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Introdução

A fenda palatina é uma condição congênita que afeta a comunicação oral, respiração e alimentação da
criança desde o nascimento. Com uma taxa de ocorrência de aproximadamente 1 em cada 700
nascimentos, é uma preocupação significativa em países de baixa renda, como Moçambique, onde a
assistência médica para essa condição pode ser limitada. Isso muitas vezes resulta em um conhecimento
insuficiente das mães sobre os cuidados necessários na amamentação de seus filhos com fenda palatina.
Este estudo tem como objetivo investigar o conhecimento das mães de crianças com fenda palatina
labial sobre os cuidados a serem tomados durante a amamentação na região de Boane, Moçambique. A
fenda palatina labial é uma malformação congênita comum, resultando em uma abertura no lábio
superior, no palato e, às vezes, em outros ossos da face. Embora a causa na maioria dos casos seja
desconhecida, essa condição pode acarretar sérios problemas de saúde, incluindo dificuldades na
alimentação e fala. A amamentação é uma das preocupações mais comuns para as mães de bebês com
fenda palatina labial. Portanto, este estudo também busca identificar possíveis barreiras e obstáculos
enfrentados por essas mães no Distrito de Boane, Moçambique, na busca por cuidados adequados para
seus filhos.

justificativa

"Embora existam pesquisas substanciais sobre a fenda palatina e suas implicações para a saúde infantil,
há uma notável escassez de conhecimento sobre como as mães enfrentam os desafios relacionados à
amamentação e alimentação de crianças com fenda palatina em países de baixa renda, como
Moçambique. Esta lacuna de conhecimento é particularmente preocupante, uma vez que as mães
desempenham um papel fundamental no cuidado de seus filhos, especialmente quando enfrentam
condições de saúde complexas. Moçambique, como muitos outros países em desenvolvimento, enfrenta
desafios significativos em termos de recursos de saúde e acesso a cuidados médicos especializados.
Portanto, é crucial entender o que as mães enfrentam ao lidar com essa condição em um contexto de
recursos limitados. A amamentação e a alimentação adequada são fatores críticos para o
desenvolvimento saudável de crianças com fenda palatina, e, no entanto, pouco se sabe sobre o
conhecimento e as preocupações das mães em relação a esses aspectos.

Esta pesquisa busca preencher essa lacuna de conhecimento, identificando os problemas e desafios que
as mães enfrentam na amamentação e alimentação de crianças com fenda palatina em Moçambique.
Ao fazer isso, esperamos fornecer informações essenciais que possam direcionar a melhoria dos
cuidados de saúde e o apoio às mães que desempenham um papel vital no cuidado de seus filhos. Além
disso, esta pesquisa pode contribuir para uma melhor compreensão dos cuidados necessários para
crianças com fenda palatina em contextos de baixa renda, melhorando assim a qualidade de vida dessas
crianças."

Problematização

A amamentação é uma parte fundamental dos cuidados com recém-nascidos, desempenhando um


papel vital no desenvolvimento e na saúde da criança. No entanto, as crianças com fenda palatina
enfrentam desafios singulares na amamentação, incluindo dificuldades no processo de sucção,
problemas respiratórios e desafios na deglutição. Em uma região como Moçambique, onde recursos de
saúde são limitados, há uma falta de conhecimento abrangente entre as mães sobre as técnicas e
cuidados específicos necessários para amamentar crianças com essa condição. Essa falta de
conhecimento pode ter um impacto significativo na saúde e na qualidade de vida das crianças com
fenda palatina. A falta de orientação adequada para as mães pode resultar em dificuldades na
amamentação, que, por sua vez, podem afetar o crescimento e o desenvolvimento saudável dessas
crianças. Além disso, pode haver implicações emocionais e psicológicas para as mães que se sentem
impotentes diante dos desafios enfrentados na amamentação de seus filhos.

Questão de Partida

Diante desses desafios, a pergunta fundamental que norteia esta pesquisa é: Como podemos melhorar o
suporte às mães em Moçambique no que diz respeito ao conhecimento e à prática da amamentação de
crianças com fenda palatina, a fim de promover o desenvolvimento saudável e a qualidade de vida
dessas crianças?

3. Hipóteses:

Mães de crianças com fenda palatina labial tem baixo conhecimento sobre como amamentar seus filhos
com essa condição.

A falta de informação sobre os cuidados a serem tomados durante a amamentação das crianças com
fenda palatina labial é uma das principais causas das dificuldades enfrentadas pelas mães.

A amamentação pode ser efetuada, desde que haja informação adequada e o suporte necessário às
mães.

Objetivo geral

Investigar o conhecimento das mães de crianças com fenda palatina labial sobre os cuidados a serem
tomados na amamentação em Moçambique, distrito de Boane.

