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INTRODUÇÃO:

O leite materno é um alimento que possui todos os nutrientes necessários para a alimentação do bebê, em razão de suas vantagens
nutricionais, imunológicas e psicológicas.

O leite materno confere efeito protetor em relação às doenças respiratórias e alérgicas, evita diarreia, melhora o desenvolvimento
da cavidade bucal e reduzir a chance de obesidade em crianças.

Adicionalmente, o leite materno leva a considerável redução na mortalidade infantil por todas as causas, como também é importante
para saúde da mulher, protegendo-a contra o câncer de mama, ovário e auxiliando para recuperação do peso pré-gestacional.

O aleitamento materno é fundamental para o desenvolvimento das estruturas do sistema estomatognático e das funções de sucção,
respiração e deglutição. Cerca de 20 músculos orofaciais trabalham ativamente durante os movimentos realizados pela criança
durante a extração do leite.

O cirurgião dentista é o profissional responsável por prevenir e tratar as doenças do sistema estomatognático, o qual está
intrinsecamente relacionado ao aleitamento materno.

A odontopediatria é uma especialidade em odontologia que prepara o dentista para diagnosticar prevenir, tratar e controlar possíveis
problemas bucais em bebês, crianças e adolescentes.

O odontopediatra é responsável pelo cuidado tanto da criança quanto do seu núcleo familiar, utilizando de abordagens
favoráveis a promoção de saúde mediante a orientação, prevenção e controle de alterações.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) a amamentação deve ser exclusiva nos 6 primeiros meses
de vida do bebê, e deve ser continuada até os 2 anos de idade.

Sob essa óptica, é notório que a amamentação é a fase mais importante do ciclo materno-infantil, por isso é
imprescindível o acompanhamento odontopediatrico para garantir que esse momento aconteça de forma adequada,
segura e eficiente. Além de proporcionar um cuidado integral ao bebê e a mãe, atuando para que ambos desfrutem
desse momento de maneira harmônica, eliminando possíveis empecilhos que possam comprometer a amamentação.

OBJETIVO:

O presente trabalho tem como finalidade destacar o papel do odontopediatra durante a fase de lactação.
Evidenciando as principais contribuições do acompanhamento odontopediatrico e seus benefícios.

METODOLOGIA:

Trata-se de uma revisão de literatura de cunho qualitativo feita por intermédio das bases de dados eletrônicas:
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e SciELO mediante da associação de descritores “Aleitamento
materno, odontopediatra e neonatos” no idioma português e inglês, associados pelo conector booleano “AND”.
Usando como critérios de inclusão artigos de língua portuguesa e inglesa completos e gratuitos entre os anos de
2013 à 2023 que se relacionavam com o tema. E como critérios de exclusão artigos pagos, incompletos e duplicados
que não se relacionavam com o tema. Ao final foram encontrados 49 artigos, selecionados 9 artigos e descartados
40 artigos.

REVISÃO DE LITERATURA:

De acordo com a pesquisa, o que foi visto na literatura é que:

O leite materno é essencial na proteção contra incidência e gravidade de diversas patologias que afetam o recém-
nascido, promovendo um crescimento e desenvolvimento adequado para a criança (GIUGLIANI, 2020).

O procedimento e a prática do aleitamento, embora de simplicidade fisiológica, requerem um conjunto de condições


interacionais entre a mãe e o bebê. (SILVA, 2014)

Existem inúmeros fatores envolvidos na dificuldade em amamentar ou na interrupção precoce da amamentação,


entre eles o desconhecimento das mães sobre o aleitamento materno, além dos aspectos sociais, políticos e culturais
que condicionam a amamentação. Assim sendo “... A mulher precisa ser assistida e amparada para que possa
desempenhar a bom termo o seu novo papel social, o de mulher-mãe-nutriz” (ALMEIDA 2020, p. 121).

