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FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO:

A glândula mamária é considerada uma parte do sistema reprodutor, e a lactação


pode ser considerada como a fase final da reprodução. Assim, pode-se dizer que,
para a maioria dos mamíferos, uma falha em aleitar, tal como a falha de ovular, é
também uma falha em reproduzir. A glândula mamaria corresponde a uma glândula
sudorípara modificada que secreta leite para nutrir as crias. É originada do
ectoderme embrionário, onde o ectoderme mamário é representando por
espessamentos lineares paralelos na parede abdominal ventral. Formam-se então
os botões mamários a partir da qual a porção funcional da glândula mamaria será
desenvolvida.

O desenvolvimento do parênquima ocorre mediante a proliferação das células


epiteliais provenientes do cordão mamário primário. Assim, as células formam
estruturas ocas circulares denominadas “alvéolos” que são as unidades secretoras
de leite da glândula mamaria. Paralelamente, surge uma grande área de epitélio na
superfície que são as tetas. O sistema de ductos-conecta os alvéolos com os
mamilos/tetas, permitindo assim a passagem do leite da área de formação para a de
liberação.

A glândula mamaria desenvolve-se em estrutura pares, podendo variar nos animais


domésticos onde:

 Cabra, ovelha e égua - 1 par;


 Vaca - 2 pares;
 Porca - 7 a 9 pares.

A vaca e a cabra apresentam áreas especializadas para armazenar o leite,


denominadas cisternas/úberes localizadas na parte ventral da glândula mamaria
onde se esvaziam todos os ductos principais, isso permite sintetizar e armazenar
quantidades de leite consideráveis.

A mamogênese é o desenvolvimento da glândula mamaria. O crescimento mamário


é o principal determinante da capacidade e rendimento do leite, pois o número de
células alveolares mamárias influência diretamente o rendimento do leite. O
crescimento da glândula mamaria ocorre durante vários momentos da vida
reprodutiva do animal, dentre elas:

 Fase fetal – Nas fêmeas, aos 35 dias de idade forma-se uma linha mamária
do estrato germinativo. Aos 60 dias de idade o botão mamário se aprofunda
na derme e a teta começa a se formar. Aos 100 dias começa a formação de
canais na extremidade do botão e prossegue produzindo eventualmente uma
abertura para o exterior.
 Fase pré-púbere – O aparelho mamário do nascimento até a puberdade sofre
pouco desenvolvimento e sua velocidade do crescimento mamário está de
acordo com a velocidade de crescimento corporal (crescimento isométrico)
até o início da atividade ovariana que precede a puberdade. O aumento do
tamanho se deve ao aumento do tecido conjuntivo e gordura.
 Puberdade – Antes do primeiro ciclo estral o parênquima mamário começa a
crescer a uma taxa mais rápida do que o corpo como um todo (crescimento
alométrico). Durante cada ciclo estral a Glândula Mamária é estimulada por
hormônios (Estrogênio e Progesterona) e ocorre o crescimento associado
com o alongamento e ramificação dos ductos mamários e desenvolve-se o
sistema lobuloalveolar.
 Após concepção – No decorrer da primeira gestação, ocorrerá a maturação
das glândulas mamárias permitindo que elas atinjam sua completa
capacidade funcional. As células epiteliais mamárias completarão a sua
diferenciação. O crescimento acelerado durante a gestação deve-se,
provavelmente, a secreção aumentada e sincrônica de estrogênio e
progesterona. Após 3 ou 4 meses de gestação em vacas, os ductos
mamários alongam-se novamente e os alvéolos se formam e começam a
substituir o estroma (adipócitos). Ao final do sexto mês observa-se um
extenso desenvolvimento lobuloalveolar. A secreção de leite normalmente
começa durante a última parte da gestação e resulta na formação do colostro
(substância concentrada de alto valor nutricional que apresenta a função de
imunizar contra infecções). Até o final da gestação a Glândula Mamária terá
se transformado em uma estrutura cheia de células alveolares que sintetizam
ativamente e secretam leite.
A lactogênese é o processo pelo qual os alvéolos secretam leite. Na secreção a
prolactina é liberada em conjunto com a manipulação da teta, através da secreção
ou processo de ordenha, ou seja, um estimulo motor. Onde 30 minutos após o
estímulo ocorrem valores máximos de prolactina. A galactopoiese é a manutenção
da lactação que requer a conservação do número de células alveolares, intensa
atividade de síntese celular e a eficácia do reflexo de ejeção do leite. Fatores que
influenciam na lactogênese:

 Nutrição
 Idade do animal
 Atividade e trabalho (Intervalo entre ordenhas)
 Irrigação sanguínea
 Função do sistema nervoso
 Acumulo de fetos em espécies multíparas

Sobre a síntese e a secreção do leite – A síntese e a liberação do leite pelas células


epteliais-alveolares é um processo formidável. As células alveolares sintetizam
gordura, proteínas e carboidratos liberando produtos na luz alveolar. A síntese da
proteína (caseína) ocorre no reticulo endoplasmático rugoso→complexo de Golgi
são fosforiladas e, em seguida liberadas por exocitose juntamente com a lactose. A
síntese da proteína é realizada duas vezes/dia em particular em vacas ordenhadas
duas vezes/dia. Pra manter a lactogênese o leite deve ser removido da glândula
mamaria por sucção ou ordenha. Se o leite não for removido cerca de 16 horas em
vacas leiteiras sua síntese começa a ser suprimida.

A composição do leite pode variar de acordo com o estágio de lactação: no colostro,


o conteúdo de proteína é maior e o de lactose encontra-se reduzido. Outros fatores
que podem interferir na composição do leite são: raça das vacas, alimentação (plano
de nutrição e forma física da ração), temperatura ambiente, manejo e intervalo entre
as ordenhas, produção de leite e infecção da glândula mamária

O sistema nervoso é de extrema importância no processo de lactação, pois o


mantimento da lactação depende de uma boa parte da presença de receptores na
mama. A excitação mecânica destes receptores durante a ordenha, a sucção da cria
estimula a produção de leite e prolonga o período de lactação. A excitação mecânica
da mama desencadeia por via neural a secreção de prolactina na hipófise anterior. A
remoção eficiente do leite requer a liberação de ocitocina - responsável pela
contração das células mioepiteliais que circundam os alvéolos, bem como a
movimentação do leite nos ductos e cisternas.

Para que se tenha a síntese e a liberação da ocitocina via eixo hipotalâmico-


hipofisário, primeiramente, são iniciados reflexos neuroendócrinos, estes estímulos
incluem:

 Estímulos táteis do úbere;


 Estimulação oral exercida pelo lactante na hora da mamada ou mesmo
estimulação manual da mama na lavagem antes da ordenha.

Sendo assim os estímulos táteis sensoriais são levados ao hipotálamo através da


medula espinhal. Os neurônios nos núcleos paraventricular e supra-ópticos são
estimulados no sentido de sintetizar e liberar a ocitocina a partir da terminação
nervosa que passam pela eminência mediana. Segundos depois do estimulo chegar
ao hipotálamo via sistema porta hipotalâmico-hipofisario a ocitocina chega na
corrente sanguínea → úbere → contração das células mioepiteliais → descida do
leite. Outros estímulos sensoriais como os auditivos, visuais e olfativos que
acontecem dentro do local ou próximo a sala de ordenha também são essências
para efetuar esses estímulos nervosos.

O estresse possui um fator inibidor da saída do leite. O estresse aumenta a


descarga de adrenalina e noradrenalina, que causam a contração dos músculos
lisos e dessa forma obstruem os ductos mamários e vasos sanguíneos, evitando que
a ocitocina atinja as células mioepiteliais. A adrenalina também pode bloquear a
ligação da ocitocina as células mioepiteliais. Desta forma não ocorre à secreção
láctea/saída do leite.

A produção de leite tende a aumentar nas primeiras 3 a 8 semanas de lactação e


então começa a declinar lentamente até o final da lactação. Os animais são
forçados a cessar a lactação para prepará-los para a próxima lactação, cujo objetivo
principal é a restauração da função ótima do rúmen, suprir a necessidade de maior
demanda nutricional do feto e descanso da glândula mamaria preparando-se assim,
para a próxima lactação (este período deve ser de no mínimo seis semanas). Os
animais normalmente estarão secos após 305 dias de período de lactação
Referências:

Apostila: Fisiologia Animal I Profª Drª Rossana Herculano, UFRPE, 2012.

MORAES, I.A. Fisiologia da glândula mamária. <http://fisiovet.uff.br/wp-


content/uploads/sites/397/delightful-downloads/2018/07/Gl%C3%A2ndulas-
mam%C3%A1rias.pdf>, abril de 2016. Acessado em: 26/05/2019.

NOVAES, L.P; PIRES, M.F; CAMPOS, A.T. Procedimentos para o manejo correto da
vaca gestante, no pré-parto, ao parto e pós-parto.
<https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Manejo_de_VacasID-
fS00ee88ar.pdf>. Acessado em: 26/05/2019.

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