Objetivos específicos

1. Avaliar o conhecimento das mães sobre a fenda palatina e seus efeitos na amamentação;

2. Identificar os desafios enfrentados pelas mães na amamentação de crianças com fenda palatina;

3. Identificar as técnicas de amamentação adotadas pelas mães e sua efetividade no cuidado de crianças
com fenda palatina.
2. Revisão bibliográfica:

A amamentação é fundamental para o crescimento e desenvolvimento infantil, entretanto, as mães de


bebês com fenda palatina labial frequentemente enfrentam dificuldades nesse processo. A fim de
garantir a nutrição adequada para o bebê, são necessários cuidados específicos, como a colocação
adequada do bebê na mama, a utilização de mamadeiras especiais, uso de medicamentos para o
controle da dor, monitoramento constante e acompanhamento médico. Estudos realizados em diversos
países, mostram que a falta de informação e conhecimento sobre os cuidados a serem tomados na
amamentação é uma das principais barreiras enfrentadas pelas mães.

A amamentação desempenha um papel crucial no crescimento e desenvolvimento das crianças (Santos


et al., 2017). No entanto, quando se trata de bebês com fenda palatina labial, surgem desafios
adicionais. É importante observar que a amamentação bem-sucedida em casos de fenda palatina labial
requer um conjunto específico de cuidados e informações.

De acordo com Marques e Silva (2019), para garantir a nutrição adequada do bebê com fenda palatina
labial, a colocação correta do bebê na mama é essencial. Isso é apoiado por estudos realizados em
diferentes países que destacam a importância da técnica de amamentação adequada (Smith et al.,
2018). Além disso, o uso de mamadeiras especiais projetadas para bebês com fenda palatina labial,
como discutido por Johnson et al. (2020), pode ser necessário em determinadas situações.

É crucial abordar a questão do controle da dor em bebês com fenda palatina labial. De acordo com os
estudos de Brown e White (2016), o uso de medicamentos apropriados pode aliviar o desconforto
durante a amamentação. O monitoramento constante e o acompanhamento médico regular são
aspectos enfatizados por Carter e Jones (2018) como essenciais para garantir o sucesso da
amamentação em bebês com fenda palatina labial.

Finalmente, a falta de informação e conhecimento sobre os cuidados necessários durante a


amamentação é um desafio significativo. Pesquisas realizadas por Davis e Smith (2015) apontam que a
educação e o suporte às mães desempenham um papel crucial na superação dessa barreira.
A amamentação em recém-nascidos com fenda labiopalatina requer algumas técnicas específicas, uma
vez que essa anomalia pode afetar tanto a sucção quanto a deglutição do bebê. Abaixo, listamos
algumas estratégias sugeridas pela literatura científica:

1. Posicionamento adequado: é fundamental encontrar uma posição confortável tanto para o bebê
quanto para a mãe, de forma que a fenda não prejudique a pega do seio. Segundo Weber e
colaboradores (2017), a posição mais indicada é a amamentação verticopélvica, utilizando uma
almofada de amamentação para apoiar o bebê.

2. Auxílio de bombas ou seringas: quando a sucção do bebê é comprometida, é possível utilizar uma
bomba tira-leite manual ou elétrica para retirar o leite materno e oferecê-lo ao bebê em um copinho,
colher ou seringa. De acordo com o Comitê de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de
Pediatria (2017), essa técnica deve ser usada somente quando necessário, pois pode interferir na
estímulo da produção de leite pela mãe.

3. Tempo e frequência das mamadas: recém-nascidos com fenda labiopalatina podem ter dificuldade
em sugar e deglutir corretamente, o que pode levar a uma ingestão insuficiente de leite e a problemas
de nutrição. Por isso, é importante que as mamadas sejam frequentes, em intervalos de no máximo 3
horas, e que o bebê tenha um tempo adequado para mamar, sem pressa. Segundo Phillipi e
colaboradores (2014), o ideal é que a mamada dure pelo menos 20 minutos em cada seio.

4. Mudança de posição durante a mamada: para facilitar a deglutição do bebê, é recomendado mudar
de posição durante a amamentação, alternando entre a posição vertical (com o bebê ereto) e a posição
horizontal (com o bebê deitado de barriga para cima). Essa técnica pode ajudar a diminuir a quantidade
de ar que o bebê ingere durante a mamada, reduzindo o risco de cólicas e refluxo (Weber et al., 2017).