É manifestada a obrigação de habilitação do profissional de saúde para agir na proteção, no auxilio da promoção e
incentivo do aleitamento numa forma que supere as questões biológicas, envolvendo a mãe em todas as suas
extensões de se sentir realizada como mãe e mulher. Visando com isso potencializar a atuação a orientação da arte
de amamentar (ARAUJO, et al, 2017).
É de relevância haver promoção do aleitamento materno, pois é uma atuação com o compromisso de informar as
mulheres dos beneficios da amamentação, das desvantagens do uso de leites não humanos, assim devendo ser
aconselhadas no que se refere aos procedimentos da amamentação, para aumentar a sua capacidade e confiança
(HORTA, 2017).

Na promoção e incentivo ao aleitamento materno são necessárias informações atualizadas sobre amamentação
para que as lactentes compreendam como seu bebê deve ser alimentado de maneira certa, promovendo o
crescimento adequado da criança (MONTE e GIUGLIANI, 2014).

RESULTADOS:

Os movimentos realizados pelo lactente durante o aleitamento materno fazem com que todas as estruturas orais,
como os lábios, língua, bochechas, articulações temporomandibulares, ossos e músculos, se desenvolvam e
fortaleçam harmonicamente, o que favorecerá o predomínio da respiração nasal, sendo esta um estimulo natural
ao correto estabelecimento da oclusão decídua (encaixe dos dentes). Deverá haver uma ação sincronizada entre as
funções vitais de sucção, deglutição e respiração, justificando a necessidade do odontopediatra atuar na orientação
e incentivo ao aleitamento materno.

OBJETIVOS DO MONITORAMENTO PELO ODONTOPEDIATRA:

• Realizar um exame intraoral, no qual são avaliados os lábios, toda a mucosa oral, palato, lingua e assoalho bucal,
realizando também a palpação das glândulas sublinguais, submandibulares e parótidas, bem como o exame dos
freios lingual (teste da linguinha, obrigatório em toda maternidade desde 2014), labiais, bridas e os rodetes
gengivais.

• Promover a saúde oral tanto da mãe, do filho e de toda família;

• Iniciar o acompanhamento da erupção dos dentes, monitorando o crescimento e desenvolvimento dos arcos
dentais;

• Estabelecer ações preventivas para evitar a erosão dental, cárie dentária, doença periodontal, oclusopatias e
traumatismos orais;

• Evitar hábitos para funcionais

• Orientar para motivar os hábitos saudáveis (dieta) que favorecerão a melhor qualidade de vida;

. Com as visitas regulares, criar um vínculo de confiança entre a família, profissional e criança, tão importante
para o sucesso das ações preventivas.

• Motivar os pais quanto à promoção da saúde oral ao longo da primeira infância.

• Instruções acerca da posição da mamada à troca de lado e de mama.

• Monitorar as funções vitais de sucção, deglutição, respiração, acompanhar o desenvolvimento do sistema


estomatognático e das estruturas orais.

• Avaliar a presença de alterações orais no recém-nascido.

QUANDO O BEBÊ NÃO PODE SER AMAMENTADO

Mães infectadas pelo HIV (no Brasil). Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2. Criança portadora de galactosemia,
doença rara em que ela não pode inge-rir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose.

SITUAÇÕES QUE NECESSITAM SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DA AMAMENTAÇÃO

Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. Tuberculose ativa sem tratamento.
Leptospirose na fase aguda. Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar
evidente concomitante.

SITUAÇÕES ESPECIAIS DE AMAMENTAÇÃO

AMAMENTAÇÃO DE GÊMEOS, pode ser feita por alternância de bebês e mamas em cada mamada, alternância
de bebês e mamas a cada 24 horas, escolha de uma mama específica para cada bebê, amamentação simultânea, ou
seja, a amamentação de dois bebês ao mesmo tempo economiza tempo e permite satisfazer as demandas dos bebês
imediatamente

AMAMENTAÇÃO DE DUAS CRIANÇAS COM IDADES DIFERENTES, não há necessidade de a mulher


interromper a amamentação de um filho quando nasce um irmãozinho. Ela é capaz de satisfazer as necessidades
de ambas as crianças.

AMAMENTAÇÃO DE CRIANÇAS COM MALFORMAÇÕES OROFACIAIS, É importante que as crianças com


malformações orais sejam amamentadas, porque o aleitamento materno diminui as infecções do ouvido médio e
reduz a inflamação da mucosa nasal causada por refluxo do leite, comum nessas crianças. A amamentação também
promove o equilíbrio da musculatura orofacial, favorecendo o adequado desenvolvimento das estruturas do sistema
motor-oral, que estão afetadas nessas crianças.

