.
• distribuição:
- rapidamente distribuídos por todos os tecidos atingindo concentrações maiores no
fígado e rins, mas não se acumulam por tempo prolongado.
- organofosforados, diferentemente dos carbamatos, atravessam com facilidade a barreira
hematoencefálica, produzindo quadros neurológicos.
- Não existem evidências de bioacumulação.
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
• biotransformação: - Ocorre principalmente no fígado
- Após absorvidos, os organofosforados e carbamatos e seus produtos de
biotransformação são rapidamente distribuídos por todos os tecidos.
- desalquilação
- hidrólise
- oxidação
• nos organofosforados a oxidação de P=S (formas tions) para P=O (forma oxons),
resulta em metabólitos mais tóxicos.
• excreção: - urina e fezes
- via urinária: a maioria das substâncias (80 a 90%) são excretadas nas primeiras 48h.
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
Toxicodinâmica
- os organofosforados e os carbamatos são inibidores da acetilcolinesterase:
levam ao acúmulo de acetilcolina nas terminações nervosas.
Esta enzima hidrólisa acetilcolina produzindo a colina e o ácido acético.
• acetilcolina:
- mediador químico necessário para a transmissão do impulso nervoso em todas
as fibras pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo, em todas as fibras
parassimpáticas pósganglionares e em algumas fibras simpáticas pós-
ganglionares.
- transmissor neuro-humoral do nervo motor do músculo estriado (placa
mioneural) e de algumas sinapses interneuronais no sistema nervoso central.
• Acetilcolinesterase: colinesterase verdadeira, colinesterase específica ou eritrocitária
- encontrada no tecido nervoso, na junção neuromuscular e nos eritrócitos.
- sintetizada durante a eritropoiese
- renovada de 60 a 90 dias
- afinidade específica para a acetilcolina.

• Pseudocolinesterase: butirilcolinesterase, colinesterase inespecífica, plásmatica ou


sérica
-hidrolisa vários ésteres, entre eles a acetilcolina.
- Localizada principalmente no plasma, fígado e intestinos.
- síntese ocorre a nível hepático
- renovação se dá de 07 a 60 dias. No SNC está presente em células gliais, mas não em
neurônios.
• carbamatos: reagem com as esterases e são hidrolisados por estas.
- a reativação da enzima acetilcolinesterase inibida é rápida e espontânea.
- complexo reversível carbamatoacetilcolinesterase

• organofosforados: inibição irreversível com a enzima acetilcolinesterase


- a reação de envelhecimento é tempo-dependente e ocorre somente com os
organofosforados dos grupos dos fosfatos, dos fosfonatos e dos fosforamidatos.
- o processo de inibição da AChE depende muito da estrutura química do
organofosforado inibidor.
O mecanismo de hidrólise
catalisado pela AChE depende
da adição de um resíduo de
serina à carbonila do substrato
ACh (E)
Na presença de organofosforados,
este resíduo é prontamente
fosforilado.

A interação entre a acetilcolinesterase


e seu inibidor organofosforado parece
envolver somente o sítio esterásico.

A inibição da acetilcolinesterase é
irreversível; desta forma, a acetilcolina
é impedida de reagir com o sítio
esterásico, ocorrendo um acúmulo da
mesma onde é normalmente liberada.
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
•Quadro clínico
- efeitos muscarínicos, nicotínicos e do sistema nervoso central (resultado do acúmulo de
acetilcolina nas terminações nervosas)
- podem aparecer em poucos minutos ou até 12 horas depois da exposição aguda.
- A manifestação mais grave e usual causa de óbito é a falência respiratória do centro
respiratório, agravado por excessiva secreção traqueobrônquica e broncoespasmo
- Alguns pacientes intoxicados com certos orfanofosforados podem apresentar hálito de
alho.
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
•Quadro clínico
A intensidade dos sintomas depende:
concentração da taxa de absorção,
taxa de biotransformação
exposições prévias a inibidores da colinesterase,
a gravidade e o tempo de início dos sintomas dependem da composição química do
inseticida, do tempoe da via de exposição .
Sintomatologia

Síndrome Parassimpaticomimético Fase muscarínica


Míose, visão turva
Aumento peristaltismo, vômitos
Broncoconstricção com aumento das secreções, alterações respiratórias, tosse, bradicardia

Síndrome Neurológico
Ansiedade, ataxia, depressão centros cardiorrespiratórios

Síndrome Nicotínico Fase nicotínica


Se a ação dos
Câimbras, mialgias, paralisia muscular organofosforados é
+ intensa
Este quadro pode evoluir para uma fase convulsiva de tipo epileptiforme.
Diagnóstico laboratorial

-Determinação da atividade da colinesterase (acetilcolinesterase)

-A dosagem da atividade pseudocolinesterase é um exame útil na


intoxicação aguda, mas, com pouco valor na intoxicação crônica.