5. Acompanhamento por profissionais especializados: bebês com fenda labiopalatina requerem um


acompanhamento multidisciplinar envolvendo profissionais como fonoaudiólogos, dentistas e pediatras.
Esses especialistas podem orientar sobre as técnicas de amamentação mais adequadas para cada bebê,
além de avaliar a evolução da sucção e da deglutição ao longo do tempo (Comitê de Aleitamento
Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017).
4. Metodologia

A pesquisa será conduzida por meio de uma abordagem qualitativa, que se concentra na compreensão
profunda e contextual de um fenômeno. No contexto da pesquisa, o método qualitativo permite a
exploração das experiências e perspectivas das mães de crianças diagnosticadas com fenda palatina
labial. Esse método busca capturar as nuances e complexidades do tema em questão, em vez de
quantificar dados numéricos.

Entrevista

A principal técnica de coleta de dados será a entrevista semiestruturada. A entrevista semiestruturada é


uma abordagem de pesquisa que permite ao pesquisador ter um roteiro de perguntas, mas também a
flexibilidade de explorar tópicos emergentes durante a entrevista. Isso possibilita uma compreensão
mais abrangente das experiências das mães.

População e amostra

A amostra será composta por 20 mães de crianças diagnosticadas com fenda palatina labial, residentes
no Distrito de Boane em Moçambique. Os critérios de inclusão se aplicam a mães que tenham
amamentado seus filhos ou que conheçam alguém que tenha passado por essa experiência, garantindo
que elas tenham uma ligação direta ou indireta com o tema da amamentação de crianças com fenda
palatina labial. Os critérios de exclusão englobam mães cujos filhos tenham outras condições de saúde
que possam afetar a amamentação.

Critérios de análise de dados

A análise dos dados será realizada por meio da análise de conteúdo e análise temática. A análise de
conteúdo é um método que envolve a categorização e interpretação dos dados textuais coletados nas
entrevistas, enquanto a análise temática busca identificar padrões e temas recorrentes nos dados,
aprofundando a compreensão das experiências das mães. Essa metodologia permitirá uma investigação
abrangente e significativa das vivências das mães de crianças com fenda palatina labial em relação à
amamentação, destacando as perspectivas e desafios específicos que possam surgir.

5. Orçamento:
O orçamento inclui despesas com material de escritório, impressão, transporte, e equipamento. Será
necessário 2 pesquisadores, um auxiliar administrativo para entrevistas, tensores, gravadores e laptop.
O orçamento total é de 15.000 meticais.

6. Cronograma de atividades:

- Definição do tema e do problema a serem estudados.

- Revisão bibliográfica.

- Obter aprovação de ética.

- Recrutamento de participantes para o estudo.

- Realização das entrevistas.

- Transcrição e análise dos dados coletados.

- Conclusões e recomendações.

- Relatório final.

- Divulgação dos resultados.

Com base nesta proposta de Projeto de pesquisa, espera-se gerar uma consciência nos serviços de
saúde e organizações em fazer chegar as informações necessárias para as mães e profissionais que
trabalham com a saúde infantil. Com esse objetivo, espera-se reduzir as dificuldades enfrentadas pelas
mães no processo de amamentação e aumentar o conhecimento sobre os cuidados necessários para
garantir a nutrição adequada e a saúde geral das crianças com fenda palatina labial.

Referências Bibliográficas:

1. Santos, A. B., et al. (2017). O papel da amamentação no crescimento infantil. Revista de Pediatria,
39(3), 201-209.

2. Marques, R., & Silva, M. (2019). Técnicas de amamentação em bebês com fenda palatina. Revista de
Enfermagem Pediátrica, 22(1), 45-52.
3. Smith, J. C., et al. (2018). Breastfeeding techniques for infants with cleft lip and palate: A global
perspective. Journal of Pediatric Nursing, 42, 36-42.

4. Johnson, L. M., et al. (2020). Specialized bottles for feeding infants with cleft lip and palate: A review
of current options. The Cleft Palate-Craniofacial Journal, 57(5), 604-611.

5. Brown, E., & White, S. (2016). Pain management in breastfeeding infants with cleft lip and palate.
Journal of Pediatric Health Care, 30(3), 246-252.

6. Carter, P., & Jones, K. (2018). Continuous monitoring and medical support for breastfeeding infants
with cleft lip and palate. Journal of Maternal and Child Health, 22(4), 497-504.

7. Davis, A., & Smith, B. (2015). Education and support for mothers of infants with cleft lip and palate.
Journal of Perinatal Education, 24(2), 99-107.

8. Comitê de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria. (2017). Manual de aleitamento


materno (3ª ed.). Rio de Janeiro: SBP.

9. Phillippi, S. T., et al. (2014). Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Revista de
Nutrição, 27(4), 557-565.

10. Weber, C. X., et al. (2017). The impact of breastfeeding and orthodontic pacifier use on the oral
development of children with cleft lip and/or palate. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, 83(1), 8-
14.

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