AMAMENTAÇÃO DE CRIANÇAS PORTADORAS DE DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS, Frequentemente elas


não têm coordenação motora-oral, dificuldades na deglutição e na sucção, na coordenação de ambas com a
respiração, refluxo gastroesofágico, além de eventualmente não aceitarem a alimentação, com risco de se
desnutrirem. Quando a criança não tem condições de sugar a mama ou tem sucção fraca, a mãe deve ser orientada
a realizar a extração manual ou por bomba com frequência e oferecer o leite extraído, além de estimular a região
perioral da criança e incentivar a sucção introduzindo o dedo mínimo na sua cavidade oral. Se a criança estabelecer
coordenação entre sucção, deglutição e respiração, a mãe pode oferecer cuidadosamente o seio, com supervisão
profissional.

AMAMENTAÇÃO DE CRIANÇA COM REFLUXO GASTROESOFÁGICO recomendado que a criança com refluxo
gastroesofágico receba aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses e complementado até os dois anos
ou mais.

Imagem 1: Instrução acerca da pega correta e posição da mamada.

Imagem 2: Avaliação da cavidade oral no recém nascidos para detectar possíveis alterações como freio lingual
curto, que pode restringir em diferentes graus os movimentos da língua, podendo dificultar a amamentação, uma
vez que diminui a habilidade do recém-nascido para fazer a pega, assim dificultando o esvaziamento da mama e
causando desconforto nas mães durante a amamentação. Pode ser classificada em leve ou parcial (mais comum) e
severa ou completa, nódulo de Bohn, alterações na língua e assoalho bucal, fissuras e fendas no lábio e palato

Imagem 3: Avaliação da mamada, aferindo alguns pontos como se a boca do bebê está bem aberta, se esse está
abocanhando, visualização do mamilo, parte da aréola, lábio inferior voltado para fora, queixo tocando a mama,
mais aréola visível acima da boca do bebê, o pescoço do bebê está levemente estendido, as narinas do bebê estão
livres, a língua do bebê encontra-se sobre a gengiva inferior, a língua do bebê está curvada para cima nas bordas
laterais, o bebê mantém-se fixado à mama, sem escorregar ou largar o mamilo, as mandíbulas do bebê estão se
movimentando, a deglutição é visível e/ou audível, a duração e o intervalo entre as mamadas.

Imagem 4: Bebê com candidíase (sapinho), uma infecção fúngica onde as placas brancas se apresentam sobre um
fundo hemorrágico, por vezes são confundidas com restos de leite, podendo se apresentar logo ao nascimento, sendo
chamada candidíase congênita causada por transmissão vertical ( de mãe para fillho) ou pode ser adquirida
tardiamente durante a internação hospitalar. Adquirida durante o aleitamento materno por candidíase da
glândula mamária.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Dessarte, o acompanhamento odontopediatrico durante o aleitamento materno proporciona inúmeros benefícios,


entretanto suas ações não se restringem apenas ao cuidado a saúde do bebê, tendo em vista que a mãe é uma figura
central na lactação, esse acompanhamento também visa a promoção da saúde da mãe, buscando tornar a
amamentação mais segura, eliminando e reduzindo possíveis mazelas que possam lhe infligir danos, fornecer
orientações acerca da sua higienização bucal, sancionar dúvidas que possam surgir durante esse período, instruir
acerca do preparo das mamas para a amamentação, cuidados com a mama puerperal, orientações sobre a
alimentação da puérpera, monitorar a saúde da mamas, haja vista que no período peri-parto há um aumento na
sensibilidade do mamilo, promover medidas úteis para prevenção de trauma mamilar e medidas para minimizar
dor e desconforto mediante o uso laser de baixa potência para tratamento de fissuras e dores mamilares

Portanto, é evidente a importância da supervisão do odontopediatra para assegurar um aleitamento materno


correto eficaz, além de atuar na prevenção e detecção de possíveis enfermidades, bem como no cuidado a mãe
durante o período da amamentação.

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