- Acetilcolinesterase eritocitária geralmente é um recurso mais específico e


sensível do que a colinesterase plasmática, pois apresenta na maioria dos
casos, correlação com a gravidade do quadro clínico
- Atividade da colinesterase

• os níveis podem não se correlacionar com o estado clínico

• uma determinação da colinesterase isolada pode não confirmar, nem excluir uma
exposição: existem altas variações intra e inter-individuais nos níveis de colinesterase
eritrocitária e plasmática.

• quadros patológicos que podem levar à diminuição da atividade da colinesterase


plasmática: hepatite, cirrose, uremia, câncer, alergias, gravidez.

• fármacos podem diminuir a atividade enzimática: sulfatos, fluoretos, citratos,


fenotiazinas,codeína, por exemplo.
MONITORIZAÇÃO BIOLÓGICA ORGANOFOSFORADOS
Tratamento

Procedimentos gerais:

- Casos graves: manutenção da função cardíaca e respiratória

Controle das convulsões com diazepam

- Descontaminação obrigatória

- Lavagem gástrica (nos casos de ingestão em até 24 horas) Não provocar emese

- Administração de carvão ativado seguido de catártico


Procedimentos específicos

Sulfato de atropina (Atropina®):

- bloqueia os efeitos muscarínicos decorrentes da estimulação colinérgica

As intoxicações por organofosforados normalmente necessitam de doses mais elevadas


de atropina

Os carbamatos, em geral, têm recuperação em cerca de 6h.


Dose: Adultos: 1-4mg/dose e crianças:0,01-0,05mg/kg/dose via EV;

Pode ser repetida a cada 15-30 min até que o paciente apresente sinais de atropinização:
secura das secreções pulmonares e de mucosas e o aumento da frequência cardíaca;

Alcançados esses sinais de atropinização, ajustar a dose. A retirada da atropina deve ser
gradual e restituída se surgirem manifestações colinérgicas;
Pralidoxima (Contrathion®):

- age na reativação enzimática da acetilcolinesterase e proteção da enzima não inibida.


- tem maior eficácia quando administrado nas primeiras 24h da exposição.
- incapaz de reativar a acetilcolinesterase envelhecida.
- tem efeito nas manifestações nicotínicas (fraqueza muscular, depressão respiratória,
etc.).
- Doses:
Adultos: 1 a 2g e crianças: 20-40mg/kg. Diluir em 150ml de soro fisiológico, via EV,
por 30 minutos. A dose pode ser repetida uma hora depois se a fraqueza muscular e
o coma não melhorarem. Dependendo da gravidade manter a dose por períodos
longos
- O uso deste fármaco não substitui a atropina (efeito sinérgico)
- Não é indicada na intoxicação por carbamatos (as oximas não interagem com a
acetilcolinesterase carbamilada)
Medidas para aumentar a eliminação:

- Diálise e Hemoperfusão: não são indicadas pelo grande volume de


distribuição dos OF e devido à curta duração do quadro nas
intoxicações por carbamatos.

A diurese forçada não é efetiva.


PIRETROIDES
Derivados do piretro, mistura de ésteres extraídos de flores de piretro e
crisântemos (Chrysanthemum cinerariafolium e Crhrysanthemum coccneum).
PIRETROIDES
Toxicocinética
ABSORÇÃO - prontamente absorvidos por via oral e, em pequena quantidade, por via
dérmica. - podem ser absorvidos por via inalatória
DISTRIBUIÇÃO - distribuem-se rapidamente no organismo. A alta lipossolubilidade e a
presença de uma glicoproteína transportadora favorecem a entrada dos piretroides no
cérebro.
BIOTRANSFORMAÇÃO - piretrinas - reações de oxidação piretroides - de hidrólise.
EXCREÇÃO - Seus metabólitos são excretados, lentamente, através da bile e da urina,
podendo permanecer detectável nos tecidos corporais por até 3 semanas após a
ingestão.
PIRETRÓIDES
Toxicodinâmica

- As piretrinas e os piretroides são tóxicos seletivos e potentes do canal de


sódio.

- Agem em nível dos receptores dos canais de sódio das membranas das células
nervosas, resultando em despolarização da membrana, consequentemente na
hiperexcitabilidade nervosa.
PIRETROIDES
Quadro clínico
- Início dos sintomas depende da via e da dose.
- Manifestações mais comuns na exposição dérmica são: eritema, vesículas,
parestesias e sensação de queimação, prurido nas áreas atingidas,
principalmente a pele do rosto, do pescoço, do antebraço e das mãos.
- Após a inalação, os achados clínicos mais comuns são sintomas de irritação da
via respiratória superior. reações de hipersensibilidade podem afetar toda a via
respiratória.
- A intensidade geralmente é de leve a moderada, porém, podem existir quadros
graves.
MUITO
OBRIGADA!

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